Na trilha da gramática: Conhecimento linguístico na alfabetização e letramento
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Na trilha da gramática - Luiz Carlos Travaglia
© 2013 by Luiz Carlos Travaglia
© Direitos de publicação
CORTEZ EDITORA
Rua Monte Alegre, 1074 – Perdizes
05014-001 – São Paulo – SP
Tel.: (11) 3864-0111 Fax: (11) 3864-4290
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Direção
José Xavier Cortez
Editores
Amir Piedade
Anna Christina Bentes
Marcos Cezar Freitas
Preparação
Jaci Dantas
Assessoria na seleção de textos
Silvana Costa
Revisão
Patrizia Zagni
Isabel Ferrazoli
Edição de arte
Mauricio Rindeika Seolin
Projeto e diagramação
More Arquitetura de Informação
Ilustrações
Rodrigo Abrahim
Produção Digital
Hondana - http://www.hondana.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Travaglia, Luiz Carlos
Na trilha da gramática [livro eletrônico] : conhecimento linguístico na alfabetização e letramento / Luiz Carlos Travaglia. -- 1. ed. -- São Paulo : Cortez, 2014.
20,3 Mb ; e-PUB
Bibliografia.
ISBN 978-85-249-2220-6
1. Alfabetização 2. Letramento 3. Linguagem 4. Linguística aplicada 5. Mediação 6. Pedagogia 7. Prática de ensino 8. Professores - Formação I. Título. II. Série.
Índices para catálogo sistemático:
Publicado no Brasil – 2014
"E, num momento mágico,
como estrelas surgindo
devagar, devagarinho,
uma criança aqui,
duas ou três ali,
outras e outras mais
vão descobrindo um mundo
novo e misterioso:
o reino da palavra escrita."
(MOREIRA, Terezinha Maria. Uma chave preciosa.
A você. Uberlândia: Ed. do Autor, 2012. p. 66)
Para você que ensina e aprende
Para você que aprende e ensina
Sumário
►Introdução
►Livros sugeridos para ações literárias
↘ CAPÍTULO 1
Alguns pontos básicos no ensino de língua materna e sua relação com o ensino de gramática
►Para além da sala de aula
►Livros sugeridos para ações literárias
CAPÍTULO 2
Conhecimentos linguísticos: o que ensinar e como ensinar – Trabalhando com projetos de ensino
►2.1 O que trabalhar
►2.2 Como trabalhar
►Para além da sala de aula
►Livros sugeridos para ações literárias
CAPÍTULO 3
Exemplificando os projetos a partir de textos
►3.1 Os textos
►3.2 Exercícios
3.2.1 Atividades organizadas a partir de um recurso específico
3.2.2 Atividades organizadas a partir de um tipo de recurso
3.2.3 Atividades organizadas a partir de uma instrução de sentido
3.2.4 Atividades organizadas a partir de uma ação feita com o recurso ou uma função do mesmo
3.2.5 Outros
►Para além da sala de aula: Língua oral e Língua escrita
►Livros sugeridos para ações literárias
CAPÍTULO 4
O ensino de vocabulário
►Para além da sala de aula: Ensino de vocabulário
►Livros sugeridos para ações literárias
PALAVRAS FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIVROS DE LITERATURA INFANTIL
ANEXOS
BIOGRAFIA
Introdução
Oensino de Língua Portuguesa nas séries iniciais do Ensino Fundamental se reveste de importância vital, porque, certamente, vai configurar a relação que o aluno terá com o estudo de sua língua materna em todo o seu período escolar, tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio e talvez mesmo nos cursos superiores, pois a qualidade de sua alfabetização e letramento o acompanhará sempre, tornando-o alguém com um bom domínio da língua escrita ou não.
O que basicamente se denomina e entende por alfabetização e letramento?
Os PCNs (2000) dizem que a alfabetização refere-se à aprendizagem de um conhecimento notacional: a escrita alfabética
(p. 33), o que seria um sentido restrito de alfabetização (p. 35), e o letramento (os PCNs falam em processo mais amplo de aprendizagem da Língua Portuguesa
– p. 35) refere-se à aprendizagem da linguagem que se usa para escrever
(p. 33), à aquisição da possibilidade de compreender e produzir textos em linguagem escrita
(p. 33), considerando as características discursivas da linguagem (p. 34), para uma maior participação social pelo estabelecimento de relações interpessoais pela significação do mundo e da realidade (p. 24).
