CRDTL-Anotada PORTAL1
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CONSTITUIO ANOTADA
CONSTITUIO
ANOTADA
REPBLICA
DEMOCRTICA DE
TIMOR-LESTE
Com o apoio da
Cooperao Portuguesa
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Prefcio
Constituio Anotada da Repblica Democrtica
de Timor-Leste
1. A ordem jurdica timorense tem crescido ao ritmo da construo do prprio Estado soberano, revogando e substituindo gradualmente por legislao
prpria as normas herdadas da Administrao Transitria das Naes Unidas (UNTAET 1999-2002) e da ocupao indonsia (1975-1999). So por isso
extensas e diversas as reas que ainda aguardam a interveno reguladora do
legislador timorense. O Cdigo Civil, por exemplo, j publicado no corrente
ano, apenas entrar em vigor em 2012. Nos Tribunais, apesar de intervenes
substantivas, persiste o regime transitrio legado pelas Naes Unidas. A esta
inevitvel inconsistncia do tecido normativo, acresce a exiguidade da jurisprudncia, predominantemente centrada, at agora, no direito penal. Por fim,
a produo doutrinal s a partir de 2010 comeou a poder contar com juristas formados pela Faculdade de Direito da Universidade Nacional de Timor
Lorosae. s assimetrias do Direito timorense, refletidas na jurisprudncia e
amplificadas por uma incipiente cincia do direito, correspondem as especiais dificuldades enfrentadas no trabalho de anotao da Lei Fundamental.
2. Embora a Constituio portuguesa de 1976 seja claramente o texto mais
influente na redao da Lei Fundamental timorense, a realidade, o contexto
e a subjetividade do legislador constituinte procuram um sentido indito
e irrepetvel. Assim, mesmo onde se verifiquem coincidncias literais entre
preceitos das duas constituies, ensina a prudncia e a melhor hermenutica jurdica que o seu contedo semntico pode divergir acentuadamente.
Por isso, procurou-se evitar a importao de problemticas doutrinais que
no atual estdio de desenvolvimento do direito constitucional de Timor-Leste no demonstrassem efetiva pertinncia. Procurou-se tambm evitar a
transposio acrtica para o direito constitucional timorense de construes
dogmticas prprias de outros universos jurdico-constitucionais, designadamente, como antes referido, o portugus. Temos conscincia de que nem sempre o teremos conseguido devido a inelutveis constrangimentos subjetivos.
Todavia, foi objetivo arduamente perseguido pela Comisso de Coordenao,
Reviso Cientfica e Redao preservar a mxima abertura ao futuro e ao
imprevisto na construo da Lei Fundamental de Timor-Leste, confiante na
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Prefcio
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Prefcio
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Prefcio
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Ac. Acrdo
Art. Artigo
Arts. Artigos
ASEAN Association of Southeast Asian Nations/Associao
das Naes do Sudeste Asitico
CCT/CAT Conveno contra a Tortura e Outras Penas ou
Tratamentos Cruis, Desumanos ou Degradantes/
/Convention against Torture and Other Cruel,
Inhuman or Degrading Treatment or Punishment
CDC/CRC Conveno sobre os Direitos da Criana/
/Convention on Rights of Children
CEDM/CEDAW Conveno sobre a Eliminao de Todas as Formas
de Discriminao contra as Mulheres/Convention
on the Elimination of All Forms of Discrimination
against Women
CEMGFA Chefe do Estado-Maior General das Foras
Armadas
CIEDR/ICERD Conveno Internacional para a Eliminao de
todas as formas de Discriminao Racial/
/International Convention on the Elimination
of All Forms of Racial Discrimination
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CNRT Conselho Nacional da Reconstruo de
Timor-Leste
CNUDM/UNCLOS Conveno das Naes Unidas sobre o Direito
do Mar/United Nations Convention on the Law
of the Sea
CP Cdigo Penal
CPC Cdigo de Processo Civil
CPLP Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa
CVDT/VCLT Conveno de Viena sobre o Direito dos
Tratados/Vienna Convention on the Law of
Treaties
CVRC/VCCR Conveno de Viena sobre Relaes
Consulares/Vienna Convention on Consular
Relations
CVRD/VCDR Conveno de Viena sobre Relaes
Diplomticas/Vienna Convention on
Diplomatic Relations
DL Decreto-lei
DUDH/UDHR Declarao Universal dos Direitos do Homem/
/Universal Declaration of Human Rights
FALINTIL Foras Armadas de Libertao Nacional
de Timor-Leste
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FRETILIN Frente Revolucionria de Timor-Leste
Independente
ID Idem
ICTY The International Criminal Tribunal for the
former Yugoslavia/Tribunal Internacional para
a Ex-Jugoslvia
MP Ministrio Pblico
n. Nmero
OIT/ILO Organizao Internacional do Trabalho/
/International Labour Organization
p. Pgina
PL Proposta de Lei
PM Primeiro-Ministro
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PN Parlamento Nacional
PNTL Polcia Nacional de Timor-Leste
pp. Pginas
PR Presidente da Repblica
RDTL Repblica Democrtica de Timor-Leste
SCIT Serious Crimes Investigation Team/Equipa de
Investigao de Crimes Graves
TR Tribunal de Recurso
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Prembulo
Prembulo
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Prembulo
Alicerados ainda no ato referendrio de 30 de agosto de 1999, que, concretizado sob os auspcios da Organizao das Naes Unidas, confirmou a
vontade autodeterminada de independncia;
Plenamente conscientes da necessidade de se erigir uma cultura democrtica
e institucional prpria de um Estado de Direito onde o respeito pela Constituio, pelas leis e pelas instituies democraticamente eleitas sejam a sua
base inquestionvel;
Interpretando o profundo sentimento, as aspiraes e a f em Deus do povo
de Timor-Leste;
Reafirmam solenemente a sua determinao em combater todas as formas
de tirania, opresso, dominao e segregao social, cultural ou religiosa,
defender a independncia nacional, respeitar e garantir os direitos humanos
e os direitos fundamentais do cidado, assegurar o princpio da separao de
poderes na organizao do Estado e estabelecer as regras essenciais da democracia pluralista, tendo em vista a construo de um pas justo e prspero e o
desenvolvimento de uma sociedade solidria e fraterna.
A Assembleia Constituinte, reunida na sesso plenria de 22 de maro de
2002, aprova e decreta a seguinte Constituio da Repblica Democrtica de
Timor-Leste:
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Prembulo
Prembulu
Timr nia independnsia, neeb Frente Revolusionria do Timr-Leste Independente FRETILIN proklama iha 28 Novembru 1975, hetan
ona rekoesimentu internasionl iha 20 Maiu 2002, kuandu halo ona
libertasaun ba povu timr hosi kolonizasaun no ba Ptria Maubere
hosi potnsia estranjeira sira-nia okupasaun ilegl.
Elaborasaun no adosaun ba Repblika Demokrtika Timr-Leste nia
Konstituisaun mai taka povu timr nia rezistnsia sekulr, neeb sai
makaas liu ho invazaun iha 7 Dezembru 1975.
Funu hasoru inimigu, fofoun ho FRETILIN nia lideransa, f-fatin ba
partisipasaun poltika luan liutn kuandu, tuituir-malu, har Conselho
Nacional de Resistncia Maubere CNRM, iha 1987, no Conselho Nacional de Resistncia Timorense CNRT, iha 1998.
Rezistnsia halao iha frente tolu.
Frente armada neeb Foras Armadas de Libertao Nacional de Timor-Leste FALINTIL halao no ita hahii.
Asaun neeb Frente klandestina halao ho matenek iha territriu inimigu nia leet hamosu sakrifsiu ba feto no mane rihun ba rihun, liuliu
ema foin-sae, sira-nia vida, sira-neeb f-an ba funu atu hetan liberdade no independnsia.
Frente diplomtika, iha mundu tomak ho hanoin ida-deit, loke-dalan
ba libertasaun finl.
Iha rea kulturl no umana, hori-uluk kedas Igreja Katlika iha TimrLeste simu ho dignidade povu tomak nia terus no hamriik iha povu nia
sorin atu defende nia direitu fundamentl.
Ikusliu, Konstituisaun ida-nee reprezenta omenajen ita f ho laran ba
Ptria nia martir hotu-hotu.
Nunee, Asembleia Konstituinte nia Deputadu sira, reprezentante lejtimu sira-neeb Povu hili iha 30 Agostu 2001,
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Prembulo
Ho baze iha referendu neeb halo iha 30 Agostu 1999 ho Nasoens Unidas nia Organizasaun nia patrosniu no konfirma katak povu hakarak
duni independnsia,
Hatene moos kedas katak tenke har kultura demokrtika no institusionl neeb moris iha Estadu tuir-lei ida, neeb hetan abut makaas
iha respeitu ba Konstituisaun, ba lei no instituisaun sira-neeb moris
ho eleisaun demokrtika,
Interpreta tiha povu iha Timr-Leste nia sentimentu neeb mai hosi
laran kedas, nia aspirasaun no nia fiar iha Maromak,
Dehan tiha dala-ida tan ho solenidade nia vontade atu funu hasoru
tirania, opresaun, dominasaun no segregasaun sosil, kulturl ka relijioza, atu defende independnsia nasionl, respeita no garante direitus umanus no sidadaun ida-idak nia direitu fundamentl, atu asegura
prinspiu separasaun iha podr iha Estadu nia organizasaun no atu estabelese demokrasia pluralista nia regra fundamentl, atu har pas ida
justu no prsperu no dezenvolve sosiedade ida solidria no fraterna,
Asembleia Konstituinte, iha nia reuniaun plenria iha 22 Marsu 2002,
aprova no dekreta Repblika Demokrtika Timr-Leste nia Konstituisaun ida tuirmai nee:
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Prembulo
I Referncias
1 Direito internacional: Magna Carta (1215); Constituio dos Estados Unidos da
Amrica (1787); 1.a Constituio da Revoluo Francesa (1791); Resoluo do Conselho de Segurana das Naes Unidas n. 1236, de 7 de maio de 1999; Resoluo
do Conselho de Segurana das Naes Unidas n. 1246, de 11 de junho de 1999;
Resoluo do Conselho de Segurana das Naes Unidas n. 1262, de 27 de agosto
de 1999; Resoluo do Conselho de Segurana das Naes Unidas n. 1264, de 15 de
setembro de 1999; Resoluo do Conselho de Segurana das Naes Unidas n. 1272,
de 25 de outubro de 1999.
2 Legislao da UNTAET: Regulamento UNTAET n. 2001/28, de 19 de setembro
(Criao do Conselho de Ministros); Regulamento UNTAET n. 2002/01 (Eleio do
Primeiro Presidente de um Timor-Leste Independente e Democrtico).
3 Doutrina: Jorge MIRANDA, Timor e o Direito Constitucional, in O Direito,
ano 132. (2000), III-IV, 2000.
II Anotao
1 O Prembulo da Constituio de 22 de maro de 2002 entronca numa
tradio muito antiga de elaborao das leis fundamentais, retomada pelo liberalismo revolucionrio nas primeiras constituies da idade moderna, na
Amrica e na Europa.
2 O Prembulo representa simultaneamente o marco histrico do nascimento do novo Estado soberano e o registo da sua matriz gentica. Justifica a
rutura inerente criao da associao poltica emergente e estabelece uma
ponte entre o passado e o futuro da comunidade, transformando a destruio
da ordem antiga em ttulo de legitimao da nova ordem que a Constituio
visa fundar. Por isso, convoca a histria e a memria da prpria comunidade
para estabelecer a narrativa autntica da construo da sua singularidade e
impor o seu reconhecimento a todos os adversrios, no plano interno e internacional.
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Prembulo
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Prembulo
7 Em nome dos poderes constituintes de que foram democraticamente investidos, os deputados eleitos sintetizam os seus propsitos de construir um
Estado de Direito, uma democracia constitucional respeitadora dos direitos
humanos desenhada segundo o princpio da separao dos poderes, assumem
o seu empenhamento na promoo de uma cultura de tolerncia e respeito
pelo pluralismo poltico e a determinao em continuar o combate contra todas as formas de tirania.
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Artigo 1.
(A Repblica)
PARTE I
PRINCPIOS FUNDAMENTAIS
Artigo 1.
(A Repblica)
1. A Repblica Democrtica de Timor-Leste um Estado de direito democrtico, soberano, independente e unitrio, baseado na vontade popular e no
respeito pela dignidade da pessoa humana.
2. O dia 28 de novembro de 1975 o dia da Proclamao da Independncia da
Repblica Democrtica de Timor-Leste.
Artigu 1.
(Repblika)
1. Repblika Demokrtika Timr-Leste Estadu tuir-lei no tuir-demokrasia, soberanu, independente no unitriu ida, neeb hatuur iha
povu nia vontade no iha respeitu ba ema nia dignidade.
2. Loron 28 Novembru 1975 maka loron iha-neeb halo Proklamasaun
ba Repblika Demokrtika Timr-Leste nia Independnsia.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 1.); Constituio
da Repblica de Cabo Verde (art. 1.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 1.);
Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 1.).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 7.; 16. e ss.; 62. e ss.
II Anotao
1 A designao Repblica Democrtica de Timor-Leste retoma a frmula usada nos textos da Proclamao da Independncia e da Constituio de 28 de novembro de 1975, aprovados pela FRETILIN. A adoo desta
frmula, com um contedo que se inscreve na tradio histrica dos movimentos de libertao do ps-guerra, de orientao ideolgica anticolonialista
e anti-imperialista, no representa um qualquer programa poltico mas apenas, como se esclarece no n. 2, a afirmao da continuidade histrica da
resistncia timorense e um tributo militante aos seus fundadores, designadamente, os dois primeiros Presidentes: Xavier do Amaral e Nicolau Lobato. A
Repblica, destacada na epgrafe, sem adjetivos, identifica a comunidade
poltica na sua totalidade intemporal, como substrato pr-constitucional distinto e anterior ao Estado que agora, precisamente, se pretende qualificar e
ordenar.
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Artigo 1.
(A Repblica)
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Artigo 2.
(Soberania e constitucionalidade)
Artigo 2.
(Soberania e constitucionalidade)
1. A soberania reside no povo, que a exerce nos termos da Constituio.
2. O Estado subordina-se Constituio e s leis.
3. As leis e os demais atos do Estado e do poder local s so vlidos se forem
conformes com a Constituio.
4. O Estado reconhece e valoriza as normas e os usos costumeiros de Timor-Leste que no contrariem a Constituio e a legislao que trate especialmente do direito costumeiro.
Artigu 2.
(Soberania no konstitusionalidade)
1. Soberania hela iha povu, neeb ezerse soberania nee nuudar Konstituisaun haruka.
2. Estadu tuur iha Konstituisaun no lei nia okos.
3. Estadu no podr lokl sira-nia lei no atu seluk-tan iha valr kuandu
tuir lei.
4. Estadu rekoese no valoriza Timr-Leste nia lei no uzu kostumeiru neeb la kontraria (1) Konstituisaun no lejislasaun kona-ba direitu
kostumeiru.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 3.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 3.).
2 Direito timorense: Lei n. 10/2003, de 10 de dezembro (Interpretao do art. 1.
da Lei n. 2/2002, de 7 de agosto, e Fontes do Direito); Lei n. 3/2009, de 8 de julho
(Lideranas Comunitrias e sua Eleio).
3 Doutrina: Jorge BACELAR GOUVEIA, A Primeira Constituio de Timor-Leste, in Estudos de Direito Pblico de Lngua Portuguesa, Coimbra, Almedina,
2004; Laura GRENFELL, Legal Pluralism and the Rule of Law in Timor Leste,
in Leiden Journal of International Law, 19, 2006; Patrcia JERNIMO, Estado de
Direito e Justia Tradicional. Ensaios para um Equilbrio em Timor-Leste, in AA.
VV., Estudos em Homenagem a Carlos Ferreira de Almeida, Coimbra, Almedina,
2010; Florbela PIRES, Fontes do direito e procedimento legislativo na Repblica
Democrtica de Timor-Leste, in AA. VV., Estudos em Memria do Professor Doutor
Antnio Marques dos Santos, II, Coimbra, 2005.
4 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 6., alnea g); 7., n. 1; 41., n. 5;
62.; 120.; 149. a 153..
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Artigo 2.
(Soberania e constitucionalidade)
II Anotao
1 O n. 1 reafirma o princpio da soberania popular e o princpio democrtico, j implicados no art. 1. (vontade popular), segundo o qual o povo, enquanto conjunto ou coletividade de todos os cidados, o titular da soberania.
A soberania exercida em conformidade com os valores e interesses constitucionalmente estabelecidos e nos termos da Constituio, ou seja, de acordo
com as modalidades e os procedimentos constitucionalmente previstos para
a manifestao da vontade poltica do povo, como so as eleies (art. 65.) e
o referendo (art. 66.), e segundo as regras fixadas pela prpria Constituio
por exemplo, as regras do sufrgio (art. 7.), da representao proporcional
(art. 65., n. 4) e do procedimento eleitoral justo (art. 65., n. 2).
2 O propsito essencial deste preceito o de afirmar a supremacia da Constituio (princpio da constitucionalidade), que, enquanto lei fundamental do
pas, subordina o Estado (n. 2), impondo-se como parmetro de validade para
a atuao dos rgos do Estado e do poder local (n. 3), define os termos do
exerccio da soberania pelo povo (n. 1) e institui os limites dentro dos quais
podero ser reconhecidos as normas e os usos costumeiros de Timor-Leste
(n. 4). Precisamente porque a Constituio a lei suprema, a partir do momento em que existe uma disposio constitucional sobre uma dada matria,
essa disposio no poder ser afastada. nisto que consiste a fora normativa da Constituio.
3 A Constituio vincula todos os poderes pblicos Estado, poder local,
entidades pblicas , pelo que quaisquer atos por eles praticados (mesmo atos
polticos) devem respeit-la. Toda a ao dos poderes pblicos, incluindo o legislador, est vinculada ao respeito pelos valores consagrados no texto constitucional e deve respeitar os requisitos formais e procedimentais previstos na
Constituio. Da decorre que os poderes pblicos esto vinculados realizao dos fins e promoo dos valores constitucionais e no apenas impedidos
de a contrariar. O desrespeito pela Constituio pode decorrer no s de atos,
mas tambm de omisses dos poderes pblicos (art. 151.).
4 O n. 4 reconhece a relevncia do costume como fonte do direito timorense. O reconhecimento do direito costumeiro limitado, uma vez que s
abrange as normas e os usos que no contrariem a Constituio e a legislao
especfica. A Constituio no abrange neste reconhecimento o costume contra legem. O legislador ordinrio expressamente incumbido de legislar sobre
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Artigo 2.
(Soberania e constitucionalidade)
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Artigo 3.
(Cidadania)
Artigo 3.
(Cidadania)
1. Na Repblica Democrtica de Timor-Leste existe cidadania originria e
cidadania adquirida.
2. So cidados originrios de Timor-Leste, desde que tenham nascido em
territrio nacional:
a) Os filhos de pai ou me nascidos em Timor-Leste;
b) Os filhos de pais incgnitos, aptridas ou de nacionalidade desconhecida;
c) Os filhos de pai ou me estrangeiros que, sendo maiores de dezassete
anos, declarem, por si, querer ser timorenses.
3. So cidados originrios de Timor-Leste, ainda que nascidos em territrio
estrangeiro, os filhos de pai ou me timorenses.
4. A aquisio, perda e reaquisio de cidadania, bem como o seu registo e
prova, so regulados por lei.
Artigu 3.
(Sidadania)
1. Iha Repblika Demokrtika Timr-Leste iha sidadania orijinria no
sidadania adkirida.
2. Timr-Leste nia sidadaun orijinriu maka ema sira-neeb moris iha
territriu nasionl no:
a) Nia aman ka inan moris iha Timr-Leste;
b) Ita la hatene se maka nia aman ho inan ka nia aman ka inan ema
aptrida ka ho nasionalidade deskoesida;
c) Nia aman ho inan ema estranjeiru no, kuandu iha tiha ona tinan
17, nia deklara rasik katak nia hakarak sai ema timr.
3. Ema neeb nia aman ka inan sidadaun timr, maski moris iha estranjeiru, nia Timr-Leste nia sidadaun orijinriu.
4. Lei sei regula oins maka ema ida hetan, lakon ka hetan fila-fali
sidadania no oins maka halo rejistu no prova kona-ba sidadania.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (art. 15.); PIDCP,
de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n.
3/2003, de 22 de julho (art. 24., n. 3); CIEDR, de 21 de dezembro de 1965, ratificada
pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 10/2003, de 10 de setembro (art. 5., alnea
d), iii).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 9.); Constituio
da Repblica de Moambique (arts. 5. e 23.).
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Artigo 3.
(Cidadania)
II Anotao
1 A cidadania pode ser definida como o vnculo jurdico que traduz a pertena de um indivduo a uma comunidade poltica. Para os seus titulares, a cidadania representa, alm de um importante alicerce de identidade, o estatuto
jurdico fundamental e primrio, a matriz de que decorrem os seus direitos e
deveres. A cidadania , simultaneamente, um status e o direito de participar
na vida jurdica e poltica que o Estado propicia e de beneficiar da defesa e da
promoo de direitos que o Estado concede. Para os Estados, a delimitao
do universo dos seus cidados (o seu povo) constitui uma prerrogativa fundamental, expresso da sua soberania e matria do seu domnio reservado,
ainda que o direito internacional imponha algumas condies (como a do carter efetivo dos laos existentes entre o indivduo e o Estado) sem as quais o
vnculo, conquanto estabelecido a nvel interno, no ser oponvel aos demais
Estados nem poder ser invocado na esfera internacional.
2 Pela sua importncia para a determinao de quem compe o povo do
Estado, a aquisio e a perda da cidadania so um problema substancialmente jurdico-constitucional, a equacionar pelo direito interno de cada Estado.
Compreende-se, por isso, que a UNTAET tenha optado por no regular diretamente esta matria, fazendo apenas uma delimitao dos timorenses para
efeitos de dispensa de licena para admisso em Timor-Leste. O Regulamento
UNTAET n. 2000/09, sobre a criao de um regime de fronteiras para Timor-Leste, identificou como timorenses as pessoas nascidas em Timor-Leste
antes de dezembro de 1975; as pessoas nascidas fora de Timor-Leste, mas
com pelo menos um dos pais ou avs nascidos em Timor-Leste antes de 1975;
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Artigo 3.
(Cidadania)
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Artigo 3.
(Cidadania)
5 Da cidadania timorense depende a titularidade e o exerccio de um conjunto de direitos fundamentais, tidos por inerentes participao na soberania ou no ncleo essencial da identidade do Estado e, por isso, negados a
todos os que no sejam membros plenos da comunidade poltica. Os direitos
fundamentais de cidadania so, de acordo com o elenco fixado pelo art. 25.
do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Polticos, o de tomar parte na
direo dos negcios pblicos, diretamente ou por intermdio de representantes livremente eleitos, de votar e ser eleito, em eleies peridicas, e o de aceder, em condies gerais de igualdade, s funes pblicas do respetivo pas.
A estes direitos somam-se outros que a Constituio reserva aos cidados
timorenses o direito de no serem expulsos nem expatriados do territrio
nacional (art. 35., n. 4), o direito de sarem livremente do territrio nacional
e de a ele regressarem (art. 44., n. 2), o direito e o dever de integrarem as
Foras Armadas (art. 146., n. 1), o direito de integrarem o Supremo Tribunal
de Justia (art. 127., n. 1), o direito a proteo do Estado no estrangeiro (art.
22.) e o direito propriedade privada da terra (art. 54., n. 4). No que respeita
aos demais direitos consagrados na Constituio ou fora dela, o princpio da
universalidade (art. 16.) e o dever de interpretar as normas sobre direitos fundamentais em consonncia com a Declarao Universal dos Direitos do Homem (art. 23.) recomendam que os consideremos extensveis aos estrangeiros
e aptridas. Mesmo onde a utilizao do termo cidadania parea excluir
o reconhecimento destes direitos aos estrangeiros e aptridas, por exemplo,
no art. 38., n. 1 (direito de acesso aos dados pessoais informatizados), e no
art. 50., n. 1 (direito de trabalhar e de escolher livremente a profisso), tal
no deve ser interpretado como vedando o exerccio desses direitos aos no
nacionais. No foi este, todavia, o entendimento perfilhado pelo Tribunal de
Recurso nos Acrdos n. 02/2003 e n. 03/2003. Fazendo uma interpretao
literal dos preceitos constitucionais, o Tribunal afirma que [do] elenco dos
direitos fundamentais consagrados na Parte II da Constituio h os que so
atribudos exclusivamente aos cidados timorenses e h os que so atribudos a todas as pessoas, sejam cidados timorenses, sejam estrangeiros ou aptridas. [] A prpria Constituio permite sem grande esforo perceber a
distino entre os dois grupos de direitos fundamentais, atravs da utilizao
de expresses como o cidado, os cidados, todos os cidados quando se
refere aos que so atribudos apenas a cidados nacionais.
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Artigo 4.
(Territrio)
Artigo 4.
(Territrio)
1. O territrio da Repblica Democrtica de Timor-Leste compreende a superfcie terrestre, a zona martima e o espao areo delimitados pelas fronteiras nacionais, que historicamente integram a parte oriental da ilha de Timor,
o enclave de Oe-Cusse Ambeno, a ilha de Ataro e o ilhu de Jaco.
2. A lei fixa e define a extenso e o limite das guas territoriais, a zona econmica exclusiva e os direitos de Timor-Leste na zona contgua e plataforma
continental.
3. O Estado no aliena qualquer parte do territrio timorense ou dos direitos
de soberania que sobre ele exerce, sem prejuzo da retificao de fronteiras.
Artigu 4.
(Territriu)
1. Iha Repblika Demokrtika Timr-Leste nia territriu halo parte superfsie terrestre, zona martima no espasu areu neeb hela iha fronteira nasionl nia laran, no, tuir istria, konstitui illa (2) Timr nia parte
loro-saen, enklave (3) Oekusi Ambenu, illa Atauru no illeu Jaku.
2. Lei maka fiksa no define Timr-Leste nia gua territoril nia estensaun no limite, nia zona ekonmika eskluziva no nia direitu iha zona
kontgua no plataforma kontinentl.
3. Estadu la aliena (4) territriu timr nia pedasuk ruma ka nia direitu
soberanu ruma neeb nia ezerse iha territriu nee, sein prejuizu ba
retifikasaun kona-ba fronteira.
I Referncias
1 Direito internacional: Carta das Naes Unidas, de 26 de junho de 1945, ratificada pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 1/2002, de 20 de maio (art. 2., n. 4);
CNUDM, de 10 de dezembro de 1982 (ainda no ratificada por Timor-Leste, apesar da
recomendao feita pelo art. 12. da Lei n. 7/2002, de 20 de setembro).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 6.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 6.); Constituio da Repblica Portuguesa
(art. 5.).
3 Direito timorense: Lei n. 7/2002, de 20 de setembro (Fronteiras Martimas do
Territrio da Repblica Democrtica de Timor-Leste).
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Artigo 4.
(Territrio)
II Anotao
1 O territrio delimita o espao fsico dentro do qual o Estado exerce plenamente o seu poder, constituindo, nessa medida, um pressuposto material do
exerccio vlido, efetivo e exclusivo da soberania e uma condio da independncia poltica e econmica relativamente a outros Estados. Nenhum Estado
renuncia, por isso, faculdade de declarar qual o territrio que considera seu
e de estabelecer as parcelas que o compem. A fixao das fronteiras cabe, no
entanto, a instrumentos de direito internacional convencional.
2 As fronteiras nacionais a que alude o n. 1 deste preceito correspondem
grosso modo s fronteiras definidas, ao tempo da administrao colonial portuguesa, por dois acordos internacionais celebrados entre Portugal e os Pases
Baixos o Tratado de demarcao e troca de algumas possesses portuguesas e neerlandesas no arquiplago de Solor e Timor, de 1859, e a Conveno
para a demarcao das possesses portuguesas e neerlandesas na ilha de Timor, de 1904. Esta Conveno, juntamente com uma deciso arbitral de 1914
(relativa a Oe-Cusse Ambeno), constituiu o ponto de partida para os trabalhos
da Comisso Fronteiria Conjunta que foi criada por acordo entre a UNTAET
e a Indonsia, em julho de 2000. A pesquisa do traado fronteirio entretanto
desenvolvida conduziu demarcao de 96% da extenso total da fronteira
terrestre, o que foi objeto de um Acordo Provisrio entre Timor-Leste e a
Indonsia sobre a Fronteira Terrestre, firmado em abril de 2005. O Acordo
previu a continuao das operaes de delimitao da fronteira no tocante aos
segmentos de fronteira ainda controversos e a celebrao de um acordo autnomo em matria de gesto dos rios comuns, tido por necessrio pelo facto de
75% da fronteira terrestre ser marcada por rios e bacias hidrogrficas. O processo de delimitao das fronteiras martimas com a Indonsia est pendente
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Artigo 4.
(Territrio)
da concluso do processo relativo fronteira terrestre. No que respeita delimitao das fronteiras martimas com a Austrlia no Mar de Timor, o Tratado
sobre determinados ajustes no Mar de Timor (firmado em 2003 e ratificado
por Timor-Leste em 2007) institui uma moratria de 50 anos, durante a qual
nenhum dos Estados poder reivindicar perante o outro direitos soberanos,
jurisdio ou a definio de fronteiras martimas (art. 4., n. 1).
3 O n. 1 enuncia os elementos constitutivos do territrio em geral a superfcie terrestre lato sensu (que engloba as guas interiores), o mar territorial
(zona martima delimitada pelas fronteiras nacionais) e o espao areo ,
para depois especificar que, por razes histricas, o territrio de Timor-Leste
integra a parte oriental da ilha de Timor, o enclave de Oe-Cusse Ambeno, a
ilha de Ataro e o ilhu de Jaco. Interessa notar que a Lei n. 7/2002, de 20 de
setembro, sobre as fronteiras martimas do territrio da Repblica Democrtica de Timor-Leste, definiu em termos mais amplos e abertos o territrio de
Timor-Leste, acrescentando definio constitucional outras ilhas e formaes naturais que constituam dependncias suscetveis de apropriao (art.
1., alnea d)).
4 O n. 2 remete para a lei ordinria (Lei do Parlamento Nacional, por imposio do art. 95., n. 2, alnea b)) a fixao e definio da extenso e do limite
das guas territoriais, da zona econmica exclusiva e os direitos de Timor-Leste na zona contgua e plataforma continental, o que foi feito pela Lei n.
7/2002, de 20 de setembro. Este diploma, para alm de expressamente recomendar a ratificao a breve trecho da Conveno das Naes Unidas sobre
o Direito do Mar (art. 12.), incorpora no seu articulado os conceitos de mar
territorial, zona contgua, zona econmica exclusiva e plataforma continental
(arts. 5. a 8. e 10.), tal como definidos por aquela Conveno.
5 O n. 3 probe e torna inconstitucionais quaisquer atos do Estado que impliquem a cesso de parte do territrio timorense ou de direitos de soberania
sobre ele exercidos, o que se compreende pela necessidade de preservar a
integridade territorial de Timor-Leste, condio indispensvel garantia da
independncia nacional e da unidade do Estado (limites materiais da reviso
constitucional, nos termos do art. 156., n. 1, alnea a)). A expresso direitos
de soberania deve ser entendida com o sentido de direitos prprios do Estado, como so, designadamente, a capacidade do Estado timorense para exercer os seus poderes de autoridade (legislar, decidir e julgar) sobre as pessoas,
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Artigo 4.
(Territrio)
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Artigo 5.
(Descentralizao)
Artigo 5.
(Descentralizao)
1. O Estado respeita, na sua organizao territorial, o princpio da descentralizao da administrao pblica.
2. A lei define e fixa as caractersticas dos diferentes escales territoriais,
bem como as competncias administrativas dos respetivos rgos.
3. Oe-Cusse Ambeno e Ataro gozam de tratamento administrativo e econmico especial.
Artigu 5.
(Desentralizasaun)
1. Iha nia organizasaun territoril Estadu respeita (5) prinspiu desentralizasaun ba administrasaun pblika.
2. Lei sei define no fiksa eskalaun territoril ida-idak nia karaterstika
no kompetnsia administrativa neeb eskalaun territoril ida-idak nia
rgaun iha.
3. Oekusi Ambenu no Ataru sei iha tratamentu administrativu no
ekonmiku espesil.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Moambique (art. 7.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 6.).
2 Direito timorense: Lei n. 3/2009, de 8 de julho (Lei das Lideranas Locais e
sua Eleio); Lei n. 11/2009, de 7 de outubro (Diviso Administrativa e Territorial);
Proposta de Lei Eleitoral Municipal (Proposta de Lei n. 19/ /II/2009); Proposta de
Lei do Governo Local (Proposta de Lei n. 18/II/2009).
3 Doutrina: Alexandre Gentil Corte-Real de ARAJO, O Fortalecimento dos Poderes Locais Na Repblica Democrtica de Timor Leste (Uma Nova Interpretao
Da Constituio da RDTL/2002), Salvador, 2008 (tese de Mestrado indita); Nuno
Canas MENDES, A multidimensionalidade da construo identitria em Timor-Leste: nacionalismo, estado e identidade nacional, Lisboa, Instituto Superior de
Cincias Sociais e Polticas, 2005, p. 138; Ricardo Sousa da CUNHA, A construo
do poder local em Timor-Leste, in Direito Regional e Local, n. 12, 2010, pp. 36 e
ss.; Mara GONALVES, O amadurecimento poltico-institucional do processo de
descentralizao em Timor-Leste, in Jornadas Comemorativas da Concluso do
Primeiro Curso de Direito, 11 de junho de 2010.
4 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 2., n. 4; 65., n. 1; 71.; 72.;
156., n. 1, alnea h).
(5)
Respeita (v) Tuir; obedese ba.
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Artigo 5.
(Descentralizao)
II Anotao
1 A organizao administrativa do Estado descentralizado obedece ao princpio democrtico e ao reconhecimento de que os interesses locais sero melhor satisfeitos pelas respetivas populaes. A legitimidade das decises do
poder local advm de eleies locais. A organizao administrativa descentralizada, pela criao de pessoas coletivas de territrio, nos termos do art.
72. da Constituio, no se confunde com a organizao desconcentrada,
pela qual o Estado organiza os seus servios perifricos ao nvel mais prximo dos cidados (art. 71.). Estes dois princpios complementam-se.
2 Historicamente a diviso administrativa do territrio foi determinada tanto pela diviso tradicional dos reinos soberanos, anteriores colonizao
portuguesa, quanto pela distribuio territorial da administrao colonial, em
larga medida referida a comandos militares. J em 1897 foram criados em
Timor-Leste quatro concelhos e, em 1908, os comandos militares (Batugad, Bobonaro, Maubara, Liqui, Aiplo, Hatolia, Manufai, Central do Sul,
Central do Norte (Aileu), Remexio, Manatuto, Baucau, Viqueque, Lautm e
Oe-Cusse).
3 O regime constitucional prev um regime administrativo especial das regies de Oe-Cusse Ambeno e Ataro, fruto da sua especial insularidade.
4 A descentralizao administrativa est prevista na Lei n. 11/2009, de 7
de outubro (Diviso Administrativa e Territorial), que criou os municpios em
Timor-Leste. Nos termos do art. 4., 1. So municpios de Timor-Leste os de:
a) Aileu; b) Ainaro; c) Baucau; d) Bobonaro; e) Covalima; f) Dli; g) Ermera;
h) Lautm; i) Liqui; j) Manatuto; k) Manufahi; l) Oe-Cusse Ambeno; m)
Viqueque.
5 As pessoas coletivas de territrio, criadas no cumprimento do princpio
constitucional da descentralizao administrativa, sero dotadas de rgos
representativos, nos termos do art. 72.. O princpio da democracia local tem
assim como objetivo fundamental organizar a participao dos cidados na
soluo dos problemas prprios da sua comunidade e promover o desenvolvimento local. Nos termos do art. 65., estes rgos sero escolhidos atravs de
eleies, mediante sufrgio universal, livre, direto, secreto, pessoal e peridico, de forma a garantir a adequada representatividade.
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Artigo 5.
(Descentralizao)
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Artigo 6.
(Objetivos do Estado)
Artigo 6.
(Objetivos do Estado)
O Estado tem como objetivos fundamentais:
a) Defender e garantir a soberania do pas;
b) Garantir e promover os direitos e liberdades fundamentais dos cidados
e o respeito pelos princpios do Estado de direito democrtico;
c) Defender e garantir a democracia poltica e a participao popular na
resoluo dos problemas nacionais;
d) Garantir o desenvolvimento da economia e o progresso da cincia e da
tcnica;
e) Promover a edificao de uma sociedade com base na justia social,
criando o bem-estar material e espiritual dos cidados;
f) Proteger o meio ambiente e preservar os recursos naturais;
g) Afirmar e valorizar a personalidade e o patrimnio cultural do povo
timorense;
h) Promover o estabelecimento e o desenvolvimento de relaes de amizade e cooperao entre todos os povos e Estados;
i) Promover o desenvolvimento harmonioso e integrado dos setores e regies e a justa repartio do produto nacional;
j) Criar, promover e garantir a efetiva igualdade de oportunidades entre a
mulher e o homem.
Artigu 6.
(Estadu nia objetivu)
Estadu nia objetivu fundamentl maka sira-nee:
a) Defende no garante pas nia soberania;
b) Garante no promove sidadaun sira-nia direitu fundamentl no
garante no promove respeitu ba Estadu tuir-lei no tuir-demokrasia nia
prinspiu;
c) Defende no garante demokrasia poltika no povu nia partisipasaun iha solusaun ba problema nasionl;
d) Garante ekonomia nia dezenvolvimentu no sinsia no tknika
nia progresu;
e) Kria sidadaun sira-nia ben-estr materil no espiritul hodi lokedalan atu har sosiedade ida-neeb hatuur iha justisa sosil;
f) Proteje meiu-ambiente no rekursu naturl;
g) Afirma no valoriza povu timr nia personalidade no patrimniu
kulturl;
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Artigo 6.
(Objetivos do Estado)
h) Loke-dalan atu estabelese no dezenvolve amizade no kooperasaun iha relasaun entre povu no Estadu hotu-hotu;
i) Loke-dalan ba setr no rejiaun sira-nia dezenvolvimentu armoniozu no integradu no ba produtu nasionl nia repartisaun justa;
j) Kria, promove no garante oportunidade hanesan duni ba feto no
mane.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948.
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 21.); Constituio
da Repblica de Cabo Verde (art. 7.); Constituio da Repblica de Moambique (art.
11.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 9.).
3 Doutrina: Klaus BOSSELMANN, The Principle of Sustainability, Hampshire
Burlington, Ashgate Publishing Limited, 2008; Marta CHANTAL RIBEIRO, Desenvolvimento Sustentvel e a Construo do Estado Timorense, in Revista da Faculdade de Direito da Universidade do Porto, Ano VI, 2009, pp. 443-453.
4 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 2.; 4.; 7.; 10.; 16. a 61.; 96.,
n. 1, alnea h); 139., n.os 1 e 3; 144..
II Anotao
1 O Estado est vinculado realizao dos objetivos estabelecidos na Constituio, por fora de se assumir como Estado constitucional, isto , um Estado subordinado ao disposto na Constituio (art. 2., n. 2). A obrigao do
Estado completa, no sentido de que o Estado deve no s empregar todos
os meios adequados como ainda assegurar que os fins sejam efetivamente
realizados. No de admirar que o longo enunciado dos fins propostos neste
artigo retome em grande parte e sintetize os princpios fundamentais contidos
nesta primeira parte do texto constitucional.
2 A frmula sucinta adotada na alnea a), Defender e garantir a soberania do pas, reflete a dolorosa conscincia das dificuldades da luta pela independncia e as fragilidades da condio geogrfica de um pas rodeado
por potncias mais fortes e militarmente bem apetrechadas que, relutantes,
se conformaram tardiamente com o nascimento do novo Estado soberano.
Disso testemunham as objees por fim ultrapassadas, ao longo do perodo
de transio sob a administrao das Naes Unidas, contra a converso das
FALINTIL Foras Armadas de Libertao Nacional de Timor-Leste em
formao militar convencional as FALINTIL-FDTL Foras de Defesa
de Timor-Leste , cujo estatuto e misso esto consignados no art. 146.: natureza militar, interdio de atividade poltica, garantia da independncia
nacional () contra a ameaa externa.
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Artigo 6.
(Objetivos do Estado)
3 A alnea b) visa a garantia e promoo dos direitos e liberdades fundamentais dos cidados e o respeito pelos princpios do Estado de direito democrtico. A Democracia e o Estado de direito so os princpios conformadores
de um modelo de convivncia cvica que o ambiente prprio para o livre
exerccio das liberdades individuais. As duas dimenses a subjetividade e a
comunidade so portanto indissociveis.
4 Valoriza-se o papel da democracia poltica e da participao popular, na alnea c), para conseguir a mobilizao e o empenhamento de todos
os cidados nos processos de deciso poltica conducentes resoluo dos
enormes desafios que o Estado soberano tem de enfrentar. Por seu turno, as
alneas d) e e) referem-se aos direitos e deveres econmicos, sociais e culturais que merecem um ttulo prprio na Parte II da Constituio. A proteo
da liberdade individual e a garantia dos direitos de participao poltica so
objetivos apenas realizveis no quadro de valores de uma sociedade solidria,
atenta criao das condies materiais indispensveis ao desenvolvimento
econmico, melhoria das condies de vida, igualdade de oportunidades
no acesso educao, sade, e segurana social. Promover a edificao
de uma sociedade com base na justia social, criando o bem-estar material e
espiritual dos cidados, sintetiza estes objetivos do Estado. A efetiva igualdade de oportunidades entre a mulher e o homem, inserta na alnea j), que
se reconhece imperioso criar, promover e garantir, insere-se tambm neste
mbito.
5 A proteo do ambiente e a preservao dos recursos naturais constituem
um objetivo essencial do Estado, atenta a dependncia da vida de um ambiente so e ecologicamente equilibrado e o facto de os recursos naturais do
territrio timorense (art. 4.) serem a base vital da sobrevivncia do povo.
6 O dever de proteo do ambiente e de preservao dos recursos naturais
no unicamente exigvel ao Estado. Todos os cidados tm o dever de proteger e melhorar o ambiente, bem como de preservar e valorizar os recursos
naturais (art. 61.).
7 O dispositivo constitucional, na alnea f), acolhe a distino fundamental entre bens ambientais e recursos naturais. O conceito abrangente de bens
ambientais inclui todos os elementos da natureza, vivos e no vivos, independentemente da sua utilidade direta (econmica stricto sensu) ou indireta
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Artigo 6.
(Objetivos do Estado)
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Artigo 7.
(Sufrgio universal e multipartidarismo)
Artigo 7.
(Sufrgio universal e multipartidarismo)
1. O povo exerce o poder poltico atravs do sufrgio universal, livre, igual,
direto, secreto e peridico e atravs das demais formas previstas na Constituio.
2. O Estado valoriza o contributo dos partidos polticos para a expresso organizada da vontade popular e para a participao democrtica do cidado na
governao do pas.
Artigu 7.
(Sufrjiu universl no multipartidarizmu)
1. Povu ezerse podr poltiku ho sufrjiu universl, livre, igul, diretu, sekretu no peridiku no ho meiu sira-seluk neeb Konstituisaun
prevee.
2. Estadu f valr ba partidu poltiku sira-nia kontribuisaun ba povu
atu hatudu nia vontade organizadamente no ba sidadaun sira atu partisipa iha pas nia governasaun.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (art. 21., n.os 1 e 3).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 4.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 73.); Constituio da Repblica Portuguesa
(art. 10.).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 46.; 47.; 63..
II Anotao
1 Entendeu o legislador constituinte especificar em artigo autnomo os objetivos do Estado j enunciados nas alneas b) e c) do artigo anterior, para
sublinhar a centralidade do sufrgio universal na formao da vontade popular, quer para eleio dos seus representantes quer para o referendo. A Constituio no exclui, evidentemente, quaisquer outras formas de exerccio do
poder poltico pelo povo, desde logo, o direito de petio (art. 48.), o direito
de resistncia (art. 28., n. 1) e todas as que sejam inerentes ao exerccio de
direitos fundamentais.
2 O sufrgio universal, para conseguir limitar as tentaes autoritrias de
manipulao da vontade do povo historicamente identificadas e para que os
resultados sejam aceites consensualmente, tem de ser livre, igual, direto,
secreto e peridico. A elevada percentagem de participao no referendo de
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Artigo 7.
(Sufrgio universal e multipartidarismo)
1999, na eleio para a Assembleia Constituinte de 2001, nas eleies presidenciais de 2002 e de 2007 e nas eleies legislativas de 2007 e a forma
pacfica e ordeira como decorreu o reconhecimento geral da validade dos
resultados do escrutnio foram interpretados pela comunidade internacional
como demonstrao cabal da exemplar maturidade cvica do povo timorense.
A periodicidade dos atos eleitorais uma consequncia da natureza relativa e
temporria do mandato popular e condio da efetividade da responsabilizao poltica e da prestao de contas dos eleitos aos seus eleitores. No mesmo
sentido, a Constituio probe o exerccio a ttulo vitalcio ou por perodos
indeterminados de qualquer cargo poltico (art. 64.).
3 Os partidos continuam a ser nas democracias contemporneas o instrumento mais eficaz para garantir o pluralismo poltico, a diversidade de opinies, a crtica e a oposio ao do Governo, a formulao de polticas
alternativas e a prpria alternncia no exerccio do poder. Por isso, no n. 2,
o Estado valoriza a sua contribuio, enquanto agentes da expresso organizada da vontade popular e mediadores da participao democrtica do
cidado na governao do pas. A epgrafe deste artigo, Sufrgio universal
e multipartidarismo, sublinha a importncia do pluralismo partidrio a que
se associam a liberdade de associao e reunio e o direito de todo o cidado
de constituir e participar em partidos polticos (art. 46., n. 2) que a lei
deve regular (art. 46., n. 3), por forma a assegurar a democraticidade da sua
organizao e funcionamento e a sua conformidade com o interesse pblico e
os valores constitucionais.
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Artigo 8.
(Relaes internacionais)
Artigo 8.
(Relaes internacionais)
1. A Repblica Democrtica de Timor-Leste rege-se nas relaes internacionais pelos princpios da independncia nacional, do direito dos povos autodeterminao e independncia, da soberania permanente dos povos sobre
as suas riquezas e recursos naturais, da proteo dos direitos humanos, do
respeito mtuo pela soberania, integridade territorial e igualdade entre os Estados e da no ingerncia nos assuntos internos dos Estados.
2. A Repblica Democrtica de Timor-Leste estabelece relaes de amizade
e cooperao com todos os outros povos, preconizando a soluo pacfica dos
conflitos, o desarmamento geral, simultneo e controlado, o estabelecimento
de um sistema de segurana coletiva e a criao de uma nova ordem econmica internacional, capaz de assegurar a paz e a justia nas relaes entre os
povos.
3. A Repblica Democrtica de Timor-Leste mantm laos privilegiados com
os pases de lngua oficial portuguesa.
4. A Repblica Democrtica de Timor-Leste mantm laos especiais de amizade e cooperao com os pases vizinhos e os da regio.
Artigu 8.
(Relasaun internasionl)
1. Iha relasaun internasionl Repblika Demokrtika Timr-Leste lao
tuir prinspiu kona-ba independnsia nasionl, kona-ba povu ida-idak
nia direitu atu hetan auto-determinasaun no independnsia, kona-ba
povu ida-idak nia soberania permanente ba nia rikeza no rekursu naturl, kona-ba protesaun ba direitus umanus, kona-ba respeitu ba Estadu
ida-idak nia soberania, integridade territoril no igualdade ho Estadu
sira seluk no kona-ba la injernsia iha Estadu ida-idak nia asuntu internu.
2. Repblika Demokrtika Timr-Leste estabelese relasaun kona-ba
amizade no kooperasaun ho povu sira seluk hotu, defende solusaun
pasfika ba konflitu, dezarmamentu jerl, simultneu no kontroladu,
estabelesimentu ba sistema ba seguransa koletiva ida no kriasaun ba
orden ekonmika internasionl foun ida, neeb bele kaer-metin paz no
justisa iha povu sira-nia relasaun.
3. Repblika Demokrtika Timr-Leste kaer-metin ligasaun privilejiada ho pas sira-neeb uza portugs hanesan lian ofisil.
4. Repblika Demokrtika Timr-Leste kaer-metin ligasaun espesil
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Artigo 8.
(Relaes internacionais)
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Artigo 8.
(Relaes internacionais)
II Anotao
1 O art. 8. trata do posicionamento de Timor-Leste no mundo, contendo
os princpios e as regras jurdicas fundamentais que devem nortear a atuao do Estado timorense no mbito das relaes que estabelece e mantm
com os outros Estados soberanos e com os demais membros da comunidade
internacional. A ideia geral que resulta do conjunto a de uma grande abertura ao relacionamento com os outros povos e Estados e de um significativo
entrosamento da atuao do Estado timorense com os princpios jurdicos
fundamentais que regem a vida internacional.
2 Tendo este artigo por funo regular a atuao de Timor-Leste no mbito
das suas relaes externas, o mbito de aplicao dos princpios e das regras
aqui previstas , fundamentalmente, o das relaes que o Estado timorense
estabelea com os demais membros da comunidade internacional. Esse mbito de aplicao predominante no obsta, no entanto, a que os princpios e
regras contidas neste artigo possam ter aplicao tambm na ordem interna,
quer nas atividades preparatrias da atuao timorense na ordem internacional, quer, mesmo, em situaes do foro interno que suscitem diretamente
a aplicao daqueles princpios ou regras, em questes que envolvam, por
exemplo, nacionais de outros Estados (art. 10.).
3 Os princpios constantes do n. 1 deste art. 8. esto aqui previstos enquanto normas constitucionais, no enquanto normas internacionais. O art. 8., n.
1, no constitui uma clusula de receo dos princpios gerais de direito internacional essa funo desempenhada, na Constituio timorense, pelo
n. 1 do art. 9.. Aquilo que temos, no art. 8., n. 1, a constitucionalizao,
atravs dos critrios escolhidos pelo legislador constituinte, de um conjunto
de princpios oriundos do direito internacional e cujo contedo se preencher,
em regra, a partir deste.
4 O primeiro dos princpios enunciados pelo art. 8., n. 1, o princpio da
independncia nacional, que decorre em linha reta da soberania e da independncia com que o art. 1. da Constituio caracteriza o Estado timorense. Este princpio implica a definio de Timor-Leste, na sua relao com os
outros Estados e demais sujeitos de direito internacional, como um Estado
independente, ou seja, autnomo na tomada das suas decises e na execuo
das mesmas, quer na ordem interna, quer na ordem internacional, sem admitir
determinaes ou imposies externas.
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Artigo 8.
(Relaes internacionais)
Desta garantia constitucional da independncia nacional decorre a impossibilidade de degradao do estatuto do Estado timorense atravs de situaes
que configurem a perda ou restrio da liberdade conformadora da direo
poltica estadual, como sejam, desde logo, a anexao, fuso ou qualquer forma de diluio de Timor-Leste noutra entidade estadual, ou ainda a assuno
de um estatuto em que alguns dos atributos do Estado soberano estejam ausentes, como seria o caso da entrega a outro Estado da responsabilidade pelas
relaes externas ou pela defesa de Timor-Leste.
5 O princpio que se segue no elenco do n. 1 do art. 8. o do direito dos
povos autodeterminao e independncia. O destaque conferido pela Constituio timorense a este direito que constitui, na ordem internacional, um
princpio de direito internacional pblico geral com carter imperativo, de jus
cogens facilmente explicvel se atendermos importncia que o princpio da autodeterminao teve na fundamentao e justificao do acesso de
Timor-Leste independncia, num processo conturbado em que o povo timorense se encontrou arredado, durante largo tempo, da tomada das decises
fundamentais quanto ao seu prprio destino.
O contedo do direito autodeterminao compreende vrias possibilidades
de efetivao, desde logo, a opo pela independncia. Um povo pode escolher outros destinos, como um estatuto de autonomia ou de assimilao num
Estado unitrio, ou de associao com outros Estados num Estado federal, ou
outros, que no reclamam a instituio de um Estado soberano (Azeredo
Lopes, 2003, pp. 177 e ss. e pp. 418-419).
6 O princpio da soberania permanente dos povos sobre as suas riquezas e
recursos naturais um corolrio da unidade da soberania estadual, que garante a margem de autonomia de deciso do Estado timorense no apenas
relativamente s pessoas que se encontram no seu territrio e s atividades a
desenvolvidas, mas tambm relativamente aos recursos naturais presentes no
territrio, traduzida numa soberania econmica (Dinh, Daillier, Pellet, 2003, pp. 1064 e ss.).
A ideia de soberania permanente sobre os recursos naturais encontrou a sua
consagrao, na ordem internacional, atravs da Resoluo n. 1803, de 14 de
dezembro de 1962, da Assembleia Geral das Naes Unidas, e constitui uma
das ideias precursoras da Nova Ordem Econmica Internacional.
O relevo que a Constituio timorense resolveu conceder ao princpio da soberania permanente sobre os recursos naturais poder encontrar explicao
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Artigo 8.
(Relaes internacionais)
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Artigo 8.
(Relaes internacionais)
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Artigo 8.
(Relaes internacionais)
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Artigo 8.
(Relaes internacionais)
(Machado, 2004, pp. 441 e ss.). Esta reorientao encontrou a sua expresso inicial mais visvel na proposta de uma Nova Ordem Econmica Internacional, que ganhou expresso a partir da dcada de 50 do sculo passado
e culminou com a aprovao, em 1974, pela Assembleia Geral das Naes
Unidas, das Resolues n.os 3201 e 3202, de 1 de maio (Declarao que estabelece uma Nova Ordem Econmica Mundial e Plano de Ao para uma
Nova Ordem Econmica Mundial, respetivamente), e 3281, de 12 de dezembro (Carta dos Direitos e Deveres Econmicos dos Estados).
11 Os dois ltimos nmeros do art. 8. contm clusulas de tratamento preferencial de outros Estados, no seu relacionamento com Timor-Leste. O n. 3
trata da situao dos demais pases de lngua oficial portuguesa Angola,
Brasil, Cabo Verde, Guin-Bissau, Moambique, Portugal e So Tom e Prncipe , nas relaes com os quais Timor-Leste, para alm do respeito pelos
princpios e regras previstos nos nmeros anteriores do art. 8., dever procurar manter laos privilegiados.
O fundamento do recurso lngua oficial comum para a delimitao de um
conjunto de pases com os quais Timor-Leste dever manter relaes mais
estreitas encontra-se na afinidade cultural que a identidade lingustica pressupe e numa experincia histrica comum, que ter proporcionado o surgimento dessa utilizao partilhada da mesma lngua.
A adeso de Timor-Leste, logo em 2002, CPLP, organizao internacional
que agrupa os pases lusfonos, insere-se neste objetivo de estabelecimento
de laos privilegiados com os pases de lngua portuguesa.
12 O n. 4 do art. 8. prev, por seu turno, o estabelecimento de laos especiais de amizade e de cooperao entre Timor-Leste e os pases vizinhos e
os da regio. Para alm dos Estados com os quais Timor-Leste tem fronteiras
terrestres e martimas (Indonsia) ou s martimas (Austrlia), cabem aqui
os outros Estados do Sudeste Asitico, regio na qual Timor-Leste se insere,
e, plausivelmente, ainda os outros Estados do Pacfico Sul de cuja zona de
transio se encontra prximo.
A inteno de adeso ASEAN, organizao internacional regional de cooperao que integra diversos Estados do Sudeste Asitico, j declarada pelos
titulares de rgos de soberania de Timor-Leste, constitui exemplo qualificado da prossecuo de laos especiais de amizade e cooperao com os pases
da regio.
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Artigo 9.
(Receo do direito internacional)
Artigo 9.
(Receo do direito internacional)
1. A ordem jurdica timorense adota os princpios de direito internacional
geral ou comum.
2. As normas constantes de convenes, tratados e acordos internacionais
vigoram na ordem jurdica interna mediante aprovao, ratificao ou adeso
pelos respetivos rgos competentes e depois de publicadas no jornal oficial.
3. So invlidas todas as normas das leis contrrias s disposies das convenes, tratados e acordos internacionais recebidos na ordem jurdica interna timorense.
Artigu 9.
(Resesaun ba direitu internasionl)
1. Orden jurdika timr adota direitu internasionl jerl ka komn nia
prinspiu.
2. Konvensaun, tratadu no akordu internasionl sira-nia norma moris
iha orden jurdika interna kuandu iha aprovasaun, ratifikasaun ka adezaun hosi ida-idak nia rgaun kompetente no publika ona iha jornl
ofisil.
3. Norma hotu-hotu iha lei neeb viola dispozisaun iha konvensaun,
tratadu no akordu internasionl neeb simu tiha ona iha orden jurdika
interna timr la vale.
I Referncias
1 Direito internacional: CVDT, de 23 de maio de 1969, ratificada pela Resoluo
do Parlamento Nacional n. 5/2004, de 28 de julho.
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 13.); Constituio
da Repblica de Cabo Verde (arts. 12. a 14.); Constituio da Repblica Portuguesa
(art. 8.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 13.).
3 Direito timorense: Lei n. 6/2010, de 12 de maio (Tratados Internacionais).
4 Doutrina: Nuno Marques ANTUNES, Spatial Allocation of Continental Shelf
Rights in the Timor Sea: Reflections on Maritime Delimitation and Joint Development, in Nuno Marques Antunes, Estudos em Direito Internacional Pblico,
Coimbra, Almedina, 2004; Antonio CASSESE, International Law, Oxford, Oxford
University Press, 2001; Ricardo Sousa da CUNHA, A realidade constitucional Timorense na relao com a alteridade, in Michael LEACH et al. (eds.), Compreender Timor-Leste, Dli, Timor-Leste Studies Association, 2010; Nguyen Quoc DINH,
Allain PELLET, Patrick DAILLEUR, Droit International Public, 7.a ed., L.G.D.J., Paris, 2002; Patrcia JERNIMO, Direito Internacional Pblico: O regime internacional dos espaos, 2009, publicao online, disponvel na WWW: <URL: http://www.
fup.pt>, consultada em 14 dez. 2010; Jaime VALLE, A concluso dos tratados internacionais na Constituio timorense de 2002, in O Direito, IV, n. 139, 2007; Melissa
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Artigo 9.
(Receo do direito internacional)
II Anotao
1 Este artigo define a relao do ordenamento jurdico timorense com o
direito internacional, distinguindo, como noutros ordenamentos jurdicos, diferentes regimes de receo de direito internacional.
2 A definio das condies de receo constitucional do direito internacional tem encontrado duas modalidades: incorporao e transformao. O
regime de incorporao dominante segundo a tradio dos sistemas jurdicos da famlia civilista, nos quais os atos de direito internacional vigoram
no ordenamento jurdico nacional nessa qualidade de atos de direito internacional. Nestes sistemas, a receo pode ser automtica, por simples operao
constitucional, ou condicionada prvia adoo de atos derivados de direito interno. Os regimes de transformao, tpicos dos sistemas common law,
exigem que a vigncia de qualquer ato de direito internacional se faa pela
converso em atos de direito interno, especialmente de cariz parlamentar. Estas distines so cada vez menos decisivas, encontrando-se na Constituio
diferentes regimes que distinguem em funo das normas de direito internacional recebidas.
3 A opo constitucional pela distino entre o regime das normas de direito internacional geral e comum (n. 1) e de direito convencional (n.
2), comum a outros ordenamentos jurdicos, no , numa perspetiva jurdico-internacional, isenta de problemas, uma vez que nem sempre claro se
uma norma vigora enquanto costume de direito internacional ou se releva por
constar de conveno internacional a que o Estado se vinculou regularmente.
O crescente esforo de codificao internacional assenta, em larga medida,
na prvia vigncia consuetudinria das respetivas normas, o que no facilita
uma soluo unvoca para esta questo. Neste artigo, esta dificuldade acrescida pela utilizao de diversos conceitos relativamente ao direito internacional convencional, no n. 2, que distingue convenes, tratados e acordos
internacionais, em termos que nem sempre tm reflexo noutras disposies
da Constituio ou de direito internacional.
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Artigo 9.
(Receo do direito internacional)
4 Os princpios de direito internacional geral ou comum fazem parte integrante do direito interno, sem necessidade de qualquer ato que lhe reconhea
expressamente carter de fonte de direito. Esta clusula da receo automtica e imediata dos princpios que enformam a vida da comunidade internacional expressa um muito relevante grau de abertura do ordenamento jurdico
timorense ao direito internacional, que marcou decisivamente o processo de
restaurao da independncia.
5 A receo do direito internacional de origem convencional fica condicionada aprovao, ratificao ou adeso pelos respetivos rgos competentes e respetiva publicao no jornal oficial. Naturalmente, apesar de no
se referir neste artigo, a vinculao interna no dispensa a prvia vigncia
internacional. O processo de vinculao interna do Estado a tratados e convenes internacionais est previsto em diversos preceitos constitucionais.
Assim, nos termos do art. 95., n. 3, alnea f), compete ao Parlamento Nacional aprovar e denunciar acordos e ratificar tratados e convenes internacionais; enquanto o Presidente da Repblica, nos termos do art. 85., alnea a),
se limita a mandar publicar as resolues do Parlamento Nacional que aprovem acordos e ratifiquem tratados e convenes internacionais. Compete, no
entanto, ao Governo a definio geral da poltica do Estado, nos termos do
art. 103., incluindo em matria de relaes internacionais, nos termos do art.
115., alneas f) Preparar e negociar tratados e acordos e celebrar, aprovar,
aderir e denunciar acordos internacionais que no sejam da competncia do
Parlamento Nacional ou do Presidente da Repblica; g) Definir e executar a
poltica externa do pas; h) Assegurar a representao da Repblica Democrtica de Timor-Leste nas relaes internacionais. No se retira, assim, da interveno presidencial externa na conduo, com o Governo, das negociaes
para a concluso de acordos internacionais na rea da defesa e segurana, nos
termos do art. 87., alnea d), qualquer poder na definio da poltica externa
do Estado, ainda cometida ao Governo nos termos do art. 115., alnea g), da
Constituio.
6 A Lei n. 6/2010, de 12 de maio (Tratados Internacionais), distingue a competncia do Governo ou do Parlamento Nacional para a vinculao externa do Estado, consoante se trate de Tratados ou acordos sob a forma simplificada, e nestes reservando para o PN as matrias relativas sua competncia legislativa exclusiva ou quando se tratar de questes bsicas da poltica externa do pas (art. 9. da Lei n. 6/2010). Esta soluo no isenta de
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Artigo 9.
(Receo do direito internacional)
dvidas, uma vez que a Constituio no distingue a competncia para a vinculao externa do Estado segundo a competncia legislativa de cada um dos
rgos de soberania em sentido inverso, alis, a Constituio garante ao PN
a competncia para aprovar e denunciar acordos e ratificar tratados e convenes internacionais (art. 95., n. 3, alnea f)) e, apenas subsidiariamente,
pode o Governo Preparar e negociar tratados e acordos e celebrar, aprovar,
aderir e denunciar acordos internacionais que no sejam da competncia do
Parlamento Nacional ou do Presidente da Repblica (art. 115., alnea f)).
No mesmo sentido de afastamento da previso constitucional (art. 87., alnea
d)) labora a previso de uma diferente interveno presidencial, em matria de
relaes internacionais na rea da defesa e segurana, no art. 6., n. 4.
7 Alm destas normas na receo do direito internacional geral e convencional, a Constituio reconhece, nos termos do art. 23., a Declarao Universal dos Direitos do Homem como parmetro de interpretao das normas de
direitos e deveres fundamentais. Acolhe, assim, tambm uma especial integrao entre o ordenamento jurdico nacional e o direito internacional no que
concerne a proteo de direitos fundamentais/direitos humanos, apontada j
noutros espaos (WATERS, 2007, pp. 627 e ss.).
8 No se faz neste mesmo artigo qualquer referncia vigncia de atos unilaterais de organizaes internacionais ou decises jurisdicionais, que sempre
haver de procurar no cotejo (nem sempre fcil) das solues de direito internacional, nomeadamente no cumprimento do disposto nos pactos fundadores
das organizaes internacionais, e constitucional, em especial no que concerne o princpio da constitucionalidade.
9 A questo da posio hierrquica das normas recebidas nem sempre
resolvida constitucionalmente. O n. 3 deste artigo parece apontar para a posio supralegal das disposies das convenes, tratados e acordos internacionais recebidos na ordem jurdica interna timorense, pela cominao da
invalidade de todas as normas das leis que as contrariem. Nada se diz quanto
posio hierrquica do direito internacional convencional face s disposies constitucionais, problema que h de ser resolvido, tendo em conta, por
um lado, o disposto no art. 27. da Conveno de Viena sobre o Direito dos
Tratados (CVDT), recebido no termos do n. 2 deste artigo, relativamente
inoponibilidade das disposies constitucionais para incumprimento de obrigaes internacionais convencionais, e, por outro lado, o princpio da consti52
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Artigo 9.
(Receo do direito internacional)
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Artigo 10.
(Solidariedade)
Artigo 10.
(Solidariedade)
1. A Repblica Democrtica de Timor-Leste solidria com a luta dos povos
pela libertao nacional.
2. A Repblica Democrtica de Timor-Leste concede asilo poltico, nos termos da lei, aos estrangeiros perseguidos em funo da sua luta pela libertao
nacional e social, defesa dos direitos humanos, democracia e paz.
Artigu 10.
(Solidariedade)
1. Repblika Demokrtika Timr-Leste iha solidariedade ho povu idaidak nia luta ba libertasaun nasionl.
2. Repblika Demokrtika Timr-Leste f azilu poltiku, tuir lei, ba
estranjeiru sira-neeb hasoru persegisaun tanba sira-nia luta ba libertasaun nasionl no sosil, ba defeza ba direitus umanus, ba demokrasia
no ba paz.
I Referncias
1 Direito internacional: Conveno de Genebra relativa ao Estatuto do Refugiado,
de 28 de julho de 1951, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 20/2003,
de 17 de setembro; Protocolo de Nova Iorque, de 31 de janeiro de 1967, adicional
Conveno Relativa ao Estatuto dos Refugiados, concluda em Genebra em 28 de
julho de 1951.
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 39.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 20.).
3 Direito timorense: Lei n. 9/2003, de 15 de outubro (Imigrao e Asilo).
II Anotao
1 Depois de enunciar, no Prembulo, que esta a Constituio que culmina
um processo de libertao do povo timorense da colonizao e da ocupao
ilegal, depois de afirmar, no art. 8., os princpios e os fins por que se devem
orientar as relaes do Estado com os outros atores internacionais, a sublinhando o seu compromisso com o direito autodeterminao e independncia dos povos, afirma-se aqui, no n. 1, a solidariedade com a luta de outros
povos pela libertao nacional.
2 Por solidariedade, neste contexto, cr-se dever entender-se o empenhamento ativo do Estado com a luta de outros povos que ainda no atingiram a
autodeterminao a que aspiram.
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Artigo 10.
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Artigo 10.
(Solidariedade)
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Artigo 11.
(Valorizao da resistncia)
Artigo 11.
(Valorizao da resistncia)
1. A Repblica Democrtica de Timor-Leste reconhece e valoriza a resistncia secular do Povo Maubere contra a dominao estrangeira e o contributo
de todos os que lutaram pela independncia nacional.
2. O Estado reconhece e valoriza a participao da Igreja Catlica no processo de libertao nacional de Timor-Leste.
3. O Estado assegura proteo especial aos mutilados de guerra, rfos e
outros dependentes daqueles que dedicaram as suas vidas luta pela independncia e soberania nacional e protege todos os que participaram na resistncia
contra a ocupao estrangeira, nos termos da lei.
4. A lei define os mecanismos para homenagear os heris nacionais.
Artigu 11.
(Valorizasaun ba rezistnsia)
1. Repblika Demokrtika Timr-Leste rekoese no f valr ba Povu
Maubere nia rezistnsia sekulr hasoru rai-seluk nia dominasaun no ba
sira hotu neeb luta ba independnsia nasionl nia kontribuisaun.
2. Estadu rekoese no f valr ba Igreja Katlika nia partisipasaun iha
prosesu ba Timr-Leste nia libertasaun nasionl.
3. Estadu asegura protesaun espesil ba ema mutiladu iha funu, no
ema neeb entrega nia vida ba funu tanba independnsia no soberania
nasionl nia oan-kiak no dependente sira seluk no proteje ema hotu
neeb partisipa iha rezistnsia hasoru okupasaun estranjeira, tuir lei.
4. Lei define mekanizmu atu f omenajen ba eroi nasionl sira.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 84.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 5.); Constituio da Repblica de Moambique (arts. 15. e 16.).
2 Direito timorense: Lei n. 3/2006, de 12 de abril (Estatuto dos Combatentes da
Libertao Nacional); Lei n. 9/2009, de 29 de julho (Primeira Alterao da Lei n.
3/2006, de 12 de abril); Lei n. 2/2011, de 23 de maro (Segunda Alterao da Lei n.
3/2006, de 12 de abril); Resoluo do Governo n. 10/2008, de 4 de junho (Distino
com valor de penso superior a figuras proeminentes na Luta de Libertao e Independncia de Timor-Leste); Resoluo do Governo n. 39/2010, de 29 de setembro
(Princpios Orientadores do Relacionamento dos Cidados e das Instituies de Segurana de Timor-Leste com os Combatentes da Libertao Nacional).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Prembulo.
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Artigo 11.
(Valorizao da resistncia)
II Anotao
1 Tal como sobressai do Prembulo e se destaca na respetiva anotao, a
exaltao das aes heroicas dos fundadores e a legitimao da desordem revolucionria donde emergiu a nova ordem jurdico-constitucional pertencem
a uma tradio comum ao movimento constitucional moderno.
2 Contudo, a Constituio timorense vai mais longe, inscrevendo no prprio
texto no apenas a homenagem s geraes precedentes a resistncia secular do Povo Maubere contra a dominao estrangeira, sobretudo a opresso
colonial portuguesa mas tambm as invases australiana e japonesa que sucessivamente ocorreram durante a 2.a Guerra Mundial (n. 1) mas tambm o
dever de assegurar especial proteo, que recai sobre o Estado e as geraes
presentes, aos mutilados de guerra, rfos e outros dependentes, sem esquecer todos os que participaram na resistncia contra a ocupao estrangeira que se refere, agora, ocupao indonsia. Comete-se expressamente
ao legislador a concretizao deste imperativo de solidariedade assim como a
definio dos mecanismos para homenagear os heris nacionais (n.os 3 e 4).
3 tambm assinalado, no n. 2, o reconhecimento Igreja Catlica pelo
relevante papel que desempenhou no processo de libertao nacional de Timor-Leste e a sua solidariedade com o sofrimento do povo, j evocada no
Prembulo.
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Artigo 12.
(O Estado e as confisses religiosas)
Artigo 12.
(O Estado e as confisses religiosas)
1. O Estado reconhece e respeita as diferentes confisses religiosas, as quais
so livres na sua organizao e no exerccio das atividades prprias, com observncia da Constituio e da lei.
2. O Estado promove a cooperao com as diferentes confisses religiosas,
que contribuem para o bem-estar do povo de Timor-Leste.
Artigu 12.
(Estadu no konfisaun relijioza sira)
1. Estadu rekoese no respeita konfisaun relijioza ida-idak, neeb sei
iha liberdade atu organiza-an no ezerse nia aktividade rasik, ho respeitu ba Konstituisaun no lei.
2. Estadu promove kooperasaun ho konfisaun relijioza oioin, neeb
kontribui ba Timr-Leste nia povu atu moris-diak.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (art. 18.).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 10., n.os 2 e 3);
Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 6., n. 2); Constituio da Repblica
da Indonsia (art. 1., n.os 2 e 3); Constituio da Repblica de Moambique (art. 12.,
n.os 3 e 4).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 16.; 45..
II Anotao
1 Este artigo deve ser interpretado em articulao com o art. 45., onde
explicitamente consagrado o princpio da separao entre as confisses religiosas e o Estado. No n. 2 trata-se de proceder ao reconhecimento da autonomia e utilidade do estabelecimento de relaes de cooperao com as igrejas
e demais instituies religiosas, que cabe ao Estado positivamente promover
no interesse do bem-estar do povo de Timor-Leste.
2 assegurada a todas as confisses religiosas a liberdade para se estabelecerem, organizarem e exercerem as suas atividades prprias com observncia da Constituio e da lei. O exerccio desta liberdade inseparvel
da liberdade de religio, de culto, de ensino da religio e da proibio da
discriminao com base nas convices religiosas, reguladas pelo j referido art. 45., n.os 1, 2 e 4, que cuida, simultaneamente, de direitos coletivos e
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Artigo 12.
(O Estado e as confisses religiosas)
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Artigo 13.
(Lnguas oficiais e lnguas nacionais)
Artigo 13.
(Lnguas oficiais e lnguas nacionais)
1. O ttum e o portugus so as lnguas oficiais da Repblica Democrtica de
Timor-Leste.
2. O ttum e as outras lnguas nacionais so valorizadas e desenvolvidas pelo
Estado.
Artigu 13.
(Lian ofisil no nasionl)
1. Repblika Demokrtika Timr-Leste nia lian ofisil maka tetun ho
portugs.
2. Estadu valoriza no dezenvolve tetun ho lian nasionl sira seluk.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 19.); Constituio da Repblica Federativa do Brasil (art. 13.); Constituio da Repblica de Cabo
Verde (art. 9.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 10.); Constituio da
Repblica Portuguesa (art. 11., n. 3).
2 Direito timorense: Decreto do Governo n. 1/2004, de 14 de abril (O Padro Ortogrfico da Lngua Ttum); Resoluo do Governo, aprovada no dia 2 de setembro de
2011 (Cria a Comisso Nacional para o Instituto Internacional da Lngua Portuguesa);
Resoluo do Parlamento Nacional n. 20/2011, de 7 de setembro (A Importncia da
Promoo e do Ensino nas Lnguas Oficiais para a Unidade e Coeso Nacionais e para
a Consolidao de uma Identidade Prpria e Original no Mundo).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 8., n. 3; 159..
II Anotao
1 O ttum uma das lnguas nacionais de Timor-Leste e pertence ao grupo
lingustico malaio-polinsio, sendo o veculo ancestral de comunicao entre as populaes da maior parte do territrio, falantes de lnguas autctones
muito numerosas e diversas. Como lngua franca, cedo recebeu as atenes
dos missionrios jesutas, mas a adoo do ttum como lngua litrgica pela
Igreja Catlica s iria ocorrer em 1981, como reao e alternativa proibio
pela Indonsia do uso do portugus. uma lngua de tradio oral, pelo que
s no final do sculo passado surgiram as primeiras propostas de fixao de
uma norma ortogrfica.
2 O padro ortogrfico da lngua ttum desenvolvido pelo Instituto Nacional de Lingustica INL foi aprovado pelo Decreto do Governo n. 1/2004,
de 14 de abril, para ser adotado no ensino, nas publicaes oficiais e na
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Artigo 13.
(Lnguas oficiais e lnguas nacionais)
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Artigo 13.
(Lnguas oficiais e lnguas nacionais)
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Artigo 14.
(Smbolos nacionais)
Artigo 14.
(Smbolos nacionais)
1. Os smbolos nacionais da Repblica Democrtica de Timor-Leste so a
bandeira, o emblema e o hino nacional.
2. O emblema e o hino nacional so aprovados por lei.
Artigu 14.
(Smbolu nasionl)
1. Repblika Demokrtika Timr-Leste nia smbolu nasionl maka
bandeira, emblema no inu nasionl.
2. Lei maka aprova emblema no inu nasionl.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 18.); Constituio
da Repblica Federativa do Brasil (art. 13., 1.); Constituio da Repblica de Cabo
Verde (art. 8.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 22.); Constituio
da Repblica de Moambique (art. 13.); Constituio da Repblica Portuguesa (art.
11.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 14.).
2 Direito timorense: Lei n. 2/2007, de 18 de janeiro (Smbolos Nacionais); Resoluo do Parlamento Democrtico n. 10/2010, de 28 de abril (Smbolos Nacionais); Decreto que aprova o Regulamento do Hastear da Bandeira Nacional em Dias Solenes,
aprovado em Conselho de Ministros no dia 22 de junho de 2011.
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 15.; 95., n. 2, alnea c); 156., n.
1, alnea i); 166..
II Anotao
1 Os trs smbolos nacionais identificados pela Constituio so a bandeira, o emblema e o hino nacional (n. 1), deferindo ao legislador a aprovao
e definio material do emblema e do hino (n. 2), sendo este ltimo objeto da
norma transitria que consta do art. 166., onde se adota, para ser executada
nas cerimnias oficiais, a melodia Ptria, Ptria, Timor-Leste a nossa nao, at aprovao da lei ordinria.
2 A Bandeira definida pelos n.os 1 e 2 do art. 15..
3 Os smbolos transportam memrias coletivas dolorosas de um passado de
conflito e despertam com frequncia emoes contraditrias que dificultam a
obteno de um desejvel consenso.
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Artigo 15.
(Bandeira Nacional)
Artigo 15.
(Bandeira Nacional)
1. A Bandeira Nacional retangular e formada por dois tringulos issceles
de bases sobrepostas, sendo um tringulo preto com altura igual a um tero
do comprimento que se sobrepe ao amarelo, cuja altura igual a metade do
comprimento da bandeira. No centro do tringulo de cor preta fica colocada
uma estrela branca de cinco pontas, que simboliza a luz que guia. A estrela
branca apresenta uma das pontas virada para a extremidade superior esquerda
da bandeira. A parte restante da bandeira tem a cor vermelha.
2. As cores representam: Amarelo os rastos do colonialismo; Preto o obscurantismo que preciso vencer; Vermelho a luta pela libertao nacional;
Branco a paz.
Artigu 15.
(Bandeira nasionl)
1. Bandeira nasionl iha forma retangulr no iha nia laran iha tringulu
izseles rua ho sira-nia baze sobrepostu (6); tringulu ida, metan, ho
nia altura hanesan ho komprimentu neeb sobrepoen ba tringulu ida
seluk, kinur, nia datoluk ida; tringulu amarelu nia altura hanesan ho
bandeira nia komprimentu nia sorin-balu. Iha tringulu metan nia klaran tau hela fitun mutin ida ho sanak lima, neeb simboliza naroman
be hatudu dalan. Fitun mutin nee nia sanak ida hatudu ba bandeira
nia rohan leten hosi liman-karuk. Bandeira nia parte sira seluk iha kr
mean.
2. Kr sira-nee reprezenta: Kinur kolonializmu nia ain-fatin; Metan obskurantizmu neeb tenke halakon; Mean luta ba libertasaun
nasionl; Mutin paz.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 8., n. 2);
Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 22., n. 2); Constituio da Repblica de Moambique (art. 297.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom
e Prncipe (art. 14., n. 1).
2 Direito timorense: Lei n. 2/2007, de 18 de janeiro (Smbolos Nacionais); Resoluo do Parlamento Democrtico n. 10/2010, de 28 de abril (Smbolos Nacionais); Decreto que aprova o Regulamento do Hastear da Bandeira Nacional em Dias Solenes,
aprovado em Conselho de Ministros no dia 22 de junho de 2011.
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 14., n. 1; 156., n. 1, alnea i).
(6) Sobrepostu (adj) tula-malu hela; ida hela iha ida seluk nia leten.
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Artigo 15.
(Bandeira Nacional)
II Anotao
1 A Constituio no se limita identificao material da bandeira, descrevendo as suas formas, composio e cores (n. 1). Cuida tambm da explicao dos smbolos e do significado das cores.
2 Tambm aqui o peso da memria no facilitou a construo dos consensos
que, apesar da polmica, acabaram por prevalecer.
3 O Conselho de Ministros aprovou, no dia 22 de junho de 2011, um Decreto
que regulamenta o uso dos smbolos nacionais em todas as instituies do Estado. Determina este Decreto que a Bandeira Nacional deve ser hasteada em
dias solenes, como o Dia das Falintil-FDTL, celebrado a 1 de fevereiro, o dia
da Polcia Nacional de Timor-Leste, celebrado a 27 de maro, e o Dia das Foras Armadas de Libertao Nacional de Timor-Leste (FALINTIL), celebrado
a 20 de agosto. O mesmo Decreto determina, ainda, que a Bandeira Nacional
deve ser hasteada em todas as instituies do Estado, incluindo os estabelecimentos de ensino, na primeira segunda-feira de cada ms, de acordo com os
mesmos procedimentos protocolares.
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Artigo 16.
(Universalidade e igualdade)
PARTE II
DIREITOS, DEVERES, LIBERDADES
E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
TTULO I
PRINCPIOS GERAIS
Artigo 16.
(Universalidade e igualdade)
1. Todos os cidados so iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e
esto sujeitos aos mesmos deveres.
2. Ningum pode ser discriminado com base na cor, raa, estado civil, sexo,
origem tnica, lngua, posio social ou situao econmica, convices polticas ou ideolgicas, religio, instruo ou condio fsica ou mental.
Artigu 16.
(Universalidade no igualdade)
1. Sidadaun hotu-hotu hanesan iha lei nia oin, iha direitu hanesan no
iha devr hanesan.
2. Ema ida labele hetan diskriminasaun tanba nia kr, rasa, estadu sivl,
seksu, orijen tnika, lngua, pozisaun sosil ka situasaun ekonmika,
konviksaun poltika ka ideoljika, relijiaun, instrusaun ka kondisaun
fzika ka mentl.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (arts. 1., 2. e 7.);
PIDCP, de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 3/2003, de 22 de julho (arts. 2., n. 1, 3. e 26.); PIDESC, de 16 de dezembro de
1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 8/2003, de 3 de setembro
(art. 2., n. 2); Conveno Internacional sobre a Proteo dos Direitos de Todos os
Trabalhadores Migrantes e dos Membros das suas Famlias, de 18 de dezembro de
1990, ratificada pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 23/2003, de 19 de novembro (art. 7.); CDC, de 20 de novembro de 1989, ratificada pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 16/2003, de 17 de setembro (art. 2.); CIEDR, de 21 de dezembro
de 1965, ratificada pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 10/2003, de 10 de setembro; CEDM, de 18 de dezembro de 1979, ratificada pela Resoluo do Parlamento
Nacional n. 11/2003, de 17 de setembro.
