Alice no país das maravilhas
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Sobre este e-book
Esta é a história sobre uma garotinha caindo de um buraco de coelho que se tornou a heroína mais popular da literatura inglesa.
Enquanto Alice explora um mundo subterrâneo bizarro, ela encontra um elenco de personagens estranhos e fantasiosos: o apressado Coelho Branco, o Chapeleiro Maluco, o sorridente gato Cheshire, os gêmeos, a terrível Rainha de Copas e outras criaturas extraordinárias.
Perca-se nesta aventura através dos olhos de Alice nesse maravilhoso mundo nonsense, repleto de significados criados por meio de sátiras, alegorias e metáforas, que escondem profundas revelações.
Talvez Alice não seja mais que um sonho, um conto de fadas sobre os desafios e tribulações do crescer — talvez seja a visão de que o mundo adulto parece estar de cabeça para baixo, quando visto pelos olhos de uma criança...
Lewis Carroll
Lewis Carroll's Alice's Adventures in Wonderland has delighted and entranced children for over a hundred years. Lewis Carroll was the pen-name of Charles Lutwidge Dodgson. Born in 1832, he studied at Christ Church College, Oxford where he became a mathematics lecturer. The Alice stories were originally written for Alice Liddell, the daughter of the dean of his college
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Alice no país das maravilhas - Lewis Carroll
Lewis Carroll
Alice
no país das maravilhas
Tradução:
Thereza Christina Rocque da Motta
Logo da Faro Editoracopyright da tradução © faro editorial, 2019 thereza christina rocque da motta
copyright © faro editorial, 2020
copyright © lewis carroll, 1865
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida sob quaisquer
meios existentes sem autorização por escrito do editor.
Diretor editorial
pedro almeida
Coordenação editorial
carla sacrato
Capa e diagramação
osmane garcia filho
Ilustrações
john tenniel (domínio público)
hisunnysky, ozz design |
shutterstock
Imagem de capa chiclayo |
shutterstock
Produção digital
celeste ribeiro | saavedra edições
Logo da Faro EditoraElemento Ornamental
Todos, na tarde dourada,
Deslizamos de puro prazer;
Ambos os remos, pouco treinados,
Movidos por braços pequenos,
Enquanto as mãozinhas, em vão,
Tentam guiar-nos pelo rio.
Ah, Trinca cruel! A esta hora,
Sob um céu de sonhos,
Pedem histórias a alguém cansado
Demais para soprar uma pluma!
Mas o que pode uma só voz dizer
Contra três línguas juntas?
A imperiosa Prima se adianta
Mandando logo começá-la
:
Mais gentil, Secunda espera
Que haja bobagens nela!
,
Enquanto Tercia interrompe
Não mais que uma vez por minuto.
Está bem, para ganhar os seus silêncios,
Ágeis, elas buscam
A criança de sonhos através de um país
De maravilhas novas e loucas,
Que conversa, alegre, com pássaros e bichos –
E quase acreditam ser de verdade.
Sempre, quando a história secava
Os poços da fantasia,
E quase arrastava o narrador cansado
Para deixar o assunto de lado,
O resto na próxima vez – Já é a próxima vez!
Gritam, alegres, em uníssono.
Assim nasceu a história do País das Maravilhas:
Lentamente, um a um,
Seus eventos pitorescos foram maquinados –
Agora a história foi contada,
E retornamos para casa, uma trupe animada,
Navegando ao pôr do sol.
Alice! Aceite esta história de criança,
Que, com mãos gentis, coloque,
Onde tecem os sonhos da infância,
Na memória mística que trazemos,
Uma grinalda de flores que um peregrino
Colheu numa terra bem distante.
lewis carroll
Elemento OrnamentalElemento OrnamentalSumárioElemento OrnamentalCapa
1. Na toca do coelho
2. Um mar de lágrimas
3. Uma corrida eleitoral e uma história bem comprida
4. O coelho manda o pequeno Bill
5. O conselho da lagarta
6. Porco e pimenta
7. Um chá muito louco
8. A quadra de croquet da rainha
9. A história da falsa tartaruga
10. A dança das lagostas
11. Quem roubou as tortas?
12. O testemunho de Alice
Elemento OrnamentalElemento OrnamentalSímbolo do Capítulo 1Título do Capítulo 1: Na toca do coelhoElemento OrnamentalCapitular: Alice começou a se cansar de ficar sentada ao lado da irmã à beira do rio sem ter nada para fazer: olhou algumas vezes o livro que ela estava lendo, mas não tinha imagens nem diálogos. E para que serve um livro sem imagens nem diálogos?
, pensou Alice.