Achamos bastante úteis e claras as conceituações de alfabetização e letramento e as considerações sobre os mesmos feitas por Soares (2008). Segundo esta autora, a alfabetização é entendida hoje como o domínio do sistema alfabético e ortográfico, a aquisição do sistema convencional da escrita. Já o letramento é entendido como o desenvolvimento de habilidades, comportamentos e práticas de uso competente do sistema convencional da escrita na produção e compreensão de textos dentro de práticas sociais em que a leitura e a escrita estejam envolvidas. Para Soares (2008), os dois processos são indissociáveis e interdependentes, embora sejam distintos quanto aos objetos de conhecimento, aos processos cognitivos e linguísticos de aprendizagem, o que mostra ser pertinente sua distinção. Para nós, embora o processo de alfabetização, tal como definido aqui, seja finito, parece que o processo de letramento nunca termina, já que envolve desenvolver a competência de uso dos mais diferentes recursos da língua e sua contribuição para a significação dos textos, bem como desenvolver a competência de uso dos mais diferentes gêneros de texto em situações específicas de interação comunicativa, o que representa as práticas sociais de uso da linguagem[1].
O ensino de conhecimentos linguísticos e teoria gramatical sempre se revelou cheio de dúvidas, sobre o que e como fazer, sobre o que ensinar. Para os alunos, sempre se revelou um tanto traumático a ponto de levar falantes de Língua Portuguesa, que se expressam nesta língua em todas as situações de sua vida, a afirmar que Português é muito difícil
. Parece-nos que não é o Português que é difícil, mas o estudo de teoria gramatical e certamente o modo como muitas vezes é desenvolvido. Que relação há entre conhecimento linguístico, alfabetização e letramento? Como podemos desenvolver atividades visando à aquisição de conhecimentos linguísticos relativos à gramática da língua e que sejam pertinentes para a alfabetização e o letramento nas séries iniciais?
Neste livro, fazemos uma sugestão sobre como trabalhar com este aspecto da língua, ou seja, com o conhecimento linguístico, mostrando que o conhecimento linguístico não é, como muitos pensam, apenas saber teoria gramatical/linguística e terminologia para analisar elementos da língua. Evidentemente este conhecimento teórico vai acontecer em conjunto com todas as atividades que você vai desenvolver para que o aluno:
a) adquira a variedade escrita da língua, uma vez que ele domina uma variedade oral familiar quando chega à escola e
b) alcance progressivamente o domínio e a capacidade de uso de um número cada vez maior de recursos da língua, tornando-se um usuário da língua progressivamente mais competente.
O domínio da variedade escrita, por meio da alfabetização e letramento, exige uma série de conhecimentos que referimos no capítulo 2. Esperamos que nossas sugestões possam ser úteis e sirvam de suporte para um ensino de melhor qualidade e mais produtivo, ou seja, capaz de levar o aluno a adquirir o maior número possível de habilidades de uso da língua e assim um maior domínio da mesma em suas diferentes variedades, especialmente a escrita e a culta.
Para isto organizamos este livro em quatro capítulos.
No capítulo 1, buscamos apresentar alguns pontos que julgamos fundamentais para o professor de Português poder realizar um ensino mais eficiente nas séries iniciais, mas também em todas as demais séries. Aqui apresentamos também algumas opções que dão base à configuração da metodologia proposta.
No capítulo 2, esboçamos um conjunto básico de conhecimentos linguísticos que julgamos conveniente trabalhar nas séries iniciais do Ensino Fundamental e propomos uma forma de abordar estes conhecimentos, por meio de uma estratégia que denominamos de "projetos", apresentando exemplos de atividades de ensino/aprendizagem do tipo que julgamos eficiente para auxiliar a alfabetização e o letramento e que se concentra sobretudo em discutir como os diferentes recursos da língua contribuem para o sentido de cada texto na situação em que é usado, ou seja, na prática social a que serve.
No capítulo 3, continuamos com exemplos de atividades correlacionadas com projetos propostos no capítulo 2 e elaboradas a partir de textos de gêneros variados, para que se perceba como podem ser desenvolvidos os projetos de ensino/aprendizagem sobre conhecimentos linguísticos diversos a partir de textos concretos, já que uma de nossas opções para construção de uma metodologia é trabalhar sempre no nível textual-discursivo da língua.