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Moambique (art. 35.); Constituio da Repblica Portuguesa (arts. 12. e 13.).
3 Direito timorense: Cdigo Penal, aprovado pelo DL n. 19/2009, de 8 de abril,
e alterado pela Lei n. 6/2009, de 15 de julho (arts. 52., n. 2, alnea e); 123.; 124.,
alneas h) e j); 135.; 139., alnea e)).
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Artigo 16.
(Universalidade e igualdade)
II Anotao
1 Este preceito agrega dois princpios gerais em matria de direitos fundamentais: o princpio da universalidade, segundo o qual todas as pessoas,
pelo simples facto de serem pessoas, so titulares de direitos e deveres, e o
princpio da igualdade, segundo o qual todas as pessoas so iguais perante a
lei, no podendo ser privilegiadas ou desfavorecidas, em funo de condies
subjetivas como a raa, o sexo ou a religio. A base constitucional de ambos
os princpios o respeito pela dignidade da pessoa humana, enunciado no art.
1., n. 1, da Constituio, que impe o reconhecimento do igual valor de todos os seres humanos, independentemente da sua situao econmica, social,
cultural e poltica.
2 A frmula inicial do n. 1 todos os cidados , embora atribua, em
primeira linha, direitos e deveres aos membros da comunidade poltica, no
visa a excluso dos estrangeiros e aptridas. Vem neste sentido a frmula
inicial do n. 2, ningum pode ser discriminado. Alguns direitos, por serem inerentes dignidade da pessoa humana (como a vida, a integridade fsica, a liberdade), no podem deixar de ser reconhecidos a todas as pessoas,
independentemente da cidadania. A vinculao de Timor-Leste aos mais
importantes instrumentos internacionais de proteo dos direitos humanos recomenda uma interpretao alargada do princpio da universalidade.
Em sentido diverso, ver a fundamentao dos Acrdos do Tribunal de Recurso n. 02/2003 (Fiscalizao Preventiva de Constitucionalidade) e n. 03/2003
(Fiscalizao Abstrata Sucessiva de Constitucionalidade).
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Artigo 16.
(Universalidade e igualdade)
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Artigo 16.
(Universalidade e igualdade)
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Artigo 17.
(Igualdade entre mulheres e homens)
Artigo 17.
(Igualdade entre mulheres e homens)
A mulher e o homem tm os mesmos direitos e obrigaes em todos os domnios da vida familiar, cultural, social, econmica e poltica.
Artigu 17.
(Igualdade entre feto ho mane)
Feto no mane iha direitu no obrigasaun hanesan iha vida familir, kulturl, sosil, ekonmika no poltika nia domniu hotu-hotu.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (art. 16., n. 1); PIDCP,
de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n.
3/2003, de 22 de julho (arts. 3. e 23., n. 4); PIDESC, de 16 de dezembro de 1966,
ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 8/2003, de 3 de setembro (arts.
3. e 7., alnea a)); CEDM, de 18 de dezembro de 1979, ratificada pela Resoluo do
Parlamento Nacional n. 11/2003, de 17 de setembro; Protocolo Opcional CEDM, de
6 de outubro de 1999, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 12/2003,
de 17 de setembro; Protocolo Adicional Conveno das Naes Unidas Contra o
Crime Organizado Transnacional, relativo Preveno, Represso e Punio do
Trfico de Pessoas, em Especial Mulheres e Crianas, de 15 de novembro de 2000,
ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 29/2009, de 9 de setembro.
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 35., n. 3); Constituio da Repblica Federativa do Brasil (art. 5., I); Constituio da Repblica da
Guin-Bissau (art. 25.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 36.).
3 Direito timorense: Cdigo Penal, aprovado pelo DL n. 19/2009, de 8 de abril, e
alterado pela Lei n. 6/2009, de 15 de julho (art. 154.); Lei n. 3/2004, de 14 de abril
(Partidos Polticos); Lei n. 6/2006, de 28 de dezembro, com a redao da Lei n.
6/2007, de 31 de maio, e da Lei n. 7/2011, de 22 de junho (Lei Eleitoral para o Parlamento Nacional); Lei n. 3/2009, de 8 de julho (Lei das Lideranas Locais e sua Eleio); Lei n. 7/2010, de 7 de julho (Lei Contra a Violncia Domstica); DL n. 16/2008,
de 4 de junho (Orgnica da Secretaria de Estado da Promoo da Igualdade); Resoluo do Parlamento Nacional n. 16/2007, de 24 de outubro (Aprova a Criao do
Grupo das Mulheres Parlamentares Timorenses); Resoluo do Governo n. 11/2008,
de 19 de junho (Aprova a Constituio de Pontos Focais Para as Questes do Gnero);
Resoluo do Parlamento Nacional n. 12/2010, de 19 de maio (Relativa Preparao
de um Oramento que Tenha em Considerao a Igualdade de Gnero).
4 Doutrina: Susanne ALLDN, Post-Conflict Reconstruction and Womens Security. Analyzing Political Outputs in East Timor, Ume Working Papers in Peace and
Conflict Studies, n. 1, 2007; Hilary CHARLESWORTH e Mary WOOD, Women
and Human Rights in the Rebuilding of East Timor, in Nordic Journal of International Law, n. 71, 2002; Vanda NARCISO e Pedro HENRIQUES, As Mulheres e a Terra, uma Leitura da Situao em Timor-Leste, in Michael LEACH et al. (eds.), Compreender Timor-Leste, Dli, Timor-Leste Studies Association, 2010; Daniel Schroeter
SIMIO, Representando Corpo e Violncia. A Inveno da Violncia Domstica
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Artigo 17.
(Igualdade entre mulheres e homens)
em Timor-Leste, in Revista Brasileira de Cincias Sociais, vol. 21, n. 61, 2006; Ann
WIGGLESWORTH, Young Women and Gender Dimensions of Change in Timorese
Civil Society, in Michael LEACH et al. (eds.), Compreender Timor-Leste, Dli, Timor-Leste Studies Association, 2010.
5 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 6., alnea j); 16.; 39., n. 3; 50.,
n. 1; 63..
II Anotao
1 Este preceito reitera e refora o princpio geral de igualdade enunciado
no art. 16., sublinhando deste modo a importncia atribuda pelo legislador constituinte promoo da igualdade de gnero em Timor-Leste, contra
prticas arreigadas de discriminao contra as mulheres. Essa importncia
confirmada pela incluso, entre os objetivos fundamentais do Estado, do
propsito de criar, promover e garantir a efetiva igualdade de oportunidades
entre a mulher e o homem (art. 6., alnea j)), bem como pela concretizao, ao
longo do texto constitucional, do princpio da igualdade de gnero em vrios
setores-chave da vida da comunidade a famlia (art. 39., n. 3), o trabalho
(art. 50., n. 1), a participao poltica (art. 63.). inequvoca a imposio
constitucional de atuao em prol da igualdade de gnero por parte dos poderes pblicos, designadamente do legislador, o que poder envolver medidas de
discriminao positiva em benefcio das mulheres. Nesse sentido, a Resoluo
do Parlamento Nacional n. 16/2007, de 24 de outubro, que aprovou a criao
do Grupo das Mulheres Parlamentares Timorenses, afirmou ser obrigao
do Estado proteger as mulheres contra qualquer tipo de discriminao, e o
Governo, na sua Resoluo n. 11/2008, de 19 de junho, que aprovou a Constituio de Pontos Focais para as Questes de Gnero, anunciou o desenvolvimento de aes concertadas de promoo da igualdade e afirmao do papel
da mulher timorense na sociedade.
2 No cumprimento dos compromissos internacionais assumidos com a ratificao da Conveno sobre a Eliminao de Todas as Formas de Discriminao contra as Mulheres, Timor-Leste submeteu, em 2008, o seu relatrio
inicial ao Comit para a Eliminao da Discriminao contra as Mulheres
(Resoluo do Governo n. 4/2008, de 27 de fevereiro). O relatrio reconhece
a existncia de um sistema patriarcal dominante que delega responsabilidades e funes diferentes a homens e mulheres e que explica um menor investimento na educao das raparigas, uma menor participao das mulheres
no mercado de trabalho, a tradicional excluso das mulheres dos processos
de tomada de deciso e a frequncia com que as mulheres so vtimas de
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Artigo 17.
(Igualdade entre mulheres e homens)
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Artigo 17.
(Igualdade entre mulheres e homens)
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Artigo 18.
(Proteo da criana)
Artigo 18.
(Proteo da criana)
1. A criana tem direito a proteo especial por parte da famlia, da comunidade e do Estado, particularmente contra todas as formas de abandono, discriminao, violncia, opresso, abuso sexual e explorao.
2. A criana goza de todos os direitos que lhe so universalmente reconhecidos, bem como de todos aqueles que estejam consagrados em convenes
internacionais regularmente ratificadas ou aprovadas pelo Estado.
3. Todas as crianas, nascidas dentro ou fora do matrimnio, gozam dos mesmos direitos e da mesma proteo social.
Artigu 18.
(Protesaun ba labarik)
1. Labarik iha direitu ba protesaun espesil hosi famlia, hosi komunidade no hosi Estadu, liuliu hasoru abandonu, diskriminasaun, violnsia, opresaun, abuzu seksul no esplorasaun naran oin ida.
2. Labarik iha direitu hotu-hotu neeb rekoese tiha ona ba nia universalmente (7), no ms direitu sira-neeb konsagra tiha ona iha konvensaun internasionl be Estadu ratifika ka aprova tiha ona tuir nia lei.
3. Labarik hotu-hotu, moris hosi iha kazamentu nia laran ka lae, iha
direitu hanesan no iha protesaun sosil hanesan.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (art. 25., n. 2);
PIDCP, de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 3/2003, de 22 de julho (art. 24.); PIDESC, 16 de dezembro de 1966, ratificado
pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 8/2003, de 3 de setembro (arts. 10., n.
3, e 12., n. 2, alnea a)); CDC, de 20 de novembro de 1989, ratificada pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 16/2003, de 17 de setembro; Protocolo Facultativo
Conveno sobre os Direitos da Criana Relativo Venda de Crianas, Prostituio
Infantil e Pornografia Infantil, de 25 de maio de 2000, ratificado pela Resoluo do
Parlamento Nacional n. 17/2003, de 17 de setembro; Protocolo Facultativo Conveno sobre os Direitos da Criana Relativo Participao de Crianas em Conflitos
Armados, de 25 de maio de 2000, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional
n. 18/2003, de 17 de setembro; Conveno n. 182 da Organizao Internacional do
Trabalho Relativa Interdio das Piores Formas de Trabalho das Crianas e Ao
Imediata com Vista sua Eliminao, de 17 de junho de 1999, ratificada pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 9/2009, de 8 de abril; Conveno de Haia relativa
(7) Universalmente (adv) iha rai hotu-hotu; iha mundu; iha rai barak-liu; ema hotu-hotu ka
ema barak-liu.
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Artigo 18.
(Proteo da criana)
II Anotao
1 A Constituio reconhece criana a qualidade de sujeito de direitos fundamentais, autonomizando o seu tratamento normativo daquele que dado
famlia (art. 39.), o que significa que a criana, apesar de depender do apoio e
da orientao dos progenitores e demais membros da famlia para o seu cabal
desenvolvimento, no deve ter-se por completamente submetida aos ditames
dos adultos que compem o agregado familiar. Os direitos e interesses da
criana so protegidos, antes de mais, pela famlia, mas tambm pode ser
necessrio proteg-los contra ela. Para alm disso, consoante a sua idade e
capacidade de discernimento, a criana ter o direito de participar e de ser
ouvida na tomada das decises que a afetem.
2 Este preceito no esclarece qual o limite etrio para a considerao de
algum como criana, mas, por aplicao do art. 1. da Conveno sobre os
Direitos da Criana, que Timor-Leste ratificou, conclui-se estarem includos
nesta categoria todos os seres humanos menores de 17 anos. Mais difcil parece ser a identificao de quem deva ser considerado jovem, para efeitos do art.
19. da Constituio, sendo manifesto que, luz daquela definio de criana,
as duas categorias se sobrepem pelo menos parcialmente.
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Artigo 18.
(Proteo da criana)
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Artigo 18.
(Proteo da criana)
criana goza ainda, entre outros, do direito a ser registada aps o nascimento
e a ter um nome (art. 7. da CDC); do direito a adquirir uma nacionalidade
(art. 7. da CDC); do direito a no ser prejudicada, em virtude da situao jurdica ou das convices de seus pais ou outros membros da sua famlia (art.
2., n. 2, da CDC); do direito a conhecer os seus pais e a ser educada por eles
(art. 7. da CDC); do direito de preservar a sua identidade, incluindo a nacionalidade, o nome e as relaes familiares (art. 8., n. 1, da CDC); do direito
a no ser separada de seus pais contra a vontade destes, salvo por deciso da
autoridade estadual competente fundada na defesa dos seus interesses (art.
9., n. 1, da CDC); do direito de exprimir livremente a sua opinio sobre as
questes que lhe respeitem (art. 12., n. 1, da CDC); do direito educao;
do direito a procurar, receber e expandir informaes e ideias de toda a espcie, por qualquer meio sua escolha (art. 13., n. 1, da CDC); do direito
liberdade de pensamento, de conscincia e de religio (art. 14., n. 1, CDC);
do direito liberdade de associao e liberdade de reunio pacfica (art.
15. da CDC); do direito proteo contra intromisses arbitrrias ou ilegais
na sua vida privada, na sua famlia, no seu domiclio ou correspondncia, e
contra ofensas ilegais sua honra e reputao (art. 16. da CDC); do direito a
beneficiar de servios mdicos e de um nvel de vida suficiente (arts. 24., n.
1, e 27., n. 1, da CDC); do direito ao repouso e aos tempos livres, incluindo
o direito de participar em jogos e atividades recreativas (art. 31., n. 1, da
CDC); do direito a ser protegida contra a explorao econmica ou a sujeio
a trabalhos perigosos ou capazes de comprometer a sua educao, prejudicar a
sua sade ou o seu desenvolvimento fsico, mental, espiritual, moral ou social
(art. 32., n. 1, da CDC); do direito a no ser compulsivamente incorporada
nas foras armadas do Estado (art. 38., n. 3, da CDC).
5 O n. 3 consagra o princpio da no discriminao das crianas nascidas
fora do matrimnio, sejam elas o resultado de relaes extramatrimoniais, de
unies de facto, de casamento anterior ou da prtica de crimes (pense-se na
violao sistemtica de mulheres timorenses ocorrida durante a ocupao indonsia). Os poderes pblicos no podem tratar as crianas de forma diferente,
consoante estas tenham nascido dentro ou fora do matrimnio, e o mesmo
vlido para os progenitores e para a comunidade em geral. Esta norma probe
o uso, pela Lei e pela Administrao Pblica, de designaes discriminatrias
como as de filho ilegtimo ou bastardo; garante s crianas nascidas fora do
casamento o direito investigao da sua maternidade e paternidade; impede
os progenitores de preterirem os seus filhos nascidos fora do casamento em
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Artigo 18.
(Proteo da criana)
questes sucessrias; probe o abandono e o ostracismo; e recomenda a adoo, pelo Estado, de medidas de discriminao positiva destinadas a eliminar
ou a atenuar as desigualdades de facto que ainda persistam.
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Artigo 19.
(Juventude)
Artigo 19.
(Juventude)
1. O Estado promove e encoraja as iniciativas da juventude na consolidao da
unidade nacional, na reconstruo, na defesa e no desenvolvimento do pas.
2. O Estado promove, na medida das suas possibilidades, a educao, a sade
e a formao profissional dos jovens.
Artigu 19.
(Juventude)
1. Estadu promove no f korajen ba juventude nia inisiativa atu konsolida unidade nasionl, atu halo rekonstrusaun ba pas no atu defende
no dezenvolve pas.
2. Estadu promove, nuudar nia bele, joven sira-nia edukasaun, saude
no formasaun profisionl.
I Referncias
1 Direito internacional: PIDCP, de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 3/2003, de 22 de julho (art. 10., n. 2, alnea b), e
n. 3); PIDESC, de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento
Nacional n. 8/2003, de 3 de setembro (art. 10., n. 3).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 75.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 70.).
3 Direito timorense: Cdigo Penal, aprovado pelo DL n. 19/2009, de 8 de abril, e
alterado pela Lei n. 6/2009, de 15 de julho (arts. 20. e 178.); Lei n. 2/2004, de 18
de fevereiro (Eleio dos Chefes de Suco e dos Conselhos de Suco); Lei n. 3/2004,
de 14 de abril (Partidos Polticos); Lei n. 10/2008, de 17 de julho (Exerccio de Artes
Marciais); Lei n. 3/2009, de 8 de julho (Lideranas Comunitrias e Sua Eleio).
4 Doutrina: Augusto CACCIA-BAVA JUNIOR, Direitos Civis dos Jovens e a Insegurana Urbana, in Estudos de Sociologia, n. 16, 2004; Maria ngela CARRASCALO, Juventude, in Timor. Os Anos da Resistncia, Queluz, Mensagem, 2002.
5 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 18.; 57.; 59..
II Anotao
1 A Constituio reconhece o importante contributo que a juventude pode
dar para a consolidao da unidade nacional e para a reconstruo, a defesa e
o desenvolvimento do pas, o que bem se compreende atento o papel, louvado
no texto preambular, que os jovens desempenharam na luta de resistncia. As
iniciativas da juventude movimentos associativos, campanhas cvicas, aes
humanitrias e organizao de eventos, por exemplo que contribuam para
os fins enunciados no n. 1 deste preceito devem, por isso, ser encorajadas e
promovidas pelo Estado, o que significa que os poderes pblicos no podem
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Artigo 19.
(Juventude)
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Artigo 20.
(Terceira idade)
Artigo 20.
(Terceira idade)
1. Todos os cidados de terceira idade tm direito a proteo especial por
parte do Estado.
2. A poltica de terceira idade engloba medidas de carter econmico, social
e cultural tendentes a proporcionar s pessoas idosas oportunidades de realizao pessoal atravs de uma participao digna e ativa na vida da comunidade.
Artigu 20.
(Katuas no ferik)
1. Sidadaun katuas no ferik hotu-hotu iha direitu ba protesaun espesil
hosi Estadu.
2. Poltika ba katuas ho ferik sira sei hatama ms medida ho karater
ekonmika, sosil, no kulturl neeb bele f oportunidade ba sira atu
realiza-an ho partisipasaun digna no ativa iha komunidade.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (art. 25.).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 82.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 77.); Constituio da Repblica Portuguesa
(art. 72.).
3 Direito timorense: DL n. 19/2008, de 19 de junho (Subsdio de Apoio aos Idosos
e Invlidos).
4 Jurisprudncia: Acrdo do Tribunal de Recurso n. 02/2003, de 30 de junho
(Fiscalizao Abstrata Preventiva da Lei Parlamentar sobre Imigrao e Asilo).
5 Doutrina: Hillary CHARLESWORTH, The Constitution of East Timor, in International Journal of Constitutional Law, vol. 1, n. 2, 2003, pp. 325-344; Patrcia
JERNIMO, Os Direitos Fundamentais na Jurisprudncia Constitucional do Tribunal de Recurso, disponvel na WWW: <URL:http://www.fup.pt/old/crup-fup/Biblioteca_Virtual.php.>, consultada em 22 nov. 2010.
6 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 16.; 56.; 57.; 58..
II Anotao
1 de realar, antes de mais, a originalidade da localizao sistemtica
desta disposio, integrada nos princpios gerais dos direitos, deveres, liberdades e garantias fundamentais, a par de outros preceitos que visam aplicar
o princpio da igualdade (previsto no art. 16.) a grupos de pessoas partida
mais fragilizadas ou que mais frequentemente, por razes histricas, foram
objeto de tratamento discriminatrio, como sejam as mulheres, as crianas, os
jovens e os cidados portadores de deficincia.
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Artigo 20.
(Terceira idade)
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Artigo 21.
(Cidado portador de deficincia)
Artigo 21.
(Cidado portador de deficincia)
1. O cidado portador de deficincia goza dos mesmos direitos e est sujeito
aos mesmos deveres dos demais cidados, com ressalva do exerccio ou do
cumprimento daqueles para os quais se encontre impossibilitado em razo da
deficincia.
2. O Estado, dentro das suas possibilidades, promove a proteo aos cidados
portadores de deficincia, nos termos da lei.
Artigu 21.
(Sidadaun ho defisinsia)
1. Sidadaun ho defisinsia iha direitu no obrigasaun hanesan ho sidadaun sira seluk, sein prejuizu ba (8) direitu ka obrigasaun sira-neeb
sira labele ezerse ka kumpre tanba sira-nia defisinsia.
2. Estadu, nuudar nia bele, promove protesaun ba sidadaun sira-neeb
iha defisinsia, tuir lei.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (art. 25.); Conveno
sobre os Direitos da Pessoa com Deficincia e Protocolo Adicional, de 30 de julho de
2009 (ainda no ratificados por Timor-Leste).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 83.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 76.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 37.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 71.).
3 Direito timorense: Lei n. 14/2008, de 29 de outubro (Lei de Bases da Educao);
DL n. 19/2008, de 19 de junho (Subsdio de Apoio aos Idosos e Invlidos).
4 Jurisprudncia: Acrdo do Tribunal de Recurso n. 02/2003, de 30 de junho
(Fiscalizao Abstrata Preventiva da Lei Parlamentar sobre Imigrao e Asilo).
5 Doutrina: Hillary CHARLESWORTH, The Constitution of East Timor, in International Journal of Constitutional Law, vol. 1, n. 2, 2003, pp. 325-344; Patrcia
JERNIMO, Os Direitos Fundamentais na Jurisprudncia Constitucional do Tribunal de Recurso, disponvel na WWW: <URL:http://www.fup.pt/old/crup-fup/Biblioteca_Virtual.php.>, consultada em 22 nov. 2010.
6 Preceitos constitucionais relacionados: Art. 16..
(8) Sein prejuizu ba La taka-dalan ba. sein prejuizu ba direitu ka obrigasaun sira-neeb
sira labele ezerse ka kumpre tanba sira-nia defisinsia = maib nee la taka-dalan ba sira atu
labele ezerse direitu neeb sira labele ezerse tanba sira-nia defisinsia ka ba sira atu la kumpre
obrigasaun neeb sira labele kumpre tanba sira-nia defisinsia.
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Artigo 21.
(Cidado portador de deficincia)
II Anotao
1 A localizao sistemtica deste preceito similar da Constituio da
Repblica de Moambique, que tambm integra nos princpios gerais dos direitos, deveres e liberdades fundamentais a proteo dos cidados portadores
de deficincia. Est mais uma vez aqui em causa a concretizao do princpio
da igualdade (previsto no art. 16.) relativamente a pessoas que se encontram
numa posio de partida mais frgil, neste caso, os cidados portadores de deficincia. Visa-se, atravs do preceito, garantir que estes cidados gozam dos
mesmos direitos e esto sujeitos aos mesmos deveres que os restantes cidados, excetuando o exerccio dos direitos ou o cumprimento dos deveres para
os quais se encontrem impossibilitados em razo da deficincia. Tal significa
que estes cidados no podem ser privados dos direitos para cujo exerccio
no se encontrem incapacitados.
2 Apesar do destaque constitucional que os direitos dos cidados portadores
de deficincia merecem, Timor-Leste ainda no ratificou a Conveno sobre
os Direitos das Pessoas com Deficincia, nem o respetivo Protocolo Adicional, instrumentos aprovados no mbito das Naes Unidas.
3 Poder entender-se a exceo estabelecida nesta disposio quanto ao
exerccio de direitos ou ao cumprimento de deveres como uma previso constitucional expressa da possibilidade de restrio de direitos, nos termos do
art. 24.. De todo o modo, essa restrio ter sempre de ser feita tendo em conta as exigncias deste preceito, nomeadamente a necessidade de salvaguardar
outros interesses constitucionalmente protegidos, que neste caso podero ser
interesses do prprio titular do direito, e apenas na medida dessa necessidade.
4 O n. 2 desta disposio visa, por outro lado, que o Estado tome medidas
positivas no sentido de promover a proteo dos cidados portadores de deficincia. Tal implica que este legisle no sentido de realizar o dever de proteo
constitucionalmente imposto, podendo tambm aqui justificar-se medidas de
discriminao positiva no sentido de promover a proteo destes cidados.
o caso do DL n. 19/2008, de 19 de junho, que instituiu um subsdio de apoio
para a garantia da subsistncia dos cidados invlidos, residentes em Timor-Leste, desde que preenchidos os pressupostos previstos no art. 6. desse mesmo DL.
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Artigo 21.
(Cidado portador de deficincia)
5 A proteo constitucional das pessoas portadoras de deficincia conferida, em primeira linha, aos cidados. Tal no implica a excluso de estrangeiros e de aptridas de benefcios de concretas medidas de incluso, desde que
estes satisfaam os mesmos requisitos e no exista determinao legal que
justificadamente os exclua.
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Artigo 22.
(Timorenses no estrangeiro)
Artigo 22.
(Timorenses no estrangeiro)
Os cidados timorenses que se encontrem ou residam no estrangeiro gozam
da proteo do Estado para o exerccio dos direitos e esto sujeitos aos deveres que no sejam incompatveis com a ausncia do pas.
Artigu 22.
(Sidadaun timr iha estranjeiru)
Sidadaun timr neeb b iha estranjeiru ka tuur iha estranjeiru iha
direitu atu hetan Estadu nia protesaun atu ezerse direitu no iha obrigasaun atu kumpre obrigasaun neeb las inkompativel ho nia auznsia
hosi pas.
I Referncias
1 Direito internacional: CVRD, de 18 de abril de 1961, ratificada pela Resoluo do
Parlamento Nacional n. 24/2003, de 19 de novembro; CVRC, de 24 de abril de 1963,
ratificada pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 24/2003, de 19 de novembro;
Conveno Internacional sobre a Proteo dos Direitos de Todos os Trabalhadores
Migrantes e dos Membros das suas Famlias, de 18 de dezembro de 1990, ratificada
pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 23/2003, de 19 de novembro.
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 22., n. 2); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 23., n. 2); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 14.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe
(art. 16.).
3 Direito timorense: Lei n. 9/2002, de 5 de novembro (Lei da Nacionalidade);
Lei n. 6/2006, de 28 de dezembro, com a redao da Lei n. 6/2007, de 31 de maio, e
da Lei n. 7/2011, de 22 de junho (Lei Eleitoral para o Parlamento Nacional); Lei n.
7/2006, de 28 de dezembro, com a redao da Lei n. 5/2007, de 28 de maro, e da
Lei n. 8/2011, de 22 de junho (Lei Eleitoral para o Presidente da Repblica); DL n.
1/2004, de 4 de fevereiro (Regulamento da Lei da Nacionalidade); DL n. 4/2008, de 5
de maro (Estrutura Orgnica do Ministrio dos Negcios Estrangeiros).
4 Doutrina: Patrcia JERNIMO, O Direito timorense da Nacionalidade, in AA.
VV., Atas das Jornadas Comemorativas da Concluso do Primeiro Curso de Direito
da Universidade Nacional Timor Lorosae de 11 de junho de 2010, Dli, FUP, 2010.
5 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 3.; 6., alnea b); 16.; 44., n. 2;
66., n. 1; 115., n. 1, alnea b).
II Anotao
1 A cidadania um status pessoal, que acompanha o indivduo onde quer
que ele se encontre, pelo que a proteo constitucional dos direitos e liberdades fundamentais dos cidados no pode depender, em sede de princpio, da
sua presena em territrio timorense. Este preceito assume isto mesmo, ao
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Artigo 22.
(Timorenses no estrangeiro)
estender os direitos e deveres contidos na Constituio aos cidados timorenses que se encontrem ou residam no estrangeiro e ao reconhecer, para alm
disso, a estes indivduos um direito fundamental proteo do Estado contra
situaes vividas no estrangeiro que ameacem ou violem os seus direitos fundamentais (discriminao pelas autoridades do Estado estrangeiro, violncia
praticada por grupos armados, desastres naturais, etc.).
2 O disposto neste artigo aplica-se aos cidados timorenses que se encontram no estrangeiro, sem outros requisitos. Esto abrangidos, portanto, quer
os cidados naturalizados quer os cidados que tenham dupla nacionalidade.
Pode justificar-se, no entanto, para os cidados timorenses que residam num
pas de que tambm so nacionais, a fixao, por lei ou conveno internacional, de regimes que os isentem do cumprimento de alguns deveres (por
exemplo, o dever de cumprir o servio militar) ou que os privem do exerccio
de direitos fundamentais, como os direitos de participao poltica. Tais regimes ho de ser excecionais e devero basear-se numa anlise substantiva que
tenha em conta a efetividade da cidadania timorense e a natureza dos direitos
em causa. O simples facto de um timorense ter a cidadania do pas estrangeiro
onde reside no pode constituir, por si s, motivo suficiente para o privar de
direitos que, de um modo geral, so reconhecidos aos demais cidados timorenses no exterior. Por outro lado, a presena no estrangeiro pode ter as mais
diversas motivaes e caractersticas sem que isso prejudique a aplicao da
norma em anlise pode tratar-se de uma estada de curta durao (uma viagem de turismo) ou de natureza mais estvel (residncia permanente); pode
tratar-se de uma presena regular ou irregular luz das leis de imigrao do
Estado estrangeiro onde o cidado timorense se encontre; pode tratar-se de
uma estada ao servio do Estado timorense ou a qualquer outro ttulo.
3 O Estado timorense tem, por fora desta norma, a obrigao de proteger os
direitos fundamentais dos timorenses que se encontrem ou residam no estrangeiro, o que deve fazer sobretudo atravs dos institutos da proteo diplomtica e da proteo consular, tal como enquadrados pelas Convenes de Viena
sobre Relaes Diplomticas e sobre Relaes Consulares, que Timor-Leste
ratificou numa nica Resoluo do Parlamento Nacional (Resoluo n.
24/2003, de 19 de novembro). semelhana do disposto nestes instrumentos
internacionais, o DL n. 4/2008, de 5 de maro, que define a Estrutura Orgnica do Ministrio dos Negcios Estrangeiros, elenca, entre as atribuies
das misses diplomticas e dos postos consulares, o dever de proteger os in88
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Artigo 22.
(Timorenses no estrangeiro)
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Artigo 23.
(Interpretao dos direitos fundamentais)
Artigo 23.
(Interpretao dos direitos fundamentais)
Os direitos fundamentais consagrados na Constituio no excluem quaisquer outros constantes da lei e devem ser interpretados em consonncia com
a Declarao Universal dos Direitos Humanos.
Artigu 23.
(Interpretasaun ba direitu fundamentl)
Direitu fundamentl neeb Konstituisaun konsagra la taka-dalan ba
direitu sira seluk neeb hakerek hela iha lei no tenke interpreta tuir
Deklarasaun Universl ba Direitus Umanus.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948.
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 26.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 29.); Constituio da Repblica de Moambique (arts. 42. e 43.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 16.); Constituio
da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 18.).
3 Doutrina: Jos Carlos Vieira de ANDRADE, A Declarao Universal dos Direitos do Homem, in Polis, II, Lisboa, Verbo, 1984; Jorge BACELAR GOUVEIA,
A Declarao Universal dos Direitos do Homem e a Constituio Portuguesa, in
AA.VV., Ab Vno Ad Omnes. 75 Anos da Coimbra Editora, Coimbra, Coimbra Editora, 1998; Jorge MIRANDA, A Declarao Universal dos Direitos do Homem, in
AA.VV., Estudos sobre a Constituio, I, Lisboa, Petrony, 1977.
4 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 1., n. 1; 8., n. 1; 9.; 10., n. 2;
16.; 24.; 147., n. 2.
II Anotao
1 Este preceito reflete uma conceo aberta dos direitos fundamentais reconhecidos pela ordem jurdica timorense, admitindo expressamente a existncia de direitos fundamentais fora do texto constitucional. Isto significa
que, entre os direitos subjetivos consagrados na lei (leis ou decretos-lei) de
contedo anlogo aos direitos fundamentais inscritos na Constituio, alguns
merecero o estatuto de direitos fundamentais, por assumirem, no quadro da
tutela jurdica da dignidade da pessoa humana, uma relevncia prxima da
dos direitos inscritos na Constituio. Quer se trate de direitos, liberdades
e garantias ou direitos econmicos, sociais e culturais devem ser equiparados a direitos fundamentais expressos na Constituio, como por exemplo,
o direito de mudar de nacionalidade (art. 2., n. 1, da Lei n. 9/2002, de 5 de
novembro (Lei da Nacionalidade)), o direito ao reagrupamento familiar (art.
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Artigo 23.
(Interpretao dos direitos fundamentais)
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Artigo 23.
(Interpretao dos direitos fundamentais)
conforme Declarao Universal), quer quando se trate de densificar conceitos indeterminados; o caso da dignidade da pessoa humana (art. 1., n. 1),
e do harmonioso desenvolvimento da pessoa (art. 39., n. 1).
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Artigo 24.
(Leis restritivas)
Artigo 24.
(Leis restritivas)
1. A restrio dos direitos, liberdades e garantias s pode fazer-se por lei, para
salvaguardar outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos e
nos casos expressamente previstos na Constituio.
2. As leis restritivas dos direitos, liberdades e garantias tm, necessariamente, carter geral e abstrato, no podem diminuir a extenso e o alcance do
contedo essencial dos dispositivos constitucionais e no podem ter efeito
retroativo.
Artigu 24.
(Lei restritiva)
1. Limitasaun ba direitu, liberdade no garantia sei halo deit ho lei, atu
defende direitu ka interese seluk neeb Konstituisaun proteje no iha
situasaun neeb hakerek kedas ona iha Konstituisaun.
2. Lei neeb limita direitu, liberdade no garantia tenke iha duni karater jerl no abstratu, labele hamenus dispozitivu konstitusionl idaidak nia kontedu esensil nia estensaun no alkanse no labele iha efeitu retroativu.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (art. 29., n. 2);
PIDESC, de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 8/2003, de 3 de setembro (art. 4.).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 17., n.os 2, 4
e 5); Constituio da Repblica de Moambique (art. 56.); Constituio da Repblica
Portuguesa (art. 18.).
3 Jurisprudncia: Acrdo do Tribunal de Recurso n. 02/2003, de 30 de junho
(Fiscalizao Preventiva de Constitucionalidade); Acrdo do Tribunal de Recurso
n. 03/2003, de 30 de abril de 2007 (Fiscalizao Abstrata Sucessiva de Constitucionalidade), publicado no Jornal da Repblica, Srie I, n. 11, de 18 de maio de 2007;
Acrdo do Tribunal de Recurso n. 01/2005, de 9 de maio (Fiscalizao Preventiva
de Constitucionalidade).
4 Doutrina: Jorge BACELAR GOUVEIA, Regulao e Limites dos Direitos
Fundamentais, in Jorge BACELAR GOUVEIA (dir.), Dicionrio Jurdico da Administrao Pblica, 2. suplemento, Lisboa, 2001; Patrcia JERNIMO, Os Direitos
Fundamentais na Jurisprudncia Constitucional do Tribunal de Recurso, disponvel
na WWW: <URL:http://www.fup.pt/old/crup-fup/Biblioteca_Virtual.php.>, consultada em 22 nov. 2010; Jorge MIRANDA, Manual de Direito Constitucional, Tomo IV
Direitos Fundamentais, 3.a ed., Coimbra, Coimbra Editora, 2000.
5 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 25.; 28., n. 1; 29. a 49.; 95.,
n. 2, alnea e); 156., n. 1, alnea b).
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Artigo 24.
(Leis restritivas)
II Anotao
1 Os direitos, liberdades e garantias beneficiam de uma proteo constitucional reforada, o que resulta da conjugao do disposto no presente artigo
com as disposies dos arts. 95., n. 2, alnea e) (competncia legislativa exclusiva do Parlamento Nacional), 156., n. 1, alnea b) (limites materiais de
reviso constitucional), 25. (suspenso em caso de declarao de estado de
stio ou de emergncia) e 28., n. 1 (direito de resistncia). A superioridade
normativa dos direitos, liberdades e garantias no impede que estes sofram
restries o que aqui expressamente admitido , mas exige que as eventuais medidas restritivas que sobre eles versem preencham um conjunto de
severos requisitos cumulativos, sob pena de inconstitucionalidade. O legislador constituinte quis, muito claramente, manter dentro de apertados limites
a admissibilidade de leis restritivas de direitos, liberdades e garantias, pelo
que todas as intervenes legislativas passveis de serem qualificadas como
restries legais devem ser sujeitas a um controlo de constitucionalidade especialmente intenso e rigoroso.
2 Os direitos fundamentais com assento constitucional que merecem a qualificao de direitos, liberdades e garantias para efeitos deste preceito no
so apenas os enunciados no Ttulo II, da Parte II, sob a designao direitos,
liberdades e garantias pessoais. No mesmo sentido, pronunciou-se o Tribunal
de Recurso, nos Acrdos n. 02/2003 e 03/2003, ao tratar como direitos deste
tipo o direito propriedade privada (art. 54.) e a liberdade sindical (art. 52.),
dois direitos inseridos no elenco de direitos e deveres econmicos, sociais e
culturais do Ttulo III. Admitindo uma distino doutrinal entre direitos de
liberdade (direitos civis e polticos) e direitos a prestaes (direitos sociais),
incluir-se-o na categoria direitos, liberdades e garantias todos os direitos
que, independentemente da sua localizao no texto constitucional, confiram
aos seus titulares faculdades de ao ou omisso, que impem ao Estado um
dever de no interferncia na esfera de liberdade dos indivduos. Exemplos
de direitos, liberdades e garantias fora do elenco do Ttulo II da Parte II so,
para alm do direito propriedade privada e da liberdade sindical, o direito
de resistncia (art. 28., n. 1), o direito de escolher livremente a profisso
(art. 50., n. 1), o direito greve (art. 51., n. 1) e o direito de ser candidato
Presidncia da Repblica (art. 75., n. 1).
3 Restringir um direito significa reduzir o seu contedo, ou seja, eliminar
faculdades ou mbitos de proteo que, partida, nele estariam includos.
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Artigo 24.
(Leis restritivas)
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Artigo 24.
(Leis restritivas)
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Artigo 24.
(Leis restritivas)
(art. 33., n. 2), direito de assistncia por defensor (art. 34., n. 2), inviolabilidade do domiclio (art. 37., n. 1), proteo de dados pessoais (art. 38., n. 2),
liberdade de contrair casamento (art. 39., n. 3), direito de manifestao (art.
42., n. 2), liberdade de associao (art. 43., n. 1), objeo de conscincia
(art. 45., n. 3), constituio e organizao dos partidos polticos (art. 46.,
n. 3) e direito greve (art. 51., n. 1). H ainda casos em que a autorizao de
restrio pode depreender-se da leitura conjugada de vrios preceitos constitucionais, como se verifica, nomeadamente, com a possibilidade de restringir
o direito de votar e de ser eleito, previsto no art. 47., n. 1, por articulao com
as normas que fixam requisitos de elegibilidade para o cargo de Presidente da
Repblica (art. 75., n. 1) ou que remetem para a lei a definio das condies
de elegibilidade para o Parlamento Nacional (art. 93., n. 3).
7 Um ltimo requisito a cumprir pelas leis restritivas de direitos, liberdades
e garantias o de que estas no diminuam a extenso e o alcance do contedo essencial dos dispositivos constitucionais (n. 2), o que significa que
as restries operadas no podem ser de tal modo extensas que aniquilem
totalmente o direito em causa, privando-o de qualquer sentido til. possvel
entrever nesta exigncia de preservao do contedo essencial um aflorar
do princpio da proporcionalidade, na medida em que aqui se probem restries excessivas e desproporcionadas. O Tribunal de Recurso, no acrdo
que proferiu no Processo n. 01/2005, invocou precisamente o princpio da
proporcionalidade enquanto princpio decorrente do regime geral das leis
restritivas para considerar injustificada a proibio de manifestaes que
tivessem por finalidade questionar a ordem constitucional e para concluir no
ser desproporcionada a imposio de uma distncia mnima de 100 metros
na realizao de manifestaes e de reunies defronte de edifcios onde, por
exemplo, estejam sediados rgos de soberania.
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Artigo 25.
(Estado de exceo)
Artigo 25.
(Estado de exceo)
1. A suspenso do exerccio dos direitos, liberdades e garantias fundamentais
s pode ter lugar declarado o estado de stio ou o estado de emergncia nos
termos previstos na Constituio.
2. O estado de stio ou o estado de emergncia s podem ser declarados em
caso de agresso efetiva ou iminente por foras estrangeiras, de grave perturbao ou ameaa de perturbao sria da ordem constitucional democrtica
ou de calamidade pblica.
3. A declarao do estado de stio ou do estado de emergncia fundamentada, com especificao dos direitos, liberdades e garantias cujo exerccio fica
suspenso.
4. A suspenso no pode prolongar-se por mais de trinta dias, sem impedimento de eventual renovao fundamentada por iguais perodos de tempo,
quando absolutamente necessrio.
5. A declarao do estado de stio em caso algum pode afetar os direitos
vida, integridade fsica, cidadania e no retroatividade da lei penal, o direito
defesa em processo criminal, a liberdade de conscincia e de religio, o
direito a no ser sujeito a tortura, escravatura ou servido, o direito a no ser
sujeito a tratamento ou punio cruel, desumano ou degradante e a garantia
de no discriminao.
6. As autoridades esto obrigadas a restabelecer a normalidade constitucional
no mais curto espao de tempo.
Artigu 25.
(Estadu exesaun)
1. Suspensaun ba direitu, liberdade no garantia fundamentl nia ezerssiu bele iha deit kuandu deklara tiha ona estadu de-stiu ka estadu
de-emerjnsia nuudar Konstituisaun prevee.
2. Kuandu iha forsa estranjeira nia agresaun efetiva ka iminente, perturbasaun makaas ka ameasa atu iha perturbasaun makaas ba orden
konstitusionl demokrtika ka kalamidade pblika maka bele deklara
estadu de-stiu ka estadu de-emerjnsia.
3. Deklarasaun ba estadu de-stiu ka estadu de-emerjnsia tenke hatudu nia fundamentu, ho ms direitu, liberdade no garantia ida-idak
neeb atu suspende.
4. Suspensaun labele naruk liu loron tolunulu nia laran, maib bele
renova fali durante tempu hanesan, kuandu presiza tebe-tebes duni.
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Artigo 25.
(Estado de exceo)
5. Deklarasaun ba estadu de-stiu labele prejudika direitu ba vida, integridade fzika, sidadania no la retroatividade ba lei penl, direitu
ba defeza iha prosesu penl, liberdade iha konxinsia no ba relijiaun,
direitu atu labele hetan tortura, eskravatura ka servidaun, direitu atu
labele hetan tratamentu ka kastigu krul dezumanu ka degradante no
garantia atu labele hetan diskriminasaun.
6. Autoridade sira iha obrigasaun atu restabelese normalidade konstitusionl iha tempu badak.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 58.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 19.).
2 Direito timorense: Lei n. 1/2008, de 11 de fevereiro (Autoriza o Presidente da
Repblica a declarar o Estado de Stio); Lei n. 2/2008, de 13 de fevereiro (Autoriza
o Presidente da Repblica a renovar a declarao do Estado de Stio); Lei n. 3/2008,
de 22 de fevereiro (Regime do Estado de Stio e de Emergncia); Lei n. 4/2008, de 22
de fevereiro (Autoriza o Presidente da Repblica a renovar a declarao do Estado de
Stio); Lei n. 5/2008, de 20 de maro (Autoriza o Presidente da Repblica a renovar a
declarao do Estado de Stio); Lei n. 2/2010, de 21 de abril (Lei de Segurana Nacional); Regimento do Parlamento Nacional, aprovado em 20 de outubro de 2009; DL n.
7/2004, de 5 de maio (Orgnica das Falintil-Foras de Defesa de Timor-Leste (Falintil-FDTL)); DL n. 15/2006, de 8 de novembro (Estatuto Orgnico das Falintil-FDTL);
Resoluo do Governo n. 3/2008, de 17 de fevereiro (Executa as operaes de segurana durante a declarao do Estado de Stio e de Emergncia); Decreto Presidencial
n. 43/2008, de 11 de fevereiro (Declarao de Estado de Stio); Decreto Presidencial
n. 44/2008, de 13 de fevereiro (Renovao do Estado de Stio), Decreto Presidencial
n. 45/2008, de 22 de fevereiro (Renovao do Estado de Stio); Decreto Presidencial
n. 48/2008, de 20 de maro (Renovao do Estado de Stio nos distritos de Aileu,
Emera, Bobonaro, Covalima, Ainaro, Liqui e Manufahi); Decreto Presidencial n.
49/2008, de 22 de abril (Renovao do Estado de Stio no distrito de Ermera); Decreto
Presidencial n. 52/2008, de 14 de maio (Revogao do Estado de Stio em Ermera).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 83.; 85., alnea g); 95., n. 2, alnea n), e n. 3, alnea j); 100., n. 1; 102., n. 3, alnea g); 115., n. 2, alnea c); 157..
II Anotao
1 A Constituio no admite que a possibilidade de, face a circunstncias
excecionais, se derrogar parcialmente a sua vigncia acontea margem da
prpria Constituio. Pelo contrrio, trata de tipificar as circunstncias em
que admitida, estabelecer a respetiva tramitao pela definio da competncia dos diferentes rgos de soberania e, estritamente, definir os seus
limites.
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Artigo 25.
(Estado de exceo)
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Artigo 25.
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Artigo 25.
(Estado de exceo)
cia. Assim, em ambos, em caso algum pode afetar o direito vida (art. 29.), o
direito integridade fsica (art. 30.), o direito cidadania (art. 3.), o direito
no retroatividade da lei penal (art. 31.), o direito defesa em processo criminal (art. 34.), a liberdade de conscincia e de religio (art. 45.), o direito a no
ser sujeito a tortura (art. 34.), escravatura ou servido (art. 30.), o direito a
no ser sujeito a tratamento ou punio cruel, desumano ou degradante (arts.
32. e 34.) e a garantia de no discriminao (art. 16.).
Outras consequncias da declarao de estado de exceo constitucional,
previstas na Constituio, so: um regime especial de substituio do Presidente (art. 83.), a impossibilidade de dissoluo do Parlamento Nacional
(art. 100.), bem como a proibio de reviso constitucional (art. 157.). Pretende-se, nestes casos, garantir que os estados de exceo constitucional no
resultem em alteraes duradouras na legitimao democrtica dos rgos de
soberania, eleitos por sufrgio universal e direto, ou no equilbrio constitucional de poderes.
9 A declarao do estado de exceo constitucional sempre orientada
restaurao da normalidade constitucional, no mais curto espao de tempo, como refere o n. 6 deste artigo. A suspenso dos direitos fundamentais,
mesmo que necessria para fazer face a circunstncias excecionais, nunca
um fim por si s, nem pode ser perspetivada como regra, devendo antes ser
a ultima ratio quando nenhuma outra medida se revela adequada. Impe-se,
por isso, aos rgos competentes que diligenciem, no sentido de restaurar a
normalidade da plena vigncia da Constituio. De outro modo, estaria encontrada a forma de, por razes circunstanciais, derrogar a vigncia constitucional e perpetuar, pela exceo constitucional, condies mais restritivas
para os direitos dos cidados, de exerccio do poder.
10 A declarao do estado de stio competncia do Presidente da Repblica, nos termos do art. 85., alnea g), da Constituio, ouvidos o Conselho de
Estado e o Conselho Superior de Defesa e Segurana e mediante autorizao
do Parlamento Nacional. A interveno do Parlamento Nacional segue a forma de Lei, nos termos do art. 120. do Regimento do Parlamento Nacional.
Compete ainda ao Parlamento Nacional, nos termos do art. 95., n. 2, alnea
n), da Constituio, legislar sobre n) A suspenso das garantias constitucionais e a declarao do estado de stio e do estado de emergncia. O regime do
estado de stio e do estado de emergncia encontra-se, atualmente, previsto na
Lei n. 3/2008, de 22 de fevereiro.
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Artigo 25.
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Artigo 26.
(Acesso aos tribunais)
Artigo 26.
(Acesso aos tribunais)
1. A todos assegurado o acesso aos tribunais para defesa dos seus direitos e
interesses legalmente protegidos.
2. A justia no pode ser denegada por insuficincia de meios econmicos.
Artigu 26.
(Asesu ba tribunl)
1. Ema hotu iha direitu atu b tribunl hodi defende nia direitu no interese neeb lei proteje.
2. Labele nega justisa tanba laiha meiu ekonmiku.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (arts. 8. e 10.);
PIDCP, de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 3/2003, de 22 de julho (art. 14.).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 29., n. 1); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 22., n.os 1, 3 e 4); Constituio da Repblica
da Guin-Bissau (art. 32.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 62.);
Constituio da Repblica Portuguesa (art. 20.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 20.).
3 Direito timorense: DL n. 12/2008, de 30 de abril (Estatuto Orgnico do Ministrio da Justia) art. 16.; DL n. 38/2008, de 29 de outubro (Estatuto da Defensoria
Pblica).
4 Doutrina: Isabel Celeste M. FONSECA, Processo Temporalmente Justo e Urgncia, Coimbra, 2009; ID, A propsito do direito prolao de sentena em prazo razovel: a ausncia de posio do Tribunal Constitucional, in Revista de Direito Pblico,
Lisboa, n. 2, 2009; Paulo GALLIEZ, A Defensoria Pblica O Estado e a Cidadania, Porto Alegre, Lumen Juris, 3.a ed., 2006; Cinthia ROBERT, Direitos Humanos,
acesso justia: Um olhar da defensoria pblica, Rio de Janeiro, Forense, 2000.
5 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 118. e ss.; 135..
II Anotao
1 A norma que acolhe o direito de acesso aos tribunais tem um mbito rico,
devendo aceitar-se que ele inclui diversos direitos fundamentais, tais como,
por exemplo, o direito de acesso ao prprio Direito, o direito de acesso a
verdadeiros tribunais, o direito justia efetiva e o direito ao processo equitativo. Importa, pois, conhecer cada uma destas dimenses garantsticas que
este normativo encerra. certo que, para alcanar certos objetivos, possvel
aceitar que o legislador ordinrio limite, pontual e criteriosamente, algumas
das garantias nsitas no direito de acesso aos tribunais. De qualquer modo,
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Artigo 26.
(Acesso aos tribunais)
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Artigo 26.
(Acesso aos tribunais)
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Artigo 27.
(Provedor de Direitos Humanos e Justia)
Artigo 27.
(Provedor de Direitos Humanos e Justia)
1. O Provedor de Direitos Humanos e Justia um rgo independente que
tem por funo apreciar e procurar satisfazer as queixas dos cidados contra
os poderes pblicos, podendo verificar a conformidade dos atos com a lei,
bem como prevenir e iniciar todo o processo para a reparao das injustias.
2. Os cidados podem apresentar queixas por aes ou omisses dos poderes
pblicos ao Provedor de Direitos Humanos e Justia, que as apreciar, sem
poder decisrio, dirigindo aos rgos competentes as recomendaes necessrias.
3. O Provedor de Direitos Humanos e Justia eleito pelo Parlamento Nacional, por maioria absoluta dos Deputados, para um mandato de quatro anos.
4. A atividade do Provedor de Direitos Humanos e Justia independente dos
meios graciosos e contenciosos previstos na Constituio e nas leis.
5. Os rgos e os agentes da administrao tm o dever de colaborao com o
Provedor de Direitos Humanos e Justia.
Artigu 27.
(Provedr ba Direitus Umanus no Justisa)
1. Provedr ba Direitus Umanus no Justisa rgaun independente idaneeb iha funsaun atu apresia (9) no buka-dalan atu atende sidadaun
sira-nia keixa hasoru podr pbliku, bele haree atu ida-idak lao tuir lei
ka lae, prevene injustisa no halao prosesu atu hadia injustisa.
2. Sidadaun sira bele aprezenta keixa ba Provedr ba Direitus Umanus
no Justisa hasoru podr pbliku nia asaun ka omisaun, no Provedr ba
Direitus Umanus no Justisa sei haree keixa nee, no hatoo rekomendasaun nesesriu ba rgaun kompetente, maib nia labele f desizaun
kona-ba keixa nee.
3. Parlamentu, ho deputadu sira-nia maioria absoluta, maka hili Provedr ba Direitus Umanus no Justisa, ba mandatu neeb sei moris
durante tinan haat.
4. Provedr ba Direitus Umanus no Justisa nia atividade la presiza lao
tuir meiu grasiozu no kontensiozu neeb Konstituisaun no lei prevee.
5. Administrasaun nia rgaun no ajente sira tenke kolabora ho Provedr ba Direitus Umanus no Justisa.
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Artigo 27.
(Provedor de Direitos Humanos e Justia)
I Referncias
1 Direito internacional: Resoluo da Assembleia Geral das Naes Unidas n.
48/134, de 20 de dezembro de 1993 (Princpios de Paris sobre o Estatuto das Instituies Nacionais de Promoo e Proteo dos Direitos Humanos).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 192.); Constituio da Repblica de Moambique (arts. 256. a 261.); Constituio da Repblica
Portuguesa (art. 23.); Constituio do Reino da Sucia Instrumento de Governo
(art. 6. do captulo 12).
3 Direito timorense: Lei n. 7/2004, de 5 de maio (Estatuto do Provedor de Direitos
Humanos e Justia); Lei n. 8/2009, de 15 de julho (Lei sobre a Comisso Anticorrupo); Diploma Ministerial n. 31/2009, de 17 de abril (Estrutura Orgnica da Direo
Nacional dos Direitos Humanos e de Cidadania).
4 Doutrina: Hilary CHARLESWORTH, The Constitution of East Timor, in International Journal of Constitutional Law, vol. 2, 2003; Linda C. REIF, The Ombudsman, Good Governance and the International Human Rights System, Leiden,
Martinus Nijhoff Publishers, 2004; Catarina Sampaio VENTURA, Direitos Humanos e Ombudsman. Paradigma para uma Instituio Secular, Lisboa, Provedoria de
Justia, 2007.
5 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 48.; 150., alnea f); e 151..
II Anotao
1 Em linha com os Princpios de Paris sobre o Estatuto das Instituies
Nacionais de Promoo e Proteo dos Direitos Humanos (Resoluo da Assembleia Geral das Naes Unidas n. 48/134) e com o modelo escandinavo
do Ombudsman, difundido um pouco por todo o mundo nas dcadas que se
seguiram ao fim da segunda grande guerra, este preceito institui a figura
do Provedor de Direitos Humanos e Justia, um rgo independente, cuja
principal funo consiste em defender os cidados contra a atuao ilegtima
dos poderes pblicos. O Provedor eleito pelo Parlamento Nacional, para um
mandato de quatro anos que a lei permite renovar uma nica vez (art. 19., n.
1, da Lei n. 7/2004, de 26 de maio, que aprovou os Estatutos do Provedor).
Segundo os Estatutos, o Provedor responde perante o Parlamento pelas infraes cometidas no desempenho do cargo e pode ser substitudo por deciso
de uma maioria de dois teros dos Deputados em efetividade de funes, com
fundamento, por exemplo, na sua incompetncia e na prtica de atos contrrios aos termos do seu juramento (arts. 18., n. 3, e 21., n. 1, alneas c) e e)); o
Parlamento pode pedir Procuradoria-Geral da Repblica que promova uma
investigao sobre os atos ou omisses do Provedor (art. 33., n. 2). Todos os
anos, o Provedor deve apresentar ao Parlamento um relatrio detalhado sobre
as suas atividades e iniciativas (arts. 34., n. 1, e 46., n. 1, dos Estatutos).
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Artigo 27.
(Provedor de Direitos Humanos e Justia)
2 Enquanto guardio dos direitos humanos em Timor-Leste uma qualidade que o seu nome indicia e a sua insero sistemtica na Parte II confirma , o Provedor constitucionalmente competente para apreciar e procurar
satisfazer as queixas apresentadas pelos cidados contra os poderes pblicos
e para atuar na preveno e na reparao de ilegalidades e de injustias, mas
as suas competncias estendem-se ainda investigao, por sua iniciativa,
de violaes de direitos humanos e liberdades e garantias fundamentais;
fiscalizao da compatibilidade de leis, regulamentos, propostas legislativas,
despachos administrativos e prticas em vigor com o direito internacional
dos direitos humanos; promoo de uma cultura de respeito pelos direitos
humanos; feitura de recomendaes de ratificao ou adeso a instrumentos internacionais de direitos humanos, bem como fiscalizao da sua implementao; e ao aconselhamento do Governo na elaborao dos relatrios
a apresentar no mbito de instrumentos internacionais de direitos humanos
(arts. 23.; 24., alneas a) e d); e 25. dos Estatutos). Algumas das funes
atribudas por lei ao Provedor foram, entretanto, confiadas tambm a um servio do Ministrio da Justia a Direo Nacional dos Direitos Humanos e de
Cidadania (Diploma Ministerial n. 31/2009, de 17 de abril) , uma duplicao
de tarefas de duvidosa eficincia, mas que pode explicar-se pelo facto de o
Provedor no dispor de recursos suficientes para cumprir a sua muito extensa
lista de atribuies.
3 A defesa dos interesses dos cidados passa essencialmente pelo controlo
da legalidade e da justia da atuao dos poderes pblicos, o que, nos termos
do art. 3., n. 3, dos Estatutos do Provedor, exige deste que investigue os
atos ou omisses contrrios lei ou aos regulamentos; irrazoveis, injustos,
opressivos ou discriminatrios; incompatveis com as atribuies do rgo
ou entidade que os praticou; baseados em erro de Direito ou numa avaliao
arbitrria, errnea ou equivocada dos factos; ou, de qualquer outro modo,
irregulares e injustificados. Os poderes de investigao do Provedor abrangem hoje, para alm das violaes de direitos humanos, as situaes de m
administrao, de ilegalidade, injustia manifesta e ausncia de um processo
justo e equitativo. Na redao original dos Estatutos, o Provedor dispunha
igualmente de competncias para o combate corrupo e ao trfico de influncias, funes que lhe foram, entretanto, retiradas pela Lei n. 8/2009, de
15 de julho, que criou a Comisso Anticorrupo.
4 A Constituio no esclarece quais os poderes pblicos que devem considerar-se sujeitos fiscalizao do Provedor, mas uma leitura sistemtica
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Artigo 27.
(Provedor de Direitos Humanos e Justia)
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Artigo 27.
(Provedor de Direitos Humanos e Justia)
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Artigo 27.
(Provedor de Direitos Humanos e Justia)
8 O dever que impende sobre os rgos e agentes administrativos de colaborarem com o Provedor obriga-os a fornecer toda a informao que lhes
seja solicitada pelo Provedor no exerccio das suas funes (sem prejuzo dos
privilgios, imunidades e dever de sigilo decorrentes da lei), bem como a
permitir o acesso do Provedor a instalaes, locais, equipamentos, objetos
ou documentos, para a realizao de inspees, exames, inquritos ou outros
procedimentos (arts. 42., n.os 2 e 3, e 44. dos Estatutos). A inobservncia do
dever de colaborao, sem motivo legtimo, constitui uma infrao punvel
com pena de multa, para alm de dar lugar a ao disciplinar contra o membro
ou funcionrio do Governo ou da Administrao Pblica a quem o pedido
tenha sido dirigido (arts. 44., n. 3, 48. e 49., n. 4, dos Estatutos). O dever
de colaborao implica, para os tribunais, um dever de no interferncia, pelo
que estes esto impedidos de interferir arbitrariamente nas investigaes do
Provedor e de emitir qualquer mandado judicial para retardar as investigaes, a menos que existam fortes indcios de que estas esto a ser conduzidas
fora do mbito da sua competncia, da existncia de m-f ou de conflito de
interesses (art. 43. dos Estatutos).
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Artigo 28.
(Direito de resistncia e de legtima defesa)
Artigo 28.
(Direito de resistncia e de legtima defesa)
1. Todos os cidados tm o direito de no acatar e de resistir s ordens ilegais
ou que ofendam os seus direitos, liberdades e garantias fundamentais.
2. A todos garantido o direito de legtima defesa, nos termos da lei.
Artigu 28.
(Direitu ba rezistnsia no defeza lejtima)
1. Sidadaun hotu-hotu iha direitu atu la tuir no reziste hasoru orden
ilegl ka neeb ofende sira-nia direitu, liberdade no garantia fundamentl.
2. Ema hotu iha direitu ba defeza lejtima, tuir lei.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (arts. 2. e 9.).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 19.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 80.); Constituio da Repblica Portuguesa
(art. 21.).
3 Direito timorense: Cdigo Penal, aprovado pelo DL n. 19/2009, de 8 de abril, e
alterado pela Lei n. 6/2009, de 15 de julho (art. 44.); Lei n. 8/2004, de 16 de junho,
com a redao da Lei n. 5/2009, de 15 de julho (Estatuto da Funo Pblica) art.
78..
4 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 16. e ss.
II Anotao
1 O regime constitucional de proteo dos direitos fundamentais abrange a
autotutela atravs das figuras do Direito de Resistncia e Legtima Defesa.
2 O direito de resistncia engloba uma dimenso passiva direito de no
acatar e ativa resistir a ordens, neste ltimo caso, sempre sujeito
estrita observncia do princpio da proporcionalidade, na sua vertente de
proibio de excesso. o ltimo recurso contra atuaes abusivas do poder.
Uma das importantes modalidades do direito de resistncia, desenvolvida legalmente, a desobedincia hierrquica, prevista no art. 78. do Estatuto
da Funo Pblica (Lei n. 5/2009, de 15 de julho), pela qual se admite a
cessao do Dever de Obedincia face a ordens que constituam a prtica de
um crime.
3 A ilegalidade das ordens, na formulao literal do art. 28., no parece
que seja, por si s, critrio suficiente para o exerccio do direito de resistncia.
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Artigo 28.
(Direito de resistncia e de legtima defesa)
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Artigo 29.
(Direito vida)
TTULO II
DIREITOS, LIBERDADES E GARANTIAS PESSOAIS
Artigo 29.
(Direito vida)
1. A vida humana inviolvel.
2. O Estado reconhece e garante o direito vida.
3. Na Repblica Democrtica de Timor-Leste no h pena de morte.
Artigu 29.
(Direitu atu moris)
1. Labele viola ema nia vida.
2. Estadu rekoese no garante direitu atu moris.
3. Iha Repblika Demokrtika Timr-Leste laiha pena morte.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (art. 3.); PIDCP, de 16
de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 3/2003,
de 22 de julho (art. 6.); Segundo Protocolo Adicional ao PIDCP com vista Abolio
da Pena de Morte, de 15 de dezembro de 1989, ratificado pela Resoluo n. 13/2003
do Parlamento Nacional, de 17 de setembro.
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 28.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 40.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 24.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art.
22.).
3 Direito timorense: Cdigo Civil, aprovado pela Lei n. 10/2011, de 14 de setembro; Cdigo Penal, aprovado pelo DL n. 19/2009, de 8 de abril, e alterado pela Lei n.
6/2009, de 15 de julho.
4 Doutrina: Jorge BACELAR GOUVEIA, A Primeira Constituio de Timor-Leste, in Estudos de Direito Pblico de Lngua Portuguesa, Coimbra, Almedina,
2004, p. 315; Sarah JOSEPH, Jenny SCHULTZ, Melissa CASTAN, The International
Covenant on Civil and Political Rights, Cases, Materials, and Commentary, Second
Edition, Oxford, Oxford University Press, 2004, pp. 154 e ss.
5 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 25., n. 5; 35., n. 3; 37., n. 3;
61., n. 1.
II Anotao
1 O direito vida o primeiro direito fundamental afirmado na Constituio, o que se justifica pelo facto de este direito ser condio de todos os outros
direitos. O reconhecimento de que a vida humana inviolvel determina que
o Estado, em toda a sua atuao, tenha o dever de no atentar contra a vida
dos seus cidados, de estrangeiros e de aptridas. Segundo a interpretao do
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11/10/18 12:22:15
Artigo 29.
(Direito vida)
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Artigo 29.
(Direito vida)
5 O n. 3 deste artigo estabelece ainda a proibio da pena de morte. Timor-Leste dissocia-se, em termos claros e absolutos, da prtica dos outros Estados da regio que admitem a pena capital. Tambm no plano internacional, a
Repblica Democrtica de Timor-Leste ratificou, em 2003, o Segundo Protocolo Adicional ao Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Polticos com
vista Abolio da Pena de Morte.
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Artigo 30.
(Direito liberdade, segurana e integridade pessoal)
Artigo 30.
(Direito liberdade, segurana e integridade pessoal)
1. Todos tm direito liberdade, segurana e integridade pessoal.
2. Ningum pode ser detido ou preso seno nos termos expressamente previstos na lei vigente, devendo sempre a deteno ou a priso ser submetida
apreciao do juiz competente no prazo legal.
3. Todo o indivduo privado de liberdade deve ser imediatamente informado,
de forma clara e precisa, das razes da sua deteno ou priso, bem como dos
seus direitos, e autorizado a contactar advogado, diretamente ou por intermdio de pessoa de sua famlia ou de sua confiana.
4. Ningum pode ser sujeito a tortura e a tratamentos cruis, desumanos ou
degradantes.
Artigu 30.
(Direitu ba liberdade, seguransa no integridade pesol)
1. Ema hotu iha direitu ba liberdade, seguransa no integridade pesol.
2. Ema ida labele hetan detensaun ka prizaun, salvu nuudar hakerek
hela espresamente iha lei neeb moris daudaun, no iha prazu legl
tenke hatama detensaun no prizaun nee ba juz atu apresia.
3. Tenke f-hatene kedas, moos no loos, ba ema neeb lakon tiha nia
liberdade tanbas maka nia hetan detensaun ka prizaun no ms no nia
direitu, no tenke husik nia kontakta advogadu, nia rasik ka hodi ema
ruma hosi nia famlia ka ema neeb nia konfia.
4. Ema ida labele hetan tortura no tratamentu krul, dezumanu ka degradante.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (arts. 1., 2., 5., 7.
9. e 11.); PIDCP, de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 3/2003, de 22 de julho (arts. 2., 5., 7., 9., 14.); CCT, de 10 de
dezembro de 1984, ratificada pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 9/2003, de
17 de setembro.
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Moambique (arts. 59., 62.,
64. e 65.); Constituio da Repblica Portuguesa (arts. 25., 27., 28. e 32.).
3 Direito timorense: Cdigo de Processo Penal, aprovado pelo DL n. 13/2005, de 1
de dezembro (arts. 60. e ss., 74. e ss., 110. e ss., 167. e ss., 191. e ss., 217. e ss.); Cdigo Penal, aprovado pelo DL n. 19/2009, de 8 de abril, e alterado pela Lei n. 6/2009,
de 15 de julho (arts. 45., 47., 49., 59., 149., 157. e ss. e 227.); Lei n. 9/2003, de 15
de outubro (art. 72.); DL n. 4/2006, de 1 de maro (art. 3.).
4 Jurisprudncia: (Comunicao com o defensor:) Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 55-CO-08, de 7 de julho de 2008; (Direito de informao:)
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Artigo 30.
(Direito liberdade, segurana e integridade pessoal)
II Anotao
1 Este artigo abre, no seu n. 1, com a declarao da existncia dos direitos
liberdade, segurana e integridade pessoal. Reafirma assim este preceito o
valor da dignidade humana, no sentido liberal, ao qual os interesses coletivos
se devero, por princpio, subordinar, s podendo interferir neste em termos
de excecionalidade, art. 24., n. 1. Sendo direitos inerentes ao ser humano,
enquanto tal, adquirem naturalmente um carter universal, aplicando-se a
todos, independentemente da sua idade, sexo, provenincia social, religio,
nacionalidade, etc., arts. 16. e 17..
2 O direito liberdade aqui referido tem a ver com a liberdade de movimentao num plano fsico, atente-se desde logo aos n.os 2 e 3 do normativo em
causa e ao art. 44. da Constituio. Apresenta este direito um carter negativo, pois um direito erga omnes, que a todos impe um dever de respeito,
s podendo ser restringido excecionalmente, de acordo com o j citado n. 1
do art. 24. em conjugao com o n. 2 deste art. 30. e do art. 31. da Constituio. Comporta igualmente uma dimenso positiva por parte do Estado, no
sentido de lhe garantir efetiva proteo que encontra expresso no art. 33.,
onde se consagra o instituto do habeas corpus, e no art. 31., n. 6, relativo
indemnizao em caso de injusta condenao ou, ainda, e de forma incisiva,
no Cdigo Penal, arts. 49., n. 1, e 157. e ss. Esta dimenso positiva estende120
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Artigo 30.
(Direito liberdade, segurana e integridade pessoal)
-se tambm aos particulares sobre os quais impende um dever geral de auxlio
(art. 227. do CP). A disponibilidade deste direito pelo prprio titular vem
regulado no art. 47. do CP.
3 O direito segurana constitui, antes de mais, uma garantia de proteo
dos cidados face a abusos de terceiros e tambm como autolimitao do
prprio Estado. Supe, em princpio, a renncia autodefesa por parte dos cidados, o que no impede que a ttulo excecional, onde o Estado no possa intervir, a segurana possa ser assegurada atravs da atuao dos cidados (pense-se na legtima defesa, direito de necessidade defensivo, ao direta, etc.).
4 O direito integridade pessoal comporta dois aspetos fundamentais: integridade fsica, art. 145. do CP, e integridade moral dos indivduos.
O direito integridade pessoal apresenta-se, num plano negativo, enquanto
dever de respeito por parte de quaisquer cidados, entes coletivos (incluindo
aqui o prprio Estado). Compreende-se assim o dever de inexistncia de sanes penais, prticas processuais penais, consequncias inerentes execuo
de penas, sanes disciplinares de carter degradante, desumano ou cruel, n.
4 do art. 30., atuaes policiais desrespeitadoras deste direito, n. 2 do art.
147.. No que concerne a proteo penal honra, o atual Cdigo Penal apenas
prev, no art. 285., o tipo legal de denncia caluniosa.
Compreende, ainda, o direito integridade pessoal, um dever positivo por
parte do Estado no sentido de assegurar a sua efetiva tutela, pense-se no direito indemnizao em caso de injusta condenao previsto no art. 31.,
n. 6, do texto constitucional. Neste sentido, os arts. 49., n. 1 (Estado de
necessidade desculpante), e 227. (Omisso de auxlio), ambos do Cdigo Penal, mais acentuam a dimenso positiva daquele direito. Tratando-se de um
direito disponvel (naturalmente em relao a atuaes de terceiros sobre o
prprio titular), esta disponibilidade encontra-se dependente da no ofensa
aos bons costumes, art. 47., n. 1, do CP, in fine. Assim, se no mbito de intervenes e tratamentos mdico-cirrgicos, art. 149. do CP, se aceitar por
regra a interveno de mdico ou outra pessoa legalmente autorizada, desde
que com o consentimento do respetivo paciente, j no mbito de outros aspetos tal poder ser questionado. Pense-se, por exemplo, em casos como o da
extrao de sangue para salvar um terceiro em risco de vida ou para realizar
testes de alcoolmia, da vacinao, da realizao de experincias cientficas
ou mdicas, da efetivao de medidas de preveno, controlo ou mesmo de
segregao em caso de doenas infetocontagiosas ou ainda de transmisso
mortal (caso da SIDA), etc. Sem que aqui se possa dar plena resposta ao uni121
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Artigo 30.
(Direito liberdade, segurana e integridade pessoal)
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Artigo 30.
(Direito liberdade, segurana e integridade pessoal)
teno ou priso (ao menos dos elementos essenciais sua defesa) de forma
clara e precisa e dos seus efetivos direitos. Por outro, permitindo o acesso a
um defensor.
O primeiro aspeto (direito informao) tem desde logo expresso em termos genricos na alnea b) do art. 60. do CPP, consequncia da consagrao
constitucional, no art. 34., n. 3, da Constituio, do direito inviolvel de
audincia e defesa em processo penal. Nos n.os 3 e 4 do art. 62. do CPP
podem-se encontrar definidas as regras gerais relativas ao interrogatrio do
arguido, aplicveis igualmente ao primeiro interrogatrio de arguido detido,
art. 63. do CPP. A limitao da consulta dos autos e obteno de certides ou
cpias at acusao, arts. 74. e 75. e 77., n. 2, no parece colidir com o
direito informao (neste sentido ver, entre outros, Ac. do TR no Processo
n. 97-CO-2009).
O segundo aspeto (direito ao defensor) tem diversas expresses no mbito do
Cdigo de Processo Penal por direta decorrncia, antes de mais, do art. 34.,
n. 2, da Constituio. Assim, surge desde logo genericamente nas alneas d),
e) e f) do art. 60. do CPP, sendo-lhe totalmente consagrado o Captulo VII
(Do Defensor) do Ttulo III da Parte I, onde se prev a obrigatoriedade de presena do defensor no primeiro interrogatrio de arguido detido ou preso, art.
68., alnea a), em total consonncia com o disposto no n. 3 do art. 63. deste
mesmo diploma. De notar que as comunicaes em causa devem ser realizadas de imediato e portanto logo aps a privao de liberdade, pretendendo-se
desta forma evitar arbitrariedades e assim garantir o pleno cumprimento da
legalidade dos atos em causa atravs de mltiplas formas: recurso, habeas
corpus, direito de resistncia, legtima defesa, etc.
7 O n. 4, revelando, desde logo, uma total consonncia com a Conveno
contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruis, Desumanos ou Degradantes, ratificada pela resoluo do Parlamento Nacional n. 9/2003, de
17 de setembro, probe a tortura, os tratamentos cruis, desumanos ou degradantes. Este preceito constitucional tem acolhimento, desde logo, no Cdigo
Penal, arts. 167. a 169. e 123. e ss., e no Cdigo de Processo Penal que abre o
art. 110., afirmando perentoriamente serem absolutamente proibidas as provas obtidas mediante tortura, coao, ou, em geral, com ofensa integridade
fsica ou moral das pessoas, sendo estas regras desenvolvidas no seu n. 2 e
ainda nos arts. 111. e 112..
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Artigo 31.
(Aplicao da lei criminal)
Artigo 31.
(Aplicao da lei criminal)
1. Ningum pode ser submetido a julgamento seno nos termos da lei.
2. Ningum pode ser julgado e condenado por um ato que no esteja qualificado na lei como crime no momento da sua prtica, nem sofrer medida
de segurana cujos pressupostos no estejam expressamente fixados em lei
anterior.
3. No podem aplicar-se penas ou medidas de segurana que no momento da
prtica do crime no estejam expressamente previstas na lei.
4. Ningum pode ser julgado e condenado mais do que uma vez pelo mesmo
crime.
5. A lei penal no se aplica retroativamente, a menos que a nova lei beneficie
o arguido.
6. Qualquer pessoa injustamente condenada tem direito a justa indemnizao,
nos termos da lei.
Artigu 31.
(Lei kriminl nia aplikasaun)
1. Labele hatama ema ida iha julgamentu, salvu nuudar lei haruka.
2. Ema ida labele hasoru julgamentu no hetan kondenasaun tanba atu
neeb lei la konsidera krime iha momentu neeb nia pratika atu nee,
no hetan medida ba seguransa neeb nia presupostu la fiksa hela espresamente iha lei anterir.
3. Labele aplika pena ka medida ba seguransa neeb lei seidauk prevee espresamente iha momentu neeb ajente pratika krime.
4. Ema ida labele hasoru julgamentu no hetan kondenasaun liu dalaida tanba krime ida.
5. Lei penl labele aplika ba kotuk, salvu kuandu lei foun nee benefisia arguidu.
6. Ema neeb hetan kondenasaun injusta iha direitu atu hetan indemnizasaun justa, tuir lei.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (arts. 9. e 11.);
PIDCP, de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 3/2003, de 22 de julho (arts. 9., 14. e 15.); Estatuto do TPI, de 17 de julho de
1998, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 13/2002, aprovada a 13
de agosto (arts. 22. e 29.).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Moambique (arts. 59. e 60.);
Constituio da Repblica Portuguesa (art. 29.).
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Artigo 31.
(Aplicao da lei criminal)
II Anotao
1 Este artigo consagra o princpio da legalidade no mbito jurdico-penal
na sua mxima amplitude, ou seja, quer num plano substantivo, quer ainda no mbito processual penal. Consagra igualmente o direito paz jurdica
por parte de um arguido, objeto de sentena com trnsito em julgado, assim
como o direito a indemnizao por condenao injusta. So estes verdadeiros
pilares dos modernos Estados de Direito, reflexos do sentido humanista da
filosofia que lhes subjaz.
2 O n. 1 estabelece a necessidade de qualquer julgamento em matria penal
ter na sua base uma lei, abrangendo naturalmente o direito internacional, art.
9. da Constituio. Probe assim julgamentos sem lei, produtos de manifestaes arbitrrias, de uma qualquer deciso de um grupo de cidados, por
exemplo. Prevalece deste modo e sem excees o imprio da lei. Mais, nos
termos do art. 96., n. 1, alnea b), do texto constitucional, legislar sobre o
processo criminal da competncia (relativa) do Parlamento Nacional, podendo este autorizar o Governo a faz-lo. Consagra-se assim o princpio da
legalidade em termos orgnicos e no mbito do processo penal. Neste sentido,
o art. 2. do Cdigo de Processo Penal acolhe este princpio, determinando
que as consequncias jurdico-criminais e os seus pressupostos s podem ter
lugar em conformidade com as normas deste Cdigo.
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Artigo 31.
(Aplicao da lei criminal)
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Artigo 31.
(Aplicao da lei criminal)
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Artigo 31.
(Aplicao da lei criminal)
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Artigo 31.
(Aplicao da lei criminal)
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Artigo 32.
(Limites das penas e das medidas de segurana)
Artigo 32.
(Limites das penas e das medidas de segurana)
1. Na Repblica Democrtica de Timor-Leste no h priso perptua, nem
penas ou medidas de segurana de durao ilimitada ou indefinida.
2. Em caso de perigosidade por anomalia psquica, as medidas de segurana
podero ser sucessivamente prorrogadas por deciso judicial.
3. A responsabilidade penal insuscetvel de transmisso.
4. Os condenados aos quais sejam aplicadas pena ou medida de segurana privativas da liberdade mantm a titularidade dos direitos fundamentais, salvas
as limitaes inerentes ao sentido da condenao e s exigncias prprias da
respetiva execuo.
Artigu 32.
(Pena no medida ba seguransa nia medida)
1. Iha Repblika Demokrtika Timr-Leste laiha prizaun perptua (10)
no pena ka medida ba seguransa ho durasaun ilimitada (11) ka indefinida (12).
2. Kuandu iha perigozidade (13) tanba anomalia pskika, bele hanaruk
medida ba seguransa susesivamente (14) ho desizaun judisil.
3. Responsabilidade penl labele tranzmite (15).
4. Ema kondenadu ho pena ka medida ba seguransa neeb hasai liberdade iha nafatin direitu fundamentl, salvu limitasaun neeb mai duni
hosi kondenasaun nee ka presiza duni atu ezekuta pena ka medida ba
seguransa nee.
I Referncias
1 Direito internacional: PIDCP, de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 3/2003, de 22 de julho (arts. 6. e 10.); Estatuto
do TPI, de 17 de julho de 1998, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n.
13/2002, aprovada a 13 de agosto (art. 77.).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Moambique (art. 61.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 30.).
(10) Prizaun perptua prizaun rohan-laek; prizaun neeb kondenadu mate maka foin hotu;
prizaun neeb kondenadu tenke kumpre nafatin too nia mate.
(11) Ilimitada (adj) Neeb laiha limite; limite-laek.
(12) Indefinida (adj) Neeb la hatene loos oins ka too iha-neeb.
(13) Perigozidade (s) Karakter perigozu delinkuente ka kriminozu ida nian ka probabilidade
makaas atu pratika tan krime.
(14)
Susesivamente (adv) Dala-barak tuituir-malu.
(15) Tranzmite (v) Daet; entrega; f; muda hosi ema ida ba ema seluk.
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Artigo 32.
(Limites das penas e das medidas de segurana)
II Anotao
1 Este artigo concretiza, antes de mais, um princpio de proporcionalidade
em matria de consequncias jurdicas (especialmente penas e medidas de
segurana) da prtica de crimes ou de factos tipicamente ilcitos (em termos
jurdico-penais).
2 O seu n. 1 consagra um princpio de humanidade em matria de espcies
de consequncias jurdicas da realizao de condutas criminosas (lato sensu
consideradas). Probe-se aqui a existncia de priso perptua ou que pela sua
extenso se torne, na prtica, perptua, tambm de penas ou medidas de segurana de durao ilimitada (sem fixao de limites mnimos ou mximos)
ou indefinida (deixando a fixao de limites ao juiz). Este dispositivo no
colocado em causa pelo facto de, no mbito da medida de segurana de internamento, arts. 93. e ss. do Cdigo Penal, a sua execuo ser necessariamente
indeterminada, porque dependente da perigosidade do delinquente, ainda que
limitada na sua durao, arts. 94. e 95. do CP. Por outro lado, o legislador
constitucional proibiu a extradio por crimes a que corresponda na lei do
Estado requisitante uma pena perptua (ver anotao ao art. 35., n. 3, da
Constituio).
Desta forma permite-se a possibilidade de se atender ressocializao do
delinquente (art. 61. do CP, in fine) que de outra maneira poderia ser anulada totalmente (caso, desde logo, da existncia da pena de morte, proibida pelo art. 29., n. 3, da Constituio ou da decretao de penas perptuas
sem mais). O Cdigo Penal, no seu art. 59., transcreve as proibies deste
preceito constitucional, art. 32., n. 1, acrescentando a proibio da pena de
morte, prevista no art. 29., n. 3. Problema importante neste mbito resulta
do Estatuto do Tribunal Penal Internacional, que no seu art. 77., n. 1, alnea
b), prev a possibilidade de aplicao da pena perptua. Sendo este parte do
Direito de Timor-Leste, art. 9., n.os 2 e 3, da Constituio, logicamente que
a receo da norma em causa, art. 77., n. 1, alnea b), entra em contradio
com o artigo em anlise.
