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Amor em si menor
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E-book316 páginas4 horas

Amor em si menor

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Sobre este e-book

Sem promessas. Sem falsos amanhãs. Esse era o plano.
Nova cidade. Nova vida. Ao menos é nisso que acredita a jovem de dezenove anos, Jen Harrison. Por fora, ela está vivendo seu sonho: dançando em uma prestigiosa companhia de dança em Paris. Mas a morte de sua irmã e os erros que ela tentou enterrar ainda a assombram. Ele se tornou profissional em esconder quem realmente é e definitivamente não quer nenhum homem para lhe atrapalhar. Um caso de uma noite ela pode ter, mas nada mais. Ela definitivamente não planeja ver novamente o atraente estranho que a fez rir pela primeira vez em anos.


Garotas não viram as costas para Lucas Wills. Garoto problemático que se transformou em estrela do rock, ele tem sua parcela de groupies. Sempre direto, não promete falsos amanhãs, pois o amor pode destruir tudo. Ele já passou por isso. Sua ex não apenas mentiu para ele, mas também pisou em seu coração, o usou para ficar famosa e quase o arruinou. Então, acordar sozinho depois de uma noite além de seus sonhos mais loucos com uma garota que ele acabou de conhecer não deveria lhe incomodar, não deveria inspirar uma das músicas mais tristes que ele já escreveu, não deveria lhe fazer querer ir atrás dela.


Quando Jen, o caso de uma noite que escapou, faz uma audição para ser uma dançarina no próximo clipe de Lucas, eles não conseguem conter sua crescente atração. Mas os segredos de Jen e sua ex podem abalar as carreiras que eles tentaram tão arduamente construir. E seus corações... Eles terão que decidir o que é mais importante e se vale a pena lutar pelo amor.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de jul. de 2018
ISBN9781386102342
Amor em si menor
Autor

Elodie Nowodazkij

Elodie Nowodazkij crafts sizzling rom-coms with grumpy book boyfriends and the bold, funny women who win their hearts. Sometimes, she even writes stories that scare the crap out of her. Raised in a small French village, she was never far from a romance novel. At nineteen, she moved to the U.S., where she found out her French accent is here to stay. Now in Maryland with her husband, dog, and cat, she whips up heartwarming, hilarious, and hot romances. Ready to take the plunge? The water’s delightfully warm.

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    Amor em si menor - Elodie Nowodazkij

    Sem promessas. Sem falsos amanhãs. Esse era o plano.  

    Nova cidade. Nova vida. Ao menos é nisso que acredita a jovem de dezenove anos, Jen Harrison. Por fora, ela está vivendo seu sonho: dançando em uma prestigiosa companhia de dança em Paris. Mas a morte de sua irmã e os erros que ela tentou enterrar ainda a assombram. Ela se tornou profissional em esconder quem realmente é e definitivamente não quer nenhum homem para lhe atrapalhar. Um caso de uma noite ela pode ter, mas nada mais. Ela definitivamente não planeja ver novamente o atraente estranho que a fez rir pela primeira vez em anos.

    As garotas não viram as costas para Lucas Wills. Garoto problemático que se transformou em estrela do rock, ele tem sua parcela de groupies. Sempre direto, não promete falsos amanhãs, pois o amor pode destruir tudo. Ele já passou por isso. Sua ex não apenas mentiu para ele, mas também pisou em seu coração, o usou para ficar famosa e quase o arruinou. Então, acordar sozinho depois de uma noite além de seus sonhos mais loucos com uma garota que ele acabou de conhecer não deveria lhe incomodar, não deveria inspirar uma das músicas mais tristes que ele já escreveu, não deveria lhe fazer querer ir atrás dela.

    Quando Jen, o caso de uma noite que escapou, faz uma audição para ser a dançarina no próximo clipe de Lucas, eles não conseguem conter sua crescente atração. Mas os segredos de Jen e sua ex podem abalar as carreiras que eles tentaram tão arduamente construir. E seus corações... Eles terão que decidir o que é mais importante e se vale a pena lutar pelo amor.