No capítulo 4, mostramos como organizar e trabalhar o conhecimento linguístico sobre o léxico para a ampliação do vocabulário dos alunos e para a precisão de certos aspectos no uso do mesmo, uma vez que o incremento da competência lexical é fundamental para um letramento de qualidade. Os exemplos de exercícios de vocabulário são motivados pelos mesmos textos que serviram de ponto de partida para as atividades dos capítulos 2 e 3.
Em alguns momentos, e no final de cada capítulo, tomamos a liberdade de sugerir algumas leituras complementares para o(a) professor(a) que desejar saber um pouco mais sobre alguns dos tópicos abordados.
Ao final da introdução e de cada capítulo, indicamos também alguns livros para possível leitura pelos alunos, apenas para reforçar junto aos colegas professores que a leitura é fundamental no trabalho com o conhecimento linguístico dentro do que vamos chamar de gramática de uso
, a que nos referimos no capítulo 1, como um dos tipos de atividades de ensino de conhecimento linguístico, enquanto ensino de gramática. A leitura dos livros pode e deve ser acompanhada de uma conversa orientada para a melhor compreensão do que foi lido, e para chamar a atenção dos alunos para aspectos da construção dos textos de natureza literária, visando a um letramento mais elaborado de um modo geral. O conversar sobre o livro pode incidir, inclusive, na observação e análise de aspectos dos recursos linguísticos que é bom conhecer para uma adequada compreensão de textos. Como fazer esta última parte aparece exemplificado neste livro nos capítulos 2 a 4.
No que diz respeito a livros de literatura infantil, é bom lembrar que muitos foram construídos com propósitos bem definidos e o professor pode usá-los como recurso complementar, motivacional e mesmo básico para o ensino de alguns elementos. Estão neste caso, entre outros, livros como: a) ABC e numerais – Pra brincar é bom demais (Belinky, 2010), para trabalhar as letras por meio de palavras em que tais letras aparecem e os nove algarismos arábicos; b) O aniversário do Seu Alfabeto (Piedade, 2010), que é um livro útil para o aluno conhecer o alfabeto de modo divertido e interessante; c) Linha animada (Góis e Nali, 2006), para introduzir o aluno no mundo da geometria ao mesmo tempo que correlaciona tipos de linha, figuras geométricas planas e espaciais (sólidos) com a realidade do dia a dia; d) Conversa molhada (Prado, 2008), que ensina o ciclo das águas por meio de uma história em que uma menina e sua avó trabalham com a imaginação. Este tipo de livro pode e deve ser buscado e utilizado pelo(a) professor(a), para abordar ou motivar assuntos diversos. Evidentemente, mesmo os que servem a outros propósitos sempre têm a língua como material de construção e podem ajudar o aluno a ampliar sua competência linguística.
Livros sugeridos para ações literárias
2o ANO
► BRAZ, Júlio Emílio. As abotoaduras do gigante (Reconto). Ilustrações: Mozart Couto. São Paulo: Cortez, 2012.
•Um clássico com um reconto bem interessante. Quase um poema com rimas finais e internas às frases que leva a descobrir que a ambição nos traz infelicidade e que a felicidade está em coisas simples da vida.
► ROGÉRIO, Cris. Carmela caramelo. Ilustrações: André Neves. São Paulo: Cortez, 2012.
•Um texto diferente que descreve uma pessoa em diferentes situações, usando recursos linguísticos interessantes. Mas o melhor é descobrir que mesmo quem parece uma pessoa excêntrica é alguém que desperta os nossos melhores sentimentos.
3o ANO
► COSTA, Silvana. Amigos pra cachorro. Ilustrações: Guto Lins. Belo Horizonte: Dimensão, 2005.
•O que você faria se mudasse para um lugar para o qual seu cachorro tão querido não pudesse ir? Como Melinda resolveu este impasse? Surpreenda-se com o que aconteceu a Hermes, o Cachorro de Melinda. Uma história tocante.
► CUNHA, Leo. Poemas para ler num pulo. Ilustrações: Flávio Fargas. Belo Horizonte: Dimensão, 2009.
•Leo Cunha cria neste livro poemas rápidos e concisos, sem perder a possibilidade de refletir sobre o mundo e se encantar com ele. O mesmo que a sabedoria oriental nos ensina a fazer nos haikais. São poemas pra ler num pulo e reler sempre.