Ficou matutando (do melhor modo possível, pois o calor a deixava com sono e o raciocínio lento), se o prazer de fazer uma guirlanda de margaridas valeria o esforço de ter de se levantar para colhê-las, quando, de repente, um coelho branco de olhos cor-de-rosa passou correndo por ela.
Isso não lhe pareceu nada muito excepcional, nem Alice pensou que fosse demais ouvir o Coelho dizer para si mesmo: Oh, não! Oh, não! Como estou atrasado!
(quando refletiu sobre isso mais tarde, ocorreu-lhe que deveria ter achado isso estranho, mas, naquele momento, tudo lhe pareceu muito natural), porém, quando o Coelho tirou o relógio de bolso do colete, olhou a hora e saiu correndo, Alice se pôs de pé imediatamente ao perceber que jamais vira um coelho de colete, nem com um relógio no bolso do colete e, ardendo de curiosidade, correu pela campina atrás dele, a tempo de vê-lo entrar numa toca debaixo de uma cerca viva.
Alice o seguiu sem sequer pensar como sairia de lá.
O chão da toca continuava plano como um túnel logo na entrada e logo depois descia tão abruptamente que Alice não pôde parar antes de cair num poço muito fundo.
Ou o poço era muito fundo, ou ela estava caindo muito devagar, porque teve tempo, enquanto caía, de olhar em volta e imaginar o que aconteceria em seguida. Primeiro, tentou olhar para baixo e adivinhar onde iria aterrissar, mas estava escuro demais para enxergar qualquer coisa; olhou para as paredes e viu que estavam cheias de armários de cozinha e estantes; aqui e ali, viu mapas e quadros pendurados. Pegou um pote assim que passou por uma prateleira: no rótulo estava escrito "
GELEIA DE LARANJA
", mas, para a sua grande decepção, ele estava vazio; não quis largar o pote com medo de bater em alguém lá embaixo, então colocou-o de volta em outra prateleira.
Bem!
, pensou Alice, depois de uma queda dessas, cair da escada não será nada demais! Todos em casa pensarão que sou muito corajosa! Ora, não me importaria nem se caísse do telhado!
(o que de fato poderia acontecer).
Caindo, caindo, caindo. Mas essa queda não termina nunca?
— Quantos quilômetros eu já caí até agora? — perguntou Alice em voz alta. — Devo estar chegando perto do centro da Terra! Deixe-me ver: isso seriam seis mil quilômetros de profundidade, eu acho... (porque, como sabemos, Alice aprendeu muitas dessas coisas em sala de aula e, embora não fosse a melhor hora para demonstrar seus conhecimentos, pois não havia ninguém ali para ouvi-la, ainda assim seria um bom exercício repeti-los) — sim, esta é a distância certa, mas fico pensando em que Latitude e Longitude estou? (Alice não sabia o que eram Latitude e Longitude, mas achou que fossem boas palavras de se dizer).
Então, recomeçou:
— Fico imaginando se eu atravessarei a Terra! Será engraçado sair entre aquelas pessoas que andam de cabeça para baixo! Eu acho que são os Antipáticos... (estava feliz por não ter ninguém para ouvi-la desta vez, pois achou que esta não deveria ser a palavra certa) — mas terei de perguntar o nome do país, não é? Por favor, Senhora, esta é a Nova Zelândia ou a Austrália?
(E tentou fazer uma mesura enquanto falava: imagine fazer uma reverência durante uma queda! Acha que é fácil?) E que menininha ignorante ela pensará que sou por fazer esta pergunta! Não, de nada adiantará perguntar: talvez consiga ler isso escrito em algum lugar.
Caindo, caindo, caindo. Como não havia mais nada a fazer, Alice tornou a tagarelar:
— Diná sentirá muito a minha falta hoje à noite, imagino! (Diná era sua gata.*) Espero que se lembrem do seu pires de leite na hora do chá. Diná querida! Queria que estivesse aqui embaixo comigo! Não há ratos voadores, mas talvez consiga caçar um morcego, que se parece muito com um rato, como sabe. Mas será que gatos comem morcegos?
Alice começou a sentir sono e continuou falando consigo mesma, como se estivesse sonhando:
— Gatos comem morcegos? Gatos comem morcegos?
E, às vezes:
— Morcegos comem gatos?
Porque, como não conseguia responder nenhuma dessas perguntas, a ordem das palavras não importava mais. Ficou com muito sono e começou a sonhar que estava andando de mãos dadas com Diná, dizendo-lhe, muito séria:
— Agora, Diná, diga-me a verdade: já comeu um morcego?
Quando, de repente: Tum-tum!
, caiu numa pilha de gravetos e folhas secas no fundo do poço.
Alice não se machucara nem um