Triste fim de Policarpo Quaresma: Versão adaptada para neoleitores
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Triste fim de Policarpo Quaresma - Lima Barreto
Prezado leitor, prezada leitora
Este livro que você tem nas mãos é um convite. Um convite para viajar através de histórias de homens e mulheres que tiveram ideias e ideais, que amaram e sofreram, como você e todos nós. São homens e mulheres inventados a partir da observação da realidade, pela imaginação do escritor.
Você está sendo convidado a caminhar com esses personagens e a compreender os dramas que eles viveram, as escolhas que fizeram para encarar a vida. Pode ser que em alguns momentos você encontre semelhanças com algo que você já viveu ou sentiu; em outros momentos, tudo pode parecer novidade, porque esta história acontece num tempo bem diferente do nosso.
Sugerimos que você mergulhe na história, imagine o cenário e a época dos fatos narrados. Você pode se colocar no lugar dos personagens ou simplesmente acompanhar a história, para entender os destinos dessas vidas.
O texto que você vai ler foi adaptado para uma linguagem mais simples, para você ler com mais facilidade. Para ajudar, aparecem ao longo do texto algumas notas históricas, geográficas e culturais. Você também vai encontrar, depois da narração, ideias para pensar, conversar, debater, escrever. E ainda sugestões de outras leituras, de filmes e até de sites na internet.
Nosso maior desejo é que você leia e goste de ler. Que discuta as ideias do livro com amigos, colegas, professores. Que você aproveite e conte esta história para alguém. Ou que simplesmente experimente o puro prazer de ler.
Que este livro seja seu companheiro no ônibus ou no metrô, indo para a escola ou o trabalho, em algum momento de descanso na sombra de uma árvore, em casa ou no banco da praça. E que ajude a construir na sua imaginação outras histórias.
Boa leitura. E que esta viagem seja só o começo de outras!
Sobre Triste fim de Policarpo Quaresma
Policarpo Quaresma, funcionário público, é um nacionalista exaltado, que só valoriza os produtos nacionais e a cultura tipicamente brasileira. Chega a propor que o tupi-guarani seja a língua oficial do país, por ser a língua dos índios. Somente o amigo Ricardo Coração dos Outros e a afilhada Olga valorizam as suas ideias. Os outros acham que ele é meio louco, e Quaresma passa alguns meses internado num hospício. Quando sai de lá, compra um sítio no interior e resolve se dedicar à agricultura, mas acaba envolvido na politicagem local. Volta ao Rio de Janeiro quando acontece a Revolta da Armada. Ao defender o governo do marechal Floriano Peixoto, Quaresma mais uma vez se desilude pela falta de nacionalismo dos governantes do país e acaba sendo preso. No final, percebe que a pátria que defendia era apenas um sonho e que a realidade é bem diferente.
Triste fim de Policarpo Quaresma, publicado em capítulos, num jornal, em 1911, e em livro em 1915, narra uma história que se passa em 1893, ano em que acontece a Revolta da Armada, no Rio de Janeiro: a Marinha se rebela contra o presidente Floriano Peixoto, querendo derrubar o governo. Também na época acontece a Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul, que durou até 1895: o grupo dos federalistas enfrenta os republicanos, que contavam com o apoio federal e que acabaram vencendo. Além disso, a obra faz várias referências à Guerra do Paraguai (1864-1870), na qual a Tríplice Aliança, formada por Brasil, Argentina e Uruguai, apoiada pela Inglaterra, combate o Paraguai, país que começava a se destacar economicamente e por isso ameaçava os países vizinhos. Nesta guerra, se destacam as batalhas do Curupaiti, ocorrida a 22 de setembro de 1866, onde as forças paraguaias foram vitoriosas e cinco mil soldados brasileiros morreram, e a de Humaitá, nome de uma fortaleza paraguaia, que só foi tomada definitivamente pelas tropas aliadas no ano de 1868.
LIMA BARRETO – Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu em 13 de maio de 1881, oito anos antes da abolição da escravatura. Mestiço e de origem humilde, filho de um tipógrafo e de uma professora primária, que morreu quando ele tinha seis anos, Lima Barreto estudou em várias escolas e chegou a ingressar na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, de onde saiu, por causa da loucura do pai, para ajudar a sustentar a família. Dedicou-se ao jornalismo, trabalhando em vários jornais e revistas, e começou a publicar suas obras. Como o pai, passou a beber muito, foi internado em sanatórios e acabou sendo considerado inválido para o serviço público, em 1918. Lima Barreto morreu em 1922, por problemas no coração.
Personagens da história
FAMÍLIA E AMIGOS DO MAJOR QUARESMA
Policarpo Quaresma – funcionário do Ministério da Guerra; dedicou sua vida ao nacionalismo. Estudava a história do Brasil e fez várias propostas para desenvolver o país.
Adelaide – irmã de Quaresma; não se casou e morava com o irmão, mas não entendia por que ele estudava tanto e se preocupava com a situação do país.
Anastácio – antigo escravo, caseiro de Quaresma; ensinava o major a trabalhar na terra.
Vicente Coleoni – imigrante italiano que foi ajudado por Quaresma e se tornou comerciante e depois rico empreiteiro.
Olga Coleoni – filha de Vicente, afilhada de Quaresma; tenta salvar o padrinho da prisão.
Armando Borges – noivo e depois marido de Olga, médico; escrevia artigos sobre medicina em linguagem difícil, mas só estava interessado em conseguir um cargo público.
Ricardo Coração dos Outros – compositor de modinhas e violonista; dava aulas de violão a Quaresma, que achava que o violão era o mais autêntico instrumento brasileiro.
FAMÍLIA E AMIGOS DO GENERAL ALBERNAZ
General Albernaz – vizinho de Quaresma, que fazia de tudo para casar as cinco filhas; gostava de contar histórias da Guerra do Paraguai, mas não tinha participado dela.
Dona Maricota – esposa do general Albernaz;