4o ANO
► ARAGÃO, José Carlos. É tudo lenda… Ilustrações: Flávio Fargas. Belo Horizonte: Dimensão, 2007.
•As lendas explicam a origem das coisas que existem no mundo. Este livro apresenta lendas, colocadas em forma de crônicas, explicando o surgimento de várias coisas do mundo, como o futebol, a alegria, o lápis, a chuva, entre outras, e a origem das próprias lendas. Como lendas são cheias de fantasia, seus alunos vão adorar.
1. É preciso dizer que a prática social de uso da língua configurada pelos gêneros não se refere apenas à língua escrita, mas também à língua oral com seus gêneros.
↘ CAPÍTULO 1
Alguns pontos básicos no ensino de língua materna e sua relação com o ensino de gramática
É tão importante saber ensinar como querer aprender.
Há alguns pontos que são básicos na ação de ensinar e aprender? Quais são? O que o professor de Língua Portuguesa, sobretudo aquele de alfabetização e letramento inicial, deve ter sempre em mente?
Neste capítulo, são apresentados alguns pontos que consideramos importantes para quem se dedica ao trabalho de ensinar a Língua Portuguesa como língua materna. O ensino/aprendizagem, em qualquer circunstância, só pode acontecer a partir de uma condição básica: haver o encontro entre alguém que quer aprender e alguém que sabe o que vai ensinar. Na escola, isto implica um aluno motivado, por alguma razão, a saber algo e um professor com o maior conhecimento possível daquilo que vai ensinar, mas isto acontece também em outras situações mais ou menos formais de educação.
A partir dessa primeira condição atua a metodologia. Podemos entender esta como um conjunto de princípios que regem nossas atividades em sala de aula para a consecução de objetivos de ensino e aprendizagem. A metodologia tem um papel importante porque é responsável por um ensino/aprendizagem mais produtivo em termos de abrangência, organização (seleção, progressão, inter-relação de itens a serem ensinados/aprendidos) e consequente maior facilidade de acesso ao que se quer aprender e ensinar, pois este é o papel básico da metodologia: facilitar o acesso ao objeto de aprendizagem.
A abrangência é exatamente o quanto ensinamos e permite trabalhar com o máximo de fatos de conhecimento no tempo de que dispomos. Certamente nosso ideal é ensinar o máximo possível.
A organização do ensino/aprendizagem é que vai facilitar o acesso ao conhecimento, seja de elementos teóricos, seja de habilidades.
Essa organização implica que:
a) se selecione o que ensinar;
b) se faça uma progressão entre os elementos a serem ensinados e aprendidos, ou seja, o que ensinar em primeiro, segundo, terceiro lugar etc., lembrando ainda que há elementos que têm de ser ensinados simultaneamente;
c) se estabeleça, por alguma razão de significação, de forma ou de função, uma inter-relação ou correlação entre elementos que são objeto de ensino e aprendizagem;
d) se detecte o que precisa ser repetido, ou seja, ensinado mais de uma vez com ou sem acréscimo de novos elementos.
A seleção será feita com base naquilo que se acredita ser fundamental ensinar, para que o aluno atinja um domínio da língua em suas diversas variedades (dialetos, registros e modalidade oral e escrita). Estamos falando, naturalmente, do ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa como língua materna. O que acreditamos ser fundamental ensinar depende de certas opções que fazemos e a que nos referiremos mais adiante.
A progressão segue princípios e critérios tais como a frequência, a complexidade e a extensividade.
A frequência do elemento a ser ensinado/aprendido e, portanto, a utilidade que dado elemento tem em nossa vida, pressupondo que o que é mais frequente tem mais probabilidade de ser usado e deve ser ensinado antes do que é menos frequente. Assim, por exemplo, os verbos ser e estar, embora irregulares, devem ser aprendidos pelos alunos, tanto na sua significação quanto na sua flexão, muito antes do verbo apropinquar (= aproximar) e muitos outros, porque certamente os alunos terão que usar muito mais aqueles do que este. Na verdade, o verbo apropinquar, se for ser ensinado, o será depois também de aproximar, já que este é muito mais usado na língua para exprimir a ideia de pôr-se próximo, tornar-se próximo ou fazer parecer próximo. Na verdade, apropinquar só seria ensinado nos últimos anos do Ensino Fundamental ou no Ensino Médio se aparecesse usado em algum texto. Do mesmo modo, prefixos de uso