Xeretando a linguagem em Italiano
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Xeretando a linguagem em Italiano - Claudia Zavaglia
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Introdução
A coleção Xeretando a linguagem em italiano, inglês, francês, espanhol e latim é dirigida para aqueles que gostam de ler argumentos importantes e interessantes com leveza, sutileza e sem compromisso; que não se intimidam em confessar que gostam de xeretar
e se divertir, até mesmo com palavras, e consequentemente, com línguas.
Quem não tem curiosidade em saber como se diz isso ou aquilo
em uma língua estrangeira? E ainda: quem não gostaria de saber como são usadas e o que significam certas palavras ou certas expressões estrangeiras que raramente são encontradas em dicionários de língua, bilíngues ou monolíngues?
Foi pensando nessas pessoas que veio à tona a ideia desta coleção, que procurou tratar de temas atraentes e convidativos para chamar a atenção do leitor para certas peculiaridades dessas línguas estrangeiras e do português do Brasil. Desse modo, os livros estão divididos em 06 capítulos que correspondem cada um deles a um fenômeno linguístico trabalhado, com cerca de 50 a 80 entradas, além de uma breve introdução concernente ao assunto tratado, ao início de cada um deles.
No primeiro Capítulo, você irá se deparar com várias expressões idiomáticas frequentemente utilizadas no português e nas outras línguas, com explicações sobre o seu significado e o seu uso. Ouvimos e nos utilizamos tanto dessas expressões que muitas vezes não nos damos conta da sua importância nas línguas estrangeiras (e às vezes nem as entendemos em português!). De fato, pode ser bastante complicado estar na França e achar que Aboyer à la lune é quando os cães uivam para a lua
ou então que Avaler sa fourchette significa engolir seu garfo
... Do mesmo modo poderá ocorrer na Itália, quando você convidar seu amico para ir pra balada e ele lhe disser Sono alla frutta e você entender que ele está na fruta
ou coisa parecida! Será uma super mancada! Imagine então se ele disser Gatta ci cova no meio de uma narração misteriosa e você achar que ele quis dizer que a gata está na cova
. Vai ser engraçado o desfecho! Com as outras línguas envolvidas na coleção ocorre a mesma coisa!
O segundo Capítulo traz vários provérbios ou ditos populares ou sentenças, como são chamados, empregados no nosso dia a dia e também nas línguas estrangeiras. Saber entender (e reconhecer!) uma expressão proverbial em um idioma estrangeiro pode ajudá-lo a se relacionar com os estrangeiros, a interagir com os costumes daquele país e conhecer um pouquinho dessa cultura milenar. Assim, entender que L’air ne fait pas la chanson significa O hábito não faz o monge pode ser crucial em uma conversa sobre aparências, bem como compreender o significado de Chi non risica, non rosica ou de Donde hay capitán no manda marinero e de Do as I say, not as I do se você estiver pensando em se aventurar pelo mundo em busca de seus desejos!
Já no terceiro Capítulo, você vai encontrar dicas de como não confundir alhos com bugalhos
, porém, no que diz respeito às palavras! São os famosos falsos cognatos ou falsos amigos, ou seja, aquelas palavrinhas que se parecem com outras, mas que na verdade não têm nada em comum umas com as outras. E fazem muitas pessoas caírem em verdadeiras armadilhas devido à confusão que causam. É o caso de Actually e Costume, em inglês; de Burro e Furare, em italiano; de Bâton e Bobonne, em francês, por exemplo.
No quarto Capítulo você vai colorir sua linguagem ainda mais e tomar conhecimento de como o português e as outras línguas estrangeiras se utilizam de nomes de cores, tais como preto, branco, vermelho, verde, amarelo, azul, marrom, rosa, cinza, entre outros, em suas expressões linguísticas. Além disso, para cada uma dessa cores, são fornecidos significados e seus empregos mais frequentes para cada par de língua da coleção. Muitas das expressões são bem comuns em português e a intenção foi demonstrar que elas podem ser igualmente utilizadas em cada uma das línguas estrangeiras tratadas. Outras, ao contrário, demonstram que cada língua pode colorir
as suas expressões usando nomes de cores diferentes, demonstrando que cada país pode enxergar
de maneira diferente determinado acontecimento histórico, social ou cultural.
Com o quinto Capítulo, você vai poder mergulhar
em tribos
diferentes e conhecer uma linguagem peculiar que pertence às pessoas mais jovens, que possuem seus grupos de amigos e histórias em comum, e, por isso mesmo, criam
meios de se entenderem e compreenderem entre si. Assim, produzem um tipo de linguagem riquíssimo no quesito criatividade e obscurantismo, a partir do momento que certas palavras podem ser indecifráveis e jocosas para pessoas que não fazem parte daquele grupo que as emprega. Além disso, você vai saber como se diz jeans
, eletricista
, pizza
, pipoca
e muito mais em... latim! É isso mesmo! O latim ainda é uma língua falada!
Por outro lado, ao ler o Capítulo 6, quando algum nativo quiser fazer piadinhas
com você, ensinando-lhe palavrinhas que na verdade são palavrões na língua estrangeira, só para que ele tire uma da sua cara
, tenha a certeza que você não cairá nesse trote
ou brincadeira! É isso mesmo. Ali você encontrará muitas das expressões empregadas pelos nativos que inexistem nos livros em que se estudam línguas estrangeiras; logo, não temos como aprendê-las em nossas aulas. Se o seu professor não for um cara descolado
e sem papas na língua, você vai demorar para aprender o que significa minchia em italiano, to bang em inglês, suceur de quenelle em francês, las domingas em espanhol, sopio, em latim. Sem pudores, esse capítulo traz um elenco de palavras empregadas para se referirem às nádegas, à vagina, ao pênis, aos testículos, ao ânus entre outros. Além disso, procura tratar certas expressões obscenas que são bastante empregadas na linguagem comum daquele país em questão, nos mais variados contextos.
Então, mãos à obra! Vá xeretar as páginas deste livro e aprenda se divertindo!
Claudia Zavaglia
Coordenadora editorial
Claudia Zavaglia é Livre-Docente em Lexicografia e Lexicologia e doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP. Atualmente é professor adjunto da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP - Campus de São José do Rio Preto - SP - IBILCE. É autora dos livros Canzoni Italiane degli anni ’90 (2001); Parece mas não é: as armadilhas da tradução do italiano para o português (2008); Dicionário Temático Ilustrado Português – Italiano (Nível Avançado) (2008); Passarinho, Passarinha, Passarão: dicionário de eufemismos das zonas erógenas – português-italiano (2009) e Um significado só é pouco: dicionário de formas homônimas do português contemporâneo do Brasil (2010).
Capítulo 1
VOCÊ ESTÁ FALANDO GREGO?
Expressões Idiomáticas
As expressões idiomáticas estão tão presentes na língua que uma pessoa, quando as emprega, não se dá conta de que acabou de usá-las em sua fala. De fato, elas são utilizadas a todo instante: no linguajar diário, no noticiário da televisão, em anúncios e propagandas jornalísticas, como também no rádio e na TV, na literatura, em letras de música, em filmes, em discursos políticos, em campanhas eleitorais. Geralmente os falantes usam as expressões idiomáticas para darem um sabor a mais ou especial àquilo que desejam expressar, tais como: sutilezas, ênfases, intensidades, humor e ironia que a linguagem convencional não é capaz de suprir. Dessa maneira, as expressões idiomáticas enriquecem uma frase por serem capazes de carregar consigo os sentimentos que o falante quer denotar, não se restringindo