Processamento de arroz: Branco e parboilizado
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Sobre este e-book
Uma vez que existem raras bibliografias especializadas no tema, surge a necessidade de uma publicação que supra essa carência, além de sanar a dificuldade que muitos alunos e pesquisadores iniciantes têm para compreender a tecnologia e o funcionamento das máquinas para processamento desse produto. Com este livro, faz-se possível dominar o funcionamento dos equipamentos, os conceitos para compreensão das operações e aprofundar-se acerca dos defeitos do arroz, conforme a legislação vigente do Ministério da Agricultura e Pecuária.
Este livro é apresentado por três professores doutores especialistas no assunto que desejam auxiliar alunos e pesquisadores da área, que necessitam de conhecimentos mais detalhados sobre o processamento de arroz para ser usado como referência em seus trabalhos científicos.
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Processamento de arroz - Ádamo de Sousa Araújo
Introdução
O arroz (Oryza sativa, L.) é o cereal mais cultivado no mundo, sendo considerado como alimento básico para mais da metade da população humana mundial.
A grande maioria da produção mundial de arroz está em países asiáticos. A China é a maior produtora, seguida da Índia. Na safra 2019/2020, os oito maiores produtores de arroz foram países asiáticos. O Brasil foi o nono da lista.
Nos trópicos, o arroz é a principal fonte de nutrição humana. O consumo per capita de arroz na Ásia permaneceu estável nos últimos trinta anos. Em diversos países da África e da América Latina existem culturas mais importantes que a do arroz. O arroz contribui, em média, com menos de 10% do total de calorias ingeridas, embora em Guiné, Guiana, Suriname, Libéria, Madagascar e Serra Leoa, por exemplo, entre 31% e 45% do total de calorias ingeridas venham do arroz. A maioria dos países com alta produção de arroz são aqueles em desenvolvimento, classificados pelo Banco Mundial como economias de baixa renda
. Para esses países, o arroz não só é o principal produto de comércio como também a principal atividade e fonte de emprego e renda das populações rurais.
Para o ano de 2025, a população mundial estimada é de 10 bilhões de pessoas, mais da metade das quais vão depender do arroz como seu principal alimento. Projeções indicam que o mundo necessitará de cerca de 880 milhões de toneladas de arroz em 2025, ou seja, 92% mais arroz do que foi consumido em 1992. No sul da Ásia, onde a pobreza é extensiva, espera-se que a necessidade de arroz dobre nos próximos quarenta anos. As necessidades de produção poderão ser ainda maiores se forem considerados os estoques reguladores, as sementes e os usos não alimentícios.
Essa poácea (gramínea) é uma das fontes alimentícias mais importantes na dieta nacional. O Rio Grande do Sul responde por 70% da produção nacional de arroz, tendo iniciado a produção no final da década de 1930 e introduzido o processo de parboilização na década de 1950.
As lavouras irrigadas começaram com o uso de locomóveis para bombeamento mecânico da água, em Pelotas, em 1904. A colheita era manual, e a secagem, ao sol. Não existiam máquinas nem tratadores para realizar as tarefas de campo na região. Somente após os anos 1950 começaram a ser utilizadas máquinas para o cultivo do arroz, como tratores, disco de boi, grade de corrente, arado, semeadeiras, trilhadeiras, secadores e outros.
Desde então houve um incremento tecnológico, a introdução de variedades cada vez mais adaptadas e mais produtivas, com um consequente aumento da produtividade.
A Figura 1.1 mostra que houve pouco acréscimo de área cultivada com arroz no Rio Grande do Sul, mas um grande crescimento da produção e da produtividade ao longo do tempo. Na safra 2020/2021 houve um aumento de pouco mais de 11 mil ha de área plantada e também um aumento da produtividade, que passou de 9.010 kg/ha.
https://lh6.googleusercontent.com/fVWZnUjghy5XIvexW8S7MTGcd4W0O2ArC7Opakg3JIbPzxxK80NX7z-1rWYIfb2V7USh7GWD_urS7cFCrXuxfth-rARbi07QbfyIk2WMD6_eRh25O3Kn7d5sdWYuNCWWpyLzYIlipU6sihWgLt78caz7cg-UqQWp_XZOBVtHQErwboLFtpNTOa3hyZqLQy1bhId9khxu9AFigura 1.1 – Série histórica de produção, produtividade e área plantada com arroz no Rio Grande do Sul – safras 1921/1922 a 2019/2020.
Fonte: Adaptação de IRGA, 2021.
