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Antologia poética - Arthur Rimbaud
Sumário
Sobre a antologia de Rimbaud e a tradução poética
Notícias biográficas
25 poemas da obra poética e dos últimos versos
Sensation
Sensação
Bal de pendus
Baile dos enforcados
Le forgeron
O ferreiro
Vénus Anadyomène
Vênus Anadiomene
Première soirée
Primeira tarde
Roman
Romance
Rêvé pour l’hiver
Sonho para o inverno
Le dormeur du val
O adormecido do vale
Au Cabaret-Vert,
cinq heures du soir
No Cabaré Verde,
cinco horas da tarde
Ma bohème
(Fantaisie)
Minha boêmia
(Fantasia)
Les assis
Os sentados
Oraison du soir
Oração da tarde
Mes petites amoureuses
Minhas pequenas namoradas
Les poètes des sept ans
Os poetas de sete anos
Le cœur volé
Coração burlado
Voyelles
Vogais
L’étoile a pleuré rose au cæur de tes oreilles,
A estrela chorou rosa no fundo de tuas orelhas,
Ce qu’on dit au poète à propos de fleurs
O que dizem ao poeta a respeito das flores
Les chercheuses de poux
As catadoras de piolhos
Est-elle almée?... aux premières heures bleues
É dançarina?... em horas azuis, primeiras,
L’éternité
A eternidade
Chanson de la plus haute tour
Canção da torre mais alta
Fêtes de la faim
Festas da fome
Mémoire
Memória
Le bateau ivre
O barco bêbado
mais dois poemas do álbum zútico
cocheiro ébrio e soneto do buraco do cu
Cocher ivre
Cocheiro ébrio
Sonnet du trou du cul
Par Arthur Rimbaud et Paul Verlaine
Soneto do buraco do cu
por Arthur Rimbaud e Paul Verlaine
quatro textos de iluminações
Parade
Parada
Being beauteous
Being beauteous
Phrases
Frases
Villes
Cidades
e dois textos de uma temporada no inferno
délires
ii
delírios
ii
Faim
Fome
Adieu
Adeus
Notas sobre os poemas traduzidos
Sobre a antologia de Rimbaud e a tradução poética
Afonso Henriques Neto
Antiga e repetida é a máxima do tradutor ser considerado um perfeito traidor, ainda mais quando se está em jogo a tradução poética. Os concretistas brasileiros, Haroldo de Campos à frente, repetiram exaustivamente a palavra transcriação, seguindo as pegadas de Ezra Pound, com o fim de assinalar a necessidade de se operar um malabarismo radical no campo da linguagem quando do ato da transposição de um poema de um idioma a outro. Com isso queriam, em essência, dizer que se a traição era certa, o melhor é que fosse criado um desejável ‘erro correto’ (a ‘transcriação’) diante da impossibilidade da transposição dita ‘fiel’. Era, pois, necessário sempre realizar o que Augusto de Campos chamou de uma ‘transdução’, ou seja, a tentativa de manutenção da potência do poema por meio de construções semânticas vigorosas que, mesmo se afastando em menor ou maior grau do original (mas sempre buscando compreender em profundidade as redes semânticas desse original, é claro), conseguissem transmitir alta voltagem poética por meio de ‘infiéis’ procedimentos tradutórios.
Diante dessas tantas vezes insuperáveis dificuldades, o que fazer? Sempre me fiz esta pergunta quando de minhas tentativas de tradução de poemas que me interessaram. Publiquei várias dessas experiências em antologias e periódicos variados ao longo dos anos. Por fim, realizei um trabalho mais sistemático que resultou em um livro de traduções editado pela Azougue Editorial, no Rio de Janeiro, com o título de Fogo alto, no ano de 2009, quando me aventurei na tradução de poemas de Catulo, François Villon, William Blake, Arthur Rimbaud, Vicente Huidobro, Federico García Lorca e Allen Ginsberg, todos poetas alinhados a posições que chamei de visionárias e libertárias. Foi, para mim, uma experiência importante, pois pude colocar em prática algumas ideias que sempre me acompanharam. Primeiro, que procuraria manter a métrica e as rimas do poema original; segundo, que tentaria ser o mais fiel possível à ideia impressa em cada verso, me afastando o mínimo possível do que o poema de fato expressava, além de observar com cuidado o artesanato poético de cada verso do autor considerado com o fim de buscar algo similar em nosso idioma; e por último, procuraria colocar na tradução a maior carga poética que pudesse alcançar, para assim poder de fato homenagear o grande poeta em questão (ser o poeta desse meu poeta?). Penso que tais preocupações se afastam de certa forma daquelas apresentadas pelos concretistas a partir de uma tradição poundiana, pois na realidade sempre busquei me manter o mais possível ‘colado’ ao texto original, sem pensar muito em possíveis ‘transcriações’, ou seja, nessa interessante busca de jogos semânticos que se, de um lado, buscava manter correspondência com o modelo original, em termos de soluções formais fugiam, em variadas escalas, do poema considerado. Portanto, se essas ditas ‘transcriações’ viessem surgir em momentos pontuais do meu trabalho, seriam obviamente bem-vindas, sem que isso jamais refletisse a preocupação central. Penso que o meu aprendizado no campo da tradução se deu com mais vigor no acompanhamento do trabalho de meu pai, o poeta Alphonsus de Guimaraens Filho, que ao longo da vida sempre traduziu com maestria seus poetas favoritos, sem nunca deixar de chamar este trabalho de ‘recriações’. Apesar disso, sei que meu pai jamais deixou de buscar a maior fidelidade possível aos textos originais. Em 2005, três anos antes de sua morte, publicou em tiragem limitada um livro com uma coleção dessas traduções sob o título de Poetas de outras terras (Rio de Janeiro: Edições Laranjeiras). Na quarta capa do livro colocou a lição lapidar de Dante Milano: A linguagem do poeta não pode ser trasladada a outro idioma; pode-se traduzir o que o poeta quis dizer, mas nunca o que ele disse
.