Por penas, aqui, dever-se- entender as sanes penais previstas pelo legislador penal, como a priso, art. 66. do CP; multa, arts. 75. a 77. do CP, tambm enquanto pena de substituio, art. 67. do CP; suspenso da execuo
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Artigo 32.
(Limites das penas e das medidas de segurana)
da priso nas suas diferentes modalidades, arts. 68. e ss. do CP; prestao de
trabalho a favor da comunidade, arts. 78. e ss. do CP; admoestao, art. 82.
do CP; as penas acessrias, incluindo nestas a suspenso temporria do exerccio de funes pblicas, art. 85. do CP, a proibio do exerccio de funo,
art. 86. do CP, a expulso, art. 87. do CP, a proibio de conduo, art. 88.
do CP, a cassao de licena de porte de arma, art. 89. do CP, etc.; como tambm cabero neste plano casos especiais de determinao da pena, ou seja, a
reincidncia, art. 53. do CP, e a habitualidade, art. 54. do CP. Por medidas
de segurana no se dever apenas entender o internamento, arts. 93. a 95.
do CP, mas tambm as penas substitutivas deste, ou seja, a substituio da
medida de internamento, art. 96. do CP, a liberdade para prova, art. 97. do
CP, ou a suspenso da execuo do internamento, art. 99. do CP. Tambm
aqui cabem as medidas de segurana no detentivas, casos da medida de interdio profissional, art. 100. do CP, e da proibio de conduo e cassao
de licena de uso e porte de arma, art. 101. do CP. Efetivamente, no se v
motivos para reduzir apenas s penas privativas de liberdade as regras neste
preceito contidas. Por um lado, o prprio legislador constitucional contrape
a priso perptua s demais penas e medidas de segurana detentivas, no
restringindo estas aos casos de privao de liberdade. Por outro, os princpios
de humanidade e da ressocializao isto mesmo justificam, particularmente tendo em conta que muitas vezes as penas ou medidas de segurana no
detentivas alcanam uma enorme gravidade para o seu titular (pense-se, por
exemplo, na proibio do exerccio de funo ou na proibio de conduo).
Por outro lado ainda, atente-se ao facto do art. 66. do CP, nos seus n.os 2 e
3, estabelecer excecionalmente um limite mximo (absoluto) de 30 anos em
termos de durao da pena de priso, depois de consagrar no seu n. 1 o limite
geral de 25 anos.
Estes limites aplicam-se, com as devidas adaptaes, a outros ramos sancionatrios (contraordenaes, direito disciplinar, etc.). O princpio da proporcionalidade, art. 24. da Constituio, a isto obriga necessariamente. Se
para o direito penal h limites, ento por maioria de razo, se dever entender
relativamente a ilcitos de menor gravidade, onde a ausncia de tais limitaes
seria naturalmente excessiva.
3 Neste mesmo mbito e relativamente s medidas de segurana, como j
anteriormente referimos, os arts. 94. e 95., n. 1, do CP estabelecem limites
mximos relativos s mesmas (detentivas), ou seja, o legislador ordinrio foi
mais longe (no plano das garantias) em termos de durao de medidas de segurana do que o legislador constitucional previu.
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Artigo 32.
(Limites das penas e das medidas de segurana)
4 No n. 3 estabelece-se o princpio da responsabilidade pessoal no plano jurdico-penal, princpio este que quebrou a transmisso de efeitos penais para
herdeiros na tradio pr-constitucional. Nestes termos, sero proibidas leis
(ou quaisquer atos voluntrios) que determinem a transmisso de penas (principais ou acessrias) ou quaisquer outros efeitos de natureza penal para quem
no tenha sido condenado nas mesmas. O Cdigo Penal, no art. 12., transcreve este princpio no seu n. 1, afirmando o carter pessoal e intransmissvel da
responsabilidade criminal, reafirmado no art. 33. (Culpa na comparticipao). Compreende-se deste modo que a morte surja como um pressuposto negativo da punio, extinguindo quer o procedimento criminal, quer a sano
criminal aplicada ao respetivo agente, art. 119. do CP. Neste plano, o Cdigo
Penal e o Cdigo de Processo Penal orientam-se no sentido da individualizao dos procedimentos com vista a um mesmo indivduo e to-s a este. No
admira, portanto, que a culpa ocupe desde logo um lugar de proeminncia
como critrio de individualizao da pena, art. 51., n. 1, do CP, e tenha de
constar no processo de elaborao da sentena, art. 278., n. 8, alneas c) e
d), do CPP, para alm de se encontrar de forma omnipresente no CP, arts. 14.,
15., 16., 17., etc. Distingue-se deste princpio a transmissibilidade da responsabilidade civil decorrente da prtica de crimes. Como efeito no penal,
art. 104., n. 2, do CP, escapa naturalmente a este preceito constitucional,
algo de resto que acontece tambm relativamente perda de objetos do crime,
art. 102. do CP, e s vantagens provenientes do mesmo, art. 103. do CP.
Relativamente a titulares de rgos de pessoas coletivas, a sua responsabilidade penal h de assentar sempre num plano autnomo e portanto no mbito
da sua culpa, nunca podendo haver lugar a uma simples transmisso de efeitos penais de forma automtica que impliquem a sua responsabilidade sem
mais. J o inverso verdadeiro, tendo em conta que as pessoas coletivas s
agem por intermdio dos titulares dos seus rgos (neste sentido dever ser
interpretado o disposto no art. 13. do CP (clusula de extenso no plano da
tipicidade)).
5 Como particular expresso do princpio da proporcionalidade, o n. 4 deste preceito consagra a ideia de justa composio entre o interesse coletivo
de assegurar as finalidades inerentes s penas e medidas de segurana e o
interesse de assegurar o mnimo de restries possveis pessoa do condenado. Normas de execuo de penas privativas de liberdade que comportem
restries no justificadas esfera jurdica do recluso (por exemplo, impossibilidade de votar, de receber visitas, de comunicar com outros presos, etc.)
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Artigo 32.
(Limites das penas e das medidas de segurana)
podero ferir este dispositivo constitucional de forma irrefragvel. A considerao do princpio da proporcionalidade poder implicar a possibilidade de
regimes prisionais em funo da gravidade dos crimes, dos delinquentes, da
sua culpa ou perigosidade (pense-se, neste ltimo caso, tambm nas medidas
de segurana detentivas), etc.
6 Em geral, estes princpios devero aplicar-se a outros ramos sancionatrios, designadamente ao direito das contraordenaes e disciplinar, com as
devidas adaptaes.
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Artigo 33.
(Habeas corpus)
Artigo 33.
(Habeas corpus)
1. Toda a pessoa ilegalmente privada da liberdade tem direito a recorrer a
providncia do habeas corpus.
2. O habeas corpus interposto, nos termos da lei, pela prpria ou por qualquer outra pessoa no gozo dos seus direitos civis.
3. O pedido de habeas corpus decidido pelo juiz no prazo de oito dias em
audincia contraditria.
Artigu 33.
(Habeas corpus)
1. Ema neeb lakon nia liberdade hasoru lei iha direitu atu uza providnsia (16) habeas corpus.
2. Ema nee rasik ka ema seluk neeb sei iha nia direitu sivl bele hatama habeas corpus, tuir lei.
3. Juz sei deside habeas corpus iha loron ualu nia laran ho audinsia
kontraditria (17).
I Referncias
1 Direito internacional: PIDCP, de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 3/2003, de 22 de julho (art. 9., n.os 3 e 4).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 68.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 36.); Constituio da Repblica Portuguesa
(art. 31.).
3 Direito timorense: Cdigo de Processo Penal, aprovado pelo DL n. 13/2005, de 1
de dezembro (arts. 194. e ss., 205. a 207. e 217. e ss.); DL n. 4/2006, de 1 de maro
(Regimes especiais no mbito processual penal para casos de terrorismo, criminalidade violenta ou altamente organizada) art. 3..
4 Jurisprudncia: (Habeas Corpus:) Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo
n. 01-HC-10, de 30 de maro de 2010, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo
n. 01-HC-09, de 12 de outubro de 2009, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo
n. 05-HC-08, de 11 de dezembro de 2008.
5 Preceitos constitucionais relacionados: Art. 30..
II Anotao
1 No n. 1 deste artigo consagra-se o instituto do habeas corpus face a
quaisquer privaes ilegais de liberdade fsica, de locomoo, independentemente da sua relevncia jurdico-penal. Trata-se de uma providncia de
(16)
Providnsia (s) Medida.
(17) Audinsia kontraditria Juz deside ho audinsia kontraditria kuandu nia rona uluk ema
sira-neeb iha interese iha kestaun nia atu deside nee molok nia f desizaun.
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Artigo 33.
(Habeas corpus)
11/10/18 12:22:21
Artigo 33.
(Habeas corpus)
Ao invs, especializa esta figura, autonomizando-a relativamente possibilidade de utilizar o mesmo recurso, art. 204. do CPP. Neste sentido, o seu
carter de maior celeridade a par da excecionalidade dos motivos e da possibilidade do seu requerimento por praticamente qualquer cidado justificam
tambm este particular regime. No legtimo qualquer entendimento restritivo do habeas corpus que limite uma garantia constitucional. Em sentido
diverso tem seguido o Tribunal de Recurso, considerando este instituto de
natureza subsidiria relativamente utilizao do recurso (ver, neste sentido,
os Acs. do Tribunal de Recurso nos Processos n. 01-HC-10 e n. 01-HC-09).
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Artigo 34.
(Garantias de processo criminal)
Artigo 34.
(Garantias de processo criminal)
1. Todo o arguido se presume inocente at condenao judicial definitiva.
2. O arguido tem o direito de escolher defensor e a ser assistido por ele em
todos os atos do processo, determinando a lei os casos em que a sua presena
obrigatria.
3. assegurado a qualquer indivduo o direito inviolvel de audincia e defesa
em processo criminal.
4. So nulas e de nenhum efeito todas as provas obtidas mediante tortura, coao, ofensa integridade fsica ou moral e intromisso abusiva na vida privada, no domiclio, na correspondncia ou em outras formas de comunicao.
Artigu 34.
(Garantia iha prosesu kriminl)
1. Arguidu hotu-hotu tenke konsidera inosente too kondenasaun judisil definitiva (18).
2. Arguidu iha direitu atu hili nia defensr no atu simu apoiu hosi defensr nee iha atu hotu-hotu iha prosesu nia laran, no lei sei dehan iha
situasaun neeb maka defensr nee tenke marka prezensa.
3. Sei asegura ba ema hotu direitu inviolavel ba audinsia no defeza iha
prosesu kriminl.
4. Prova hotu-hotu neeb hetan ho tortura, koasaun, ofensa ba integridade fzika ka morl no entrada abuziva iha vida privada, domisliu, korrespondnsia ka meiu ba komunikasaun seluk sai nula no laiha
efeitu ida.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (arts. 8., 9., 10., 11.
e 12.); PIDCP, de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento
Nacional n. 3/2003, de 22 de julho (arts. 7., 14., 15. e 17.).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 35.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 42.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 32.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art.
40.); Constituio da Repblica Italiana (arts. 27. e 111.).
3 Direito timorense: Cdigo de Processo Penal, aprovado pelo DL n. 13/2005, de
1 de dezembro (arts. 59. e ss., 60. a 64., 66. a 70., 74. e ss., 110. e ss., 168. e ss.,
(18) Definitiva
(adj) Neeb labele muda ona. Desizaun definitiva = desizaun ho trnzitu iha
julgadu.
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Artigo 34.
(Garantias de processo criminal)
181. e ss., 204. e ss., 236., 241., 246., 258., 264., 266., 268., n. 5, 273. a 275.,
277., 286., alnea b), 349., n. 3).
4 Jurisprudncia: (Defensor:) Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n.
64-CO-08, de 25 de julho de 2009;
(Direito de Defesa:) Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 103-CO-09, de
8 de fevereiro de 2010, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 20-CO-10,
de 6 de maio de 2010, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 21-CO-10, de
6 de abril de 2010, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 96-CO-10, de 1
de junho de 2010, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 16-CO-10, de 23
de fevereiro de 2010, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 04-CO-10, de
23 de maro de 2010, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 20-CO-10, de
29 de abril de 2010, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 03-CO-10, de
30 de abril de 2010, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 09-CO-10, de
30 de abril de 2010, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 41-CO-09, de 12
de outubro de 2009, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 34-CO-09, de
14 de maio de 2009, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 18-CO-09, de
28 de setembro de 2009, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 37-CO-08,
de 13 de junho de 2008, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 43-CO-08,
de 4 de agosto de 2008, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 52-CO-08,
de 7 de julho de 2008, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 60-CO-08,
de 8 de julho de 2008, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 47-CO-08, de
10 de julho de 2008, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 65-CO-08, de
11 de agosto de 2008, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 63-CO-08, de
18 de julho de 2008, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 56-CO-08, de
20 de junho de 2008, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 44-CO-08, de
22 de julho de 2008, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 24-CO-08, de
23 de junho de 2008, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 81-CO-08, de
29 de setembro de 2008; (Direito Privacidade:) Acrdo do Tribunal de Recurso no
Processo n. 102-CO-09, de 30 de abril de 2010; (Intromisso Abusiva em Meios de
Comunicao:) Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 02-CO-09, de 26 de
maro de 2009; (Factos:) Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 20-CO-10,
de 6 de maio de 2010; (Presuno de Inocncia:) Acrdo do Tribunal de Recurso no
Processo n. 34-CO-10, de 1 de junho de 2010, Acrdo do Tribunal de Recurso no
Processo n. 38-CO-09, de 4 de setembro de 2009, Acrdo do Tribunal de Recurso no
Processo n. 100-CO-09, de 30 de novembro de 2009, Acrdo do Tribunal de Recurso
no Processo n. 44-CO-08, de 1 de julho de 2008, Acrdo do Tribunal de Recurso no
Processo n. 65-CO-08, de 11 de agosto de 2008, Acrdo do Tribunal de Recurso no
Processo n. 35-CO-08, de 25 de junho de 2008; (Princpio do Acusatrio:) Acrdo
do Tribunal de Recurso no Processo n. 23-CO-09, de 24 de maro de 2010, Acrdo
do Tribunal de Recurso no Processo n. 22-CO-10, de 29 de abril de 2010, Acrdo do
Tribunal de Recurso no Processo n. 78-CO-09, de 14 de agosto de 2009, Acrdo do
Tribunal de Recurso no Processo n. 67-CO-08, de 13 de agosto de 2008, Acrdo do
Tribunal de Recurso no Processo n. 69-CO-08, de 15 de agosto de 2008; (Intromisso
Abusiva no Domiclio:) Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 22-CO-09,
de 19 de abril de 2010, Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 78-CO-09,
de 14 de agosto de 2009; (Segredo de Justia:) Acrdo do Tribunal de Recurso no
Processo n. 54-CO-09, de 13 de julho de 2009; (Recurso:) Acrdo do Tribunal de
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Artigo 34.
(Garantias de processo criminal)
II Anotao
1 No n. 1 deste artigo consagra-se a presuno de inocncia do arguido,
algo que j resulta, por exemplo, da Declarao Universal dos Direitos do
Homem, art. 9.. Assim, no h nos processos penais modernos, em consonncia com o Estado de Direito, nenhuma presuno de culpa a contrariar pelo
arguido (sobre este ltimo, no direito processual penal timorense, atente-se
nos arts. 59. e ss. do Cdigo de Processo Penal). Pelo contrrio, caber ao tribunal com os seus meios prprios esclarecer os factos indiciadores da prtica
de um tipo legal de crime. E isto vale desde logo para a fase do inqurito, arts.
224. e ss. do CPP, onde no art. 225. se afirma ser esta fase processual destinada a recolher provas e a realizar diligncias necessrias demonstrao
do cometimento de um crime e da responsabilizao dos seus autores, como
tambm para a fase de julgamento, arts. 239. e ss. do CPP, onde ainda, depois
de definido o objeto do processo atravs da deduo de uma acusao, art.
236. do CPP, caber ento ao tribunal, por princpio, em pleno contraditrio,
art. 246. do CPP, esclarecer as questes de facto e de direito relativas prtica (eventual) de um crime latu sensu considerado, art. 1., alnea a), do CPP.
2 A presuno de inocncia do arguido abarca um complexo nmero de disposies e princpios: garantias de independncia dos magistrados, princpio
do juiz natural, separao do processo penal em termos de acusao e julgamento, exerccio do contraditrio, possibilidade de recurso, etc. Neste mbito
assume particular importncia a questo da aplicao de medidas de coao,
maxime da priso preventiva. Dever ser aceite apenas excecionalmente, num
plano de concordncia prtica entre os interesses comunitrios de proteo de
bens jurdicos, de que o processo penal naturalmente instrumento, e a considerao do arguido enquanto sujeito de direitos, entre os quais se conta a presuno da sua inocncia. Os arts. 181. e ss. do CPP apontam neste sentido.
3 O princpio da presuno de inocncia est tambm ligado s formas de
obteno e valorao da prova; a questo aqui a de saber como, em face
de que critrios, que se poder adquirir e valorar provas que demonstrem
a responsabilidade de algum pela prtica de um crime. Efetivamente, esta
questo de grande complexidade. Numa conhecida e muitas vezes citada
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Artigo 34.
(Garantias de processo criminal)
formulao anglo-saxnica, escreveu-se que os juzos em causa devero formar-se para alm de toda a dvida razovel. A presuno de inocncia do
arguido um princpio que cede em funo de evidncias (uma carta escrita
com um contedo ofensivo a algum), mas tambm em face de juzos de experincia comum (comportando uma maior ou menor dose de indeterminao
e portanto comportando o erro). Trata-se assim de um conceito que expressa
(como muitos outros) um ponto de equilbrio entre as necessidades de tutela
de bens jurdicos e a considerao da pessoa do arguido como um valor em
si mesmo. De resto, mesmo no mbito de uma frmula indeterminada como
aquela aqui deixada, sempre se ter de afirmar que subsistindo a dvida, esta
dever sempre beneficiar o arguido (in dubio pro reo). Portanto, o peso da balana, apesar de tudo, inclina-se grandemente para o arguido. Neste contexto,
o Cdigo de Processo Penal regula a matria da prova nos arts. 109. e ss. do
CPP. Depois, consagra proibies de meios de obteno da mesma, arts. 110.
a 112. do CPP. J aqui bvia a influncia da considerao do arguido como
pessoa dotada de autonomia. No art. 113., plasma-se como princpio geral
(salvo disposio em contrrio) a regra de que a prova apreciada segundo
a livre convico da entidade competente, que se formar a partir das regras
da experincia e dos critrios da lgica. Portanto, estabelece-se aqui a norma
segundo a qual a apreciao da prova deve ser feita de acordo com as regras
da experincia (comum) mediadas pela entidade competente (nomeadamente
o Ministrio Pblico ou o Juiz). De notar contudo que a livre convico da
entidade competente pode ser objeto de sindicncia, nomeadamente em via
de recurso, arts. 287., n. 2, e 299. do CPP, pelo que a apreciao da prova no deve ser considerada como algo de arbitrrio. Por tudo isto, pode-se
afirmar que o direito processual timorense no pe em causa a presuno de
inocncia do arguido ao adotar o princpio da livre apreciao da prova, em
regra, a ser apreciado em termos de critrios de objetividade. De resto, mesmo
nas situaes em que este princpio no vigora, no caso, por exemplo, dos arts.
138., n. 1 (fora probatria de documentos autnticos ou autenticados), ou
do art. 162., n. 1 (presuno de subtrao livre apreciao do julgador de
juzos tcnicos, cientficos ou artsticos), do CPP, tal tem plena justificao
em virtude da prpria natureza dos juzos em causa em face da valorao autnoma do julgador. Neste plano, o art. 114. do CPP estabelece, desde logo no
seu n. 1, a inexistncia de qualquer nus da prova relativamente ao arguido.
Portanto, se o tribunal, no termo das suas investigaes, no conseguir provar,
em termos de suficincia e adequabilidade, a responsabilidade do arguido,
este no poder ser condenado na base de um qualquer nus probatrio. Neste
sentido, o n. 2 deste preceito consagra o princpio da investigao, instrut141
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Artigo 34.
(Garantias de processo criminal)
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Artigo 34.
(Garantias de processo criminal)
286., alneas a) e b), do mesmo diploma, que determina (esta ltima) a nulidade da sentena em caso de condenao por factos diversos dos constantes
da acusao e a necessidade da sua fundamentao (da sentena, na primeira
destas alneas). Na realidade, a renovao da prova em audincia de julgamento, depois de fixado o objeto do processo, implica, por princpio, a mxima
contraditoriedade, sob o olhar decisrio de uma entidade diferente da que
investigou. Deste modo, para alm de se poder novamente investigar de forma
mais ou menos exaustiva as provas relativas ao tema a julgar, garante-se a
imparcialidade e objetividade do julgamento (neste sentido, atente-se em especial ao art. 275. do CPP sobre a alterao substancial dos factos da acusao). Alm da audincia de julgamento, tambm noutras fases do processo o
CPP contempla outros direitos nos arts. 60. (Direitos do arguido), 62., 63. e
64., relativos aos interrogatrios do arguido, e 236. (Despacho de acusao).
Ainda como expresso destes direitos, atente-se aos arts. 241. (Contestao),
256. (Falta do arguido), 258. (Dispensa da presena do arguido), 264. (Informao), 268., n. 5 (relativo audio do arguido em audincia de julgamento), e 287. (Princpio da mxima admissibilidade dos recursos), todos do
diploma em questo.
6 O que se referiu no colocado em causa em fases de investigao processual anteriores (caso do inqurito), onde o princpio da verdade material
possa impor restries a estes direitos, sob pena de a investigao ser pura
e simplesmente intil (pense-se, por exemplo, no absurdo que seria avisar o
arguido de todas as iniciativas de investigao que se quisessem fazer, como
inquiries de testemunhas, buscas, revistas, etc.). Neste plano, aceitar-se-
a existncia de um segredo de justia, art. 74., e das limitaes consulta
do auto e obteno de certides, art. 77., ou ainda a exceo publicidade
proveniente do n. 1 do art. 76.. Em regra, no exerccio destes direitos pode
o arguido interrogar, colocar em causa testemunhos, declaraes de peritos,
quaisquer outras provas. reconhecida ao arguido a possibilidade de proferir
as ltimas declaraes, art. 277. do CPP, e o direito de recorrer no somente
da deciso condenatria, mas tambm de outras decises, desde logo aquelas
que o possam privar da liberdade, arts. 204., 205. a 207. e 287. e ss. do
CPP. No prejudica o direito defesa do arguido a possibilidade de realizao do julgamento sem este, nos termos dos arts. 256. (Falta do arguido) e
ss. do CPP, porque se trata da recusa do prprio arguido em colaborar com a
justia, apesar desta se ter esforado no sentido de assegurar a sua presena.
Diga-se finalmente que os direitos aqui considerados no respeitam apenas a
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Artigo 34.
(Garantias de processo criminal)
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Artigo 35.
(Extradio e expulso)
Artigo 35.
(Extradio e expulso)
1. A extradio s pode ter lugar por deciso judicial.
2. vedada a extradio por motivos polticos.
3. No permitida a extradio por crimes a que corresponda na lei do Estado
requisitante pena de morte ou de priso perptua, ou sempre que fundadamente se admita que o extraditando possa vir a ser sujeito a tortura ou tratamento desumano, degradante ou cruel.
4. O cidado timorense no pode ser expulso ou expatriado do territrio nacional.
Artigu 35.
(Estradisaun no espulsaun)
1. Desizaun judisil maka bele f-fatin ba estradisaun.
2. Labele iha estradisaun tanba motivu poltiku.
3. Labele iha estradisaun tanba krime neeb, tuir Estadu rekizitante
nia lei, f-fatin ba pena morte ka pena prizaun perptua, ka kuandu
iha baze atu fiar katak estraditandu bele hetan tortura ka tratamentu
dezumanu, degradante ka krul.
4. Sidadaun timr labele hetan espulsaun ka espatriasaun hosi territriu nasionl.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (arts. 3. e 5.); Estatuto do TPI, de 17 de julho de 1998, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional
n. 13/2002, aprovada a 13 de agosto (arts. 1., 6., 26. e 77.).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 70.); Constituio
da Repblica de Cabo Verde (arts. 37. e 38.); Constituio da Repblica Portuguesa
(art. 33.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 41.).
3 Direito timorense: Cdigo Penal, aprovado pelo DL n. 19/2009, de 8 de abril, e
alterado pela Lei n. 6/2009, de 15 de julho (art. 8.); Lei n. 9/2003, de 15 de outubro
(Imigrao e Asilo); Proposta de Lei de Cooperao Judiciria Internacional Penal
(PL de CJIP) (Proposta de Lei n. 47/II).
4 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 29.; 30., n.os 1 e 4; 32., n. 1.
II Anotao
1 No n. 1 deste artigo determina-se que a extradio s poder ter lugar
por intermdio de deciso judicial. Trata-se de extradio passiva, pois diz
respeito entrega de um arguido ou condenado que se encontre em solo timorense para que o Estado que efetuou o pedido de extradio possa proceder
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Artigo 35.
(Extradio e expulso)
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Artigo 35.
(Extradio e expulso)
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Artigo 35.
(Extradio e expulso)
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Artigo 36.
(Direito honra e privacidade)
Artigo 36.
(Direito honra e privacidade)
Todo o indivduo tem direito honra, ao bom nome e reputao, defesa da
sua imagem e reserva da sua vida privada e familiar.
Artigu 36.
(Direitu ba onra no ba privasidade)
Ema hotu-hotu iha direitu ba onra, ba naran diak no ba reputasaun, ba
nia imajen no ba rezerva (19) iha nia vida privada ka familiar.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (art. 12.); PIDCP,
de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n.
3/2003, de 22 de julho (art. 17.).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 32.); Constituio da Repblica Federativa do Brasil (art. 5., X); Constituio da Repblica de Cabo
Verde (art. 41.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 44.); Constituio
da Repblica da Indonsia (art. 28.-G); Constituio da Repblica de Moambique
(art. 41.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 26.).
3 Direito timorense: Cdigo Civil, aprovado pela Lei n. 10/2011, de 14 de setembro; Cdigo Penal, aprovado pelo DL n. 19/2009, de 8 de abril, e alterado pela Lei n.
6/2009, de 15 de julho.
4 Doutrina: Sarah JOSEPH, Jenny SCHULTZ, Melissa CASTAN, The International Covenant on Civil and Political Rights, Cases, Materials, and Commentary,
Second Edition, Oxford, Oxford University Press, 2004, pp. 476 e ss.
5 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 23.; 34.; 156., n. 1, alnea b).
II Anotao
1 Esta disposio garante trs direitos distintos: o direito honra, bom nome
e reputao, o direito imagem e o direito privacidade. O direito honra,
bom nome e reputao consubstancia-se no direito de a pessoa no ser ofendida na sua considerao social. O direito imagem traduz-se no controlo
da captao e da divulgao de elementos de imagem exterior da pessoa. O
direito privacidade visa proteger uma esfera de intimidade do indivduo na
qual o Estado e terceiros no se devem imiscuir.
2 Quanto garantia do direito honra, bom nome e reputao, o Cdigo
Penal timorense estabelece, no art. 223., n. 2, que punido com pena de
(19) Rezerva
(s) Konfidnsia. Ho rezerva ema ida rai buat ruma ba nia rasik ka ba deit ema
neeb nia hakarak f. Direitu ba rezerva iha vida privada = direitu atu la loke ba ema-seluk buat
neeb tama iha ida-idak nia vida privada.
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Artigo 36.
(Direito honra e privacidade)
priso at dois anos aquele que ofender ou injuriar outra pessoa por causa da
sua crena ou funo religiosa. Para alm desta norma, no h uma criminalizao geral de atos que atentem contra a honra dos cidados. No que se
refere responsabilidade civil, o Cdigo Civil prev no art. 67. uma tutela
geral da personalidade, prevendo-se a compensao por danos advenientes de
qualquer ofensa ilcita ou ameaa de ofensa personalidade fsica ou moral
do sujeito, onde se poder enquadrar a leso deste direito.
3 O direito imagem implica que a pessoa no possa ser fotografada ou filmada sem consentimento e traduz-se no facto de o seu retrato ou imagem no
poder ser exposto, reproduzido ou lanado no comrcio sem consentimento
do prprio, o que vem expressamente consagrado no art. 76. do Cdigo Civil. Por outro lado, ainda que tenha havido consentimento para a exposio
e reproduo da imagem, essa reproduo ou exposio deve ser feita nos
termos em que foi consentida, no se podendo verificar qualquer adulterao
da imagem, sob pena de violao do direito.
4 Quanto ao direito vida privada, este deve ser entendido em termos amplos, abrangendo quer a reserva de informao relativa vida privada, quer a
liberdade da vida privada. Assim sendo, este direito visa proteger os cidados
quanto recolha e divulgao de informaes relativas sua vida privada
(reserva da informao) e garante ainda a liberdade na tomada de decises em
matrias respeitantes vida pessoal de cada um (liberdade da vida privada).
Este entendimento amplo do conceito aquele que tem vindo a ser defendido
pelo Comit dos Direitos do Homem relativamente ao art. 17. do PIDCP.
5 No que se refere reserva da informao sobre a vida privada, h alguma
margem na delimitao do mbito de proteo deste direito, que depende de a
pessoa levar uma vida mais ou menos resguardada. Por outro lado, o facto de
a pessoa ser uma personalidade pblica pode justificar uma maior exposio
da sua esfera de privacidade, mas ainda assim apenas na medida em que se
trate de informao relevante para o interesse pblico. O art. 77. do Cdigo
Civil estabelece precisamente que a extenso da reserva definida conforme
a natureza do caso e a condio das pessoas.
6 O Estado timorense tem o dever de garantir que terceiros no interfiram neste direito, dever que tem vindo a ser concretizado atravs do direito penal, nos
arts. 183. e ss. do Cdigo Penal (crimes contra a vida privada), e poder tambm vir a s-lo pela via do direito civil, nos termos do art. 77. do Cdigo Civil.
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Artigo 37.
(Inviolabilidade do domiclio e da correspondncia)
Artigo 37.
(Inviolabilidade do domiclio e da correspondncia)
1. O domiclio, a correspondncia e quaisquer meios de comunicao privados so inviolveis, salvos os casos previstos na lei em matria de processo
criminal.
2. A entrada no domiclio de qualquer pessoa contra sua vontade s pode ter
lugar por ordem escrita da autoridade judicial competente, nos casos e segundo as formas prescritas na lei.
3. A entrada no domiclio de qualquer pessoa durante a noite, contra a sua
vontade, expressamente proibida, salvo em caso de ameaa grave para a
vida ou para a integridade fsica de algum que se encontre no interior desse
domiclio.
Artigu 37.
(Inviolabilidade ba domisliu no ba korrespondnsia)
1. Domisliu, korrespondnsia no meiu ba komunikasaun privadu seluk-tan labele hetan violasaun, salvu iha situasaun neeb lei prevee
kona-ba matria iha prosesu kriminl.
2. Ho autoridade judisil nia orden eskrita, iha situasaun no tuir regra
neeb lei prevee, maka bele iha entrada iha ema ruma nia domisliu (20).
3. Labele iha entrada iha ema ruma nia domisliu iha kalan, hasoru
ema nee nia vontade, salvu iha situasaun neeb iha ameasa grave (21)
ba ema ruma neeb iha hela domisliu nee nia laran nia vida ka integridade fzika.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (art. 12.); PIDCP,
de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n.
3/2003, de 22 de julho (art. 17.).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 48.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 68.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 34.).
3 Direito timorense: Cdigo Civil, aprovado pela Lei n. 10/2011, de 14 de setembro; Cdigo Penal, aprovado pelo DL n. 19/2009, de 8 de abril, e alterado pela Lei n.
6/2009, de 15 de julho; Cdigo de Processo Penal, aprovado pelo DL n. 13/05, de 22
de novembro.
(20) Domisliu (s) Fatin neeb ema ruma uza hanesan nia hela-fatin permanente; rezidnsia.
(21) Grave (adj) Boot; todan; makaas.
151
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Artigo 37.
(Inviolabilidade do domiclio e da correspondncia)
4 Doutrina: Sarah JOSEPH, Jenny SCHULTZ, Melissa CASTAN, The International Covenant on Civil and Political Rights, Cases, Materials, and Commentary,
Second Edition, Oxford, Oxford University Press, 2004, pp. 488 e ss.
5 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 23.; 34.; 36.; 156., n. 1, alnea
b).
II Anotao
1 H uma relao estreita entre esta disposio e o direito privacidade
previsto no artigo anterior, uma vez que atravs da consagrao da inviolabilidade do domiclio, da correspondncia e dos restantes meios de comunicao
privados aquilo que se pretende ainda a proteo da reserva da vida privada.
Trata-se, portanto, de garantias daquele direito. A violao do domiclio, da
correspondncia e de outros meios de comunicao privados constitui crime,
previsto e punido nos termos dos arts. 185. e 187. do Cdigo Penal.
2 Quanto ao que deve entender-se por domiclio, o Comit dos Direitos do
Homem, no que se refere ao art. 17. do PIDCP, estabelece que est aqui em
causa o local onde a pessoa reside ou leva a cabo a sua profisso. Assim, o
Comit tem adotado uma interpretao abrangente do conceito, de modo a
incluir o prprio local de trabalho da pessoa. A inviolabilidade da correspondncia implica que esta seja protegida independentemente de estar ou no em
causa uma comunicao escrita. Nesse sentido, o n. 1 do art. 187. do CP,
relativo violao de correspondncia ou telecomunicaes, diz expressamente que aquele que, sem consentimento ou fora dos casos processualmente
admissveis, abrir encomenda, carta ou qualquer outro escrito destinado a
outra pessoa ou tomar conhecimento do seu contedo ou impedir que seja
recebida pelo seu destinatrio, punido com pena de priso at dois anos
ou multa. No que diz respeito aos outros meios de comunicao privados,
so de incluir aqui todas as formas de comunicao (telefone, telefax, telex,
e-mail, etc.).
3 A proteo conferida por este artigo correspondncia e outros meios
de comunicao implica no s que no haja intromisso nas comunicaes
alheias, mas tambm que quem a elas tenha legitimamente acesso no as possa divulgar. De facto, o n. 3 do art. 187. do CP estabelece que aquele que
divulgar o contedo de cartas, encomendas, escritos fechados, telefonemas ou
outras comunicaes referidas nos nmeros anteriores, punido com pena de
priso at um ano ou multa, ainda que tenha tido conhecimento desse contedo de forma lcita.
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Artigo 37.
(Inviolabilidade do domiclio e da correspondncia)
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Artigo 38.
(Proteo de dados pessoais)
Artigo 38.
(Proteo de dados pessoais)
1. Todos os cidados tm o direito de acesso aos dados pessoais informatizados ou constantes de registos mecanogrficos e manuais que lhes digam respeito, podendo exigir a sua retificao e atualizao, e o direito de conhecer
a finalidade a que se destinam.
2. A lei define o conceito de dados pessoais e as condies aplicveis ao seu
tratamento.
3. expressamente proibido, sem o consentimento do interessado, o tratamento informatizado de dados pessoais relativos vida privada, s convices polticas e filosficas, f religiosa, filiao partidria ou sindical e
origem tnica.
Artigu 38.
(Protesaun ba dadu pesol)
1. Sidadaun hotu-hotu iha direitu atu iha asesu ba nia dadu pesol informatizadu ka iha rejistu mekanogrfiku no manul no atu ezije dadu
sira-nee nia ratifikasaun no atualizasaun, no iha direitu atu hatene
dadu sira-nee sei uza ba saida.
2. Lei define dadu pesol sira-nia konseitu no kondisaun neeb aplika
ba dadu sira-nee nia tratamentu.
3. Kuandu laiha interesadu nia konsentimentu, labele halo tratamentu
informatizadu ba dadu pesol kona-ba vida privada, konviksaun poltika no filozfika, f relijioza, filiasaun partidria ka sindikl no orijen
tnika.
I Referncias
1 Direito internacional: PIDCP, de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 3/2003, de 22 de julho (art. 17.).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 44.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 71.); Constituio da Repblica Portuguesa
(art. 35.).
3 Doutrina: Sarah JOSEPH, Jenny SCHULTZ, Melissa CASTAN, The International Covenant on Civil and Political Rights, Cases, Materials, and Commentary,
Second Edition, Oxford University Press, Oxford, 2004, p. 499.
4 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 23.; 16.; 36.; 45.; 156., n. 1,
alnea b).
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Artigo 38.
(Proteo de dados pessoais)
II Anotao
1 Este preceito visa a proteo de dados pessoais dos cidados. Ainda que
nos dias de hoje o maior perigo, no que se refere ao tratamento e eventual
cruzamento de dados, decorra da existncia de registos informticos, esta
disposio refere expressamente a proteo de dados pessoais constantes de
qualquer tipo de registo. Por outro lado, para alm do acesso, garante-se ainda ao cidado a possibilidade de exigir a retificao e atualizao dos seus
dados, bem como de conhecer a finalidade a que estes se destinam, ou seja,
saber qual o interesse que justifica a criao da base de dados em causa. O
Comit dos Direitos do Homem, que inclui a proteo de dados no mbito
de proteo do direito privacidade, defende ainda que os indivduos devem
ser capazes de determinar que entidades pblicas ou privadas controlam ou
podem controlar os seus dados.
2 Nos termos do n. 2, cabe ao legislador densificar o conceito de dados pessoais, no sentido de determinar se cabem no mbito de proteo deste direito
quaisquer tipos de dados relativos prpria pessoa. H, para alm disso, uma
exigncia constitucional expressa de regulao das condies aplicveis ao
tratamento de dados, isto , o legislador deve tambm definir em que termos
que a recolha e o tratamento de dados podem ou no ser legtimos.
3 H ainda uma proibio constitucional expressa de tratamento informatizado de dados pessoais relativos vida privada, s convices polticas e
filosficas, f religiosa, filiao partidria ou sindical e origem tnica.
Trata-se nestes casos de dados que revestem uma especial importncia para
os indivduos, uma vez que contendem com aspetos essenciais da sua personalidade. A proteo de dados pessoais consubstancia-se, assim, numa garantia do princpio da igualdade, da privacidade, da liberdade de conscincia e
de religio e do direito de opo poltica e sindical dos cidados. Prev-se, no
entanto, que este tratamento possa ter lugar no caso de existir consentimento
do interessado.
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Artigo 39.
(Famlia, casamento e maternidade)
Artigo 39.
(Famlia, casamento e maternidade)
1. O Estado protege a famlia como clula base da sociedade e condio para
o harmonioso desenvolvimento da pessoa.
2. Todos tm direito a constituir e a viver em famlia.
3. O casamento assenta no livre consentimento das partes e na plena igualdade de direitos entre os cnjuges, nos termos da lei.
4. A maternidade dignificada e protegida, assegurando-se a todas as mulheres proteo especial durante a gravidez e aps o parto e s mulheres trabalhadoras direito a dispensa de trabalho por perodo adequado, antes e depois
do parto, sem perda de retribuio e de quaisquer outras regalias, nos termos
da lei.
Artigu 39.
(Famlia, kazamentu no maternidade)
1. Estadu proteje famlia hanesan sosiedade nia slula baze no kondisaun ba ema ida-idak nia dezenvolvimentu armoniozu.
2. Ema hotu-hotu iha direitu atu konstitui no atu moris iha famlia.
3. Kazamentu hatuur iha parte sira-nia hakarak no iha igualdade konaba knjuje sira-nia direitu, tuir lei.
4. Maternidade iha dignidade no protesaun, feto iha protesaun espesil
iha tempu neeb nia isin-rua hela no liutiha momentu neeb hahoris,
no feto traballadora iha direitu ba dispensa hosi servisu iha perodu
adekuadu molok too no liutiha momentu neeb nia hahoris, ho direitu
nafatin ba retribuisaun no regalia sira seluk, tuir lei.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (arts. 12., 16. e 25.,
n. 2); PIDCP, 17 de julho de 1998, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional
n. 3/2003, de 22 de julho (arts. 17. e 23.); PIDESC, de 17 de julho de 1998, ratificado
pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 8/2003, de 3 de setembro (art. 10., n.os 1
e 2); CEDM, de 18 de dezembro de 1979, ratificada pela Resoluo do Parlamento
Nacional n. 11/2003, de 17 de setembro (art. 16.).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (arts. 47., 82. e
87. a 89.); Constituio da Repblica de Moambique (arts. 119. e 120.); Constituio da Repblica Portuguesa (arts. 36., 67. e 68.).
3 Direito timorense: Lei n. 7/2010, de 7 de julho (Lei Contra a Violncia Domstica).
4 Jurisprudncia: Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 68-CIV-03, de
28 de abril de 2010.
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Artigo 39.
(Famlia, casamento e maternidade)
II Anotao
1 A Constituio tutela neste artigo a famlia, o casamento e a maternidade, enquanto dimenses ineliminveis da organizao social e da realizao
pessoal inerente concretizao do princpio da dignidade da pessoa humana.
As relaes jurdico-familiares so estruturadas pela Constituio em diversos moldes de proteo e desenvolvimento, encontrando-se neste artigo quer
garantias institucionais (no n. 1 e tambm nos n.os 3 e 4), quer direitos fundamentais (nos n.os 2, 3 e 4), e, dentro destes, ainda que se trate de um preceito
em sede de direitos, liberdades e garantias, tambm direitos sociais (no n. 4),
enquanto direitos a prestaes que ao Estado cabe concretizar.
2 A incumbncia estadual de proteo da famlia como clula base da
sociedade e condio para o harmonioso desenvolvimento da personalidade,
presente no n. 1 deste artigo, corresponde consagrao de uma garantia
institucional da famlia. A Constituio timorense preocupou-se, assim, em
primeiro lugar, em assinalar a dimenso objetiva da instituio familiar enquanto quadro comunitrio essencial da concretizao e conformao dos
direitos fundamentais a proteo por esta forma conferida famlia algo
mais que o conjunto da proteo dispensada s relaes jurdico-familiares
dos indivduos que a compem.
Da previso de uma garantia institucional da famlia resulta um espao de
liberdade e de autonomia perante o Estado, que impe limites ao mbito da
interveno dos poderes pblicos nesta matria, sem deixar de lhes conferir
uma dada margem de conformao e atuao, na medida do necessrio para
a defesa e promoo do princpio da dignidade humana.
Por outro lado, a referncia ao harmonioso desenvolvimento da personalidade aponta para uma das dimenses de um direito geral de personalidade que,
no se encontrando expressamente previsto pela Constituio, encontra consagrao parcial em diversas normas constitucionais de direitos, liberdades e
garantias (arts. 36. e ss.).
3 O art. 39., n. 2, prev os direitos de constituir e de viver em famlia. A formulao aberta desta norma mostra que a Constituio timorense no pro157
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Artigo 39.
(Famlia, casamento e maternidade)
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Artigo 39.
(Famlia, casamento e maternidade)
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Artigo 39.
(Famlia, casamento e maternidade)
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11/10/18 12:22:27
Artigo 40.
(Liberdade de expresso e informao)
Artigo 40.
(Liberdade de expresso e informao)
1. Todas as pessoas tm direito liberdade de expresso e ao direito de informar e ser informados com iseno.
2. O exerccio da liberdade de expresso e de informao no pode ser limitado por qualquer tipo de censura.
3. O exerccio dos direitos e liberdades referidos neste artigo regulado por
lei com base nos imperativos do respeito da Constituio e da dignidade da
pessoa humana.
Artigu 40.
(Liberdade ba espresaun no informasaun)
1. Ema hotu-hotu iha direitu ba liberdade ba espresaun no direitu atu
informa no hetan informasaun ho izensaun.
2. Liberdade ba espresaun no liberdade ba informasaun nia ezerssiu
labele hetan limitasaun ho sensura naran oin ida.
3. Lei sei regula direitu no liberdade sira-neeb artigu ida-nee refere,
ho baze iha obrigasaun atu respeita Konstituisaun no ema ida-idak nia
dignidade.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (art. 19.); PIDCP,
de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n.
3/2003, de 22 de julho (arts. 19. e 20.).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 40.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 48.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 51.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 48.); Constituio da
Repblica Portuguesa (art. 37.).
3 Doutrina: Sarah JOSEPH, Jenny SCHULTZ, Melissa CASTAN, The International Covenant on Civil and Political Rights, Cases, Materials, and Commentary,
Second Edition, Oxford, Oxford University Press, 2004, pp. 517 e ss.
4 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 23.; 38., n. 1; 41.; 53., n. 1;
94.; 156., n. 1, alnea b).
II Anotao
1 Este preceito protege duas liberdades: a liberdade de expresso e a liberdade de informao. A liberdade de expresso traduz-se na possibilidade de
expressar livremente o seu pensamento sobre qualquer matria, por qualquer
meio e em qualquer local. A liberdade de informao abrange a direito de
informar, ou seja, de partilhar com terceiros informao, mas tambm de ser
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Artigo 40.
(Liberdade de expresso e informao)
11/10/18 12:22:27
Artigo 41.
(Liberdade de imprensa e dos meios de comunicao social)
Artigo 41.
(Liberdade de imprensa e dos meios de comunicao social)
1. garantida a liberdade de imprensa e dos demais meios de comunicao
social.
2. A liberdade de imprensa compreende, nomeadamente, a liberdade de expresso e criao dos jornalistas, o acesso s fontes de informao, a liberdade editorial, a proteo da independncia e do sigilo profissional e o direito de
criar jornais, publicaes e outros meios de difuso.
3. No permitido o monoplio dos meios de comunicao social.
4. O Estado assegura a liberdade e a independncia dos rgos pblicos de
comunicao social perante o poder poltico e o poder econmico.
5. O Estado assegura a existncia de um servio pblico de rdio e de televiso que deve ser isento, tendo em vista, entre outros objetivos, a proteo e
divulgao da cultura e das tradies da Repblica Democrtica de Timor-Leste e a garantia da expresso do pluralismo de opinio.
6. As estaes emissoras de radiodifuso e de radioteleviso s podem funcionar mediante licena, nos termos da lei.
Artigu 41.
(Liberdade ba imprensa no ba meiu ba komunikasaun sosil)
1. Iha garantia ba imprensa no meiu ba komunikasaun sosil sira seluk
nia liberdade.
2. Iha liberdade ba imprensa tama, hamutuk no seluk tan, jornalista
sira-nia liberdade ba espresaun no kriasaun, asesu ba informasaun nia
fonte, liberdade editoril, protesaun ba independnsia no sijilu profisionl no direitu atu kria jornl, publikasaun ou meiu ba difuzaun seluk tan.
3. Labele iha monopliu ba meiu ba komunikasaun sosil.
4. Estadu asegura rgaun pbliku ba komunikasaun sosil sira-nia liberdade no independnsia hosi podr poltiku no podr ekonmiku.
5. Estadu asegura atu iha servisu pbliku ida ba rdiu no ba televizaun
neeb tenke funsiona ho izensaun, atu, hamutuk ho objetivu seluk tan,
proteje no divulga Repblika Demokrtika Timr-Leste nia kultura no
tradisaun no garante pluralizmu iha opiniaun nia espresaun.
6. Radiodifuzaun no radiotelevizaun nia estasaun emisora tenke iha
lisensa atu funsiona, tuir lei.
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11/10/18 12:22:28
Artigo 41.
(Liberdade de imprensa e dos meios de comunicao social)
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 44.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 56.); Constituio da Repblica Portuguesa
(art. 38.).
2 Direito timorense: DL n. 12/2003, de 29 de julho (Cria a Autoridade Reguladora
das Comunicaes e aprova os respetivos Estatutos); DL n. 42/2008, de 26 de novembro (Transforma a Rdio e Televiso de Timor-Leste em Empresa Pblica).
3 Doutrina: Sarah JOSEPH, Jenny SCHULTZ, Melissa CASTAN, The International Covenant on Civil and Political Rights, Cases, Materials, and Commentary,
Second Edition, Oxford, Oxford University Press, 2004, pp. 522 e ss.
4 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 23.; 40.; 156., n. 1, alnea b).
II Anotao
1 H uma relao muito estreita entre as liberdades de expresso, previstas
no art. 40., e a informao e a liberdade de imprensa e dos meios de comunicao social. Esta ltima tem ainda em vista a proteo das liberdades de
expresso e de informao, mas aqui perante o pblico em geral, ou seja, perante um conjunto mais ou menos vasto de destinatrios, dependendo do meio
de comunicao social em causa. O n. 1 deste preceito garante a liberdade de
todos os meios de comunicao social, sem exceo.
2 Nos termos do n. 2 desta disposio, a liberdade de imprensa compreende, em primeiro lugar, a liberdade de expresso e criao dos jornalistas. A
proibio de censura, prevista no art. 40., aplica-se obviamente liberdade
de imprensa, protegendo os jornalistas e os meios de comunicao social, no
exerccio dessa atividade, de tentativas de ingerncia que ponham em risco a
sua independncia e objetividade. Consequentemente, compreende-se aqui
tambm a liberdade de expresso e criao no interior do meio de comunicao social no qual se exercem funes.
3 Em segundo lugar, o preceito refere expressamente o direito ao acesso s
fontes de informao, que se traduz precisamente no direito de o jornalista
procurar e obter informao. Este direito deve ser assegurado aos jornalistas
por todos os entes pblicos e entes privados que exercem poderes pblicos ou
prosseguem interesses pblicos. H, no entanto, limites ao direito, como ,
por exemplo, o caso do acesso a processos em segredo de justia ou a documentos classificados.
4 Garante-se ainda a liberdade editorial, o que significa que os jornalistas
tm direito de participar na orientao editorial do rgo de comunicao
social para o qual trabalham, desde que este no tenha natureza doutrinria
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Artigo 41.
(Liberdade de imprensa e dos meios de comunicao social)
11/10/18 12:22:28
Artigo 42.
(Liberdade de reunio e de manifestao)
Artigo 42.
(Liberdade de reunio e de manifestao)
1. A todos garantida a liberdade de reunio pacfica e sem armas, sem necessidade de autorizao prvia.
2. A todos reconhecido o direito de manifestao, nos termos da lei.
Artigu 42.
(Liberdade ba reuniaun no ba manifestasaun)
1. Iha garantia ba ema hotu atu halo reuniaun pasfika no sein arma,
neeb la presiza hetan uluk autorizasaun.
2. Ema hotu iha direitu ba manifestasaun, tuir lei.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (art. 20.); PIDCP,
de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n.
3/2003, de 22 de julho (art. 21.), e Protocolo Adicional.
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 47.); Constituio
da Repblica de Cabo Verde (art. 53.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau
(art. 54.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 45.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 34.).
3 Direito timorense: Cdigo Penal, aprovado pelo DL n. 19/2009, de 8 de abril, e
alterado pela Lei n. 6/2009, de 15 de julho (art. 170.); Lei n. 1/2006, de 8 de fevereiro (Liberdade de Reunio e de Manifestao).
4 Jurisprudncia: Acrdo do Tribunal de Recurso n. 01/2005, de 9 de maio (Fiscalizao Preventiva de Constitucionalidade).
5 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 23.; 40.; 156., n. 1, alnea b).
II Anotao
1 A liberdade de reunio e de manifestao um direito fundamental garantido expressamente pela Constituio da Repblica Democrtica de Timor-Leste, no art. 42., e pelo direito internacional, nos termos da Declarao
Universal dos Direitos do Homem, do Pacto Internacional de Direitos Civis e
Polticos e do respetivo Protocolo Adicional.
2 A liberdade de reunio e manifestao, alm de ser um direito pessoal,
tambm uma condio objetiva, indispensvel ao bom funcionamento da
prpria democracia. A participao na vida poltica no se resume ao poder
de escolha dos governantes. Bem pelo contrrio, os cidados devem continuar
atentos e ativos para fazer saber ao Governo o que o povo aprecia ou censura
quando os governantes aplicam as polticas que perante os eleitores se comprometeram a adotar.
166
11/10/18 12:22:28
Artigo 42.
(Liberdade de reunio e de manifestao)
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Artigo 42.
(Liberdade de reunio e de manifestao)
11/10/18 12:22:29
Artigo 42.
(Liberdade de reunio e de manifestao)
169
11/10/18 12:22:29
Artigo 43.
(Liberdade de associao)
Artigo 43.
(Liberdade de associao)
1. A todos garantida a liberdade de associao, desde que no se destine a
promover a violncia e seja conforme com a lei.
2. Ningum pode ser obrigado a fazer parte de uma associao ou a nela permanecer contra sua vontade.
3. So proibidas as associaes armadas, militares ou paramilitares e as organizaes que defendam ideias ou apelem a comportamentos de carter racista
ou xenfobo ou que promovam o terrorismo.
Artigu 43.
(Liberdade ba asosiasaun)
1. Iha garantia ba ema hotu nia liberdade ba asosiasaun, naran karak
las atu promove violnsia no tuir lei.
2. Labele obriga ema ida tama iha asosiasaun ida ka hela iha asosiasaun ida hasoru nia vontade.
3. Labele iha asosiasaun armada, militr ka paramilitr no organizasaun neeb defende ideia ka dada ema ba komportamentu ho karater
rasista ka xenfobu ka neeb promove terrorizmu.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 48.); Constituio
da Repblica Federativa do Brasil (art. 5., XVII a XXI); Constituio da Repblica de
Cabo Verde (art. 52.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 52.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 46.); Constituio da Repblica Democrtica de
So Tom e Prncipe (art. 35.).
2 Direito timorense: Lei n. 3/2004, de 14 de abril (Partidos Polticos).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 7.; 12.; 46., n. 2; 50., n. 5; 52.;
95., n. 2, alnea i); 156., n. 1, alnea b).
II Anotao
1 A consagrao do direito de associao como um direito fundamental
constitui um reconhecimento da importncia que a vida na comunidade tem
para a realizao pessoal dos indivduos e tambm do papel que os cidados
podem assumir na vida pblica, agrupando-se em funo dos seus interesses
ou convices comuns.
2 Na Constituio, h vrias outras normas que se referem a associaes
com uma natureza e funo especficas reconhecidas constitucionalmente
os partidos polticos (arts. 7., 46. e 70.), as confisses religiosas (art. 12.),
170
11/10/18 12:22:29
Artigo 43.
(Liberdade de associao)
171
11/10/18 12:22:29
Artigo 44.
(Liberdade de circulao)
Artigo 44.
(Liberdade de circulao)
1. Todo o indivduo tem o direito de se movimentar e fixar residncia em
qualquer ponto do territrio nacional.
2. A todo o cidado garantido o direito de livremente emigrar, bem como o
direito de regressar ao pas.
Artigu 44.
(Liberdade ba sirkulasaun)
1. Ema ida-idak iha direitu atu lao b-mai no tuur iha fatin naran ida
iha territriu nasionl.
2. Iha garantia ba sidadaun ida-idak direitu atu emigra (22) livremente
no direitu atu fila-fali mai pas.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (art. 13.); PIDCP,
de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n.
3/2003, de 22 de julho.
2 Direito timorense: DL n. 44/2008, de 31 de dezembro (Regime Jurdico dos
Passaportes).
3 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 46.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 51.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 55.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 44.); Constituio da
Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 33.).
4 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 23.; 156.; n. 1, alnea b).
II Anotao
1 Esta norma garante liberdades bsicas aos cidados o direito de ir e de
vir, de circular sem impedimentos em todo o territrio nacional, de permanecer em qualquer local e de escolher livremente o espao onde fixar residncia.
2 Estas liberdades de passagem, de circulao e de permanncia assistem a
todos os que permanecem regularmente em territrio nacional.
3 Alm da liberdade de deslocao no interior do territrio, a Constituio
reconhece tambm, na sequncia do que se encontra previsto no art. 13. da
(22) Emigra (v) Sai hosi pas atu ba hela iha rai seluk; sai hosi pas hanesan emigrante.
172
11/10/18 12:22:30
Artigo 44.
(Liberdade de circulao)
173
11/10/18 12:22:30
Artigo 45.
(Liberdade de conscincia, de religio e de culto)
Artigo 45.
(Liberdade de conscincia, de religio e de culto)
1. A toda a pessoa assegurada a liberdade de conscincia, de religio e de
culto, encontrando-se as confisses religiosas separadas do Estado.
2. Ningum pode ser perseguido nem discriminado por causa das suas convices religiosas.
3. garantida a objeo de conscincia, nos termos da lei.
4. garantida a liberdade do ensino de qualquer religio no mbito da respetiva confisso religiosa.
Artigu 45.
(Liberdade ba konxinsia, relijiaun no kultu)
1. Iha garantia ba ema ida-idak liberdade ba konxinsia, ba relijiaun no
ba kultu, no konfisaun relijioza sira ketak hosi Estadu.
2. Ema ida labele hetan persegisaun ka diskriminasaun tanba nia konviksaun relijioza.
3. Iha garantia ba objesaun tuir konxinsia, nuudar lei.
4. Iha garantia ba liberdade atu hanorin relijiaun naran ida iha konfisaun ida-idak nia laran.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 41.); Constituio
da Repblica Federativa do Brasil (art. 5., VI, VII e VIII); Constituio da Repblica
de Cabo Verde (art. 49.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 41.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 27.).
2 Direito timorense: Lei n. 14/2008, de 29 de outubro (Lei de Bases da Educao)
arts. 12., n. 1, alnea j); 13., n. 3, alnea b); 35., n. 2.
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 12.; 16., n. 2; 25., n. 5; 156.,
n. 1, alnea b).
II Anotao
1 A liberdade de conscincia, de religio e de culto garantida na Lei Fundamental na mesma norma em que se afirma a separao entre o Estado e as
confisses religiosas.
2 A separao das confisses religiosas do Estado surge como uma garantia
de defesa da liberdade religiosa e de preservao de um estatuto de iseno do
Estado perante as religies. A separao entre o Estado e as confisses religiosas portanto, simultaneamente, o alicerce da iseno poltica dos poderes
pblicos e da liberdade de conscincia dos cidados.
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Artigo 45.
(Liberdade de conscincia, de religio e de culto)
11/10/18 12:22:30
Artigo 46.
(Direito de participao poltica)
Artigo 46.
(Direito de participao poltica)
1. Todo o cidado tem o direito de participar, por si ou atravs de representantes democraticamente eleitos, na vida poltica e nos assuntos pblicos do
pas.
2. Todo o cidado tem o direito de constituir e de participar em partidos polticos.
3. A constituio e a organizao dos partidos polticos so reguladas por
lei.
Artigu 46.
(Direitu ba partisipasaun poltika)
1. Sidadaun ida-idak iha direitu atu partisipa, rasik ka ho nia reprezentante eleitu tuir demokrasia, iha vida poltika no iha pas nia asuntu
poltiku.
2. Sidadaun ida-idak iha direitu atu konstitui no atu partisipa iha partidu poltiku.
3. Lei maka regula partidu poltiku sira-nia konstituisaun no organizasaun.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 52.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (arts. 55. a 57.); Constituio da Repblica Portuguesa (arts. 48.; 50. e 51.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e
Prncipe (art. 66.).
2 Direito timorense: Lei n. 3/2004, de 14 de abril (Partidos Polticos).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 7.; 40.; 43.; 47.; 48.; 63.; 66.;
70.; 156., n. 1, alnea b).
II Anotao
1 A participao poltica dos cidados tratada na Constituio como elemento essencial de um Estado democrtico, que, atravs da Constituio, organiza as formas atravs das quais aquela se h de concretizar como uma
condio e instrumento fundamental do sistema democrtico, tratado como
tal no art. 63. da Lei Fundamental. Nesta norma, a participao poltica sobressai com outra dimenso, a de um verdadeiro direito subjetivo, um direito
fundamental de cada cidado, consagrado neste art. 46. da Constituio.
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11/10/18 12:22:31
Artigo 46.
(Direito de participao poltica)
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11/10/18 12:22:31
Artigo 47.
(Direito de sufrgio)
Artigo 47.
(Direito de sufrgio)
1. Todo o cidado maior de dezassete anos tem o direito de votar e de ser
eleito.
2. O exerccio do direito de sufrgio pessoal e constitui um dever cvico.
Artigu 47.
(Direitu ba sufrjiu) (23)
1. Sidadaun ida-diak ho tinan boot-liu sanulu resin-hitu iha direitu atu
vota no hetan eleisaun.
2. Direitu ba sufrjiu nia ezerssiu ema ida-idak nian no konstitui devr
sviku ida.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 54.); Constituio da Repblica Federativa do Brasil (art. 14.); Constituio da Repblica de Cabo
Verde (art. 55.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 49.); Constituio da
Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 58.).
2 Direito timorense: Lei n. 6/2006, de 28 de dezembro, com a redao da Lei n.
6/2007, de 31 de maio, e da Lei n. 7/2011, de 22 de junho (Lei Eleitoral para o Parlamento Nacional); Lei n. 7/2006, de 28 de dezembro, com a redao da Lei n. 5/2007,
de 28 de maro, e da Lei n. 8/2011, de 22 de junho (Lei Eleitoral para o Presidente
da Repblica).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 7.; 65., n. 1; 70., n. 1; 93., n.
1; 156., n. 1, alnea g).
II Anotao
1 A participao dos cidados na vida poltica tem expresso particular
no exerccio do direito de voto. No texto da Constituio, a nica condio
explcita que tem de ser cumprida para se poder exercer o direito ser maior
de 17 anos.
2 As primeiras leis eleitorais para o Parlamento Nacional e para o Presidente
da Repblica, Leis n. 6/2006 e n. 7/2006, respetivamente, acrescentaram outras incapacidades eleitorais: os interditos por sentena transitada em julgado
e os notria e publicamente dementes, ainda que essa incapacidade de discernimento no tenha sido atestada atravs de um procedimento que garanta com
(23) Sufrjiu (s) Votu. Direitu ba sufrjiu = Direitu atu vota ka atu ema seluk vota iha nia.
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Artigo 47.
(Direito de sufrgio)
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11/10/18 12:22:31
Artigo 48.
(Direito de petio)
Artigo 48.
(Direito de petio)
Todo o cidado tem o direito de apresentar peties, queixas e reclamaes,
individual ou coletivamente, perante os rgos de soberania ou quaisquer autoridades, para defesa dos seus direitos, da Constituio, das leis ou do interesse geral.
Artigu 48.
(Direitu ba petisaun)
Sidadaun ida-idak iha direitu atu aprezenta petisaun, keixa ka reklamasaun ba rgaun soberanu sira ka autoridade naran ida atu defende
nia direitu, Konstituisaun, lei ka interese jerl.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 73.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 59.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 79.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 52.); Constituio da
Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 60.).
2 Direito timorense: Regimento do Parlamento Nacional, aprovado em 20 de outubro de 2009.
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 27.; 46.; 156., n. 1, alnea b).
II Anotao
1 Esta norma consagra o direito de os cidados terem acesso aos rgos de
soberania ou a quaisquer outras autoridades pblicas, para exporem as suas
ideias sobre o comportamento das autoridades.
2 Este direito pode ter por finalidade a defesa de direitos individuais, mas
tambm a defesa de interesses gerais, bem como da constitucionalidade e da
legalidade democrticas.
3 O direito de petio caracteriza-se, por isso, por uma grande amplitude
dos interesses e aspetos que atravs dele podem ser defendidos e das entidades a que pode ser dirigido rgos de soberania ou quaisquer autoridades.
Entende-se que este direito s no pode ser exercido junto dos tribunais, porque estes recebem apenas os pedidos segundo formas e tramitaes especificamente reguladas na lei processual.
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Artigo 48.
(Direito de petio)
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11/10/18 12:22:32
Artigo 49.
(Defesa da soberania)
Artigo 49.
(Defesa da soberania)
1. Todo o cidado tem o direito e o dever de contribuir para a defesa da independncia, soberania e integridade territorial do pas.
2. O servio militar prestado nos termos da lei.
Artigu 49.
(Defeza ba soberania)
1. Sidadaun ida-idak iha direitu no devr atu kontribui hodi defende
pas nia independnsia, soberania no integridade territoril.
2. Servisu militr sei halo nuudar lei haruka.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 85., alnea
b)); Constituio da Repblica da Indonsia (art. 30., n. 1).
2 Direito timorense: Lei n. 3/2007, de 28 de fevereiro (Lei do Servio Militar); Lei
n. 16/2008, de 24 de dezembro (Primeira Alterao da Lei do Servio Militar).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 96., n. 1, alnea j); 146..
II Anotao
1 Nos termos da Constituio, a defesa da ptria um direito e um dever.
A sua afirmao como dever significa que os cidados so todos igualmente
chamados a esta funo de defesa da independncia do pas, da sua soberania
e integridade territorial. O seu entendimento como um dever fundamental
significa que o Estado pode exigir de cada cidado que este cumpra o seu
dever de participar no esforo militar de defesa da ptria.
2 Apesar de a Constituio referir a defesa como um direito, a sua dimenso de dever que mais sobressai na Constituio e sobretudo na lei que a
desenvolve. Referimo-nos Lei do Servio Militar, cuja primeira verso foi
aprovada em 2007. Em 2008, a mesma foi revista de modo a incluir a possibilidade de prestar servio militar em regime de voluntariado. A razo para
esta alterao deveu-se ao facto de haver muitos jovens a voluntariar-se para
o servio militar e haver dificuldades prticas de cumprir as exigncias relacionadas com o recenseamento militar.
3 Ao contrrio do que sucede, por exemplo, com o dever de votar, que a
Constituio qualifica expressamente de dever cvico, afastando a possibilidade de cominao de sanes pelo seu no cumprimento, o dever de defesa
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Artigo 49.
(Defesa da soberania)
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11/10/18 12:22:32
Artigo 50.
(Direito ao trabalho)
TTULO III
DIREITOS E DEVERES ECONMICOS, SOCIAIS
E CULTURAIS
Artigo 50.
(Direito ao trabalho)
1. Todo o cidado, independentemente do sexo, tem o direito e o dever de
trabalhar e de escolher livremente a profisso.
2. O trabalhador tem direito segurana e higiene no trabalho, remunerao, ao descanso e s frias.
3. proibido o despedimento sem justa causa ou por motivos polticos, religiosos e ideolgicos.
4. proibido o trabalho compulsivo, sem prejuzo do disposto na legislao
sobre a execuo de penas.
5. O Estado promove a criao de cooperativas de produo e apoia as empresas familiares como fontes de emprego.
Artigu 50.
(Direitu ba traballu)
1. Sidadaun ida-idak, feto ka mane, iha direitu no devr atu servisu no
hili profisaun neeb nia hakarak.
2. Traballadr iha direitu ba seguransa no ijiene iha traballu, ba remunerasaun, ba deskansu no ba frias.
3. Labele iha despedimentu sein kauza justa ka tanba motivu poltiku,
relijiozu ka ideoljiku.
4. Labele iha traballu kompulsivu, sein prejuizu ba dispozisaun neeb
mai hosi lejislasaun kona-ba pena nia ezekusaun.
5. Estadu promove kooperativa ba produsaun nia kriasaun no apoia
empreza familir hanesan meiu neeb hamosu empregu (24).
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (arts. 23., 24. e 25.);
PIDCP, de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 3/2003, de 22 de julho (art. 8.); PIDESC, de 16 de dezembro de 1966, ratificado
pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 8/2003, de 3 de setembro (arts. 2., 3., 6.,
7., 10. e 12.).
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11/10/18 12:22:33
Artigo 50.
(Direito ao trabalho)
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 76.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (arts. 61., 62. e 63.); Constituio da Repblica
Portuguesa (arts. 53., 58. e 59.).
3 Direito timorense: Proposta de Lei do Cdigo do Trabalho (Proposta de Lei n.
39/II) arts. 6., 8., 11. a 14., 20. a 25., 34. a 47., e 51. a 54..
4 Legislao da UNTAET: Regulamento UNTAET n. 2002/05, de 1 de maio
(Criao de um Cdigo Laboral para Timor-Leste).
5 Doutrina: Joo Leal AMADO, Contrato de Trabalho, 2.a ed., Coimbra, Coimbra Editora, 2010; Antnio Monteiro FERNANDES, Direito do Trabalho, 15.a ed.,
Coimbra, Almedina, 2010; Francisco Liberal FERNANDES, Direito do Trabalho O
Contrato de Trabalho, Apontamentos com base no Projeto do Cdigo do Trabalho de
Timor Lorosae, Timor, 2010; Jorge LEITE, Direito do Trabalho, vol. I, Coimbra, Servios da Ao Social da U.C., 1998; Pedro Romano MARTINEZ, Direito do Trabalho, 5.a ed., Coimbra, Almedina, 2010; Maria do Rosrio Palma RAMALHO, Direito
do Trabalho, Parte II Situaes Laborais Individuais, 3.a ed., Coimbra, Almedina,
2010; Bernardo da Gama Lobo XAVIER, Curso de Direito do Trabalho, I Introduo, Quadros Organizacionais e Fontes, 3.a ed., Lisboa, Verbo, 2004.
6 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 23.; 51.; 52..
II Anotao
1 O primeiro direito que encabea o Ttulo III da Constituio relacionado
com os direitos e deveres econmicos, sociais e culturais o do direito ao trabalho, sendo que os trs primeiros artigos deste ttulo so relativos ao direito
do trabalho, quer na sua vertente individual, quer coletiva.
A sua consagrao constitucional significa que os direitos dos trabalhadores
adquirem uma dimenso objetiva que origina uma nova conceo da relao
de trabalho com vrias restries dos poderes do empregador, principalmente
o diretivo, mas tambm na sua liberdade de empresa e na prpria liberdade
negocial. Os trabalhadores so, assim, dotados de direitos constitucionais que
se encontram relacionados com a prpria ideia de cidadania no trabalho e
com uma forma de os proteger na relao de poder/subordinao como a de
trabalho.
2 O primeiro direito consagrado neste artigo estabelece que todos os cidados, independentemente do sexo, tm direito ao trabalho. Contudo, h a
consagrao tambm neste nmero de um dever de trabalhar, o que aponta
para uma conceo de que a liberdade de trabalho, isto , a liberdade de trabalhar ou no, ou pode ser limitada. Porm, relacionando este dever com o
previsto no n. 4 deste mesmo artigo, conclui-se que a liberdade de trabalho e
a liberdade de escolha do gnero de trabalho so incompatveis com qualquer
forma de trabalho forado ou obrigatrio, ressalvadas, claro, as excees do
direito penitencirio. A Proposta de Lei do Cdigo do Trabalho, no art. 8.,
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11/10/18 12:22:33
Artigo 50.
(Direito ao trabalho)
11/10/18 12:22:33
Artigo 50.
(Direito ao trabalho)
11/10/18 12:22:33
Artigo 50.
(Direito ao trabalho)
11/10/18 12:22:34
Artigo 50.
(Direito ao trabalho)
11/10/18 12:22:34
Artigo 50.
(Direito ao trabalho)
capacidade de exerccio de participao poltica, evitando que os trabalhadores, apenas por terem esta qualidade e porque o seu emprego est subordinado
juridicamente a outrem, fiquem numa situao de capitis diminutio relativamente aos restantes cidados.
6 No n. 5 deste artigo consagra-se, por um lado, a iniciativa de criao de
cooperativas que devem ser promovidas pelo Estado e, por outro lado, o apoio
criao de empresas familiares como fontes de emprego.
190
11/10/18 12:22:34
Artigo 51.
(Direito greve e proibio do lock-out)
Artigo 51.
(Direito greve e proibio do lock-out)
1. Os trabalhadores tm direito a recorrer greve, sendo o seu exerccio regulado por lei.
2. A lei define as condies de prestao, durante a greve, de servios necessrios segurana e manuteno de equipamentos e instalaes, bem como
de servios mnimos indispensveis para acorrer satisfao de necessidades
sociais impreterveis.
3. proibido o lock-out.
Artigu 51.
(Direitu ba greve no proibisaun ba lock-out)
1. Traballadr sira iha direitu atu halo greve, no lei maka regula direitu
nee nia ezerssiu.
2. Lei define kondisaun atu, iha tempu neeb greve lao daudaun, halo
servisu neeb presiza ba seguransa no manutensaun ba ekipamentu no
instalasaun, no ms servisu mnimu neeb presiza duni atu f-resposta ba nesesidade neeb labele husik ba loron seluk.
3. Labele iha lock-out.
I Referncias
1 Direito internacional: PIDESC, de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 8/2003, de 3 de setembro (art. 8., alnea d)).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 47.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 87.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 57.).
3 Direito timorense: Proposta de Lei do Cdigo do Trabalho (Proposta de Lei n.
39/II) arts. 5., alnea p); 90., n. 7, e 92. a 98..
4 Legislao da UNTAET: Regulamento UNTAET n. 2002/05, de 1 de maio
(Criao de um Cdigo Laboral para Timor-Leste).
5 Doutrina: Antnio Monteiro FERNANDES, Direito de Greve Notas e Comentrios Lei n. 65/97, de 26 de agosto, Coimbra, 1982; ID, Direito do Trabalho, 15.a ed.,
Coimbra, Almedina, 2010; Jorge LEITE, Direito do Trabalho, vol. I, Coimbra, Servios da Ao Social da U.C., 1998; Francisco LIBERAL FERNANDES, A obrigao
de Servios Mnimos como tcnica de regulao da Greve nos servios essenciais,
Coimbra, Coimbra Editora, 2010; ID, Direito do Trabalho O Contrato de Trabalho,
Apontamentos com base no Projeto do Cdigo do Trabalho de Timor Lorosae, Timor,
2010; Pedro Romano MARTINEZ, Direito do Trabalho, 5.a ed., Coimbra, Almedina,
2010; Maria do Rosrio Palma RAMALHO, Greves de maior prejuzo notas sobre o
enquadramento jurdico de quatro modalidades de comportamento grevista (greves
intermitentes, rotativas, trombose e retroativas), Rev. AAFDL, 1986, pp. 67-115; ID,
Direito do Trabalho, Parte I Dogmtica Geral, 2.a ed., Coimbra, Almedina, 2009;
191
11/10/18 12:22:34
Artigo 51.
(Direito greve e proibio do lock-out)
Bernardo da Gama LOBO XAVIER, Direito da Greve, Lisboa, 1984; ID, Curso de
Direito do Trabalho, I Introduo, Quadros Organizacionais e Fontes, 3.a ed., Lisboa, Verbo, 2004.
6 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 50.; 52..
II Anotao
1 A greve um fenmeno especfico da sociedade moderna associado, desde a Revoluo Industrial, a formas de protesto contra situaes que afetam
determinados interesses dos trabalhadores.
2 A ordem jurdica timorense configura o direito greve como um direito
constitucional dos trabalhadores e apenas destes. Desta forma, ainda que os
sindicatos possam decidir sobre a greve, apenas os trabalhadores individualmente considerados a podem de facto exercer. Os sindicatos apenas podem
declarar a greve no a podendo realizar, como bvio. Dir-se-ia, pois, que se
trata de um direito individual de exerccio coletivo.
A Constituio no d uma definio de greve, podendo dizer-se que ser
uma absteno da prestao de trabalho, por um determinado grupo de trabalhadores, como uma forma de realizar objetivos comuns. Assim, o ncleo
essencial deste direito consiste no poder do trabalhador modificar de forma
transitria o seu vnculo jurdico-laboral.
Este direito conferido aos trabalhadores como uma forma de restabelecer
o equilbrio entre as partes contratantes na medida em que os trabalhadores,
subordinados juridicamente ao empregador, se encontram numa posio enfraquecida. A prpria Organizao Internacional do Trabalho, ainda que de
forma cautelosa, entende o direito greve como uma componente da liberdade sindical e do direito negociao coletiva.
Torna-se essencial, para a efetiva liberdade de exerccio do direito greve,
estabelecer proteo contra condutas do empregador ou de terceiros que extingam o exerccio concreto deste direito e dos seus efeitos, como sejam: o
lock-out, expressamente proibido no n. 3; a proibio da realizao de trabalho forado pelo trabalhador por motivo de ter participado numa greve; e a
substituio de grevistas por trabalhadores estranhos empresa. Estas questes esto contempladas na Proposta de Lei do Cdigo do Trabalho.
3 O direito greve no um direito absoluto ou ilimitado, coexistindo com
outros direitos e valores constitucionalmente protegidos, tal como se depreende do n. 2 deste artigo. Existem, desde logo, limites externos na medida em
que o direito greve tem de se conciliar com outros direitos de igual valor,
192
11/10/18 12:22:35
Artigo 51.
(Direito greve e proibio do lock-out)
sendo necessrio o recurso ao critrio da concordncia prtica tendente a salvaguardar a mxima eficcia possvel de todos ou o menor sacrifcio de cada
um, apelando sempre a um juzo de proporcionalidade.
neste quadro que se compreende a obrigao legal de servios mnimos,
que constitui um dos mais significativos limites ao exerccio do direito greve. Em primeiro lugar, necessrio determinar o que deve entender-se por
esta expresso, na medida em que a Constituio estabelece dois tipos de servios que no podem ser afetados pelas greves e que, desta forma, prevalecem
sobre este direito, no concretizando, contudo, estes conceitos: a) os servios
necessrios segurana e manuteno de equipamentos e instalaes; b) os
servios mnimos indispensveis para acorrer satisfao de necessidades
sociais impreterveis. Estas duas situaes constituem dois tipos diferentes
de limitaes, na medida em que a prestao de servios necessrios segurana e manuteno de equipamentos no se limita a estabelecimentos que se
destinam a ocorrer satisfao de necessidades sociais impreterveis. Desta
forma, parece que pode dizer-se que no primeiro caso estamos perante servios mnimos relacionados com a prpria empresa e, no segundo caso, temos
servios essenciais prpria comunidade.
Em relao ao segundo limite previsto constitucionalmente, e no Regulamento UNTAET n. 2002/05, o art. 2. define servios essenciais como servios
tal como prescritos pelo Administrador Transitrio, cuja interrupo resultaria em rutura macia ou perigo para o pblico. Por exemplo: a polcia, ambulncias, eletricidade, hospitais e transportes pblicos essenciais. Por outro
lado, nos termos do art. 24., n. 10, estabelece-se a possibilidade de poder
restringir-se o direito greve nos casos que envolvam servios essenciais. No
art. 24., n. 11, regula-se a possibilidade de estabelecimento de limites quando estejam em causa servios mnimos relacionados com a empresa, quando
se estabelece que, embora seja vedado ao empregador contratar uma pessoa
para substituir um trabalhador que esteja a participar numa greve, j ser
possvel se a atividade em causa for necessria para a realizao de servios
de manuteno mnimos ou de servios cuja interrupo resultaria em danos
materiais rea de trabalho ou sua maquinaria.
No mesmo sentido pode encontrar-se uma norma no art. 95. da Proposta de
Lei do Cdigo do Trabalho, com a epgrafe Servios mnimos e essenciais,
que estabelece que os sindicatos e os trabalhadores so obrigados a assegurar o funcionamento de servios mnimos nas empresas ou estabelecimentos
que se destinem satisfao de necessidades essenciais da sociedade, considerando, nos termos do n. 4, que se os sindicatos e os trabalhadores no
193
11/10/18 12:22:35
Artigo 51.
(Direito greve e proibio do lock-out)
194
11/10/18 12:22:35
Artigo 52.
(Liberdade sindical)
Artigo 52.
(Liberdade sindical)
1. O trabalhador tem direito a organizar-se em sindicatos e associaes profissionais para defesa dos seus direitos e interesses.
2. A liberdade sindical desdobra-se, nomeadamente, na liberdade de constituio, liberdade de inscrio e liberdade de organizao e regulamentao
interna.
3. Os sindicatos e as associaes sindicais so independentes do Estado e do
patronato.
Artigu 52.
(Liberdade sindikl)
1. Traballadr iha direitu atu organiza-an iha sindikatu no asosiasaun
profisionl atu defende nia direitu no interese.
2. Liberdade sindikl halibur liberdade atu konstitui sindikatu, liberdade atu tama iha sindikatu no liberdade atu organiza no halo regra
interna.
3. Sindikatu no asosiasaun sindikl sira la depende ba Estadu ka patraun sira.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (art. 23., n. 4); PIDCP,
de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n.
3/2003, de 22 de julho (art. 22.); PIDESC, de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela
Resoluo do Parlamento Nacional n. 8/2003, de 3 de setembro (art. 8.); Conveno n. 87 da Organizao Internacional do Trabalho, de 9 de julho de 1948, sobre a
Liberdade Sindical e a Proteo dos Direitos Sindicais, ratificada pela Resoluo do
Parlamento Nacional n. 7/2009, de 25 de maro; Conveno n. 98 da Organizao
Internacional do Trabalho, de 8 de junho de 1949, sobre a Aplicao dos Princpios
do Direito de Sindicalizao e de Negociao Coletivas, ratificada pela Resoluo do
Parlamento Nacional n. 8/2009, de 25 de maro; Conveno n. 182, de 17 de junho de
1999, da Organizao Internacional do Trabalho Relativa Interdio das Piores Formas de Trabalho das Crianas e Ao Imediata com Vista sua Eliminao, ratificada pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 9/2009, de 8 de abril; Conveno n. 29
da Organizao Internacional do Trabalho sobre o Trabalho Forado, de 28 de junho
de 1930, ratificada pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 10/2009, de 8 de abril.
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 50.); Constituio da Repblica Federativa do Brasil (art. 8.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 45.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 86.); Constituio
da Repblica Portuguesa (arts. 55. e 56.).
3 Direito timorense: Proposta de Lei do Cdigo do Trabalho (Proposta de Lei n.
39/II) arts. 75. a 87..
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Artigo 52.
(Liberdade sindical)
II Anotao
1 A liberdade sindical um direito fundamental e um princpio essencial
do associativismo dos trabalhadores, constituindo uma condio bsica de
defesa dos seus direitos, com consagrao em vrios instrumentos de direito
internacional.
A consagrao desta liberdade como um direito fundamental implica o reconhecimento de um espao de poder e de ao dos sindicatos, isto , como
o reconhecimento a um sujeito coletivo de faculdades de ao que esto protegidas pelo mbito da sua autonomia coletiva, devendo ser garantidas pelo
poder pblico atravs da ao administrativa e tutela judicial.
2 A liberdade sindical tem duas vertentes: uma individual, que concerne
aos trabalhadores individualizados, e uma vertente coletiva, relacionada com
a prpria organizao como sujeito nas relaes externas e internas e que se
projeta sobre a atuao da mesma ao nvel da ao sindical.
