Teoria Dos Erros
Teoria Dos Erros
Teoria Dos Erros
Fernandes
Captulo
2
(2.1)
Uma medida ter sentido somente quando se puder determinar, de uma forma ou de outra, o erro de que est afetada. Quando efetuamos uma medida ou vrias medidas (nas mesmas condies, de uma mesma grandeza), o valor dessa grandeza deve ser expresso pela relao:
x = ( x x ) unidade .
No caso de uma nica medida x a prpria medida e para vrias medidas a mdia dos valores medidos, e x chamada de incerteza para uma nica medida, e de desvio para vrias medidas. Como obter tais quantidades o que veremos a seguir. Para isso primeiramente vamos falar a respeito da classificao das medidas, e uma noo de estatsticas de erros.
Medida Indireta: quando uma medida obtida com o auxlio de uma equao. Por exemplo: a determinao da velocidade final de um corpo preso por um fio (experimento 2.2 pgina 15), em translao na direo vertical (acelerao
Algumas Questes
1. Ao realizar uma medida o resultado da mesma obtido diretamente? Quando fazemos uma medida o resultado no obtido de forma to direta, pois a medida est sujeita erros. 2. Como utilizar o resultado se ele no , ou no sabemos se , o valor verdadeiro da grandeza? E, se a grandeza tiver um carter estatstico, ou seja, ela no possui um valor verdadeiro, mas pode assumir diversos valores. O que fazer ? Estudaremos ambos os casos anteriormente citados, pois ambos acontecem com freqncia em Fsica Experimental. Para isso precisamos saber quais so os tipos de erros e a origem dos mesmos.
Mdia
Vamos representar uma medida da grandeza x por x1, uma segunda medida realizada nas mesmas condies de x1, da mesma grandeza x, ser representada por x2, e sucessivamente para as demais medidas. Dessa forma, x1, x2, x3, x4, x5,...........,xn representam um conjunto de medidas realizadas, da mesma forma e com as mesmas condies, de uma dada grandeza x . Caso se tenha diferentes medidas para uma mesma grandeza, como expressamos o valor dessa grandeza? Para isso, utilizamos o valor mdio. Uma vez que todas as medidas foram obtidas da mesma forma (com as mesmas condies), o peso atribudo a cada medida ser o mesmo. Portanto, a mdia que utilizaremos ser uma mdia aritmtica simples: x1 + x2 + x3 + x4 + ..... + xn = n
x=
x
i =1
(2.2)
onde n corresponde ao nmero total de medidas realizadas. Obs: A barra horizontal sobre a grandeza x indica valor mdio e o smbolo
significa somatrio.
Desvio absoluto
O desvio da primeira medida, x1 , em relao mdia dado pela diferena
x1 x . O desvio da segunda medida, x2 , em relao mdia dado pela diferena x2 x , e de forma similar para o clculo do desvio das demais medidas. Esse desvio nos dir o quanto respectiva medida estar distante do valor mdio; se o desvio for negativo significa que a medida est abaixo da mdia; se o desvio for positivo significa que o valor da medida est acima da mdia. De uma forma geral, podemos escrever os desvios como: xi = xi x , onde i representa a i-sima medida,
ou
x = x x ,
ser o desvio absoluto da medida.
(2.3)
Desvio Mdio
O desvio mdio fazer a mdia dos desvios absolutos:
n
x =
x
i =1
(2.4)
Desvio Relativo
o quociente entre o desvio mdio e o valor da mdia das medidas
Desvio Mdio Valor (mdio) da medida .
r =
(2.5)
Desvios quadrticos
Corresponde
ao
quadrado
do
desvio.
Em
simbologia
matemtica,
o desvio
quadrtico da segunda medida e assim sucessivamente. Os desvios quadrticos so sempre positivos. A expresso
i =1
(xi x )
(2.6)
corresponde somatria de todos os desvios quadrticos. Essa expresso ser utilizada na definio de desvio padro que trataremos a seguir.
