Frância Oriental

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Frância Oriental

Frância Oriental (em latim: Francia Orientalis) ou Reino dos Francos Orientais (em latim: Regnum Francorum orientalium) foi um reino sucessor do Império Carolíngio estabelecido pelo Tratado de Verdun em 843. Pelo tratado, o reino foi atribuído a Luís II, o Germânico, um dos filhos de Luís I, o Piedoso e neto de Carlos Magno, portanto, membro da Dinastia Carolíngia. Sob a linhagem legítima e ilegítima da dinastia, os francos carolíngios reinaram sobre a Frância Oriental até 911, quando o jovem Luís, a Criança morreu sem deixar herdeiros.[1] Para suceder Luís, os duques do reino elegeram o franco Conrado I, duque da Francônia e, com sua morte em 918, o saxão Henrique I é eleito rei, sendo o primeiro monarca não franco a deter o trono do reino.[1]



Factos rápidos
Regnum Francorum orientalium
Frância Oriental

Reino


843  919
Localização de Frância Oriental
Localização de Frância Oriental
Frância Oriental (verde) em 843.
Continente Europa
Capital Ratisbona, Francoforte
Língua oficial Latim
Religião Católica
Governo Monarquia
Rei
 • 843 - 876 Luís o Germânico
 • 911 - 918 Conrado II
Período histórico Idade Média
  843Tratado de Verdum
  919Dissolução
Moeda Soldo
triente
Dinheiro
Fechar

Em 962, o filho e sucessor de Henrique I, Otão, o Grande, é coroado imperador[1] pelo Papa João XII, e para fins historiográficos, é possível estabelecer tal ano como o marco da transição da Frância Oriental para o Sacro Império Romano-Germânico. A designação "Reino da Germânia" passa a ser utilizada para se referir aos domínios pertencentes a Frância Oriental ainda no século X.

Luís, o Germânico (843-876)

No decurso da Ordinatio Imperii de 817, Luís, o Germânico já tinha recebido o território do ducado da Baviera de seu pai e, posteriormente, assumiu o título de "rei da Baviera". Depois de sua ascensão ao trono, ele atacou sem sucesso a vizinha Grande Morávia, e lutou contra a pilhagem dos viquingues e dos magiares, conseguindo manter unido seu reino localizado entre os rios Reno e o Elba. Quando o filho de seu irmão Lotário, Lotário II da Lotaríngia morreu em 869, ele recebeu também grande parte do seu reino (Lotaríngia) situado a oeste do Reno, por intermédio do Tratado de Meerssen de 870.

O filho mais velho de Lotário, Luís II da Itália, embora nominalmente Imperador após a morte de seu pai, não conseguiu garantir a herança lotaríngia. Quando ele morreu em 875, Luís, o Germânico e seu meio-irmão mais novo, o rei Carlos, o Calvo da Frância Ocidental, entraram em disputa com relação ao Reino Itálico, incluindo a Borgonha e a coroa imperial. Com a intervenção do Papa João VIII, os territórios em conflito foram herdados por Carlos encerrando com a existência da Frância Central.

Os filhos de Luís (876-887)

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Perspectiva

No interior da Frância oriental desenvolveram-se quatro ducados: Suábia (Alemânia), Francônia (a parte oriental da antiga Austrásia), Saxônia e Baviera. Em 865, Luís, o Germânico foi forçado por seus filhos a dividir seu reino ao longo das fronteiras destes ducados:

Após a morte de seu pai, os filhos de Luís governaram conjuntamente. Quando Carlos, o Calvo da Frância ocidental morreu em 877, eles mais uma vez reivindicaram a herança de Lotário I, bem como o título imperial herdado pelo filho de Carlos, Luís II de França. Aproveitando-se da fragilidade da Frância ocidental, Carlomano tornou-se rei da Itália, enquanto que Luís, o Jovem, invadiu a lotaríngia ocidental, que em 880, os netos de Carlos, Luís III e Carlomano II tinham-lhe cedido.

Carlomano sofreu um acidente vascular cerebral em 879 e incapacitado, cedeu a Baviera (incluindo a Marca da Carantânia) a Luís, o Jovem, enquanto que Carlos, o Gordo recebeu a coroa italiana. Neste contexto, o sucessor dos imperadores Lotário I e Lotário II da Lotaríngia, ficou sendo Carlos, o Gordo e em 881 foi coroado imperador - como Carlos III - pelo Papa João VIII, um ex-adversário de seu pai. Com a morte de Luís, o Jovem, Carlos também tornou-se o único governante de todo o reino franco oriental e em 884 foi nomeado Rei da Frância ocidental pela nobreza local. Suas tentativas de reunir toda a Frância porém, foram cada vez mais afetadas pela sua deterioração mental. Em 887, por ocasião do Reichstag em Trebur, finalmente foi forçado a renunciar.