Assim, em relao primeira vertente, temos: a) o direito dos trabalhadores
constiturem, sem autorizao prvia, sindicatos da sua escolha; b) o direito
dos trabalhadores se filiarem liberdade sindical positiva ou no liberdade sindical negativa nos sindicatos e de no sofrerem discriminao por
motivo da opo tomada ou da desvinculao operada.
No que concerne segunda vertente temos: a) a possibilidade de se constiturem associaes sindicais a todos os nveis; b) a autonomia de organizao e
de gesto do sindicato.
A liberdade de constituio de sindicatos um direito conferido aos trabalhadores sem qualquer distino, nos termos da prpria Conveno n. 87 da
OIT, que se destina a impedir toda a discriminao baseada em fatores como
o sexo, a religio, a raa, a cor e as opinies polticas.
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Artigo 52.
(Liberdade sindical)
Esta liberdade, embora tenha uma vertente individual, constitui uma liberdade de exerccio coletivo, pois, para ser exercida, necessita da participao de
outros membros do grupo destinatrios dessa mesma norma, no dependendo
de autorizao prvia ou de formalidade equivalente.
Esta liberdade corresponde liberdade de associao em geral e est prevista
no art. 9., n. 1, do Regulamento UNTAET n. 2002/05, quando estabelece o
direito dos trabalhadores e de os empregadores poderem constituir associaes representativas dos seus interesses.
Aps a constituio de sindicatos, os trabalhadores gozam da liberdade de
neles se inscreverem, sendo que esta liberdade de inscrio compreende duas
dimenses: a) uma dimenso positiva, que consiste no direito do trabalhador
solicitar e obter a inscrio no sindicato da sua escolha; b) uma dimenso negativa que se traduz no direito de no adeso a qualquer sindicato e no direito
de, a todo o tempo, se retirar do sindicato em que se encontra inscrito.
Vrios textos internacionais protegem estas dimenses da liberdade sindical,
visando sobretudo proibir as discriminaes favorveis ou desfavorveis
filiao, como o caso da Conveno n. 98 da OIT. Desta forma, parecem
ser ilcitas certas clusulas dos sistemas de inspirao anglo-saxnica, como
o caso da closed shop empresa que fechada para quem no se filie no
sindicato ou union shop empresa que restringe o futuro emprego exclusivamente a sindicalizados , assim como a maintenance of membership manuteno da filiao como condio de emprego , e de preferential hiring
ou qualified preference obrigao do empregador dar preferncia aos trabalhadores membros do sindicato. So, ainda, totalmente ilcitos os contratos
subordinados condio do trabalhador se sindicalizar os casos do yellow
dog contract.
A este propsito, pode ver-se o art. 35., n. 2, alnea a), do Regulamento n.
2002/05, que prev no poder um contrato de trabalho cessar por resoluo por
motivo de um trabalhador ser membro de um sindicato, sendo que o prprio
art. 50., n. 3, da Constituio, ao estabelecer que proibido o despedimento
por motivos ideolgicos, parece abranger tambm esta possibilidade.
No mesmo sentido, a Proposta de Lei do Cdigo do Trabalho que, no art. 78.,
estabelece a liberdade e a proteo sindical, consagrando a liberdade sindical
positiva e negativa, assim como a proibio, no n. 3, alneas a) e b), de atos
que tenham como objetivo condicionar o acesso ao emprego filiao ou
no a uma determinada organizao sindical e a despedir, transferir ou prejudicar o trabalhador por estar filiado ou no a uma organizao sindical, ou
por exercer atividades relativas sua liberdade sindical.
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Artigo 52.
(Liberdade sindical)
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Artigo 52.
(Liberdade sindical)
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Artigo 53.
(Direitos dos consumidores)
Artigo 53.
(Direitos dos consumidores)
1. Os consumidores tm direito qualidade dos bens e servios consumidos,
a uma informao verdadeira e proteo da sade, da segurana e dos seus
interesses econmicos, bem como reparao de danos.
2. A publicidade disciplinada por lei, sendo proibidas todas as formas de
publicidade oculta, indireta ou enganosa.
Artigu 53.
(Konsumidr sira-nia direitu)
1. Konsumidr sira iha direitu ba ben no servisu nia kualidade, ba informasaun loos no ba protesaun ba saude, ba seguransa no ba sira-nia
interese ekonmiku, no ms ba reparasaun ba danu (25).
2. Lei maka dixiplina publisidade, no labele iha publisidade okulta,
indireta ka enganoza.
I Referncias
1 Direito internacional: Resoluo das Naes Unidas n. 39/248, de 16 de abril de
1985 (Proteo dos Consumidores).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 78.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 92.); Constituio da Repblica Portuguesa
(art. 60.).
3 Direito timorense: DL n. 9/2006, de 15 de maro (Avisos de Sade e Controlo
Fiscal dos Tabacos Manufaturados); DL n. 12/2004, de 26 de maio (Atividades farmacuticas).
II Anotao
1 Deve entender-se por consumidor aquele que adquire um bem ou a quem
prestado um servio, independentemente de esse bem ou servio ser fornecido por entidades pblicas ou privadas. Isto sem prejuzo de a lei vir a circunscrever em termos mais restritivos o conceito de consumidor em funo,
nomeadamente, de o uso a que se destina o bem ser necessariamente privado
ou no profissional.
2 A proteo dos consumidores implica, em primeiro lugar, a garantia da
qualidade dos bens e servios consumidos, garantia que passa pela aptido
desses bens e servios para satisfazer os fins a que se destinam. A proteo
(25)
Danu (s) Prejuizu; buat aat neeb ema ruma hetan iha nia sa
ude ka patrimniu.
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Artigo 53.
(Direitos dos consumidores)
dos consumidores impe ainda o estabelecimento de um direito a uma informao verdadeira, ao qual corresponde um dever de informar, que pressupe
que sejam dados a conhecer aos cidados, com lealdade, as caractersticas e
os eventuais riscos advenientes do uso de um determinado produto. Esse dever de informao verdadeira torna-se particularmente premente quando haja
riscos para a segurana ou sade do consumidor e cabe aos poderes pblicos
garantir o seu cumprimento efetivo.
3 H diversos exemplos de leis que tm precisamente concretizado este dever de informao aos consumidores: foi o que sucedeu com o DL n. 9/2006,
de 15 de maro, relativo aos avisos de sade e controlo fiscal dos tabacos manufaturados. Tambm o DL n. 12/2004, de 26 de maio, que regula o exerccio
de atividades farmacuticas, visou, em ltima instncia, a proteo da sade
dos consumidores de medicamentos. Este particular cuidado com produtos
farmacuticos est patente na Resoluo das Naes Unidas n. 39/248, de 16
de abril de 1985, relativa a esta matria.
4 Por outro lado, ainda uma exigncia constitucional a proteo dos interesses econmicos dos consumidores, o que se consubstancia num dever do
Estado de garantir, na maior medida do possvel, o equilbrio negocial entre as
partes, em particular quando estejam em causa bens e servios essenciais. Finalmente, o direito reparao de danos traduz-se no direito do consumidor
a ser indemnizado pelos prejuzos que sejam provocados por bens ou servios
defeituosos.
5 O n. 2 do preceito remete a regulamentao da atividade publicitria para
o legislador, considerando proibidas todas as formas de publicidade oculta, indireta ou enganosa. Assim sendo, a publicidade ter de ser identificada como
tal, ou seja, deve ser inequvoco para os seus destinatrios que esto perante
uma mensagem publicitria. Por outro lado, no poder haver publicidade
subliminar, isto , publicidade que, por quaisquer meios, provoque no destinatrio percees sensoriais de que ele no tome conscincia. Finalmente, a
publicidade deve corresponder verdade, sendo proibida toda a publicidade
que vise induzir em erro o consumidor, seja porque as caractersticas referidas no correspondem s reais caractersticas do bem ou servio em causa,
seja porque o preo anunciado no corresponde ao preo efetivo, etc. Essa
proibio est intimamente ligada ao direito a uma informao verdadeira j
referido.
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Artigo 54.
(Direito propriedade privada)
Artigo 54.
(Direito propriedade privada)
1. Todo o indivduo tem direito propriedade privada, podendo transmiti-la
em vida e por morte, nos termos da lei.
2. A propriedade privada no deve ser usada em prejuzo da sua funo social.
3. A requisio e a expropriao por utilidade pblica s tm lugar mediante
justa indemnizao, nos termos da lei.
4. S os cidados nacionais tm direito propriedade privada da terra.
Artigu 54.
(Direitu ba propriedade privada)
1. Ema ida-idak iha direitu ba propriedade privada, no bele tranzmite
propriedade nee kuandu nia sei moris ka kuandu nia mate, tuir lei.
2. Labele uza propriedade privada ho prejuizu ba nia funsaun sosil.
3. Rekizisaun ka espropriasaun tanba utilidade pblika bele halo deit
ho indemnizasaun justa, tuir lei.
4. Sidadaun nasionl sira maka iha direitu atu iha propriedade ba rai.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (art. 2.).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 37.); Constituio
da Repblica de Cabo Verde (art. 69.); Constituio da Repblica Portuguesa (art.
62.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 47.).
3 Direito timorense: Cdigo Civil, aprovado pela Lei n. 10/2011, de 14 de setembro.
4 Doutrina: Miguel Nogueira de Brito, A Justificao da Propriedade Privada numa Democracia Constitucional, Almedina, Coimbra, 2008.
5 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 3.; 23.; 30.; 40.; 43.; 60.; 138.;
139.; 140.; 141.; 161..
II Anotao
1 O direito propriedade privada um direito muito marcado, por circunstncias histricas, socioeconmicas ou polticas. O movimento constitucional
liberal, na Europa e na Amrica do Norte, marcou uma revoluo no direito
propriedade, alicerada no individualismo (racionalista) que filosoficamente
a inspirava e no liberalismo econmico que a fundamentava. Desde ento,
tm-se verificado variaes entre um conceito liberal, de cariz individualista,
e uma aproximao marxista, que coletiviza a propriedade dos instrumentos
do trabalho. Nenhuma destas formulaes puras parece acolhida na Consti202
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Artigo 54.
(Direito propriedade privada)
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Artigo 54.
(Direito propriedade privada)
5 O direito propriedade, na sua dimenso subjetiva, no apenas garantido aos indivduos, mas estende-se tambm s pessoas coletivas. Por outro
lado, os bens suscetveis de apropriao no so apenas as coisas, mas admite-se tambm a propriedade intelectual (art. 60.).
6 O n. 4 limita a propriedade privada da terra aos cidados timorenses. Esta opo constituinte, vinculativa para o legislador ordinrio, justificar-se-,
historicamente, pelas circunstncias da ocupao estrangeira e subsequente declarao de independncia. A limitao da titularidade de direitos fundamentais a cidados nacionais admitida pela Constituio, em especial,
considerando o conceito da cidadania (art. 3.), como, por exemplo, acontece
relativamente aos direitos de participao poltica, na limitao aos cidados
nacionais originrios da capacidade eleitoral passiva para o cargo de Presidente da Repblica (art. 75.). Qualquer discriminao dever, no entanto,
ser muito restritivamente interpretada, como sempre resultaria do art. 2., em
especial 2, da Declarao Universal dos Direitos Humanos, recebida no
ordenamento jurdico timorense, e padro de interpretao dos direitos fundamentais, nos termos do art. 23. da Constituio. O estabelecimento definitivo da propriedade da terra das questes candentes da construo do Estado timorense. A prpria Constituio, no art. 161., procura dirigir-se a esta
preocupao ao disciplinar a apropriao ilegal de bens mveis e imveis,
anterior entrada em vigor da Constituio, que a considerada crime
(numa obrigao para o legislador que no ser fcil de cumprir) e deve ser
resolvida nos termos da Constituio e da lei. Alm disso, o art. 141. prev o
papel da terra no programa constitucional relativo Organizao Econmica
e Financeira timorense.
7 A Constituio no garante autonomamente um direito de iniciativa privada, que, no entanto, se poder considerar que decorre do regime conjugado
do direito propriedade privada (neste artigo) e da definio da organizao
econmica (arts. 138. e ss.). Poder, inclusivamente, ser possvel construir
este direito fundamental de forma a beneficiar de regime anlogo a um direito fundamental, luz do previsto no art. 23. da Constituio. O Estado
no dono da economia e garante aos particulares a liberdade de prosseguirem atividades econmicas, incluindo a liberdade de constituir empresas e
de livre concorrncia. uma consequncia de outros direitos fundamentais,
como a liberdade de associao (art. 43.), a liberdade de expresso (art. 40.)
ou a liberdade no desenvolvimento da personalidade (art. 30.). Alis, uma
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Artigo 54.
(Direito propriedade privada)
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Artigo 55.
(Obrigaes do contribuinte)
Artigo 55.
(Obrigaes do contribuinte)
Todo o cidado com comprovado rendimento tem o dever de contribuir para
as receitas pblicas, nos termos da lei.
Artigu 55.
(Kontribuinte nia obrigasaun)
Sidadaun neeb iha duni rendimentu iha obrigasaun atu kontribui ba
reseita pblika, tuir lei.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 88.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 85., alnea g)); Constituio da Repblica
de Moambique (art. 45., alnea c)); Constituio da Repblica Democrtica de So
Tom e Prncipe (art. 65.).
2 Direito timorense: Lei n. 8/2008, de 30 de julho (Lei Tributria).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 16.; 56.; 57.; 59.; 144., n. 1.
II Anotao
1 O sentido e alcance deste preceito no podero compreender-se se no
se tiver em conta a sua insero no Ttulo III respeitante aos Direitos e Deveres Econmicos, Sociais e Culturais. Com efeito, entendeu o legislador
constituinte que, em sede de direitos e deveres, deveria ficar claro que quem
comprovadamente possa contribuir para as receitas pblicas seja chamado a
faz-lo. Este dever tem subjacente uma ideia de solidariedade social, a qual
se consubstancia no princpio constitucional da contribuio do sistema fiscal
para a justa repartio da riqueza e dos rendimentos nacionais.
2 A referida repartio da riqueza e dos rendimentos nacionais, tendo por
base o princpio de que todo o cidado com comprovado rendimento tem o
dever de contribuir para as receitas pblicas, h de operar-se por duas vias: a
da tributao de uma parcela de rendimento mais elevada para os detentores
de mais elevados rendimentos; a distribuio de bens sociais aos cidados
deles carenciados, seja em prestaes gratuitas do Estado (ou a baixo preo),
seja mediante subvenes sociais, de que so exemplos as prestaes de servios de sade e educao, bem como os subsdios aos agricultores ou produtores que praticamente vivem da troca direta.
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Artigo 55.
(Obrigaes do contribuinte)
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11/10/18 12:22:38
Artigo 56.
(Segurana e assistncia social)
Artigo 56.
(Segurana e assistncia social)
1. Todos os cidados tm direito segurana e assistncia social, nos termos
da lei.
2. O Estado promove, na medida das disponibilidades nacionais, a organizao de um sistema de segurana social.
3. O Estado apoia e fiscaliza, nos termos da lei, a atividade e o funcionamento
das instituies de solidariedade social e de outras de reconhecido interesse
pblico sem carter lucrativo.
Artigu 56.
(Seguransa no asistnsia sosil)
1. Sidadaun hotu-hotu iha direitu ba seguransa no ba asistnsia sosil,
tuir lei.
2. Estadu loke dalan, nuudar disponibilidade nasionl, atu organiza
seguransa sosil nia sistema ida.
3. Estadu apoia no fiskaliza, tuir lei, instituisaun ba solidariedade sosil no seluk tan neeb iha duni interese pbliku sein karater lukrativu.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (arts. 22. e 25.);
PIDESC, de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 8/2003, de 3 de setembro (art. 9.).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 70.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 63.).
3 Direito timorense: DL n. 19/2008, de 19 de junho (Subsdio de Apoio a Idosos
e Invlidos).
4 Jurisprudncia: Acrdo do Tribunal de Recurso n. 02/2003, de 30 de junho
(Fiscalizao Preventiva de Constitucionalidade).
5 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 1.; 23.; 55..
II Anotao
1 Segundo o disposto no n. 1, todos os cidados tm direito segurana e
assistncia social, nos termos da lei.
2 Nos termos do n. 2, o Estado deve promover, na medida das disponibilidades nacionais, a organizao de um sistema de segurana social. Essa
concretizao legislativa no veio, no entanto, ainda, a ter lugar. No DL n.
19/2008, de 19 de junho, relativo s condies de atribuio do subsdio de
apoio a idosos e invlidos, o legislador diz expressamente que se encontra em
fase de estudo a criao de um sistema de proteo social integrado.
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Artigo 56.
(Segurana e assistncia social)
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Artigo 57.
(Sade)
Artigo 57.
(Sade)
1. Todos tm direito sade e assistncia mdica e sanitria e o dever de as
defender e promover.
2. O Estado promove a criao de um servio nacional de sade universal,
geral e, na medida das suas possibilidades, gratuito, nos termos da lei.
3. O servio nacional de sade deve ser, tanto quanto possvel, de gesto descentralizada e participativa.
Artigu 57.
(Saude)
1. Ema hotu iha direitu ba saude no ba asistnsia mdika no sanitria
no devr atu defende no promove saude no asistnsia nee.
2. Estadu loke dalan atu kria servisu nasionl ba saude ida universl,
jerl, no, nuudar nia posibilidade, gratuitu, tuir lei.
3. Servisu nasionl ba saude tenke iha, nuudar bele, jestaun desentralizada no partisipativa.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (art. 25.); PIDESC,
de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n.
8/2003, de 3 de setembro (art. 12.).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 71.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 116.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 64.).
3 Direito timorense: Lei n. 10/2004, de 24 de novembro (Lei do Sistema de Sade); DL n. 12/2004, de 26 de maio (Atividades farmacuticas); DL n. 14/2004, de 1
de setembro (Exerccio das Profisses da Sade); DL n. 18/2004, de 1 de dezembro
(Unidades Privadas de Sade); DL n. 1/2005, de 31 de maio (Estatuto Hospitalar);
DL n. 9/2005, de 16 de novembro (Sistema de Vigilncia Epidemiolgica); DL n.
14/2005, de 1 de dezembro (Autoridades de Vigilncia Sanitria); DL n. 9/2006, de
15 de maro (Avisos de Sade e Controlo Fiscal dos Tabacos Manufaturados); DL n.
33/2008, de 27 de agosto (Higiene e Ordem Pblicas); DL n. 9/2010, de 21 de julho
(Assistncia Mdica no Estrangeiro).
4 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 23.; 29.; 30.; 55..
II Anotao
1 O n. 1 deste artigo consagra o direito fundamental sade e assistncia
mdica e sanitria. Trata-se de um direito a prestaes positivas do Estado,
embora tenha uma relao incindvel com algumas normas que protegem direitos, liberdades e garantias, como o caso do direito vida (art. 29.) e do
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Artigo 57.
(Sade)
direito integridade pessoal (art. 30.). Por outro lado, este direito traduz-se
numa srie de direitos dos utentes do servio de sade, previstos no art. 7. da
Lei n. 10/2004, de 24 de novembro, como , por exemplo, o caso dos direitos
a decidir receber ou recusar a prestao de cuidados de sade, confidencialidade dos seus dados pessoais, a ser devidamente informados da sua situao,
a receber assistncia religiosa, etc.
2 Esta disposio consagra ainda um dever de todos de defender e promover
a sade e a assistncia mdica e sanitria. Est aqui em causa um dever de
proteo e de promoo da sade pblica. Este dever pode traduzir-se, por
exemplo, na imposio de vacinao obrigatria ou na necessidade de realizao de certos exames para o exerccio de determinadas profisses.
3 O dever de promover e proteger a sade o fundamento constitucional de
uma multiplicidade de medidas legislativas, por vezes restritivas de direitos,
liberdades e garantias, necessrias defesa da sade pblica. o caso do DL
n. 12/2004, de 26 de maio, que regula as atividades farmacuticas de produo, importao, comercializao e exportao de medicamentos e produtos
medicamentosos, a fim de garantir a qualidade, segurana e eficcia dos medicamentos; do DL n. 14/2004, de 1 de setembro, que estabelece os requisitos
indispensveis ao exerccio das profisses da sade; do DL n. 14/2005, de 1
de dezembro, que confere s autoridades de vigilncia sanitria, criadas nos
termos deste diploma, o poder de autoridade da vigilncia sanitria, que se
traduz no controlo e eliminao dos fatores de risco, bem como na tomada de
medidas restritivas e corretivas das situaes passveis de criar graves riscos
para a sade das pessoas; do DL n. 9/2005, de 16 de novembro, que cria o sistema de vigilncia epidemiolgica, que se consubstancia na recolha e anlise
de dados relativos a doenas ou outros problemas de sade humana, interpretao de resultados e transmisso da informao a quem dela necessita; do
DL n. 9/2006, de 15 de maro, que obriga impresso de avisos de sade nas
embalagens de tabacos manufaturados; e do DL n. 33/2008, de 27 de agosto,
que estabelece medidas de higiene e ordem pblicas.
4 Nos termos do n. 2, o direito sade passa pela criao de um servio nacional de sade universal, geral e, na medida do possvel, gratuito, nos termos
da lei. Esta exigncia constitucional foi concretizada pela j referida Lei n.
10/2004, de 24 de novembro. A universalidade do servio nacional de sade
refere-se populao nele abrangida e, nos termos do art. 14. do diploma,
211
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Artigo 57.
(Sade)
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Artigo 58.
(Habitao)
Artigo 58.
(Habitao)
Todos tm direito, para si e para a sua famlia, a uma habitao de dimenso
adequada, em condies de higiene e conforto e que preserve a intimidade
pessoal e a privacidade familiar.
Artigu 58.
(Abitasaun)
Ema hotu iha direitu, ba sira no ba sira-nia famlia, atu iha abilitasaun
ida ho dimensaun adekuada, ho kondisaun ba ijiene no konfortu, no
neeb bele rai-didiak ida-idak nia intimidade no famlia nia privasidade.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (art. 25.); PIDCP,
de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n.
3/2003, de 22 de julho (art. 27.); PIDESC, de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela
Resoluo do Parlamento Nacional n. 8/2003, de 3 de setembro (art. 11.).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 71.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 91.); Constituio da Repblica Portuguesa
(art. 65.).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 1.; 23.; 36.; 39..
II Anotao
1 Esta disposio consagra um direito habitao enquanto direito a prestaes positivas do Estado. Assim sendo, enquanto direito econmico, social e
cultural, o direito habitao implica que os poderes estaduais devem levar a
cabo polticas pblicas que visem a sua concretizao. Estas polticas pblicas
abrangem o planeamento urbanstico e o ordenamento do territrio, redes de
saneamento e de abastecimento de gua potvel.
2 Ainda assim, e uma vez que a Repblica de Timor-Leste um Estado de
Direito baseado na dignidade da pessoa humana, tal obriga a que este direito
deva ser assegurado pelo menos na medida do necessrio para garantir condies mnimas de vida aos cidados.
3 Por outro lado, para alm da sua dimenso positiva, enquanto direito a
prestaes estaduais, o direito habitao traduz-se num direito a no ser
arbitrariamente privado da sua habitao, especialmente relevante para as situaes em que as pessoas no habitam casa prpria.
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Artigo 58.
(Habitao)
4 H uma relao estreita entre o direito habitao e os direitos privacidade (art. 36.) e proteo da famlia (art. 39.). De facto, a habitao o
local de recolhimento do indivduo e da sua famlia, pelo que a consagrao
constitucional do direito a uma habitao de dimenso adequada, em condies de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar deve ser entendida em conjunto com a proteo assegurada para
esses outros direitos.
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Artigo 59.
(Educao e cultura)
Artigo 59.
(Educao e cultura)
1. O Estado reconhece e garante ao cidado o direito educao e cultura,
competindo-lhe criar um sistema pblico de ensino bsico universal, obrigatrio e, na medida das suas possibilidades, gratuito, nos termos da lei.
2. Todos tm direito a igualdade de oportunidades de ensino e formao profissional.
3. O Estado reconhece e fiscaliza o ensino privado e cooperativo.
4. O Estado deve garantir a todos os cidados, segundo as suas capacidades,
o acesso aos graus mais elevados do ensino, da investigao cientfica e da
criao artstica.
5. Todos tm direito fruio e criao culturais, bem como o dever de preservar, defender e valorizar o patrimnio cultural.
Artigu 59.
(Edukasaun no kultura)
1. Estadu rekoese no garante ba sidadaun ida-idak direitu ba edukasaun no ba kultura no iha obrigasaun atu kria sistema pbliku ida ba
ensinu bziku universl, obrigatriu no, nuudar nia bele, saugati, tuir
lei.
2. Ema hotu iha direitu atu hetan oportunidade ba ensinu no formasaun profisionl hanesan.
3. Estadu rekoese no fiskaliza ensinu privadu no kooperativu.
4. Estadu tenke garante ba sidadaun hotu-hotu, nuudar nia bele, asesu
ba ensinu, investigasaun sientfika no kriasaun artstika nia grau sira
aas liu.
5. Ema hotu iha direitu ba fruisaun no kriasaun kulturl, no iha ms
devr atu hamoris nafatin, defende no valoriza patrimniu kulturl.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (art. 26.); PIDESC,
de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n.
8/2003, de 3 de setembro (arts. 13. e 15.).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 79.); Constituio
da Repblica de Cabo Verde (arts. 78. e 79.); Constituio da Repblica Portuguesa
(art. 73.).
3 Direito timorense: Lei n. 14/2008, de 29 de outubro (Lei de Bases da Educao);
DL n. 30/2008, de 13 de agosto (Regime de atribuio de bolsas de estudo no estrangeiro); DL n. 7/2010, de 19 de maio (Regime Jurdico da Administrao e Gesto
do Sistema de Ensino Bsico); DL n. 8/2010, de 19 de maio (Regime Jurdico dos
Estabelecimentos de Ensino Superior).
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Artigo 59.
(Educao e cultura)
4 Doutrina: Deborah DURNAN, Popular Education & Peacebuilding in Timor-Leste: Theoretical Foundations, in Michael LEACH et al. (eds.), Compreender Timor-Leste, Dli, Timor-Leste Studies Association, 2010; Jaya EARNEST et al., Exploring the Rebuilding of the Education System in a Transitional Nation: The Case
of Timor-Leste, in Analytical Reports in International Education, vol. 2, n. 1, 2008;
Geoffrey GUNN, Lngua e Cultura na Construo da Identidade de Timor-Leste,
in Cames. Revista de Letras e Culturas Lusfonas, n. 14, 2001; Jos MATTOSO,
Sobre a Identidade de Timor Lorosae, in Cames. Revista de Letras e Culturas
Lusfonas, n. 14, 2001; Nuno Canas MENDES, A Multidimensionalidade da Construo Identitria em Timor-Leste, Lisboa, Instituto Superior de Cincias Sociais e
Polticas, 2005.
5 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 6., alnea g); 23..
II Anotao
1 Esta disposio consagra, antes do mais, um direito educao. Nos termos do n. 2 do art. 1. da Lei n. 14/2008, de 29 de outubro (Lei de Bases da
Educao), este direito educao exprime-se por uma permanente ao formativa, destinada a promover o desenvolvimento da personalidade, o progresso social e a democratizao da sociedade. Tal como referido no diploma,
a garantia de um direito educao , de facto, da maior importncia para a
superao de desigualdades econmicas, sociais e culturais entre os cidados,
bem como para a sua realizao pessoal, profissional e comunitria.
2 Para a garantia do direito educao, a Constituio impe a criao de
um sistema pblico de ensino bsico universal, obrigatrio e, na medida das
suas possibilidades, gratuito. Esta imposio constitucional foi concretizada
pela Lei n. 14/2008, de 29 de outubro (Lei de Bases da Educao), que, no art.
11., estabelece que o ensino bsico universal, obrigatrio e gratuito e tem a
durao de nove anos. Para alm do ensino bsico, o sistema educativo compreende ainda a educao pr-escolar, o ensino secundrio, o ensino superior,
a educao extraescolar e a formao profissional.
3 Nos termos do n. 2, todos tm direito a igualdade de oportunidades de
ensino e formao profissional, o que implica que o Estado deve levar a cabo
as medidas necessrias para que todos os cidados possam, em condies
de igualdade, beneficiar do sistema educativo. A concretizao desta exigncia constitucional passa, por exemplo, pela criao de um nmero suficiente
de estabelecimentos de ensino e de formao profissional, pelo assegurar de
transportes para os alunos que tenham maior dificuldade de aceder a esses
estabelecimentos, etc.
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Artigo 59.
(Educao e cultura)
4 O n. 3 do preceito estabelece ainda que o Estado reconhece e fiscaliza o ensino privado e cooperativo, o que significa que, ainda que haja uma
imposio constitucional de instituir um sistema pblico de ensino, no se
exclui a possibilidade de criao de estabelecimentos de ensino privado ou
cooperativo. O n. 3 do art. 1. da Lei de Bases da Educao diz precisamente
que o sistema educativo desenvolvido atravs de estruturas e de aes diversificadas, por iniciativa ou sob responsabilidade de diferentes instituies
e entidades pblicas, privadas ou cooperativas. O reconhecimento do valor
do ensino privado e cooperativo considerado, no n. 2 do art. 3. da Lei de
Bases da Educao, como expresso concreta da liberdade de aprender e de
ensinar. Ainda assim, tal no exime o Estado do dever de fiscalizar esse mesmo ensino, de modo a garantir a sua qualidade.
5 O Estado garante ainda a todos os cidados, segundo as suas capacidades,
o acesso aos graus mais elevados do ensino, da investigao cientfica e da
criao artstica. Assim sendo, a restrio de acesso pode apenas ter por base
a ausncia de capacidades, mas no j quaisquer outras razes, o que vem
expressamente consagrado no art. 18. da Lei de Bases da Educao. Segundo
o preceito, tm acesso ao ensino superior os indivduos habilitados com curso
do ensino secundrio ou equivalente, que faam prova da capacidade para a
sua frequncia. Esse mesmo artigo estabelece ainda que o regime de acesso
ao ensino superior deve obedecer ao princpio da democraticidade, equidade
e igualdade de oportunidades bem como garantir a objetividade dos critrios
utilizados para a seleo e seriao dos candidatos.
6 O direito cultura visa proteger, por um lado, a tradio cultural, na medida em que consagra um dever de preservar, defender e valorizar o patrimnio
cultural e, por outro, a prpria fruio e a criao culturais.
7 Demonstrando a relao estreita que se estabelece entre educao e cultura, a Lei de Bases da Educao, na alnea d) do art. 5., estabelece que um dos
objetivos fundamentais da educao contribuir para o reforo da identificao com a matriz histrica de Timor-Leste, o que passa pelo reconhecimento
do patrimnio cultural do povo timorense, sem esquecer, no entanto, o dever
de considerao e valorizao dos diferentes saberes e culturas.
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Artigo 60.
(Propriedade intelectual)
Artigo 60.
(Propriedade intelectual)
O Estado garante e protege a criao, produo e comercializao da obra literria, cientfica e artstica, incluindo a proteo legal dos direitos de autor.
Artigu 60.
(Propriedade intelektul)
Estadu garante no defende obra literria, sientfika no artstika nia
kriasaun, produsaun no komersializasaun, hamutuk ho protesaun legl
ba autr nia direitu.
I Referncias
1 Direito internacional: DUDH, de 10 de dezembro de 1948 (art. 27.); PIDESC,
de 16 de dezembro de 1966, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n.
8/2003, de 3 de setembro (art. 15.).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 42.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 50.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 94.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 42.).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 23.; 40..
II Anotao
1 H uma relao estreita entre esta disposio e o art. 40., relativo liberdade de expresso, na medida em que esto aqui em causa manifestaes
especficas dessa liberdade. No preceito impe-se ao Estado a garantia da
criao, produo e comercializao da obra literria, cientfica e artstica,
incluindo a proteo legal dos direitos de autor. Assim sendo, esta proteo
incide, por um lado, sobre a prpria criao ou produo da obra e, por outro,
sobre a sua divulgao. Para alm disso, est aqui em causa o direito de beneficiar tanto da proteo dos interesses morais quanto dos interesses materiais
que decorrem de toda a produo cientfica, literria ou artstica de que cada
um autor. Tal decorre dos arts. 27. da Declarao Universal dos Direitos do
Homem e 15. do Pacto Internacional sobre os Direitos Econmicos Sociais
e Culturais. Os interesses morais dizem respeito garantia da paternidade e
integridade da obra e os interesses materiais referem-se explorao comercial da mesma.
2 Quando a disposio refere a proteo legal dos direitos de autor, tal significa que decorre da norma constitucional um dever de legislar no sentido de
concretizar e assegurar estes direitos.
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Artigo 61.
(Meio ambiente)
Artigo 61.
(Meio ambiente)
1. Todos tm direito a um ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente
equilibrado e o dever de o proteger e melhorar em prol das geraes vindouras.
2. O Estado reconhece a necessidade de preservar e valorizar os recursos
naturais.
3. O Estado deve promover aes de defesa do meio ambiente e salvaguardar
o desenvolvimento sustentvel da economia.
Artigu 61.
(Meiu ambiente)
1. Ema hotu iha direitu ba ambiente atu moris neeb umanu, diak
ba sade no ekolojikamente ekilibradu no iha devr atu proteje no
halo-diak liutn ambiente nee ba jerasaun sira-neeb aban-bairua sei
mosu.
2. Estadu rekoese katak presiza hamoris nafatin no valoriza rekursu
naturl.
3. Estadu tenke loke dalan ba asaun atu defende meiu ambiente no
tenke garante ekonomia nia dezenvolvimentu sustentavel.
I Referncias
1 Direito internacional: Conveno da Organizao Martima Internacional, de 6
de maro de 1948, ratificada pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 10/2004, de
9 de dezembro; Conveno de Viena para a Proteo da Camada de Ozono, de 22 de
maro de 1985, ratificada pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 30/2009, de 9
de setembro; Protocolo de Montreal relativo s Substncias que Empobrecem a Camada de Ozono, de 16 de setembro de 1987, ratificado pela Resoluo do Parlamento
Nacional n. 30/2009, de 9 de setembro; Conveno sobre a Diversidade Biolgica,
de 20 de maio de 1992, ratificada pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 9/2006,
de 26 de abril; em 29 de outubro de 2010, com relao Conveno sobre a Diversidade Biolgica, foi adotado, em Nagoya, o texto do Protocolo sobre o Acesso aos
Recursos Genticos e Partilha Justa e Equitativa dos Benefcios Resultantes da sua
Utilizao; Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre Alteraes Climticas, de
9 de maio de 1992, ratificada pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 7/2006, de
26 de abril; Protocolo de Quioto, da Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre
Alteraes Climticas, de 11 de dezembro de 1997, ratificado pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 6/2008, de 7 de maio; Soft law: Declarao da Conferncia
das Naes Unidas sobre o Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, de 5 a 16 de
junho de 1972; Carta Mundial da Natureza, de 28 de outubro de 1982; Declarao da
Conferncia das Naes Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio
de Janeiro, de 3 a 14 de junho de 1992, e respetivo programa de ao (Agenda 21).
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Artigo 61.
(Meio ambiente)
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 73.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 117.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 66.).
3 Direito timorense: Cdigo Penal, aprovado pelo DL n. 19/2009, de 8 de abril, e
alterado pela Lei n. 6/2009, de 15 de julho (arts. 215. a 221.); Lei n. 7/2002, de 20
de setembro (Fronteiras Martimas do Territrio da Repblica Democrtica de Timor-Leste) art. 12.; Lei n. 12/2004, de 29 de dezembro (Crimes Relativos Pesca); Lei
n. 13/2005, de 2 de setembro (Lei das Atividades Petrolferas) arts. 6., n. 1, 13.,
n. 3, 23., n. 1, 31., n. 1, e 35.; Resoluo do Parlamento Nacional n. 2/2003, de 1
de abril (ratifica o Tratado do Mar de Timor, de 20 de maio de 2002) em especial,
o art. 10.; Resoluo do Governo n. 8/2007, de 1 de agosto (Parque Nacional Nino
Konis Santana); Resoluo do Governo n. 9/2007, de 1 de agosto (Poltica Nacional
e Estratgias para o Setor Florestal); DL n. 6/2004, de 21 de abril (Bases Gerais do
Regime Jurdico da Gesto e Ordenamento da Pesca e da Aquicultura); DL n. 5/2009,
de 15 de janeiro (Regulamento do Licenciamento, Comercializao e Qualidade da
gua Potvel); DL n. 5/2011, de 9 de fevereiro (Licenciamento Ambiental); Decreto
do Governo n. 5/2004, de 21 de julho (Regulamento Geral de Pescas).
4 Legislao da UNTAET: Regulamento UNTAET n. 2000/17, de 10 de maio
(Proibio de explorao e exportao de madeira de Timor-Leste); Regulamento
UNTAET n. 2000/19, de 30 de junho (Zonas Protegidas); Diretiva UNTAET n.
2002/03, de 20 de maro (exceo quanto exportao de madeira de sndalo acordada antes de 8 de junho de 2000).
5 Doutrina: Klaus BOSSELMANN, The Principle of Sustainability, Hampshire Burlington, Ashgate Publishing Limited, 2008; Marta CHANTAL RIBEIRO,
Desenvolvimento Sustentvel e a Construo do Estado Timorense, in Revista da
Faculdade de Direito da Universidade do Porto, Ano VI, 2009, pp. 443-453; Patrcia JERNIMO, Direito Internacional Pblico: O regime internacional dos espaos,
2009, publicao online, disponvel na WWW: <URL:http://www.fup.pt>, consultada
em 14 dez. 2010.
6 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 6., alnea f); 96., n. 1, alnea h);
139., n.os 1 e 3.
II Anotao
1 O direito e dever de proteo do ambiente, bem como o dever de salvaguardar um desenvolvimento sustentvel so elevados na Constituio a
direito e dever fundamentais consagrados no quadro dos direitos e deveres
econmicos, sociais e culturais.
2 O enunciado do art. 61. encontra origem histrica nos resultados da Conferncia das Naes Unidas sobre o Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, de 5 a 16 de junho de 1972, mais em concreto nos princpios da Declarao final da Conferncia.
220
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Artigo 61.
(Meio ambiente)
3 A conceo subjacente ao n. 1 do art. 61. de cariz primariamente antropocntrico, pela instrumentalizao do objetivo ambiente () sadio e ecologicamente equilibrado ao bem-estar humano, seja das geraes presentes
seja das geraes futuras. O texto constitucional evidencia, no obstante, uma
abordagem antropocntrica mitigada, isto pela assimilao de um paradigma
biocntrico no qual o homem e, tambm, a natureza beneficiam das medidas de proteo e conservao a adotar. Assim resulta da exigncia de um
ambiente ecologicamente equilibrado (n. 1 do art. 61.) e do facto de o
aproveitamento dos recursos naturais dever manter o equilbrio ecolgico e
evitar a destruio de ecossistemas (n. 3 do art. 139.).
4 A Constituio, como de resto noutros casos semelhantes, no d uma
definio de ambiente, convidando a que se determine o significado da expresso ambiente de vida humano (art. 61., n. 1).
5 O direito fundamental proteo do ambiente tem uma ligao expressa
com o objetivo do Estado consagrado na alnea f) do art. 6., assumindo a dupla natureza de direito positivo e direito negativo. Por outras palavras, exigvel ao Estado um conjunto de medidas positivas (obrigao de fazer; aes de
natureza poltica, legislativa, administrativa e penal) e negativas (obrigao
de no-fazer; absteno de comportamentos nocivos) que efetivem o direito
dos cidados. Na essncia, espera-se do Estado que garanta a permanncia do
que ainda existe, e at o melhore ou valorize (n.os 1 e 2 do art. 61.), e recupere
o que, por ao do Estado ou de outrem, deixou de existir ou se degradou. O
dever do Estado complementado pelo dever (com a mesma dimenso positiva e negativa) que socialmente cometido a todos os cidados. Com efeito,
como contrapartida dos direitos reconhecidos, os cidados esto vinculados
a contribuir para a sua cabal realizao, em prol de si mesmos e das geraes
vindouras. Na perspetiva de que a preservao e valorizao dos recursos
naturais (n. 2 do art. 61.) uma das dimenses do desgnio geral da proteo
do ambiente, o dever do Estado e dos cidados deve incluir o dever de conservao dos recursos naturais.
6 So exemplos de aes positivas a praticar pelo Estado: a aprovao de
legislao de proteo ambiental, como o recente DL n. 5/2011 sobre licenciamento ambiental, que visa prevenir impactos negativos no ambiente de
projetos em relao aos quais sejam previsveis danos ambientais, bem como
as disposies do Cdigo Penal, nos arts. 215. a 221., que preveem sanes
penais para crimes contra o ambiente.
221
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Artigo 61.
(Meio ambiente)
11/10/18 12:22:41
Artigo 61.
(Meio ambiente)
mnio devem conter solues que, sempre que possvel, tomem em conta os
interesses socioeconmicos. Um exemplo elucidativo o da criao de reas
protegidas onde certas atividades associadas ao turismo so permitidas. O
segundo elemento respeita utilizao sustentvel dos recursos naturais.
Utilizao sustentvel pode ser definida como a utilizao dos recursos
naturais de um modo e a um ritmo que no conduza sua diminuio ou
esgotamento a longo prazo, mantendo assim o seu potencial para satisfazer
as necessidades e as aspiraes das geraes atuais e futuras (art. 2. da
Conveno sobre a Diversidade Biolgica, de 1992). O terceiro elemento do
desenvolvimento sustentvel relaciona-se com a equidade intergeracional
(art. 61., n. 1 geraes vindouras; e art. 139., n. 1 os recursos devem ser
utilizados de uma forma justa e igualitria). A equidade entre as geraes
significa que os recursos naturais (vivos e no vivos) devem ser conservados
na perspetiva de proveito para as geraes atuais (equidade intrageracional),
mas tambm de maneira a garantir s geraes futuras, pelo menos, iguais
oportunidades de desenvolvimento econmico (equidade intergeracional). O
quarto elemento corresponde ao princpio da responsabilidade comum mas
diferenciada, cujo contedo essencial remonta ao Princpio 7 da Declarao
final da Conferncia das Naes Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento
(1992). O princpio da responsabilidade comum mas diferenciada tem uma
natureza internacional, possuindo uma grande relevncia no dilogo entre
pases desenvolvidos e pases em desenvolvimento. Na origem, o princpio
explica-se pelo reconhecimento da soberania do Estado sobre a explorao
dos recursos naturais contidos no seu territrio. Como contrapartida, o Estado ficou investido da obrigao de proteger o ambiente. A tomada de conscincia de que os problemas ambientais no conhecem fronteiras, alm de que
os problemas mais graves se colocam escala mundial, conduziu, todavia,
emergncia do princpio da responsabilidade comum dos Estados em matria de proteo do ambiente, assente na ideia de cooperao. Esta ideia tem
sido desenvolvida em inmeros instrumentos internacionais. Acresce que,
alm de comum, esta responsabilidade diferenciada. Significa isto que a
principal responsabilidade pela degradao ambiental e depauperamento dos
recursos , na sua maior medida, imputada aos pases desenvolvidos. Um aspeto importante desta responsabilidade manifesta-se em vrias convenes
internacionais atravs da previso da transferncia de tecnologia, informao
e recursos financeiros, dos pases desenvolvidos para os pases em desenvolvimento, com vista ao estabelecimento de polticas eficazes de conservao
dos recursos e de proteo ambiental.
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Artigo 61.
(Meio ambiente)
10 O art. 61. no esgota as solues normativas constitucionais relacionadas com o direito proteo do ambiente. Alm dos arts. 6., alnea f), 96.,
n. 1, alnea h), e 139., n.os 1 e 3, encontra-se noutros dispositivos um conjunto
de possibilidades e procedimentos que podem ser utilizados em prol da realizao daquele direito fundamental. Em especial, sublinhem-se o direito de
os cidados acederem aos tribunais para defesa dos seus direitos e interesses
legalmente protegidos (arts. 26., 123. e 129., n. 4); o direito de associao,
interpretado, em particular, na perspetiva da criao de organizaes de defesa do ambiente (art. 43.); o direito de petio, queixa e reclamao (art. 48.);
o princpio da participao dos cidados, individualmente ou por via comunitria (art. 10., n. 1, alnea g), da Lei n. 3/2009, de 8 de julho, sobre lideranas
comunitrias e sua eleio), nas decises com incidncia ambiental, incluindo
o direito informao (arts. 40. e 137., n.os 2 e 3); a promoo da educao
ambiental e dos valores ecolgicos (ao conexa com o direito previsto no
art. 59.; DL n. 9/2008, de 30 de abril, art. 12., n. 2, alnea f), quanto s
atribuies da Direo Nacional do Meio Ambiente). Repare-se, ainda, que
a realizao do direito fundamental proteo do ambiente poder justificar limitaes ao exerccio de outros direitos constitucionalmente protegidos,
designadamente a limitao do direito de propriedade (ver arts. 54. e 141.)
devido criao de uma rea protegida. Exemplo a assinalar neste contexto
a criao do Parque Nacional Nino Konis Santana, atravs da Resoluo do
Governo n. 8/2007, de 1 de agosto.
224
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Artigo 62.
(Titularidade e exerccio do poder poltico)
PARTE III
ORGANIZAO DO PODER POLTICO
TTULO I
PRINCPIOS GERAIS
Artigo 62.
(Titularidade e exerccio do poder poltico)
O poder poltico radica no povo e exercido nos termos da Constituio.
Artigu 62.
(Titularidade no ezerssiu podr politiku nian)
Podr poltiku moris iha povu no tenke kaer nuudar Konstituisaun
haruka.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica Federativa do Brasil (art. 1.,
nico); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 108.).
2 Direito timorense: Lei n. 6/2006, de 28 de dezembro, com a redao da Lei n.
6/2007, de 31 de maio, e da Lei n. 7/2011, de 22 de junho (Lei Eleitoral para o Parlamento Nacional); Lei n. 7/2006, de 28 de dezembro, com a redao da Lei n. 5/2007,
de 28 de maro, e da Lei n. 8/2011, de 22 de junho (Lei Eleitoral para o Presidente
da Repblica).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 1.; 2.; 46. e ss.; 65..
II Anotao
1 O exerccio do poder por delegao popular, concretizada pela representao democrtica, constitui um dos princpios constitucionais centrais na sua
legitimao. O Princpio da Soberania Popular encontra acolhimento no art.
2., n. 1, da Constituio.
2 No isenta de dvidas a definio jurdica do conceito de Povo, em
especial para os efeitos de titularidade e exerccio do poder. A referncia feita
neste artigo parece identificar-se com o conceito de cidadania, previsto no
art. 3.. A decisiva consequncia da titularidade popular do poder o seu exerccio atravs dos direitos de participao poltica (arts. 46. e ss.), em especial
o direito de voto, nos termos do art. 47..
3 O fundamento democrtico do Estado encontra-se expressamente consagrado no art. 1., n. 1, no qual se refere que A Repblica Democrtica
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Artigo 62.
(Titularidade e exerccio do poder poltico)
226
11/10/18 12:22:42
Artigo 63.
(Participao poltica dos cidados)
Artigo 63.
(Participao poltica dos cidados)
1. A participao direta e ativa de mulheres e homens na vida poltica constitui condio e instrumento fundamental do sistema democrtico.
2. A lei promove a igualdade no exerccio dos direitos cvicos e polticos e a
no discriminao em funo do sexo no acesso a cargos polticos.
Artigu 63.
(Sidadaun sira-nia partisipasaun poltika)
1. Sistema demokrtiku nia kondisaun no meiu importante ida maka
mane ho feto sira-nia partisipasaun direta no ativa iha vida poltika.
2. Lei promove igualdade iha direitu sviku no poltiku nia ezerssiu no
la diskriminasaun tanba seksu iha asesu ba kargu poltiku.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 55.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 109.).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 2.; 3.; 16.; 17.; 40.; 41.; 42.;
43.; 46.; 48.; 62.; 65.; 66.; 137., n. 3.
II Anotao
1 A concretizao da soberania popular (prevista nos arts. 2., 3. e 62.)
faz-se atravs da participao poltica dos cidados, que constitui, subjetivamente, um direito fundamental dos cidados e, objetivamente, condio
para a deliberao dos seus rgos representativos.
2 Os direitos de participao poltica encontram concretizao no catlogo
de Direitos, Liberdades e Garantias Pessoais, que no art. 46. estabelece que
todo o cidado tem o direito de participar, por si ou atravs de representantes
democraticamente eleitos, na vida poltica e nos assuntos pblicos do pas.
O princpio democrtico , por isso, tambm um princpio de realizao dos
direitos fundamentais a participao dos cidados no processo democrtico
implica a contribuio de todos em condies de igualdade e em liberdade,
determina uma participao livre, assente em garantias para a liberdade desse exerccio (direito de associao, de formao de partidos, de liberdade de
expresso), e prev a abertura do processo poltico aos direitos econmicos,
sociais e culturais, condio de uma democracia econmica, social e cultural.
227
11/10/18 12:22:43
Artigo 63.
(Participao poltica dos cidados)
3 A representao popular tem expresso mxima na representao parlamentar como concretizao do princpio da soberania popular, pelo que a
mais decisiva forma de realizao do princpio democrtico o direito de
sufrgio (art. 65.). A participao poltica far-se-, em especial, atravs do
sistema partidrio, tambm protegido constitucionalmente com dignidade de
direito fundamental, pela garantia da liberdade de criao e militncia nos
partidos (art. 46.), cujo n. 2 determina que Todo o cidado tem o direito de
constituir e de participar em partidos polticos, em termos a definir, nos termos do n. 3, por lei, que ser competncia exclusiva do Parlamento Nacional,
nos termos do art. 95., n. 2, alnea i).
4 A Democracia participativa, no entanto, no se reduz participao eleitoral (ativa e passiva) dos cidados, mediada pelos partidos polticos. Outras
garantias institucionais ao servio da democracia participativa concretizam
direitos fundamentais de participao poltica, que se materializam na liberdade de opinio, de expresso e informao (art. 40.), liberdade de imprensa
(art. 41.), liberdade de reunio e de manifestao (art. 42.), liberdade de
associao (art. 43.), em especial de participao em associaes sociais,
sindicais ou profissionais, direitos de petio (art. 48.), e no direito de ao
contra atos administrativos que lesem os seus direitos e interesses legtimos
(art. 137., n. 3).
5 O princpio democrtico, como princpio de deliberao pblica, concretizado, em especial, atravs do sufrgio eleitoral, pelo que encontra no
princpio da maioria o seu critrio da deciso, ainda que enformado pelos
critrios de validade material que a Constituio determina e o princpio democrtico atualiza. A Constituio garante que, na proteo de direitos, liberdades e garantias, a sua restrio est retirada da disposio do Governo de
origem maioritria e entregue, de forma exclusiva, competncia legislativa
do Parlamento Nacional, atravs do regime das leis restritivas, previsto no
art. 24. da Constituio, ou com a exigncia da previso em ato legislativo
do Parlamento Nacional do regime de exceo constitucional. Por outro lado,
garantem-se inclusivamente limites materiais prpria reviso constitucional
(art. 156.).
6 O princpio maioritrio no se apresenta apenas numa formulao simples, pelo contrrio, numa verso matizada, exigem-se diferentes graus de
consenso para diferentes decises que afetem a comunidade poltica. A pr228
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Artigo 63.
(Participao poltica dos cidados)
229
11/10/18 12:22:43
Artigo 64.
(Princpio da renovao)
Artigo 64.
(Princpio da renovao)
Ningum pode exercer a ttulo vitalcio ou por perodos indeterminados qualquer cargo poltico.
Artigu 64.
(Prinspiu renovasaun)
Ema ida labele hetan kargu poltiku ida atu kaer too nia mate ka durante tempu ita la hatene loos too iha neeb.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 122.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 118.).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 75., n. 3; 93., n. 4.
II Anotao
1 O princpio da renovao um dos princpios tpicos do constitucionalismo republicano. A renovao da titularidade do exerccio do poder assim
perspetivada como um valor em si, independentemente da bondade material
do exerccio do mandato. Por esta via se pretende obstar criao das condies para o exerccio desptico do poder que a perpetuao dos titulares pode
potenciar. Por outro lado, procura-se garantir as condies para a manuteno
de impulsos reformistas na governao.
2 So diversas as concretizaes deste princpio: na limitao dos mandatos do Presidente da Repblica no art. 75., n. 3 (mais decisivo por se tratar
de um rgo de soberania unipessoal), bem como na realizao peridica de
sufrgio, em especial, para o Parlamento Nacional, no art. 93., n. 4, com
necessrias refraes no Governo. Por ser um rgo colegial, cuja liderana
se encontra cometida ao Primeiro-Ministro, que no , no entanto, o titular de
um rgo de soberania por si s, no se encontra uma limitao comparvel
ao exerccio do cargo de Primeiro-Ministro.
230
11/10/18 12:22:43
Artigo 65.
(Eleies)
Artigo 65.
(Eleies)
1. Os rgos eleitos de soberania e do poder local so escolhidos atravs de
eleies, mediante sufrgio universal, livre, direto, secreto, pessoal e peridico.
2. O recenseamento eleitoral obrigatrio, oficioso, nico e universal, sendo
atualizado para cada eleio.
3. As campanhas eleitorais regem-se pelos seguintes princpios:
a) Liberdade de propaganda eleitoral;
b) Igualdade de oportunidades e de tratamento das diversas candidaturas;
c) Imparcialidade das entidades pblicas perante as candidaturas;
d) Transparncia e fiscalizao das contas eleitorais.
4. A converso dos votos em mandatos obedece ao sistema de representao
proporcional.
5. O processo eleitoral regulado por lei.
6. A superviso do recenseamento e dos atos eleitorais cabe a um rgo independente, cujas competncias, composio, organizao e funcionamento
so fixados por lei.
Artigu 65.
(Eleisaun)
1. rgaun soberanu eleitu sira no podr lokl nia rgaun sira sei hili
iha eleisaun, ho votu universl, livre, diretu, sekretu, pesol no peridiku.
2. Resenseamentu eleitorl obrigatriu, ofisiozu, niku no universl
no sei atualiza tinan-tinan.
3. Kampaa eleitorl sei lao tuir prinspiu sira-nee:
a) Liberdade ba propaganda eleitorl;
b) Oportunidade no tratamentu hanesan ba kandidatura hotuhotu;
c) Entidade pblika sira-nia imparsialidade ba kandidatura sira;
d) Transparnsia no fiskalizasaun ba konta eleitorl.
4. Votu nia konversaun ba mandatu sei halo tuir sistema reprezentasaun proporsionl.
5. Lei maka regula prosesu eleitorl.
6. rgaun independente ho nia kompetnsia, kompozisaun, organizasaun no funsionamentu regulada ho lei maka superviziona resenseamentu no atu eleitorl.
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Artigo 65.
(Eleies)
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Moambique (art. 135.);
Constituio da Repblica Portuguesa (art. 113.).
2 Direito timorense: Lei n. 5/2006, de 28 de dezembro (rgos da Administrao Eleitoral); Lei n. 6/2006, de 28 de dezembro (Lei Eleitoral para o Parlamento
Nacional); Lei n. 7/2006, de 28 de dezembro (Lei Eleitoral para o Presidente da Repblica); Lei n. 6/2011, de 22 de junho (Primeira alterao Lei n. 5/2006, de 28 de
dezembro); Lei n. 7/2011, de 22 de junho (Segunda alterao Lei n. 6/2006, de 28
de dezembro); Lei n. 8/2011, de 22 de junho (Segunda alterao Lei n. 7/2006, de
28 de dezembro); DL n. 1/2007, de 18 de janeiro (Estatuto Orgnico do Secretariado Tcnico da Administrao Eleitoral); Resoluo do Governo n. 2/2010, de 20 de
janeiro (Recenseamento Eleitoral 2010); Regulamento 21/STAE/04 (Procedimentos
Tcnicos para a Realizao do Recenseamento Eleitoral na Repblica Democrtica
de Timor-Leste).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 7.; 47.; 63.; 76.; 93..
II Anotao
1 O direito de sufrgio, enquanto instrumento de realizao do princpio
democrtico, encontra-se positivado em diversas disposies da Constituio. Desde logo, o art. 7. consagra, juntamente com a titularidade do poder
soberano por parte do povo timorense, a ideia de Sufrgio universal e multipartidarismo. Esta mesma ideia vem reforada pelo acolhimento dos direitos
de participao poltica entre o catlogo de direitos, liberdades e garantias
fundamentais.
2 O primeiro princpio constitucional orientador do regime eleitoral refere-se universalidade, no s da capacidade eleitoral ativa (a possibilidade de
eleger) como passiva (de ser eleito). Esta consequncia resultaria j do regime
especfico de direitos, liberdades e garantias, mas o seu reforo importante
para reforar a natureza no censitria do direito ao sufrgio. Naturalmente,
no se impede a possibilidade de ser aposta condio ao seu exerccio, como
sucede na exigncia de ter mais de 17 anos, tal como dispe o art. 47..
3 O exerccio do direito de sufrgio tambm pessoal e intransmissvel e
constitui, alm de um direito fundamental, um dever cvico. O exerccio do
direito fundamental ao sufrgio poder colocar, no seu reverso, a problemtica de saber se constituir tambm um dever fundamental. Uma perspetiva
personalista, orientada pelo respeito dos direitos fundamentais e pela plena
realizao do indivduo na sua eminente dignidade, no favorecer a imposio destes deveres e seu respetivo sancionamento pblico.
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Artigo 65.
(Eleies)
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Artigo 65.
(Eleies)
Da mesma forma, a igualdade de oportunidades e de tratamento das candidaturas no impede que na regulao legislativa se distinga, por exemplo, a
atribuio de subvenes em razo do nmero de votos. A imparcialidade de
entidades pblicas perante as candidaturas uma das mais decisivas garantias na realizao das campanhas eleitorais e das eleies, valendo aqui como
imposio constitucional orientadora. A transparncia das contas eleitorais
ser uma garantia dirigida ao legislador, que dever tambm garantir a sua
adequada fiscalizao. O funcionamento das campanhas eleitorais encontra-se regulado nas leis eleitorais, respetivamente, nos arts. 28. e ss. da Lei n.
6/2006, de 28 de dezembro (Lei Eleitoral para o Parlamento Nacional), e nos
arts. 27. e ss. da Lei n. 7/2006, de 28 de dezembro (Lei Eleitoral para o Presidente da Repblica).
8 No desenvolvimento do regime constitucional, o processo eleitoral regulado por lei. A legislao eleitoral em vigor nos primeiros atos eleitorais
para a Assembleia Constituinte (depois convertida em Parlamento Nacional)
e a primeira eleio presidencial, ambos anteriores independncia, constava
dos Regulamentos da UNTAET, em especial: o Regulamento n. 2001/02,
sobre a eleio de uma Assembleia Constituinte para a elaborao de uma
Constituio para um Timor-Leste independente e democrtico; o Regulamento n. 2001/11, sobre infraes eleitorais para a eleio de uma Assembleia Constituinte; o Regulamento n. 2002/01, sobre a eleio do primeiro
Presidente de um Timor-Leste independente e democrtico; e o Regulamento
n. 2002/02, sobre infraes eleitorais em relao eleio do primeiro Presidente. No perodo posterior independncia, os atos eleitorais do ano de 2007
decorreram j sobre o regime legal entretanto aprovado. A Lei n. 6/2006, de
28 de dezembro (Lei Eleitoral para o Parlamento Nacional), e a Lei n. 7/2006,
de 28 de dezembro (Lei Eleitoral para o Presidente da Repblica), vieram
disciplinar os diferentes regimes eleitorais, considerando as especificidades
do sistema proporcional de listas das eleies legislativas e o sufrgio presidencial uninominal.
9 A Lei n. 6/2011, de 22 de junho, procedeu primeira alterao da Lei n.
5/2006, de 28 de dezembro (rgos da Administrao Eleitoral), em especial,
no seu art. 8., incluindo entre as competncias da Comisso Nacional de Eleies verificar a base de dados nica de recenseamento eleitoral, e no art. 12.,
alterando a natureza, composio e competncia do STAE. A Lei n. 7/2006,
de 28 de dezembro (Lei Eleitoral para o PR), foi, pela primeira vez, alterada pelas Leis n. 05/2007, de 27 de maro, e n. 6/2006, de 28 de dezembro
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Artigo 65.
(Eleies)
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Artigo 66.
(Referendo)
Artigo 66.
(Referendo)
1. Os cidados recenseados no territrio nacional podem ser chamados a pronunciar-se em referendo sobre questes de relevante interesse nacional.
2. O referendo convocado pelo Presidente da Repblica, por proposta de um
tero e deliberao aprovada por uma maioria de dois teros dos Deputados
ou por proposta fundamentada do Governo.
3. No podem ser sujeitas a referendo as matrias da competncia exclusiva
do Parlamento Nacional, do Governo e dos Tribunais definidas constitucionalmente.
4. O referendo s tem efeito vinculativo quando o nmero de votantes for
superior a metade dos eleitores inscritos no recenseamento.
5. O processo de referendo definido por lei.
Artigu 66.
(Referendu)
1. Bele bolu sidadaun sira resenseadu iha territriu nasionl mai f
sira-nia opiniaun iha referendu kona-ba kestaun relevante ba interese
nasionl.
2. Prezidente da-Repblika maka konvoka referendu, tuir proposta
neeb Deputadu sira-nia datoluk ida aprezenta no deliberasaun neeb
Deputadu sira aprova ho maioria datoluk rua, ka ho proposta fundamentada hosi Governu.
3. Labele tama iha referente matria neeb Konstituisaun hatama iha
Parlamentu Nasionl, Governu ka Tribunl sira-nia kompetnsia.
4. Kuandu votante sira barak liu eleitr inskritu iha resenseamentu
sira-nia sorin-baluk maka referendu iha efeitu vinkulativu.
5. Lei maka define prosesu ba referendu.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 168.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 103.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 136.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 115.); Constituio da
Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 71.).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 46.; 63.; 85., alnea f); 95., n. 2,
alnea h), e n. 3, alnea k); 115., n. 2, alnea d); 126., n. 1, alnea b); 156., n. 2.
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11/10/18 12:22:45
Artigo 66.
(Referendo)
II Anotao
1 O referendo permite a abertura do sistema democrtico representativo
participao democrtica direta dos cidados. Em Timor-Leste, este instituto
encontra-se largamente limitado pela falta de regulamentao legal, que
competncia legislativa exclusiva do Parlamento Nacional, nos termos do art.
95., n. 2, alnea h), conjugado com o n. 5 deste mesmo art. 66.. O regime
jurdico-constitucional previsto neste artigo orienta essa interveno legislativa, delimitando o mbito e definindo o respetivo procedimento.
2 No quadro do regime aqui enunciado, a vinculao do legislador ordinrio
a legislar sobre o processo de referendo dever incluir as fases da proposta
pelos rgos de soberania, previstas neste artigo, a sua convocao, realizao e apuramento de resultados. A margem de conformao do legislador
no exclui o desenvolvimento do regime constitucional previsto, por exemplo,
abrindo a deciso de proposta do PN ou do Governo ao direito popular de
petio.
3 O mbito material do referendo, em Timor-Leste, nos termos do art. 66.,
n. 1, admite todas as questes de relevante interesse nacional. No entanto, o
n. 3 restringe estas matrias, retirando deste mbito material as matrias da
competncia exclusiva do Parlamento Nacional, do Governo e dos Tribunais
definidas constitucionalmente. Assim se excluem, em especial, as matrias
includas na reserva legislativa exclusiva do PN, referidas no art. 95., n. 2.
No se encontra expressamente excluda a possibilidade de referendo constitucional que incida sobre as diferentes matrias includas na Constituio
e passveis de reviso. No entanto, nos termos do art. 95., n. 3, alnea i),
aprovar revises Constituio por maioria de dois teros dos Deputados
encontra-se prevista entre as competncias legislativas do PN, o que poder
conduzir ao mesmo resultado hermenutico. O art. 156., n. 2, no entanto,
expressamente admite a possibilidade de serem revistas atravs de referendo
nacional, nos termos da lei, a forma republicana de governo e a Bandeira Nacional. Tambm excludas do mbito material do referendo estaro as competncias do Governo, previstas nos arts. 115. e ss. da Constituio, bem como
no art. 118., relativamente ao exerccio da funo jurisdicional do Estado. Os
limites materiais, estabelecidos por este artigo realizao dos referendos,
revelam uma ponderao constituinte muito restritiva que no admite um recurso regular a este instituto.
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Artigo 66.
(Referendo)
4 Processualmente, a convocao do referendo da competncia do Presidente da Repblica, nos termos conjugados do n. 2 deste artigo e do art. 85.,
alnea f), propostos no Parlamento Nacional, por um tero dos Deputados e
aprovado por uma maioria de dois teros dos Deputados, segundo o art. 95.,
n. 3, alnea k). A iniciativa pode ainda partir fundamentadamente do Governo, nos termos do n. 2 deste artigo e do art. 115., n. 2, alnea d). A exigncia de fundamentao na proposta do Governo no exclui igual exigncia da
proposta aprovada pelos Deputados do Parlamento Nacional. Os poderes do
Presidente da Repblica, de controlo da proposta de convocao de referendo,
so limitados deve garantir a observncia da previso constitucional, em
especial, das limitaes materiais e da respetiva tramitao procedimental,
podendo solicitar o controlo preventivo da constitucionalidade do referendo,
nos termos do art. 126., n. 1, alnea b).
5 A exigncia de um nmero de votantes superior a metade dos eleitores
inscritos no recenseamento para a produo de efeito vinculativo visa garantir a mais perfeita formao da vontade popular expressa por referendo.
Apesar de este requisito no se encontrar previsto nos atos eleitorais, a expresso direta da soberania popular exige especiais cautelas contra potenciais
excessos plebiscitrios. No se impede, no entanto, que outras consequncias,
por exemplo, de cariz poltico, possam ser tiradas de um referendo com um
nmero de votantes inferior (em especial se pouco inferior) ao constitucionalmente exigido.
238
11/10/18 12:22:46
Artigo 67.
(rgos de soberania)
Artigo 67.
(rgos de soberania)
So rgos de soberania o Presidente da Repblica, o Parlamento Nacional, o
Governo e os Tribunais.
Artigu 67.
(rgaun soberanu)
rgaun soberanu sira maka Prezidente da-Repblika, Parlamentu Nasionl, Governu no Tribunl sira.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 105., n. 1); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 119., n. 1); Constituio da Repblica da
Guin-Bissau (art. 59., n. 1); Constituio da Repblica de Moambique (art. 133.);
Constituio da Repblica Portuguesa (art. 110.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 68.).
2 Direito timorense: Lei n. 7/2007, de 25 de julho (Estatuto dos Titulares de rgos de Soberania).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 74. e ss.; 92. e ss.; 103. e ss.;
118. e ss.
II Anotao
1 A Constituio enumera tipicamente os rgos de soberania, o que veda
ao legislador ordinrio qualquer interveno na previso das suas competncias ou na sua definio. A previso na Constituio de diferentes rgos de
soberania visa garantir a separao orgnica de poderes, no desempenho das
funes Estaduais, aqui previstos em condies de paridade que marcam o
seu relacionamento institucional.
2 A Lei n. 7/2007, de 25 de julho, estabelece o Estatuto dos Titulares de
rgos de Soberania, consagrando especiais deveres, incompatibilidades e
prerrogativas. As prerrogativas dos titulares dos rgos de soberania variam
relativamente a vencimentos e outros direitos, viaturas, segurana e penso
vitalcia, no que concerne ao Presidente da Repblica, ao Presidente do Parlamento Nacional, ao Primeiro-Ministro, ao Presidente do Supremo Tribunal
de Justia e aos membros do Governo, aos quais se reconhece o direito a um
especial subsdio de reintegrao.
O regime da penso mensal vitalcia dos Deputados e outras regalias foi aprovado pela Lei n. 1/2007, de 18 de janeiro.
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11/10/18 12:22:46
Artigo 68.
(Incompatibilidades)
Artigo 68.
(Incompatibilidades)
1. A titularidade dos cargos de Presidente da Repblica, Presidente do Parlamento Nacional, Presidente do Supremo Tribunal de Justia, Presidente do
Tribunal Superior Administrativo, Fiscal e de Contas, Procurador-Geral da
Repblica e membro do Governo incompatvel entre si.
2. A lei define outras incompatibilidades.
Artigu 68.
(Inkompatibilidade)
1. Ema neeb kaer kargu hanesan Prezidente da-Repblika, Prezidente
iha Parlamentu Nasionl, Prezidente iha Supremu Tribunl ba Justisa,
Prezidente iha Tribunl Superir Administrativu, Fiskl no ba Kontas,
Prokuradr-Jerl da-Repblika no membru iha Governu labele kaer
kargu sira-nee ida-tan.
2. Lei define inkompatibilidade sira seluk.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Moambique (art. 137.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 72.).
2 Direito timorense: Lei n. 7/2007, de 25 de julho (Estatuto dos Titulares de rgos de Soberania).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Art. 78..
II Anotao
1 A incompatibilidade entre a titularidade dos rgos superiores do Estado
representa uma garantia da concretizao orgnica do princpio da separao
de poderes. A consagrao constitucional de um catlogo de incompatibilidades entre a titularidade de diferentes cargos dos rgos de soberania e
de outros rgos superiores do Estado, no n. 1 deste artigo, representa uma
limitao atuao do legislador ordinrio, que se encontra habilitada no n.
2 deste mesmo artigo. O elenco de cargos a previstos representa a ponderao constituinte das garantias impostas no exerccio dos principais cargos do
Estado.
2 A Lei n. 7/2007, de 25 de julho, concretiza a obrigao legislativa prevista no n. 2 deste artigo, estabelecendo o Estatuto dos Titulares de rgos de
Soberania. Consagra especiais deveres e prerrogativas pela titularidade dos
rgos de soberania, bem como um mais estrito regime de incompatibilidades
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Artigo 68.
(Incompatibilidades)
241
11/10/18 12:22:46
Artigo 69.
(Princpio da separao dos poderes)
Artigo 69.
(Princpio da separao dos poderes)
Os rgos de soberania, nas suas relaes recprocas e no exerccio das suas
funes, observam o princpio da separao e interdependncia dos poderes
estabelecidos na Constituio.
Artigu 69.
(Prinspiu separasaun iha podr)
rgaun soberanu sira, iha sira-nia relasaun entre sira no kuandu kaer
sira-nia funsaun, tenke tuir prinspiu separasaun no interdependnsia
iha podr neeb Konstituisaun estabelese.
I Referncias
1 Direito internacional: Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado (1789)
art. 16..
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 119., n. 2);
Constituio da Repblica da Guin (art. 59., n. 2); Constituio da Repblica de
Moambique (art. 134.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 111.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 69.).
3 Doutrina: Pedro Bacelar de VASCONCELOS, Controlo do Poder Teoria
Geral do Controlo Jurdico do Poder Pblico, Lisboa, Edies Cosmos, 1996; ID,
A transio em Timor-Leste (1999-2002), in Rui CENTENO, Rui NOVAIS (Org.)
Timor-Leste da Nao ao Estado, Porto, Edies Afrontamento, 2006; Pedro BACELAR DE VASCONCELOS, Ricardo Sousa da CUNHA, O Semipresidencialismo Timorense, in Marina COSTA LOBO, Octvio AMORIM (Org.), Semipresidencialismo
em Pases de Lngua Portuguesa, Lisboa, ICS, 2009; Maurice DUVERGER, chec
au Roi, Paris, Albin Michel, 1978; Robert ELGIE, What is semi-presidentialism and
where is it found?, in Robert Elgie e Sophia Moestrup [Coord.], Semi-presidentialism outside Europe, a comparative study, New York, London, Routledge, 2007,
pp. 1 e ss.; Robert ELGIE e Sophia MOESTRUP, The choice of Semi-presidentialism
and its consequences, in Robert Elgie e Sophia Moestrup [Coord.], Semi-presidentialism outside Europe, a comparative study, New York, London Routledge, 2007,
p. 243; Eduardo Garca de ENTERRA, La lucha contra las inmunidades del poder,
Madrid, Civitas, 3.a ed. (2.a reimpresso), 1995; Jos Joaquim GOMES CANOTILHO,
Direito Constitucional e Teoria da Constituio, Coimbra, Almedina, p. 607; John
LOCKE, Two Treatises of Government, 1690; MONTESQUIEU, De lEsprit des Lois
(O Esprito das Leis, Martins Fontes, 2.a ed., 2000); Giovanni SARTORI, Comparative Constitutional Engineering, London, Macmillan Press, 1997, pp. 131 e ss.; SHOESMITH, Timor-Leste Divided Leadership in a Semi-Presidential System, Asian Survey,
Vol. XLIII, n. 2, March/April 2003; ID, Timor-Leste: semi-presidentialism and the
democratic transition in a new small state, in Robert Elgie e Sophia Moestrup
[Coord.], Semi-presidentialism outside Europe, a comparative study, New York, London, Routledge, 2007, p. 220; Jos REIS NOVAIS, Semipresidencialismo Teoria do
sistema de governo semipresidencialista, vol. I., Coimbra, Almedina, 2007.
4 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 67.; 156., n. 1, alnea d).
242
11/10/18 12:22:47
Artigo 69.
(Princpio da separao dos poderes)
II Anotao
1 O princpio da separao de poderes uma das marcas genticas do constitucionalismo moderno de origem liberal. O conceito ideal de Constituio,
referido no art. 16. da Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado,
prev um documento escrito, no qual se proteja os direitos fundamentais dos
cidados e garanta a organizao do poder poltico segundo o princpio da
separao de poderes. Neste entendimento, sem separao de poderes no h
Constituio.
2 A separao de poderes tem uma dimenso negativa, de separao/limitao do exerccio do poder pelo seu controlo recproco, e uma dimenso positiva, ordenadora da organizao do poder poltico segundo variveis critrios
de legitimidade e democraticidade. Por um lado, importa proteger os cidados
pela disseminao dos centros de exerccio do poder pblico, cujo controlo
mtuo (checks and balances) uma das suas principais garantias. Por outro
lado, a separao de poderes impe constitucionalmente a legitimidade democrtica (direta e indireta) da ao dos rgos de soberania, como sucede
diretamente com o Parlamento ou o Presidente da Repblica e, indiretamente,
com o Governo que responde perante o PN e o PR. No caso dos tribunais, a
legitimidade da sua ao de outra forma garantida pela Constituio, por
exemplo, impondo especiais garantias de independncia, que todos os demais
poderes devero respeitar. A legitimidade prpria de cada um dos rgos de
soberania o fundamento para o seu controlo mtuo (checks and balances)
razo pela qual, alm de estrita separao, este tambm um princpio de
interdependncia de poderes.
3 Os poderes assim separados tm uma aceo orgnica, na diviso dos
poderes pelos diferentes rgos do Estado, mas tambm se refere separao
das funes (poltica, legislativa, administrativa e jurisdicional) que o Estado
desempenha.
4 Numa perspetiva funcional, a separao de poderes tem sido, ao longo dos
tempos, confrontada com os desafios colocados por uma realidade, historicamente mutvel, hoje crescentemente complexa e cada vez mais exigente para
os Estados. A separao entre cada uma das funes estaduais , assim, cada
vez menos clara, em especial na delimitao do seu mbito da interveno,
com consequncias nas relaes recprocas de interdependncia estabelecidas
na realizao quotidiana da original previso constitucional.
243
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Artigo 69.
(Princpio da separao dos poderes)
5 No exerccio da funo legislativa, por exemplo, a representatividade democrtica dos Parlamentos era o fundamento do exerccio exclusivo da funo legislativa, na revelao da vontade popular a representada pelo voto
direto e universal (art. 95., n.os 1 e 2). No entanto, a crescente complexidade
tcnica das intervenes legislativas, para a qual se convocam mais recursos
e cada vez mais especializados, tem reclamado uma competncia legislativa
crescente para os Governos (art. 115.). Esta competncia legislativa dos Governos tem crescido, estendendo-se mesmo a matrias que no so relativas
sua organizao e funcionamento.
6 Em especial, questionado neste quadro de separao funcional dos poderes o sentido da interveno jurisdicional, no controlo da demais atuao estadual. Historicamente, no eram favorveis a um espao alargado de controlo
jurisdicional da ao dos demais poderes do Estado, nem a tradio liberal
anglo-saxnica (que na Glorious Revolution, de 1688, proclamou a supremacia do Parlamento), nem a tradio da Revoluo Francesa, de 1789, cujos
partidrios receavam o conservadorismo dos juzes em funes, oriundos da
nobreza contra a qual se erigiam (por isso, com Montesquieu, reduzindo
os tribunais boca que pronuncia a lei).
O controlo jurisdicional da ao dos demais rgos, separados em condies
de paridade, alm disso, exigia um padro normativo, que a Constituio ps-revolucionria no ambicionava. A primazia normativa da Constituio, apenas se afirmou a partir da clebre deciso do caso, Marbury v. Madison (1803)
pelo Supremo Tribunal Federal americano.
7 A falta de legitimidade democrtica direta dos tribunais pareceria, partida, limitar a sua interveno no controlo do exerccio de funes desempenhadas por rgos legitimados democraticamente de forma direta, como
seja no desempenho pelo PN da funo legislativa. O controlo jurisdicional
da ao do legislador, face ao padro estabelecido pela Constituio, tem-se, no entanto, afirmado como se ver a propsito do regime de garantia
da Constituio, previsto nos arts. 149. e ss., e includo como competncia
constitucional do Supremo Tribunal de Justia (agora Tribunal de Recurso),
nos termos do art. 126.. Mais disputado ser o controlo da omisso legislativa
(art. 151. da Constituio), que, se construdo de forma demasiado estrita,
poderia significar a perda de qualidade da deliberao poltica para um controlo jurisdicional que se limite a cumprir o projeto poltico da Constituio,
sempre datado e circunstancial. No parece ter sido esta a opo na Consti244
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Artigo 69.
(Princpio da separao dos poderes)
tuio timorense, uma vez que, nos termos do art. 151., so relativamente
estritos os pressupostos para o controlo da inconstitucionalidade por omisso.
Por um lado, a legitimidade processual ativa encontra-se limitada ao PR, ao
PGR e ao Provedor de Direitos Humanos e Justia. Por outro lado, o Supremo
Tribunal de Justia (neste momento ainda o Tribunal de Recurso) limita-se
verificao da omisso de medidas legislativas necessrias para concretizar as normas constitucionais, no tendo, nomeadamente, qualquer poder de
substituio perante a constatao de qualquer omisso do poder legislativo.
8 A ao poltica do Estado , tendencialmente, excluda do controlo dos
Tribunais por representar as opes primrias da comunidade poltica, em
larga medida, prvias prpria definio normativa. Apenas uma anlise casustica permitir identificar o exerccio da funo poltica pelos rgos do
Estado, nem sempre fcil de distinguir das decises administrativas ou legislativas. na Constituio que se encontrar o fundamento para a distino
das funes exercidas pelos diferentes rgos, em especial, confrontando as
respetivas competncias. Tambm ser, assim, na Constituio que se encontra o seu padro normativo de controlo, em especial, considerando o disposto
no catlogo de direitos fundamentais.
9 No que se refere ao controlo jurisdicional da ao administrativa dos Estados, constatam-se importantes variaes na interpretao do princpio da
separao de poderes, em especial entre os Estados nas margens do Canal
da Mancha. Na famlia jurdica anglo-saxnica, originalmente na Gr-Bretanha, o poder exercido pela Coroa estaria ainda sujeito ao common law of the
land para efeitos de execuo das suas decises, bem como ao seu controlo
jurisdicional comum. Nos sistemas civilistas, de origem francesa, controlar
a administrao foi, durante muito tempo, entendido como parte da funo
administrativa e, por isso, subtraa-se aos tribunais a atuao administrativa
do Estado, confiada ao direito administrativo e apenas mais tarde aos tribunais administrativos. Na Constituio, atualmente, a definio desta matria
consta do art. 129., que garante ao Tribunal Superior Administrativo, Fiscal
e de Contas e aos tribunais administrativos e fiscais de primeira instncia,
a jurisdio sobre aes que tenham por objeto litgios emergentes das relaes jurdicas administrativas e fiscais, recursos contenciosos interpostos das
decises dos rgos do Estado e dos seus agentes, bem como outras que lhe
sejam atribudas por lei.
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Artigo 69.
(Princpio da separao dos poderes)
10 Numa perspetiva orgnica, os poderes so separados por diferentes rgos do Estado, que se relacionam e controlam, numa teia que determina o
sistema de governo adotado pela Constituio. A interdependncia do princpio da separao de poderes ser sempre institucional, em especial, entre
os trs plos da organizao do poder poltico: o Presidente da Repblica, o
Parlamento Nacional e o Governo. So, em particular, as relaes de responsabilidade poltica, pelas quais certos rgos de soberania respondem pelos
efeitos do exerccio das suas competncias constitucionais, que melhor as
ilustram.
No ser difcil identificar na Constituio timorense os trs requisitos enunciados por DUVERGER para caracterizar um sistema de governo como semipresidencial: um Presidente eleito por sufrgio universal, o qual possui
considerveis poderes e ao qual se opem um Primeiro-Ministro e Ministros,
cujo mandato depende do Parlamento. A gnese deste batismo fundou-se
na consagrao, no texto da Constituio francesa, de uma interpretao estratgica do princpio da separao de poderes que, se marca geneticamente
o sistema de governo semipresidencial, est sempre aberta a uma evoluo
constitucional dinmica, em diferentes realidades, bem como a outras formulaes. Em sentido mais exigente, SARTORI acrescenta caracterizao
do sistema de governo semipresidencial a possibilidade de o Presidente da
Repblica ser eleito, direta ou indiretamente, e funda-o na natureza dual da
autoridade, pela qual se equilibra o exerccio dos poderes executivos do PR e
do PM. O PR ser independente do Parlamento e o PM e o seu Governo sero
independentes do PR, mas dependentes do Parlamento, numa estrutura de
autoridade dual, que permite alteraes no equilbrio dos poderes executivos
do sistema de governo semipresidencial. Em sentido menos restritivo, a caracterizao do semipresidencialismo, por ELGIE, limita-se a exigir a eleio
popular do PR para um mandato limitado que coexiste com um PM e gabinete
que so responsveis perante o poder legislativo.