Desvio Padro
O desvio padro atribudo medida de uma dada grandeza dado por:
(x
n i =1
(n 1)
(2.7)
onde i corresponde a i-sima medida e n o nmero total de medidas realizadas. Obs: Utilizaremos o smbolo para o desvio padro embora seja tambm representado pelos smbolos , s e n 1 . So todos equivalentes e expressos pela relao (2.7). Esta equao utilizada quando temos menos de 100 medidas, ou seja, poucas medidas, sendo esta a equao que utilizaremos neste curso.
x =
(x
n i =1
n(n 1)
(2.8)
ln x =
x
x
(2.9)
onde x so as variveis onde foram aplicadas o ln, quando houver um sinal negativo troque por positivo. As regras de logaritmo neperiano (Log na base e) so as mesmas de Log na base 10. O logaritmo natural o logaritmo de base e, onde e aproximadamente igual a 2,71828... (e um nmero irracional). Este definido para todos os nmeros reais estritamente positivos x, e tambm pode ser definido para nmeros complexos diferentes de zero. O logaritmo natural uma funo, que o expoente de uma potncia de e, e aparece freqentemente nos processos naturais (o que explica o nome "logaritmo natural"). Esta funo torna possvel o estudo de fenmenos que evoluem de maneira exponencial. Tambm chamado de logaritmo neperiano, do nome de seu inventor, o matemtico escocs John Napier (ou John Naper)[3]. Principais Propriedades: ln(ab)= ln a + ln b ln(a/b) = ln a ln b ln ab = b ln a Exemplo(s): 1. rea da Mesa: Sejam a e b os lados da mesa, em metros (m). A rea dada por A=ab, aplica-se ln de ambos os lados: ln A = lna + ln b (onde utilizamos a propriedade (2.9a) e a definio (2.9)) obtemos: (2.9a) (2.9b) (2.9c)
A
A
a
a
a b 2 + m . , tal que: A = A b b a
M=
M
M
P
P
Q
Q
2.4 - Quantas casas depois da vrgula devemos utilizar quando efetuamos uma medida?
Isso ser de acordo com a preciso do instrumento de medida, muitas vezes anotadas no prprio instrumento ou no manual do instrumento. Por exemplo, o paqumetro possui um desvio de 0, 05mm , assim a medida deve ser expressa tambm com duas casas aps a vrgula. Quando este valor no est anotado, observe quantas casas de preciso o instrumento fornece. Por exemplo, o cronmetro possui duas casas de preciso. Assim, devemos representar o resultado com duas casas de preciso. No caso da trena, seria a metade da menor diviso, ento 0,5 mm , tal que o resultado da medida deve ser expresso com uma casa aps a vrgula. Onde os arredondamentos de quaisquer resultados devem obedecer regra dos algarismos significativos.
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2.5 Desvios Percentuais Como calcular o Desvio Percentual, quando se compara uma medida experimental com um valor terico?
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D=
(2.10)
r =
(2.11)
Esta equao utilizada quando comparamos medidas de mesma grandeza, obtidas em escalas diferentes, a medida mais precisa ser aquela que apresentar menor desvio relativo.
2.6 Instrumentos utilizados em medidas de grandezas fsicas fundamentais: comprimento, tempo e massa. 2.6a - Rgua (ou trena)
Uma rgua comum no permite medidas precisas inferiores a 1 mm. Isso porque no h como subdividir o menor espao disponvel na escala da rgua (1 mm ).
1mm
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2.6 b - Paqumetro
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A preciso de um paqumetro depende do nmero de divises do seu vernier. Os mais comuns tm vernier com 10, 20 ou 50 divises. Os paqumetros com 10 divises no vernier apresentam uma preciso de 0,1 mm. Para encontrar a preciso podemos utilizar a seguinte equao:
Preciso =
Exemplo: Um paqumetro possui a escala graduada em milmetros e o vernier com 20 divises. A preciso do paqumetro ser de:
1mm = 0,05mm . 20
Nesse paqumetro ao coincidir o primeiro trao aps o zero do vernier l-se 0,05 mm. No segundo trao l-se 0,10 mm. No terceiro 0,15 mm e assim por diante.
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2o. Passo: Leitura da frao de milmetro no vernier. No exemplo a coincidncia no quinto trao = 0,5 mm
3o. Passo: Adiciona-se as leituras da escala e do vernier: No exemplo 7mm + 0,5 mm = 7,5 mm.