    Sumário

    CAPÍTULO 1 – JEN

    CAPÍTULO 2 – LUCAS

    CAPÍTULO 3 – JEN

    CAPÍTULO 4 – LUCAS

    CAPÍTULO 5 – JEN

    CAPÍTULO 6 – LUCAS

    CAPÍTULO 7 – JEN

    CAPÍTULO 8 – LUCAS

    CAPÍTULO 9 – JEN

    CAPÍTULO 10 – LUCAS

    CAPÍTULO 11 – JEN

    CAPÍTULO 12 – LUCAS

    CAPÍTULO 13 – JEN

    CAPÍTULO 14 – LUCAS

    CAPÍTULO 15 – JEN

    CAPÍTULO 16 – LUCAS

    CAPÍTULO 17 – JEN

    CAPÍTULO 18 – JEN

    CAPÍTULO 19 – LUCAS

    CAPÍTULO 20 – JEN

    CAPÍTULO 21 – LUCAS

    CAPÍTULO 22 – JEN

    CAPÍTULO 23 – LUCAS

    CAPÍTULO 24 – JEN

    CAPÍTULO 25 – LUCAS

    CAPÍTULO 26 – JEN

    CAPÍTULO 27 – LUCAS

    CAPÍTULO 28 – JEN

    CAPÍTULO 29 – LUCAS

    CAPÍTULO 30 – JEN

    CAPÍTULO 31 – LUCAS

    CAPÍTULO 32 – JEN

    CAPÍTULO 33 – LUCAS

    CAPÍTULO 34 – JEN

    CAPÍTULO 35 – LUCAS

    CAPÍTULO 36 – JEN

    CAPÍTULO 37 – LUCAS

    CAPÍTULO 38 – JEN

    CAPÍTULO 39 - LUCAS

    CAPÍTULO  40 – JEN

    CAPÍTULO 41 – LUCAS

    CAPÍTULO 42 – JEN

    CAPÍTULO 43 – LUCAS

    CAPÍTULO 44 – JEN

    CAPÍTULO 45 – LUCAS

    CAPÍTULO 46 – JEN

    CAPÍTULO 47 – LUCAS

    CAPÍTULO 48 – JEN

    CAPÍTULO 49 – LUCAS

    CAPÍTULO 50 – JEN

    CAPÍTULO 51 – LUCAS

    CAPÍTULO 52 – JEN

    CAPÍTULO 53 – LUCAS

    CAPÍTULO 54 – JEN

    EPÍLOGO – Um mês depois – JEN

    Pequena nota aos meus leitores

    Agradecimentos

    Sobre a autora

    Sobre a tradutora

    Pour toi, Paris.

    For you, Paris.

    CAPÍTULO 1 – JEN

    Dar uma joelhada nas bolas de um cara pode não ser uma boa ideia.

    Não porque o cara em questão é um daqueles atores em ascensão que todos dizem que será o próximo Leonardo DiCaprio, mas porque eu não quero que minha amiga Alisha se envolva em problemas. Essa boate é nova em Paris, mas já é considerada a boate. Está cheia de pessoas importantes e Alisha implorou ao seu primo todo o santo dia, pelas últimas três semanas, para que ele encontrasse uma forma de nos colocar aqui dentro. Ele é DJ e sua música é a única parte dessa noite que não está uma droga.

    "Eu acho que Scorsese vai me convidar para fazer o papel principal em seu próximo filme. Ele precisa de um herói que fale francês. Hello? Eu sou francês. Sua voz está perto demais de minha orelha e eu me afasto, mas ele não entende o recado. Eu tenho que perguntar, pelo o meu amigo que está ali. Ele aponta para alguém que poderia ser um sósia do Justin Bieber. Você tem outra amiga ou uma irmã, talvez? Ele está se sentindo solitário."

    Meu coração aperta e meus olhos se fixam nas garrafas alinhadas atrás do bar. No entanto, me concentrar em suas cores chamativas ou na maneira como a bartender consegue fazer quatro drinques ao mesmo tempo não impede que a dor se aninhe profundamente em meu peito.

    Eu tinha uma irmã.

    Eu disse alguma coisa errada? Parece que Bjorn, o Ator, pode ser perceptivo afinal.

    Eu inspiro e expiro lentamente.