A Constituio de Timor-Leste revela, apesar de se inserir numa tradio semipresidencial, uma muito particular posio relativa dos diferentes rgos
de soberania, em especial, no exerccio dos seus poderes prprios e na relao
com outros rgos. Apesar das apontadas influncias cruzadas na Constituio timorense, a origem do sistema semipresidencial na organizao do poder
poltico resulta de razes internas e das circunstncias peculiares do processo
de transio.
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Artigo 69.
(Princpio da separao dos poderes)
11 Esta perspetiva da opo pelo sistema de governo semipresidencial poderia revelar potencialidades desestabilizadoras. Todavia as potencialidades
da coabitao (certamente nem sempre fcil) no sistema de governo semipresidencial entre o Presidente e a maioria parlamentar de apoio ao Governo
podem promover a sua cooperao e recproca limitao. Assim se indicia,
porventura, uma disponibilidade para a participao poltica democrtica e
para a partilha de poder que poder favorecer o sucesso da democracia na
transio ps-conflito em Estados que adotem o sistema de governo semipresidencial (ELGIE e MOESTRUP, 2007, p. 248).
247
11/10/18 12:22:49
Artigo 70.
(Partidos polticos e direito de oposio)
Artigo 70.
(Partidos polticos e direito de oposio)
1. Os partidos polticos participam nos rgos do poder poltico de acordo
com a sua representatividade democrtica, baseada no sufrgio universal e
direto.
2. reconhecido aos partidos polticos o direito oposio democrtica, assim como o direito a serem informados, regular e diretamente, sobre o andamento dos principais assuntos de interesse nacional.
Artigu 70.
(Partidu poltiku sira no direitu ba opozisaun)
1. Partidu poltiku sira partisipa iha podr poltiku nia rgaun nuudar
sira-nia reprezentatividade demokrtika bazeada iha sufrjiu universl
no diretu.
2. Partidu poltiku sira iha direitu atu halo opozisaun demokrtika no
atu hetan informasaun, regularmente no diretamente, kona-ba asuntu
prinsipl sira-neeb iha interese nasionl.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 57.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 114.).
2 Direito timorense: Lei n. 3/2004, de 14 de abril (Partidos Polticos e Associaes
Cvicas); Lei n. 3/2009, de 8 de julho (Lei das Lideranas Locais e sua Eleio).
3 Jurisprudncia: Acrdo do Tribunal de Recurso n. 02/2009, de 7 de julho,
publicado no Jornal da Repblica, Srie 1, n. 28, de 5 de agosto de 2009; Acrdo
do Tribunal de Recurso n. 01/2008, de 28
de julho
(Financiamento dos Partidos Polticos).
4 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 7., n. 2; 46., n.os 2 e 3; 95., n. 2,
alnea i); 106., n. 1; 126., n. 1, alnea e).
II Anotao
1 A Constituio reserva um papel relevante para os partidos polticos, aos
quais consagra diversas referncias, alm deste artigo desde a valorizao
da sua contribuio na parte relativa aos princpios fundamentais (art. 7.),
consagrao de um direito fundamental sua criao e filiao (art. 46.) e
sua participao parlamentar na constituio do Governo (arts. 85., alnea
d), e 106.).
2 A definio constitucional confia aos partidos a representatividade democrtica, com base no sufrgio universal e direto. No parece, no entanto,
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11/10/18 12:22:50
Artigo 70.
(Partidos polticos e direito de oposio)
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Artigo 70.
(Partidos polticos e direito de oposio)
(art. 46.) em sociedades plurais e abertas. O estatuto da oposio, aqui previsto, garante o direito a ser informado, regular e diretamente, acerca dos
assuntos de maior relevncia para o pas. Outras prerrogativas constitucionais
da oposio integram o direito a ser ouvido, pelo PR, aquando da dissoluo
do PN (art. 86., alnea f)), e a integrar a Comisso Permanente do PN (art.
102., n. 2).
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11/10/18 12:22:51
Artigo 71.
(Organizao administrativa)
Artigo 71.
(Organizao administrativa)
1. O governo central deve estar representado a nvel dos diversos escales
administrativos do territrio.
2. Oe-Cusse Ambeno rege-se por uma poltica administrativa e um regime
econmico especiais.
3. Ataro goza de um estatuto econmico apropriado.
4. A organizao poltico-administrativa do territrio da Repblica Democrtica de Timor-Leste definida por lei.
Artigu 71.
(Organizasaun administrativa)
1. Governu sentrl tenke iha reprezentasaun iha eskalaun (26) administrativa ida-idak iha territriu.
2. Oekusi Ambenu tuir poltika administrativa no rejime ekonmika
espesil.
3. Atauru iha estatutu ekonmiku apropriadu (27).
4. Lei maka define Repblika Demokrtika Timr-Leste nia territriu
nia organizasaun poltiku-administrativa.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Moambique (art. 140., n. 1);
Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (arts. 136. e 137.).
2 Direito timorense: Lei n. 11/2009, de 7 de outubro (Diviso Administrativa e
Territorial).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 5.; 156., n. 1, alnea h).
II Anotao
1 A referncia organizao administrativa neste artigo impe a participao do governo central nas diversas instncias de exerccio do poder, em
especial, aquelas mais prximas das populaes, e complementa outras referncias constitucionais relativas descentralizao administrativa (art. 5.),
ao poder local (art. 72.) e estrutura da Administrao Pblica (art. 137.).
(26) Eskalaun (s) Nivel ka grau ierrkiku Kuandu ita koalia kona-ba eskalaun administrativa
ita koalia kona-ba munispiu ka rejiaun autnoma sira.
(27) Apropriadu (adj) Adekuadu; neeb f-malu diak ho ema ruma ka buat ruma nia situasaun, natureza ka kualidade. Atauru iha rejime ekonmiku apropriadu = Atauru iha rejime
ekonmiku neeb lao diak ho nia situasaun.
251
11/10/18 12:22:51
Artigo 71.
(Organizao administrativa)
2 Esta obrigao l-se numa dupla dimenso: por um lado, impe a representao do governo central nos diversos escales administrativos do
territrio, por outro, impe a existncia de diferentes instncias de deciso
administrativa mais prximas das populaes, seja sob a forma de descentralizao ou desconcentrao administrativa.
3 Num Estado com uma exgua dimenso geogrfica, mas muito dispersa
demografia, como em Timor-Leste, esta exigncia garantia da unidade do
processo pblico de deciso. , alm disso, o contraponto obrigao de representatividade garantida por este princpio e concretizada no artigo seguinte em relao ao Poder local.
4 O n. 4 deste artigo impe constitucionalmente uma interveno legislativa ordinria na concretizao da organizao poltico-administrativa do
territrio da Repblica Democrtica de Timor-Leste. Na referncia s pessoas
coletivas de territrio, a remisso feita para o regime que resulta do princpio da descentralizao administrativa, melhor concretizado nos arts. 5. e
72.. No que se refere organizao territorial mais prxima das populaes
da Administrao Central, sob a forma de desconcentrao, esta questo est
mais detidamente referida no art. 137..
5 Tambm neste artigo se delimitam os termos desta interveno do legislador ordinrio, impondo a observncia de estatutos especiais para os territrios do enclave de Oe-Cusse Ambeno, que se rege por uma poltica administrativa e um regime econmico especiais, nos termos do n. 2, e a ilha de
Ataro, que goza de um estatuto econmico apropriado, segundo o disposto
no n. 3, de forma j referida no art. 5..
252
11/10/18 12:22:51
Artigo 72.
(Poder local)
Artigo 72.
(Poder local)
1. O poder local constitudo por pessoas coletivas de territrio dotadas de
rgos representativos, com o objetivo de organizar a participao do cidado
na soluo dos problemas prprios da sua comunidade e promover o desenvolvimento local, sem prejuzo da participao do Estado.
2. A organizao, a competncia, o funcionamento e a composio dos rgos
de poder local so definidos por lei.
Artigu 72.
(Podr lokl)
1. Pesoa koletiva ho territriu neeb iha rgaun reprezentativu atu organiza sidadaun nia partisipasaun hodi buka solusaun ba nia komunidade problema rasik no promove dezenvolvimentu lokl, sein prejuizu
ba Estadu nia partisipasaun, maka konstitui podr lokl.
2. Lei maka define podr lokl nia organizasaun, kompetnsia no funsionamentu no nia rgaun nia kompozisaun.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (arts. 213. e ss.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (arts. 230. e ss.); Constituio da Repblica da
Guin-Bissau (arts. 105. e ss.); Constituio da Repblica de Moambique (arts. 271.
e ss.); Constituio da Repblica Portuguesa (arts. 235. e ss.).
2 Direito timorense: Lei n. 3/2009, de 8 de julho (Lideranas Comunitrias e
sua Eleio); Lei n. 11/2009, de 7 de outubro (Diviso Administrativa e Territorial);
Proposta de Lei do Governo Local (Proposta de Lei n. 18/II/2009); Proposta de Lei
Eleitoral Municipal (Proposta de Lei n. 19/II/2009).
3 Jurisprudncia: Acrdo do Tribunal de Recurso n. 02/2009, de 7 de julho, publicado no Jornal da Repblica, Srie 1, n. 28, de 5 de agosto de 2009.
4 Doutrina: Nuno Canas Mendes, A multidimensionalidade da construo
identitria em Timor-Leste: Nacionalismo, Estado e Identidade Nacional, Lisboa,
ISCSP, 2005; Ricardo Sousa da CUNHA, A construo do poder local em Timor-Leste, in Direito Regional e Local, n. 12, 2010, pp. 36 e ss.; Mara GONALVES,
O amadurecimento poltico-institucional do processo de descentralizao em Timor-Leste, in Jornadas Comemorativas da Concluso do Primeiro Curso de Direito, 11
de junho de 2010.
5 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 5.; 65., n. 1; 156., n. 1, alnea b).
II Anotao
1 A organizao do poder local neste artigo d corpo ao princpio da descentralizao administrativa, previsto no art. 5., pela criao de pessoas coletivas de base territorial, mais prximas das populaes. Historicamente, a
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11/10/18 12:22:52
Artigo 72.
(Poder local)
11/10/18 12:22:52
Artigo 72.
(Poder local)
11/10/18 12:22:52
Artigo 72.
(Poder local)
11/10/18 12:22:52
Artigo 73.
(Publicidade dos atos)
Artigo 73.
(Publicidade dos atos)
1. So publicados no jornal oficial os atos normativos produzidos pelos rgos
de soberania.
2. A falta de publicidade dos atos previstos no nmero anterior ou de qualquer
ato de contedo genrico dos rgos de soberania e do poder local implica a
sua ineficcia jurdica.
3. A lei determina as formas de publicidade dos demais atos e as consequncias da sua falta.
Artigu 73.
(Publisidade ba atu)
1. Atu normativu sira-neeb rgaun soberanu sira prodz tenke publika iha jornl ofisil.
2. Atu sira-neeb nmeru anterir prevee no rgaun soberanu no podr lokl nia rgaun nia atu neeb iha kontedu jenriku laiha efiksia
jurdika kuandu la publika.
3. Lei determina oins halo publisidade ba atu sira seluk no konsekunsia neeb mosu tanba laiha publikasaun nee.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 269.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 144.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 119.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe
(art. 76.).
2 Direito timorense: Lei n. 1/2002, de 7 de agosto (Publicao dos Atos); DL n.
32/2008, de 27 de agosto (Procedimento Administrativo) art. 48..
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 95.; 96..
II Anotao
1 A publicidade a melhor forma de garantir o controlo pblico democrtico. A Constituio impe, em especial, a publicidade das decises de contedo normativo, considerando as exigidas caractersticas de generalidade (como
reconhecido pelo n. 2) e abstrao.
2 A falta de publicidade no afeta a validade dos atos, mas apenas a sua eficcia. A bondade material ou procedimental da deciso tomada cristaliza-se
na deciso final de um procedimento, que a Constituio no distingue como
legislativo ou regulamentar. A publicidade uma fase subsequente destinada
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11/10/18 12:22:53
Artigo 73.
(Publicidade dos atos)
258
11/10/18 12:22:53
Artigo 74.
(Definio)
TTULO II
PRESIDENTE DA REPBLICA
CAPTULO I
ESTATUTO, ELEIO E NOMEAO
Artigo 74.
(Definio)
1. O Presidente da Repblica o Chefe do Estado, smbolo e garante da independncia Nacional, da unidade do Estado e do regular funcionamento das
instituies democrticas.
2. O Presidente da Repblica o Comandante Supremo das Foras Armadas.
Artigu 74.
(Definisaun)
1. Prezidente da-Repblika maka Estadu nia Xefe no reprezenta no
garante nasaun nia independnsia, Estadu nia unidade no instituisaun
demokrtika sira-nia funsionamentu regulr.
2. Prezidente da-Repblika maka Forsa Armada sira-nia Komandante
Supremu.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 125.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 62.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 120.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe
(art. 77.).
2 Direito timorense: Lei n. 6/2004, de 5 de maio (Lei Orgnica da Presidncia da
Repblica).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 66., n. 2; 67.; 75. e ss.; 85. e ss.;
91., n. 1, alnea d); 99., n. 4; 100., n. 1; 106.; 107.; 112., n. 1, alnea b), e n. 2;
124.; 128., n. 2, alnea a); 133., n.os 3 e 6; 134., n. 2, alnea a); 148., n.os 1 e 2; 149.;
150., alnea a); 151.; 155., n. 3.
II Anotao
1 A figura de um Chefe de Estado comum a todas as comunidades polticas organizadas sob a forma estadual. Ao Chefe de Estado (normalmente
monarca ou Presidente da Repblica) cabe a representao do Estado e, nessa
medida, consagra-se como smbolo e garante da independncia nacional, da
unidade do Estado. Em especial nos sistemas de governo semipresidencia259
11/10/18 12:22:53
Artigo 74.
(Definio)
11/10/18 12:22:53
Artigo 74.
(Definio)
261
11/10/18 12:22:54
Artigo 75.
(Elegibilidade)
Artigo 75.
(Elegibilidade)
1. Podem ser candidatos a Presidente da Repblica os cidados timorenses
que cumulativamente:
a) Tenham cidadania originria;
b) Possuam idade mnima de 35 anos;
c) Estejam no pleno uso das suas capacidades;
d) Tenham sido propostos por um mnimo de cinco mil cidados eleitores.
2. O Presidente da Repblica tem um mandato com a durao de cinco anos e
cessa as suas funes com a posse do novo Presidente eleito.
3. O mandato do Presidente da Repblica pode ser renovado uma nica vez.
Artigu 75.
(Elejibilidade)
1. Bele sai kandidatu ba Prezidente da-Repblika sidadaun timr
neeb:
a) Iha sidadania orijinria;
b) Iha ona, pelumenus, tinan tolunulu resin-lima;
c) Bele uza duni nia kapasidade hotu;
d) Sidadaun pelumenus rihun lima aprezenta nia hanesan kandidatu.
2. Prezidente da-Repblika iha mandatu ba tinan lima no nia funsaun
hotu ho Prezidente ida hili foun nia pose.
3. Prezidente da-Repblika nia mandatu bele renova dala ida deit.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 110.); Constituio da Repblica Portuguesa (arts. 122. e 123.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (arts. 78., n. 2, e 79.).
2 Direito timorense: Lei n. 7/2006, de 28 de dezembro, com a redao da Lei n.
5/2007, de 28 de maro, e da Lei n. 8/2011, de 22 de junho (Lei Eleitoral para o Presidente da Repblica).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 64.; 74.; 81..
II Anotao
1 A Constituio define os requisitos de elegibilidade do Presidente da
Repblica, juntamente com a durao do mandato e da sua renovao. Um
delicado equilbrio exige que estas medidas de direito constitucional organizatrio no sejam demasiado detalhadas, degradando a dignidade das dispo262
11/10/18 12:22:54
Artigo 75.
(Elegibilidade)
11/10/18 12:22:54
Artigo 75.
(Elegibilidade)
4 Este artigo no prev um catlogo de inelegibilidades, que, no entanto, sempre resultaro do confronto com outras disposies, como sejam, por
exemplo, a limitao de mandatos, nos termos do n. 3 deste mesmo artigo, a
condenao por crimes praticados no exerccio das suas funes e pela violao clara e grave das suas obrigaes constitucionais, nos termos do art. 79.,
n. 5, ou a renncia, nos termos do art. 81.. O art. 7. da Lei n. 7/2006 (Lei
Eleitoral para o Presidente da Repblica) estabelece ainda um conjunto de
inelegibilidades para magistrados judiciais e do MP, diplomatas ou funcionrios pblicos, membros das Foras Armadas ou Policiais, ministros de culto
ou membros da Comisso Nacional de Eleies. Mais do que inelegibilidades,
estes parecem ser casos de impedimentos candidatura, uma vez que so
afastados por simples vontade do prprio, que assim se pode apresentar como
candidato, o que no sucede com as demais inelegibilidades.
5 Os candidatos gozam de imunidades e regalias previstas no art. 8. da Lei
Eleitoral para o PR, de forma a garantir a livre conduo da sua campanha.
Assim, o candidato no pode ser sujeito a priso preventiva, que no seja por
crime doloso a que corresponda pena de priso superior a um ano, quando detido em flagrante delito. No significa isto que no possa ser detido por outros
crimes, aos quais, no entanto, no se poder aplicar a medida de coao de
priso preventiva, que impediria o candidato de conduzir a sua campanha. O
candidato goza ainda de dispensa de servio de funes pblicas ou privadas,
sem perda de retribuio.
6 O mandato do Presidente da Repblica tem a durao de cinco anos e
cessa com a posse do novo Presidente eleito. A durao de cinco anos do
mandato corresponde durao da legislatura (art. 99.), no valendo aqui os
argumentos relativos maior estabilidade garantida pelo exerccio do cargo
presidencial. No perodo entre a eleio do novo Presidente e a tomada de
posse, o PR em funo no perde, por esse facto, qualquer competncia, sem
prejuzo para as limitaes previstas noutros artigos da Constituio, como
seja, por exemplo, nos termos do art. 100., no poder demitir o Parlamento
Nacional no ltimo semestre do seu mandato.
7 Nos casos de substituio do Presidente, no se exige o decurso de um
mandato de cinco anos para que o anterior titular se possa candidatar. Por
outro lado, o perodo de tempo em que o Presidente interino exerce essas
funes no computado no prazo de cinco anos do mandato do Presidente
264
11/10/18 12:22:55
Artigo 75.
(Elegibilidade)
265
11/10/18 12:22:55
Artigo 76.
(Eleio)
Artigo 76.
(Eleio)
1. O Presidente da Repblica eleito por sufrgio universal, livre, direto,
secreto e pessoal.
2. A eleio do Presidente da Repblica faz-se pelo sistema de maioria dos
votos validamente expressos, excludos os votos em branco.
3. Se nenhum dos candidatos obtiver mais de metade dos votos, proceder-se-
a segunda volta, no trigsimo dia subsequente ao da primeira votao.
4. segunda volta concorrero apenas os dois candidatos mais votados que
no tenham retirado a candidatura.
Artigu 76.
(Eleisaun)
1. Eleisaun ba Prezidente da-Repblika sei halo ho votu universl, livre, diretu, sekretu no pesol.
2. Prezidente da-Repblika nia eleisaun sei halo ho sistema votu siraneeb hatudu validamente nia maioria, la sura ho votu branku (28).
3. Kuandu kandidatu ida la hetan votu barak-liu votu totl nia sorinbaluk, tenke halo votasaun daruak iha loron datolunuluk tuirfali votasaun dahuluk.
4. Iha votasaun daruak tama deit kandidatu rua neeb iha votu barakliu no la hasai tiha sira-nia kandidatura.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (arts. 109., 113. e
114.); Constituio da Repblica Portuguesa (arts. 121. e 126.).
2 Direito timorense: Lei n. 7/2006, de 28 de dezembro, com a redao da Lei n.
5/2007, de 28 de maro, e da Lei n. 8/2011, de 22 de junho (Lei Eleitoral para o Presidente da Repblica).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Art. 65..
II Anotao
1 A Constituio fixa o essencial do regime eleitoral para o Presidente da
Repblica que vincula o legislador ordinrio, no caso concretizado pela Lei
n. 7/2006, de 28 de dezembro (Lei Eleitoral para o Presidente da Repblica).
(28) Votu branku Votu mutin; Votu iha-neeb votante la hatudu iha se maka nia vota, tanba
nia husik mamuk hela. Votu branku ms vale, maib labele sura atu deside kandidatu neeb
maka mann.
266
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Artigo 76.
(Eleio)
Como prev o art. 65., em geral, para a legitimao democrtica dos rgos
de soberania, tambm o PR eleito por sufrgio universal, livre, direto, secreto e pessoal.
2 O sistema maioritrio previsto na eleio para o Presidente da Repblica
visa garantir a legitimidade democrtica do candidato eleito, reforada pela
exigncia de segunda volta entre os dois candidatos mais votados, no caso de
nenhum dos candidatos obter a maioria exigida na primeira volta. A exigncia
de uma eleio presidencial, legitimada democraticamente pela maioria dos
votos, restringe-se aos votos validamente expressos, o que exclui os votos
brancos e nulos. Esta exigncia constitucional vincula o legislador ordinrio
que a dever cumprir.
3 O sistema eleitoral previsto neste artigo e concretizado pela Lei Eleitoral
para o Presidente da Repblica prev apenas um crculo eleitoral, correspondente a todo o territrio nacional e com sede em Dli, bem como a eleio
presidencial em listas uninominais.
4 segunda volta, que decorrer no trigsimo dia subsequente ao da primeira votao no caso de nenhum dos candidatos a obter a maioria exigida,
so admitidos apenas os dois candidatos mais votados que no tenham retirado a candidatura. Nos termos do art. 24., n.os 3 e 4, da Lei Eleitoral para o
Presidente da Repblica, os candidatos mais votados podem retirar a candidatura no prazo de 48 horas aps a primeira votao, posto o que sero sucessivamente chamados os demais candidatos por ordem de maior votao, que
podero renunciar por sua vez, at ao quarto dia seguinte primeira votao.
No caso de a renncia acontecer decorridos estes prazos, dever-se- proceder
ao escrutnio com os candidatos indicados.
267
11/10/18 12:22:55
Artigo 77.
(Posse e juramento)
Artigo 77.
(Posse e juramento)
1. O Presidente da Repblica investido pelo Presidente do Parlamento Nacional e toma posse, em cerimnia pblica, perante os Deputados e os representantes dos outros rgos de soberania.
2. A posse efetua-se no ltimo dia do mandato do Presidente da Repblica
cessante ou, no caso de eleio por vacatura, no oitavo dia subsequente ao dia
da publicao dos resultados eleitorais.
3. No ato de investidura o Presidente da Repblica presta o seguinte juramento:
Juro, por Deus, pelo Povo e por minha honra, cumprir com lealdade
as funes em que sou investido, cumprir e fazer cumprir a Constituio e as leis e dedicar todas as minhas energias e capacidades defesa
e consolidao da independncia e da unidade nacionais.
Artigu 77.
(Pose no juramentu)
1. Prezidente da-Repblika sei simu pose hosi Parlamentu Nasionl nia
Prezidente, iha serimnia pblika, iha Deputadu no rgaun soberanu
sira seluk nia reprezentante nia oin.
2. Pose nee sei realiza iha Prezidente da-Repblika sesante nia mandatu nia loron ikus ka, iha eleisaun tanba vakatura karik, iha loron daualuk liutiha loron iha-neeb rezultadu eleitorl hetan publikasaun.
3. Iha atu ba investidura Prezidente da-Repblika presta juramentu
tuirmai nee:
Hau jura, ba Maromak, ba Povu no ba hau-nia onra, hau
sei kumpre ho lealdade funsaun neeb hau simu, kumpre no
halo ema kumpre Konstituisaun no lei no f hau-nia kbiit no
kapasidade atu defende no hametin independnsia no unidade
nasionl.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 127.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 127.).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Art. 67..
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11/10/18 12:22:56
Artigo 77.
(Posse e juramento)
II Anotao
1 O ato pelo qual o candidato eleito investido no cargo de Presidente da
Repblica, com as respetivas competncias e deveres, corresponde sua posse e juramento.
2 O Presidente da Repblica investido pelo Presidente do Parlamento Nacional. Mesmo na formulao literal do artigo, o Presidente toma posse perante os Deputados, mas no empossado pelos Deputados. O regime aqui
definido impe que a posse decorra no ltimo dia do mandato do PR cessante
ou, no caso de eleio por vacatura, no oitavo dia subsequente ao dia da publicao dos resultados eleitorais. A posse decorrer perante a Comisso Permanente se o plenrio no puder reunir tempestivamente (art. 102., n. 1).
3 O juramento aqui previsto no se afasta de uma declarao promissria
republicana. Apesar disso, mantm uma frmula tradicional (Juro, por Deus,
pelo Povo e por minha honra), o que pode ser problemtico face natureza laica do Estado e ao respeito pela liberdade religiosa e pela igualdade
confessional. No suscita especiais dificuldades a imposio no juramento de
cumprir com lealdade as funes em que sou investido, alis, decorrente do princpio da lealdade que norteia a ao de todos os rgos de soberania.
O mesmo vale para a vinculao a cumprir () a Constituio e as leis,
assim como a parte final do juramento relativamente ao compromisso de
dedicar todas as minhas energias e capacidades defesa e consolidao da independncia e da unidade nacionais. A parte mais operativa do
juramento, pela qual o Presidente jura fazer cumprir a Constituio e as
leis no pressupe um conjunto de poderes de controlo jurdico acionveis
exclusivamente por sua prpria vontade.
4 O juramento condio para que se considere o Presidente eleito investido
no cargo de Presidente com as consequentes competncias, prerrogativas e
vinculaes.
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Artigo 78.
(Incompatibilidades)
Artigo 78.
(Incompatibilidades)
O Presidente da Repblica no pode exercer qualquer outro cargo poltico ou
funo pblica a nvel nacional e, em nenhum caso, assumir funes privadas.
Artigu 78.
(Inkompatibilidade)
Prezidente da-Repblika labele ezerse kargu poltiku ka funsaun pblika seluk no labele, iha situasaun naran ida, ezerse funsaun privada.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 129.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 117., n. 2); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 72., n. 1).
2 Direito timorense: Lei n. 7/2007, de 25 de julho (Estatuto dos Titulares de rgos de Soberania).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Art. 68., n. 1.
II Anotao
1 As competncias atribudas ao Presidente da Repblica, um rgo unipessoal de representao do Estado e garante do regular funcionamento das
instituies democrticas, impem um leque muito alargado de incompatibilidades. Pretende-se assim garantir a iseno do exerccio das suas funes,
tanto como o reconhecimento pblico desta garantia, na defesa da dignidade
do cargo de representao do Estado. , por isso, facilmente compreensvel
que as funes de Presidente da Repblica sejam incompatveis com outro
cargo poltico ou funo pblica, considerando as competncias do Presidente
da Repblica na relao com os outros rgos. Mais facilmente ainda se compreende a incompatibilidade com funes nas quais se movam interesses privados que possam afetar a iseno do desempenho das funes presidenciais
ou a sua perceo.
2 O regime de incompatibilidades do Presidente da Repblica inspira o
regime de incompatibilidades do art. 68., que estabelece a recproca incompatibilidade dos cargos de Presidente da Repblica, Presidente do Parlamento
Nacional, Presidente do Supremo Tribunal de Justia, Presidente do Tribunal
Superior Administrativo, Fiscal e de Contas e Procurador-Geral da Repblica.
A titularidade dos cargos de rgos de soberania, entre eles do PR, exercida
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Artigo 78.
(Incompatibilidades)
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Artigo 79.
(Responsabilidade criminal e obrigaes constitucionais)
Artigo 79.
(Responsabilidade criminal e obrigaes constitucionais)
1. O Presidente da Repblica goza de imunidade no exerccio das suas funes.
2. O Presidente da Repblica responde perante o Supremo Tribunal de Justia
por crimes praticados no exerccio das suas funes e pela violao clara e
grave das suas obrigaes constitucionais.
3. A iniciativa do processo cabe ao Parlamento Nacional, mediante proposta
de um quinto e deliberao aprovada por maioria de dois teros de todos os
Deputados.
4. O acrdo proferido pelo Plenrio do Supremo Tribunal de Justia no
prazo mximo de trinta dias.
5. A condenao implica a destituio do cargo e a impossibilidade de reeleio.
6. Por crimes estranhos ao exerccio das suas funes, o Presidente da Repblica responde igualmente perante o Supremo Tribunal de Justia, verificando-se a destituio do cargo apenas em caso de condenao em pena de
priso efetiva.
7. Nos casos previstos no nmero anterior, a imunidade igualmente levantada por iniciativa do Parlamento Nacional em conformidade com o disposto
no n. 3 do presente artigo.
Artigu 79.
(Responsabilidade kriminl no obrigasaun konstitusionl)
1. Prezidente da-Repblika iha imunidade kuandu kaer nia funsaun.
2. Prezidente da-Repblika hatn ba Supremu Tribunl ba Justisa tanba krime neeb nia halo kuandu ezerse nia funsaun no tanba violasaun
klara no grave ba nia obrigasaun konstitusionl.
3. Parlamentu maka bele hah prosesu nee, ho proposta neeb deputadu hotu-hotu nia dalimak ida aprezenta no deliberasaun neeb hetan
aprovasaun ho Deputadu hotu-hotu nia datoluk rua.
4. Supremu Tribunl ba Justisa delibera ho akrdaun, iha loron tolunulu nia laran.
5. Kondenasaun halo kondenadu sai hosi kargu nee no taka dalan ba
nia atu hetan fali eleisaun.
6. Prezidente da-Repblika hatn ms ba Supremu Tribunl ba Justisa
tanba krime neeb laiha relasaun ho funsaun neeb nia kaer, maib
kondenasaun ho pena prizaun efetiva maka hasai nia hosi kargu.
272
11/10/18 12:22:57
Artigo 79.
(Responsabilidade criminal e obrigaes constitucionais)
7. Iha kazu previstu iha nmeru anterir imunidade sei hasai ho Parlamentu Nasionl nia inisiativa tuir artigu ida-nee, n. 3, nia dispozisaun.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 127.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 132.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 72.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 153.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 130.); Constituio da Repblica Democrtica de
So Tom e Prncipe (art. 86.).
2 Direito timorense: Lei n. 6/2004, de 5 de maio (Lei Orgnica da Presidncia da
Repblica).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Art. 126., n. 1, alnea f).
II Anotao
1 A posio do Presidente da Repblica, no controlo da ao dos demais
rgos de soberania, contrabalanada pela previso muito especial da responsabilidade criminal do Presidente, no exerccio e fora do exerccio das
suas funes.
2 Em princpio, o Presidente da Repblica goza de imunidade no exerccio
das suas funes, nos termos do n. 1 deste artigo, mas responde, nos termos
do n. 2, perante o Supremo Tribunal de Justia, por crimes praticados no
exerccio das suas funes ou estranhos ao exerccio das suas funes, bem
como pela violao clara e grave das suas obrigaes constitucionais. As
imunidades aqui previstas no se aplicam aos atos administrativos praticados
pela Presidncia da Repblica, nos termos da Lei n. 6/2004, de 5 de maio (Lei
Orgnica da Presidncia da Repblica), por exemplo, na aquisio de bens ou
servios. A imunidade presidencial, prevista no n. 1 deste artigo, devida ao
titular do cargo. O uso da mesma formulao prevista no n. 2 no exerccio
de funes poderia induzir em confuso ao remeter tambm o n. 2 para um
critrio temporal, que o n. 5 parece esclarecer no ser o caso, com a referncia a crimes estranhos ao exerccio de funes.
3 No exerccio das suas funes, a Constituio distingue neste artigo
a prtica de crimes das condutas que, no sendo criminosas, os Deputados
reputem como violao clara e grave das obrigaes constitucionais do PR. A
condenao do PR em qualquer destes casos determina, nos termos ainda dos
n.os 5 e 6, a destituio do cargo e a impossibilidade de reeleio, enquanto
que, nos crimes estranhos ao exerccio das suas funes, verifica-se a des273
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Artigo 79.
(Responsabilidade criminal e obrigaes constitucionais)
11/10/18 12:22:57
Artigo 79.
(Responsabilidade criminal e obrigaes constitucionais)
que se mantm em funes, seja julgado perante a mais alta instncia judicial
do pas. Para ser presente a julgamento dever ser levantada a imunidade
presidencial, prevista no n. 1 deste artigo, que devida ao titular do cargo. A iniciativa do procedimento de levantamento da imunidade presidencial
cabe ao Parlamento Nacional, mediante proposta de um quinto e deliberao
aprovada por maioria de dois teros de todos os Deputados. Caso venha a ser
condenado, ainda assim, apenas h lugar destituio do Presidente na eventualidade de ser condenado em pena de priso efetiva, o que constituiria uma
impossibilidade de exerccio pleno das suas funes o que constitui uma
soluo legislativa muito discutvel.
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Artigo 80.
(Ausncia)
Artigo 80.
(Ausncia)
1. O Presidente da Repblica no pode ausentar-se do territrio nacional sem
prvio consentimento do Parlamento Nacional ou, no estando este reunido,
da sua Comisso Permanente.
2. O no cumprimento do disposto no n. 1 do presente artigo determina a
perda do cargo, nos termos do disposto no artigo anterior.
3. As viagens privadas com uma durao inferior a quinze dias no carecem
de consentimento do Parlamento Nacional, devendo, de todo o modo, o Presidente da Repblica dar prvio conhecimento da sua realizao ao Parlamento
Nacional.
Artigu 80.
(Auznsia)
1. Prezidente da-Repblika labele sai hosi territriu nasionl molok iha
autorizasaun hosi Parlamentu Nasionl ka, ida-nee la reune hela karik,
hosi nia Komisaun Permanente.
2. La kumprimentu ba n. 1 nia dispozisaun halo lakon kargu, tuir artigu anterir nia dispozisaun.
3. La presiza Parlamentu Nasionl nia autorizasaun ba viajen privada
neeb la too loron sanulu resin-lima, maib, molok halo viajen nee,
Prezidente da-Repblika tenke f-hatene uluk ba Parlamentu.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (arts. 130. e 134.,
n. 3); Constituio da Repblica de Moambique (art. 151.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 129.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e
Prncipe (art. 85.).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 79.; 95., n. 3, alnea h).
II Anotao
1 O Presidente da Repblica est obrigado a requerer o consentimento do
Parlamento Nacional, ou da sua Comisso Permanente, para se ausentar do
pas em visita oficial e nos casos de viagem privada com durao superior a
15 dias. As visitas privadas de durao inferior a esta devem ser informadas
ao Parlamento Nacional. Nestes casos no h lugar a substituio do PR que
se mantm em funes na plenitude dos seus poderes.
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Artigo 80.
(Ausncia)
277
11/10/18 12:22:58
Artigo 81.
(Renncia ao mandato)
Artigo 81.
(Renncia ao mandato)
1. O Presidente da Repblica pode renunciar ao mandato em mensagem dirigida ao Parlamento Nacional.
2. A renncia torna-se efetiva com o conhecimento da mensagem pelo Parlamento Nacional, sem prejuzo da sua ulterior publicao em jornal oficial.
3. Se o Presidente da Repblica renunciar ao cargo, no poder candidatar-se
nas eleies imediatas nem nas que se realizem no quinqunio imediatamente
subsequente renncia.
Artigu 81.
(Rennsia ba mandatu)
1. Prezidente da-Repblika bele renunsia ba mandatu ho mensajen
neeb hatoo ba Parlamentu Nasionl.
2. Rennsia nee hamosu nia efeitu iha momentu neeb Parlamentu
hatene mensajen nee, maib tuir-fali sei publika iha jornl ofisil.
3. Prezidente da-Repblika neeb renunsia ba nia kargu labele tama
hanesan kandidatu iha eleisaun neeb tuir-kedas sei halo ka iha tinan
lima tuir-fali nia laran sei halo.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (arts. 128. e 134.,
n. 2); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 131.).
2 Direito timorense: Lei n. 7/2006, de 28 de dezembro, com a redao da Lei n.
5/2007, de 28 de maro, e da Lei n. 8/2011, de 22 de junho (Lei Eleitoral para o Presidente da Repblica).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 82., n.os 1 e 3; 83..
II Anotao
1 A Constituio prev a possibilidade de renncia do Presidente da Repblica, apenas exigindo que o faa em mensagem dirigida ao Parlamento
Nacional. No prev outros requisitos quanto ao tempo, aos fundamentos ou
necessidade de aceitao pelo Parlamento Nacional. Trata-se, por isso, de um
direito potestativo do titular do cargo.
2 A possibilidade de renncia uma importante arma poltica, por exemplo, em casos de efetivao da responsabilidade (criminal ou por violao das
obrigaes constitucionais) do Presidente, nos termos do art. 79.. Naturalmente, uma deciso desta relevncia nacional no poder deixar de ser fun-
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Artigo 81.
(Renncia ao mandato)
279
11/10/18 12:22:58
Artigo 82.
(Morte, renncia ou incapacidade permanente)
Artigo 82.
(Morte, renncia ou incapacidade permanente)
1. Em caso de morte, renncia ou incapacidade permanente do Presidente da
Repblica, as suas funes so interinamente assumidas pelo Presidente do
Parlamento Nacional, que toma posse perante os Deputados e os representantes dos outros rgos de soberania e investido pelo Presidente do Parlamento
Nacional em exerccio.
2. A incapacidade permanente declarada pelo Supremo Tribunal de Justia,
ao qual cabe igualmente verificar a morte e a perda do cargo do Presidente
da Repblica.
3. A eleio do novo Presidente da Repblica por morte, renncia ou incapacidade permanente deve ter lugar nos noventa dias subsequentes sua verificao ou declarao.
4. O Presidente da Repblica eleito para um novo mandato.
5. Em caso de recusa de tomada de posse, morte ou incapacidade permanente
do Presidente eleito, aplicam-se as disposies do presente artigo.
Artigu 82.
(Mate, rennsia ka inkapasidade permanente)
1. Kuandu Prezidente da-Repblika mate, renunsia ka hetan inkapasidade permanente, Parlamentu Nasionl nia Prezidente maka kaer
interinamente nia funsaun, ho pose neeb nia simu hosi Parlamentu
Nasionl nia Prezidente en-ezerssiu, iha Deputadu no rgaun soberanu sira seluk nia reprezentante nia oin.
2. Supremu Tribunl ba Justisa maka deklara Prezidente da-Repblika
nia inkapasidade permanente no verifika (29) nia mate tiha ona ka nia
lakon kargu ona.
3. Eleisaun ba Prezidente da-Repblika foun tanba mate, rennsia ka
inkapasidade permanente tenke halo iha loron sianulu nia laran tuirfali faktu nee nia verifikasaun ka deklarasaun.
4. Prezidente da-Repblika hetan eleisaun ba mandatu foun ida.
5. Kuandu Prezidente eleitu lakohi simu pose, mate ka hetan inkapasidade permanente sei aplika artigu ida-nee nia dispozisaun.
(29) Verifika (v) Sertifika, konfirma; averigua. STJ verifika Prezidente da-Repblika nia mate
= STJ haree hodi hatene loos no dehan-sai hanesan tribunl nia desizaun katak Prezidente mate
ona.
280
11/10/18 12:22:59
Artigo 82.
(Morte, renncia ou incapacidade permanente)
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica Portuguesa (art. 132.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 87.).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 81.; 83.; 84..
II Anotao
1 Nos casos de impossibilidade definitiva de exerccio de funes pelo Presidente da Repblica (por morte, incapacidade permanente, renncia ou destituio), impe-se a disciplina da sua substituio temporria ou definitiva, de
forma a no se verificar a vacatura no exerccio da funo presidencial.
2 Nos casos em que o Presidente no possa desempenhar as suas funes,
seja por morte, renncia ou incapacidade permanente, as suas funes sero
interinamente assumidas pelo Presidente do Parlamento Nacional. Analogamente ao procedimento do Presidente da Repblica, o PR interino toma posse
perante os Deputados e os representantes dos outros rgos de soberania e
investido pelo Presidente do Parlamento Nacional em exerccio.
3 O Presidente interino apenas pode exercer as competncias previstas no
art. 84..
4 Cabe ao Supremo Tribunal de Justia verificar a impossibilidade definitiva de o Presidente da Repblica retomar as suas funes, a incapacidade
permanente do PR, declarar a sua morte ou a perda do cargo do Presidente
da Repblica, em especial nos casos de efetivao de responsabilidade (art.
79.). Neste caso, impe-se eleger novo Presidente da Repblica, o que dever
ocorrer nos 90 dias subsequentes sua verificao ou declarao. Como se
viu a propsito do mandato do PR no art. 75., o n. 4 deste artigo confirma
que o novo Presidente da Repblica eleito para um novo mandato, pelo que
o Presidente interino no se encontra diminudo na eventual apresentao de
candidatura ao cargo.
5 Nos casos de morte ou incapacidade permanente do Presidente eleito,
bem como nos casos em que este se recuse a tomar posse, aplicam-se, com as
devidas adaptaes, as disposies previstas neste artigo.
281
11/10/18 12:22:59
Artigo 83.
(Casos excecionais)
Artigo 83.
(Casos excecionais)
1. Quando a morte, renncia ou incapacidade permanente ocorrerem na pendncia de situaes excecionais de guerra ou emergncia prolongada ou de
insupervel dificuldade de ordem tcnica ou material, a definir por lei, que
impossibilitem a realizao da eleio do Presidente da Repblica por sufrgio universal nos termos do artigo 76., este ser eleito pelo Parlamento
Nacional de entre os seus membros, nos 90 dias subsequentes.
2. Nos casos referidos no nmero anterior o Presidente da Repblica eleito
cumprir o tempo remanescente do mandato interrompido, podendo candidatar-se nas novas eleies.
Artigu 83.
(Kazu exesionl)
1. Kuandu mate, rennsia ka inkapasidade permanente mosu iha tempu neeb iha situasaun exesionl tanba funu ka emerjnsia prolongada
ka difikuldade tknika ka materil, neeb lei define hela no la husik
halo eleisaun ba Prezidente da-Repblika ho sufrjiu universl tuir artigu 76, Parlamentu Nasionl maka sei hili Prezidente da-Repblika
hosi nia membru sira, iha loron 90 tuirmai nia laran.
2. Iha kazu referidu iha nmeru anterir Prezidente da-Repblika eleitu sei kumpre mandatu interrompidu (30) nia tempu remanexente (31) no
bele kandidata-an (32) iha eleisaun foun nee.
I Referncias
1 Direito timorense: Lei n. 3/2008, de 22 de fevereiro (Lei do Regime do Estado
do Stio e de Emergncia); Lei n. 3/2010, de 21 de abril (Lei de Defesa Nacional).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Art. 76..
II Anotao
1 Os casos aqui previstos como excecionais legitimam a derrogao do princpio democrtico na eleio por sufrgio direto, universal e pessoal do Presidente da Repblica. o caso das situaes excecionais do estado de guerra,
(30) Interrompidu (adj) Neeb para tiha molok hotu. Mandatu interrompidu neeb para tiha
molok hotu.
(31) Remanexente (adj) Neeb sei iha; neeb seidauk hotu. Mandatu nia tempu remanexente =
Tempu neeb sei iha too mandatu hotu.
(32) Kandidata-an (v) Aprezenta-an hanesan kandidatu. Tama hanesan kandidatu.
282
11/10/18 12:22:59
Artigo 83.
(Casos excecionais)
previsto nos arts. 48. e ss. da Lei de Defesa Nacional (Lei n. 3/2010, de 21
de abril).
2 Menos pacfica parece ser a definio do estado de emergncia prolongado. A determinao de um critrio relativo durao da declarao do estado
de exceo constitucional no parece fcil de definir, cabendo ao Supremo
Tribunal de Justia um papel decisivo na concretizao casustica desta disposio. No se v razo para excluir outras modalidades de exceo constitucional, devendo incluir da mesma forma o estado de stio, nos termos
da Lei n. 3/2008, de 22 de fevereiro (Lei do Regime do Estado do Stio e
de Emergncia). O conceito de insupervel dificuldade de ordem tcnica ou
material requer idnticas precaues interpretativas. Em qualquer dos casos
referidos, a limitao de um prazo de 90 dias para a eleio excecional do PR,
pelo Parlamento Nacional, visa evitar o prolongamento de situaes que a
Constituio, claramente, quis excecionais e limitadas.
3 A limitao imposta pela Constituio aos casos referidos no n. 1 deste
artigo o cumprimento pelo Presidente da Repblica, assim eleito, apenas do
tempo remanescente do mandato interrompido. O que se compreende facilmente face sua menor legitimidade democrtica. O Presidente assim eleito
pode, no entanto, candidatar-se ao cargo nas eleies seguintes, sem que o
tempo seja computado no mandato para que venha a ser eleito. No fica clara
a impossibilidade de renovar esse mandato, nos termos do art. 75., n. 3,
uma vez que nesse caso j se haver procedido a uma renovao, mesmo que
no de mandatos completos ou legitimados democraticamente. No inequvoca a proibio de renovar esse mandato, nos termos do art. 75., n. 3,
embora sendo certo que neste caso j haver ocorrido uma renovao, mesmo
que no seja de mandato completo ou legitimado por sufrgio.
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11/10/18 12:22:59
Artigo 84.
(Substituio e interinidade)
Artigo 84.
(Substituio e interinidade)
1. Durante o impedimento temporrio do Presidente da Repblica, assumir
funes o Presidente do Parlamento Nacional ou, no impedimento deste, o
seu substituto.
2. O mandato de Deputado do Presidente do Parlamento Nacional ou do seu
substituto fica automaticamente suspenso durante o tempo em que exerce, por
substituio ou interinamente, o cargo de Presidente da Repblica.
3. A funo de Deputado do Presidente da Repblica substituto ou interino
ser temporariamente preenchida, em conformidade com o Regimento do
Parlamento Nacional.
Artigu 84.
(Substituisaun no interinidade)
1. Iha Prezidente da-Repblika nia impedimentu temporriu Parlamentu Nasionl nia Prezidente maka kaer funsaun hanesan nia substitutu.
2. Parlamentu Nasionl nia Prezidente ka nia substitutu nia mandatu
suspende automatikamente durante tempu neeb nia ezerse Prezidente da-Repblika nia kargu hanesan substitutu ka interinamente.
3. Prezidente da-Repblika substitutu ka interinu nia funsaun hanesan
Deputadu sei preenxe interinamente tuir Parlamentu Nasionl nia rejimentu.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 131.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 151.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 132.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe
(art. 87.).
2 Direito timorense: Regimento do Parlamento Nacional, aprovado em 20 de outubro de 2009 (art. 14., n. 2).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 82.; 86., alneas f), g), h), i), j),
k), l), m), n) e o); 89..
II Anotao
1 Nos casos de impedimento temporrio do Presidente da Repblica, que
no imponha o recurso s disposies dos artigos anteriores relativos impossibilidade definitiva, bem como nos casos de impedimento definitivo, no
perodo de tempo que medeia entre a constatao do impedimento e a realizao de eleies para a sua substituio, impe-se garantir a inexistncia de
284
11/10/18 12:23:00
Artigo 84.
(Substituio e interinidade)
285
11/10/18 12:23:00
Artigo 85.
(Competncia prpria)
CAPTULO II
COMPETNCIA
Artigo 85.
(Competncia prpria)
Compete exclusivamente ao Presidente da Repblica:
a) Promulgar os diplomas legislativos e mandar publicar as resolues do
Parlamento Nacional que aprovem acordos e ratifiquem tratados e convenes internacionais;
b) Exercer as competncias inerentes s funes de Comandante Supremo
das Foras Armadas;
c) Exercer o direito de veto relativamente a qualquer diploma legislativo,
no prazo de 30 dias a contar da sua receo;
d) Nomear e empossar o Primeiro-Ministro indigitado pelo partido ou
aliana dos partidos com maioria parlamentar, ouvidos os partidos polticos
representados no Parlamento Nacional;
e) Requerer ao Supremo Tribunal de Justia a apreciao preventiva e a
fiscalizao abstrata da constitucionalidade das normas, bem como a verificao da inconstitucionalidade por omisso;
f) Submeter a referendo questes de relevante interesse nacional, nos termos do artigo 66.;
g) Declarar o estado de stio ou o estado de emergncia, mediante autorizao do Parlamento Nacional, ouvidos o Conselho de Estado, o Governo e o
Conselho Superior de Defesa e Segurana;
h) Declarar a guerra e fazer a paz, mediante proposta do Governo, ouvidos
o Conselho de Estado e o Conselho Superior de Defesa e Segurana, sob autorizao do Parlamento Nacional;
i) Indultar e comutar penas, ouvido o Governo;
j) Conferir, nos termos da lei, ttulos honorficos, condecoraes e distines.
Artigu 85.
(Kompetnsia rasik)
Prezidente da-Repblika iha kompetnsia eskluziva atu:
a) Promulga diploma lejislativu no haruka publika Parlamentu Nasionl nia rezolusaun neeb aprova akordu no ratifika tratadu no konvensaun internasionl;
b) Ezerse kompetnsia kona-ba funsaun hanesan Forsa Armada
sira-nia Komandante Supremu;
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11/10/18 12:23:00
Artigo 85.
(Competncia prpria)
c) Ezerse direitu atu veta kona-ba diploma lejislativu naran ida, iha
loron 30 nia laran hah iha loron neeb simu diploma nee;
d) Nomeia no f pose ba Primeiru-Ministru neeb partidu ka partidu sira iha aliansa ho maioria parlamentr hatudu, rona tiha partidu
sira-neeb iha reprezentante iha Parlamentu Nasionl;
e) Rekere ba Supremu Tribunl ba Justisa atu halo apresiasaun preventiva ka fiskalizasaun abstrata ba norma nia konstitusionalidade, no
ms verifikasaun ba inkonstitusionalidade tanba omisaun;
f) Aprezenta ba referendu kestaun relevante ba interese nasionl,
tuir artigu 66 nia dispozisaun;
g) Deklara estadu de-stiu ka estadu de-emerjnsia, ho Parlamentu
Nasionl nia autorizasaun, rona tiha Konsellu de-Estadu no Konsellu
Superir ba Defeza no Seguransa;
h) Deklara funu ka halo paz, ho Governu nia proposta no ho Parlamentu Nasionl nia autorizasaun, rona tiha Konsellu de-Estadu no
Konsellu Superir ba Defeza no Seguransa;
i) Indulta no komuta pena, rona tiha Governu;
j) F, tuir lei, ttulu onorfiku, kondekorasaun no distinsaun.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (arts. 135., 136.
e 137.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 68.); Constituio da Repblica Portuguesa (arts. 134. e 135.); Constituio da Repblica Democrtica de So
Tom e Prncipe (art. 80.).
2 Direito timorense: Lei n. 2/2010, de 21 de abril (Lei de Segurana Nacional); Lei
n. 3/2010, de 21 de abril (Lei de Defesa Nacional); DL n. 15/2006, de 8 de novembro
(Estatuto Orgnico das Falintil-FDTL); Regimento do Parlamento Nacional, aprovado em 20 de outubro de 2009.
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 66.; 74., n. 2; 106.; 149.; 150..
II Anotao
1 A Constituio organiza os poderes presidenciais segundo a matriz republicana que inspira, de h muito, a figura comum aos Estados que adotam o
sistema de governo semipresidencial. Assim, formalmente, distinguem-se no
art. 85. os Poderes Prprios do Presidente da Repblica daqueles previstos
no art. 86. como Poderes quanto a outros rgos e no art. 87. ainda se estabelecem as suas Competncias nas relaes internacionais.
2 A utilizao da referncia competncia parece atribuir ao Presidente da
Repblica uma prerrogativa acionvel um poder de ao. No se distingue
287
11/10/18 12:23:00
Artigo 85.
(Competncia prpria)
aqui a natureza desse poder e, nesse caso, a distino de competncias prprias das competncias em relao a outros rgos ou de competncias
em matria de relaes internacionais no auxilia a ao do intrprete, por
adotar critrios distintos e no comparveis. A complexidade dos poderes que
so atribudos ao PR, em especial, em sistemas de governo semipresidenciais,
no facilita essa tarefa. , por isso, comum ver como a doutrina se divide na
classificao dos poderes presidenciais, entre poderes de controlo (poltico ou jurdico), de direo poltica, ou, segundo outra perspetiva, poderes
executivos ou de marcao da agenda.
3 Na realizao do equilbrio de poderes constitucional, cabe ao PR promulgar ou exercer o direito de veto sobre qualquer diploma legislativo, no
controlo jurdico e poltico da ao legislativa do Parlamento e do Governo.
A promulgao no corresponde a qualquer ato formal de certificao notarial, nem, por outro lado, exprime a concordncia com as opes polticas a
consagradas, considerando que a conduo poltica cabe ao Governo e que o
veto presidencial pode ser superado pelo Parlamento. Cabe ainda ao Presidente da Repblica mandar publicar as resolues do Parlamento Nacional que
aprovem acordos e ratifiquem tratados e convenes internacionais, sem a
lhe caber qualquer poder de veto, expresso da competncia governamental
na conduo da poltica externa do Estado. ao Presidente da Repblica que
compete nomear e empossar o Primeiro-Ministro indigitado pelo partido ou
aliana dos partidos com maioria parlamentar, ouvidos os partidos polticos
representados no Parlamento Nacional, nos termos da alnea d) deste artigo.
Exprime-se aqui a dupla responsabilidade do Governo, institucional, perante
o Presidente da Repblica, e poltica, perante o Parlamento Nacional, desenvolvida no art. 106.. Os restantes membros do Governo so nomeados pelo
Presidente da Repblica, sob proposta do Primeiro-Ministro.
4 Encontra-se ainda atribudo ao PR, nos termos da alnea f) deste artigo,
a competncia de submeter a referendo questes de relevante interesse nacional. Este procedimento dever observar o disposto no art. 66. da Constituio, cabendo ao PR a deciso final quanto sua convocao mediante
deliberao de dois teros, e proposta de um tero dos Deputados ou deciso
fundamentada do Governo.
5 No espao prprio de direo poltica do PR destaca-se a qualificao
constitucional do PR como Comandante Supremo das Foras Armadas, nos
288
11/10/18 12:23:01
Artigo 85.
(Competncia prpria)
11/10/18 12:23:01
Artigo 85.
(Competncia prpria)
290
11/10/18 12:23:01
Artigo 86.
(Competncia quanto a outros rgos)
Artigo 86.
(Competncia quanto a outros rgos)
Compete ao Presidente da Repblica relativamente aos outros rgos:
a) Presidir ao Conselho Superior de Defesa e Segurana;
b) Presidir ao Conselho de Estado;
c) Marcar, nos termos da lei, o dia das eleies para o Presidente da Repblica e para o Parlamento Nacional;
d) Requerer a convocao extraordinria do Parlamento Nacional, sempre
que imperiosas razes de interesse nacional o justifiquem;
e) Dirigir mensagens ao Parlamento Nacional e ao pas;
f) Dissolver o Parlamento Nacional, em caso de grave crise institucional
que no permita a formao de governo ou a aprovao do Oramento Geral
do Estado por um perodo superior a sessenta dias, com audio prvia dos
partidos polticos que nele tenham assento e ouvido o Conselho de Estado,
sob pena de inexistncia jurdica do ato de dissoluo, tendo em conta o disposto no artigo 100.;
g) Demitir o Governo e exonerar o Primeiro-Ministro, quando o seu programa tenha sido rejeitado pela segunda vez consecutiva pelo Parlamento
Nacional;
h) Nomear, empossar e exonerar os membros do Governo, sob proposta do
Primeiro-Ministro, nos termos do n. 2 do art. 106.;
i) Nomear dois membros para o Conselho Superior de Defesa e Segurana;
j) Nomear o Presidente do Supremo Tribunal de Justia e empossar o Presidente do Tribunal Superior Administrativo, Fiscal e de Contas;
k) Nomear o Procurador-Geral da Repblica para um mandato de quatro
anos;
l) Nomear e exonerar os Adjuntos do Procurador-Geral da Repblica nos
termos do n. 6 do art. 133.;
m) Nomear e exonerar, sob proposta do Governo, o Chefe do Estado-Maior-General das Foras Armadas, o Vice-Chefe do Estado-Maior-General das Foras Armadas e os Chefes de Estado-Maior das Foras Armadas,
ouvido, nos ltimos casos, o Chefe do Estado-Maior-General das Forcas Armadas;
n) Nomear cinco membros do Conselho de Estado;
o) Nomear um membro para o Conselho Superior da Magistratura Judicial
e o Conselho Superior do Ministrio Pblico.
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11/10/18 12:23:01
Artigo 86.
(Competncia quanto a outros rgos)
Artigu 86.
(Kompetnsia kona-ba rgaun seluk)
Prezidente da-Repblika iha kompetnsia, kona-ba rgaun sira seluk,
atu:
a) Prezide Konsellu Superir ba Defeza no Seguransa;
b) Prezide Konsellu de-Estadu;
c) Marka, tuir lei, loron ba eleisaun ba Prezidente da-Repblika no
ba Parlamentu Nasionl;
d) Rekere konvokasaun estraordinria ba Parlamentu Nasionl,
kuandu razaun todan kona-ba interese nasionl justifika;
e) Hatoo mensajen ba Parlamentu Nasionl no ba pas;
f) Disolve Parlamentu Nasionl, iha situasaun neeb iha krize institusionl grave neeb la husik forma governu ka aprova Estadu nia
orsamentu jerl iha perodu naruk-liu loron neenulu, rona tiha partidu
poltiku sira-neeb iha asentu parlamentr no rona tiha Konsellu deEstadu, selae atu disolusaun nee la iha ezistnsia jurdika, tuir ms
artigu 100 nia dispozisaun;
g) Demite Governu no ezonera Primeiru-Ministru, kuandu Parlamentu Nasionl rejeita nia programa dala rua tuir-malu;
h) Nomeia, emposa no ezonera Governu nia membru sira, ho Primeiru-Ministru nia proposta, tuir artigu 106, n. 2, nia dispozisaun;
i) Nomeia membru rua ba Konsellu Superir ba Defeza no Seguransa;
j) Nomeia Supremu Tribunl ba Justisa nia Prezidente no f pose ba
Tribunl Superir Administrativu, Fiskl no ba Kontas;
k) Nomeia Prokuradr-Jerl ba Repblika ba mandatu ida ba tinan
haat;
l) Nomeia no ezonera Prokuradr-Jerl ba Repblika nia Adjuntu,
tuir artigu 133, n. 6;
m) Nomeia no ezonera, tuir Governu nia proposta, Forsa Armada sira-nia Estadu-Mair Jenerl nia Xefe no nia Vise-Xefe no Forsa
Armada sira-nia Estadu-Mair nia Xefe, rona tiha, iha kazu sira ikusnee, Forsa Armada sira nia Estadu-Mair Jenerl nia Xefe;
n) Nomeia membru lima ba Konsellu de-Estadu;
o) Nomeia membru ida ba Konsellu Superir ba Majistratura Judisil no ba Ministriu Pbliku nia Konsellu Superir.
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11/10/18 12:23:02
Artigo 86.
(Competncia quanto a outros rgos)
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 135.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (arts. 68. e 69.); Constituio da Repblica
Portuguesa (art. 133.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 81.).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 90.; 91.; 99., n. 4; 100.; 106.;
124., n. 3; 128., n. 2; 133., n.os 3 e 6; 134..
II Anotao
1 A posio central do Presidente da Repblica no complexo de poderes do
sistema de governo semipresidencial revela-se tambm na relao com outros
rgos. Um importante instrumento da conduo poltica do PR a possibilidade de indicao de diversos membros de rgos superiores do Estado.
Assim, o PR nomeia membros do Conselho Superior de Defesa e Segurana, o Procurador-Geral da Repblica e o Chefe do Estado-Maior General das
Foras Armadas, nos termos do art. 86., alneas i) a o), da Constituio. Esta
previso especialmente significativa, na medida em que algumas destas nomeaes no so sequer condicionadas a proposta prvia do Governo ou
consulta de outros rgos de soberania. Daqui se extrai a possibilidade de
condicionamento presidencial indireto da conduo poltica do Estado. Uma
mais direta forma de condicionamento da ao poltica do Estado facultada
ao PR, pela presidncia de rgos de consulta na deciso poltica, como o
Conselho de Estado e o Conselho Superior de Defesa e Segurana, nos termos
do art. 86., alneas a) e b).
2 A partir desta relao com outros rgos tem-se construdo um dos mais
importantes poderes de interveno presidencial, tpica, alis, dos sistemas
de governo semipresidenciais. Ao PR reconhece-se um poder genrico de influncia garantido pela sua legitimidade democrtica direta e carter unipessoal na conduo poltica do Estado. Este poder de interveno poltica reside
na possibilidade de dirigir mensagens ao povo e ao Parlamento Nacional, nos
termos do art. 86., alnea e), e tambm em diferentes dimenses no necessariamente redutveis a uma previso constitucional tipificadora.
3 Os poderes do PR, no controlo da ao dos demais rgos, so a decisiva
ilustrao da interdependncia de poderes prevista no art. 69. da Constituio, explicitando a relao com o Governo e o Parlamento Nacional. A responsabilidade institucional do Governo e do Primeiro-Ministro face ao PR
determina a necessria e correspetiva possibilidade de o PR demitir o Gover-
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11/10/18 12:23:02
Artigo 86.
(Competncia quanto a outros rgos)
no, nos termos do art. 86., alnea g), e do art. 106., n. 1, da Constituio,
bem como o PM, nos termos do mesmo art. 86., alnea g), e do art. 106.,
n. 2. Cabe ao PR, nos termos do art. 106., n. 1, nomear e empossar o Primeiro-Ministro indigitado pelo partido ou aliana dos partidos com maioria parlamentar, ouvidos os partidos polticos representados no Parlamento
Nacional. Esta possibilidade funda-se na previso dos poderes quanto aos
demais rgos do art. 86., alnea g), que atribuem ao PR a competncia para
Demitir o Governo e exonerar o Primeiro-Ministro, quando o seu programa
tenha sido rejeitado pela segunda vez consecutiva pelo Parlamento Nacional
(art. 86., alnea g)), e so concretizados no art. 112. da Constituio, segundo
o qual cabe ao PR h) Nomear, empossar e exonerar os membros do Governo,
sob proposta do Primeiro-Ministro, nos termos do n. 2 do art. 106..
4 Em condies normais, fica excluda a possibilidade de governos de iniciativa presidencial. A alternativa que a Constituio coloca ao Presidente
aceitar o nome indicado pelo partido mais votado, mesmo que no tenha
apoio maioritrio no Parlamento, ou aceitar o nome indicado por uma aliana
de partidos que congregue a maioria dos Deputados eleitos, mesmo que essa
aliana resulte de uma coligao ps-eleitoral. O Presidente est vinculado
constitucionalmente a ponderar esta alternativa, a ouvir previamente os partidos com assento parlamentar e, neste quadro, a decidir nos termos do art. 74.
orientado garantia do regular funcionamento das instituies democrticas.
A manuteno desta relao de confiana at ao termo da legislatura implica
que o Presidente da Repblica possa demitir o Governo e o Primeiro-Ministro, nos termos do art. 112..
5 A responsabilidade poltica implicada nas relaes de interdependncia
estabelecidas entre os diferentes rgos de soberania que caracterizam o sistema de governo semipresidencial prev ainda a possibilidade de o PR, no uso
dos seus poderes, proceder dissoluo do Parlamento Nacional, nos termos
previstos no art. 86., alnea f), da Constituio. Aqui se dispe, em termos
tipicamente definidos, que o PR poder dissolver o Parlamento Nacional,
em caso de grave crise institucional que no permita a formao de Governo
ou a aprovao do Oramento Geral do Estado por um perodo superior a
60 dias (). Tambm aqui se pode colocar a questo de saber se o juzo do
Presidente na apreciao da existncia de uma grave crise institucional est
circunscrito s situaes exemplificativas ali enunciadas ou se da sua livre
apreciao. E tambm aqui se pode concluir no sentido da autonomia da sua
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11/10/18 12:23:02
Artigo 86.
(Competncia quanto a outros rgos)
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11/10/18 12:23:02
Artigo 87.
(Competncia nas relaes internacionais)
Artigo 87.
(Competncia nas relaes internacionais)
Compete ao Presidente da Repblica, no domnio das relaes internacionais:
a) Declarar a guerra, em caso de agresso efetiva ou iminente, e fazer a
paz, sob proposta do Governo, ouvido o Conselho Superior de Defesa e Segurana e mediante autorizao do Parlamento Nacional ou da sua Comisso
Permanente;
b) Nomear e exonerar embaixadores, representantes permanentes e enviados extraordinrios, sob proposta do Governo;
c) Receber as cartas credenciais e aceitar a acreditao dos representantes
diplomticos estrangeiros;
d) Conduzir, em concertao com o Governo, todo o processo negocial
para a concluso de acordos internacionais na rea da defesa e segurana.
Artigu 87.
(Kompetnsia iha relasaun internasionl)
Prezidente da-Repblika iha kompetnsia, iha relasaun internasionl,
atu:
a) Deklara funu, kuandu iha agresaun efetiva no iminente, no halo
paz, ho Governu nia proposta no Parlamentu Nasionl ka nia Komisaun Parlamentr nia autorizasaun, rona tiha Konsellu Superir ba Defeza no Seguransa;
b) Nomeia no ezonera embaixadr, reprezentante permanente no
enviadu estraordinriu, tuir Governu nia proposta;
c) Simu karta kredensil no simu reprezentante diplomtiku estranjeiru sira-nia akreditasaun;
d) Dirije hamutuk ho Governu prosesu negosil atu halo akordu
internasionl iha defeza no seguransa nia rea.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 136.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 68., alneas e), q), r) e u)); Constituio
da Repblica Portuguesa (art. 135.); Constituio da Repblica Democrtica de So
Tom e Prncipe (art. 82.).
2 Direito timorense: Lei n. 6/2010, de 12 de maio (Tratados Internacionais).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 115., n. 2, alneas b) e e); 148..
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11/10/18 12:23:02
Artigo 87.
(Competncia nas relaes internacionais)
II Anotao
1 Cabem ainda ao Presidente da Repblica significativas competncias em
matria de relaes externas, mais desenvolvidas do que noutros sistemas de
governo semipresidenciais. Considerando a atual relevncia do direito internacional no condicionamento da conduo poltica domstica, imposta por
novas formas de cooperao na resposta a desafios globais, esta prerrogativa revela um reforo considervel dos poderes presidenciais de conduo
poltica.
2 Esta prerrogativa, no entanto, no se pode fazer a expensas da separao
e equilbrio de poderes traado pela Constituio, na qual a competncia para
a conduo poltica dos destinos do Estado cabe ao Governo, nos termos do
art. 103.. Por isso, tambm em matria de relaes internacionais, esta competncia cabe ao Governo, nos termos do art. 115., nomeadamente no que se
refere definio da poltica externa (alnea g)), bem como representao
externa do Estado (alnea h)).
3 Qualquer interveno presidencial em matria de relaes internacionais
dever ser exercida de acordo com o Governo, segundo as opes de poltica
externa com este definidas, sem prejuzo para os seus poderes prprios, nomeadamente no controlo da ao do Governo. No se pode retirar das competncias do PR em matria de relaes internacionais qualquer poder na definio da poltica externa do Estado, atribuda ao Governo nos termos do art.
115., alnea g), da Constituio.
4 O art. 6., n. 4, da Lei n. 6/2010, de 12 de maio Sobre Tratados Internacionais, prev uma interveno presidencial, em matria de relaes internacionais na rea da defesa e segurana, que se afasta do disposto no art. 87.,
alnea d), da Constituio. A alnea d) deste artigo no carece de qualquer
interveno legislativa que a concretize ou desenvolva, pelo que, como se
referiu na anotao ao art. 9., a previso legislativa do art. 6., n. 4, da Lei n.
6/2010, de 12 de maio, revela-se inoperante face previso constitucional.
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11/10/18 12:23:03
Artigo 88.
(Promulgao e veto)
Artigo 88.
(Promulgao e veto)
1. No prazo de trinta dias contados da receo de qualquer diploma do Parlamento Nacional para ser promulgado como lei, o Presidente da Repblica
promulga-o ou exerce o direito de veto, solicitando nova apreciao do mesmo em mensagem fundamentada.
2. Se o Parlamento Nacional, no prazo de noventa dias, confirmar o voto por
maioria absoluta dos Deputados em efetividade de funes, o Presidente da
Repblica dever promulgar o diploma no prazo de oito dias a contar do dia
da sua receo.
3. Ser, porm, exigida a maioria de dois teros dos Deputados presentes,
desde que superior maioria absoluta dos Deputados em efetividade de funes, para a confirmao dos diplomas que versem matrias previstas no artigo 95..
4. No prazo de quarenta dias contados da receo de qualquer diploma do Governo para ser promulgado, o Presidente da Repblica promulga-o ou exerce o
direito de veto, comunicando por escrito ao Governo o sentido de veto.
Artigu 88.
(Promulgasaun no vetu)
1. Iha loron tolunulu nia laran hah iha loron neeb simu hosi Parlamentu Nasionl diploma ruma atu promulga hanesan lei, Prezidente
da-Repblika promulga diploma nee ka ezerse direitu atu veta no husu
apresiasaun foun ho mensajen fundamentada.
2. Kuandu Parlamentu Nasionl, iha loron sianulu nia laran, konfirma
nia votu ho Deputadu sira-neeb kaer daudaun funsaun nia maioria
absoluta, Prezidente da-Repblika tenke promulga diploma nee iha
loron ualu nia laran hah iha loron neeb simu konfirmasaun nee;
3. Maib tenke iha Deputadu prezente sira-nia maioria datoluk rua,
naran katak barak liu Deputadu sira-neeb kaer daudaun funsaun nee
nia maioria absoluta, atu konfirma diploma sira-neeb monu ba matria prevista iha artigu 95.
4. Iha loron haatnulu nia laran hah iha loron neeb simu diploma
ruma hosi Governu atu promulga, Prezidente da-Repblika promulga
dokumentu nee ka ezerse nia direitu atu veta no f-hatene ba Governu
vetu nee nia sentidu.
298
11/10/18 12:23:03
Artigo 88.
(Promulgao e veto)
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (arts. 137. e 138.);
Constituio da Repblica da Guin-Bissau (arts. 68., alnea s), e 69., n. 1, alnea c),
e n. 2); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 136.); Constituio da Repblica
Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 83.).
2 Jurisprudncia: Acrdo do Tribunal de Recurso n. 02/2003, de 30 de junho
(Fiscalizao Preventiva de Constitucionalidade); Acrdo do Tribunal de Recurso
n. 03/2003, de 30 de abril de 2007 (Fiscalizao Abstrata Sucessiva de Constitucionalidade), publicado no Jornal da Repblica, Srie I, n. 11, de 18 de maio de 2007.
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 85.; 149., n. 4.
II Anotao
1 O Presidente da Repblica no detm qualquer competncia legislativa,
ou sequer de iniciativa legislativa, apesar de lhe caberem importantes poderes
de controlo da ao legislativa dos demais rgos de soberania. O controlo
exercido pelo PR sobre os atos legislativos que lhe sejam enviados para promulgao, pelo Governo ou pelo Parlamento Nacional, poltico e jurdico.
2 Numa dimenso politicamente no conformadora relativamente ao exerccio da funo legislativa, cabem-lhe poderes de controlo jurdico. Neste
controlo jurdico compete, em exclusivo, ao Presidente da Repblica, nos termos do art. 85. da Constituio, promulgar diplomas legislativos e ordenar
a publicao das resolues do Parlamento Nacional que aprovam acordos e
ratificam tratados e convenes internacionais. No mesmo sentido, poder o
PR e) Requerer ao Supremo Tribunal de Justia a apreciao preventiva e a
fiscalizao abstrata da constitucionalidade das normas, bem como a verificao da inconstitucionalidade por omisso (art. 85.).
3 Cabem ainda ao PR poderes de controlo poltico da expresso legislativa
da ao do Parlamento Nacional e do Governo. Um dos mais importantes
poderes de controlo poltico atribudos ao PR o direito de veto de qualquer
diploma legislativo, previsto no art. 85. da Constituio. No se trata aqui
unicamente do reverso da promulgao, mas de um efetivo controlo poltico
da ao dos rgos de soberania com competncias legislativas. A Constituio no exclui expressamente nem legitima o exerccio do chamado veto de
bolso. Na prtica constitucional timorense verificou-se j, excecionalmente,
pelo menos duas vezes. Enquanto reconhecimento de uma autonomia do PR
na interpretao da oportunidade do exerccio dos seus poderes de controlo
poltico, no se pode aceitar a constitucionalidade desta prtica.
299
11/10/18 12:23:03
Artigo 88.
(Promulgao e veto)
300
11/10/18 12:23:03
Artigo 89.
(Atos do Presidente da Repblica interino)
Artigo 89.
(Atos do Presidente da Repblica interino)
O Presidente da Repblica interino no pode praticar os atos previstos nas
alneas f), g), h), i), j), k), l), m), n) e o) do artigo 86..
Artigu 89.
(Prezidente da-Repblika interinu nia atu)
Prezidente da-Repblika interinu labele pratika atu sira previstu iha
artigu 86, alnea f), g), h), i), j), k), l), m), n) no o).
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 139.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 71.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 132.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe
(art. 87.).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 82.; 84..
II Anotao
1 O Presidente da Repblica interino aquele que substitui o Presidente da
Repblica (eleito e investido) nas suas impossibilidades temporrias (art. 84.)
ou, nas definitivas, no perodo at sua substituio definitiva (art. 82., sem
prejuzo para o regime do art. 83.). No h lugar a substituio nos casos de
ausncia prevista no art. 80..
2 O Presidente da Repblica interino no investido no cargo e, por essa
razo, nunca se torna seu titular, nem pode exercer a plenitude dos poderes
que a Constituio atribui ao PR. O Presidente da Repblica interino continua
a ser o titular do cargo para o qual foi eleito e investido (em regra o de Presidente do Parlamento Nacional ou o seu substituto), apesar de passar a gozar
das prerrogativas e de lhe ser devido o tratamento protocolar do cargo que
interinamente ocupa.
3 As competncias que o PR interino no pode exercer so aquelas que
mais decisivamente se relacionam com a especial legitimidade democrtica
unipessoal do titular efetivo do cargo, eleito por sufrgio universal e direto.
Por outro lado, so aquelas cujo exerccio pelo titular interino do cargo poderia corresponder a um desequilbrio insustentvel no quadro de separao
de poderes previsto na Constituio, subvertendo o equilbrio institucional
de poderes. Assim, mais facilmente se compreende que esteja vedado ao PR
301
11/10/18 12:23:03
Artigo 89.
(Atos do Presidente da Repblica interino)
interino, por remisso para o art. 86., dissolver o Parlamento Nacional; demitir o Governo ou nomear, empossar e exonerar os seus membros, bem como
exonerar o Primeiro-Ministro; nomear os dois membros para o Conselho Superior de Defesa e Segurana; nomear ou empossar novos titulares de rgos
de topo da magistratura judicial (Presidente do Supremo Tribunal de Justia
e Presidente do Tribunal Superior Administrativo, Fiscal e de Contas), do
MP (PGR e seus adjuntos), das Foras Armadas (CEMGFA, Vice-CEMGFA
e CEMFA), do Conselho de Estado, do Conselho Superior da Magistratura
Judicial e do Conselho Superior do Ministrio Pblico.
4 A ponderao constitucional sobre as competncias cujo exerccio se encontra vedado ao PR interino limita qualquer interveno legislativa nesta
matria.
302
11/10/18 12:23:04
Artigo 90.
(Conselho de Estado)
CAPTULO III
CONSELHO DE ESTADO
Artigo 90.
(Conselho de Estado)
1. O Conselho de Estado o rgo de consulta poltica do Presidente da Repblica, que a ele preside.
2. O Conselho de Estado integra:
a) Os ex-Presidentes da Repblica que no tenham sido destitudos;
b) O Presidente do Parlamento Nacional;
c) O Primeiro-Ministro;
d) Cinco cidados eleitos pelo Parlamento Nacional de harmonia com o
princpio da representao proporcional, pelo perodo correspondente durao da legislatura, que no sejam membros de rgos de soberania;
e) Cinco cidados designados pelo Presidente da Repblica, pelo perodo
correspondente durao do seu mandato, que no sejam membros de rgos
de soberania.
Artigu 90.
(Konsellu de-Estadu)
1. Konsellu de-Estadu Prezidente da-Repblika nia rgaun ba konsulta
poltika, neeb nia rasik prezide.
2. Konsellu de-Estadu integra:
a) Eis-Prezidente da-Repblika sira-neeb la sai tanba destituisaun;
b) Parlamentu Nasionl nia Prezidente;
c) Primeiru-Ministru;
d) Sidadaun lima neeb las rgaun soberanu ruma nia membru
no Parlamentu Nasionl maka hili tuir prinspiu reprezentasaun proporsionl, ba lejizlatura nia tempu laran;
e) Sidadaun lima neeb las rgaun soberanu ruma nia membru
no Prezidente da-Repblika maka nomeia ba nia mandatu nia tempu
laran.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica da Guin-Bissau (arts. 73. e
74.); Constituio da Repblica de Moambique (arts. 164. e 165.); Constituio da
Repblica Portuguesa (arts. 141. a 144.); Constituio da Repblica Democrtica de
So Tom e Prncipe (arts. 88. e 89.).
303
11/10/18 12:23:04
Artigo 90.
(Conselho de Estado)
II Anotao
1 O Conselho de Estado o rgo de consulta poltica do Presidente da Repblica, o que significa que o Presidente o ir convocar sempre que entenda
ser til ou necessrio escutar a opinio dos 12 conselheiros que fazem parte
deste rgo colegial.
2 Por fora das suas atribuies constitucionais, cabe ao Presidente prevenir
e encontrar solues para as crises que possam afetar a normalidade da vida
democrtica, seja o caso de uma perturbao generalizada da ordem pblica,
problemas internos da governao ou efetiva ameaa externa. Considerando o carter extraordinrio de tais circunstncias, a Constituio determina
que, nesses casos, o Presidente apenas tome a sua deciso depois de ouvido
o Conselho de Estado. Justifica-se, assim, a importncia do Conselho de Estado na vida democrtica corrente e como vlvula de segurana em situaes
crticas.
3 Em 2005, foi aprovada a Lei do Conselho de Estado, Lei n. 1/2005, que
veio regular a organizao e funcionamento do rgo, bem como o estatuto
dos respetivos membros.
4 O Conselho de Estado teve uma importncia determinante para a superao da crise de 2006. Convocada pelo Presidente da Repblica, Kay Rala Xanana Gusmo, num momento em que todos os restantes rgos de soberania
se encontravam, de facto, suspensos, dispersos ou inoperacionais, e j depois
do desembarque e instalao em territrio timorense das foras militares internacionais, a reunio do Conselho de Estado constituiu o ponto de partida
para a reafirmao da soberania da Repblica de Timor-Leste e assinalou o
regresso ao normal funcionamento das suas instituies democrticas.
304
11/10/18 12:23:04
Artigo 91.
(Competncia, organizao e funcionamento do Conselho de Estado)
Artigo 91.
(Competncia, organizao e funcionamento do Conselho de Estado)
1. Compete ao Conselho de Estado:
a) Pronunciar-se sobre a dissoluo do Parlamento Nacional;
b) Pronunciar-se acerca da demisso do Governo;
c) Pronunciar-se sobre a declarao de guerra e a feitura da paz;
d) Pronunciar-se nos demais casos previstos na Constituio e, em geral,
aconselhar o Presidente da Repblica no exerccio das suas funes, quando
este lho solicitar;
e) Elaborar o seu Regimento interno.
2. As reunies do Conselho de Estado no so pblicas.
3. A lei define a organizao e o funcionamento do Conselho de Estado.
Artigu 91.
(Konsellu de-Estadu nia organizasaun no funsionamentu)
1. Konsellu de-Estadu iha kompetnsia atu:
a) F opiniaun kona-ba Parlamentu Nasionl nia disolusaun;
b) F opiniaun kona-ba Governu nia demisaun;
c) F opiniaun kona-ba deklara funu ka halo paz;
d) F opiniaun iha kazu sira-neeb Konstituisaun prevee no f
konsellu ba Prezidente da-Repblika kona-ba funsaun neeb nia kaer,
kuandu nia husu;
e) Halo nia rejimentu internu.
2. Konsellu de-Estadu nia reuniaun la loke ba pbliku.
3. Lei define Konsellu de-Estadu nia organizasaun no funsionamentu.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 254.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 75.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 166.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 145.); Constituio
da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 90.).
2 Direito timorense: Lei n. 1/2005, de 9 de fevereiro (Lei do Conselho de Estado);
Regimento do Conselho de Estado, aprovado no dia 17 de maio de 2005.
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 85., alneas g) e h); 86., alneas
f) e n); 90.; 112..
II Anotao
1 O Conselho de Estado o rgo de consulta poltica do Presidente da
Repblica, que lhe preside, pelo que lhe cabe pronunciar-se sobre matrias da
competncia do Presidente dissoluo do Parlamento Nacional (arts. 86.,
305
11/10/18 12:23:04
Artigo 91.
(Competncia, organizao e funcionamento do Conselho de Estado)
alnea f), e 100.), demisso do Governo (arts. 86., alnea g), e 112., n. 1),
declarao de guerra e a feitura da paz (arts. 85., alnea h), e 87., alnea a)).
2 Alm das situaes previstas neste artigo, o Conselho de Estado pronuncia-se nos demais casos previstos na Constituio (por exemplo, nos casos de
declarao do estado de stio ou o estado de emergncia, nos termos do art.
85., alnea g), ou demisso do Primeiro-Ministro, nos termos do art. 112.,
n. 2). A ttulo residual, a alnea d) no n. 1 deste artigo prev que o Conselho
de Estado aconselhe o Presidente da Repblica no exerccio das suas funes,
sempre que este o solicitar.
3 A Lei do Conselho de Estado, Lei n. 1/2005, de 9 de fevereiro, dispe
sobre as matrias da competncia, da organizao, do funcionamento, da publicidade e do estatuto dos membros do Conselho de Estado.
