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Correndo Além da Zona da Morte
Correndo Além da Zona da Morte
Correndo Além da Zona da Morte
E-book164 páginas2 horas

Correndo Além da Zona da Morte

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Sobre este e-book

Um médico do esporte e triatleta que já havia enfrentado várias provas extremas e passado por todas as adversidades se vê diante de um dilema ao enfrentar a sua grande prova de fogo: 83 Km da Transgrancanaria Advanced 2015, na ilha
Gran Canaria na Espanha.

Seis anos antes (2009), seu amigo Carles Amagat já lhe dizia que essa seria a sua prova. Ocorre que no dia 22 de dezembro de 2009 Carles teve uma morte súbita! O médico triatleta então decide enfrentar a prova em homenagem a seu amigo, sem saber com o que iria se deparar durante o percurso e quais lutas interiores travaria. Não sabia se estava só ou acompanhado!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento26 de ago. de 2022
ISBN9786555791921
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    Pré-visualização do livro

    Correndo Além da Zona da Morte - FABRÍCIO CAVALCANTE FRAUZINO

    Copyright © 2022 Editora Pandorga

    All rights reserved.

    Todos os direitos reservados

    Diretora Editorial: Silvia Vasconcelos

    Produção Editorial: Equipe Editora Pandorga

    Revisão: Rosane Guedes

    Capa e Diagramação: Elis Nunes

    eBook: Sergio Gzeschnik

    Textos de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa (Decreto Legislativo n. 54, de 1995)

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD

    Elaborado por Vagner Rodolfo da Silva – CRB-8/9410

    Índice para catálogo sistemático:

    1. Biografia 920

    2. Biografia 929

    2022

    IMPRESSO NO BRASIL

    PRINT IN BRAZIL

    DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À

    EDITORA PANDORGA

    RODOVIA RAPOSO TAVARES, KM 22

    GRANJA VIANA – COTIA – SP

    Tel. (11) 4612-6404

    www.editorapandorga.com.br

    SUMÁRIO

    PREFÁCIO

    NOTA DO AUTOR

    A ARTE DE DESMANTELAR CALENDÁRIOS

    EPÍLOGO

    HUMANOS DESAJUSTADOS

    ALIMENTO E MOVIMENTO

    HUMANOS ATIVOS E CORAÇÕES FORTES

    DESAFIOS

    PERCEPÇÕES

    CONTEMPLAR

    CAMINHAR E CORRER

    POR QUE CORRER COMO CORREMOS?

    TRILHANDO CAMINHOS

    COMPARTILHANDO CAMINHOS

    UM PASSO DEPOIS DO HORIZONTE

    DUROS CAMINHOS

    CAMINHOS PARALELOS

    ALÉM DA ZONA DA MORTE

    AGRADECIMENTOS

    REFERÊNCIAS

    PREFÁCIO

    Final de janeiro de 2015, estava no quarto mês de adaptação na cidade de Palmas, Tocantins. Tinha sido transferido para trabalhar na capital mais nova do país, denominada o coração do Brasil. Além do trabalho, a prática da corrida pelas ruas largas e por algumas trilhas do Parque Cesamar me acompanhava.

    Numa sexta-feira pela manhã, uma professora de fisioterapia me pergunta: Você quer correr neste final de semana? Haverá uma prova de corrida de trilha em dupla. Respondi: Eu não conheço ninguém que corra em trilha nessa cidade. Ela disse, então: Não se preocupe, acharemos alguém para correr com você. Vá ao congresso técnico no final da tarde, no Pali Palam, no centro da cidade.

    Estava muito empolgado e ansioso. Fazia um ano e meio que estava realizando provas de trail running após anos de corrida em pista e rua. Chegando no local, encontrei a professora, a qual me recebeu e apresentou para as pessoas. Passados alguns minutos, falaram-me que o meu parceiro para a corrida em dupla seria o Dr. Fabrício, médico e referência em corrida de trilha na cidade.