    Se eu perder o controle, será a segunda vez nessa semana. Eu não consegui segurar o choro depois que o diretor da minha companhia de balé — Igor — gritou comigo dizendo que eu deveria ter ficado em Nova York. Aquelas palavras ressoaram em meu coração. Assim que cheguei em meu apartamento, me atirei no sofá, segurei um dos últimos desenhos que minha irmã fez para mim e deixei as lágrimas caírem.

    O futuro DiCaprio se inclina em minha direção e sua colônia, forte demais, me causa ânsia de vômito.  Você precisa se animar, meu anjo. Posso te pegar mais uma bebida?

    Eu balanço minha cabeça, ainda olhando diretamente para a frente, esperando que ele finalmente entenda a mensagem.

    Vamos, linda. Eu ouvi coisas incríveis sobre as garotas americanas. Até a voz dele era nojenta.

    Eu empurro sua mão para longe de meu ombro. Eu realmente não quero saber o que ele ouviu sobre as garotas americanas. Ou sobre as garotas asiáticas. Ou sobre as garotas negras. Tenho certeza de que é isso que está a caminho, pois ele já me perguntou de onde são os meus pais. Ele provavelmente não se importaria com o fato de que meus bisavôs do lado materno vieram do Japão ou que meu avô paterno nasceu na Guiné e jogou futebol na Irlanda, onde conheceu minha avó. A relação deles foi escandalosa na época. Ambos os meus pais nasceram nos Estados Unidos. Quando eu disse isso, ele riu dissimuladamente.

    Babaca.

    Nem seu sotaque francês é capaz de redimir sua babaquice.

    Me levanto tão rapidamente que a banqueta quase cai, mas eu a pego antes. Coloco minha jaqueta de couro sobre a frente única de seda vermelha que estou usando e deixo meu mojito quase intocado sobre o balcão. É uma das vantagens de ter dezenove anos em Paris. Não é preciso usar uma identidade falsa. Apesar de gorjetas não serem muito comuns aqui, eu deixo dois euros perto da minha bebida e a bartender acena com a cabeça em minha direção e sorri não apenas em agradecimento, mas também como se quisesse dizer que sabe o quão irritante aquele cara é.

    Eu preciso de ar fresco. Meu sorriso falso deve parecer mais uma careta, pois ele arqueia uma sobrancelha, aparentemente confuso. Eu não lhe dou tempo de responder. Em vez disso, me misturo entre os corpos que abarrotam o centro da sala VIP.

    Alisha está sentada em um dos sofás de canto, rindo e se inclinando contra Steve, a quem ela conheceu nesta noite. Ele é de Ohio e, aparentemente, o novo integrante de uma banda de rock que está tentando retornar após alguns problemas internos. Seja lá o que isso signifique. Seu corpo é como o de um jogador de futebol e ele é completamente careca — não é o tipo normal de Alisha, mas ela parece estar se divertindo muito.

    Eu vou tomar um pouco de ar fresco. Sussurro em seu ouvido e ela dá um pulo, gritando tão alto que algumas cabeças se viram em nossa direção. Inclusive a de Bjorn, o Ator. Merda.

    Eu não te vi chegando!

    Bem, você parece bastante ocupada aí. Sorrio para Steve, que sorri de volta, mostrando uma covinha em sua bochecha. Se a banda dele chegar ao topo, Alisha terá que lidar com um punhado de groupies. Ela costuma ser do tipo que namora. Seu último relacionamento durou dezoito meses e é a primeira vez que ela sai desde que ele acabou. Vou voltar, eu juro. Só preciso escapar do Sr. Babaca.

    Ela franze o cenho e olha para o lugar onde Bjorn está sentado. Ele está procurando por alguém e eu certamente não quero ser encontrada. Você pode se sentar conosco. Ela dá algumas batidinhas no acento ao lado, mas ela e Steve estão aconchegados demais para eu me intrometer.

    "Não precisa, eu ficarei bem. A garota sentada atrás de nós tem me lançado olhares mortais desde que ele me trouxe uma bebida. Tenho certeza de que ela está prestes a tomar alguma atitude e também tenho certeza de que ele não vai recusar.