Outro assunto interessante que sempre gostei de pesquisar diz respeito às grandes diferenças de soluções encontradas pelos mais diversos tradutores quando examinamos algum poema bastante famoso que tenha merecido, por tal motivo, muitas traduções. É o que acontece com O corvo
, de Edgar Allan Poe, que dentre as versões que o poema ganhou em português, encontramos duas que, a meu ver, estão acima das demais, quais sejam aquelas empreendidas pelo jornalista mineiro Milton Amado e por Fernando Pessoa. Não haverá espaço neste artigo para examinarmos o longo poema O corvo
, mas poderemos considerar, a título de simples exemplo dessas diferenças tradutórias, algumas soluções encontradas para dois curtos e conhecidos versos de Arthur Rimbaud:
Ô saisons, ô châteaux
Quelle âme est sans défauts?
As diferentes versões são bem sugestivas. Em primeiro lugar, encontramos a tradução literal, que é a pior delas, por não obedecer nem a métrica (versos de seis sílabas), nem a rima:
Ó estações, ó castelos
Que alma é sem defeitos?
Em seguida, citemos em série alguns tradutores que alcançaram melhor fatura:
Castelos, estações,
Que alma é sem senões?
(Augusto de Campos)
Ó temporadas, castelos,
Mas qual alma é sem farelos?
(Jorge de Sena)
Ó castelos, ó sazões
Que alma é sem senões?
(Ivo Barroso)
Esta cerveja! essa rua!
A miséria que isto sua!
(Mário Cesariny)
Vemos nessas quatro soluções variantes formidáveis. Em primeiro lugar, há que se dizer que o único que respeitou integralmente métrica e rima do original foi Augusto de Campos. Em seguida, vimos com espanto a tradução do poeta e pintor português Mário Cesariny passar longe do original (além de se utilizar de versos de sete sílabas). Contudo, esse aparente ‘disparate’ em relação ao original tem sua razão de ser. Na época de Rimbaud havia uma conhecida marca de cerveja na França, certamente usada pelo poeta, chamada "Saison. Daí Cesariny ter traduzido
saisons por
cerveja" (ele já havia feito isso quando traduziu o título do famoso livro rimbaudiano Une saison en enfer por Uma cerveja no inferno). Depois, resolveu verter "châteaux por
essa rua (sabe-se que havia uma rua em Charleville com o nome de Château, onde se localizavam casas de prostituição), e
quelle âme est sans défauts por
a miséria que isto sua". Talvez não haja exemplo maior de uma radicalíssima ‘transcriação’.
De minha parte, ao traduzir a referida passagem, fiquei lutando com duas soluções. A primeira foi:
Ó estações, ó castelos
Que alma é sem cutelos?
Contudo, depois de bastante meditar, uma vez que a palavra cutelos
não me agradava muito, preferi uma segunda opção, que mantinha o hexassílabo e se aproximava mais da ideia principal do verso do poeta francês:
Ó castelo, ó estação
Que alma é só perfeição?
Volto, assim, a insistir nessa necessidade de se buscar a maior fidelidade possível tanto em relação à métrica e rima dos versos (e demais preocupações aliterativas, por exemplo), quanto àquilo que de fato o poeta buscou expressar em cada passagem do poema (sem se esquecer, óbvio, da lúcida observação de Dante Milano citada anteriormente).
Faz tempo que comecei a tentar traduzir Rimbaud. Admirava a poesia do adolescente francês, tinha sempre em mãos traduções variadas da extraordinária obra poética e, em especial, do poema O barco bêbado
, o texto mais famoso do poeta e que me agrada sobremaneira. As minhas tentativas de tradução dos poemas rimbaudianos partiram, hoje bem sei, de certa insatisfação que nunca deixei de sentir ao ler as traduções existentes. Na realidade, quando gostamos muito de um escritor estrangeiro, vai chegar um momento em que começamos de modo natural a buscar a nossa própria maneira de falar em português os textos que lemos e relemos com tanto prazer ao longo da vida. No caso da poesia, a busca, como foi dito, dar-se-á na direção de uma tradução a mais fiel possível em termos léxicos e poéticos, buscando assim alcançar a produção de um poema em língua portuguesa que se apresente como possível correlato do original. Mesmo sabendo, com o poeta norte-americano Robert Frost, que é a própria poesia o que se perde na tradução. Por isso mesmo, está claro, o melhor será sempre aquele leitor que consegue ler o poema na língua original, usando a tradução tão só para tirar dúvidas sobre algumas passagens ou termos mais obscuros.
Por seu turno, ao tratar do problema da tradução de poesia, Mário Cesariny pensa que devemos tentar merecer, entender e aplicar o ensinamento do poeta Novalis: "Uma tradução pode ser literal, livre ou mítica. As traduções míticas