    Uau! Imediatamente pensei: Sou muito felizardo, vou correr na trilha, na cidade em que moro e ainda com um médico e especialista no assunto. Passados alguns minutos, eis que chega o Dr. Fabrício, um sujeito pequenino junto de sua esposa Scyla. Nós nos cumprimentamos e em poucos minutos veio a decepção: Vou correr na prova amanhã com a minha esposa, disse Fabrício. Estava sozinho novamente. Mesmo assim, continuamos conversando e trocando experiências. No outro dia, realizei a corrida sozinho. Encontrei o Dr. Fabrício na largada e chegada, e dialogamos por muito tempo. Nascia ali uma grande e recíproca amizade. De pequeno, só o tamanho, pois grandioso é o seu coração e o seu ímpeto de contribuir com todos que estão ao seu redor.

    Na época, Fabrício estava treinando para a Transgrancanaria, narrativa que ele abordará nas próximas páginas, da qual se origina todo o enredo deste livro. Acompanhei a parte final do seu ciclo de treinos para essa meta e sonho, dos quais destaco o que realizamos no Parque do Lajeado, em Palmas. Foi um treino de 42 quilômetros. Eu levei pouca água e comida para um treino no cerrado brasileiro e, além disso, o reservatório da mochila de corrida do Dr. Fabrício furou. Estávamos a 15 quilômetros do ponto de apoio, literalmente correndo além da zona da morte. Com sabedoria, paciência e nos movimentando, passo a passo, chegamos em segurança.

    Fabrício correu a Transgrancanaria; e de lá originou o enredo do que você vai ler nas próximas páginas. Dois anos depois estávamos juntos correndo nas Ilhas Canárias (Espanha).

    Por quê?

    Porque Fabrício despertou em mim o espírito de correr além da zona da morte.

    O ser humano parado é um ser inerte, fadado a estagnar e morrer. Quando você se movimenta, ou melhor, corre (realiza atividade física), você vai além da zona da morte, isto é, vive e se eterniza...

    Uma ótima leitura.

    Adriano Chiarani da Silva

    Porto Alegre (RS), 25 de maio de 2020.

    NOTA DO AUTOR

    Como médico especialista em Medicina de Família e Comunidade e em Medicina do Exercício e do Esporte, entendo que esta última especialidade lida com pessoas que usam o exercício físico como uma ferramenta para melhorar sua qualidade de vida. Tenham essas pessoas doenças crônicas ou não, a especialidade auxilia nos projetos de intervenções em grupos populacionais no âmbito comunitário e, além disso, atua no controle do rendimento esportivo, na prevenção e na reabilitação de lesões relacionadas ao esporte. Portanto, o médico do exercício e do esporte, em uma visão holística, é o médico de família e comunidade dos esportistas e atletas.

    Muitos dos relatos que transcrevo neste livro foram fruto do trabalho com pessoas que compartilharam comigo suas experiências, visando melhorar sua saúde ou mesmo seu rendimento em vários esportes, mas principalmente na corrida. Como admirador dessa modalidade, fundamentalmente nas trilhas e nas montanhas, a relação médica com essas pessoas em muitos momentos transcendeu as paredes frias do consultório. Inúmeras vezes me via não matando o tempo, mas sim usufruindo momentos, correndo com elas e no final até criando um vínculo de amizade, favorecendo a minha intromissão – perdão pela palavra, mas foi a que melhor encontrei para explanar aqui essa intervenção – na técnica, nos calendários e nas nossas agendas abarrotadas; encontrando uma abertura, por pequena que fosse, para escapulir e poder compartilhar dessa hora aberta entre nós. Além disso, pude aproveitar esses encontros ativos para também participar e colaborar nas orientações de como se comportar num evento de ultramaratona, fato que aumentou a minha curiosidade e também a desses atletas, que resolveram desenhar um pouco dos seus sentimentos e das suas trajetórias, ajudando a ilustrar esta obra.

    Porém, o mais importante foi saber que alguns compartilham sentimentos e até mesmo a certeza ou a impressão de que temos um amigo secreto que também caminha ao nosso lado.

    A ARTE DE DESMANTELAR CALENDÁRIOS

    I - Hora aberta

    Agora é a hora aberta

    por onde tudo passa

    por onde tudo entra

    e a lâmina do tempo

    amola e adensa.

    Hora em que a força dos contrários

    se movimenta no sentido anti-horário

    para desmantelar os calendários.