    Você vai ficar com frio. Ela olha para minha jaqueta, que é mais uma afirmação de moda do que qualquer outra coisa. Eu tinha deixado meu casaco pesado de inverno na entrada.

    Serão apenas cinco minutos. Me afasto. Logo estarei de volta, prometo.

    Ela aperta os lábios, como se estivesse pensando seriamente sobre o que deveria fazer. Prometo. Repito enquanto me afasto deles e me apresso em direção à porta de saída. Minha mão é carimbada e passo pelo segurança. 

    Eu inspiro o ar de Paris. Não é algo específico, mas desde que cheguei à cidade eu tenho a sensação de que fui transportada para um mundo diferente, um mundo antigo: as cafeterias nas ruas, as pessoas apressadas como em Nova York, mas que ainda assim tiram tempo para viver, discutir e amar...

    As construções também me fascinam. Minha mãe costumava me contar histórias sobre a arquitetura de Paris, como se fossem lendas ou histórias para dormir — cheias de sussurros e encantamento. Ela ama as grandes avenidas como essa, onde os prédios têm sacadas enroladas em torno do terceiro e do sexto andar, todas vindas da época em que Napoleão decidiu redesenhar a cidade. Eu poderia passar horas olhando para elas.

    Caminho lentamente e dobro uma esquina que leva à uma rua lateral onde os prédios parecem mais velhos e um pouco mais apertados um contra o outro. Parece que eles já viram de tudo. E provavelmente viram mesmo. Meus olhos procuram por alguma inscrição na parede à minha frente, como as de meu apartamento, onde uma menciona um soldado que morreu durante a 2ª Guerra Mundial e outra faz referência à um escritor que viveu naquela casa durante o século XVIII. Tenho tirado fotos de todas que encontro.

    Olho para cima, para a pequena varanda, e me pergunto qual é a história desse prédio em particular, sobre quem vive nele agora e quem viveu nele antes. Qualquer coisa que me faça deixar para trás a irritação e a tristeza que me agitam.

    Bah alors t’es toute seule?

    Viro minha cabeça para a esquerda. Um rapaz se aproxima, mas seu sorriso não é amigável ou flertante. Ele faz com que eu passe a tremer de medo em vez de frio e todo meu corpo fica tenso. Eu me aventurei para longe demais da boate e não há ninguém por perto.

    Abro minha boca, pronta para gritar, mas algo cintila na escuridão. A luz da lua reflete na lâmina de uma faca e eu congelo. Não consigo me mexer. Só consigo pensar que meus pais não deveriam ter que perder outra filha.

    Que eu preciso ligar para eles, conversar e dizer o quanto eu os amo.

    Que eu não quero morrer.

    CAPÍTULO 2 – LUCAS

    Eu não queria sair nessa noite. Queria ficar em casa e assistir um filme, mas Steve insistiu que nós precisávamos relaxar antes da grande audição que faremos para o nosso próximo clipe. Essa nova música pode nos colocar de volta no mapa ou nos enterrar nas paradas. Há tanta expectativa e eu sei lá... Não estou com aquele sentimento.

    Eu não quero falar sobre isso. Eu soo irritado, mas estou fazendo um esforço para me manter frio. Meu empresário — Grégoire — está a caminho da boate e ligou para o meu celular, como se o que ele tivesse para dizer não pudesse esperar. Escute, eu preciso ir. Te vejo quando chegar lá. Desligo antes que ele tente fazer eu me sentir culpado e ouvi-lo. Ele é ótimo nisso. Em usar a carta da culpa. Em me lembrar que os outros membros da banda dependem de mim. Em me lembrar que meu melhor amigo — Benji — viveu pela música e não iria querer que eu desistisse. Em me lembrar que temos fãs esperando por nós e pessoas que se importam.

    Mas eu não quero falar sobre a banda nessa noite.

    Eu me estico para dar mais uma olhada na garota deslumbrante que está sentada no bar. A blusa que ela está usando não é muito grossa e toda vez que ela se mexe, a blusa se movimenta também, como se estivesse flutuando sobre sua bela pele. Estou morrendo de vontade de passar meus dedos pelo seu cabelo e se Bjorn — o ator que deveria ganhar um prêmio por sua babaquice — não estivesse sentado ao lado dela, eu tomaria uma atitude.