4 Nas situaes em que a Constituio imponha a prvia audio a este rgo, a sua eventual omisso afeta a validade da deciso presidencial. No caso
do ato de dissoluo do Parlamento Nacional, est prevista mesmo a inexistncia do ato de dissoluo, se este no for precedido da audio do Conselho
de Estado, nos termos do art. 86., alnea f).
5 O Conselho de Estado delibera sobre as matrias que o Presidente coloque
sua reflexo, mas esta deliberao no vinculativa para o Presidente.
6 A especial sensibilidade das matrias tratadas impe que as suas reunies
no sejam pblicas, nos termos do n. 2 deste artigo. As competncias polticas, em matrias de relevncia decisiva para o Estado, justificam esta exceo
ao princpio da transparncia na ao do Estado.
7 Apesar deste princpio de reserva, h casos em que a Lei do Conselho de
Estado prev expressamente que as atas de certas reunies do Conselho sejam
publicadas no Jornal da Repblica. o que sucede sempre que o rgo se pronuncie acerca da dissoluo do Parlamento Nacional, da demisso do Governo, da declarao de guerra e a feitura da paz ou da declarao de estado de
stio ou de emergncia. Veja-se, neste sentido, o art. 10. da Lei n. 1/2005.
8 A Constituio deixa ao legislador ordinrio a definio da organizao
e o funcionamento do Conselho de Estado, o que, atualmente, se encontra
306
11/10/18 12:23:05
Artigo 91.
(Competncia, organizao e funcionamento do Conselho de Estado)
disciplinado na Lei n. 1/2005, de 9 de fevereiro, acima referida. A Constituio no impe especiais vinculaes, alm daquelas que resultam destes dois
artigos. Ainda assim, a Lei do Conselho de Estado imps regras especiais de
reunio, com a observncia de qurum e a obrigatoriedade da presena do PR
(arts. 4. e 5.). Imps tambm regras de votao (art. 6.). Sem prejudicar a
regra da no publicidade das reunies, a lei impe que sejam lavradas atas de
todas as reunies (art. 7.). O Presidente pode emitir um comunicado no final
das reunies, com o consentimento do Conselho. Para assegurar a reserva das
reunies, a Lei do Conselho de Estado impe um especial dever de sigilo aos
participantes (art. 9.). A Lei do Conselho de Estado consagra um estatuto
prprio dos membros do Conselho de Estado (arts. 11., 12. e 13.), prevendo
especiais regalias, prerrogativas e imunidades.
307
11/10/18 12:23:05
Artigo 92.
(Definio)
TTULO III
PARLAMENTO NACIONAL
CAPTULO I
ESTATUTO E ELEIO
Artigo 92.
(Definio)
O Parlamento Nacional o rgo de soberania da Repblica Democrtica
de Timor-Leste, representativo de todos os cidados timorenses com poderes
legislativos, de fiscalizao e de deciso poltica.
Artigu 92.
(Definisaun)
Parlamentu Nasionl Repblika Demokrtika Timr-Leste nia rgaun
soberanu ida neeb reprezenta sidadaun timr hotu-hotu no kaer podr lejislativu no podr ba fiskalizasaun no desizaun poltika.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 141.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 76.).
2 Direito timorense: Lei n. 4/2002, de 7 de agosto (Lei Orgnica do Parlamento
Nacional).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 93.; 95. a 98.; 102.; 109.; 110.;
111..
II Anotao
1 O sistema de governo semipresidencialista timorense acolhe a tpica atribuio do exerccio da funo legislativa a um rgo democrtico-representativo. Por isso, o Parlamento Nacional , nos termos deste artigo, o rgo de
soberania da Repblica Democrtica de Timor-Leste, representativo de todos
os cidados timorenses.
2 Neste artigo, apresentam-se as trs funes que caracterizam o papel deste rgo de soberania no sistema poltico: funo legislativa; funo de fiscalizao; e funo de deciso poltica. O Parlamento assume, para o pleno
cumprimento destas funes, um conjunto de poderes que os arts. 95. a 98.
melhor especificam: poder oramental; poder de reviso constitucional; poder exclusivo para legislar sobre as matrias mais sensveis como a delimi308
11/10/18 12:23:05
Artigo 92.
(Definio)
309
11/10/18 12:23:05
Artigo 93.
(Eleio e composio)
Artigo 93.
(Eleio e composio)
1. O Parlamento Nacional eleito por sufrgio universal, livre, direto, igual,
secreto e pessoal.
2. O Parlamento Nacional constitudo por um mnimo de cinquenta e dois e
um mximo de sessenta e cinco deputados.
3. A lei estabelece as regras relativas aos crculos eleitorais, s condies de
elegibilidade, s candidaturas e aos procedimentos eleitorais.
4. Os Deputados do Parlamento Nacional tm um mandato de cinco anos.
Artigu 93.
(Eleisaun no kompozisaun)
1. Parlamentu Nasionl hetan eleisaun ho sufrjiu universl, livre, diretu, igul, sekretu no pesol.
2. Parlamentu Nasionl iha deputadu nain, mnimu, limanulu resinrua no, msimu, neenulu resin lima.
3. Lei estabelese regra kona-ba srkulu eleitorl, kondisaun kona-ba
elejibilidade (33), kandidatura no prosedimentu eleitorl.
4. Parlamentu Nasionl nia Deputadu sira iha mandatu (34) ba tinan
lima.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (arts. 142. e ss.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (arts. 114. e ss. e 140.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (arts. 77., 78. e 79.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 170.); Constituio da Repblica Portuguesa (arts. 148. e ss.); Constituio
da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 93.).
2 Direito timorense: Cdigo Penal, aprovado pelo DL n. 19/2009, de 8 de abril, e
alterado pela Lei n. 6/2009, de 15 de julho; Lei n. 6/2006, de 28 de dezembro, com
a redao da Lei n. 6/2007, de 31 de maio, e da Lei n. 7/2011, de 22 de junho (Lei
Eleitoral para o Parlamento Nacional).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 7.; 47.; 65..
(33) Elejibilidade (s) Aptidaun ka rekizitu atu hetan eleisaun ka atu sai hanesan kandidatu.
(34) Mandatu (s) 1. Poltiku: Podr neeb, tuir lei, deputadu ida ka rgaun soberanu seluk nia
titulr ida simu atu pratika atu neeb tama iha nia kompetnsia hodi povu nia naran. 2. Direitu:
Podr neeb ema ruma simu atu halo buat ruma ho ema seluk nia naran, nuudar kontratu neeb
sira nain rua halo.
310
11/10/18 12:23:05
Artigo 93.
(Eleio e composio)
II Anotao
1 Como resultava j da regra geral do art. 65., relativamente eleio dos
titulares dos rgos de soberania, os membros do Parlamento Nacional so
eleitos por sufrgio universal, livre, direto, igual, secreto e pessoal.
2 O princpio democrtico realizado pelo mandato popular representativo
no Parlamento, que assume competncias poltico-legislativas e de controlo
dos demais rgos de soberania. Este princpio constitui, alis, um dos princpios constitucionais estruturantes, com carter revolucionrio na sua origem
histrica.
3 A Constituio fixa o essencial da disciplina relativa eleio para o PN,
deixando legislao ordinria a sua concretizao, no caso Lei n. 6/2006,
de 28 de dezembro (Lei Eleitoral para o Parlamento Nacional). Imperativo,
neste regime, a fixao do mandato dos Deputados do Parlamento Nacional
em cinco anos, coincidente com o mandato do PR. O n. 2 deste artigo estabelece que o PN constitudo por um mnimo de 52 e um mximo de 65 Deputados, que o art. 10. da Lei n. 6/2006 fixa pelo seu limite mximo em 65.
4 Cabe tambm lei ordinria definir as regras relativas aos crculos eleitorais, s condies de elegibilidade, s candidaturas e aos procedimentos eleitorais. A Lei n. 6/2006 determina a existncia de apenas um crculo eleitoral,
correspondente a todo o territrio nacional, com sede em Dli (art. 9.), no
qual concorrem listas plurinominais apresentadas pelos partidos ou coligaes polticas, com efetivos em nmero de 65 e nunca menos de 25 suplentes
(arts. 11. e 12.).
5 Pelo menos um em cada trs candidatos deve ser uma mulher. A justificao desta discriminao positiva a favor da representatividade feminina nas
listas apresentadas a eleies ser a necessidade de promover a participao
das mulheres na vida poltica em homenagem ao princpio da igualdade (art.
17. da Constituio). A referncia a uma mulher por cada conjunto de trs
candidatos no se refere apenas exigncia de um tero de composio feminina. A prpria organizao das listas deve contemplar a presena intercalada
das mulheres nas listas de forma a garantir efetivas condies de elegibilidade
das candidatas.
311
11/10/18 12:23:06
Artigo 93.
(Eleio e composio)
6 A lei define as inelegibilidades (art. 7.) e garante as prerrogativas e imunidades dos candidatos (art. 8.), em sentido aproximado ao que se viu para a
eleio ao Presidente da Repblica (arts. 75. e 76. da Constituio).
7 Cada eleitor tem direito a um voto (art. 11. da Lei n. 6/2006), fazendo-se o apuramento dos votos segundo o mtodo de Hondt (art. 13. da Lei n.
6/2006). A opo legal por este mtodo no apuramento dos votos privilegia
a proporcionalidade na atribuio dos mandatos, garantindo maior representatividade eleitoral, e promove a representao parlamentar das minorias.
O art. 13. da Lei n. 6/2006 define o mtodo de apuramento eleitoral pelo
qual os votos apurados so divididos sucessivamente por 1, 2, 3, correspondendo os quocientes apurados a mandatos das respetivas listas.
8 O art. 13., n. 2, da Lei n. 6/2006 exige um mnimo de 3% dos votos
apurados para garantir a atribuio de qualquer mandato parlamentar como
forma de evitar a excessiva disperso da representatividade parlamentar. Esta
opo legal sempre haver que ser ponderada no quadro do princpio da proporcionalidade, de forma a no se tornar excessivamente restritiva para a participao poltica das minorias.
9 A Lei n. 7/2011 regula a organizao do processo eleitoral, nos arts. 17.
e ss., em especial, da campanha eleitoral, da votao e do apuramento dos resultados. Os ilcitos eleitorais, previstos nos arts. 51. e ss. da Lei anterior n.
6/2006, foram transferidos para os arts. 229. e ss. do Cdigo Penal, aprovado
pelo DL n. 19/2009, de 8 de abril.
312
11/10/18 12:23:06
Artigo 94.
(Imunidades)
Artigo 94.
(Imunidades)
1. Os Deputados no respondem civil, criminal ou disciplinarmente pelos votos e opinies que emitirem no exerccio das suas funes.
2. A imunidade parlamentar pode ser levantada de acordo com as disposies
do Regimento do Parlamento Nacional.
Artigu 94.
(Imunidade)
1. Deputadu sira labele hetan responsabilidade sivl, kriminl ka dixiplinr tanba votu no opiniaun neeb sira f kuandu kaer sira-nia
funsaun.
2. Bele hasai tiha imunidade tuir dispozisaun neeb hakerek hela iha
Parlamentu Nasionl nia rejimentu.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 150.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 170.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 174.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 157.); Constituio da
Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 95.).
2 Direito timorense: Cdigo Civil, aprovado pela Lei n. 10/2011, de 14 de setembro
(arts. 67. e ss.); Regimento do Parlamento Nacional, aprovado em 20 de outubro de
2009.
3 Preceitos constitucionais relacionados: Art. 93., n. 2.
II Anotao
1 O regime de imunidades dos Deputados uma das tradicionais garantias
da independncia na sua atuao, orientada representao popular na realizao do interesse pblico. As imunidades reconhecidas ao exerccio da funo parlamentar assumem neste artigo a formulao de irresponsabilidade.
2 A irresponsabilidade estende-se aos domnios civil, criminal e disciplinar. No se pode, por virtude destas, exigir o ressarcimento pecunirio de
condutas ofensivas dos direitos de terceiros, a sua responsabilidade criminal
pelo aparelho sancionatrio do Estado ou o sancionamento disciplinar pelos
competentes rgos parlamentares. No exerccio da ao poltica est, mais
visivelmente, em causa a proteo dos direitos fundamentais de terceiros, e
em especial aos seus direitos de personalidade (arts. 67. e ss. do Cdigo Civil) ao bom nome ou honra. A irresponsabilidade limita-se a votos e opinies formulados no exerccio das suas funes. No se encontram, por
313
11/10/18 12:23:06
Artigo 94.
(Imunidades)
isso, includos neste mbito quaisquer outros atos, como sejam por exemplo
agresses fsicas.
3 No se preveem aqui outras imunidades. No so neste artigo, por exemplo, previstas inviolabilidades de deteno ou imunidades de procedimento
criminal, como acontece com o Presidente da Repblica e com os membros
do Governo, mesmo no caso de crimes cometidos fora do exerccio de funes.
4 O n. 2 deste artigo remete para o Regimento do Parlamento Nacional a
definio dos termos de levantamento, atualmente prevista no art. 8., n. 4,
do Regimento, cabendo ao juiz solicitar ao Parlamento a suspenso do deputado para prosseguimento do processo. O Parlamento delibera sobre este
pedido atravs de escrutnio secreto, precedido de um parecer da comisso
parlamentar competente, e exigindo-se maioria absoluta dos Deputados presentes para a aprovao da suspenso.
314
11/10/18 12:23:06
Artigo 95.
(Competncia do Parlamento Nacional)
CAPTULO II
COMPETNCIA
Artigo 95.
(Competncia do Parlamento Nacional)
1. Compete ao Parlamento Nacional legislar sobre as questes bsicas da poltica interna e externa do pas.
2. Compete exclusivamente ao Parlamento Nacional legislar sobre:
a) As fronteiras da Repblica Democrtica de Timor-Leste, nos termos do
artigo 4.;
b) Os limites das guas territoriais e da zona econmica exclusiva e os
direitos de Timor-Leste zona contgua e plataforma continental;
c) Smbolos nacionais, nos termos do n. 2 do artigo 14.;
d) Cidadania;
e) Direitos, liberdades e garantias;
f) Estado e capacidade das pessoas e direito da famlia e das sucesses;
g) A diviso territorial;
h) A lei eleitoral e o regime do referendo;
i) Os partidos e associaes polticas;
j) Estatuto dos Deputados;
k) Estatuto dos titulares dos rgos do Estado;
l) As bases do sistema de ensino;
m) As bases do sistema de segurana social e de sade;
n) A suspenso das garantias constitucionais e a declarao do estado de
stio e do estado de emergncia;
o) A poltica de defesa e segurana;
p) A poltica fiscal;
q) Regime oramental.
3. Compete-lhe tambm:
a) Ratificar a nomeao do Presidente do Supremo Tribunal de Justia
e a eleio do Presidente do Tribunal Superior Administrativo, Fiscal e de
Contas;
b) Deliberar sobre o relatrio de atividades do Governo;
c) Eleger um membro para o Conselho Superior de Magistratura Judicial e
o Conselho Superior do Ministrio Pblico;
d) Deliberar sobre o Plano e o Oramento do Estado e o respetivo relatrio
de execuo;
e) Fiscalizar a execuo oramental do Estado;
315
11/10/18 12:23:06
Artigo 95.
(Competncia do Parlamento Nacional)
(35) Eskluziva (adj) Neeb ema ida nian mesak; neeb labele f ba ema seluk. Parlamentu iha
kompetnsia eskluziva atu halo lei kona-ba sidadania = Parlamentu mesak maka iha kompetnsia atu halo rasik halo lei kona-ba sidadania.
316
11/10/18 12:23:07
Artigo 95.
(Competncia do Parlamento Nacional)
317
11/10/18 12:23:07
Artigo 95.
(Competncia do Parlamento Nacional)
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (arts. 161. a 164.);
Constituio da Repblica de Cabo Verde (arts. 174. a 178.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (arts. 85. e 86.); Constituio da Repblica de Moambique
(art. 179., n.os 1, 2 e 4); Constituio da Repblica Portuguesa (arts. 161. a 164.);
Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (arts. 97. e 98.).
2 Direito timorense: Lei n. 1/2002, de 7 de agosto (Publicao dos Atos); Lei n.
7/2002, de 20 de setembro (Fronteiras Martimas do Territrio da Repblica Democrtica de Timor-Leste); Lei n. 9/2002, de 5 de novembro (Lei da Nacionalidade);
Lei n. 3/2004, de 14 de abril (Partidos Polticos); Lei n. 6/2006, de 28 de dezembro,
com a redao da Lei n. 6/2007, de 31 de maio, e da Lei n. 7/2011, de 22 de junho
(Lei Eleitoral para o Parlamento Nacional); Lei n. 7/2006, de 28 de dezembro, com
a redao da Lei n. 5/2007, de 28 de maro, e da Lei n. 8/2011, de 22 de junho (Lei
Eleitoral para o Presidente da Repblica); Lei n. 1/2007, de 18 de janeiro (Regime da
Penso Mensal Vitalcia dos Deputados e outras Regalias); Lei n. 2/2007, de 18 de
janeiro (Smbolos Nacionais); Lei n. 7/2007, de 25 de julho (Estatuto dos Titulares
de rgos de Soberania); Lei n. 3/2008, de 22 de fevereiro (Lei do Regime do Estado de Stio e de Emergncia); Lei n. 8/2008, de 30 de julho (Lei Tributria); Lei n.
14/2008, de 29 de outubro (Lei de Bases da Educao); Lei n. 4/2009, de 15 de julho
(Regime Jurdico dos Inquritos Parlamentares); Lei n. 2/2010, de 21 de abril (Lei
de Segurana Nacional); Lei n. 3/2010, de 21 de abril (Lei de Defesa Nacional); Lei
n. 4/2010, de 21 de abril (Lei de Segurana Interna); Lei n. 11/2009, de 7 de outubro
(Diviso Administrativa e Territorial); Regimento do Parlamento Nacional, aprovado
em 20 de outubro de 2009; Regimento do Conselho de Estado, aprovado no dia 17 de
maio de 2005.
3 Doutrina: Florbela PIRES, Fontes do direito e procedimento legislativo na Repblica Democrtica de Timor-Leste: alguns problemas, in J. Miranda, L. Lima
Pinheiro e D. Moura Vicente (coord.), Estudos em memria do Professor Doutor Antnio Marques dos Santos, Coimbra, Almedina, 2005.
4 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 3.; 4.; 14., n. 2; 16. a 49.; 66.,
n.os 2 e 3; 80.; 98.; 101.; 134.; 145.; 155..
II Anotao
1 As competncias do Parlamento Nacional podem ser distinguidas segundo as funes que lhe esto tradicionalmente atribudas. A Funo Legislativa dos Parlamentos nacionais caracteriza tipicamente a formulao constitucional liberal, segundo a qual a vontade geral da comunidade poltica
seria formulada atravs da representao democrtica que se conseguia no
Parlamento. Por serem rgos plurais, representativos de ideologias e sensibilidades diversas e por ser o debate parlamentar uma discusso transparente
e aberta acessvel aos representados, justifica-se que os atos legislativos do
Parlamento gozem de prerrogativas especiais relativamente aos atos legislativos do Governo. Assim, a Constituio consagra um princpio de reserva de
lei formal de lei, previsto no art. 95., n.os 1 e 2.
318
11/10/18 12:23:07
Artigo 95.
(Competncia do Parlamento Nacional)
11/10/18 12:23:08
Artigo 95.
(Competncia do Parlamento Nacional)
11/10/18 12:23:08
Artigo 95.
(Competncia do Parlamento Nacional)
11/10/18 12:23:08
Artigo 95.
(Competncia do Parlamento Nacional)
9 A prtica constitucional dos diferentes rgos de soberania tem demonstrado como a interpretao do texto constitucional cumpre mais perfeitamente
os desgnios de uma teoria constitucional justa e comunitariamente reconhecida do que a sua estrita positivao. Na interpretao dos catlogos constitucionais, o Governo tem construdo um espao de interveno legislativa
que, promulgada pelo Presidente, escassamente reapreciada pelo Parlamento
Nacional ou impugnada judicialmente, se revela alicerada numa constitucionalidade real.
10 A relevncia da repartio entre a competncia legislativa do Governo
e do Parlamento Nacional limitada pela previso de uma iniciativa legislativa em condies de paridade entre o Governo e o Parlamento. A iniciativa
legislativa, prevista no art. 97. da Constituio, cabe a) aos Deputados; b) s
Bancadas Parlamentares; c) ao Governo, e , em exclusivo, deste no caso do
Oramento de Estado.
11 No exerccio da Funo Poltica e de Controlo, prevista, no art. 92. da
Constituio, cabe ao Parlamento Nacional, segundo o art. 101., que regula
a Participao dos membros do Governo, definir, pelo seu Regimento, a realizao de perguntas ao Governo formuladas pelos Deputados. Alm disso,
o Parlamento Nacional, ou as suas comisses, podem solicitar a participao
de membros do Governo nos seus trabalhos. no exerccio desta funo que
plenamente se concretiza a relao de confiana poltica entre o Parlamento e
o Governo. O tpico instrumento de controlo exercido pelo Parlamento Nacional sobre a ao do Governo efetua-se atravs dos institutos da apreciao do
programa de governo, nos termos do art. 108., do voto de confiana, previsto
no art. 110., e da moo de censura, art. 111.. O regime desta dependncia
concretiza-se ainda na possibilidade de demisso do Governo, nos termos do
art. 112.. Outro relevante instrumento de controlo parlamentar encontra-se
previsto na Lei n. 4/2009, de 15 de julho, na qual se estabelece o regime jurdico dos Inquritos Parlamentares.
12 Compete ainda ao Parlamento Nacional, nestes mesmo termos, segundo o disposto no art. 95., n. 3, no exerccio de funo poltica, conceder as
amnistias. Cabe ainda ao PN, nos termos do mesmo artigo, propor ao PR a
convocao de um dos mais importantes instrumentos de abertura direta do
sistema democrtico-representativo pela sujeio a referendo de questes de
interesse nacional (art. 66.). Se a convocao competncia presidencial, o
322
11/10/18 12:23:08
Artigo 95.
(Competncia do Parlamento Nacional)
11/10/18 12:23:08
Artigo 95.
(Competncia do Parlamento Nacional)
324
11/10/18 12:23:09
Artigo 96.
(Autorizao legislativa)
Artigo 96.
(Autorizao legislativa)
1. O Parlamento Nacional pode autorizar o Governo a legislar sobre as seguintes matrias:
a) Definio de crimes, penas, medidas de segurana e respetivos pressupostos;
b) Definio do processo civil e criminal;
c) Organizao judiciria e estatuto dos magistrados;
d) Regime geral da funo pblica, do estatuto dos funcionrios e da responsabilidade do Estado;
e) Bases gerais da organizao da administrao pblica;
f) Sistema monetrio;
g) Sistema financeiro e bancrio;
h) Definio das bases de uma poltica para a defesa do meio ambiente e o
desenvolvimento sustentvel;
i) Regime geral de radiodifuso, televiso e demais meios de comunicao
de massas;
j) Servio militar ou cvico;
k) Regime geral da requisio e da expropriao por utilidade pblica;
l) Meios e formas de interveno, expropriao, nacionalizao e privatizao dos meios de produo e solos por motivo de interesse pblico, bem
como critrios de fixao, naqueles casos, de indemnizaes.
2. As leis de autorizao legislativa devem definir o objeto, o sentido, a extenso e a durao da autorizao, que pode ser prorrogada.
3. As leis de autorizao legislativa no podem ser utilizadas mais de uma vez
e caducam com a demisso do Governo, com o termo da legislatura ou com a
dissoluo do Parlamento Nacional.
Artigu 96.
(Autorizasaun lejizlativa)
1. Parlamentu Nasionl bele autoriza Governu halo lei kona-ba matria
sira-nee:
a) Definisaun ba krime, pena, medida ba seguransa no sira-nia presupostu;
b) Definisaun ba prosesu sivl no kriminl;
c) Organizasaun judisiria no majistradu sira-nia estatutu;
325
11/10/18 12:23:09
Artigo 96.
(Autorizao legislativa)
II Anotao
1 O Parlamento Nacional pode decidir autorizar o Governo a legislar sobre
as matrias elencadas neste artigo. A perda do exclusivo da funo legislativa
pelos Parlamentos insere-se num movimento constitucional, comum generalidade dos pases. Os executivos reclamam maior interveno legislativa,
326
11/10/18 12:23:09
Artigo 96.
(Autorizao legislativa)
11/10/18 12:23:09
Artigo 96.
(Autorizao legislativa)
328
11/10/18 12:23:09
Artigo 97.
(Iniciativa da lei)
Artigo 97.
(Iniciativa da lei)
1. A iniciativa da lei pertence:
a) Aos Deputados;
b) s Bancadas Parlamentares;
c) Ao Governo.
2. No podem ser apresentados projetos ou propostas de lei ou de alterao
que envolvam, no ano econmico em curso, aumento das despesas ou diminuio das receitas do Estado previstas no Oramento ou nos Oramentos
Retificativos.
3. Os projetos e as propostas de lei rejeitados no podem ser renovados na
mesma sesso legislativa em que tiverem sido apresentados.
4. Os projetos e propostas de lei que no tiverem sido votados no carecem de
ser renovados na sesso legislativa seguinte, salvo termo de legislatura.
5. As propostas de lei caducam com a demisso do Governo.
Artigu 97.
(Inisiativa ba lei)
1. Inisiativa ba lei sei mai hosi:
a) Deputadu sira;
b) Bankada parlamentr sira;
c) Governu.
2. Labele aprezenta projetu de-lei ka proposta de-lei ka projetu ka
proposta kona-ba alterasaun neeb, iha anu ekonmiku neeb lao
daudaun, aumenta Estadu nia despeza ka diminui Estadu nia reseita
previstu iha orsamentu ka iha orsamentu refitikativu.
3. Projetu de-lei no proposta de-lei neeb rejeita tiha ona labele aprezenta fali iha sesaun lejizlativa ida-neeb aprezenta tiha ona.
4. Projetu-lei no proposta de-lei neeb seidauk vota la presiza renova
iha sesaun lejizlativa ida tuirmai, salvu kuandu lejizlatura hotu tiha.
5. Proposta de-lei kaduka ho Governu nia demisaun.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (arts. 157. e 158.);
Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 91.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 167.).
2 Direito timorense: Regimento do Parlamento Nacional, aprovado em 11 de novembro de 2009.
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 96.; 145..
329
11/10/18 12:23:10
Artigo 97.
(Iniciativa da lei)
II Anotao
1 O procedimento legislativo principia com a iniciativa legislativa, prevista
constitucionalmente a favor dos Deputados individualmente ou em conjunto;
das Bancadas Parlamentares, em que os Deputados se organizam de acordo
com os partidos e as coligaes em que se integram, e do Governo. O procedimento legislativo encontra-se disciplinado no Regimento do Parlamento Nacional, que distingue entre o Procedimento Legislativo Comum (arts. 90.
e ss.) e os Procedimentos Legislativos Especiais (arts. 118. e ss.). Qualquer
um dos procedimentos inicia-se com a apresentao dos projetos e propostas
legislativas, cujos requisitos formais o Regimento fixa (art. 98.), e respetiva
admisso (art. 95.). Depois de admitido, os autores podem retirar qualquer
projeto ou proposta legislativa at votao na generalidade. O procedimento
legislativo termina, no que concerne ao PN, com o envio ao PR para promulgao e publicao dos diplomas aprovados.
2 No h um catlogo de matrias cuja iniciativa legislativa esteja reservada,
pelo que, genericamente, se pode entender que Deputados, Bancadas Parlamentares e Governo concorrem na iniciativa de regulao de (quase) todas as
matrias. H, no entanto, dispersas na Constituio matrias especficas cuja
iniciativa se encontra reservada a alguns rgos de soberania, como no caso
da apresentao da proposta de Oramento, reservada ao Governo, mas que
ser aprovado sob a forma de lei (art. 145.). Evidentemente, no configuram
um poder de iniciativa legislativa do PR os casos das leis de autorizao ao
Presidente para a declarao de estado de stio ou de emergncia, nos termos
dos arts. 25. e 95., n. 3, alnea j), bem como os casos de declarao de guerra, nos termos do art. 85., alnea h), os quais esto previstos no Regimento do
PN como Processos Legislativos Especiais, nos termos dos arts. 118. e ss.,
respetivamente arts. 118. e ss. e 121..
3 No se encontra aqui prevista a possibilidade de uma iniciativa legislativa
popular que, em diversos ordenamentos jurdicos comparados, permite que
um nmero determinado de cidados possa apresentar propostas legislativas
ao Parlamento Nacional. Esta uma importante medida de abertura do procedimento legislativo participao popular. Ainda assim, este resultado pode
ser obtido indiretamente pela apresentao, atravs do direito de petio (art.
48.), de propostas de iniciativa legislativa aos titulares desse direito.
4 Este artigo apresenta a distino entre as propostas de lei e os projetos
de lei sem, no entanto, a esclarecer. A referncia, no n. 5, segundo a qual as
330
11/10/18 12:23:10
Artigo 97.
(Iniciativa da lei)
331
11/10/18 12:23:10
Artigo 98.
(Apreciao parlamentar de atos legislativos)
Artigo 98.
(Apreciao parlamentar de atos legislativos)
1. Os diplomas legislativos do Governo, salvo os aprovados no exerccio da
sua competncia legislativa exclusiva, podem ser submetidos a apreciao do
Parlamento Nacional, para efeitos de cessao de vigncia ou de alterao,
a requerimento de um quinto dos Deputados, nos trinta dias subsequentes
publicao, descontados os perodos de suspenso do funcionamento do
Parlamento Nacional.
2. O Parlamento Nacional pode suspender, no todo ou em parte, a vigncia do
diploma legislativo at sua apreciao.
3. A suspenso caduca decorridas dez reunies plenrias sem que o Parlamento Nacional tenha apreciado o diploma.
4. Se for aprovada a cessao da sua vigncia, o diploma deixa de vigorar desde o dia em que a resoluo for publicada no jornal oficial e no pode voltar a
ser publicado no decurso da mesma sesso legislativa.
5. Se, requerida a apreciao, o Parlamento Nacional no se tiver sobre ela
pronunciado ou, havendo deliberado introduzir emendas, no tiver votado a
respetiva lei at ao termo da sesso legislativa em curso, desde que decorridas
quinze reunies plenrias, considerar-se- caduco o processo.
Artigu 98.
(Apresiasaun parlamentr ba atu lejizlativa)
1. Governu nia diploma lejislativu, salvu sira aprovadu ho ezerssiu
ba nia kompetnsia eskluziva, bele tama fali ba Parlamentu Nasionl
nia apresiasaun, atu labele moris tan ka atu altera tiha, tuir Deputadu
sira-nia dalimak ida nia rekerimentu, iha loron tolunulu tuir-fali nia
publikasaun, dezkonta tiha tempu iha-neeb Parlamentu nia funsionamentu suspende hela.
2. Parlamentu nasionl bele suspense, tomak ka baluk deit, diploma
lejislativu nee nia vijnsia too nia apresiasaun.
3. Suspensaun nee kaduka kuandu, liutiha reuniaun plenria sanulu,
Parlamentu Nasionl la apresia diploma nee.
4. Aprova tiha sesasaun ba nia vijnsia karik, diploma nee la moris
tan hah iha loron neeb rezolusaun nee publika iha jornl ofisil no
labele publika fali iha sesaun lejizlativa nee nia laran.
5. Prosesu sei konsidera kaduku kuandu, rekere tiha apresiasaun, Parlamentu Nasionl la pronunsia kona-ba apresiasaun nee ka, delibera
tiha atu muda diploma nee, la vota lei respetiva too sesaun lejizlativa
hotu, naran katak iha tiha ona reuniaun plenria sanulu resin-lima.
332
11/10/18 12:23:10
Artigo 98.
(Apreciao parlamentar de atos legislativos)
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 171.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 169.).
2 Direito timorense: Regimento do Parlamento Nacional, aprovado em 20 de outubro de 2009.
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 107.; 115., n. 1, alneas a) e d), e
n. 2, alnea a).
II Anotao
1 Este instituto expresso das funes de controlo do Parlamento Nacional
sobre a ao, neste caso, do Governo, ainda que parte da doutrina o encare
como uma reminiscncia da primazia legislativa parlamentar. O que agora se
prev a possibilidade de o Parlamento Nacional exercer alguma forma de
controlo sobre a atuao legislativa do Governo, sem que para isso tenha de
iniciar um novo procedimento legislativo.
2 Este artigo refere-se apreciao parlamentar dos diplomas legislativos
do Governo, no distinguindo materialmente o contedo das medidas a includas. O Parlamento Nacional no poder pronunciar-se sobre medidas que
no sejam materialmente legislativas, por corresponderem ao exerccio da reserva exclusiva de funo poltica ou administrativa do Governo, mesmo que
includas em diplomas de natureza legislativa do Governo. De outra forma,
estaria encontrado o caminho para subverter o sentido da separao funcional
e orgnica de poderes consagrada constitucionalmente (art. 69.), como princpio estruturante da organizao do poder poltico, em violao das reservas
funcionais de cada um dos rgos constitucionais.
3 O instituto da apreciao parlamentar dos atos legislativos do Governo,
ao mesmo tempo que confirma a primazia legislativa do Parlamento, reconhece que a competncia legislativa do Governo no se limita quela que lhe
garantida em exclusivo no art. 115., n. 3, relativamente sua organizao
e funcionamento. Se os decretos-lei aprovados no exerccio da competncia
legislativa exclusiva do Governo esto isentos de apreciao parlamentar, significa a contrario que o prprio legislador constituinte reconhece a existncia
de uma ampla competncia legislativa governamental.
4 A sujeio do diploma do Governo a apreciao parlamentar promovida,
por requerimento de um quinto dos Deputados, nos 30 dias subsequentes
publicao, descontados os perodos de suspenso do funcionamento do Par333
11/10/18 12:23:11
Artigo 98.
(Apreciao parlamentar de atos legislativos)
334
11/10/18 12:23:11
Artigo 99.
(Legislatura)
CAPTULO III
ORGANIZAO E FUNCIONAMENTO
Artigo 99.
(Legislatura)
1. A legislatura compreende cinco sesses legislativas e cada sesso legislativa tem a durao de um ano.
2. O perodo normal de funcionamento do Parlamento Nacional definido
pelo Regimento.
3. O Parlamento Nacional rene-se ordinariamente por convocao do seu
Presidente.
4. O Parlamento Nacional rene extraordinariamente sempre que assim for
deliberado pela Comisso Permanente, requerido por um tero dos Deputados
ou convocado pelo Presidente da Repblica para tratar de assuntos especficos.
5. No caso de dissoluo, o Parlamento Nacional eleito inicia nova legislatura,
cuja durao acrescida do tempo necessrio para se completar o perodo
correspondente sesso legislativa em curso data da eleio.
Artigu 99.
(Lejizlatura)
1. Lejizlatura iha sesaun lejislativu lima no sesaun lejizlativa ida-idak
dura tinan ida.
2. Rejimentu maka define perodu norml ba Parlamentu Nasionl nia
funsionamentu.
3. Parlamentu Nasionl reune ordinariamente ho nia Prezidente nia
konvokasaun.
4. Parlamentu Nasionl reune estraordinariamente kuandu Komisaun
Permanente hola desizaun atu reune hanesan nee, Deputadu sira-nia
datoluk ida rekere ka Prezidente da-Repblika konvoka atu trata asuntu espesfiku.
5. Kuandu iha disolusaun, Parlamentu Nasionl eleitu hah lejizlatura
foun, neeb sei tau tan ba nia durasaun tempu neeb presiza atu kompleta sesaun lejizlativa ida neeb lao daudaun iha altura neeb halo
eleisaun nia perodu.
335
11/10/18 12:23:11
Artigo 99.
(Legislatura)
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 157.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (arts. 150., 151. e 154.); Constituio da Repblica
de Moambique (arts. 185. e 186.); Constituio da Repblica Portuguesa (arts. 171.
e 174.); Constituio Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (arts. 102. e
105.).
2 Direito timorense: Regimento do Parlamento Nacional, aprovado em 20 de outubro de 2009.
3 Preceitos constitucionais relacionados: Art. 100..
II Anotao
1 A legislatura corresponde ao perodo de reunio dos Deputados eleitos
e tem a durao de cinco anos, correspondendo a cinco sesses legislativas.
No caso de dissoluo, o Parlamento Nacional eleito inicia nova legislatura,
qual acrescido o tempo necessrio para completar o perodo correspondente
sesso legislativa em curso data da eleio, nos termos do n. 5 deste artigo, bem como do art. 44. do Regimento do Parlamento Nacional.
2 O funcionamento do Parlamento Nacional encontra-se disciplinado nos
arts. 41. e ss. do seu Regimento. A Constituio define, no entanto, neste artigo, de forma vinculativa que o PN se rene ordinariamente por convocao
do seu Presidente e extraordinariamente sempre que assim for deliberado pela
Comisso Permanente, requerido por um tero dos Deputados ou convocado
pelo Presidente da Repblica para tratar de assuntos especficos. Ser, por
exemplo, o caso da necessidade de autorizar o Presidente a declarar o estado
de stio (art. 25.), que, na impossibilidade de reunio do plenrio do Parlamento Nacional, pode ser exercida pela sua Comisso Permanente (art. 102.,
n. 3, alnea g)). O perodo normal de funcionamento do Parlamento Nacional,
nos termos do n. 2 deste artigo, definido pelo Regimento do PN, maxime
nos seus arts. 41. e ss.
3 O termo da legislatura coincide com o mandato do Governo, o que se justifica a partir da especial relao entre o Parlamento Nacional e o Governo,
estando este dependente do primeiro e dos resultados apurados nas eleies
para o Parlamento Nacional. A legitimidade democrtica indireta, que o Governo retira do Parlamento Nacional, impe um permanente controlo mantido
desde a apreciao do programa de governo, passando pelas interpelaes
e pela possibilidade de votar moes de censura. Em sentido inverso, a demisso do Governo no implica necessariamente o termo da legislatura, no
mbito da qual, alis, poder emergir uma nova soluo de Governo.
336
11/10/18 12:23:11
Artigo 100.
(Dissoluo)
Artigo 100.
(Dissoluo)
1. O Parlamento Nacional no pode ser dissolvido nos seis meses posteriores
sua eleio, no ltimo semestre do mandato do Presidente da Repblica ou
durante a vigncia do estado de stio ou do estado de emergncia, sob pena de
inexistncia jurdica do ato de dissoluo.
2. A dissoluo do Parlamento Nacional no prejudica a subsistncia do mandato dos Deputados at primeira reunio do Parlamento aps as subsequentes eleies.
Artigu 100.
(Disolusaun)
1. Parlamentu Nasionl labele hetan disolusaun iha fulan neen neeb
tuir nia eleisaun, iha semestre ida ikus iha Prezidente da-Repblika
nia mandatu, ka iha tempu neeb moris hela estadu de-stiu ka estadu de-emerjnsia, selae atu neeb halo disolusaun sofre inezistnsia
jurdika.
2. Parlamentu Nasionl nia disolusaun la taka dalan ba Deputadu sirania mandatu atu moris nafatin too Parlamentu nia reuniaun dahuluk
liutiha eleisaun neeb tuir-fali.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (arts. 143. e 144.);
Constituio da Repblica da Guin-Bissau (arts. 94. e 95.); Constituio da Repblica de Moambique (arts. 188. e 189.); Constituio da Repblica Portuguesa (art.
172.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 103.).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 86., alnea f); 91., n. 1, alnea a);
96., n. 3; 99., n. 5.
II Anotao
1 No sistema de governo adotado, o Presidente da Repblica dispe do poder de dissolver o Parlamento Nacional, previsto no art. 86.. Neste art. 100.,
pretende-se, fundamentalmente, impor alguns limites a este poder de dissoluo, para alm daqueles que j decorrem do prprio art. 86., alnea f).
2 Assim, o Parlamento Nacional no pode ser dissolvido nos seis meses
posteriores s eleies legislativas. Com esta limitao temporal pretende-se
evitar o risco de o Presidente, fazendo uso do seu poder de dissoluo, criar
uma situao de grande instabilidade poltica, com eleies sucessivas, no
337
11/10/18 12:23:11
Artigo 100.
(Dissoluo)
338
11/10/18 12:23:12
Artigo 101.
(Participao dos membros do Governo)
Artigo 101.
(Participao dos membros do Governo)
1. Os Membros do Governo tm o direito de comparecer s reunies plenrias
do Parlamento Nacional e podem usar da palavra, nos termos do Regimento.
2. Haver sesses de perguntas ao Governo formuladas pelos Deputados, nos
termos regimentais.
3. O Parlamento Nacional ou as suas comisses podem solicitar a participao
de membros do Governo nos seus trabalhos.
Artigu 101.
(Governu nia membru nia partisipasaun)
1. Governu nia membru sira iha direitu atu b iha Parlamentu Nasionl
nia reuniaun plenria no iha oportunidade atu koalia, tuir rejimentu.
2. Sei iha sesaun ba Deputadu sira atu halo pergunta ba Governu, tuir
rejimentu nia dispozisaun.
3. Parlamentu Nasionl ka nia komisaun sira bele husu Governu nia
membru sira atu partisipa iha sira-nia servisu.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 156.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 90.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 199.); Constituio da Repblica Portuguesa (arts. 177. e 178.).
2 Direito timorense: Regimento do Parlamento Nacional, aprovado em 20 de outubro de 2009.
3 Preceitos constitucionais relacionados: Art. 107..
II Anotao
1 Nesta norma, atende-se relao entre os membros do Governo e o rgo
poltico que controla a sua atuao: o Parlamento. Assim, aos membros do
Governo reconhecido um direito de comparecerem no Parlamento, nas reunies plenrias, e de a fazerem uso da palavra, nos termos do Regimento.
2 O Regimento em vigor, aprovado em 2009, prev, no seu art. 60., em
matria de participao dos membros do Governo nas reunies do Parlamento
Nacional, que os membros do Governo podem usar da palavra para apresentar
propostas de lei e de resoluo, participar nos debates, responder s perguntas
dos Deputados sobre quaisquer atos do Governo ou da Administrao Pblica
e responder a pedidos de esclarecimento.
339
11/10/18 12:23:12
Artigo 101.
(Participao dos membros do Governo)
3 Nesta norma constitucional tambm se preveem, no n. 2, sesses de perguntas ao Governo, que constituem uma forma tradicional de permitir aos
Deputados o exerccio das competncias de controlo sobre a ao do Governo,
previstas na Constituio.
4 O n. 3 prev ainda a possibilidade de o Parlamento solicitar a presena de
membros do Governo em reunies do Plenrio ou mesmo em comisses, sempre que entendam necessrio, nos termos tambm regulados pelo art. 164.,
n. 3, do Regimento do Parlamento Nacional. No nestes casos um direito,
mas um dever, cujo cumprimento necessrio para a efetivao do controlo
do Parlamento Nacional sobre a ao do Governo.
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Artigo 102.
(Comisso Permanente)
CAPTULO IV
COMISSO PERMANENTE
Artigo 102.
(Comisso Permanente)
1. A Comisso Permanente funciona durante o perodo em que se encontrar
dissolvido o Parlamento Nacional, nos intervalos das sesses e nos restantes
casos previstos na Constituio.
2. A Comisso Permanente presidida pelo Presidente do Parlamento Nacional e composta pelos Vice-Presidentes e por Deputados indicados pelos
partidos, de acordo com a respetiva representatividade no Parlamento.
3. Compete Comisso Permanente, nomeadamente:
a) Acompanhar a atividade do Governo e da Administrao;
b) Coordenar as atividades das comisses do Parlamento Nacional;
c) Promover a convocao do Parlamento Nacional sempre que tal se mostre necessrio;
d) Preparar e organizar as sesses do Parlamento Nacional;
e) Dar assentimento deslocao do Presidente da Repblica nos termos
do artigo 80.;
f) Dirigir as relaes entre o Parlamento Nacional e os parlamentos e instituies anlogas de outros pases;
g) Autorizar a declarao do estado de stio e do estado de emergncia.
Artigu 102.
(Komisaun Permanente)
1. Komisaun Permanente funsiona iha perodu iha-neeb Parlamentu
disolve tiha ona, iha sesaun sira-nia intervalu no iha kazu sira seluk
neeb Konstituisaun prevee.
2. Parlamentu Nasionl nia Prezidente maka prezide Komisaun
Permanente,iha-neeb tuur Vise-Presidente sira no Deputadu siraneeb partidu ida-idak hatudu, tuir nia reprezentatividade iha Parlamentu.
3. Komisaun Permanente iha kompetnsia atu, nomeadamente:
a) Akompaa Governu no Administrasaun nia atividade;
b) Koordena Parlamentu nia komisaun sira-nia atividade;
c) Promove Parlamentu Nasionl nia konvokasaun kuandu presiza;
d) Prepara no organiza Parlamentu Nasionl nia sesaun;
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Artigo 102.
(Comisso Permanente)
II Anotao
1 A Comisso Permanente do Parlamento Nacional corresponde ao seu prolongamento natural, para funcionar sempre que o prprio Parlamento Nacional, no seu Plenrio e respetivas Comisses, no estejam reunidos, nomeadamente no perodo em que se encontre dissolvido e nos intervalos das sesses.
A composio da Comisso Permanente, por isso, reflete a do prprio PN,
sendo presidida pelo Presidente do PN e composta pelos Vice-Presidentes e
por Deputados indicados pelos partidos, de acordo com a respetiva representatividade no Parlamento.
2 O funcionamento da Comisso Permanente do Parlamento Nacional encontra-se disciplinado nos arts. 38. e ss. do Regimento do Parlamento Nacional. Alm de reproduzir as disposies constitucionais, relativamente ao seu
funcionamento e composio, disciplina as suas competncias. Assim, nos
termos do n. 3 deste artigo e do art. 40. do Regimento do PN, compete Comisso Permanente do PN desempenhar algumas funes em substituio do
PN, como o acompanhamento da atividade do Governo e da Administrao,
autorizao ao Presidente para se ausentar do territrio nacional e relaes
externas com instituies homlogas, e outras, em relao ao prprio PN,
como seja coordenar as atividades das comisses do Parlamento, promover a
convocao do Parlamento, sempre que tal se mostre necessrio, e preparar e
organizar as sesses plenrias do Parlamento.
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11/10/18 12:23:12
Artigo 103.
(Definio)
TTULO IV
GOVERNO
CAPTULO I
DEFINIO E ESTRUTURA
Artigo 103.
(Definio)
O Governo o rgo de soberania responsvel pela conduo e execuo da
poltica geral do pas e o rgo superior da Administrao Pblica.
Artigu 103.
(Definisaun)
Governu tuur hanesan rgaun soberanu neeb iha responsabilidade
atu halao no ezekuta pas nia poltika jerl no hanesan Administrasaun Pblika nia rgaun superir.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 185.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 96.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 182.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe
(art. 108.).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 67.; 107..
II Anotao
1 O sistema de governo presidencialista-parlamentarista caracteriza-se pela
previso de um rgo de soberania autnomo, que define a conduo poltica e administrativa do Estado. Nos termos do art. 103. da Constituio,
o Governo o rgo de soberania responsvel pela conduo e execuo da
poltica geral do pas e o rgo superior da Administrao Pblica.
2 Cabendo-lhe o papel decisivo na conduo poltica do Estado, o Governo
est, no entanto, dependente dos demais rgos de soberania. Retira a sua
legitimidade democrtica indireta da escolha presidencial e da eleio parlamentar, partilha com os outros rgos de soberania o exerccio de algumas
funes constitucionais (a funo legislativa o exemplo mais destacado da
colaborao entre os diversos rgos de soberania) e ainda, nos termos do art.
107., o Governo responde perante o Presidente da Repblica e o Parlamento
Nacional pela conduo e execuo da poltica interna e externa, nos termos
da Constituio e da Lei.
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Artigo 104.
(Composio)
Artigo 104.
(Composio)
1. O Governo constitudo pelo Primeiro-Ministro, pelos Ministros e pelos
Secretrios de Estado.
2. O Governo pode incluir um ou mais Vice-Primeiro-Ministros e Vice-Ministros.
3. O nmero, as designaes e as atribuies dos ministrios e secretarias de
Estado so definidos por diploma legislativo do Governo.
Artigu 104.
(Kompozisaun)
1. Primeiru-Ministru, Ministru no Sekretriu de-Estadu sira maka
konstitui (38) Governu.
2. Governu bele iha ms Vise-Primeiru-Ministru no Vise-Ministru ida
ka barak.
3. Governu nia diploma lejislativu maka define ministriu no sekretaria de-Estadu sira hira no ida-idak nia naran no atribuisaun.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 187.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 97.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 183.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe
(art. 109.).
2 Direito timorense: DL n. 7/2007, de 5 de setembro, alterado pelo DL n. 5/2008,
de 5 de maro; DL n. 26/2008, de 23 de julho; DL n. 37/2008, de 22 de outubro; DL
n. 14/2009, de 4 de maro; e DL n. 11/2010, de 11 de agosto (Lei Orgnica do IV
Governo Constitucional).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 115.; 117..
II Anotao
1 O Governo um rgo constitucional autnomo, com competncias polticas, legislativas e administrativas, e de autorregulao. O Governo um
rgo hierarquicamente estruturado, piramidal, que tem no topo o Primeiro-Ministro, seguido dos Ministros e dos Secretrios de Estado, havendo entre
todos relaes de dependncia e responsabilidade hierrquica.
(38) Konstitui Governu Tuur ka kaer funsaun hanesan Governu nia membru.
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Artigo 104.
(Composio)
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11/10/18 12:23:13
Artigo 105.
(Conselho de Ministros)
Artigo 105.
(Conselho de Ministros)
1. O Conselho de Ministros constitudo pelo Primeiro-Ministro, pelos Vice-Primeiro-Ministros, se os houver, e pelos Ministros.
2. O Conselho de Ministros convocado e presidido pelo Primeiro-Ministro.
3. Podem ser convocados para participar nas reunies do Conselho de Ministros, sem direito a voto, os Vice-Ministros, se os houver, e os Secretrios de
Estado.
Artigu 105.
(Konsellu de-Ministrus)
1. Primeiru-Ministru, Vise-Primeiru-Ministru, iha karik, ho Ministru
sira maka konstitui Konsellu de-Ministrus.
2. Primeiru-Ministru maka konvoka no prezide Konsellu de-Ministrus.
3. Bele konvoka ms Vise-Ministru, iha karik, no Sekretriu de-Estadu sira mai partisipa iha Konsellu de-Ministrus, maib lah direitu
ba votu.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 188.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 101.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 184.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe
(art. 112.).
2 Direito timorense: Lei n. 1/2002, de 7 de agosto (Publicao dos Atos); Resoluo do Governo n. 1/2002, de 16 de julho (Regimento do Conselho de Ministros).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 115., n. 1, alnea l); 116.; 117.,
n. 1, alnea b).
II Anotao
1 O Conselho de Ministros a reunio ao nvel ministerial do rgo colegial Governo, presidido pelo Primeiro-Ministro, tambm responsvel por
convoc-lo. A natureza colegial do Governo determina a natureza colegial da
reunio do Conselho de Ministros, na qual, por isso, podem participar outros
membros do Governo, como os Vice-Ministros ou os Secretrios de Estado,
mesmo que sem direito a voto.
2 No se encontra prevista neste artigo a possibilidade de participarem nas
reunies do Conselho de Ministro elementos externos ao Governo. No se
pode excluir, no entanto, a possibilidade de, nas suas reunies, participarem
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11/10/18 12:23:13
Artigo 105.
(Conselho de Ministros)
peritos ou qualquer outra personalidade externa convidada, mesmo que titulares de outros rgos de soberania ou rgos superiores do Estado, sem
direito a voto. O mesmo regime se poder aplicar ao Presidente da Repblica,
mediante convite do Primeiro-Ministro.
3 A organizao e o funcionamento do Conselho de Ministros encontram-se
previstos na Resoluo do Governo n. 1/2002, de 16 de julho, e, como os seus
atos, previstos na Lei n. 1/2002, de 7 de agosto.
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Artigo 106.
(Nomeao)
CAPTULO II
FORMAO E RESPONSABILIDADE
Artigo 106.
(Nomeao)
1. O Primeiro-Ministro indigitado pelo partido mais votado ou pela aliana
de partidos com maioria parlamentar e nomeado pelo Presidente da Repblica, ouvidos os partidos polticos representados no Parlamento Nacional.
2. Os restantes membros do Governo so nomeados pelo Presidente da Repblica, sob proposta do Primeiro-Ministro.
Artigu 106.
(Nomeasaun)
1. Primeiru-Ministru partidu neeb hetan votu barak liu ka partidu
sira iha aliansa ho maioria parlamentr maka hatudu no Prezidente
da-Repblika maka nomeia, rona tiha partidu poltiku neeb iha reprezentante iha Parlamentu Nasionl.
2. Prezidente da-Repblika nomeia Governu nia membru sira seluk,
tuir Primeiru-Ministru nia proposta.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 194.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 98.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 187.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe
(art. 110., n.os 1 e 2).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 85., alnea d); 86., alnea h).
II Anotao
1 Este artigo trata exclusivamente da nomeao do Primeiro-Ministro e dos
requisitos que o PR est obrigado a observar na conduo deste processo. O
Presidente da Repblica nomeia o Primeiro-Ministro conforme a indicao
feita pelo partido mais votado ou pela aliana de partidos com maioria parlamentar, ouvidos os partidos polticos representados no Parlamento Nacional.
Os restantes membros do Governo so nomeados pelo Presidente da Repblica, sob proposta do Primeiro-Ministro. Nos mesmos termos, dispe o art.
86..
2 A Constituio aprovou um sistema eleitoral proporcional que transforma
o Parlamento num espelho fiel das preferncias expressas pelo voto popular.
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Artigo 106.
(Nomeao)
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Artigo 106.
(Nomeao)
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11/10/18 12:23:14
Artigo 107.
(Responsabilidade do Governo)
Artigo 107.
(Responsabilidade do Governo)
O Governo responde perante o Presidente da Repblica e o Parlamento Nacional pela conduo e execuo da poltica interna e externa, nos termos da
Constituio e da lei.
Artigu 107.
(Governu nia responsabilidade)
Governu hatn ba Prezidente da-Repblika no ba Parlamentu Nasionl
kona-ba poltika interna no esterna nia kondusaun no ezekusaun, tuir
Konstituisaun no lei nia dispozisaun.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 103.);
Constituio da Repblica Portuguesa (art. 190.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 113.).
2 Direito timorense: Lei n. 4/2009, de 15 de julho (Regime Jurdico dos Inquritos
Parlamentares).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 85., alneas a) e c); 87.; 88.; 90.;
98.; 101., n. 2; 106.; 108.; 109.; 110.; 111.; 112..
II Anotao
1 O Governo tem uma dupla responsabilidade perante o Presidente da Repblica e o Parlamento Nacional, pela conduo e execuo da poltica interna
e externa.
2 A responsabilidade do Governo perante o Parlamento Nacional concretiza-se na obrigao prevista no art. 108. da Constituio de, assim que nomeado, o Governo elaborar o seu programa, do qual constaro os objetivos e
as tarefas que se prope realizar, as medidas a adotar e as principais orientaes polticas que pretende seguir nos domnios da atividade governamental.
Segundo o art. 109., na apreciao do programa do Governo, o debate no
pode exceder cinco dias e at ao seu final qualquer grupo parlamentar pode
pedir a sua rejeio, que exigir sempre a maioria absoluta dos Deputados
em efetividade de funes ou alternativamente o Governo poder solicitar
um voto de confiana. A rejeio do programa do Governo, pela segunda
vez consecutiva, implicar a demisso do Governo, nos termos do art. 112.,
alnea d), da Constituio.
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Artigo 107.
(Responsabilidade do Governo)
3 A responsabilidade do Governo perante o Parlamento Nacional permanente, efetivando-se atravs do mecanismo de controlo parlamentar de ao
do Governo e, de modo mais radical, atravs do instituto do voto de confiana, previsto no art. 110., e da moo de censura, no art. 111.. Assim, nos
termos do primeiro regime, o Governo pode solicitar ao Parlamento Nacional a aprovao de um voto de confiana sobre uma declarao de poltica
geral ou sobre qualquer assunto de relevante interesse nacional, pelo qual se
expressar a confiana do PN no Governo, sendo que a no aprovao de um
voto de confiana implicar a demisso do Governo, nos termos do art. 112.,
alnea e). O mesmo resultado ter, nos termos da alnea f) do mesmo artigo, a
aprovao de uma moo de censura por uma maioria absoluta dos Deputados
em efetividade de funes. O regime das moes de censura, previsto no art.
111., determina que o Parlamento Nacional pode votar moes de censura ao
Governo sobre a execuo do seu programa ou assunto de relevante interesse
nacional, por iniciativa de um quarto dos Deputados em efetividade de funes, que no podero apresentar outra durante a mesma sesso legislativa se
a moo de censura no for aprovada.
4 Esta responsabilidade do Governo perante o Parlamento Nacional manifesta-se no que concerne ao exerccio dos poderes de controlo do PN relativamente aos atos legislativos do Governo, previsto no art. 98. para a Apreciao
parlamentar de atos legislativos. Alm destes, o Parlamento pode requerer a
presena dos membros do Governo, tanto em sesses de perguntas, como nas
comisses especializadas, nos termos do art. 101.. Podem ainda ser constitudas comisses parlamentares de inqurito, atualmente reguladas pelo Regime Jurdico dos Inquritos Parlamentares, previsto na Lei n. 4/2009, de 15
de julho. O controlo parlamentar da ao do Governo realiza-se tambm, de
forma decisiva, pela competncia legislativa exclusiva do Parlamento para a
aprovao do Oramento de Estado e sua permanente execuo (art. 145.).
5 A responsabilidade do Governo perante o PR revela-se logo a partir da
sua nomeao, ainda que o Presidente esteja condicionado pelos resultados
eleitorais, cujo partido ou aliana de partidos mais votada indigita o Primeiro-Ministro, que escolher os demais membros do Governo, que tambm so
nomeados pelo PR (art. 106.). Esta responsabilidade manter-se- ao longo da
legislatura e, por isso, se ver no art. 112., n. 2, da Constituio os termos
em que o Presidente da Repblica pode demitir o Primeiro-Ministro e o Governo.
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Artigo 107.
(Responsabilidade do Governo)
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11/10/18 12:23:15
Artigo 108.
(Programa do Governo)
Artigo 108.
(Programa do Governo)
1. Nomeado o Governo, este deve elaborar o seu programa, do qual constaro
os objetivos e as tarefas que se prope realizar, as medidas a adotar e as principais orientaes polticas que pretende seguir nos domnios da atividade
governamental.
2. O Primeiro-Ministro submete o programa do Governo, aprovado em Conselho de Ministros, apreciao do Parlamento Nacional, no prazo mximo
de trinta dias a contar da data do incio de funes do Governo.
Artigu 108.
(Governu nia programa)
1. Governu neeb nomeia tiha ona tenke elabora (39) nia programa, no
tau iha programa nee objetivu no tarefa sira-neeb nia atu halao, medida sira-neeb atu hola no orientasaun poltika prinsipl sira-neeb
atu tuir iha atividade governamentl nia domniu (40) ida-idak.
2. Primeiru-Ministru sei hatoo Governu nia programa, neeb Konsellu de-Ministrus aprova tiha ona, ba Parlamentu atu apresia, iha prazu la naruk-liu loron tolunulu hah iha loron neeb Governu hah nia
funsaun.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (arts. 196. e
197.); Constituio da Repblica Portuguesa (arts. 188. e 192.).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 109.; 111.; 112., n. 1, alnea d),
e n. 2.
II Anotao
1 este o momento em que o Governo submete ao Parlamento o seu programa de ao poltica. Naturalmente, no tem de existir uma identificao entre
o programa partidrio sufragado eleitoralmente e o programa de governo, que
deve, no entanto, observar os compromissos assumidos perante os eleitores.
o programa de governo que orienta a ao poltica do Governo, rgo de
soberania competente para a direo poltica dos destinos do Estado, nos termos do art. 103.. Por isso, o Governo apresenta o seu programa no prazo de
30 dias.
(39) Elabora (v) Prepara; organiza; halo.
(40) Domniu (s) rea, setr.
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Artigo 108.
(Programa do Governo)
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11/10/18 12:23:15
Artigo 109.
(Apreciao do programa do Governo)
Artigo 109.
(Apreciao do programa do Governo)
1. O programa do Governo submetido apreciao do Parlamento Nacional
e, se este no se encontrar em funcionamento, obrigatoriamente convocado
para o efeito.
2. O debate do programa do Governo no pode exceder cinco dias e at ao
seu encerramento qualquer grupo parlamentar pode pedir a sua rejeio ou o
Governo solicitar um voto de confiana.
3. A rejeio do programa do Governo exige a maioria absoluta dos Deputados em efetividade de funes.
Artigu 109.
(Apresiasaun ba Governu nia Programa)
1. Governu nia programa tenke hatoo ba Parlamentu Nasionl atu
apresia, no, Parlamentu nee la funsiona karik, tenke konvoka atu halo
apresiasaun nee.
2. Debate ba Governu nia programa labele lori tempu naruk-liu loron
lima no, too debate nee taka, grupu parlamentr naran ida bele husu
rejeisaun ba programa nee no Governu bele husu votu de-konfiansa
ida.
3. Rejeisaun ba Governu nia programa tenke halo ho Deputadu siraneeb kaer duni funsaun nia maioria absoluta.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 197.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 192.); Constituio da Repblica Democrtica
de So Tom e Prncipe (art. 116.).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 86., alnea g); 108.; 111., n. 1;
112., n. 1, alnea d).
II Anotao
1 A apreciao do programa do Governo, depois de nomeado e empossado,
obrigatoriamente feita pelo Parlamento que, se no se encontrar em funes,
convocado para o efeito.
2 O Governo detm apenas poderes de gesto at ao momento da apresentao do seu programa. Assim, enquanto no apresentar o seu programa, o
Governo no pode exercer a plenitude das suas competncias, limitando-se
a exercer as competncias estritamente necessrias gesto quotidiana dos
assuntos do Estado.
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Artigo 109.
(Apreciao do programa do Governo)
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11/10/18 12:23:16
Artigo 110.
(Solicitao de voto de confiana)
Artigo 110.
(Solicitao de voto de confiana)
O Governo pode solicitar ao Parlamento Nacional a aprovao de um voto de
confiana sobre uma declarao de poltica geral ou sobre qualquer assunto
de relevante interesse nacional.
Artigu 110.
(Solisitasaun ba votu de-konfiansa)
Governu bele husu ba Parlamentu Nasionl atu aprova votu de-konfiansa ba deklarasaun kona-ba poltika jerl ida ka ba asuntu ho interese nasionl relevante naran ida.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 200.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 193.).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 107.; 109., n. 2; 112., n. 1, alnea e); 116., alnea b).
II Anotao
1 A relao de confiana poltica entre o Governo e o Parlamento Nacional
o fundamento do controlo permanente da ao do Governo por parte do Parlamento Nacional. Alm da apreciao do programa de governo, quando este
inicia funes, este controlo permanentemente aferido pela possibilidade de
os membros do Parlamento apresentarem questes atuao governativa (art.
101., n. 2), bem como de apresentarem uma moo de censura (art. 111.),
ou, da parte do Governo, pela possibilidade de solicitar um voto de confiana,
nos termos deste artigo.
2 A quebra da relao de confiana entre o Parlamento e o Governo, pela
no aprovao de um voto de confiana sobre uma declarao de poltica geral
ou sobre qualquer assunto de relevante interesse nacional, implica a demisso
deste. A Constituio no oferece uma definio da expresso confiana, mas
o sentido do voto de confiana o de renovar (ou no) as condies polticas
que o Governo goza a partir da discusso do seu programa.
3 Por isso, a consequncia para a no aprovao do voto de confiana
a demisso do Governo, nos termos do art. 112., n. 1, alnea e). O voto de
confiana deve identificar o seu objeto, pela discriminao da declarao de
poltica ou do assunto de relevante interesse nacional. O voto de confiana
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Artigo 110.
(Solicitao de voto de confiana)
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11/10/18 12:23:16
Artigo 111.
(Moes de censura)
Artigo 111.
(Moes de censura)
1. O Parlamento Nacional pode votar moes de censura ao Governo sobre
a execuo do seu programa ou assunto de relevante interesse nacional, por
iniciativa de um quarto dos Deputados em efetividade de funes.
2. Se a moo de censura no for aprovada, os seus signatrios no podem
apresentar outra durante a mesma sesso legislativa.
Artigu 111.
(Mosaun de-sensura)
1. Parlamentu Nasionl bele vota mosaun de-sensura ba Governu
kona-ba ezekusaun ba nia programa ka asuntu ho interese nasionl
relevante, ho Deputadu sira-neeb kaer duni funsaun nia dahaat ida
nia inisiativa.
2. Mosaun de-sensura nee la hetan aprovasaun karik, mosaun nee nia
signatriu sira labele hatama mosaun de-sensura seluk iha sesaun lejizlativa ida-neeb lao daudaun nee nia laran.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 201.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 194.).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 107.; 112., n. 1, alnea f).
II Anotao
1 A relao de responsabilidade poltica do Governo perante o Parlamento
Nacional, ao longo de toda a legislatura, implica que, no exerccio das suas
funes de controlo, os Deputados podem apresentar moes de censura
ao do Governo. A moo de censura o instrumento privilegiado para expressar a perda de confiana poltica do Parlamento Nacional (ou do conjunto
de Deputados que a apresenta) na ao governamental.
2 Os requisitos materiais impostos pela Constituio para a apresentao
de uma moo de censura impem a sua fundamentao, com referncia
deficiente execuo do programa de governo, ou a qualquer outro assunto de
relevante interesse nacional. Procedimentalmente, exige-se que a iniciativa
da moo de censura parta de, pelo menos, um quarto dos Deputados em
efetividade de funes. Este artigo impede, no n. 2, os signatrios de uma
moo de censura que tenha sido rejeitada de apresentarem uma nova moo
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Artigo 111.
(Moes de censura)
361
11/10/18 12:23:16
Artigo 112.
(Demisso do Governo)
Artigo 112.
(Demisso do Governo)
1. Implicam a demisso do Governo:
a) O incio da nova legislatura;
b) A aceitao pelo Presidente da Repblica do pedido de demisso apresentado pelo Primeiro-Ministro;
c) A morte ou impossibilidade fsica permanente do Primeiro-Ministro;
d) A rejeio do programa do Governo pela segunda vez consecutiva;
e) A no aprovao de um voto de confiana;
f) A aprovao de uma moo de censura por uma maioria absoluta dos
Deputados em efetividade de funes.
2. O Presidente da Repblica s pode demitir o Primeiro-Ministro nos casos
previstos no nmero anterior e quando se mostre necessrio para assegurar o
normal funcionamento das instituies democrticas, ouvido o Conselho de
Estado.
Artigu 112.
(Governu nia demisaun)
1. Governu hetan demisaun kuandu:
a) Lejizlatura foun hah;
b) Prezidente da-Repblika simu Primeiru-Ministru nia pedidu atu
demite;
c) Primeiru-Ministru mate ka hetan imposibilidade fzika permanente;
d) Governu hetan rejeisaun ba nia programa dala-rua tuir malu;
e) Votu de-konfiansa la hetan aprovasaun;
f) Mosaun de-sensura ida hetan aprovasaun ho Deputadu siraneeb kaer duni funsaun nia maioria absoluta.
2. Prezidente da-Repblika bele demite Primeiru-Ministru iha deit
kazu sira-neeb nmeru anterir prevee no kuandu ita bele haree katak presiza halo demisaun nee hodi asegura instituisaun demokrtika
sira-nia funsionamentu, rona tiha Konsellu de-Estadu.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 202.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 104.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 195.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe
(art. 117.).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 91., n. 1, alnea b); 96., n. 3; 97.,
n. 5; 108.; 109.; 110.; 111..
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Artigo 112.
(Demisso do Governo)
II Anotao
1 A possibilidade de demisso do Governo ou do Primeiro-Ministro expresso da relao de confiana que este estabelece com o PN e o Presidente
da Repblica. Este artigo no prev formalidades especiais para a demisso
do Governo. As condies previstas no n. 1 reportam-se a circunstncias
objetivas que determinam a demisso do Governo, por iniciativa governamental (alnea b)), parlamentar (alneas d) e f)), na sequncia da rejeio pelo
Parlamento de um voto de confiana solicitado pelo Governo (alnea e)), no
incio de novo ciclo parlamentar (alnea a)) ou por situao de morte ou impossibilidade fsica permanente do Primeiro-Ministro.
2 No que concerne a demisso do PM por iniciativa do Presidente, prev
o art. 112., n. 2, da Constituio que o Presidente da Repblica s pode
demitir o Primeiro-Ministro quando se mostre necessrio para assegurar o
normal funcionamento das instituies democrticas, ouvido o Conselho de
Estado.
3 O juzo de necessidade acerca do normal funcionamento das instituies
democrticas autnomo e de livre apreciao pelo Presidente. Este apenas dever previamente reunir o Conselho de Estado e ouvi-lo quanto sua
inteno. A demisso do Primeiro-Ministro arrasta consigo a demisso do
Governo no seu conjunto.
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Artigo 113.
(Responsabilidade criminal dos membros do Governo)
Artigo 113.
(Responsabilidade criminal dos membros do Governo)
1. O membro do Governo acusado definitivamente por um crime punvel com
pena de priso superior a dois anos suspenso das suas funes, para efeitos
de prosseguimento dos autos.
2. Em caso de acusao definitiva por crime punvel com pena de priso at
dois anos, caber ao Parlamento Nacional decidir se o membro do Governo
deve ou no ser suspenso, para os mesmos efeitos.
Artigu 113.
(Governu nia membru nia responsabilidade kriminl)
1. Governu nia membru neeb hasoru akuzasaun definitiva tanba krime punivel ho pena prizaun aas-liu tinan 2 tenke hetan suspensaun ba
nia funsaun, atu prosesu lao ba oin.
2. Kuandu iha akuzasaun definitiva tanba krime punivel ho pena prizaun too tinan rua, Parlamentu Nasionl maka deside Governu nia
membru nee tenke hetan suspensaun ka lae, atu prosesu lao ba oin.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 140.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 199.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 196.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art.
115.).
2 Direito timorense: Cdigo de Processo Penal, aprovado pelo DL n. 13/2005, de
1 de dezembro (arts. 102.; 103.; 239. e 240.).
3 Jurisprudncia: Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 51-CO-11, de
17 de agosto de 2011.
4 Doutrina: Pedro Carlos BACELAR DE VASCONCELOS, Teoria Geral do Controlo Jurdico do Poder Pblico, Lisboa, Edies Cosmos, 1996, p. 29.
5 Princpios constitucionais relacionados: Arts. 1., n. 1; 2.; 114..
II Anotao
1 O regime de imunidades dos titulares de cargos polticos uma das tradicionais garantias da independncia na sua atuao, reflexo da posio assumida pela posse na qualidade de titular do cargo e no apenas como cidado.
As imunidades, em sentido amplo, assumem diferentes formas: irresponsabilidade, no caso dos Deputados pela emisso de opinies, imunidades de
jurisdio e garantias de inviolabilidade de deteno.
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Artigo 113.
(Responsabilidade criminal dos membros do Governo)
11/10/18 12:23:17
Artigo 113.
(Responsabilidade criminal dos membros do Governo)
11/10/18 12:23:17
Artigo 113.
(Responsabilidade criminal dos membros do Governo)
prevista processualmente como fase de qualquer tramitao, nem ser materialmente um ato jurisdicional. A reserva de jurisdio das mais relevantes garantias do Estado de Direito, mas reversamente, tambm um limite
atuao dos tribunais.
9 A necessidade de interveno parlamentar para a suspenso dos membros
do Governo, previsto no n. 2 para os casos de acusao por crime ao qual
corresponde pena inferior a dois anos, por maioria de razo, haver de se
aplicar ao caso mais grave, previsto no n. 1, de acusao definitiva por crime
a que corresponda pena de priso superior a dois anos. Isto no significa,
necessariamente, qualquer discricionariedade na adoo de deciso de suspenso. No caso do art. 113., n. 1, o texto legal vincula, no caso de acusao
definitiva por crime a que corresponda pena de priso superior a dois anos,
suspenso do mandato.
10 Neste sentido decidiu o Tribunal de Recurso, no Processo n. 51-CO-11.
No caso, alm disso, o Tribunal considerou que a suspenso implica afastar
o membro do Governo das suas funes governativas pelo perodo de durao do processo-crime e no apenas nos dias ou nos perodos de realizao
de audincia de julgamento. A suspenso de funes, como um pressuposto
processual, obsta, por um lado, a que o juiz, recebida a acusao, possa prosseguir, pelo que ter de aguardar a deciso de suspenso de funes a adotar
pelo PN. Por outro lado, comina com nulidade a violao do disposto neste
artigo, nos termos conjugados dos arts. 102. e 103. do CPP com o art. 120.
da Constituio que probe aos tribunais a aplicao de normas contrrias
Constituio ou aos princpios nela consagrados.
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11/10/18 12:23:18
Artigo 114.
(Imunidades dos membros do Governo)
Artigo 114.
(Imunidades dos membros do Governo)
Nenhum membro do Governo pode ser detido ou preso sem autorizao do
Parlamento Nacional, salvo por crime a que corresponda pena de priso cujo
limite mximo seja superior a dois anos e em flagrante delito.
Artigu 114.
(Governu nia membru nia imunidade)
Governu nia membru ida labele hetan detensaun ka prizaun molok iha
Parlamentu Nasionl nia autorizasaun, salvu tanba krime neeb f-fatin ba pena prizaun ho limite msimu aas-liu tinan rua no iha flagrante
delitu.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 199.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 211.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 196.).
2 Direito timorense: Cdigo Penal, aprovado pelo DL n. 19/2009, de 8 de abril, e
alterado pela Lei n. 6/2009, de 15 de julho (arts. 9. e ss.); Cdigo de Processo Penal,
aprovado pelo DL n. 13/2005, de 1 de dezembro (arts. 217. e ss.).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 104.; 113..
II Anotao
1 Alm do regime especial de efetivao da responsabilidade criminal previsto no artigo anterior, no se prev a favor dos membros do Governo nenhuma forma de irresponsabilidade, como se encontra prevista a favor dos
Deputados, ou imunidade definitiva de jurisdio, de que gozam os membros
do pessoal diplomtico. Nos termos deste artigo, apesar da formulao literal equvoca, consagra-se um regime especial de inviolabilidade da liberdade
pessoal dos membros do Governo, que os protege de deteno ou priso, sem
autorizao do Parlamento Nacional, salvo por crime a que corresponda pena
de priso cujo limite mximo seja superior a dois anos e em flagrante delito.
2 A inviolabilidade de deteno e de priso fundamenta-se, como o regime geral de imunidades em sentido amplo referido no artigo anterior, nas
especiais garantias impostas pela separao constitucional de poderes em diferentes rgos e funes. Pela limitao dos casos em que os membros do
Governo podem ser detidos ou presos, procura-se garantir a independncia do
exerccio da sua funo, bem como a autonomia da funo jurisdicional, de
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11/10/18 12:23:18
Artigo 114.
(Imunidades dos membros do Governo)
outro modo suscetveis de reciprocamente se condicionarem de forma abusiva. Esta inviolabilidade de deteno e priso garantida a todos os membros
do Governo (art. 104.) que inclui Primeiro-Ministro, Ministros e Secretrios
de Estado. A inviolabilidade aqui garantida abrange os casos de deteno e
de priso.
3 A deteno encontra-se prevista nos arts. 217. e ss. do Cdigo de Processo
Penal entre as disposies gerais da investigao. A deteno, nos termos do
art. 217., destina-se apresentao a juzo do arguido para ser julgado em
processo sumrio, para primeiro interrogatrio judicial ou para a aplicao
de medidas de coao ou para comparecer perante autoridade judiciria em
72 horas. A deteno em flagrante delito, nos termos dos arts. 218. e ss.,
aquela que ocorre no cometimento de um crime ou imediatamente de seguida,
aqui se incluindo em perseguio subsequente, efetuada por autoridade policial ou qualquer pessoa. Fora dos casos de flagrante delito, a deteno apenas
pode ser efetuada mediante a emisso judicial de mandados de deteno, nos
termos dos arts. 220. e 221., todos do Cdigo de Processo Penal. Os membros do Governo apenas podem ser detidos por crimes especialmente graves
(a que corresponda pena de priso cujo limite mximo seja superior a dois
anos). Por outro lado, apenas nos casos em que seja, nos termos dos arts. 218.
e ss. do CPP, detido em flagrante delito casos em que se torna redundante
a exigncia de autorizao parlamentar nos casos de deteno, nos termos do
n. 1 deste artigo.
4 A pena de privao de liberdade a sano criminal tpica e encontra-se
disciplinada entre as consequncias jurdicas do crime, nos arts. 59. e ss.,
maxime arts. 66. e ss. do Cdigo Penal. Os membros do Governo apenas
podem ser presos, segundo o regime de inviolabilidade da sua liberdade pessoal aqui previsto, pelos mesmos crimes pelos quais podem ser detidos (a que
corresponda pena de priso cujo limite mximo seja superior a dois anos),
tambm aqui numa ponderao vinculativa do legislador constituinte. A autorizao do Parlamento Nacional neste caso parece confirmar igual exigncia
na suspenso do mandato dos membros do Governo para o prosseguimento
processual.
5 Numa interpretao literal deste artigo, alm desta autorizao parlamentar, poderia parecer que os membros do Governo, salvo autorizao parlamentar, apenas poderiam ser presos nos casos em que fossem, nos termos dos
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Artigo 114.
(Imunidades dos membros do Governo)
arts. 218. e ss. do CPP, detidos em flagrante. No parece ser essa a melhor
interpretao desta norma. Justifica-se a limitao da deteno s situaes
de flagrante delito para impedir um abuso na deteno de membros do Governo sem as necessrias garantias de defesa que s o processo penal assegura.
O que pode ser decisivo no momento da deteno no parece to relevante no
momento da condenao e poderia representar uma injustificada entropia no
regime de efetivao da responsabilidade penal dos membros do Governo,
previsto no art. 113., que no prev este requisito.
370
11/10/18 12:23:18
Artigo 115.
(Competncia do Governo)
CAPTULO III
COMPETNCIA
Artigo 115.
(Competncia do Governo)
1. Compete ao Governo:
a) Definir e executar a poltica geral do pas, obtida a sua aprovao no
Parlamento Nacional;
b) Garantir o gozo dos direitos e liberdades fundamentais aos cidados;
c) Assegurar a ordem pblica e a disciplina social;
d) Preparar o Plano e o Oramento Geral do Estado e execut-los depois
de aprovados pelo Parlamento Nacional;
e) Regulamentar a atividade econmica e a dos setores sociais;
f) Preparar e negociar tratados e acordos e celebrar, aprovar, aderir e denunciar acordos internacionais que no sejam da competncia do Parlamento
Nacional ou do Presidente da Repblica;
g) Definir e executar a poltica externa do pas;
h) Assegurar a representao da Repblica Democrtica de Timor-Leste
nas relaes internacionais;
i) Dirigir os setores sociais e econmicos do Estado;
j) Dirigir a poltica laboral e de segurana social;
k) Garantir a defesa e consolidao do domnio pblico e do patrimnio
do Estado;
l) Dirigir e coordenar as atividades dos ministrios e restantes instituies
subordinadas ao Conselho de Ministros;
m) Promover o desenvolvimento do setor cooperativo e o apoio produo
familiar;
n) Apoiar o exerccio da iniciativa econmica privada;
o) Praticar os atos e tomar as providncias necessrias ao desenvolvimento
econmico-social e satisfao das necessidades da comunidade timorense;
p) Exercer quaisquer outras competncias que lhe sejam atribudas pela
Constituio ou pela lei.
2. Compete ainda ao Governo relativamente a outros rgos:
a) Apresentar propostas de lei e de resoluo ao Parlamento Nacional;
b) Propor ao Presidente da Repblica a declarao de guerra ou a feitura
da paz;
c) Propor ao Presidente da Repblica a declarao do estado de stio ou do
estado de emergncia;
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11/10/18 12:23:18
Artigo 115.
(Competncia do Governo)
11/10/18 12:23:19
Artigo 115.
(Competncia do Governo)
II Anotao
1 A complexidade das competncias atribudas ao Governo, como rgo
executivo, no resultava das propostas de organizao do poder poltico originais do constitucionalismo liberal. As crescentes exigncias colocadas ao
Estado, na satisfao clere e eficaz de diferentes objetivos, tem conduzido ao
reforo do papel do executivo, originalmente pensado para executar a vontade
geral, expressa parlamentarmente. As competncias enumeradas neste artigo
reconduzem-se a diferentes funes: polticas, administrativas e legislativas,
satisfeitas pelo Governo, cuja definio nem sempre fcil.
373
11/10/18 12:23:19
Artigo 115.
(Competncia do Governo)
11/10/18 12:23:19
Artigo 115.
(Competncia do Governo)
375
11/10/18 12:23:19
Artigo 116.
(Competncia do Conselho de Ministros)
Artigo 116.
(Competncia do Conselho de Ministros)
Compete ao Conselho de Ministros:
a) Definir as linhas gerais da poltica governamental, bem como as da sua
execuo;
b) Deliberar sobre o pedido de voto de confiana ao Parlamento Nacional;
c) Aprovar as propostas de lei e de resoluo;
d) Aprovar os diplomas legislativos, bem como os acordos internacionais
no submetidos ao Parlamento Nacional;
e) Aprovar os atos do Governo que envolvam aumento ou diminuio das
receitas ou despesas pblicas;
f) Aprovar os planos.
Artigu 116.
(Konsellu de-Ministrus)
Konsellu de-Ministrus iha kompetnsia atu:
a) Define lia jerl kona-ba poltika governamentl no poltika nee
nia ezekusaun;
b) Delibera kona-ba votu de-konfiansa nia pedidu ba Parlamentu
Nasionl;
c) Aprova proposta de-lei no de-rezolusaun;
d) Aprova diploma lejislativu no akordu internasionl neeb la
submete ba Parlamentu Nasionl;
e) Aprova Governu nia atu neeb aumenta ka diminui reseita ka
despeza pblika;
f) Aprova planu.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 206.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 101.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 200.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe
(art. 112.).