    Não há fim, nem começo,

    apenas o excesso

    do que se fez escasso;

    somente o conteúdo elástico do silêncio

    quando o corpo se dilata

    sobre o leite das mangabas.

    Agora, é o visgo

    como vigília da véspera do voo.

    II - Hora vaga

    Olha que o silêncio é laço,

    que a hora vaga é lassidão.

    Olha que o vazio

    é um ócio

    ofício que me ocupo

    preposto de solidão.

    É na hora vaga

    que me sinto pleno,

    a fala se escapa

    pela sala do silêncio

    e a poesia me vem como um dreno.

    Estou em estado de coisa nenhuma

    estudo insetos e sombras

    e o que me sobra

    são objetos diretos

    da ordem dos invertebrados.

    A hora em que acendo vaga-lumes

    com o fósforo das unhas

    e divago na centelha

    o que a abelha encerra.

    Será mel o visgo da cera

    ou a cera encerra

    o ferrão da doçura?

    Os marimbondos da insônia

    afinam seu esmeril

    para incendiar a noite escura.

    Na hora vaga

    não faço nada

    senão tecer os cabelos grisalhos

    pelos dedos de Deus.

    Gilson Cavalcante (2016)

    EPÍLOGO

    Doze horas, 50 minutos e 57 segundos, esse foi o tempo que demorei para completar os 82 quilômetros da Advanced Transgrancanaria de 2015 em Maspalomas, na ilha de Gran Canaria (Espanha). Não foi um tempo exorbitante, nem mesmo o suficiente para estar entre os primeiros que fizeram em menos de quatro horas desse tempo, mas a satisfação foi imensurável.

    Essa aventura, na realidade, começou no início de 2009, quando meu amigo Carles Amagat i Comas, ortopedista de Girona (Espanha), me disse que essa seria a minha prova, ao mesmo tempo que tentava me convencer a fazer com ele as 24 horas de mountain biking no interior da Itália. No dia 22 de dezembro daquele mesmo ano, meu amigo teve morte súbita!

    A prova que seria minha passou a ser um pesadelo; entre trabalho, residência médica em medicina do exercício e do esporte, idas e vindas a Barcelona e distância da família, não me via centrado para enfrentar um ultra-trail daquele porte. Comecei a duvidar de que um dia a minha prova seria parte de mim como um feito, ou que dominaria meus sonhos. Fiquei um tempo sem fazer corridas. Uma ou outra, quando aconteciam, eram sempre de forma muita tranquila e o único resultado que procurava era a satisfação pessoal de poder correr.

    Voltando a morar no Brasil, em 2013, decidi que era hora de conhecer a minha prova. Confesso que fiz apenas 12 semanas de treino sem planilha alguma, e numas intensidades entre leve e moderada, com algumas saídas de até 60 quilômetros, que fazia em solitário naquele extremo calor e umidade da Serra do Lajeado, em Palmas (Tocantins, Brasil).

    Na solidão dos inúmeros treinos, nos quais eu nunca uso fones de ouvido nem outro tipo de dispositivo que possa atormentar minha relação com a natureza, a minha distração era escutar os sons do ambiente, ver a paisagem, sentir o cheiro do cerrado ao amanhecer e degustar alguma fruta como o cajuzinho do cerrado que encontrava pelos caminhos, ou castanhas com frutas que eu me via obrigado a levar na mochila como parte do meu material de sobrevivência.

    Quando não treinava com amigos, ia só. E voltava a solidão das longas jornadas nas trilhas e estradões. As minhas companhias sempre foram a fauna, a flora... eu, eu mesmo e minha sombra.

    Meu ex-colega de trabalho voltou a fazer parte dos meus pensamentos e o que seria a minha prova passou a ser a sua prova; o importante era participar para algo e por algo.

    Mas por que fazer?

    Fazer por ele, para mim, era dar uma resposta muito simples, mesmo sabendo que a vida é simples. Somos nós que a complicamos; ao dizer que era por ele ou em homenagem a ele, eu poderia estar me enganando. Da mesma forma, perguntamos: Por que subir a montanha? E recebemos aquela resposta: Ora, porque ela está lá!.

    Confesso que não gosto dessa resposta, quem sabe porque prefira complicá-la.

    Mas, então, por que fazer uma travessia de parte de uma ilha próxima ao continente africano se eu

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