    Eu deveria tomar uma atitude de qualquer forma.

    Me levanto, mas antes que eu possa ir até ela, Dimitri — outro integrante de nossa banda — me impede. Estou feliz que você esteja aqui. Ele balbucia antes de me abraçar. Estou tão feliz. Ele se deixa cair sobre o acento ao meu lado e passa seus braços ao meu redor. Ele costuma ser do tipo quieto, mas quando bebe, fica fora do mundo. E nesse momento ele está tão bêbado que eu preciso chamar um carro para ele. Sua esposa, Amie, nunca me perdoará se eu deixá-lo sair assim. Nós vamos ser fantásticos. Eu preciso que nós sejamos fantásticos. Ele murmura e novamente sou lembrado de que não sou o único na banda. Não sou o único que precisa disso.

    Dimitri ajuda toda a família de Amie. Ele não só paga a hipoteca da casa dos pais dela, como também banca a conta da educação de seu irmão mais novo. Ele foi aceito em uma prestigiosa escola de negócios em Paris, mas não estava apto a receber ajuda financeira. Dimitri tem apenas vinte e cinco anos, mas de acordo com Grégoire, pela maneira como ele toma conta de todos e pelo modo como ele se comporta com Amie, ele parece atrair uma demografia diferente.

    Eu quero outra bebida. Ele se apoia na mesa antes de se inclinar para trás e fechar os olhos. Roncando.

    Meus olhos vasculham nosso entorno. A garota misteriosa fala com a garota sentada ao lado de Steve e depois deixa a boate sem vestir seu casaco. Ela deve voltar.

    Eu chamo um carro para Dimitri e aviso Steve que vou levá-lo para fora. A garota que está com ele olha para meus óculos escuros sem dizer nada. Eu inclino minha cabeça e dou uma batida leve no ombro dele, silenciosamente o lembrando de que eu sou o Clément nessa noite. Clément, o roadie.

    Eu não quero ser famoso hoje.

    Dimitri é pesado, mas pelo menos está cooperando. Quando chegamos ao lado de fora, o frio faz ele tremer. O carro chega em seguida e eu o ajudo a entrar. Ligo para Amie e a aviso que ele está a caminho. Ela me agradece efusivamente. Enquanto falo com ela, meus passos me levam para baixo, quase até o Sena. Olho para o reflexo das luzes na água.

    Tão sereno...

    Meu celular vibra indicando a chegada de uma mensagem de texto.

    Estou dentro da boate. Onde você está?

    Grégoire não deve estar contente e quando Grégoire não está contente, ele é ainda mais desagradável do que o normal. O que me motiva a dar meia volta, no entanto, é lembrar que a garota deslumbrante pode ter voltado ao bar. Se ela for embora antes que eu retorne, minha noite será arruinada.

    Refaço meu caminho, desfrutando de estar incógnito por uma noite e pensando sobre novas músicas para o nosso próximo álbum, mesmo que eu não tenha sido capaz de escrever nem uma sequer desde aquela sobre a morte de Benji.

    Mas então eu a vejo.

    CAPÍTULO 3 – JEN

    Minhas costas estão pressionadas contra a parede fria e meu cérebro procura por algo — qualquer coisa — que possa me tirar dessa situação. Só consigo me concentrar na cicatriz em sua bochecha esquerda. Fico tentada a lhe perguntar onde ele a conseguiu.  Talvez isso me consiga algum tempo. Talvez isso mostre para ele que eu também sou uma pessoa.

    Tu parles pas, t’es timide? Seu hálito tem cheiro de cerveja e desespero.

    Meu francês limitado não serve para me salvar. Je...Je ne comprends pas.

    Ele bloqueia meu caminho. Você não falar francês? Ele esfrega os dedos. Dinheiro. Dinheiro.

    Há alguém ao longe. Essa é minha chance. Eu não tenho dinheiro. Minha voz está alta o suficiente para a pessoa me escutar. Ela se vira e eu tenho certeza de que ela me viu, mas em vez de vir me ajudar, ela segue sua caminhada. Meu peito se aperta. E se eu não encontrar uma saída?