2 Direito timorense: Lei n. 1/2002, de 7 de agosto (Publicao dos Atos).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 105.; 108..
376
11/10/18 12:23:20
Artigo 116.
(Competncia do Conselho de Ministros)
II Anotao
1 O Conselho de Ministros a formao do Governo em que este se apresenta reunido em colgio ao nvel ministerial.
2 As competncias do Conselho de Ministros so to diversificadas quanto
as do Governo, podendo referir-se ao exerccio de cada uma das funes do
Estado que lhe esto atribudas. Se a definio das linhas gerais da poltica
governamental (alnea a)) se refere ao exerccio de funes polticas, a aprovao dos diplomas legislativos (alnea d)) corresponder ao exerccio da funo
legislativa e a aprovao dos planos (alnea f)) aproximar-se- mais do exerccio de funes administrativas.
3 O princpio da colegialidade obriga unidade no cumprimento das deliberaes do Conselho de Ministros, sob a presidncia do Primeiro-Ministro.
O que poder no ser fcil na definio das linhas gerais da poltica governamental, em que os Ministros podem exprimir divergncias quanto ao sentido
das opes a seguir, ter de ser inequivocamente conseguido na execuo das
deliberaes que a todos vincula e compromete.
4 As deliberaes do Conselho de Ministros podem formalmente revestir
diversas formas. Este artigo prev a aprovao pelo Conselho de Ministros de
propostas de lei e de resolues, diplomas legislativos e planos, no definindo
qualquer critrio material ou formal na sua adoo. A Lei n. 1/2002, de 7
de agosto, relativa publicao dos atos, identifica decretos-lei (art. 10.),
decretos do Governo (art. 12.), resolues do Governo (art. 15.). Todos
estes atos devero conter a data de aprovao em Conselho de Ministros. Dos
atos do Governo previstos na lei ordinria, apenas os Diplomas Ministeriais
(art. 13.) no carecem de aprovao em Conselho de Ministros.
5 A aprovao dos decretos-lei corresponde ao exerccio da funo legislativa do Governo. A prtica governamental tem revelado o recurso s resolues do Governo como instrumento adequado para a aprovao de acordos
internacionais, para a nomeao de titulares dos rgos ou para a aprovao
dos planos, ao passo que os decretos do Governo, originalmente usados na
aprovao do estatuto orgnico dos Ministrios, tm cado em desuso, com o
exerccio desta competncia a passar a constar de diploma legislativo aprovado exclusivamente pelo Governo, nos termos do art. 115., n. 3, relativamente
sua prpria organizao e funcionamento.
377
11/10/18 12:23:20
Artigo 117.
(Competncia dos membros do Governo)
Artigo 117.
(Competncia dos membros do Governo)
1. Compete ao Primeiro-Ministro:
a) Chefiar o Governo;
b) Presidir ao Conselho de Ministros;
c) Dirigir e orientar a poltica geral do Governo e coordenar a ao de
todos os Ministros, sem prejuzo da responsabilidade direta de cada um pelos
respetivos departamentos governamentais;
d) Informar o Presidente da Repblica sobre os assuntos relativos poltica interna e externa do Governo;
e) Exercer as demais funes atribudas pela Constituio e pela lei.
2. Compete aos Ministros:
a) Executar a poltica definida para os seus ministrios;
b) Assegurar as relaes entre o Governo e os demais rgos do Estado, no
mbito do respetivo ministrio.
3. Os diplomas legislativos do Governo so assinados pelo Primeiro-Ministro
e pelos Ministros competentes em razo da matria.
Artigu 117.
(Governu nia membru nia kompetnsia)
1. Primeiru-Ministru iha kompetnsia atu:
a) Xefia Governu;
b) Prezide Konsellu de-Ministrus;
c) Dirije no orienta Governu nia poltika jerl no koordena Ministru hotu-hotu nia asaun, sein prejuizu ba ida-idak nia responsabilidade
direta iha nia departamentu governamentl;
d) Informa Prezidente da-Repblika kona-ba asuntu neeb iha relasaun ho Governu nia poltika interna ka esterna;
e) Ezerse funsaun seluk neeb Konstituisaun ka lei f.
2. Ministru ida-idak iha kompetnsia atu:
a) Ezekuta poltika neeb define tiha ona ba nia ministriu;
b) Asegura Governu nia relasaun ho Estadu nia rgaun sira seluk,
iha nia ministriu nia laran.
3. Primeiru-Ministru no ministru kompetente kona-ba matria maka
asina Governu nia diploma lejislativu.
378
11/10/18 12:23:20
Artigo 117.
(Competncia dos membros do Governo)
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (arts. 207. e
208.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 201.).
2 Direito timorense: Lei n. 1/2002, de 7 de agosto (Publicao dos Atos); Lei n.
6/2010, de 12 de maio (Tratados Internacionais).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 105.; 115..
II Anotao
1 As competncias dos membros do Governo esto individualizadas neste
artigo. Esto, em primeiro lugar, previstas as competncias do Primeiro-Ministro, que cumulativamente o Chefe de Governo (alnea a)) e o Presidente
do Conselho de Ministros (alnea b)). o Estatuto Orgnico do Governo que,
no exerccio da competncia legislativa exclusiva relativa sua prpria organizao e funcionamento (art. 105., n. 3), define as competncias individuais
de cada um dos membros do Governo.
2 As competncias do Primeiro-Ministro so essencialmente de ndole poltica. Alm de chefiar o Governo e de presidir ao Conselho de Ministros, cabe-lhe dirigir e orientar a poltica geral do Governo. Por isso mesmo acumula
a competncia para coordenar a ao de todos os Ministros, que a chefia do
Governo e a presidncia do Conselho de Ministros lhe impe. Cabe ao Primeiro-Ministro, apesar de o artigo expressamente no o referir, representar
externamente o Governo. Por isso mesmo o PM no carece de qualquer documento de plenos poderes para a vinculao externa do Estado, nos termos do
art. 5., n. 3, da Lei n. 6/2010, de 12 de maio. Tambm nessa medida, o PM se
responsabiliza internamente pela prestao de informaes ao Presidente da
Repblica sobre os assuntos relativos poltica interna e externa do Governo,
no mbito da relao de responsabilidade do Governo perante o PR. Cabe ao
PM exercer as demais funes atribudas pela Constituio e pela lei, nomeadamente quanto composio do Governo.
3 Os Ministros detm competncias limitadas de definio poltica, fora do
quadro de deciso colegial do Conselho de Ministros. As funes que lhes
cabem, nos termos do n. 2 deste artigo, consistem na execuo da poltica
definida para os seus Ministrios, bem como na garantia das relaes entre o
Governo e os demais rgos do Estado, no mbito do respetivo Ministrio.
o Estatuto Orgnico de cada Ministrio que define as competncias de cada
um dos Ministros, bem como a relao com os demais membros do Governo
e com os seus Secretrios de Estado.
379
11/10/18 12:23:20
Artigo 117.
(Competncia dos membros do Governo)
380
11/10/18 12:23:20
Artigo 118.
(Funo jurisdicional)
TTULO V
TRIBUNAIS
CAPTULO I
TRIBUNAIS E MAGISTRATURA JUDICIAL
Artigo 118.
(Funo jurisdicional)
1. Os tribunais so rgos de soberania com competncia para administrar a
justia em nome do povo.
2. No exerccio das suas funes, os tribunais tm direito coadjuvao das
outras autoridades.
3. As decises dos tribunais so de cumprimento obrigatrio e prevalecem
sobre todas as decises de quaisquer autoridades.
Artigu 118.
(Funsaun jurisdisionl)
1. Tribunl sira tuur hanesan rgaun soberanu neeb iha kompetnsia
atu administra justisa ho povu nia naran.
2. Kuandu kaer nia funsaun tribunl sira iha direitu atu hetan ajuda
hosi autoridade sira seluk.
3. Tribunl sira-nia desizaun ema hotu tenke tuir no autoridade naran
ida nia desizaun tenke f fatin ba desizaun nee.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (arts. 174. e 177.,
n. 2); Constituio da Repblica de Cabo Verde (arts. 209., n. 1, e 210., n.os 7 e 8);
Constituio da Repblica de Moambique (arts. 212. e 215.); Constituio da Repblica Portuguesa (arts. 202. e 205.); Constituio da Repblica Democrtica de So
Tom e Prncipe (arts. 120. e 122.).
2 Direito timorense: Cdigo Penal, aprovado pelo DL n. 19/2009, de 8 de abril, e
alterado pela Lei n. 6/2009, de 15 de julho (art. 284.).
3 Legislao da UNTAET: Regulamento UNTAET n. 2000/11, alterado pelo Regulamento UNTAET n. 2000/25 (Organizao dos Tribunais em Timor-Leste) arts.
6.-A e 17..
4 Doutrina: Pedro Carlos BACELAR DE VASCONCELOS, A Crise da Justia,
Cadernos Democrticos, Lisboa, Fundao Mrio Soares e Gradiva, 1998; Antnio
CASTANHEIRA NEVES, Metodologia jurdica. Problemas fundamentais, Coimbra, Coimbra Editora, 1993; Jos Joaquim GOMES CANOTILHO, Direito Constitucional e Teoria da Constituio, 7.a ed., Coimbra, Almedina, 2010; Jorge MIRANDA,
Manual Direito Constitucional Tomo V, Atividade Constitucional do Estado (4.a ed.
Revista e Atualizada), Coimbra, Coimbra Editora, 2011.
381
11/10/18 12:23:21
Artigo 118.
(Funo jurisdicional)
5 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 2.; 69.; 86., alnea j); 95., n. 3,
alnea a); 119.; 121.; 124., n. 3; 125., n. 2, alnea a); 128., n.os 1 e 2, alnea c).
II Anotao
1 A funo jurisdicional, ou administrao da justia, constitui o exerccio
de uma autoridade soberana que atravs do princpio da separao dos poderes foi investida nos tribunais o poder judicial de que os juzes so titulares
exclusivos.
2 Os tribunais administram a justia em nome do povo em quem reside a
soberania (art. 2., n. 1). a Constituio a primeira fonte da legitimidade do
exerccio da funo jurisdicional em nome do povo. Os tribunais so rgos
de soberania, equiordenados face aos demais, e perante os quais gozam de
uma especial posio de independncia, apenas se sujeitando Constituio
e lei, nos termos do art. 119.. A independncia dos tribunais concretizada
em diversas garantias, em especial, como sejam a exclusividade no exerccio
da funo jurisdicional (art. 121., n. 1), a inamovibilidade (art. 121., n. 3), a
irresponsabilidade (art. 121., n. 4). Para assegurar a observncia desta especial posio de independncia, os juzes gozam de garantias de autogoverno,
por exemplo, na gesto da sua carreira ou no exerccio da disciplina, atravs
do Conselho Superior de Magistratura (art. 128.). Nesse sentido compreende-se tambm a interveno legitimadora dos restantes rgos de soberania para
a sua nomeao. Ao Presidente da Repblica compete nomear o Presidente do
Supremo Tribunal de Justia e de um dos membros do Conselho Superior da
Magistratura Judicial e empossar o Presidente do Tribunal Superior Administrativo, Fiscal e de Contas (arts. 86., alnea j), e 124., n. 3). Ao Parlamento
Nacional compete ratificar a nomeao do Presidente do Supremo Tribunal
de Justia e nomear um dos membros do Conselho Superior da Magistratura
Judicial e um dos juzes do Supremo Tribunal de Justia (art. 95., n. 3, alnea
a), e art. 125., n. 2, alnea a)). Ao Governo compete nomear um dos membros
do Conselho Superior da Magistratura Judicial (art. 128., n. 2, alnea c)) e
ao Conselho Superior da Magistratura Judicial, presidido pelo Presidente do
Supremo Tribunal de Justia, compete nomear, colocar, transferir e promover
os juzes (art. 128., n.os 1 e 2).
3 Este artigo no oferece uma definio do que seja o exerccio da funo
jurisdicional, limitando-se a uma formulao ampla de administrar a justia. O exerccio da funo jurisdicional consubstancia-se em decises judi-
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Artigo 118.
(Funo jurisdicional)
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Artigo 118.
(Funo jurisdicional)
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Artigo 119.
(Independncia)
Artigo 119.
(Independncia)
Os tribunais so independentes e apenas esto sujeitos Constituio e lei.
Artigu 119.
(Independnsia)
Tribunl sira independente no hakruuk deit ba Konstituisaun no lei.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 175.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 211., n. 1); Constituio da Repblica da
Guin-Bissau (art. 120., n. 4); Constituio da Repblica da Indonsia (art. 24.,
n. 1); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 203.); Constituio da Repblica
Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 121.).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 1., n. 1; 26.; 69.; 121..
II Anotao
1 A independncia dos tribunais uma condio imposta pelo princpio do
Estado de Direito democrtico, consagrado no art. 1., n. 1, da Constituio,
e consiste na expresso essencial e permanente do princpio da Separao dos
Poderes que se encontra previsto no art. 69.. De outra maneira, no podiam os
tribunais assegurar de forma isenta e imparcial o direito universal de acesso
justia (art. 26.) para defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos
dos particulares, em litgio com o Estado ou com outras entidades privadas.
2 A subordinao exclusiva lei e Constituio garante a autonomia dos
tribunais contra quaisquer tentativas de intruso ou de influncia por parte
dos outros rgos de soberania ou outros poderes sociais.
3 A independncia dos tribunais articula-se e complementa-se com a garantia da independncia dos juzes (art. 121., n. 2) no exerccio da funo
jurisdicional de que so os nicos titulares (art. 121., n. 1), a garantia da inamovibilidade (art. 121., n. 3) que reserva ao Conselho Superior da Magistratura a nomeao, colocao, transferncia, promoo e ao disciplinar (art.
128.) e, por fim, a garantia da irresponsabilidade pelos seus julgamentos e
decises (art. 121., n. 4).
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Artigo 120.
(Apreciao de inconstitucionalidade)
Artigo 120.
(Apreciao de inconstitucionalidade)
Os Tribunais no podem aplicar normas contrrias Constituio ou aos
princpios nela consagrados.
Artigu 120.
(Apresiasaun ba konstitusionalidade)
Tribunl sira labele aplika norma neeb la tuir Konstituisaun ka prinspiu neeb Konstituisaun konsagra (41).
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 211., n.
3); Constituio da Repblica de Moambique (art. 214.); Constituio da Repblica
Portuguesa (art. 204.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 129., n. 1).
2 Doutrina: Pedro Carlos BACELAR DE VASCONCELOS, A Crise da Justia,
Cadernos Democrticos, Lisboa, Fundao Mrio Soares e Gradiva, 1998; ID, Controlo do Poder Teoria Geral do Controlo Jurdico do Poder Pblico, Lisboa, Edies Cosmos, 1996; Jos Joaquim GOMES CANOTILHO, Constituio Dirigente e
Vinculao do Legislador Contributo para a Compreenso das Normas Constitucionais Programticas, Coimbra, Coimbra Editora, 2.a ed., 2001; Jorge MIRANDA,
Ma-nual de Direito Constitucional, Tomo V Atividade Constitucional do Estado, 3.a
ed., Coimbra, Coimbra Editora, 2004.
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 2., n. 2; 126.; 149. e ss.
II Anotao
1 A vinculao dos tribunais Constituio a garantia decisiva da realizao do princpio da legalidade, segundo o qual o Estado se encontra vinculado Constituio e lei, nos termos do art. 2., n. 2, num dos princpios centrais do constitucionalismo moderno na limitao e legitimao do
exerccio do poder pela sua sujeio ao Direito. A referncia do art. 2., n. 2,
naturalmente, refere-se a todos os rgos do Estado, no exerccio de qualquer
das funes separadas no controlo recproco do poder, assim como a todo o
bloco de juridicidade vigente.
2 Neste artigo est em causa a apreciao da constitucionalidade pelos tribunais, o que, se por um lado, aponta para a primazia normativa da Constituio sobre as demais normas do ordenamento jurdico, por outro lado,
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Artigo 120.
(Apreciao de inconstitucionalidade)
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Artigo 120.
(Apreciao de inconstitucionalidade)
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11/10/18 12:23:22
Artigo 121.
(Juzes)
Artigo 121.
(Juzes)
1. A funo jurisdicional exclusiva dos juzes, investidos nos termos da lei.
2. No exerccio das suas funes, os juzes so independentes e apenas devem
obedincia Constituio, lei e sua conscincia.
3. Os juzes so inamovveis, no podendo ser suspensos, transferidos, aposentados ou demitidos, seno nos termos da lei.
4. Para a garantia da sua independncia os juzes no podem ser responsabilizados pelos seus julgamentos e decises, salvo nos casos previstos na lei.
5. A lei regula a organizao judiciria e o estatuto dos magistrados judiciais.
Artigu 121.
(Juz)
1. Juz sira-neeb simu pose tuir lei maka bele kaer funsaun jurisdisionl (42).
2. Kuandu kaer sira-nia funsaun juz sira ema independente no tenke
tuir deit Konstituisaun, lei no sira-nia konxinsia.
3. Juz sira ema inamovivel, bele hetan suspensaun, transfernsia, apozentasaun ka demisaun tuir deit lei haruka.
4. Atu garante juz sira nia independnsia juz sira labele hetan responsabilidade tanba sira-nia julgamentu ka desizaun, salvu iha situasaun
neeb lei prevee.
5. Lei regula organizasaun judisiria no majistradu judisil sira-nia
estatutu.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 179., n.os 1 a 3);
Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 222., n.os 1, 3, 4 e 5); Constituio da
Repblica de Moambique (arts. 217. e 218.); Constituio da Repblica Portuguesa
(arts. 215., 216., n. os 1 e 2, e 217.).
2 Direito timorense: Lei n. 8/2002, de 20 de setembro, alterada pela Lei n.
11/2004, de 29 de dezembro (Estatuto dos Magistrados Judiciais); DL n. 15/2004, de
1 de setembro (Recrutamento e Formao para as Carreiras Profissionais da Magistratura e da Defensoria Pblica); Lei n. 10/2009, de 5 de agosto, alterada pela Lei n.
16/2009, de 23 de dezembro (Estatuto Remuneratrio dos Magistrados Judiciais, dos
Magistrados do Ministrio Pblico e dos Agentes da Defensoria Pblica).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Art. 69..
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11/10/18 12:23:23
Artigo 121.
(Juzes)
II Anotao
1 Os juzes so os nicos titulares do rgo de soberania Tribunais. S os
juzes investidos nos termos da lei podem exercer a funo de dizer o direito,
ou seja, atravs de uma deciso, aplicar a lei ao caso concreto que trazido ao
tribunal e pr fim ao litgio que o suscitou.
2 A independncia dos juzes condio da independncia dos tribunais.
O juiz no se subordina s ordens ou instrues de qualquer autoridade, no
deve ceder a presses vindas de qualquer autoridade ou particular para obter
decises que violem a lei e a justia.
3 S nos casos previstos na lei e seguindo os procedimento legais, conforme
as competncias prprias do Conselho Superior de Magistratura, se pode suspender um juiz do exerccio das suas funes, transferi-lo de um tribunal para
outro, pass-lo situao de aposentado ou demiti-lo das suas funes.
4 S nas situaes particularmente graves previstas na lei que o juiz pode
ser responsabilizado por causa dos seus julgamentos ou decises.
5 O estatuto dos magistrados judiciais estabelecido pela Lei n. 8/2002, de
5 de novembro, alterado pela Lei n. 11/2005, de 29 de dezembro.
A formao dos juzes est regulada pelo DL n. 15/2004, de 1 de setembro,
e a sua remunerao regulada pela Lei n. 10/2009, de 5 de agosto, alterada
pela Lei n. 16/2009, de 23 de dezembro.
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11/10/18 12:23:23
Artigo 122.
(Exclusividade)
Artigo 122.
(Exclusividade)
Os juzes em exerccio no podem desempenhar qualquer outra funo pblica ou privada, excetuada a atividade docente ou de investigao cientfica de
natureza jurdica, nos termos da lei.
Artigu 122.
(Eskluzividade)
Juz sira-neeb kaer daudaun funsaun labele kaer funsaun seluk, publika ka privada, salvu atividade dosente ka kona-ba investigasaun
sientfika ho natureza jurdika, tuir lei.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 179., n. 5); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 222., n. 7); Constituio da Repblica de
Moambique (art. 219.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 216., n. os 3 a 5).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 118.; 121..
II Anotao
1 Os juzes no podem acumular o exerccio das funes que lhes so prprias com outra profisso ou quaisquer outras funes, pblicas ou privadas,
porque a sua independncia seria afetada pela sobreposio de outras vinculaes funcionais que poderiam dar azo a fundadas suspeitas quanto sua
imparcialidade e iseno.
2 Esta proibio no impede os juzes de exercer funes de gesto administrativa e financeira nos tribunais atribudas por lei, precisamente, para evitar
oportunidades de ingerncia externa que ameacem a sua autonomia.
3 O exerccio da funo jurisdicional no compromete a possibilidade de os
juzes participarem nas atividades de ensino e de investigao cientfica que
sejam de natureza jurdica, nos termos em que a lei o autorizar e regular.
391
11/10/18 12:23:23
Artigo 123.
(Categorias de tribunais)
Artigo 123.
(Categorias de tribunais)
1. Na Repblica Democrtica de Timor-Leste existem as seguintes categorias
de tribunais:
a) Supremo Tribunal de Justia e outros tribunais judiciais;
b) Tribunal Superior Administrativo, Fiscal e de Contas e tribunais administrativos de primeira instncia;
c) Tribunais militares.
2. So proibidos tribunais de exceo e no haver tribunais especiais para o
julgamento de determinadas categorias de crime.
3. Podem existir tribunais martimos e arbitrais.
4. A lei determina a constituio, a organizao e o funcionamento dos tribunais previstos nos nmeros anteriores.
5. A lei pode institucionalizar instrumentos e formas de composio no jurisdicional de conflitos.
Artigu 123.
(Tribunl sira-nia kategoria)
1. Iha Repblika Demokrtika Timr-Leste iha tribunl ho kategoria
sira-nee:
a) Supremu Tribunl ba Justisa ho tribunl judisil sira seluk;
b) Tribunl Superir Administrativu, Fiskl no ba Kontas ho tribunl administrativu iha instnsia dahuluk sira;
c) Tribunl militr sira.
2. Labele iha tribunl de-exesaun no labele iha tribunl espesil atu
julga deit krime ho kategoria determinada.
3. Bele iha tribunl martimu no arbitrl.
4. Lei maka regula tribunl sira-neeb nmeru anterir sira prevee nia
konstituisaun, organizasaun no funsionamentu.
5. Lei bele institusionaliza instrumentu no forma atu halo kompozisaun (43) la jurisdisionl ba konflitu (44).
(43) Kompozisaun (s) Rezolusaun; solusaun; reparasaun. Ho kompozisaun ita hadia tiha buat
ruma neeb lao ladiak entre ema rua ka barak-liu.
(44) Kompozisaun la jurisdisionl ba konflitu = Solusaun ba konflitu neeb las tribunl maka
f.
392
11/10/18 12:23:23
Artigo 123.
(Categorias de tribunais)
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 176.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 214.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 223.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 209.); Constituio da
Repblica de So Tom e Prncipe (art. 126.).
2 Legislao da UNTAET: Regulamento UNTAET n. 2000/11, de 6 de maro; Regulamento UNTAET n. 2000/14, de 10 de maio (Emenda ao Regulamento UNTAET
n. 2000/11); Regulamento UNTAET n. 2000/15, de 6 de junho (Criao de Cmaras
com Jurisdio Exclusiva sobre Delitos Criminais Graves); Regulamento UNTAET
n. 2001/18, de 21 de julho (Emenda ao Regulamento UNTAET n. 2000/11); Regulamento UNTAET n. 2001/25, de 14 de setembro (Emenda ao Regulamento UNTAET
n. 2000/11 e ao Regulamento n. 2000/30).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 124.; 125.; 126.; 127.; 129.;
130.; 163.; 164..
II Anotao
1 No obstante exercerem competncias de diversa natureza (civil, penal,
administrativa, constitucional e de contas), cada tribunal constitui um rgo
de soberania.
2 A organizao judiciria rege-se pelo Regulamento n. 2000/11, alterado
pelos Regulamentos da UNTAET n. 2000/14, n. 2001/18 e n. 2001/25, que
se mantm em vigor at instalao e incio de funes de novo sistema judicirio, conforme a disposio transitria do art. 163., n. 2, da Constituio.
3 O Regulamento UNTAET n. 2000/11, de 6 de maro, criou um Tribunal
de Recurso, com jurisdio nacional, e oito Tribunais Distritais com competncia para todas as matrias em primeira instncia. O nmero de Tribunais
Distritais foi todavia reduzido pelo Regulamento n. 2000/14, de 10 de maio.
Atualmente, alm do Tribunal de Recurso sediado em Dli, existem quatro
Tribunais Distritais: Baucau, com jurisdio nos Distritos de Baucau, Lautm,
Viqueque e Manatuto; Suai, com jurisdio nos Distritos de Covalima, Bobonaro, Ainaro e Manufahi; Oe-Cusse, com jurisdio no Distrito de Oe-Cusse;
e Dli, com jurisdio nos Distritos de Dli, Liqui, Ermera e Aileu.
4 Os Regulamentos n. 2001/18, de 21 de julho, e n. 2001/25, de 14 de
setembro, no introduziram relevantes alteraes no que toca organizao
judiciria timorense.
5 O Regulamento UNTAET n. 2000/11 estabeleceu ainda que o Tribunal
Distrital de Dli tem competncia exclusiva sobre os seguintes crimes graves:
393
11/10/18 12:23:24
Artigo 123.
(Categorias de tribunais)
genocdio; crimes de guerra; crimes contra a humanidade; assassinatos; crimes sexuais e tortura. Relativamente aos crimes de assassinato e tortura, o
Tribunal Distrital de Dli ter competncia exclusiva apenas se o delito tiver
sido cometido no perodo que medeia o dia 1 de janeiro de 1999 e o dia 25 de
outubro de 1999.
Ainda de acordo com o Regulamento UNTAET n. 2000/11, a competncia
exclusiva do Tribunal Distrital de Dli sobre os delitos criminais graves no
afetar a competncia de um tribunal internacional para Timor-Leste sobre
tais delitos, quando este tribunal vier a ser criado.
6 A competncia exclusiva no mbito dos crimes graves atribuda ao Tribunal Distrital de Dli no sofreu qualquer modificao, em virtude da entrada em vigor dos Regulamentos da UNTAET n. 2000/14, n. 2001/18 e n.
2001/25.
7 O Regulamento UNTAET n. 2000/15, de 6 de junho de 2000, veio concretizar a competncia exclusiva do Tribunal Distrital de Dli no mbito dos
crimes graves, estabelecendo que sero criados coletivos de juzes dentro
deste tribunal para proceder a audincias e decidir sobre recursos apresentados no mbito dos delitos criminais graves, tais como definidos pelos Regulamentos UNTAET n. 2000/11 e n. 2000/15. Os coletivos de juzes tero
jurisdio universal no mbito dos crimes de genocdio, crimes de guerra e
crimes contra a humanidade. O Regulamento UNTAET n. 2000/15 precisou
o alcance da expresso jurisdio universal, ao definir que os coletivos de
juzes tero competncia para conhecer dos delitos criminais graves cometidos em territrio de Timor-Leste ou cometidos por um cidado timorense ou,
ainda, cometidos contra um cidado timorense.
8 Ainda de acordo com o Regulamento UNTAET n. 2000/15, os coletivos
de juzes tero competncia sobre crimes cometidos em Timor-Leste at 25 de
outubro de 1999, nos termos a enunciados.
394
11/10/18 12:23:24
Artigo 124.
(Supremo Tribunal de Justia)
Artigo 124.
(Supremo Tribunal de Justia)
1. O Supremo Tribunal de Justia o mais alto rgo da hierarquia dos tribunais judiciais e o garante da aplicao uniforme da lei, com jurisdio em
todo o territrio nacional.
2. Ao Supremo Tribunal de Justia compete tambm administrar justia em
matrias de natureza jurdico-constitucional e eleitoral.
3. O Presidente do Supremo Tribunal de Justia nomeado para um mandato
de quatro anos pelo Presidente da Repblica, de entre os juzes do Supremo
Tribunal de Justia.
Artigu 124.
(Supremu Tribunl ba Justisa)
1. Supremu Tribunl ba Justisa maka tribunl judisil sira-nia rgaun
ierrkiku ida aas-liu no garante lei nia aplikasaun uniforme, ho jurisdisaun iha territriu nasionl tomak.
2. Supremu Tribunl ba Justisa maka iha ms kompetnsia (45) atu administra justisa kona-ba matria ho natureza jurdiku-konstitusionl
no eleitorl.
3. Prezidente da-Repblika maka nomeia Supremu Tribunl ba Justisa
nia Prezidente, ho mandatu ba tinan haat, hosi Supremu Tribunl ba
Justisa nia juz sira.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (arts. 176., n. 2, alnea
a), e 181., n.os 1 e 4); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 214.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 120., n.os 1, 2 e 3); Constituio da Repblica
da Indonsia (arts. 24., n. 2, 24.-A, n.os 1 e 4); Constituio da Repblica de Moambique (arts. 225. e 226., n. 2); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 210., n.os
1 e 2); Constituio da Repblica de So Tom e Prncipe (art. 127.).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 68.; 79., n.os 2, 4 e 6; 82., n. 2;
85., alnea e); 86., alnea j); 95., n. 3; 123., n. 1, alnea a); 125.; 126.; 127.; 128.,
n. 2; 133., n. 5; 149.; 151.; 152..
(45) Kompetnsia (s) podr lubun ida-neeb lei f ba rgaun ida atu hetan fin ka objetivu neeb
lei f ba rgaun nee.
395
11/10/18 12:23:24
Artigo 124.
(Supremo Tribunal de Justia)
II Anotao
1 Aguardando a concretizao legislativa prevista nas normas constitucionais transitrias (arts. 163. e 164.), o Supremo Tribunal de Justia a instncia judicial mxima de Timor-Leste, garante da aplicao uniforme da lei.
Neste momento, o mais alto rgo da hierarquia dos tribunais judiciais o
Tribunal de Recurso.
2 O Supremo Tribunal de Justia tem competncias prprias em matria
constitucional e eleitoral, de acordo com o estabelecido no art. 126. da Constituio.
3 O n. 3 do art. 124. contm uma originalidade face aos modelos de autogoverno existentes em outros ordenamentos jurdicos comparados, e que em
Timor-Leste se acolhe nas competncias do Conselho Superior de Magistratura previstas no art. 128., ao prever que o Presidente do Supremo Tribunal
de Justia seja nomeado pelo Presidente da Repblica de entre os seus pares.
4 Nos termos do art. 129., n. 1, a competncia do Tribunal Superior Administrativo, Fiscal e de Contas no prejudica a competncia prpria do Supremo Tribunal de Justia, designadamente, em matria de uniformidade da
aplicao da lei, jurisdio eleitoral e fiscalizao da constitucionalidade.
396
11/10/18 12:23:24
Artigo 125.
(Funcionamento e composio)
Artigo 125.
(Funcionamento e composio)
1. O Supremo Tribunal de Justia funciona:
a) Em seces, como tribunal de primeira instncia, nos casos previstos
na lei;
b) Em plenrio, como tribunal de segunda e nica instncia, nos casos
expressamente previstos por lei.
2. O Supremo Tribunal de Justia composto por juzes de carreira, por magistrados do Ministrio Pblico ou por juristas de reconhecido mrito, em
nmero a ser estabelecido por lei, sendo:
a) Um eleito pelo Parlamento Nacional;
b) E os demais designados pelo Conselho Superior da Magistratura Judicial.
Artigu 125.
(Funsionamentu no kompozisaun (46))
1. Supremu Tribunl ba Justisa funsiona:
a) Iha sesaun, hanesan tribunl iha instnsia dahuluk, iha situasaun
neeb lei prevee;
b) Iha plenriu, hanesan tribunl iha instnsia daruak no mesak,
iha situasaun neeb lei prevee.
2. Supremu Tribunl ba Justisa sei tuur juz iha karreira sira, majistradu iha Ministriu Pbliku ka jurista ho mritu (47) rekoesidu (48),
neeb lei sei dehan ema nain hira, no juz sira-nee:
a) Ida Parlamentu maka hili;
b) Sira seluk Konsellu Superir ba Majistratura Judisil maka nomeia.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 181., n. 2); Constituio da Repblica da Indonsia (art. 24.-A, n. 3); Constituio da Repblica de
Moambique (arts. 226., n.os 1, 3, 4, e 227.); Constituio da Repblica Portuguesa
(art. 215., n. 4).
(46) Kompozisaun (s) Konstituisaun; formasaun. Oins tau hamutuk elementu sira-neeb forma buat tomak ida.
(47) Mritu (s) Valr; valr morl no intelektul; karaterstika neeb halo ema ruma ka buat
ruma sai diak liu ema sira seluk. Jurista ho mritu = jurista neeb iha valr morl, intelektul
no tkniku aas liu jurista baibain.
(48) Rekoesidu (adj) Neeb rekoese ka konfirma tiha ona; neeb hatudu tiha ona.
397
11/10/18 12:23:25
Artigo 125.
(Funcionamento e composio)
II Anotao
1 No se encontra ainda cumprida, legalmente, no quadro da organizao
judiciria, a imposio deste artigo quanto ao funcionamento e composio
do Supremo Tribunal de Justia. A imposio constituinte, prevista neste artigo, condiciona de forma vinculativa essa interveno legal ordinria. Nos
termos deste artigo, o Supremo Tribunal de Justia funcionar em seces,
como tribunal de primeira instncia e em plenrio, como tribunal de segunda
e nica instncia, nos casos em que a lei o venha a prever.
2 O STJ funcionar em primeira instncia, como instncia nica, por exemplo, no exerccio das competncias constitucional e eleitoral, nos termos previstos no art. 126. da Constituio. Por outro lado, funcionar como primeira
instncia, mas no nica, porque dever ser suscetvel de recurso, segundo
exemplos comparados, por exemplo, nos casos de efetivao de responsabilidade criminal dos titulares de cargos polticos, por crimes cometidos no
exerccio de funes. Esta competncia poder ser atribuda s seces ou ao
plenrio, dependendo tambm dos cargos em causa, mas, em qualquer destes
casos, fundamental, para obviar a qualquer dvida, garantir o direito de
recurso aos arguidos, nomeadamente, para uma formao mais alargada do
mesmo STJ.
3 O STJ ser composto por juzes de carreira, por magistrados do Ministrio
Pblico ou por juristas de reconhecido mrito, em nmero que ser definido
pela lei ordinria. O art. 127. estabelece, entre as condies de elegibilidade,
um requisito adicional aos membros do STJ, exigindo-lhes cidadania nacional. Um desses juzes ser eleito pelo Parlamento Nacional, em sintonia com
o princpio constitucional de legitimao democrtica dos rgos de soberania, mesmo que indireta, dos tribunais que, nos termos do artigo, exercem
a justia em nome do povo. Esta exigncia especialmente relevante no
exerccio, pelo STJ, de competncia constitucional e eleitoral (art. 126.). Os
demais juzes so designados pelo Conselho Superior da Magistratura Judicial, em obedincia ao princpio do autogoverno dos tribunais, como rgo
de soberania (arts. 118. e ss.), decorrente da independncia dos tribunais.
A consagrao constitucional da independncia dos tribunais (art. 119.), no
cumprimento do princpio da separao de poderes (art. 69.), uma das mais
decisivas garantias da especial legitimidade da sua atuao.
398
11/10/18 12:23:25
Artigo 126.
(Competncia constitucional e eleitoral)
Artigo 126.
(Competncia constitucional e eleitoral)
1. Ao Supremo Tribunal de Justia compete, no domnio das questes jurdico-constitucionais:
a) Apreciar e declarar a inconstitucionalidade e ilegalidade dos atos legislativos e normativos dos rgos do Estado;
b) Verificar previamente a constitucionalidade e a legalidade dos diplomas
legislativos e dos referendos;
c) Verificar a inconstitucionalidade por omisso;
d) Decidir, em sede de recurso, sobre a desaplicao de normas consideradas inconstitucionais pelos tribunais de instncia;
e) Verificar a legalidade da constituio de partidos polticos e suas coligaes e ordenar o seu registo ou extino, nos termos da Constituio e da
lei;
f) Exercer todas as outras competncias que lhe sejam atribudas na Constituio ou na lei.
2. No domnio especfico das eleies, cabe ao Supremo Tribunal de Justia:
a) Verificar os requisitos legais exigidos para as candidaturas a Presidente
da Repblica;
b) Julgar em ltima instncia a regularidade e validade dos atos do processo eleitoral, nos termos da lei respetiva;
c) Validar e proclamar os resultados do processo eleitoral.
Artigu 126.
(Kompetnsia konstitusionl no eleitorl)
1. Supremu Tribunl ba Justisa iha kompetnsia, kona-ba kestaun jurdiku-konstitusionl atu:
a) Apresia (49) no deklara atu lejislativu no normativu sira-neeb
Estadu nia rgaun sira halo nia inkonstitusionalidade no ilegalidade;
b) Verifika previamente diploma lejislativu ka referendu sira-nia
konstitusionalidade no legalidade;
c) Verifika inkonstitusionalidade tanba omisaun;
d) Deside, iha rekursu, kona-ba tribunl de-instnsia nia dezaplikasaun ba norma sira-neeb tribunl sira-nee konsidera inkonstitusionl;
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Artigo 126.
(Competncia constitucional e eleitoral)
II Anotao
1 O Supremo Tribunal de Justia desempenha as competncias constitucionais e eleitorais previstas neste artigo, em larga medida, concretizao do
disposto no art. 120. relativamente apreciao da constitucionalidade das
leis. O regime da Garantia da Constituio encontra-se desenvolvido nos
arts. 149. e ss., aqui se limitando a enunciar a competncia com referncia ao
Supremo Tribunal de Justia.
2 Na concretizao desta competncia, o STJ que aprecia e declara em
ltima instncia, uma vez que todos os tribunais esto obrigados a efetuar
esse controlo, a inconstitucionalidade e ilegalidade dos atos legislativos e nor400
11/10/18 12:23:25
Artigo 126.
(Competncia constitucional e eleitoral)
mativos dos rgos do Estado. Esta competncia exerce-se sobre qualquer ato
legislativo, no ordenamento jurdico inaugurado pela Constituio, as leis do
Parlamento Nacional e os decretos-lei aprovados pelo Governo. Estes podem
enfermar de inconstitucionalidade, por violao das normas constitucionais,
ou de ilegalidade, o que indicia a possibilidade de normas legislativas violarem outras normas legislativas preeminentes.
3 A Constituio prev os casos de vinculao legal do legislador, como
sejam as leis de autorizao legislativa, definidas no art. 96.; o desenvolvimento legal dos regimes de bases, por exemplo, do sistema de ensino ou do
sistema de segurana social e de sade, em exclusivo consagradas ao PN pelo
art. 95., n. 1, alneas n) e m), respetivamente. Poder-se- ainda encontrar
uma outra limitao ao legislador na proibio de apresentao de projetos ou
propostas de lei ou de alterao que envolvam, no ano econmico em que so
apresentados, aumento das despesas ou diminuio das receitas do Estado
previstas no OGE, nos termos do art. 97., n. 2. Fora destes casos, no h na
Constituio, qualquer referncia a um regime de hierarquia dos atos legislativos. Na relao entre os atos legislativos, fora dos casos referidos, vale, pois,
o princpio lex posteriori derrogat legi priori.
4 A jurisprudncia, pelos Acrdos do Tribunal de Recurso nos Processos
n.os 04/2008 e 01-CONST-11, em sede de controlo abstrato da constitucionalidade, admitiu a vinculao do OGE ao contedo da Lei n. 9/2005, de 3
de agosto (Lei do Fundo Petrolfero), na perspetiva da ilegalidade dos atos
normativos como uma inconstitucionalidade indireta
como lei ordinria de
vinculao especfica (Ac. do TR no Processo n.
01-CONST-11).
5 Os demais atos normativos referidos neste artigo sero os regulamentos
adotados no desenvolvimento de textos legislativos, aos quais naturalmente
se subordinam. No parece ser de aceitar uma atividade regulamentar administrativa independente, diretamente vinculada na Constituio, apesar da
referncia no art. 115., alnea e), competncia governamental para regulamentar a atividade econmica e a dos setores sociais, que no poder ser
tomada alm do sentido literal que tem. A intermediao legal assim exigida
s normas administrativas regulamentares aconselha alguma cautela na possibilidade de estas violarem diretamente a Constituio e enfermarem de inconstitucionalidade, nos termos deste artigo. Sempre haver que previamente
indagar das cadeias de autorizao legislativa aqui estabelecidas.
401
11/10/18 12:23:26
Artigo 126.
(Competncia constitucional e eleitoral)
6 Ainda no que se refere ao controlo da constitucionalidade da ao legislativa, cabem ao STJ diversas competncias, adiante desenvolvidas no regime
da Garantia da Constituio, nos arts. 149. e ss. A fiscalizao preventiva
da constitucionalidade dos diplomas legislativos que sejam submetidos ao
PR para promulgao encontra-se desenvolvida no art. 149.. Esta competncia est aqui limitada a verificar a constitucionalidade e legalidade apenas
dos diplomas legislativos (que so aqueles sujeitos a promulgao presidencial) e no de qualquer ato normativo, como no nmero anterior. Tambm os
referendos (art. 66.) estaro sujeitos a este controlo, nos termos da alnea b)
do n. 1 deste artigo. O regime da efetivao da inconstitucionalidade por
omisso encontra-se desenvolvido no art. 151. a favor do PR, do PGR e do
Provedor de Direitos Humanos e Justia. Compete ainda ao STJ, em termos
desenvolvidos no art. 152., decidir, em sede de recurso, sobre a desaplicao
de normas consideradas inconstitucionais pelos tribunais de instncia.
7 Cabe ainda ao STJ verificar a legalidade da constituio de partidos polticos, bem como das suas coligaes, alm de lhe caber ordenar o seu registo
ou extino, nos termos da Constituio (art. 70.) e da lei (Lei n. 3/2004, de
14 de abril (Organizao, estrutura e financiamento de partidos polticos e
associaes cvicas)).
8 No mbito da competncia eleitoral do STJ, compete-lhe verificar o cumprimento dos requisitos legais exigidos para os candidatos a Presidente da
Repblica, nos termos do art. 75. e da Lei n. 7/2006, de 28 de dezembro
(Lei Eleitoral para o PR). Cabe-lhe, tambm, julgar em ltima instncia a
regularidade e validade dos atos do processo eleitoral, nos termos da lei respetiva, alm da Lei Eleitoral para o PR, nos termos da Lei n. 6/2006, de 28 de
dezembro (Lei Eleitoral do Parlamento Nacional). No mbito do contencioso
eleitoral, cabe tambm ao STJ, nos termos do n. 2, alnea c), deste artigo,
validar e proclamar os resultados do processo eleitoral assim sucede no caso
das eleies para o PN (art. 50. da Lei n. 6/2006, de 28 de dezembro), das
eleies presidenciais (art. 48. da Lei n. 7/2006, de 28 de dezembro, Lei Eleitoral para o Presidente da Repblica) ou no caso das eleies para as Lideranas Locais, nos termos do art. 33., n. 5, da Lei n. 3/2009, de 8 de julho (Lei
das Lideranas Comunitrias e sua Eleio). A interveno legislativa relativa
s eleies para os rgos do poder local, nos termos referidos no art. 72.,
estar vinculada observncia do disposto neste artigo quanto competncia
do STJ para a validao e proclamao dos resultados eleitorais.
402
11/10/18 12:23:26
Artigo 127.
(Elegibilidade)
Artigo 127.
(Elegibilidade)
1. S podem ser membros do Supremo Tribunal de Justia juzes de carreira,
magistrados do Ministrio Pblico ou juristas de reconhecido mrito que sejam cidados nacionais.
2. Alm dos requisitos referidos no nmero anterior, a lei pode definir outros.
Artigu 127.
(Elejibilidade)
1. Juz iha karreira, majistradu iha Ministriu Pbliku ka jurista ho
mritu rekoesidu, neeb sidadaun nasionl, maka bele sai membru
iha Supremu Tribunl ba Justisa.
2. Lei bele define rekizitu seluk tan hamutuk ho sira referidu iha nmeru anterir.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 181., n. 2); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 216., n. os 3 e 4); Constituio da Repblica
de Moambique (art. 226., n.os 3 e 4); Constituio da Repblica Portuguesa (art.
215., n. 4).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 121.; 122..
II Anotao
1 Tambm a concretizao do disposto neste artigo se encontra, entretanto,
prejudicada pela falta de instalao legal do Supremo Tribunal de Justia, no
quadro da organizao judicial nacional.
2 Este artigo estabelece, entre as condies de elegibilidade, o requisito da
nacionalidade timorense. Alm desta imposio constitucional ao legislador
ordinrio, nos termos do n. 2, podero ainda ser definidos por lei outros requisitos de elegibilidade para o STJ.
3 O requisito relativo nacionalidade timorense dos membros do STJ, enquanto condio de elegibilidade, determina a necessidade da sua aferio
aquando da apresentao das candidaturas.
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Artigo 128.
(Conselho Superior da Magistratura Judicial)
Artigo 128.
(Conselho Superior da Magistratura Judicial)
1. O Conselho Superior da Magistratura Judicial o rgo de gesto e disciplina dos magistrados judiciais, a quem compete a nomeao, colocao,
transferncia e promoo de juzes.
2. O Conselho Superior da Magistratura Judicial presidido pelo Juiz Presidente do Supremo Tribunal de Justia e composto pelos seguintes vogais:
a) Um designado pelo Presidente da Repblica;
b) Um eleito pelo Parlamento Nacional;
c) Um designado pelo Governo;
d) Um eleito pelos magistrados judiciais de entre os seus pares.
3. A lei regula a competncia, a organizao e o funcionamento do Conselho
Superior da Magistratura Judicial.
Artigu 128.
(Konsellu Superir ba Majistratura Judisil)
1. Konsellu Superir ba Majistratura Judisil majistradu judisil sirania rgaun ba jestaun no dixiplina, neeb iha kompetnsia atu nomeia,
koloka, transfere no promove juz sira.
2. Supremu Tribunl ba Justisa maka prezide Konsellu Superir ba
Majistratura Judisil, neeb nia vogl sira:
a) Ida Prezidente da-Repblika maka nomeia;
b) Ida Parlamentu Nasionl maka hili;
c) Ida Governu maka nomeia;
d) Ida Majistradu judisil sira maka hili hosi juz sira.
3. Lei regula Konsellu Superir ba Majistratura Judisil nia kompetnsia, organizasaun no kompetnsia.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 184.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 223.); Constituio da Repblica da Indonsia
(art. 24.-B); Constituio da Repblica Portuguesa (arts. 217., n. 1, e 218.).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 86., alnea o); 125., n. 2, alnea b).
II Anotao
1 O Conselho Superior da Magistratura Judicial o rgo de gesto e disciplina dos magistrados judiciais.
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Artigo 128.
(Conselho Superior da Magistratura Judicial)
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11/10/18 12:23:27
Artigo 129.
(Tribunal Superior Administrativo, Fiscal e de Contas)
Artigo 129.
(Tribunal Superior Administrativo, Fiscal e de Contas)
1. O Tribunal Superior Administrativo, Fiscal e de Contas o rgo superior
da hierarquia dos tribunais administrativos, fiscais e de contas, sem prejuzo
da competncia prpria do Supremo Tribunal de Justia.
2. O Presidente do Tribunal Superior Administrativo, Fiscal e de Contas
eleito para um mandato de quatro anos de entre e pelos respetivos juzes.
3. Compete ao Tribunal Superior Administrativo, Fiscal e de Contas, como
instncia nica, a fiscalizao da legalidade das despesas pblicas e o julgamento das contas do Estado.
4. Compete ao Tribunal Superior Administrativo, Fiscal e de Contas e aos
tribunais administrativos e fiscais de primeira instncia:
a) Julgar as aes que tenham por objeto litgios emergentes das relaes
jurdicas administrativas e fiscais;
b) Julgar os recursos contenciosos interpostos das decises dos rgos do
Estado e dos seus agentes;
c) Exercer as demais competncias atribudas por lei.
Artigu 129.
(Tribunl Superir Administrativu, Fiskl no ba Kontas)
1. Tribunl Superir Administrativu, Fiskl no ba Kontas rgaun superir iha tribunl administrativu, fiskl no ba kontas sira-nia ierarkia,
sein prejuizu ba Supremu Tribunl ba Justisa nia kompetnsia rasik.
2. Tribunl Superir Administrativu, Fiskl no ba Kontas nia juz sira
maka hili tribunl nee nia Prezidente, ho mandatu ba tinan haat.
3. Tribunl Superir Administrativu, Fiskl no ba Kontas, hanesan
instnsia ida-deit, iha kompetnsia atu halo fiskalizasaun ba despeza
pblika nia legalidade no halo julgamentu ba Estadu nia konta.
4. Tribunl Superir Administrativu, Fiskl no ba Kontas no tribunl
administrativu no fiskl sira iha instnsia dahuluk iha kompetnsia
atu:
a) Julga asaun kona-ba konflitu neeb moris hosi relasaun jurdika
administrativa no fiskl;
b) Julga rekursu kontensiozu hasoru Estadu nia rgaun no ajente
sira-nia desizaun;
c) Ezerse kompetnsia sira seluk neeb lei f.
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Artigo 129.
(Tribunal Superior Administrativo, Fiscal e de Contas)
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (arts. 176., n. 3, e
182.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (arts. 214., n. 1, alneas b) e f), e
n. 2, alnea a), 219. e 221.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 121.,
n. 2, alnea b)); Constituio da Repblica de Moambique (arts. 223., n. 1, alnea
b), e n. 2, e 228. e ss.); Constituio da Repblica Portuguesa (arts. 209., n. 1, alnea
b), 212. e 214.).
2 Direito timorense: Cdigo de Processo Civil, aprovado pelo DL n. 1/2006, de 21
de fevereiro (art. 29.); Lei n. 8/2002, de 20 de setembro (Estatuto dos Magistrados
Judiciais), alterada pela Lei n. 11/2004, de 20 de dezembro; Lei n. 8/2004, de 16 de
junho (Estatuto da Funo Pblica), alterada pela Lei n. 5/2009, de 15 de julho; Lei
n. 9/2011, de 17 de agosto (Cria a Cmara de Contas do Tribunal Administrativo
Fiscal e de Contas); DL n. 22/2009, de 10 de Junho (Estatuto da Inspeo-Geral do
Estado).
3 Jurisprudncia: Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 01-PD-06, de
8 de agosto de 2007; Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. ADM-08-TR,
de 31 de novembro de 2008;
Acrdo do Tribunal de Recurso
n. 03/2008, de 5 de
maro de 2009.
4 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 68.; 86., alnea j); 95., n. 3, alnea a); 123., n. 1, alnea b); 145., n. 3.
II Anotao
1 O legislador constituinte neste artigo optou pela autonomizao da jurisdio administrativa, fiscal e de contas, que ter no Tribunal Superior Administrativo, Fiscal e de Contas o seu rgo mximo. Na falta de concretizao
legal da organizao judiciria nos termos previstos neste artigo, manda o art.
164. que as respetivas competncias sejam exercidas pelo Supremo Tribunal
de Justia e demais tribunais judiciais e, at sua instalao, pela instncia
judicial mxima da organizao judiciria, atualmente, o Tribunal de Recurso. No respeito por este comando constitucional, veio a Lei n. 9/2011, de 17
de agosto, proceder criao de uma Cmara de Contas no atual Tribunal
de Recurso, composta pelo Presidente do Tribunal e dois juzes nomeados por
ele, mediante concurso de recrutamento (arts. 16. e 17. da Lei n. 9/2011).
2 O Tribunal Superior Administrativo, Fiscal e de Contas acumula as competncias em matria administrativa e fiscal, nas quais funciona como instncia de recurso, com as de fiscalizao da legalidade das despesas pblicas e
de julgamento das contas do Estado, na qual instncia nica. A atribuio
dessas competncias no prejudica, porm, as competncias prprias de qualquer um dos outros tribunais previstos na organizao judiciria.
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Artigo 129.
(Tribunal Superior Administrativo, Fiscal e de Contas)
11/10/18 12:23:27
Artigo 129.
(Tribunal Superior Administrativo, Fiscal e de Contas)
judiciais que
exercem as competncias da primeira instncia da jurisdio administrativa
e fiscal ao abrigo da sua jurisdio residual (
art. 50.,
n. 1, do CPC). Nos
termos do n. 2 do
art.
50. do CPC, enquanto no estiverem instalados os tribunais de ordens jurisdicionais constitucionalmente previstos para o exerccio
de competncia em matrias especializadas, compete aos tribunais judiciais
conhecer tambm dessas causas, em sentido j disposto no art.
6.
do Regulamento UNTAET n. 2000/11, de 6 de maro, com a redao dos Regulamentos n. 2001/18, de 21 de julho, e n. 2001/25, de 14 de setembro. Neste sentido,
ver Ac. do TR
n. 03/2008, de 5 de maro de 2009.
8 Na falta de disposies legais que concretizem o pressuposto processual de
legitimidade processual ativa, tem tambm sido aplicado, subsidiariamente, o
disposto no art. 29. do CPC, que exige um interesse direto e legtimo (Ac. do
TR no Processo n. 01-PD-06). Apenas uma interveno legislativa ordinria
em matria processual administrativa poder, definitivamente, resolver esta
questo, que ser das mais decisivas na garantia da legalidade da atuao
administrativa, ao admitir o controlo jurisdicional da atuao administrativa
do Estado, que expresso quotidiana do princpio da separao de poderes.
O acesso aos tribunais para defesa dos seus direitos e interesses legalmente
protegidos , subjetivamente, um dos direitos fundamentais dos cidados, nos
termos do art. 26., bem como, objetivamente, uma imposio constitucional
na organizao do poder poltico, segundo o princpio da separao de poderes, nos termos do art. 69., ambos da Constituio.
9 O Presidente do Tribunal Superior Administrativo, Fiscal e de Contas
eleito para um mandato de quatro anos de entre e pelos respetivos juzes.
A titularidade do cargo de Presidente do Tribunal Superior Administrativo,
Fiscal e de Contas incompatvel com o mandato de Presidente da Repblica,
Presidente do Parlamento Nacional, Presidente do Supremo Tribunal de Justia, Procurador-Geral da Repblica e membro do Governo, nos termos do art.
68.. A eleio do Presidente do Tribunal Superior Administrativo, Fiscal e de
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11/10/18 12:23:27
Artigo 129.
(Tribunal Superior Administrativo, Fiscal e de Contas)
410
11/10/18 12:23:28
Artigo 130.
(Tribunais Militares)
Artigo 130.
(Tribunais Militares)
1. Compete aos tribunais militares julgar em primeira instncia os crimes de
natureza militar.
2. A competncia, a organizao, a composio e o funcionamento dos tribunais militares so estabelecidos por lei.
Artigu 130.
(Tribunl militr sira)
1. Tribunl militr iha kompetnsia atu julga iha instnsia dahuluk (50)
krime sira-neeb iha natureza militr (51).
2. Lei maka estabelese tribunl militr sira-nia kompetnsia, organizasaun, kompozisaun no funsionamentu.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (arts. 176., n. 2, alnea b), e 183.); Constituio da Repblica Federativa do Brasil (arts. 122. e ss.);
Constituio da Repblica de Cabo Verde (arts. 214., n. 1, alnea e), e 220.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 121., n. 2, alnea a)); Constituio da
Repblica de Moambique (arts. 223., n. 6, e 224.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 213.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe
(art. 128., n. 2).
2 Direito timorense: DL n. 17/2006, de 8 de novembro (Regulamento da Disciplina
Militar).
3 Doutrina: Jorge FIGUEIREDO DIAS, Justia Militar, in Colquio Parlamentar promovido pela Comisso de Defesa Nacional, Edio da Assembleia da Repblica, 1995, pp. 25 e 26.
4 Preceitos constitucionais relacionados: Art. 123., n. 1, alnea c).
(50) Instnsia dahuluk Nivel dahuluk, kuandu ita kompara no nvel ida iha leten hanesan instnsia ba rekursu; nvel primeiru. Tribunl militr iha kompetnsia atu julga krime dezersaun
iha deit instnsia dahuluk = Tribunl militar laiha kompetnsia atu julga rekursu hasoru desizaun neeb kondena militar ida tanba krime dezersaun (Tribunl ba Rekursu maka bele julga
rekursu nee); tribunl militar laiha kompetnsia atu julga rekursu.
(51) Krime sira-neeb iha natureza militr Krime nee ema militar deit maka bele halo, ema
sivl labele halo. Krime dezersaun (halai hosi instituisaun militr) iha natureza militr tanba
krime nee militar deit maka bele halo; krime sira hanesan omisdiu (oho-ema), ofensa ba integridade fzika, violasaun, alterasaun ba Estadu tuir-lei, roubu (naok ho violnsia), dezobedinsia laiha natureza militar, tanba ema sivl ms bele halo krime sira-nee. Nunee tribunl militar
iha kompetnsia atu julga krime dezersaun, maib tribunl sivl maka iha kompetnsia atu julga
krime sira hanesan omisdiu (oho-ema), ofensa ba integridade fzika, violasaun, alterasaun ba
Estadu tuir-lei, roubu, ka dezobedinsia, maski militar maka halo.
411
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Artigo 130.
(Tribunais Militares)
II Anotao
1 Este artigo atribui aos tribunais militares a competncia para julgar os
crimes de natureza militar, em primeira instncia, o que continua a aguardar concretizao legal. Os tribunais militares apenas tm competncia para
julgar crimes de natureza militar e em primeira instncia. A competncia
para conhecer do recurso das decises sobre crimes de natureza militar da
instncia de recurso dos tribunais comuns.
2 A Constituio no define o conceito de crimes de natureza militar, pelo
que caber ao legislador ordinrio essa tarefa, orientado funcionalmente pelos objetivos pretendidos pela Constituio a proteo da instituio militar pelo estabelecimento de uma regulao material e procedimental, bem
como uma jurisdio autnoma. Ainda no foi aprovado o Cdigo de Justia
Militar, que preveja os crimes de natureza militar ou instalados os tribunais
militares. O DL n. 17/2006, de 8 de novembro, estabelece o Regulamento de
Disciplina Militar.
3 A previso de crimes de natureza militar deve referir-se ao exerccio de
funes militares, sem prejuzo para eventuais deveres especiais de conduta
que possam ser impostos aos militares. Aqui exige-se um delicado equilbrio
de forma a no ferir uma interpretao sistemtica da Constituio, nomeadamente os direitos fundamentais dos cidados investidos em funes militares,
em especial, a liberdade de expresso (art. 40.) ou a reserva de vida privada
(art. 36.). O critrio aqui a observar ser o mesmo do direito penal civil
apenas sero crimes as condutas que ofendam bens jurdico-penais, aqui,
bens jurdicos especficos da funo militar. Na definio dos bens jurdico-penais, de natureza militar, que orientam a construo dos crimes de natureza militar, decisiva ser a ponderao jurdico-constitucional sobre os valores
comunitrios (aqui de natureza militar) que merecem tutela penal, e, como
tal, cuja violao ser passvel de ser sancionada com penas limitativas da
liberdade ou multa.
Da mesma forma devero observar-se, processualmente, todas as garantias
de processo penal, previstas nos arts. 31. e ss. da Constituio, salvo, naturalmente, um juzo devidamente fundamentado acerca da especificidade da
funo militar que possa autorizar uma qualquer exceo.
412
11/10/18 12:23:28
Artigo 131.
(Audincias dos tribunais)
Artigo 131.
(Audincias dos tribunais)
As audincias dos tribunais so pblicas, salvo quando o prprio tribunal decidir o contrrio, em despacho fundamentado, para salvaguarda da dignidade
das pessoas, da moral pblica e da segurana nacional ou para garantir o seu
normal funcionamento.
Artigu 131.
(Tribunl sira-nia audinsia)
Tribunl sira-nia audinsia loke ba pbliku, salvu kuandu tribunl rasik deside katak lae, ho despaxu fundamentadu, atu defende ema nia
dignidade, morl pblika no seguransa nasionl ka atu garante nia funsionamentu norml.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 211., n. 4);
Constituio da Repblica de Moambique (art. 65., n. 2); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 206.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e
Prncipe (art. 123.).
2 Direito timorense: Cdigo de Processo Penal, aprovado pelo DL n. 13/2005, de
1 de dezembro (arts. 274., 275. e 276.); Cdigo de Processo Civil, aprovado pelo DL
n. 1/2006, de 21 de fevereiro (art. 404., n. 1).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 31. a 34.; 118..
II Anotao
1 A publicidade das audincias de julgamento uma das garantias do cumprimento das demais disposies constitucionais relativas ao exerccio da
justia, em nome do povo (art. 118.). tambm especialmente relevante na
observncia das garantias da constituio penal (arts. 31. e ss.). A previso
constitucional, que vincula o legislador ordinrio, refora a importncia do
controlo democrtico do exerccio de uma das decisivas funes estaduais
para satisfao de necessidades coletivas primrias a realizao da Justia.
2 A Constituio admite excees na publicidade das audincias dos tribunais, o que dever sempre acontecer mediante despacho judicial fundamentado. Os casos em que se admite a derrogao da regra da publicidade das
audincias de julgamento, so dirigidos a salvaguardar outros direitos protegidos constitucionalmente, como sejam a dignidade das pessoas (em casos
que envolvam factos da reserva da vida privada dos cidados, previsto como
413
11/10/18 12:23:28
Artigo 131.
(Audincias dos tribunais)
414
11/10/18 12:23:29
Artigo 132.
(Funes e estatuto)
CAPTULO II
MINISTRIO PBLICO
Artigo 132.
(Funes e estatuto)
1. O Ministrio Pblico representa o Estado, exerce a ao penal, assegura a
defesa dos menores, ausentes e incapazes, defende a legalidade democrtica e
promove o cumprimento da lei.
2. O Ministrio Pblico constitui uma magistratura hierarquicamente organizada, subordinada ao Procurador-Geral da Repblica.
3. No exerccio das suas funes, os magistrados do Ministrio Pblico esto
sujeitos a critrios de legalidade, objetividade, iseno e obedincia s diretivas e ordens previstas na lei.
4. O Ministrio Pblico goza de estatuto prprio, no podendo os seus agentes ser transferidos, suspensos, aposentados ou demitidos seno nos casos
previstos na lei.
5. A nomeao, colocao, transferncia e promoo dos agentes do Ministrio Pblico e o exerccio da ao disciplinar competem Procuradoria-Geral
da Repblica.
Artigu 132.
(Funsaun no estatutu)
1. Ministriu Pbliku reprezenta Estadu, ezerse asaun penl, asegura defeza ba menr, auzente no inkapz sira, defende legalidade demokrtika no promove lei nia kumprimentu.
2. Ministriu Pbliku konstitui majistratura ida-neeb organiza tuir
ierarkia no nia xefe maka Prokuradr Jerl da-Repblika.
3. Kuandu kaer sira-nia funsaun Ministriu Pbliku nia majistradu sira
tenke tuir kritriu legalidade, objetividade, izensaun no obedinsia ba
diretiva no orden neeb lei prevee.
4. Ministriu Pbliku iha estatutu rasik, no iha situasaun neeb lei
prevee maka nia ajente sira bele hetan transfernsia, suspensaun, apozentasaun ka demisaun.
5. Prokuradoria Jerl da-Repblika maka iha kompetnsia atu nomeia,
koloka, transfere no promove Ministriu Pbliku nia ajente sira no
ezerse asaun dixiplinr hasoru sira.
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Artigo 132.
(Funes e estatuto)
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (arts. 185. a 188.);
Constituio da Repblica Federativa do Brasil (arts. 127.; 128., 5; 129. e 130.);
Constituio da Repblica de Cabo Verde (arts. 225. a 228.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 125., n.os 1 e 2); Constituio da Repblica de Moambique (arts. 234. a 236.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 219.).
2 Direito timorense: Lei n. 14/2005, de 16 de setembro (Estatuto do Ministrio
Pblico); Decreto do Parlamento Nacional n. 54/11, que aprova a primeira alterao
Lei n. 14/2005, de 16 de setembro (Estatuto do Ministrio Pblico).
3 Legislao da UNTAET: Regulamento UNTAET n. 2000/16, de 6 de junho,
alterado pelo Regulamento UNTAET n. 2001/26, de 14 de setembro (Organizao da
Procuradoria Pblica em Timor-Leste).
4 Jurisprudncia: Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 02-CONST-11
(Fiscalizao Prvia da Constitucionalidade do Decreto do PN n.o 54/11, que introduz
a primeira alterao Lei n. 14/2005, de 16 de setembro (Estatuto do Ministrio Pblico)), de 14 de setembro de 2011.
5 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 86., alnea o); 125., n. 2; 127.;
133.; 134..
II Anotao
1 Os arts. 132., 133. e 134. estabelecem alguns dos princpios essenciais
concernentes ao Ministrio Pblico e constituem o Captulo II do Ttulo V
(Tribunais) da Parte III da Constituio, dedicada Organizao do Poder
Poltico, o que traduz a opo do legislador constituinte no sentido da incluso do Ministrio Pblico, dos advogados e defensores no conjunto dos
agentes que intervm no processo da administrao da justia. Tal opo exprime a conscincia da necessidade de um Ministrio Pblico efetivamente
independente ou autnomo como forma de garantir a iseno, a objetividade
e a legalidade das suas decises. Responde o art. 132. a algumas questes
bsicas, quais sejam, as funes primordiais como atua, se estrutura e se
organiza.
2 Em primeiro lugar, atribui-se ao Ministrio Pblico a representao do
Estado, no mbito dos tribunais; depois, o exerccio da ao penal (isto ,
investigar, arquivar ou levar a julgamento o processo crime) e a representao de certas pessoas que se apresentam como vulnerveis ou com mais
dificuldades de defesa dos seus direitos contra eventuais leses, sejam praticadas por particulares ou pelo prprio Estado: so os menores, os ausentes
e os incapazes. Acrescem as no menos relevantes funes de salvaguarda
da legalidade democrtica e da promoo do cumprimento da lei. Estas duas
ltimas atribuies, por menos bvias na sua efetividade, justificam ainda
algumas observaes complementares. A defesa da legalidade e do cumpri416
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Artigo 132.
(Funes e estatuto)
mento da lei (dois conceitos muito prximos ainda que no coincidentes na ntegra) refletem-se em diversificadas intervenes processuais do Ministrio
Pblico, mesmo nos processos em que, prima facie, no esteja prevista a sua
interveno como sujeito processual ou como parte principal. Ser o caso, por
exemplo, de um recurso (implicitamente obrigatrio nos termos do art. 3., n.
1, alnea j), do Estatuto), de uma sentena cvel onde ocorra flagrante violao
de lei ou da Constituio, ou onde seja recusada a aplicao de normas com
fundamento na sua inconstitucionalidade, conforme dispe alis o art. 152.,
n. 1, alnea a), da Constituio; ou ainda, simplesmente, quando infligida
uma pena juridicamente errada em face dos princpios consagrados no Cdigo Penal, mesmo que tal s interesse ao condenado.
3 O n. 2 define o Ministrio Pblico como uma estrutura hierarquicamente
organizada, subordinada ao Procurador-Geral da Repblica. O princpio de
hierarquia uma caracterstica essencial do Ministrio Pblico e consiste no
dever de acatamento das ordens e instrues dimanadas dos magistrados de
grau superior pelos de grau inferior; o princpio no colide com a exigncia
de que tais ordens estejam vinculadas ao princpio da legalidade (art. 30., n.
3, do Estatuto). Da, portanto, que este mesmo Estatuto tambm haja previsto
no seu art. 33. as regras especficas sobre o dever de obedincia hierrquica
e os limites intrnsecos e extrnsecos do seu no acatamento. Conexo com
este, o n. 3 estabelece um conjunto de normas que, no fundo, repercutem as
opes fundamentais j enumeradas. Assim, haver a atuao do Ministrio
Pblico de ter sempre como referncia a legalidade, a objetividade, a iseno
e a obedincia s instrues j mencionadas.
4 Os n.os 4 e 5, por fim, ditam alguns critrios de natureza estatutria, importantes na medida em que criam balizas que so, elas prprias, pressupostos materiais e efetivos do isento, legal e objetivo exerccio das suas funes.
Tomem-se, por exemplo, as regras de transferncia, suspenso ou demisso,
anlogas s dos juzes (vindo o princpio geral da inamovibilidade inserto
porm no art. 32. do Estatuto), como se depreende do art. 121., n. 3, da
Constituio. E termina o artigo cometendo Procuradoria-Geral da Repblica, rgo supremo do Ministrio Pblico, a ao disciplinar e a nomeao,
colocao e promoo dos magistrados.
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Artigo 133.
(Procuradoria-Geral da Repblica)
Artigo 133.
(Procuradoria-Geral da Repblica)
1. A Procuradoria-Geral da Repblica o rgo superior do Ministrio Pblico, com a composio e a competncia definidas na lei.
2. A Procuradoria-Geral da Repblica dirigida pelo Procurador-Geral da
Repblica, o qual substitudo nas suas ausncias e impedimentos nos termos
da lei.
3. O Procurador-Geral da Repblica nomeado para um mandato de quatro
anos pelo Presidente da Repblica, nos termos fixados na lei.
4. O Procurador-Geral da Repblica responde perante o Chefe do Estado e
presta informao anual ao Parlamento Nacional.
5. O Procurador-Geral da Repblica deve solicitar ao Supremo Tribunal de
Justia a declarao de inconstitucionalidade com fora obrigatria geral de
norma que haja sido julgada inconstitucional em trs casos concretos.
6. Os Adjuntos do Procurador-Geral da Repblica so nomeados, demitidos
e exonerados pelo Presidente da Repblica, ouvido o Conselho Superior do
Ministrio Pblico.
Artigu 133.
(Prokuradoria Jerl da-Repblika)
1. Prokuradoria Jerl da-Repblika maka Ministriu Pbliku nia rgaun superir, ho kompozisaun no kompetnsia definida iha lei.
2. Prokuradr Jerl da-Repblika maka dirije Prokuradoria Jerl daRepblika no lei no nia substituisaun iha nia auznsia no impedimentu
sei halo tuir lei.
3. Prezidente da-Repblika maka nomeia Prokuradr Jerl da-Repblika ho mandatu ba tinan haat, tuir lei.
4. Prokuradr Jerl da-Repblika hatn ba Estadu nia Xefe no f informasaun tinan-tinan ba Parlamentu Nasionl.
5. Prokuradr Jerl da-Repblika tenke husu ba Supremu Tribunl ba
Justisa atu deklara inskonstitusionalidade ho forsa obrigatria jerl ba
norma neeb tribunl julga tiha ona inkonstitusionl iha kazu konkretu tolu.
6. Prezidente da-Repblika maka nomeia, demite no ezonera Prokuradr-Jerl da-Repblika nia Adjuntu sira, rona tiha Ministriu Pbliku
nia Konsellu Superir.
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Artigo 133.
(Procuradoria-Geral da Repblica)
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (arts. 189. e 191.);
Constituio da Repblica Federativa do Brasil (art. 128., 1 a 4); Constituio da
Repblica de Cabo Verde (art. 226., n.os 2 a 4); Constituio da Repblica Portuguesa
(art. 220.).
2 Direito timorense: Lei n. 14/2005, de 16 de setembro (Estatuto do Ministrio
Pblico); Decreto do Parlamento Nacional n. 54/11, que aprova a primeira alterao
Lei n. 14/2005, de 16 de setembro (Estatuto do Ministrio Pblico).
3 Legislao da UNTAET: Regulamento UNTAET n. 2000/16, de 6 de junho,
alterado pelo Regulamento UNTAET n. 2001/26, de 14 de setembro (Sobre a Organizao da Procuradoria Pblica em Timor-Leste).
4 Jurisprudncia: Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 02-CONST-11
(Fiscalizao Prvia da Constitucionalidade do Decreto do PN n.o 54/11, que introduz
a primeira alterao Lei n. 14/2005, de 16 de setembro (Estatuto do Ministrio Pblico)), de 14 de setembro de 2011.
5 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 68.; 86., alneas k) e l); 132., n.
4; 150., alnea c); 151..
II Anotao
1 Define este normativo a disciplina fundamental do rgo de topo do Ministrio Pblico a Procuradoria-Geral da Repblica , sendo ela presidida e
dirigida pelo Procurador-Geral da Repblica. De salientar que este nomeado
pelo Presidente da Repblica, junto de quem responde, para um mandato de
quatro anos, devendo ainda informar anualmente o Parlamento (art. 133., n.os
3 e 4). Deixou a Lei Fundamental de lado qualquer referncia ao processo
formal de nomeao do PGR. A Lei n. 14/2005, de 16 de setembro (Estatuto do Ministrio Pblico), prev a nomeao e exonerao do PGR pelo
PR, ouvido o Governo, por um perodo de quatro anos, renovvel uma s
vez. Conforme alterao introduzida pelo Decreto do Parlamento Nacional
n. 54/11, que ainda aguarda promulgao pelo PR, aps submisso a controlo
preventivo da constitucionalidade que confirmou a sua validade (Acrdo do
Tribunal de Recurso no Processo n. 02-CONST-11), a escolha do PGR ficou
limitada ao universo dos magistrados do Ministrio Pblico e juzes de
direito de categoria no inferior a 1.a classe, excluindo assim os juristas de
reconhecido mrito, contemplados no Estatuto ainda em vigor. A exonerao do PGR fica condicionada por este diploma, estritamente, s situaes
de morte, incapacidade permanente, renncia ou em resultado de processo
disciplinar ou criminal.
2 Nos termos do n. 6, foi cometida ao Presidente da Repblica a competncia da sua nomeao e exonerao, embora submetida a audio prvia do
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Artigo 133.
(Procuradoria-Geral da Repblica)
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Artigo 134.
(Conselho Superior do Ministrio Pblico)
Artigo 134.
(Conselho Superior do Ministrio Pblico)
1. O Conselho Superior do Ministrio Pblico parte integrante da Procuradoria-Geral da Repblica.
2. O Conselho Superior do Ministrio Pblico presidido pelo Procurador-Geral da Repblica e composto pelos seguintes vogais:
a) Um designado pelo Presidente da Repblica;
b) Um eleito pelo Parlamento Nacional;
c) Um designado pelo Governo;
d) Um eleito pelos magistrados do Ministrio Pblico de entre os seus
pares.
3. A lei regula a competncia, a organizao e o funcionamento do Conselho
Superior do Ministrio Pblico.
Artigu 134.
(Ministriu Pbliku nia Konsellu Superir)
1. Prokuradoria-Jerl da-Repblika nia parte integrante ida maka Ministriu Pbliku nia Konsellu Superir.
2. Prokuradr-Jerl da-Repblika maka prezide Ministriu Pbliku
nia Konsellu Superir, iha-neeb tuur vogl sira-nee:
a) Ida Prezidente da-Repblika maka nomeia;
b) Ida Parlamentu Nasionl maka hili;
c) Ida Governu maka nomeia;
d) Ida Ministriu Pbliku nia majistradu sira maka hili hosi majistradu sira-nee.
3. Lei regula Ministriu Pbliku nia Konsellu Superir nia kompetnsia, organizasaun no funsionamentu.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 190.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 226., n.os 5 a 8); Constituio da Repblica de
Moambique (art. 238.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 220., n. 2).
2 Direito timorense: Lei n. 14/2005, de 16 de setembro (Estatuto do Ministrio
Pblico); Decreto do Parlamento Nacional n. 54/11, que aprova a primeira alterao
Lei n. 14/2005, de 16 de setembro (Estatuto do Ministrio Pblico).
3 Legislao da UNTAET: Regulamento UNTAET n. 2000/16, de 6 de junho,
alterado pelo Regulamento UNTAET n. 2001/26, de 14 de setembro (Sobre a Organizao da Procuradoria Pblica em Timor-Leste).
4 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 86., alnea o); 95., n. 3, alnea
c); 133..
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11/10/18 12:23:30
Artigo 134.
(Conselho Superior do Ministrio Pblico)
II Anotao
1 Por este artigo criado o Conselho Superior do Ministrio Pblico, integrado na Procuradoria-Geral da Repblica, e igualmente definida a sua
composio.
2 O Conselho Superior do Ministrio Pblico presidido pelo Procurador-Geral da Repblica e dele fazem parte mais quatro vogais: um, designado
pelo Presidente da Repblica; outro, eleito pelo Parlamento Nacional; um terceiro, designado pelo Governo; e, finalmente, um magistrado do Ministrio
Pblico, eleito pelos seus pares. Atravs desta composio mista, garante-se
que este rgo no fica subordinado a nenhum rgo de natureza poltica,
apesar de estes intervirem na escolha dos seus membros. Os vogais do Conselho no so, no entanto, representantes do rgo que os nomeou ou elegeu,
devendo exercer as funes com total independncia.
3 O n. 3 remete para a lei a funo de regular a competncia, organizao
e funcionamento do Conselho. Esta imposio constitucional foi realizada
atravs da Lei n. 14/2005, de 16 de setembro, nos termos da qual compete
ao Conselho, fundamentalmente, nomear, colocar, transferir, promover, exonerar, apreciar o mrito profissional, exercer a ao disciplinar, aplicar penas
disciplinares e, em geral, praticar todos os atos de idntica natureza respeitantes aos magistrados do Ministrio Pblico.
Para poder exercer cabalmente a sua funo, o Conselho tem a auxili-lo os
servios de Inspeo do Ministrio Pblico, a quem compete proceder, nos
termos da lei, a inspees, inquritos e sindicncias aos servios do Ministrio Pblico e instruo de processos disciplinares, em conformidade com as
deliberaes do Conselho Superior do Ministrio Pblico ou por iniciativa do
Procurador-Geral da Repblica. O Decreto do Parlamento Nacional n. 54/11,
quando entrar em vigor, no introduz aqui alteraes relevantes.
422
11/10/18 12:23:30
Artigo 135.
(Advogados)
CAPTULO III
ADVOCACIA
Artigo 135.
(Advogados)
1. O exerccio da assistncia jurdica e judiciria de interesse social, devendo
os advogados e defensores nortear-se por este princpio.
2. Os advogados e defensores tm por funo principal contribuir para a boa
administrao da justia e a salvaguarda dos direitos e legtimos interesses
dos cidados.
3. O exerccio da advocacia regulado por lei.
Artigu 135.
(Advogadu sira)
1. Asistnsia jurdika no judisiria sei ezerse tuir interese jerl, no advogadu no defensr sira tenke tuir prinspiu ida-nee.
2. Advogadu no defensr sira iha hanesan funsaun prinsipl f kontribuisaun atu administra justisa didiak no defende sidadaun sira-nia
direitu no interese lejtimu.
3. Lei maka regula advokasia nia ezerssiu.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 193.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 229., n. 1); Constituio da Repblica de
Moambique (art. 63., n. 5); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 208.).
2 Direito timorense: Lei n. 11/2008, de 30 de julho (Regime Jurdico da Advocacia
Privada e da Formao dos Advogados); DL n. 15/2004, de 1 de setembro (Recrutamento e Formao para as Carreiras Profissionais de Magistratura e Defensoria
Pblica); DL n. 38/2008, de 29 de outubro de 2008 (Estatuto da Defensoria Pblica).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 26.; 136..
II Anotao
1 O exerccio livre da advocacia uma das decisivas garantias da realizao do Estado de Direito democrtico. O regime constitucional aqui previsto
disciplina tanto a funo social da advocacia, neste art. 135., como as garantias do seu exerccio, no seguinte art. 136..
2 A insero sistemtica deste regime no Captulo III do Ttulo V, relativo
aos Tribunais como rgo de soberania, privilegia a disciplina e garantia do
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11/10/18 12:23:31
Artigo 135.
(Advogados)
do
Conselho Superior
nomear
, colocar, transferir, promover, exonerar os defensores pblicos, apreciar o seu mrito profissional e exercer sobre eles a ao disciplinar.
424
11/10/18 12:23:31
Artigo 135.
(Advogados)
5 Os agentes da Defensoria Pblica integram-se numa carreira profissional e o seu recrutamento e formao so feitos nos mesmos termos que o
recrutamento e formao dos juzes e dos agentes do Ministrio Pblico (DL
n. 15/2004, de 1 de setembro). Antes do DL n. 15/2004, o apoio jurdico e
judicirio aos economicamente carentes era prestado por defensores pblicos
integrados no Servio de Assistncia Jurdica criado pelo Regulamento da
UNTAET n. 24/2001.
6 A previso de um especial regime de deveres deontolgicos, incompatibilidades e de responsabilidade criminal e civil na Lei n. 11/2008, de 30 de
julho (Regime Jurdico da Advocacia Privada e da Formao dos Advogados),
o instrumento privilegiado de controlo do cumprimento dos deveres dos
advogados. Os atos tpicos dos advogados, que apenas por estes podem ser
praticados e justificam as especiais garantias previstas no artigo seguinte,
esto previstos no art. 22. da Lei n. 11/2008, de 30 de julho, sem prejuzo
para o regime da Defensoria Pblica e para outros atos previstos na demais
legislao. Entre estes atos tpicos, destaca-se o exerccio do mandato forense, a consulta jurdica, o exerccio do mandato, com poderes para negociar a
constituio, alterao ou extino de relaes jurdicas, bem como, genericamente, todos os atos que resultam do exerccio do direito do cidado de
fazer-se acompanhar por advogado perante qualquer autoridade. A relao de
representao aqui implcita determina que o melhor contributo que advogados e defensores podem dar boa administrao da justia precisamente a
garantia intransigente da posio representada, naturalmente, mediada criticamente pela interveno especialmente informada da representao jurdica
ou judiciria.
7 O exerccio da advocacia , nos termos do n. 3, regulado por lei, na qual se
defendem em especial as garantias previstas no artigo seguinte. So diversos
os textos legislativos nos quais se deve concretizar o regime constitucional
relativo ao exerccio da advocacia, como sejam os diferentes Cdigos de Processo (Civil, Penal, Administrativo), na legislao substantiva, em especial,
civil, relativamente ao mandato e outras formas de representao, na disciplina de especiais deveres impostos ao exerccio de atividades especialmente
sujeitas, por exemplo, ao branqueamento de capitais, bem como na disciplina
prpria da autorregulao da advocacia (Lei n. 11/2008, de 30 de julho).