Arnulfo da Caríntia (887-899)

A força motriz por trás da deposição de Carlos, o Gordo foi Arnulfo da Caríntia (850-899), filho ilegítimo de Carlomano, que havia crescido na Marca da Baviera. Após o reino da Baviera ter passado a seu tio Luís, o Jovem, ele assumiu o título de duque da Caríntia em 880. Em 887, herdou a Baviera e foi eleito Rei da Frância oriental, depois de ter aprovado a nomeação de Odo I de Paris, como rei dos francos ocidentais.

Enquanto isso, Berengário de Friul, teve a oportunidade de ficar com o título de Rei italiano, mas teve que se submeter a Arnulfo, depois que o carolíngio ameaçou invadir o país. Arnulfo, no entanto, foi preso no conflito com os viquingues e em 891 o rival de Berengário, o duque Guido III de Espoleto declarou-se Rei da Itália e chegou a forçar o Papa Estêvão V a coroá-lo novo Imperador. O rei Arnulfo, porém não tinha nenhuma intenção de abandonar as suas pretensões, nem de governar a Frância como um todo, nem à coroa imperial. Depois de derrotar os escandinavos na batalha de Lovaina, em 891, fez campanha na Itália e em 896 foi coroado imperador pelo Papa Formoso.

Declínio

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Perspectiva

O filho de Arnulfo, Luís, a Criança (893-911) sucedeu seu pai como Rei da Frância oriental, com a idade de sete anos. Enquanto que Luís, o Cego, Rei da Provença tornava-se Rei da Itália e até mesmo imperador em 901, Luís, a Criança, teve de lidar com a disputa acirrada entre a dinastia de Habsburgo e o duque Conrado, o Velho em relação ao ducado da Francônia. O rei, influenciado por seus conselheiros, executou o duque de Habsburgo e nomeou o filho de Conrado, Conrado, o Jovem, duque da Francônia em 906. Enquanto isso, a Frância oriental era devastada por diversas vezes pelas tropas do rei Árpád da Hungria.

Com a morte precoce de Luís, a linha masculina dos francos carolíngios orientais tornou-se extinta. A eleição de Conrado, o Jovem, da Francônia, como rei pelos duques da Saxônia, Baviera e Suábia na dieta de Forchheim, em 10 de novembro de 911, foi um passo decisivo da Frância em direção a um reino alemão, em vez de um membro da dinastia carolíngia, os duques franco orientais escolheram um de sua classe. O rei Conrado, no entanto, não prevaleceu como primus inter pares e até mesmo perdeu a Lotaríngia para o reino franco ocidental. Foi seu sucessor, Henrique I da Germânia, que foi capaz de impor sua soberania real contra os duques, cujos ducados foram desaparecendo ao longo dos séculos seguintes, sendo o último deles, a Suábia, ao término da dinastia Hohenstaufen, em 1268.

Sucessão

O surgimento do Sacro Império Romano-Germânico coincide com a ascensão à dinastia otoniana de Henrique. Em consequência, o Reino da Frância oriental teria durado de 843 até a coroação do duque Henrique I da Saxônia, em 919; embora seja mais comum considerar que o evento que deu origem ao Sacro Império Romano-Germânico seja a coroação do Imperador Oto I em Roma, em 2 de fevereiro de 962 como uma translatio imperii do Império franco.

A partir do início do século X, a Frância oriental tornou-se também conhecida como Regnum Teutonicorum ("reino teutônico" ou "Reino da Germânia") como mencionado nos Annales iuvavenses no curso da eleição de Henrique I. A denotação Rex teutonicorum era usada frequentemente pelo Papado durante a Questão das investiduras, talvez como um instrumento polêmico do Papa Gregório VII contra o imperador Henrique IV no final do século XI.[2]

Mapas

O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Frância Oriental

Ver também

Referências

  1. Rollason, David; Leyser, Conrad; Williams, Hannah (2010). England and the continent in the tenth century: studies in honour of Wilhelm Levison (1876-1947). Col: Studies in the early Middle Ages. Turnhout: Brepols. pp. 231–236. ISBN 978-2-503-53208-0
  2. Robinson, "Papa Gregório", p. 729.
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