    Meu telefone está enfiado em minha bolsa. Eu a entregaria se dentro dela estivessem apenas minha identidade, um cartão de crédito e vinte euros. Mas também há uma foto de minha irmãzinha e não é uma daquelas fotos salvas no computador ou no meu celular. Quando ela estava se sentindo melhor, eu a levei para o shopping porque ela queria andar no carrossel que fica lá. Havia uma cabine de fotos e nós fizemos caretas bobas e rimos. Eu não posso perder essas fotos.

    Ele dá uma batida leve em minha cabeça. Olá? Você escuta?

    Eu o encaro e, por uma fração de segundo, ele parece constrangido. É como se não quisesse fazer isso. Talvez eu possa tentar convencê-lo a não levar minha bolsa e esperar que tudo dê certo.

    Uma sombra aparece à minha esquerda. Não, não é uma sombra. É um rapaz.

    Il y a un problème? Ele não aparenta estar assustado nem procurando uma briga. Soa apenas preocupado. Há algo na maneira como ele caminha que me tranquiliza. Talvez seja sua confiança ou simplesmente o fato de que ele parece se importar. Mas ele está usando óculos escuros durante a noite, então talvez eu esteja fazendo uma leitura completamente equivocada.

    Não tenho certeza. Minha voz não falha tanto quanto eu achei que ela falharia e eu torço para que ele fale inglês.

    Ele se aproxima ainda mais. Você está bem? Seu tom é calmo, como se ele quisesse garantir que eu não fique com medo dele e que eu saiba que ele está do meu lado.

    Dégage. O homem que ainda segura a faca tenta rodeá-lo. Na verdade, enquanto chutar as bolas de um cara pode não ser uma boa ideia, chutar as bolas desse cara pode ser uma ideia excelente. Presto atenção no movimento, como eu faria se fosse uma pirueta; reúno toda a adrenalina para fazer o movimento e tão rapidamente quanto possível, lhe chuto onde dói mais. Ele berra e se dobra, pulando sobre os pés e derrubando a faca.

    Salope. Putain, salope. Alguma coisa sobre eu ser uma puta. O rapaz com os óculos escuros toca em meu ombro.

    Isso foi incrível! Ele diz e então abaixa a voz para pouco mais do que um sussurro. Parece que uma bebida cairia bem — você está tremendo.

    Antes que eu possa responder, dois seguranças da boate correm em nossa direção. Um deles prende o ladrão, que agora está mancando e murmurando palavras em francês que eu não consigo entender, contra a parede. Os olhos do outro se arregalam quando ele nos enxerga. Palavras escapam de sua boca e ele soa como se estivesse se desculpando, mas não entendo bem o porquê.

    O rapaz que me ajudou volta a falar em inglês. Nós deveríamos chamar a polícia.

    O segurança abre e fecha a boca, o que me deixa confusa sobre o que está acontecendo. Finalmente, ele fala: Eu farei isso. Contarei a eles o que aconteceu. Nós temos câmeras aqui fora, então tudo deve ficar bem. Vocês podem voltar para dentro.

    O ladrão grita e se debate, mas o segurança que o segura não se move.

    Ergo minha mão, como se estivesse novamente na escola — estou me sentindo muito calma, apesar do que aconteceu. Nós não deveríamos esperar pela polícia?

    O segurança balança a cabeça. Duas pessoas foram roubadas hoje e a polícia está procurando por um homem que se enquadra nessa descrição.

    Putain, j’ai rien fait! O ladrão berra e luta para se livrar das mãos do segurança. Eu fiz nada! Ele grita em inglês dessa vez, como se fosse para mim. Como se eu fosse ficar do seu lado, defendê-lo, dizer que tudo não passava de um grande mal-entendido.

    Eu o encaro. Sua pele é acinzentada e os fios de seu cabelo se enrolam como se fossem uma corda. Não parece que tenham sido lavados recentemente. Seus braços são fortes, mas suas bochechas são magras. É como se ele não comesse direito há semanas. Seus olhos são cheios de desespero, de carência. Ele tem a aparência de um viciado que não consume uma dose há algum tempo.

    Meu coração bate mais rápido do

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