2.6c - Cronmetro
O cronmetro um instrumento utilizado para medir tempo. H vrios tipos e modelos de cronmetros com diferentes precises. No Laboratrio de Fsica I utilizamos um cronmetro comum com preciso de 0,01 segundos.
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rea = r 2 4 3 2 esfera de raio r: rea = 4r ; volume = r 3 rea = 2r 2 + 2rh; volume = r 2 h cilindro reto de raio r altura h:
Procedimento: Pegue um objeto e obtenha o seu volume, fazendo mdia dos valores obtidos com um paqumetro.
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Objetivos : Conhecer e aprender a trabalhar com um cronmetro; Calcular a mdia e o desvio padro de um conjunto de medida.
movimento na vertical ........................... eixo Y ; movimento na horizontal ....................... eixo X e movimento num plano ..........................plano XY
S0=0 0
S0=0
g >0
P
g <0
S = -h
S=h
(+)
Figura 2.6 Desenho esquemtico de movimento unidimensional na vertical. S0 indica a posio inicial, S a posio final, P a fora peso, e g a acelerao gravitacional.
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v
0 0
v
(+)
Figura 2.7 Desenho esquemtico de movimento unidimensional na horizontal. v indica a velocidade da partcula.
Na situao esquerda, o movimento ocorre no sentido oposto ao do eixo horizontal de orientao. Por esse motivo, a velocidade negativa, no caracterizando um movimento desacelerado. Na situao direita, o movimento se d no mesmo sentido de orientao do eixo horizontal. Dessa forma, a velocidade positiva.
Movimento no plano:
y (+) 0 x (+) x0 = 0 x f = x y0 = 0 yf = -h
Figura 2.8 Desenho esquemtico de movimento no plano x, y so as coordenadas cartesianas, x0 e y0 as posies iniciais, x,y as posies finais na horizontal e vertical, respectivamente. g a acelerao gravitacional.
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Dois Discos Concntricos fixos na parede Fio de comprimento o suficiente, de forma que ms atinja o solo . Massa suspensa (ms) Acelerao constante: velocidade mdia = mdia das velocidades; S0 = 0, t0 = 0 , v0 = 0
S - S0 t - t0
=
x h
v+v0 2
, logo
S= -h,
t = tm,
v=?
h v = t 2
v=
- 2h t
OBS: O sinal negativo indica que o movimento ocorre em sentido oposto ao sentido de orientao do referencial Fixe uma altura de queda para a massa suspensa (h). (eixo y). Mea 20 tempos de queda e faa a mdia.
Posteriormente: Para os itens a) , b) e d) classifique as medidas como direta (de uma nica medida ou de vrias medidas) ou indireta, justifique. a) Represente a medida da altura feita com a trena e expresse a incerteza. Justifique a forma como foi obtida a incerteza nesse caso; b) Obtenha (explicitamente) o valor mais provvel da medida do tempo de queda e seu respectivo desvio; c) Expresse o valor verdadeiro do tempo de queda. d) Obtenha a expresso da velocidade do corpo quando chega ao solo (velocidade final), calcule seu valor numrico, respeitando as casas decimais; e) Cite trs tipos de erros que podem influenciar na experincia. (No vale citar: erros de clculos e arredondamentos de calculadora ou no medimos a altura direito). Sugestes: vm=S/t e vm=(v+v0)/2 (acelerao constante).
2.8 - Bibliografia:
[1] J. H. Vuolo Fundamentos da Teoria de Erros 2 Edio Edgard Blcher Ltda (1996); [2] A. D. P. Filho, J. B. G. Canalle, J. R. Marinho, M. R. do Valle Filho, Fsica Bsica - Experimental, 2aEdio - (1990); [3] http://pt.wikipedia.org/wiki/Logaritmo;
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[4] P. Tipler Fsica para Cientistas e Engenheiros Vol 1 3 Edio LTC Livros Tcnicos e Cientficos Editora S. A. (1995);
[5] D. Halliday, R. Resnick , J. Walker Fundamentos de Fsica Vol.1, 3 Edio LTC Editora S. A. - (1998);
[6] H. M. Nussenzveig Curso de Fsica Bsica 1 Mecnica 3a Edio Edgard Blcher Ltda (1996);
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