A região sul e a fronteira oeste do Rio Grande do Sul destacam-se como grandes produtoras e grandes beneficiadoras de arroz. A produção gaúcha tem ênfase no arroz irrigado, em grandes lavouras que utilizam alta tecnologia.
Em 2020, o Rio Grande do Sul possuía 177 empresas beneficiadoras de arroz. As cinquenta maiores indústrias respondem por 85,8% do mercado de beneficiamento do estado. Em Pelotas, cidade que é um grande polo beneficiador desse produto, situam-se várias dessas empresas, inclusive algumas das dez maiores produtoras do estado, como Josapar (segunda maior empresa beneficiadora de arroz do Rio Grande do Sul), Arrozeira Pelotas (quarta no ranking), SLC Alimentos, Santa Lúcia, Nelson Wendt. Algumas dessas empresas beneficiam arroz branco e arroz parboilizado, além de outros produtos. Em São Borja está localizada a empresa Pirahy, segunda no ranking das maiores produtoras de arroz beneficiado. Camaquã também tem grandes empresas beneficiadoras de arroz, como a Camil – maior empresa beneficiadora de arroz do Rio Grande do Sul – e a Santalúcia, por exemplo.
No arroz, as exigências comerciais básicas estão relacionadas a grãos perfeitos, maduros, secos e isentos de impurezas, influindo a porcentagem de quebrados. Os tamanhos dos grãos (longo, médio, curto), determinados pelas variedades, têm características diferentes após a cocção. O grão longo fica macio e solto e tem maior preço no mercado nacional. O longo fino, conhecido como agulhinha
, é o arroz preferido e mais valorizado no sul do Rio Grande do Sul. O médio, mais macio, ao ser cozido fica medianamente solto; já o curto fica mole e pastoso. Essas características são dadas pela composição do amido. O grão longo possui maior teor de amilose, e o curto, maior teor de amilopectina, que torna o produto glutinoso. Todas as características tecnológicas de classificação do arroz são estabelecidas por normativas do Ministério da Agricultura – especialmente a Instrução Normativa n.º 6/2009 (BRASIL, 2009a).
O arroz é uma das fontes alimentícias de energia e proteína de menor custo. A maior parte do arroz é consumida como arroz branco polido, apesar do valioso conteúdo alimentício do arroz integral. Grande parte desses nutrientes são perdidos quando o farelo é removido na etapa de brunimento. O arroz integral, a forma mais consumida antes do desenvolvimento dos equipamentos de engenho modernos, perdeu seu apelo devido às mudanças nas preferências do consumidor por cor, sabor e outras peculiaridades, porém, com o retorno de práticas alimentares mais saudáveis, há atualmente uma tendência de maior consumo desse arroz. Pessoas com consciência nutricional nos países europeus, onde o arroz não é o principal produto comercializado, preferem o arroz integral. Entre as desvantagens do arroz integral com relação ao arroz branco, segundo Henry e Kettlewell (1996), estão:
a maior necessidade de combustível para a cocção;
a possibilidade de causar distúrbios digestivos;
o óleo do farelo (camadas de aleurona) tende a rancificar;
a redução da vida de prateleira.
O consumo anual de arroz no Brasil varia de 34 a 48 kg/habitante, o terceiro mais elevado na América Latina.
Tanto do ponto de vista econômico como do social, verifica-se que os benefícios advindos de um incremento da parboilização no Rio Grande do Sul são importantes e compensadores. De um lado, propicia um aumento de receita aos empresários, com a redução da quebra dos grãos no processamento. Por outro, oferece alimento mais nutritivo aos consumidores. Os benefícios também são maiores para o estado, pelo aumento da arrecadação tributária, pois o arroz parboilizado tem mais valor agregado que o branco, bem como pela redução nos gastos com a saúde pública, principalmente no setor de baixa renda da sociedade, mais sujeito a carências nutricionais.
No Rio Grande do Sul, 8% do arroz é parboilizado e 92% é submetido ao processo convencional de beneficiamento – arroz branco. O consumo de arroz parboilizado tem crescido, estando em torno de 20% a 25% do total de arroz consumido no país.
A classificação do arroz é determinada pela Instrução Normativa n.º 6/2009 (BRASIL, 2009a), que classifica o produto em dois grupos: arroz em casca e arroz beneficiado. O arroz em casca pode ser classificado em dois subgrupos, natural ou parboilizado; e o arroz beneficiado, em quatro subgrupos, integral, polido, parboilizado integral ou parboilizado polido. A legislação ainda divide as subclasses conforme o tipo, e cada tipo (1 a 5), com limitações quanto à presença de defeitos. A IN n.º 6/2001 também apresenta um glossário de termos usados na indústria do arroz.
