Racismo: uma aproximação às bases materiais
()
Sobre este e-book
Relacionado a Racismo
Ebooks relacionados
Sobrevivendo ao racismo: Memórias, cartas e o cotidiano da discriminação no Brasil Nota: 5 de 5 estrelas5/5No ritmo do ijexá: histórias e memórias dos afoxés cearenses Nota: 0 de 5 estrelas0 notasVamos falar de relações raciais?: Crônicas para debater o antirracismo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasQuestão Agrária no Brasil e Argentina: práxis e consciência em movimento Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDiscurso de ódio nas redes sociais Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDevir quilomba: antirracismo, afeto e política nas práticas de mulheres quilombolas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA construção do personagem criminoso na literatura e no cinema: Cidade de Deus, Capão Pecado e Ônibus Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Racismo Oculto Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHistória dos feminismos na América Latina Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHistória social da beleza negra Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEm busca dos jardins de nossas mães: prosa mulherista Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDo que estamos falando quando falamos de estupro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasInterseccionalidade Nota: 5 de 5 estrelas5/5Lesbiandade Nota: 5 de 5 estrelas5/5Do radical em revolução às conflitualidades: o pensamento de Antônio Callado no romance Quarup Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs filhos da África em Portugal - Antropologia, multiculturalidade e educação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCidadania Doméstica: a Confluência entre o Público e o Privado na Emancipação da Mulher Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Crise, a Família e a Crise da Família Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNorma e transgressão no romance Clube da Luta Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNinguém sabia o que fazer: educação sexual no combate à violência contra a mulher Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMulheres em águas de piratas: vozes insurgentes da América Latina, África e Ásia em luta contra o patriarcado Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAnseios: Raça, gênero e políticas culturais Nota: 4 de 5 estrelas4/5Transfeminismo Nota: 5 de 5 estrelas5/5O bolo de cinderela: tais mulheres, quais sabores Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEscrever além da raça: teoria e prática Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMULHERES NA SOCIEDADE EM TEMPOS DE CRISE Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAtravessagem: Reflexos e reflexões na memória de repórter Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSuplemento Pernambuco #200: Como autoras brasileira têm escrito a história da ditadura Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEnsino E Aprendizagem De Língua Espanhola/machado De Assis:o Escritor Do Século Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO desafio poliamoroso: por uma nova política dos afetos Nota: 5 de 5 estrelas5/5
Ciências Sociais para você
Manual das Microexpressões: Há informações que o rosto não esconde Nota: 5 de 5 estrelas5/5Tudo sobre o amor: novas perspectivas Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Prateleira do Amor: Sobre Mulheres, Homens e Relações Nota: 5 de 5 estrelas5/5Liderança e linguagem corporal: Técnicas para identificar e aperfeiçoar líderes Nota: 4 de 5 estrelas4/5Pele negra, máscaras brancas Nota: 5 de 5 estrelas5/5Quero Ser Empreendedor, E Agora? Nota: 5 de 5 estrelas5/5Verdades que não querem que você saiba Nota: 0 de 5 estrelas0 notasApometria: Caminhos para Eficácia Simbólica, Espiritualidade e Saúde Nota: 5 de 5 estrelas5/5Psicologia Positiva Nota: 5 de 5 estrelas5/5Segredos Sexuais Revelados Nota: 0 de 5 estrelas0 notasComo Melhorar A Sua Comunicação Nota: 4 de 5 estrelas4/5Um Olhar Junguiano Para o Tarô de Marselha Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Ocultismo Prático e as Origens do Ritual na Igreja e na Maçonaria Nota: 5 de 5 estrelas5/5As seis lições Nota: 2 de 5 estrelas2/5Os Segredos De Um Sedutor Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMais Esperto Que o Método de Napoleon Hill: Desafiando as Ideias de Sucesso do Livro "Mais Esperto Que o Diabo" Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPertencimento: uma cultura do lugar Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Criação do Patriarcado: História da Opressão das Mulheres pelos Homens Nota: 5 de 5 estrelas5/5Coisa de menina?: Uma conversa sobre gênero, sexualidade, maternidade e feminismo Nota: 4 de 5 estrelas4/5O martelo das feiticeiras Nota: 4 de 5 estrelas4/5Mulheres na jornada do herói: Pequeno guia de viagem Nota: 5 de 5 estrelas5/5A perfumaria ancestral: Aromas naturais no universo feminino Nota: 5 de 5 estrelas5/5O livro de ouro da mitologia: Histórias de deuses e heróis Nota: 5 de 5 estrelas5/5O lado sombrio dos contos de fadas: A Origem Sangrenta das Histórias Infantis Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMulheres que escolhem demais Nota: 5 de 5 estrelas5/5Um Guia De Scripts Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Crise do Menino: Como compreender os desafios de ser menino nos dias de hoje (e ajudá-lo) Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Avaliações de Racismo
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Racismo - Karoline Lucia Santos Cunha
SEÇÃO II: RACISMO EM SUAS PRINCIPAIS INTERPRETAÇÕES
Inicialmente introduziremos reflexões gerais a respeito das interpretações sobre o racismo, com vistas a informar ao leitor as conceituações mais decisivas a propósito do tema, considerando sua relevância para o conhecimento do ser social, particularmente sua inserção histórica no contexto do gênero humano. Analisaremos autores com grande expressão social no Brasil no que se refere aos seus estudos sobre o racismo, como: Carlos Moore (2007), Antônio Sérgio Alfredo Guimarães (1995), Clóvis Moura (1994) e Silvio de Almeida (2019). Nesta primeira parte, exporemos o pensamento dos autores, analisando suas aproximações ao tema, a fim de identificar as convergências e as divergências entre eles.
