Na noite do 2º Sábado de cada, a Associação Espírita
Nosso Lar exibe palestras em vídeos. A que foi exibida na noite do dia 13 de
fevereiro de 2016, sobre Perdão e Auto Perdão com Yasmim Madeira, trouxe-me
bons momentos de reflexão no qual eu decidi compartilhar com todos os que
acompanham a atividade de O Portal Espírita.
O Perdão é uma temática que sempre toca nossos
corações de uma forma ou de outra. Nós, como Cristãos, aprendemos o que Jesus
nos fala sobre o perdão. Na passagem evangélica em Mateus, Cap. XVIII, v. 15,
21 e 22, diz o seguinte “Então, chegando-se
Pedro a Jesus, perguntou: Senhor, quantas vezes poderá pecar meu irmão contra
mim, para que eu lhes perdoe? Será até sete vezes?” e então Jesus lhes
esclarece “Respondeu-lhes Jesus: não te
digo sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes.” Deixando-nos claro que
o perdão é perene, contínuo e infinito. Deixando-nos claro que devemos perdoar
SEMPRE.
Continua ainda o Cristo dizendo “Ouvistes o que foi dito: Amarais o teu
próximo e odiarás ao teu inimigo. Eu porém vos digo: Amai os vossos inimigos e
orai pelos que vos perseguem... porque se amardes somente quem vos amam, que
recompensas tendes?” Sendo o espiritismo o Cristo Redivivo, que veio nos
revelar aquilo que Jesus havia nos dito, e esclarecer sob a luz da razão,
Kardec nos alerta no Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XII, item 3. “Amar aos inimigos não é ter-lhes uma afeição
que não está na Natureza, porque o contato de um inimigo faz bater o coração do
modo diverso do que de um amigo. É entretanto não lhes ter ódio, nem rancor, nem desejo de vingança. É perdoar,
sem segunda intenção e incondicionalmente o mal que nos fez, sem por qualquer
obstáculo à reconciliação; é desejar-lhes o bem, e não o mal, alegra-se em
lugar de afligir-se do bem que lhes acontece; é estender-lhes a mão caridosa em
caso de necessidade abstendo-se por palavras e atos de tudo que possa prejudica-lo.”.
Tendo em vista a explicação dada pelo Codificador
sobre as palavras do Cristo em relação ao Perdão das Ofensas, fica a nossa
reflexão sobre nossas ações. Já sabemos, pois, quem estuda a Doutrina, que
fomos criados Simples e Ignorantes. Não somos perfeitos, mas
somos, pois, PERFECTÍVEIS. Somos capazes de nos tornarmos perfeitos. Essa
perfeição, como em tudo na natureza, faz parte de um processo. Nós que já
saímos da era das cavernas e entramos na era da razão, compreendemos que essa
modificação provém do nosso interior. Não podemos, sabemos disso, modificar o
outro, entretanto a chave para nossa felicidade está em nossas mãos, pois
podemos modificar a nós mesmos.
O perdão é um desses passos para continuarmos a
alavancar nosso progresso intelecto-moral. Ele nos liberta da energia ruim que
se entrelaça em nosso ser quando, por algum motivo, venhamos a passar situação
onde ficamos ressentidos, magoados. Esses sentimentos trazem a raiva, que tem
sempre como um pano de fundo o medo. Seja o medo de se expor, de expor nossas
imperfeições, de expor nosso orgulho ferido, seja qual for. E dessa raiva
provém agressões físicas ou verbais onde nós, seres humanos ainda em evolução, por
desequilíbrios diversos, usamos como forma de proteção.
Nosso objetivo não é esquecer o mal que nos foi
feito, porque sabemos que não existe uma borracha que apagará de nossas
memórias. Nosso objetivo e fazer com que essa memória não nos traga sentimentos
de angústia, raiva, rancor, ressentimento. É neutralizar a ação daquela memória
em nosso emocional. Porque assim estaremos em paz conosco mesmo. O perdão
também não é dizer para a pessoa, não há necessidade alguma nisso. Não devemos
dar desculpas dizendo que não perdoamos porque fulano viajou e foi embora, ou
tão pouco porque desencarnou. O perdão vem de dentro e nos faz bem. Perdoar é
não sentir novamente ao relembrar o fato, nenhum sentimento negativo.
Não ficar triste ou blasfemando julgando a Justiça
de Deus quando aquele que nos causou algum mal, recebe um bem, uma benção ou
uma alegria. As leis divinas que regem o universo são perfeitas e imutáveis.
Causa e efeito é uma delas. Cada um receberá segundo suas obras, então o mal
que tal pessoa nos causou uma dia retornará a ela. O sentimento de rancor e
raiva que sentimos só produzirá e trará efeitos e consequências negativas para
nós mesmo. Nós devemos tirar de dentro de nós e alegra-nos pelas as bênçãos que
tal pessoa recebe, pois que poderá ser que a esteja preparando para a colheita
do mal que fez. Rezemos nós por eles para que estejam equilibrados quando esse
mal lhes retornar dentro das leis universais.
Lembremos a cada dia que nós somos os detentores da
nossa felicidade. Não vamos por a nossa felicidade ou infelicidade nas mãos dos
outros. E como Gandhi, não vamos dá poder aos outros para decidir nosso estado
de espírito. Se o outro nos causa problemas, desavenças, discórdia e nos causa
algum tipo de prejuízo, não deixemos que isso tire nossa paz, segurança e fé. Não
deixemos que essas aflições nos deixem zangados, irritados, magoados ou
tristes. Nós temos em nossas mãos esse poder.
O homem, sendo ele um ser integral, a felicidade e
nossas emoções, nosso equilíbrio em meio as adversidades de nossas existências,
repercutirá no nosso veículo físico, nosso corpo, e também no perispiritual, o
nosso corpo espiritual que manteremos após o desencarne do corpo físico.
Perdoaremos infinitamente, incessantemente, quem
quer que seja. Perdoemos ao nosso corpo, por não ser o mais saudável, o do
jeito que queremos, mas é ele uma dádiva divina para os aprendizados que nós,
como espíritos, necessitamos para nossa evolução. Perdoemos aos nossos pais
que, em alguns momentos, nos deixou ressentidos de alguma forma e aquilo tenha
ficado registrado de forma profunda em nosso psiquismo infantil. Perdoemos
também a nós mesmo, pois sabemos que o amor ao próximo, passa pelo amor a si
próprio. Cobrar-nos para crescermos, sim, mas não nos martirizarmos ao errar. Saber
que somos passíveis de falhas, mas também de mudanças. Saber que não somos
perfeitos, mas tentarmos nos modificarmos, pois ao tentar, já estamos dando o
primeiro passo rumo à evolução.
Kenedy Rocha.
Adm. De O Portal Espírita.
Palestra exibida em Nosso Lar (13/02/2016).