Arquivo de áudio de apresentação
capítulo 2
Comércio mundial
Na maior parte da Ásia, o arroz é cultivado em pequenas lavouras, que possuem entre 1 e 3 hectares e podem ter até menos de 1 hectare nos países mais densamente povoados. Um típico orizicultor asiático cultiva o necessário para atender às necessidades básicas de sua família. No Brasil, 70% do arroz cultivado está em lavouras comerciais de mais de 50 hectares, segundo dados do International Rice Research Institute (IRRI), um importante instituto de pesquisa filipino com escritórios em mais de uma dezena de países.
Em torno de 5% da produção mundial de arroz é comercializada internacionalmente. Por exemplo, a variedade de alta qualidade Basmati
, produzida no Paquistão e no noroeste da Índia, possui um preço de comércio internacional quatro vezes maior do que o arroz local comum, consumido pela população de baixa renda.
Nesse estreito e volátil mercado global de arroz, a maioria dos países não pode depender da importação para garantir as necessidades alimentícias de suas populações. Um importante objetivo político na maioria dos países que dependem do arroz é buscar a autossuficiência na produção de arroz para manter os níveis de preço. Por exemplo, se a China quisesse comprar 10% de seu consumo doméstico, a necessidade de arroz no mercado mundial poderia aumentar em mais de 88%, o que poderia afetar muito os preços internacionais. Poucos países em desenvolvimento possuem infraestrutura de comércio exterior adequada para a maioria das compras internacionais.
O preço do arroz no mercado pode variar em função de mudanças climáticas anuais. Essa situação torna os preços domésticos altamente instáveis. O controle de preços, mediante grandes estoques reguladores, pode beneficiar os consumidores urbanos, mas normalmente mantém o nível de preço abaixo do preço mínimo para produção. O mercado mundial é pequeno e poucas reservas são mantidas.
Em 2022, o Brasil exportou 2,11 milhões de toneladas de arroz, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), volume esse que é praticamente o dobro do exportado em 2021. Essa associação avalia que esse crescimento da exportação se deve à volta da normalidade do comércio global, após a pandemia de Covid-19 e a ações estratégicas realizadas no setor desse mercado.
Os países que importaram o arroz beneficiado brasileiro em 2022 foram: Senegal, Cuba, Peru, Gâmbia, Venezuela, Estados Unidos, Holanda, Espanha, Portugal e Argélia. Além desses, novos mercados foram abertos para: Honduras, El Salvador, Líbia, Quênia, Lituânia, Guadalupe, Omã, Benin e Gabão. Ao todo, o arroz brasileiro é comercializado em noventa diferentes países, tanto em casca como beneficiado.
Como o arroz tem seu mercado interno nos países muito mais relevante do que o comércio externo, ainda há controvérsias se o arroz pode ser considerado uma commodity, uma vez que não tem seu preço fixado internacionalmente. Apesar disso, o projeto Brazilian Rice, uma iniciativa da Abiarroz em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), vem trabalhando pelo aumento e consolidação das exportações brasileiras de arroz beneficiado, tornando o Brasil um player com reconhecimento internacional pela qualidade do arroz nacional e capacidade produtiva.
A exportação de arroz beneficiado agrega mais valor ao produto, deixando a mão de obra e os respectivos impostos dentro da cadeia produtiva brasileira.
O Brasil também importa arroz, em especial de países vizinhos sul-americanos. Em 2020/2021, esse comércio atingiu 1,35 milhão de toneladas, maior patamar em doze anos.
capítulo 3
Estrutura e composição do arroz
O grão de arroz em casca é composto de uma camada protetora externa (a casca) e a cariopse (arroz integral descascado). O arroz integral descascado é constituído pelas camadas externas (pericarpo, tégmen ou tegumento e camada de aleurona); germe ou embrião e endosperma. O endosperma consiste na camada de aleurona e no endosperma amiláceo. A camada de aleurona reveste o endosperma amiláceo e o embrião. O pigmento está no pericarpo (Figura 3.1).
A casca é formada por duas folhas modificadas, chamadas pálea e lema, e constitui aproximadamente 20% do peso do arroz em casca, mas esse valor pode variar de 16% a 28%. Na distribuição do peso do arroz integral descascado, o pericarpo representa de 1% a 2%, as camadas de aleurona de 4% a 6%, o embrião 1%, o escutelo 2% e o endosperma de 90% a 91%.
A camada de aleurona varia de uma a cinco camadas de células; ela é mais espessa no lado dorsal do que no lado ventral, e é mais espessa em grãos curtos do