2.1 CARLOS MOORE – A UNIVERSALIDADE DO RACISMO NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE
Em sua interpretação sobre o fenômeno do racismo, Moore (2007) defende a universalidade de tal fenômeno na história da humanidade. O autor informa que o início do século XX marca a história da humanidade permeada por duas guerras mundiais, o holocausto na Alemanha nazista e a neocolonização da África, acontecimentos esses de significativa importância no mundo moderno. Esse autor, de origem cubana, é porém resistente ao regime ali instaurado, por ele denominado castrista.
E neste momento histórico é que Carlos Moore começa a traçar um pensamento argumentativo na perspectiva de refutar as explicações que situam o racismo na história da Modernidade, ou seja, sua íntima relação com o surgimento e o desenvolvimento do capitalismo. Tais explicações podem ser identificadas em autores como Eric Willians em seu clássico livro Capitalismo e escravidão.
Apoiado por uma visão epistemológica, Carlos Moore afirma:
[...] Assim, é preciso executar uma espécie de reorientação epistemológica, a qual nos levaria a examinar a problemática do racismo muito além do horizonte estreito dos últimos quinhentos anos de hegemonia europeia sobre o mundo. É precisamente isso que objetiva esta obra. (MOORE, 2007, p. 22).
A reorientação epistemológica proposta por Moore implica analisar o racismo bem além dos últimos 500 anos, nos quais predominou a hegemonia europeia, porquanto não se propõe a situar o racismo no âmbito da modernidade nem do desenvolvimento capitalista. Sua interpretação é centrada na história da evolução da humanidade, buscando o entendimento em termos fundamentais do racismo.
O autor traz para a centralidade da discussão a história da evolução da humanidade e o seu processo de complexificação no mundo social como caminho para explicar as diferenças fenotípicas dos primeiros grupos humanos a partir da localização geográfica, clima e cultura; há, de acordo com Moore, uma íntima relação entre o genótipo e o ambiente. Ademais, Moore enfatiza a posição sui generis da África como berço da humanidade e seu longo e lento processo de desenvolvimento.
Sua explicação não poderia partir de outro lugar para a recapitulação da história dos humanos modernos e antigos. Com o avanço da ciência no século XIX, segundo o autor, [...] o evolucionista Charles Darwin, em 1871, já havia apontado para o lugar onde, mais provavelmente, se deu a trajetória dos hominídeos, prevendo que os ancestrais mais antigos dos homens seriam encontrados na África
(MOORE, 2007, p. 37). O autor indaga numa perspectiva de defesa da sua estrutura argumentativa: Mas por que o continente africano?
. A resposta está na posição da Terra em relação ao Sol, que privilegia os países das áreas equatoriais de alta a baixa latitude e sua relação com os processos evolutivos.
O fenótipo de uma espécie desenvolve-se ao longo de complexos processos nos quais as mutações genéticas randômicas favoráveis são fixadas pela seleção natural. As taxas elevadíssimas de melanina nos primeiros representantes do gênero Homo são um bom exemplo de uma solução evolutiva e adaptativa nas latitudes subequatoriais, onde o bombardeio de raios solares e ultravioleta era muito intenso e muito provavelmente tornou inviável a existência de hominídeos brancos durante um longo período da história da humanidade [...]. (MOORE, 2007, p. 36).
Para o autor, as diferenças fenotípicas, isto é, as diferenças físicas, constituem um longo processo evolutivo fundamentado pela seleção natural, que vai conformando as mutações genéticas. É a partir dessas bases materiais que a taxa de melanina nos primeiros representantes do gênero humano se estabelecerá. Nesse panorama, Moore frisa a impossibilidade objetiva da existência dos hominídeos brancos.
Cabe perguntar: os hominídeos conheceram, como nós, seus descendentes, as carnificinas, os genocídios e as guerras permanentes em torno da posse de recursos e de territórios? Qual pode ter sido o papel desempenhado pelas diferenças morfofenotipicas como linhas de autorreconhecimento e agrupamento entre os humanos arcaicos? De que modo o surgimento das diferentes tonalidades de cor da pele influiu nas linhas de identificação de si mesmo e das demais espécies? Essas questões devem gravitar, cada vez mais, no centro de nossas investigações. (MOORE, 2007, p. 37).
Em contraposição à histórica contribuição da raça negra
, que segundo Moore, foi construída sob uma concepção eurocêntrica no período das grandes navegações, da descoberta da América e com a escravização de africanos, a obra do antropólogo espanhol Gervásio Fournier-González (1991)
‒ a raça negra
é a mais antiga das raças humanas ‒ coloca na centralidade do debate o surgimento dos povos melanodérmicos como originários da África e sua posterior migração para outros continentes, a saber, Europa e