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11/10/18 12:23:31
Artigo 136.
(Garantias no exerccio da advocacia)
Artigo 136.
(Garantias no exerccio da advocacia)
1. O Estado deve garantir, nos termos da lei, a inviolabilidade dos documentos
respeitantes ao exerccio da profisso de advogado, no sendo admissveis
buscas, apreenses, arrolamentos e outras diligncias judiciais sem a presena do magistrado judicial competente e, sempre que possvel, do advogado
em questo.
2. Os advogados tm o direito de comunicar pessoalmente e com garantias de
confidencialidade com os seus clientes, especialmente se estes se encontrarem detidos ou presos em estabelecimentos civis ou militares.
Artigu 136.
(Garantia ba advokasia nia ezerssiu)
1. Estadu tenke garante, tuir lei, atu labele viola dokumentu kona-ba
profisaun advogadu nia ezerssiu, labele iha buska, apreensaun, arrolamentu no dilijnsia judisil seluk sein majistradu judisil kompetente nia prezensa no, kuandu bele, sein advogadu neeb dilijnsia nee
hasoru.
2. Advogadu sira iha direitu atu komunika pesoalmente ho sira-nia
kliente no ho garantia ba konfidensialidade, liuliu kuandu sira detidu
ka prezu hela iha estabelesimentu sivl ka militr.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 194.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 229.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 63.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 208.).
2 Direito timorense: Lei n. 11/2008, de 30 de julho (Regime Jurdico da Advocacia
Privada e da Formao dos Advogados); DL n. 38/2008, de 29 de outubro (Estatuto
da Defensoria Pblica).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Art. 26..
II Anotao
1 As garantias constitucionais no exerccio da advocacia so os mais importantes limites a qualquer interveno legislativa ordinria que os possa
limitar. O regime aqui previsto organiza-as em garantias de inviolabilidade
(de documentos e instalaes), bem como a garantia de confidencialidade do
patrocnio.
426
11/10/18 12:23:34
Artigo 136.
(Garantias no exerccio da advocacia)
11/10/18 12:23:35
Artigo 136.
(Garantias no exerccio da advocacia)
428
11/10/18 12:23:35
Artigo 137.
(Princpios gerais da Administrao Pblica)
TTULO VI
ADMNISTRAO PBLICA
Artigo 137.
(Princpios gerais da Administrao Pblica)
1. A Administrao Pblica visa a prossecuo do interesse pblico, no respeito pelos direitos e interesses legtimos dos cidados e das instituies
constitucionais.
2. A Administrao Pblica estruturada de modo a evitar a burocratizao,
aproximar os servios das populaes e assegurar a participao dos interessados na sua gesto efetiva.
3. A lei estabelece os direitos e garantias dos administrados, designadamente
contra atos que lesem os seus direitos e interesses legtimos.
Artigu 137.
(Prinspiu jerl ba Administrasaun Pblika)
1. Administrasaun Pblika serve atu realiza interese pbliku, ho respeitu ba sidadaun no instituisaun konstitusionl sira-nia direitu no interese lejtimu.
2. Administrasaun Pblika sei organiza atu evita burokratizasaun,
hakbesik servisu ba populasaun sira no asegura interesadu sira-nia
partisipasaun iha nia jestaun efetiva.
3. Lei estabelese administradu sira-nia direitu no garantia, nomeadamente hasoru atu sira-neeb prejudika sira-nia direitu no interese lejtimu.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 198.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 240.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 249.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 266.); Constituio da
Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 135.).
2 Direito timorense: Lei n. 5/2006, de 28 de dezembro (rgos da Administrao
Eleitoral); DL n. 12/2006, de 26 de julho (Estrutura Orgnica da Administrao Pblica); DL n. 7/2007, de 5 de setembro (Orgnica do IV Governo Constitucional); DL
n. 24/2008, de 23 de julho (Altera o Regime Jurdico do Aprovisionamento); DL n.
32/2008, de 27 de agosto (Procedimento Administrativo).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 5., n. 1; 71.; 72.; 96., n. 1,
alnea e); 103..
429
11/10/18 12:23:35
Artigo 137.
(Princpios gerais da Administrao Pblica)
II Anotao
1 A subordinao da atividade administrativa Constituio e lei (art.
2. da Constituio) caracteriza-a como secundria, face s funes primrias do Estado a funo legislativa (que lhe define fins e competncias dos
seus rgos), a funo poltica (que orienta o seu desempenho em funo das
necessidades coletivas a satisfazer, por recursos escassos) e a funo jurisdicional (que a controla). O princpio da legalidade administrativa implica a subordinao da atividade da Administrao Pblica, como funo secundria
do Estado, lei e Constituio.
2 O princpio da legalidade administrativa pode construir-se como princpio
do primado da lei, pelo qual a lei, enquanto ato legislativo do Parlamento, teria primazia sobre todas as outras manifestaes da vontade do Estado; como
princpio da precedncia de lei pelo qual no apenas limite (negativo)
demais ao do Estado (nomeadamente administrativa) mas seu pressuposto
(positivo) e, finalmente, como princpio de reserva de lei, pelo qual se reservavam aos Parlamentos a disciplina de certas matrias assim subtradas da
atuao administrativa apesar de este princpio se ter vindo, atualmente, a
convolar num princpio de essencialidade da lei, pelo qual se exige que apenas o essencial destas matrias esteja definida na previso legal das matrias
essenciais para a comunidade poltica.
3 A Constituio define, neste artigo, os princpios gerais da ao administrativa. O princpio da prossecuo do interesse pblico encontra-se inscrito
geneticamente na prpria definio constitucional da Administrao Pblica.
O princpio da desburocratizao exige que a Administrao Pblica seja organizada no sentido de evitar diligncias ou formalidades inteis, de facilitar
a vida dos cidados e de dotar a AP de mtodos geis e cleres de funcionamento. O princpio da participao dos interessados na gesto efetiva dos
servios pblicos aconselha a adoo de modelos de administrao participada, designadamente por via da abertura do procedimento colaborao
e participao dos interessados e tambm da integrao na Administrao
de rgos representativos dos interessados. O princpio da aproximao dos
servios s populaes recomenda que a AP, em geral, e os servios pblicos,
em especial, se estruturem de forma a se encontrem o mais prximo possvel
das populaes que visam servir.
4 Estes princpios tm ainda refraes em matria de organizao administrativa, disciplinada tambm noutras disposies constitucionais, como j se
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Artigo 137.
(Princpios gerais da Administrao Pblica)
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Artigo 137.
(Princpios gerais da Administrao Pblica)
11/10/18 12:23:36
Artigo 137.
(Princpios gerais da Administrao Pblica)
pblicos, como pessoas coletivas com servios abertos ao pblico. Os institutos pblicos so pessoas coletivas de base institucional criadas para a prossecuo de fins singulares, com carter no empresarial. So diversos os institutos pblicos criados j pelo legislador em Timor-Leste para a prossecuo
de atividades dos fins singulares do Estado, com regimes e estatutos previstos
na legislao que os cria. o caso da Autoridade Nacional do Petrleo (DL
n. 20/2008), da Autoridade da Aviao Civil (DL n. 8/2005), do Instituto
de Gesto de Equipamentos (DL n. 11/2006) e do Laboratrio Nacional da
Sade (DL n. 39/2008).
9 O princpio da descentralizao, previsto no art. 5. da Constituio, impe que os interesses especficos de uma dada comunidade infraestadual possam ser resolvidos ao nvel mais prximo das populaes por rgos eleitos
representativos. A Administrao Autnoma constituda, precisamente, por
pessoas coletivas distintas do Estado, que no so criadas pelo Estado (como
acontece com a administrao indireta), mas por ato das prprias comunidades que assim, em certas matrias, gozam de prerrogativas de autogoverno.
O princpio da descentralizao refere-se, especialmente, Administrao
Autnoma territorial, tal como prevista, em especial, no art. 5. da Constituio.
10 Apesar de a Constituio apenas impor a realizao da descentralizao territorial, nada parece impedir a adoo da organizao administrativa
autnoma de base no territorial sempre que se justifique. A Administrao
Autnoma pode ter base territorial quando tiver por referncia na sua criao
e mbito de exerccio das suas atribuies um critrio geogrfico ou no territorial (associativa) quando o critrio para a sua criao e atuao no seja
(exclusivamente) o territrio. O legislador ordinrio indicia precisamente esta
possibilidade na adoo do Estatuto da Advocacia, que j prev a possibilidade de criao de uma ordem profissional para esta comunidade profissional,
nomeadamente luz da relevncia na construo do Estado de Direito democrtico. Poder revelar-se ainda na regulao e autorregulao de certos
setores, como a organizao da atividade econmica (por exemplo, a Bolsa de
Valores) e social (Federaes Desportivas).
11 As Autoridades Administrativas Independentes so criadas pelo Estado,
para satisfazer fins singulares (como na administrao indireta), mas isentos
de qualquer dependncia hierrquica (como na autnoma). Estas entidades
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Artigo 137.
(Princpios gerais da Administrao Pblica)
so dotadas de personalidade jurdica e so especialmente dedicadas ao desempenho das atividades de regulao da ao dos privados, em particular
na interveno da regulao econmica. Estes rgos independentes: 1) no
integram qualquer relao hierrquica com o Estado; 2) as suas deliberaes em matria administrativa constituem atos administrativos dotados de
publicidade; 3) emitem pareceres, recomendaes ou diretivas, que se caracterizam, por regra, pela vinculatividade; 4) no podem ser dissolvidos;
5) os titulares so inamovveis e irresponsveis pelas respetivas decises; e 6)
so na sua maioria eleitos pelo Parlamento Nacional. exemplo deste setor
da Administrao Pblica a Comisso Nacional de Eleies, nos termos da
Lei n. 5/2006.
12 No cumprimento do disposto no n. 3 deste artigo relativamente definio dos direitos e garantias dos administrados, o DL n. 32/2008, de 27 de
agosto (Procedimento Administrativo), define o procedimento administrativo
como a sucesso ordenada de atos e formalidades tendentes formao e
manifestao da vontade da Administrao Pblica, ou sua execuo (art.
1.). Os Princpios Gerais da Atividade Administrativa esto previstos nos
arts. 3. e ss. do Procedimento Administrativo, como sejam os princpios da
igualdade (que reafirma no procedimento administrativo a previso do art.
16. da Constituio), proporcionalidade, utilizao das lnguas oficiais; justia; imparcialidade; boa f, deciso; gratuitidade e do acesso justia.
13 O art. 9. do Procedimento Administrativo reafirma o acesso justia
administrativa para obter o controlo contencioso dos atos administrativos,
bem como a tutela dos direitos e interesses legalmente protegidos, em termos
a concretizar pela legislao do contencioso administrativo, o que ainda est
por realizar. Aqui se indicia, no entanto, j a dupla dimenso do contencioso
administrativo no controlo (objetivo) da legalidade dos atos dos rgos da AP,
bem como na defesa (subjetiva) dos direitos dos cidados.
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11/10/18 12:23:36
Artigo 138.
(Organizao econmica)
PARTE IV
ORGANIZAO ECONMICA E FINANCEIRA
TTULO I
PRINCPIOS GERAIS
Artigo 138.
(Organizao econmica)
A organizao econmica de Timor-Leste assenta na conjugao das formas
comunitrias com a liberdade de iniciativa e gesto empresarial e na coexistncia do setor pblico, do setor privado e do setor cooperativo e social de
propriedade dos meios de produo.
Artigu 138.
(Organizasaun ekonmika)
Timr-Leste nia organizasaun ekonmika hatuur iha forma komunitria ho liberdade ba inisiativa no jestaun emprezaril nia konjugasaun (52) no iha setr pbliku, setr privadu no setr kooperativu no
sosil nia propriedade ba meiu de-produsaun sira-nia koezistnsia.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 89.); Constituio
da Repblica de Cabo Verde (art. 91.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau
(art. 11.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 96.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 80.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom
e Prncipe (art. 9.).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 6., alnea d); 50.; 54..
II Anotao
1 A primeira parte deste preceito constitucional visa promover uma das
incumbncias do Estado preceituadas no art. 6. da Constituio, garantir
o desenvolvimento da economia e promover a edificao de uma sociedade com base na justia social, fazendo uma opo clara pela economia de
mercado que se pretende harmoniosamente articulada com as modalidades
comunitrias da economia tradicional.
(52) Konjugasaun (s) Kombinasaun; ligasaun; asosiasaun. Organizasaun ekonmika tuir forma
komunitria ho organizasaun ekonmika neeb uza liberdade ba inisiativa no jestaun emprezaril nia konjugasaun = Uza hamutuk organizasaun ekonmika tuir forma komunitria ho
organizasaun ekonmika neeb tuir liberdade ba inisiativa no jestaun emprezaril.
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Artigo 138.
(Organizao econmica)
2 A segunda parte afirma as preocupaes sociais que recomendam a coexistncia de formas pblicas, privadas, cooperativas e sociais da propriedade
dos meios de produo. Estes preceitos devero ser lidos em conjugao com
os direitos e deveres econmicos, sociais e culturais e, designadamente, as
normas que visam garantir, como direitos fundamentais, a livre escolha da
profisso (n. 1 do art. 50.), o desenvolvimento de iniciativas empresariais
ou cooperativas (n. 5 do art. 50.) e o direito propriedade privada (n. 1
do art. 54.).
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Artigo 139.
(Recursos naturais)
Artigo 139.
(Recursos naturais)
1. Os recursos do solo, do subsolo, das guas territoriais, da plataforma continental e da zona econmica exclusiva, que so vitais para a economia, so
propriedade do Estado e devem ser utilizados de uma forma justa e igualitria, de acordo com o interesse nacional.
2. As condies de aproveitamento dos recursos naturais referidas no nmero
anterior devem servir para a constituio de reservas financeiras obrigatrias,
nos termos da lei.
3. O aproveitamento dos recursos naturais deve manter o equilbrio ecolgico
e evitar a destruio de ecossistemas.
Artigu 139.
(Rekursu naturl)
1. Rekursu kona-ba solu, subsolu, gua territoril, plataforma kontinentl no zona ekonmika eskluziva, neeb importante tebetebes ba
ekonomia, Estadu nia propriedade no tenke uza ho justisa no igualdade, tuir interese nasionl.
2. Aproveitamentu ba rekursu naturl sira referidu iha nmeru anterir
tenke halo iha kondisaun neeb f-fatin atu konstitui rezerva finanseira obrigatria, tuir lei.
3. Rekursu naturl nia aproveitamentu tenke kaer-metin ekilbriu ekoljiku no evita destruisaun ba ekosistema.
I Referncias
1 Direito internacional: Declarao da Conferncia das Naes Unidas sobre
Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, de 3 a 14 de junho de 1992,
e respetivo programa de ao (Agenda 21).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 16.); Constituio
da Repblica de Cabo Verde (art. 6., n. 2); Constituio da Repblica da Indonsia
(art. 33., n. 3); Constituio da Repblica de Moambique (arts. 98., n. 1, e 102.).
3 Direito timorense: Lei n. 7/2002, de 20 de setembro (Fronteiras Martimas do
Territrio da Repblica Democrtica de Timor-Leste); Lei n. 9/2005, de 3 de agosto
(Lei do Fundo Petrolfero); Lei n. 13/2005, de 2 de setembro (Lei das Atividades
Petrolferas).
4 Jurisprudncia: Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 01-CONST-11,
de 11 de fevereiro de 2011 (Fiscalizao Prvia da Constitucionalidade do Decreto do
PN n. 45/11 que aprova o Oramento Geral de Estado da Repblica Democrtica de
Timor-Leste para 2011), publicado no Jornal da Repblica, Srie I, n. 5 A, de 14 de
fevereiro de 2011.
5 Doutrina: Marta CHANTAL RIBEIRO, Desenvolvimento Sustentvel e a Cons-
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Artigo 139.
(Recursos naturais)
II Anotao
1 A Constituio protege neste artigo a decisiva relevncia socioeconmica
dos recursos naturais. No fcil concordar no sentido do conceito recursos
naturais, construdo, naturalisticamente, a partir da sua preexistncia ecolgica e, antropocentricamente, da relevncia humana, econmica ou contemplativa. O conceito recursos naturais neste artigo empregue na forma
mais restrita desta ltima aceo, referindo-se a uma dimenso econmica
dos recursos naturais, cuja explorao to significativa no desenvolvimento
da economia timorense.
2 As diferentes dimenses deste conceito no tm de ser necessariamente
antagnicas, pelo que o n. 3 impe ao Estado a necessidade de adotar medidas para minorar a potencial degradao do equilbrio ecolgico e destruio
de ecossistemas que possam resultar do aproveitamento dos recursos naturais. Apesar da formulao genrica programtica, Proteger o meio ambiente
e preservar os recursos naturais uma das atribuies do Estado (art. 6.,
alnea f)) e um direito fundamental dos cidados (art. 61.). A considerao
dos recursos naturais neste artigo e, em particular, a sua explorao humana,
faz-se, por isso, cada vez mais no quadro da necessidade de garantia de um
desenvolvimento sustentado, conceito decisivo na ponderao dos valores
em confronto, em especial desde a Declarao da Conferncia das Naes
Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento (CHANTAL RIBEIRO, 2009,
p. 444).
3 Este artigo consagra uma importante limitao ao direito de propriedade,
em razo da sua funo social, determinando-se, genericamente, no seu n.
1 que os recursos naturais so propriedade do Estado. No ser difcil de
aceitar esta reclamao nos espaos que so insuscetveis de apropriao privada, como seja nas guas territoriais, da plataforma continental e da zona
econmica exclusiva, definidos nos termos do art. 4. da Constituio e da
Lei n. 7/2002, de 20 de setembro (Fronteiras Martimas do Territrio da Repblica Democrtica de Timor-Leste). Mais complexa ser a articulao da
reclamao de propriedade coletiva dos recursos naturais do solo, do subsolo com o direito propriedade privada (art. 54.), inclusivamente da terra
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Artigo 139.
(Recursos naturais)
(art. 141.), e com a liberdade de iniciativa privada (arts. 54. e 138.). Neste
caso, a formulao literal deste artigo parece limitar a ambio de propriedade coletiva dos recursos naturais apenas queles que sejam vitais para a
economia. Nos casos em que tal se verifique, ter de se respeitar os direitos
a justa indemnizao, nos termos do art. 54., quando se tratar de uma limitao ao direito fundamental de propriedade privada, consequncia de uma
interveno estadual ablativa. Uma qualquer interveno deste tipo estar,
da mesma forma, sujeita observncia do princpio da igualdade (n. 1) e da
proporcionalidade (art. 54.).
4 Esta parece ser tambm a soluo que resulta do disposto no art. 17., n. 1,
alnea a), iii), da Lei n. 13/2005, de 2 de setembro (Lei das Atividades Petrolferas), no qual se impe o pagamento de uma indemnizao justa e razovel
ao proprietrio para a explorao petrolfera em bens imveis de propriedade
privada. Na alnea b) do mesmo artigo garante-se que o proprietrio de qualquer bem imvel situado numa rea Autorizada permanece titular do direito
de uso e fruio do seu bem, na medida em que tal uso e fruio no interfira
com Operaes Petrolferas.
5 Este artigo garante ainda que a explorao dos recursos naturais deva
acontecer de forma justa e igualitria, tanto na imposio de sacrifcios
como na partilha dos benefcios, sempre de acordo com o interesse nacional. Esta previso constitucional decisiva em qualquer interveno estadual, de ndole legislativa, administrativa ou mesmo poltica, afigurando-se
de grande relevncia em sede de poltica externa (art. 158.).
6 Tambm por isso, o n. 2 impe que os frutos resultantes do aproveitamento dos recursos naturais devem servir para a constituio de reservas financeiras obrigatrias, a definir por lei. o caso da Lei do Fundo Petrolfero
(Lei n. 9/2005, de 3 de agosto), cujo valor jurdico, tambm para o legislador,
foi apreciado na jurisprudncia com referncia afetao anual de receitas
pelo Oramento Geral do Estado (Ac. do TR no Processo n. 01-CONST-11).
439
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Artigo 140.
(Investimentos)
Artigo 140.
(Investimentos)
O Estado deve promover os investimentos nacionais e criar condies para
atrair investimentos estrangeiros, tendo em conta os interesses nacionais, nos
termos da lei.
Artigu 140.
(Investimentu)
Estadu tenke promove investimentu nasionl no kria kondisaun atu
dada investimentu estranjeiru mai, haree tuir interese nasionl, tuir
lei.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 38., n. 3); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 13., n. 2); Constituio da Repblica de
Moambique (art. 108.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 87.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 48.).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 50.; 61.; 138.; 144..
II Anotao
1 Em sede de organizao econmica e financeira, a promoo do investimento nacional e das condies de atrao do investimento estrangeiro afigura-se, necessariamente, uma incumbncia do Estado, a prpria forma verbal
do preceito o Estado deve promover.
2 Aquela incumbncia ser, porm, subordinada a objetivos, pelo que, a
captao de investimento carece de ser regulamentada, alis, como o determina o legislador constituinte ao afirmar que se faa nos termos da lei, devendo
ser realizada em termos tais que permitam a realizao das distintas formas
de propriedade dos meios de produo, por fora do art. 138., para alm da
realizao dos j referidos direitos de natureza econmica, de realizao individual, mormente de livre escolha da profisso (n. 1 do art. 50.), de desenvolvimento de iniciativas empresariais ou cooperativas (n. 5 do art. 50.).
3 Interesse nacional s-lo-, inquestionavelmente, o desenvolvimento da
economia que o Estado deve garantir (ver alnea d) do art. 6. da Constituio), como forma de promoo do bem-estar, mas tambm a sustentao
do aparelho poltico e administrativo do Estado, que, enquanto Estado fiscal
social, carece da tributao dos rendimentos que resultem daquele investi440
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Artigo 140.
(Investimentos)
441
11/10/18 12:23:38
Artigo 141.
(Terras)
Artigo 141.
(Terras)
So regulados por lei a propriedade, o uso e a posse til das terras, como um
dos fatores de produo econmica.
Artigu 141.
(Rai)
Lei maka regula rai nia propriedade, uzu no pose util, hanesan fatr ba
produsaun ekonmika ida.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 15.).
2 Direito timorense: Cdigo Civil, aprovado pela Lei n. 10/2011, de 14 de setembro; Lei n. 2/2002, de 7 de agosto (Interpretao do Direito Vigente); Lei n. 1/2003,
de 10 de maro (Regime Jurdico dos Bens Imveis); Lei n. 12/2005, de 12 de setembro (Regime Jurdico dos Bens Imveis: Arrendamento entre Particulares); DL n.
19/2004, de 17 de dezembro (Regime Jurdico dos Bens Imveis: Afetao Oficial e
Arrendamento de Bens Imveis do Domnio Privado do Estado); DL n. 27/2011, de 6
de julho (Regime de Regularizao de Bens Imveis em Casos No Disputados).
3 Legislao da UNTAET: Regulamento UNTAET n. 1999/01, de 27 de novembro
(Poderes da Administrao Transitria em Timor-Leste).
4 Doutrina: Jorge MIRANDA, Manual de Direito Constitucional, Tomo V Atividade Constitucional do Estado, 3.a ed., Coimbra, Coimbra Editora, 2004, pp. 122-126.
5 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 54.; 61.; 139..
II Anotao
1 Atualmente, ainda limitada a legislao relativa propriedade, uso e
posse til da terra. Em primeiro lugar, deve ser tida em conta a legislao
indonsia, vigente antes de 25 de outubro de 1999 que, se no for contrria
Constituio, mantm-se em vigor nos termos do art. 3. do Regulamento
UNTAET n. 1999/01 e do art. 1. da Lei n. 2/2002. Importa destacar de
entre a legislao indonsia aplicvel, at entrada em vigor do Cdigo Civil
timorense, o Cdigo Civil indonsio de 1847, a Lei Agrria indonsia (Lei n.
5/1960) e o Regulamento do Governo n. 18/1999 que converteu os diferentes
direitos sobre imveis para os direitos previstos na legislao indonsia. Toda
esta legislao passou a aplicar-se em Timor-Leste por fora da Lei n. 7/1976,
que integrou Timor-Leste como provncia do Estado indonsio.
Durante a administrao da UNTAET, foi aprovado o Regulamento UNTAET
n. 2000/27, que probe as transaes de bens imveis feitas por cidados indonsios no residentes em Timor-Leste ou corporaes indonsias.
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Artigo 141.
(Terras)
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Artigo 141.
(Terras)
deixando para legislao posterior a discusso de quais pessoas coletivas podero ser proprietrias de bens imveis. O registo de bens imveis em casos
no disputados constitui uma presuno do direito registado a favor do titular
inscrito (art. 4., n. 2), podendo esta ser elidida em juzo (art. 8., n. 2). Procura-se assim dar resposta atual indeterminao da titularidade dos bens
imveis, evitando uma anlise jurdica de cada caso, conformando a soluo
jurdica com as diferentes situaes fcticas que se foram formando, e dar valor jurdico ao reconhecimento costumeiro da titularidade dos bens imveis,
o qual tinha uma expresso diminuta durante a administrao portuguesa e
indonsia. A resoluo dos casos disputados poder ser levada a juzo, aguardar a aprovao de legislao subsequente ou ser resolvida de comum acordo
entre as partes (art. 9., n. 2).
4 Este artigo no avana princpios especficos a seguir relativamente a uma
poltica de terras como fator de produo econmica. Apesar disso, o legislador no deixa de estar balizado pelos artigos previstos para a organizao
econmica do Estado. O art. 138., ao prever a coexistncia do setor pblico,
privado e cooperativo, d uma grande margem de manobra para a conformao legislativa do art. 141..
A funo social da terra um dos limites impostos ao direito de propriedade
no art. 54., n. 2, da Constituio.
Quanto componente ambiental da explorao econmica da terra, os arts.
61. e 139., n. 3, da Constituio funcionam tambm como limites ao do
legislador.
5 Ao autonomizar a terra num artigo prprio, o legislador constitucional
ter entendido no a integrar no regime previsto para os recursos naturais no
art. 139. da Constituio e dos quais o Estado ressalva a propriedade daqueles que forem vitais para a economia. Aplica-se aqui o princpio interpretativo
de que onde o legislador distinguiu, deve o intrprete distinguir. Tal ideia
ainda reforada com o reconhecimento da propriedade privada da terra (art.
54.), sem que sejam feitas reservas especficas.
6 Trata-se aqui de uma norma programtica, com uma grande indeterminao, o que d uma amplitude de conformao ao legislador. No entanto,
prevendo a obrigao de o Estado regular esta matria, a inrcia legislativa
pode levar a uma inconstitucionalidade por omisso, prevista no art. 151. da
Constituio. Para alm disso, a obrigao de legislar trazida pelo art. 141.
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Artigo 141.
(Terras)
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11/10/18 12:23:39
Artigo 142.
(Sistema financeiro)
TTULO II
SISTEMA FINANCEIRO E FISCAL
Artigo 142.
(Sistema financeiro)
O sistema financeiro estruturado por lei de modo a garantir a formao,
captao e segurana das poupanas, bem como a aplicao dos meios financeiros necessrios ao desenvolvimento econmico e social.
Artigu 142.
(Sistema finanseiru)
Lei sei organiza sistema finanseiru nia estrutura atu garante formasaun, kaptasaun no seguransa ba poupansa, no ms meiu finanseiru
sira-neeb presiza ba dezenvolvimentu ekonmiku no sosil nia aplikasaun.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 99.); Constituio
da Repblica Federal do Brasil (art. 192.); Constituio da Repblica de Moambique
(art. 126.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 101.).
2 Direito timorense: Lei n. 6/2005, de 6 de julho (Regime de Licenciamento, Superviso e Regulao de Companhias de Seguros e de Intermedirios de Seguros).
3 Legislao UNTAET: Regulamento UNTAET n.
2000/0
5,
de 20 de janeiro (Licenciamento das Casas de Cmbio);
Regulamento UNTAET n. 2000/0
8,
de 25 de fevereiro (Licenciamento e Superviso Bancrias); Regulamento
UNTAET n.
2001/
30,
de 30 de novembro (Autoridade Bancria de Pagamentos de Timor-Leste).
4 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 96., n. 1, alnea g); 143.; 144..
II Anotao
1 Numa perspetiva institucional, o sistema financeiro constitudo pelas
entidades que, no quadro de um sistema poltico-econmico, no seu conjunto,
geram, recolhem, administram e dirigem as poupanas e o investimento.
2 O sistema financeiro de Timor-Leste , ainda, constitudo por um nmero reduzido de bancos, todos sob a superviso da Autoridade Bancria e
de Pagamentos (ABP). Esta desempenha, na ausncia de um Banco Central,
algumas das principais funes que constituem responsabilidade dos bancos
centrais (ver anotao ao art. 143., n. 1).
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11/10/18 12:23:39
Artigo 142.
(Sistema financeiro)
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11/10/18 12:23:39
Artigo 143.
(Banco central)
Artigo 143.
(Banco central)
1. O Estado deve criar um banco central nacional corresponsvel pela definio e execuo da poltica monetria e financeira.
2. A lei define as funes e a relao entre o banco central, o Parlamento
Nacional e o Governo, salvaguardando a autonomia de gesto da instituio
financeira.
3. O banco central tem a competncia exclusiva de emisso da moeda nacional.
Artigu 143.
(Banku sentrl)
1. Estadu tenke kria banku sentrl nasionl ida ko-responsavel ba poltika monetria no finanseira nia definisaun no ezekusaun.
2. Lei define banku sentrl nia funsaun no nia relasaun ho Parlamentu
Nasionl no Governu, ho garantia ba instituisaun finanseira nee nia
autonomia iha jestaun.
3. Banku sentrl iha kompetnsia eskluziva atu emite moeda nasionl.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 100.); Constituio da Repblica Federativa do Brasil (art. 164.); Constituio da Repblica de Cabo
Verde (art. 92.); Constituio da Repblica da Indonsia (art. 23.-D); Constituio
da Repblica de Moambique (art. 132.); Constituio da Repblica Portuguesa (art.
102.).
2 Direito timorense: DL n. 20/2003, de 13 de novembro (Moeda legal em Timor-Leste) art. 2., n. 1.
3 Legislao da UNTAET: Regulamento UNTAET n. 2001/30, de 30 de novembro
(Autoridade Bancria de Pagamentos de Timor-Leste).
4 Preceitos constitucionais relacionados: Art. 96., n. 1, alnea f).
II Anotao
1 A injuno constitucional imposta pelo n. 1 no foi ainda concretizada na
legislao ordinria. Timor-Leste ainda no dispe de um banco central, sendo as suas funes transitoriamente assumidas pela Autoridade Bancria de
Pagamentos (ABP). Esta foi criada pelo Regulamento UNTAET n. 2001/30,
transformando o Gabinete Central de Pagamentos numa autoridade bancria, constituindo mais um passo em direo criao de um banco central,
como se refere no prembulo do diploma.
448
11/10/18 12:23:39
Artigo 143.
(Banco central)
11/10/18 12:23:40
Artigo 143.
(Banco central)
450
11/10/18 12:23:40
Artigo 144.
(Sistema fiscal)
Artigo 144.
(Sistema fiscal)
1. O Estado deve criar um sistema fiscal que satisfaa as necessidades financeiras e contribua para a justa repartio da riqueza e dos rendimentos
nacionais.
2. Os impostos e as taxas so criados por lei, que fixa a sua incidncia, os
benefcios fiscais e as garantias dos contribuintes.
Artigu 144.
(Sistema fiskl)
1. Estadu tenke kria sistema fiskl neeb tau-matan ba nesesidade finanseira no kontribui atu fahe rikeza no rendimentu nasionl ho justisa.
2. Lei maka kria impostu no taxa no fiksa nia insidnsia, no ms benefsiu fiskl no garantia ba kontribuinte sira.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (arts. 101. e 102.);
Constituio da Repblica Federativa do Brasil (arts. 145., 146. e 146.-A); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 93.); Constituio da Repblica de Moambique (arts. 100. e 127.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 103.).
2 Direito timorense: Lei n. 8/2005, de 3 de agosto (Lei do Fundo Petrolfero) art.
11.; Lei n. 8/2008, de 30 de julho (Lei Tributria).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 16.; 55.; 95., n. 2, alnea p);
138.; 145..
II Anotao
1 A criao de um sistema fiscal pelo Estado tem por finalidades satisfazer as necessidades financeiras e contribuir para a justa repartio da
riqueza e dos rendimentos nacionais. Estes fins so indissociveis na sua
articulao lgica e funcional. Para cumprir os objetivos que a Constituio
lhe impe defesa da soberania, garantia da liberdade e da segurana dos
cidados, direitos e deveres econmicos, sociais e culturais o Estado carece
de avultados recursos. Por isso, a Constituio determina que todo o cidado com comprovado rendimento tem o dever de contribuir para as receitas
pblicas (art. 55.).
2 Da conjugao desta obrigao constitucional (art. 55.) com a exigncia
de que o sistema fiscal contribua para a justa repartio da riqueza e dos
rendimentos nacionais emerge o princpio da capacidade contributiva. Ora,
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11/10/18 12:23:40
Artigo 144.
(Sistema fiscal)
a repartio da riqueza, realizada pelo Estado atravs dos impostos, pressupe que quem detentor de maior capacidade contributiva suporte um maior
encargo fiscal, o que permite que os cidados de mais baixos rendimentos
paguem menos impostos. Nesta dimenso, o princpio da capacidade contributiva concorre para a concretizao do princpio da igualdade (art. 16.), em
que tambm se funda.
3 O princpio da capacidade contributiva contempla a igualdade horizontal
e a igualdade vertical. A primeira a determinar que, em igualdade de circunstncias, os contribuintes devem receber o mesmo tratamento fiscal. A igualdade vertical, a implicar que em diferentes circunstncias haja um diferente
tratamento fiscal. Este permite distintas formas de se determinar o valor do
imposto, podendo as taxas ser regressivas, proporcionais ou progressivas.
A distribuio equitativa dos encargos deve ponderar as circunstncias concretas de cada cidado. Devem assim ser tidos em conta outros valores constitucionais que permitem essa diferenciao, tais como a proteo da criana
(art. 18.), a qual, ao gozar de todos os direitos que lhe so universalmente
reconhecidos (por fora do n. 2 do art. 18.), representa uma fonte de encargos, que devem contribuir para a determinao dos comprovados rendimentos (art. 55.) do contribuinte, assim como outros encargos familiares por
exemplo, a habitao condigna , art. 58. e muitos outros. O princpio da
igualdade tributria emerge com o movimento constitucional moderno que o
transformou em princpio do direito fiscal.
4 O sistema fiscal desempenha tambm uma funo econmica que possibilita ao Estado no s atuar em situaes de conjuntura, por exemplo, de combate inflao, mas tambm influenciar a prpria estrutura econmica, por
exemplo, pelo incentivo a certo tipo de investimento ou setor de atividade.
5 O n. 2 estabelece o princpio da legalidade fiscal. A ideia de que os impostos devem ser criados pelo poder legislativo os parlamentos , enquanto
rgos soberanos da representao do povo, um valor essencial do Estado
moderno e das democracias constitucionais. Assim, a poltica fiscal matria
exclusivamente reservada competncia legislativa do Parlamento Nacional
(art. 95., n. 2, alnea p)). No mesmo sentido, prev o art. 145. a aprovao do
Oramento Geral do Estado pelo Parlamento Nacional.
6 Sendo os impostos criados por lei, esta dever contemplar os seus elementos essenciais. A lei dever fixar a incidncia dos impostos, quer real quer
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11/10/18 12:23:40
Artigo 144.
(Sistema fiscal)
pessoal, bem como os benefcios fiscais e, com particular importncia, assegurar as garantias dos contribuintes perante o Estado. Derivando do princpio
da legalidade um princpio de tipicidade fiscal, pela no previso no preceito
em apreo da liquidao e cobrana, temos que entender que estes escapam
ao princpio da legalidade fiscal, alm de que fica vedado o recurso analogia
como instrumento de integrao de lacunas da lei fiscal, no que concerne aos
elementos essenciais dos impostos previstos no n. 2 do art. 144..
7 A referncia s taxas, dada a sua insero no texto constitucional, vem
designar os tributos percebidos pelo Estado em compensao dos servios
que presta. Assim, tambm a estas se aplica o princpio da reserva de lei e
todo o enquadramento constitucional do sistema fiscal.
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11/10/18 12:23:41
Artigo 145.
(Oramento Geral do Estado)
Artigo 145.
(Oramento Geral do Estado)
1. O Oramento Geral do Estado elaborado pelo Governo e aprovado pelo
Parlamento Nacional.
2. A lei do Oramento deve prever, com base na eficincia e na eficcia, a
discriminao das receitas e a discriminao das despesas, bem como evitar
a existncia de dotaes ou fundos secretos.
3. A execuo do Oramento fiscalizada pelo Tribunal Superior Administrativo, Fiscal e de Contas e pelo Parlamento Nacional.
Artigu 145.
(Estadu nia orsamentu nasionl)
1. Governu maka elabora no Parlamentu Nasionl maka aprova Estadu
nia orsamentu Jerl.
2. Lei ba orsamentu tenke prevee, ho baze iha efisinsia no efiksia,
reseita nia diskriminasaun no despeza nia diskriminasaun, no takadalan atu labele iha dotasaun ka fundu sekretu.
3. Tribunl Superir Administrativu, Fiskl no ba Kontas no Parlamentu maka fiskaliza orsamentu nia ezekusaun.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 104.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 94.); Constituio da Repblica da Indonsia
(art. 23); Constituio da Repblica de Moambique (art. 130.); Constituio da Repblica Portuguesa (arts. 105., 106. e 107.).
2 Direito timorense: Lei n. 8/2007, de 21 de setembro (Lei sobre o Perodo Oramental); Regimento do Parlamento Nacional, aprovado em 20 de outubro de 2009.
3 Jurisprudncia: Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 01-CONST-11,
de 11 de fevereiro de 2011 (Fiscalizao Prvia da Constitucionalidade do Decreto do
Parlamento Nacional n. 45/11 que Aprova o Oramento Geral do Estado da Repblica
Democrtica de Timor-Leste para 2011), publicado no Jornal da Repblica, Srie I,
n. 5 A, de 14 de fevereiro de 2011.
4 Doutrina: Jos Joaquim Teixeira Ribeiro, Lies de Finanas Pblicas,
Coimbra, Coimbra Editora, 5.a ed., 1997.
5 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 87., alnea f); 95., n. 3, alnea d);
97., n. 2; 115., n. 1, alnea d).
II Anotao
1 O presente preceito estabelece diversos princpios respeitantes elaborao do Oramento do Estado, embora no haja uma referncia a todas as
regras clssicas do oramento. Uma primeira regra respeita tramitao que
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Artigo 145.
(Oramento Geral do Estado)
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Artigo 145.
(Oramento Geral do Estado)
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11/10/18 12:23:41
Artigo 146.
(Foras Armadas)
PARTE V
DEFESA E SEGURANA NACIONAIS
Artigo 146.
(Foras Armadas)
1. As foras armadas de Timor-Leste, FALINTIL-FDTL, compostas exclusivamente de cidados nacionais, so responsveis pela defesa militar da Repblica Democrtica de Timor-Leste e a sua organizao nica para todo o
territrio nacional.
2. As FALINTIL-FDTL garantem a independncia nacional, a integridade
territorial e a liberdade e segurana das populaes contra qualquer agresso
ou ameaa externa, no respeito pela ordem constitucional.
3. As FALINTIL-FDTL so apartidrias e devem obedincia, nos termos da
Constituio e das leis, aos rgos de soberania competentes, sendo-lhes vedada qualquer interveno poltica.
Artigu 146.
(Forsa armada)
1. Timr-Leste nia forsa armada, FALINTIL-FDTL, komposta eskluzivamente ho sidadaun nasionl, iha responsabilidade ba Repblika
Demokrtika Timr-Leste nia defeza militr no iha organizasaun idadeit iha territriu nasionl tomak.
2. FALINTIL-FDTL garante independnsia nasionl, integridade territoril no populasaun sira-nia liberdade no seguransa hasoru agresaun
ka ameasa esterna naran ida, ho respeitu ba orden konstitusionl.
3. FALINTIL-FDTL labele iha partidu poltiku no tenke obedese ba
rgaun soberanu kompetente sira, nuudar Konstituisaun no lei, no labele iha intervensaun poltika naran ida.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 207.); Constituio da Repblica Federativa do Brasil (art. 142.); Constituio da Repblica de Cabo
Verde (arts. 247. e 248.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 20.);
Constituio da Repblica Portuguesa (art. 275.).
2 Direito timorense: Lei n. 2/2010, de 21 de abril (Lei de Segurana Nacional); Lei
n. 3/2010, de 21 de abril (Lei de Defesa Nacional); DL n. 7/2004, de 5 de maio (Orgnica das Falintil-Foras de Defesa de Timor-Leste (Falintil-FDTL)); DL n. 15/2006,
de 8 de novembro (Estatuto Orgnico das Falintil-FDTL); DL n. 7/2007, de 5 de
setembro (Orgnica do IV Governo Constitucional); DL n. 31/2008, de 13 de agosto
(Orgnica do Ministrio da Defesa e Segurana).
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11/10/18 12:23:41
Artigo 146.
(Foras Armadas)
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 6.; 25.; 74., n. 2; 85., alnea b);
86., alnea m); 95., n. 2, alnea o); 147..
II Anotao
1 Cada Estado estabelece entre os seus objetivos fundamentais a defesa da
soberania, como a Constituio consagra no art. 6. e melhor disciplina no art.
95., n. 2, alnea o), relativamente competncia legislativa do PN, e no art.
146. em relao s Foras Armadas.
2 O acesso independncia nacional foi largamente marcado pela resistncia (valorizada nos termos do art. 11.) com uma forte componente militar
guerrilheira, que se constata na designao atual das foras armadas como
FALINTIL-FDTL.
3 Este artigo reserva, no n. 1, aos cidados nacionais a incorporao nas
F-FDTL, uma exceo ao princpio da universalidade dos direitos fundamentais. A restrio de direitos fundamentais verifica-se na limitao de certos
direitos dos militares, relativamente ao direito greve, ou das regras de deteno, em casos de infraes disciplinares ou de guerra. Relativamente
sua organizao, garante-se uma organizao nica para todo o territrio
nacional, o que parece implicar a vinculao do legislador ordinrio na definio da orgnica militar, nomeadamente, no que se refere estrutura de
comando.
4 Este artigo consagra ainda o princpio constitucional da exclusividade
da funo militar s F-FDTL, nos termos do art. 146. da Constituio. Este
princpio tem aqui um duplo sentido, delimitando positivamente o seu mbito
de interveno, ao mesmo tempo que as excluindo da gesto quotidiana da
Segurana Interna, atribuda em primeira instncia s Foras de Segurana,
nos termos do art. 147.. O n. 2 concretiza, positivamente, que as F-FDTL
defendem a independncia nacional, a integridade territorial e a liberdade
e segurana das populaes, especialmente contra agresso ou ameaa externa. No entanto, nem o princpio da exclusividade do exerccio da funo
militar s F-FDTL (n. 1) limita o exerccio da atividade de Defesa Nacional a
uma componente militar, nem a reserva da resistncia a ameaas externas (n.
2) constrange outras intervenes da F-FDTL.
5 Por um lado, o princpio da exclusividade do exerccio da funo militar s
F-FDTL no afasta uma componente no militar da atividade de Defesa Na458
11/10/18 12:23:42
Artigo 146.
(Foras Armadas)
11/10/18 12:23:42
Artigo 146.
(Foras Armadas)
10 Nos termos do art. 146., a regra continua a ser a que resulta do princpio
da exclusividade da funo militar das F-FDTL. As modalidades de empenhamento operacional conjunto, maxime previstos nos arts. 34. e ss. da Lei
de Segurana Nacional, destinam-se a resolver as situaes que cada uma das
foras no possa resolver isoladamente, mas que no justifiquem a declarao
de qualquer uma das modalidades de exceo constitucional. Esta tambm a
lio de ameaas segurana dos Estados, crescentemente complexas, como
o revela a criminalidade altamente organizada, o terrorismo ou a pirataria,
que, politicamente, parece tambm ter encontrado acolhimento na orgnica
do IV Governo (DL n. 7/2007, de 5 de setembro) que cria o Ministrio de
Defesa e Segurana. Revogado parece estar, por isso, pelo menos tacitamente,
nos termos do art. 67. da LSN, o disposto relativamente ao Estado de crise
nos arts. 18., 19., 20., 21., 22. e 24. do DL n. 7/2004, de 5 de maio (Orgnica das Falintil-Foras de Defesa de Timor-Leste), no mais, j revogado pelo
DL n. 15/2006, de 8 de novembro.
11 A Estrutura Superior da Defesa Nacional, nos arts. 11. e ss. da Lei
da Defesa Nacional (Lei n. 3/2010, de 21 de abril), garante que os rgos
de soberania exercem as suas competncias em matria de Defesa Nacional
nos termos da Constituio, da presente lei e da demais legislao em vigor.
A repartio de competncias sobre as Foras Armadas nem sempre fcil,
em especial, em Timor-Leste. Os rgos de soberania, nos termos das diferentes disposies da Constituio e dos arts. 14. e ss. da LDN partilham
diversas competncias relativamente s F-FDTL.
12 As F-FDTL integram a Administrao Direta do Estado atravs do departamento governamental respetivo, nos termos do art. 11., alnea a), da
Orgnica do Ministrio da Defesa e Segurana (DL n. 31/2008, de 13 de
agosto), pelo que, administrativamente, dependem do Governo. O PR o Comandante Supremo das Foras Armadas, nos termos do art. 74., n. 2, e do
art. 85., alnea b), num espao prprio de direo poltica. A previso do art.
9. do DL n. 15/2006 relativo Orgnica das FALINTIL Fora de Defesa
de Timor-Leste (F-FDTL) , apesar de no expressamente, parece revogada
pelo disposto no art. 14., n. 2, da Lei de Defesa Nacional na qual se consagra
o papel do PR no exerccio da Defesa Nacional.
13 Alm de outras competncias, nos termos do art. 74., n. 2, cabe ao
Presidente da Repblica, como Comandante Supremo das Foras Armadas,
460
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Artigo 146.
(Foras Armadas)
461
11/10/18 12:23:42
Artigo 147.
(Polcia e foras de segurana)
Artigo 147.
(Polcia e foras de segurana)
1. A polcia defende a legalidade democrtica e garante a segurana interna
dos cidados, sendo rigorosamente apartidria.
2. A preveno criminal deve fazer-se com respeito pelos direitos humanos.
3. A lei fixa o regime da polcia e demais foras de segurana.
Artigu 147.
(Polsia no forsa ba seguransa)
1. Polsia defende legalidade demokrtika no garante sidadaun sira-nia
seguransa interna, no labele iha partidu poltiku.
2. Prevensaun ba krime tenke halo ho respeitu ba direitus umanus.
3. Lei fiksa polsia no forsa sira seluk nia rejime.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 210.); Constituio da Repblica Federativa do Brasil (art. 144.); Constituio da Repblica de Cabo
Verde (art. 244.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 254.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 272.).
2 Direito timorense: Cdigo de Processo Penal, aprovado pelo DL n. 13/2005, de 1
de dezembro (arts. 52. e ss.); Lei n. 4/2010, de 21 de abril (Lei de Segurana Interna);
DL n. 9/2009, de 18 de fevereiro (Lei Orgnica da Polcia Nacional de Timor-Leste);
DL n. 16/2009, de 18 de maro (Regime de Promoo da Polcia Nacional de Timor-Leste); DL n. 10/2009, de 18 de fevereiro (Regime Salarial da Polcia Nacional de Timor-Leste), alterado pelo DL n. 28/2009, de 9 de setembro (Altera o Regime Salarial
da Polcia Nacional de Timor-Leste).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 16. e ss.; 95., n. 2, alnea o).
II Anotao
1 Este artigo atribui polcia a defesa da legalidade democrtica e da
segurana interna dos cidados. A polcia prossegue as suas atividades, na
prossecuo do interesse pblico e observando garantias de apartidarismo,
de forma a evitar a sua instrumentalizao a interesses particulares de um
determinado partido ou fao.
2 O conceito de segurana interna encontra-se desenvolvido no art. 1. da
Lei de Segurana Interna (Lei n. 4/2010, de 21 de abril) como uma atividade
desenvolvida pelo Estado para garantir a ordem, a segurana e a tranquilidade pblicas, proteger as pessoas e os bens, garantir o exerccio dos direitos e
liberdades fundamentais dos cidados, prevenir a criminalidade e assegurar
o normal funcionamento das instituies democrticas.
462
11/10/18 12:23:43
Artigo 147.
(Polcia e foras de segurana)
3 A definio do espao de interveno policial, autorizado constitucionalmente, relevante para o recorte legal das medidas que lhe so dirigidas.
Prevalece uma perspetiva integrada na definio dos mbitos de interveno
das foras de defesa e de segurana, no quadro da Lei de Segurana Nacional,
pelo qual cada uma das Foras de Defesa e Segurana pode ser chamada a
auxiliar no desempenho das atribuies da outra. Assim, as foras de segurana podem ser chamadas a intervir nas atividades de Defesa Nacional (no
militar), assim como as foras de defesa podem ser chamadas a auxiliar as
foras de segurana, quando confrontadas com situaes que no controlem
adequadamente.
4 Nos termos do art. 17. da LSI, so autoridades de polcia, no mbito das
respetivas competncias: o Comandante-Geral da PNTL; o 2. Comandante-Geral da PNTL; os Comandantes das Unidades da PNTL; os Comandantes
Distritais da PNTL; o Diretor do Servio de Imigrao; e o Diretor Nacional
das Alfndegas. As medidas de polcia, que estes podem autorizar, encontram-se previstas no art. 18. da Lei de Segurana Interna, bem como nos arts.
52. e ss. do Cdigo de Processo Penal. Estas incluem o dever de identificao
(art. 53. do CPP e art. 21. da LSI), a vigilncia de pessoas, edifcios e estabelecimentos por perodo de tempo determinado (art. 52. do CPP e art. 18.
da LSI), a apreenso temporria de armas, munies e explosivos (arts. 56.
e 172. e ss. do CPP e art. 18. da LSI), detenes (arts. 217. e ss. do CPP),
buscas e revistas (arts. 56. e 168. e ss. do CPP), impedimento de entrada
de estrangeiros e acionamento da expulso de estrangeiros do pas (art. 18.
da LSI), delimitao de zonas de segurana (art. 18. da LSI) e controlo de
comunicaes (arts. 172. e ss. do CPP e art. 22. da LSI). Estas medidas
encontram-se sujeitas aos limites estabelecidos na Constituio, em especial,
nos arts. 31. a 34..
5 O n. 2 deste artigo garante que a preveno criminal se dever fazer com
respeito pelos direitos humanos. Isto requer a clara definio das medidas de
preveno criminal, que so cada vez mais exercidos por autoridades que
no so policiais e mesmo impostas a privados, por exemplo, o dever de identificao dos clientes imposto aos bancos na preveno do branqueamento
de capitais. A LSI revogou o DL n. 2/2007, de 8 de maro, que previa Operaes Especiais de Preveno Criminal, estabelecendo um novo regime de
Medidas Especiais de Preveno Criminal, no seu art. 19.. Nos termos deste artigo, autorizada a adoo de especiais medidas de polcia em espaos
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Artigo 147.
(Polcia e foras de segurana)
determinados, sujeitos, nos termos do art. 20., a controlo judicial, que carece
de comunicao ao Ministrio Pblico, atravs do Procurador distrital com
competncia territorial na rea geogrfica visada, para a devida promoo
judicial, podendo ambos ser chamados a acompanhar as operaes.
6 O n. 3 deste artigo defere lei a definio do regime da polcia e demais
foras de segurana, sujeita, naturalmente, s demais normas constitucionais
pertinentes. No espao de interveno legislativa, a Lei Orgnica da PNTL foi
aprovada pelo DL n. 9/2009, de 18 de fevereiro, e outras matrias relevantes
encontram-se reguladas, por exemplo, pelo DL n. 16/2009, de 18 de maro.
O Regime de Promoo da PNTL e o Regime Salarial da PNTL encontram-se
previstos no DL n. 10/2009, de 18 de fevereiro (alterado pelo DL n. 28/2009,
de 9 de setembro).
464
11/10/18 12:23:43
Artigo 148.
(Conselho Superior de Defesa e Segurana)
Artigo 148.
(Conselho Superior de Defesa e Segurana)
1. O Conselho Superior de Defesa e Segurana o rgo consultivo do Presidente da Repblica para assuntos relativos defesa e soberania.
2. O Conselho Superior de Defesa e Segurana presidido pelo Presidente da
Repblica e deve incluir entidades civis e militares, sendo as civis representadas em maior nmero.
3. A composio, a organizao e o funcionamento do Conselho Superior de
Defesa e Segurana so definidos por lei.
Artigu 148.
(Konsellu Superir ba Defeza no Seguransa)
1. Konsellu Superir ba Defeza no Seguransa Prezidente da-Repblika
nia rgaun konsultivu iha asuntu kona-ba defeza no soberania.
2. Prezidente da-Repblika maka prezide Konsellu Superir ba Defeza
no Seguransa, neeb tenke inklui entidade sivl no militr, no entidade
sivl sira tenke barak liu.
3. Lei maka define Konsellu Superir ba Defeza no Seguransa nia
kompozisaun, organizasaun no funsionamentu.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 136.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 252.); Constituio da Repblica de Moambique (arts. 268. a 270.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 274.).
2 Direito timorense: Lei n. 2/2005, de 2 de maro (Conselho Superior de Defesa
e Segurana).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 85., alneas g) e h); 86., alneas
a) e i); 87., alnea a).
II Anotao
1 Trata-se de um rgo consultivo do Presidente da Repblica para as matrias de Defesa e de Segurana. Neste ponto, distingue-se de rgos equivalentes de outros Estados porque inclui nas suas competncias no apenas
as matrias referentes Defesa nacional militar, mas tambm aquelas que se
referem defesa da soberania nacional por questes de segurana interna.
Assim se compreende e justifica a insero sistemtica do artigo referente ao
CSDS na Parte V da Constituio, intitulada precisamente Defesa e Segurana Nacionais (arts. 146., 147. e 148.).
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11/10/18 12:23:43
Artigo 148.
(Conselho Superior de Defesa e Segurana)
2 A composio do CSDS, definida na Lei n. 2/2005, de 2 de maro, reflete esta natureza mista das suas competncias pois inclui, para alm do Primeiro-Ministro e dos membros do Governo responsveis pela defesa, justia,
administrao interna e dos negcios estrangeiros, o Chefe do Estado-Maior
das Foras Armadas (ou quem desempenhar essas funes), o Comandante-Geral da PNTL, o responsvel nacional pela segurana do Estado e, ainda,
trs representantes do Parlamento Nacional e dois cidados nomeados pelo
Presidente da Repblica, que preside ao rgo.
3 As competncias do CSDS so de natureza exclusivamente consultiva
(exceto no que se refere ao seu regimento interno) e definem-se largamente
em todas as matrias referentes a defesa e segurana (alneas a) e h) do n. 1
do art. 3. da Lei n. 2/2005), especificando que compete ao Conselho pronunciar-se sobre a legislao e organizao, funcionamento e disciplina das
foras armadas, da polcia e demais foras de segurana (alnea b)), ou no caso
de declarao de guerra e feitura da paz (alnea d)) e de declarao do estado
de stio ou estado de emergncia (alnea e)). Pronuncia-se igualmente sobre
as propostas de nomeao e exonerao do Chefe e Vice-Chefe do Estado-Maior General das Foras Armadas, bem como dos Chefes de Estado-Maior
dos diferentes ramos das Foras Armadas (alneas f) e g)). O CSDS tambm
consultado no processo de concluso de acordos internacionais na rea da
defesa e segurana (alnea c)).
Registe-se que as competncias referentes s referidas alneas d) e e) da Lei
n. 2/2005, de 2 de maro (respetivamente, declarao de guerra e feitura da
paz e declarao do estado de stio ou estado de emergncia), so uma exigncia constitucional, nos termos das alneas h) e g) do art. 85. da Constituio,
formalidades essenciais sem as quais aqueles atos do Presidente da Repblica
poderiam ser considerados inconstitucionais.
As competncias para se pronunciar sobre as propostas de nomeao das chefias militares decorrem das competncias prprias do Presidente da Repblica na matria (alnea m) do art. 86. da Constituio).
A competncia para se pronunciar sobre a concluso de tratados internacionais em matrias de defesa e segurana decorre tambm da competncia do
Presidente da Repblica nestas matrias art. 87., alnea d), da Constituio.
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Artigo 149.
(Fiscalizao preventiva da constitucionalidade)
PARTE VI
GARANTIA E REVISO DA CONSTITUIO
TTULO I
GARANTIA DA CONSTITUIO
Artigo 149.
(Fiscalizao preventiva da constitucionalidade)
1. O Presidente da Repblica pode requerer ao Supremo Tribunal de Justia
a apreciao preventiva da constitucionalidade de qualquer diploma que lhe
tenha sido enviado para promulgao.
2. A apreciao preventiva da constitucionalidade pode ser requerida no prazo de vinte dias a contar da data de receo do diploma, devendo o Supremo
Tribunal de Justia pronunciar-se no prazo de vinte e cinco dias, o qual pode
ser reduzido pelo Presidente da Repblica por motivo de urgncia.
3. Em caso de pronncia pela inconstitucionalidade, o Presidente da Repblica remete cpia do acrdo ao Governo ou ao Parlamento Nacional, solicitando a reformulao do diploma em conformidade com a deciso do Supremo
Tribunal de Justia.
4. O veto por inconstitucionalidade do diploma do Parlamento Nacional enviado para promulgao pode ser ultrapassado nos termos do artigo 88., com
as devidas adaptaes.
Artigu 149.
(Fiskalizasaun preventiva ba konstitusionalidade)
1. Prezidente da-Repblika bele rekere ba Supremu Tribunl ba Justisa
atu halo apresiasaun preventiva ba diploma neeb haruka ba nia atu
promulga nia konstitusionalidade.
2. Rekerimentu ba apresiasaun preventiva ba konstitusionalidade bele
tama iha loron ruanulu nia laran hah iha loron neeb simu diploma
nee, no Supremu Tribunl ba Justisa tenke f desizaun iha loron ruanulu resin-lima nia laran, prazu neeb Prezidente da-Repblika bele
habadak kuandu iha urjnsia.
3. Kuandu Supremu Tribunl ba Justisa deside katak iha inkonstitusionalidade, Prezidente da-Repblika haruka akrdaun nia kpia ba
Governu ka Parlamentu Nasionl no husu atu hadia diploma nee tuir
desizaun nee.
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Artigo 149.
(Fiscalizao preventiva da constitucionalidade)
4. Vetu tanba inkonstitusionalidade ba Parlamentu Nasionl nia diploma neeb haruka ba promulgasaun bele hakat-liu tiha tuir artigu 88
nia dispozisaun, ho adaptasaun devida.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (arts. 228. e 229.);
Constituio da Repblica de Cabo Verde (arts. 278. e 279.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 246.); Constituio da Repblica Portuguesa (arts. 278.
e 279.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (arts. 145.
e 146.).
2 Jurisprudncia: Acrdo do Tribunal de Recurso n. 02/2003, de 30 de junho
(Fiscalizao Preventiva de Constitucionalidade); Acrdo do Tribunal de Recurso
n. 03/2003, de 30 de abril de 2007 (Fiscalizao Abstrata Sucessiva de Constitucionalidade), publicado no Jornal da Repblica, Srie I, n. 11, de 18 de maio de 2007;
Acrdo do Tribunal de Recurso n. 01/2005, de 9 de maio (Fiscalizao Preventiva
de Constitucionalidade); Acrdo do Tribunal de Recurso n. 02/2009, de 7 de julho,
publicado no Jornal da Repblica, Srie I, n. 28, de 5 de agosto de 2009.
3 Doutrina: Carlos Bastide HORBACH, O controle de constitucionalidade na
Constituio de Timor-Leste, in Revista da Faculdade de Direito da Universidade
de Lisboa, vol. XLVI, n. 2, 2005; Florbela PIRES, Fontes do direito e procedimento
legislativo na Repblica Democrtica de Timor-Leste, in AA.VV., Estudos em Memria do Professor Doutor Antnio Marques dos Santos, II, Coimbra, 2005.
4 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 2., n. 3; 85., alnea e); 88.; 124.,
n. 2; 126., n. 1, alnea b); 153.; 164., n. 2.
II Anotao
1 Este artigo, em consonncia com o art. 2., n. 3, da Constituio, prev a
fiscalizao preventiva dos diplomas enviados para promulgao, de modo a
evitar que entrem em vigor na ordem jurdica timorense normas dissonantes
com o disposto na Constituio e, por isso, invlidas. A fiscalizao preventiva no incide, porm, sobre todos os atos normativos suscetveis de controlo
sucessivo, mas apenas sobre aqueles que necessitam da promulgao do Presidente da Repblica, ou seja, os diplomas a valer como lei ou decreto-lei.
2 A fiscalizao preventiva levada a cabo pelo Supremo Tribunal de Justia (por ora, o Tribunal de Recurso, nos termos do art. 164., n. 2), que,
no entanto, s se pronuncia se o Presidente da Repblica o solicitar. O Presidente da Repblica, sendo o nico rgo constitucionalmente competente
para iniciar o processo de fiscalizao preventiva, no est obrigado a faz-lo
sempre, como resulta do emprego, pelo n. 1 deste artigo, da frmula pode
requerer. Se o Presidente no tiver dvidas sobre a constitucionalidade das
normas contidas no diploma recebido para promulgao e no tiver motivos
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Artigo 149.
(Fiscalizao preventiva da constitucionalidade)
para exercer o veto poltico ao abrigo do art. 88. promulgar o diploma sem
mais delongas.
3 Para no atrasar excessivamente a concluso do procedimento legislativo,
que fica suspenso, a Constituio fixa prazos para a atuao do Presidente da
Repblica e do Supremo Tribunal de Justia (n. 2). O Presidente tem 20 dias,
contados da data da receo do diploma a promulgar, para requerer a interveno do Supremo Tribunal de Justia e este dispe de apenas 25 dias para se
pronunciar, um prazo manifestamente curto, atenta a complexidade das questes em causa, e que, no obstante, ainda pode ser reduzido pelo Presidente
da Repblica por motivo de urgncia. Estes prazos so prazos constitucionais,
pelo que no podem ser alterados por lei. A Constituio no fixa prazos para
o Presidente da Repblica atuar depois de conhecida a pronncia do Supremo
Tribunal, ou seja, o prazo para remeter cpia do acrdo ao Governo ou ao
Parlamento, em caso de pronncia pela inconstitucionalidade (n. 3) e o prazo
para promulgar o diploma ou exercer sobre ele o veto poltico (art. 88.), na
hiptese alternativa. No se admite, no entanto, uma prtica presidencial que,
pelo decurso do tempo sem a promulgao, se constitua materialmente num
veto da ao legislativa do PN ou do Governo (art. 88.).
4 Se o Supremo Tribunal de Justia se pronunciar pela inconstitucionalidade
de norma ou normas contidas no diploma submetido sua apreciao, o Presidente da Repblica deve vet-lo por inconstitucionalidade. Contrariamente ao
que sucede com o veto poltico (art. 88., n. 1), o Presidente no livre para
decidir se veta ou no veta. O veto nestas circunstncias obrigatrio e tem
os fundamentos que constam da pronncia do Tribunal. Deve depois remeter
cpia do acrdo ao Governo ou ao Parlamento Nacional, solicitando-lhes
que reformulem o diploma em conformidade com a deciso (n. 3).
5 Ao reformularem os respetivos diplomas, tanto o Governo como o Parlamento Nacional podem no se limitar a suprimir as normas consideradas
inconstitucionais, optando por modificar igualmente outros aspetos do regime. Porm, as alteraes que no decorram diretamente do cumprimento da
deciso do Supremo Tribunal sero sempre suscetveis de dar origem a um
novo processo de fiscalizao preventiva. A reformulao o nico meio de
que o Governo dispe para superar o veto por inconstitucionalidade, pelo que,
se no acatar as indicaes do Tribunal, os seus diplomas no sero promulgados.
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Artigo 149.
(Fiscalizao preventiva da constitucionalidade)
6 Para o Parlamento, existe ainda a possibilidade de ultrapassar o veto atravs de uma nova votao do diploma. Necessrio que este seja confirmado
por maioria absoluta dos Deputados em efetividade de funes ou, tratando-se de matria de competncia parlamentar exclusiva, por maioria de dois
teros dos Deputados presentes, se esta maioria for superior quela (art. 88.,
n.os 2 e 3, por remisso do n. 4 do artigo em anlise). Se o diploma for confirmado, o Presidente da Repblica dever promulg-lo no prazo de oito dias
(art. 88., n. 2). Admite-se, deste modo, a entrada em vigor na ordem jurdica
de normas consideradas inconstitucionais em sede de fiscalizao preventiva.
O que torna possvel que as normas confirmadas por esta via sejam submetidas a nova apreciao do Supremo Tribunal logo que entrem em vigor. Foi o
que aconteceu com as normas do diploma que veio a ser a Lei de Imigrao e
Asilo, objeto de fiscalizao preventiva no Acrdo n. 02/2003 e de fiscalizao abstrata sucessiva no Acrdo n. 03/2003. Os acrdos proferidos nos
dois processos so praticamente idnticos.
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Artigo 150.
(Fiscalizao abstrata da constitucionalidade)
Artigo 150.
(Fiscalizao abstrata da constitucionalidade)
Podem requerer a declarao de inconstitucionalidade:
a) O Presidente da Repblica;
b) O Presidente do Parlamento Nacional;
c) O Procurador-Geral da Repblica, com base na desaplicao pelos tribunais em trs casos concretos de norma julgada inconstitucional;
d) O Primeiro-Ministro;
e) Um quinto dos Deputados;
f) O Provedor de Direitos Humanos e Justia.
Artigu 150.
(Fiskalizasaun abstrata ba konstitusionalidade)
Bele rekere deklarasaun kona-ba inkonstitusionalidade:
a) Prezidente da-Repblika;
b) Parlamentu Nasionl nia Prezidente;
c) Prokuradr-Jerl da-Repblika, ho baze iha dezaplikasaun
neeb tribunl halo iha kazu konkretu tolu ba norma julgada inkonstitusionl;
d) Primeiru-Ministru;
e) Deputadu sira-nia dalimak ida;
f) Provedr ba Direitus Umanus no Justisa.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (arts. 230. e 231.);
Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 280.); Constituio da Repblica de
Moambique (art. 245.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 281.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 147.).
2 Jurisprudncia: Acrdo do Tribunal de Recurso n. 03/2003, de 30 de abril de
2007 (Fiscalizao Abstrata Sucessiva de Constitucionalidade), publicado no Jornal
da Repblica, Srie I, n. 11, de 18 de maio de 2007; Acrdo do Tribunal de Recurso
no Processo n. 02-CO-05 (Fiscalizao Abstrata da Constitucionalidade); Acrdo
do Tribunal de Recurso n. 03/2008, de 14 de agosto de 2008; Acrdo do Tribunal
de Recurso n. 04/2008 (Fiscalizao Abstrata da Constitucionalidade), publicado no
Jornal da Repblica, Srie I, n. 44, de 26 de novembro de 2008; Acrdo do Tribunal
de Recurso no Processo n. 01-CONST-09 (Fiscalizao Abstrata da Constitucionalidade), publicado no Jornal da Repblica, Srie I, n. 28, de 5 de agosto de 2009.
3 Doutrina: Carlos Bastide HORBACH, O controle de constitucionalidade na
Constituio de Timor-Leste, in Revista da Faculdade de Direito da Universidade
de Lisboa, vol. XLVI, n. 2, 2005; Florbela PIRES, Fontes do direito e procedimento
legislativo na Repblica Democrtica de Timor-Leste, in AA.VV., Estudos em Memria do Professor Doutor Antnio Marques dos Santos, II, Coimbra, 2005.
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Artigo 150.
(Fiscalizao abstrata da constitucionalidade)
4 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 2., n. 3; 27.; 85., alnea e); 124.,
n. 2; 126., n. 1, alnea a); 133., n. 5; 153.; 164., n. 2.
II Anotao
1 Este preceito afigura-se algo inslito, na medida em que identifica quem
pode requerer a declarao de inconstitucionalidade, mas nada diz a respeito
do objeto de tal declarao (ou seja, o tipo de atos sobre os quais haver de
incidir o juzo de inconstitucionalidade), nem a respeito do rgo competente
para a proferir, contrariamente ao que se verifica para os demais artigos deste
ttulo. A resposta s questes deixadas em aberto pode encontrar-se no art.
126., n. 1, alnea a), onde se estabelece que compete ao Supremo Tribunal
de Justia, no domnio das questes jurdico-constitucionais, apreciar e declarar a inconstitucionalidade e ilegalidade dos atos legislativos e normativos
dos rgos do Estado. A fiscalizao abstrata da constitucionalidade deve ser
requerida ao Supremo Tribunal de Justia (transitoriamente ao Tribunal de
Recurso, nos termos do art. 164., n. 2) e incide sobre os atos legislativos e
normativos dos rgos do Estado. Atenta a amplitude da frmula constitucional, a fiscalizao incide sobre quaisquer atos de valor legislativo (leis ou
decretos-lei) e tambm atos regulamentares.
2 A legitimidade para requerer a declarao de inconstitucionalidade expressamente atribuda s entidades enumeradas por este preceito, estando,
deste modo, vedada a possibilidade de outros rgos ou de os cidados (a
ttulo individual ou coletivo) desencadearem o processo de fiscalizao abstrata. Trata-se de um processo de natureza objetiva, cujo propsito no a
defesa de direitos ou interesses particulares, mas a garantia do respeito pela
Constituio. Compreende-se, por isso, que tenham legitimidade para requerer a fiscalizao abstrata de quaisquer normas em vigor na ordem jurdica
timorense o Presidente da Repblica, atento o seu dever de cumprir e fazer
cumprir a Constituio (art. 77., n. 3); o Presidente do Parlamento Nacional, enquanto representante, por inerncia, do principal rgo legislativo e
atento o estatuto institucional que a Constituio lhe atribui (arts. 84., 90.,
n. 2, e 102., n. 2); o Procurador-Geral da Repblica, enquanto defensor da
legalidade democrtica (art. 132.); o Primeiro-Ministro, enquanto chefe do
rgo responsvel pela conduo e execuo da poltica geral do pas (art.
103.); um quinto dos Deputados, enquanto representantes dos cidados timorenses (art. 92.) e como forma de defender as minorias parlamentares contra
os abusos da maioria; e o Provedor de Direitos Humanos e Justia, enquanto
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Artigo 150.
(Fiscalizao abstrata da constitucionalidade)
rgo defensor dos cidados em geral contra a atuao dos poderes pblicos,
incluindo a produo de atos normativos (art. 27.).
3 De um modo geral, a legitimidade para iniciar o processo de fiscalizao
abstrata concebida como uma faculdade de exerccio no vinculado, o que
significa, em primeiro lugar, que as entidades referidas neste artigo no esto
obrigadas a requerer a declarao de inconstitucionalidade (podem requerer); em segundo lugar, que a declarao de inconstitucionalidade pode ser
requerida relativamente a quaisquer normas que paream violar a Constituio; e, em terceiro lugar, que o pedido de fiscalizao pode ser apresentado
a todo o tempo. No assim, porm, no que respeita ao Procurador-Geral da
Repblica, cuja interveno circunscrita, pela alnea c), hiptese de uma
norma jurdica ter sido desaplicada pelos tribunais em trs casos concretos
com fundamento na sua inconstitucionalidade. Da leitura conjugada desta
norma com o art. 133., n. 5, resulta que o Procurador-Geral da Repblica
tem o dever de solicitar a declarao de inconstitucionalidade sempre que
uma norma seja julgada inconstitucional em trs casos concretos. O Procurador-Geral no livre, portanto, para decidir se requer ou no a declarao de
inconstitucionalidade, nem para escolher a norma que submete apreciao
do Supremo Tribunal. Para alm disso, apesar de a Constituio nada dizer
sobre o prazo dentro do qual o Procurador-Geral dever requerer a pronncia
do Supremo Tribunal, razovel supor que o requerimento deva ser apresentado logo que o Procurador tenha conhecimento da terceira deciso judicial
que desaplique uma norma por a considerar inconstitucional.
4 A jurisprudncia at ao momento desenvolvida pelo Tribunal de Recurso permite identificar algumas prticas processuais constantes em matria
de fiscalizao abstrata da constitucionalidade. Desde logo, e apesar de no
estarmos perante um processo de partes, tem sido sempre dada a oportunidade aos autores do ato normativo impugnado de exporem os motivos pelos
quais entendem que o ato conforme Constituio; uma prtica que, de
resto, tem sido adotada igualmente em sede de fiscalizao preventiva. No
que respeita delimitao do objeto do pedido ou seja, a identificao das
normas a declarar inconstitucionais , o Tribunal de Recurso tem respeitado a
delimitao feita pelos requerentes, pronunciando-se apenas sobre as normas
impugnadas, ainda que normalmente no se cinja aos argumentos por eles
apresentados para fundamentar as suas decises. Os argumentos aduzidos
pelos requerentes tm sido exguos, pouco mais fazendo do que indicar as
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11/10/18 12:23:45
Artigo 150.
(Fiscalizao abstrata da constitucionalidade)
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11/10/18 12:23:45
Artigo 151.
(Inconstitucionalidade por omisso)
Artigo 151.
(Inconstitucionalidade por omisso)
O Presidente da Repblica, o Procurador-Geral da Repblica e o Provedor de
Direitos Humanos e Justia podem requerer junto do Supremo Tribunal de
Justia a verificao de inconstitucionalidade por omisso de medidas legislativas necessrias para concretizar as normas constitucionais.
Artigu 151.
(Inkonstitusionalidade tanba omisaun)
Prezidente da-Repblika, Prokuradr-Jerl da-Repblika, no Provedr
ba Direitus Umanus no Justisa bele rekere ba Supremu Tribunl ba
Justisa atu verifika inkonstitusionalidade tanba omisaun ba medida
lejizlativa nesesriu atu konkretiza norma konstitusionl.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 232.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 283.); Constituio da Repblica Democrtica de
So Tom e Prncipe (art. 148.).
2 Doutrina: Carlos Bastide HORBACH, O controle de constitucionalidade na
Constituio de Timor-Leste, in Revista da Faculdade de Direito da Universidade
de Lisboa, vol. XLVI, n. 2, 2005; Florbela PIRES, Fontes do direito e procedimento
legislativo na Repblica Democrtica de Timor-Leste, in AA.VV., Estudos em Memria do Professor Doutor Antnio Marques dos Santos, II, Coimbra, 2005.
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 2., n. 2; 27.; 85., alnea e); 124.,
n. 2; 126., n. 1, alnea c); 152.; 164., n. 2.
II Anotao
1 O Estado encontra-se constitucionalmente obrigado ao cumprimento de
um conjunto bastante vasto de objetivos considere-se, por exemplo, o disposto nos arts. 6.; 12., n. 2; 19., n. 2; 21., n. 2; 41., n. 5; 50., n. 5; e
57., n. 2, o que exige dos poderes pblicos a adoo de medidas legislativas
e administrativas adequadas sua prossecuo. Se os poderes pblicos nada
fizerem nesse sentido, estaremos, em princpio, perante omisses inconstitucionais.
2 O processo de fiscalizao aqui previsto s abrange as situaes em que
esteja em causa uma violao do dever constitucional de legislar por no terem sido adotadas as medidas legislativas necessrias para concretizar as
normas constitucionais. No basta invocar o incumprimento, pelo legislador,
do seu dever geral de legislar, decorrente, desde logo, da realizao dos obje475
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Artigo 151.
(Inconstitucionalidade por omisso)
tivos fundamentais do Estado (art. 6.). Alm disso, indispensvel que a falta
de medidas legislativas contrarie uma incumbncia constitucional especfica,
como, por exemplo, a de produzir legislao que trate especialmente do direito costumeiro (art. 2., n. 4), que defina os mecanismos para homenagear
os heris nacionais (art. 11., n. 4), ou que regule a organizao judiciria e o
estatuto dos magistrados judiciais (art. 121., n. 5).
3 Tal como nos demais processos de fiscalizao da constitucionalidade
previstos neste ttulo, o Supremo Tribunal de Justia no atua ex officio, mas
apenas se para tal for solicitado. Tm legitimidade para requerer a interveno
do Tribunal o Presidente da Repblica, atento o seu dever de cumprir e fazer
cumprir a Constituio (art. 77., n. 3); o Procurador-Geral da Repblica,
enquanto defensor da legalidade democrtica (art. 132.); e o Provedor de
Direitos Humanos e Justia, enquanto defensor dos cidados em geral contra
os atos e omisses dos poderes pblicos (art. 27.). Mais uma vez trata-se aqui
de um poder de exerccio no vinculado, como resulta da frmula podem
requerer, o que implica, no apenas que estas entidades no esto obrigadas
a desencadear o processo de fiscalizao, mas tambm que o podem fazer a
todo o tempo.
4 Contrariamente ao que se verifica para os processos de fiscalizao abstrata e concreta, cujos efeitos so determinados pelo art. 153., a Constituio
nada diz sobre as consequncias da verificao, pelo Supremo Tribunal de
Justia, de uma inconstitucionalidade por omisso. Certo que o Supremo
Tribunal no poder, sob pena de violar o princpio da separao de poderes
(art. 69.), substituir-se ao rgo legislativo, por exemplo, adotando ele prprio as medidas legislativas em falta.
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11/10/18 12:23:46
Artigo 152.
(Fiscalizao concreta da constitucionalidade)
Artigo 152.
(Fiscalizao concreta da constitucionalidade)
1. Cabe recurso para o Supremo Tribunal de Justia das decises dos tribunais:
a) Que recusem a aplicao de qualquer norma com fundamento na sua
inconstitucionalidade;
b) Que apliquem normas cuja inconstitucionalidade tenha sido suscitada
durante o processo.
2. O recurso previsto na alnea b) do nmero anterior s pode ser interposto
pela parte que tenha suscitado a questo da inconstitucionalidade.
3. A lei regula o regime de admisso dos recursos.
Artigu 152.
(Fiskalizasaun konkreta ba konstitusionalidade)
1. Iha rekursu ba Supremu Tribunl ba Justisa hasoru tribunl sira-nia
desizaun neeb:
a) La aplika norma ruma ho baze iha nia inkonstitusionalidade;
b) Aplika norma neeb nia inkonstitusionalidade parte ruma suxita (53) iha prosesu laran.
2. Parte neeb suxita kestaun kona-ba inkonstitusionalidade nee maka
bele hatoo rekursu previstu iha nmeru anterir, alnea b).
3. Lei regula rejime kona-ba rekursu sira-nee nia admisaun.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 281.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 280.).
2 Doutrina: Carlos Bastide HORBACH, O controle de constitucionalidade na
Constituio de Timor-Leste, in Revista da Faculdade de Direito da Universidade
de Lisboa, vol. XLVI, n. 2, 2005; Florbela PIRES, Fontes do direito e procedimento
legislativo na Repblica Democrtica de Timor-Leste, in AA.VV., Estudos em Memria do Professor Doutor Antnio Marques dos Santos, II, Coimbra, 2005.
3 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 2., n. 3; 120.; 124., n. 2; 126.,
n. 1, alnea d); 133., n. 5; 153.; 164., n. 2.
(53) Suxita (v) Alega; foti; argui. Suxita norma ruma nia inskonstitusionalidade = Dehan katak
norma nee la tuir konstituisaun.
477
11/10/18 12:23:46
Artigo 152.
(Fiscalizao concreta da constitucionalidade)
II Anotao
1 Este preceito conjuga dois nveis de controlo da constitucionalidade distintos o controlo exercido pelos tribunais de instncia, no quadro do julgamento de questes de natureza penal, civil, administrativa e fiscal, por um
lado, e o controlo exercido pelo Supremo Tribunal de Justia, no quadro da
sua competncia constitucional (art. 126., n. 1, alnea d)), por outro lado.
Contrariamente ao que se verifica em sede de fiscalizao abstrata (preventiva, sucessiva e por omisso), o controlo concreto da constitucionalidade no
compete exclusivamente ao Supremo Tribunal de Justia. Todos os tribunais
esto, por fora do art. 120., proibidos de aplicar normas contrrias Constituio ou aos princpios nela consagrados, razo pela qual, face s normas
aplicveis ao caso concreto que tenham para resolver, os juzes devem sempre apreciar a conformidade dessas normas com o padro constitucional. A
dvida sobre a inconstitucionalidade de norma ou normas aplicveis ao caso
concreto pode ser suscitada por qualquer das partes no processo ou conhecida
ex officio pelo tribunal. Se o tribunal concluir que a norma posta em causa
conforme Constituio, aplic-la- resoluo do caso concreto (n. 1,
alnea b)). Se concluir que a norma viola a Constituio, o tribunal dever
recusar a aplicao da norma ao caso concreto com fundamento na sua inconstitucionalidade (n. 1, alnea a)).
2 As decises dos tribunais que recusem a aplicao de uma norma com
fundamento na sua inconstitucionalidade ou que apliquem normas cuja inconstitucionalidade tenha sido suscitada durante o processo so suscetveis
de recurso para o Supremo Tribunal de Justia (n. 1). O recurso interposto
ao abrigo deste preceito distingue-se dos restantes recursos jurisdicionais que
as partes num processo judicial podem interpor de decises que lhes sejam
desfavorveis (arts. 426. e ss. do Cdigo de Processo Civil, e 287. e ss. do
Cdigo de Processo Penal). O recurso em sede de fiscalizao concreta incide
sobre a questo de constitucionalidade da norma aplicada ou afastada por
uma deciso judicial.
3 Qualquer das partes no processo tem legitimidade para, querendo, interpor recurso das decises dos tribunais que recusem a aplicao de uma
norma com fundamento na sua inconstitucionalidade. O recurso das decises
que apliquem normas cuja inconstitucionalidade tenha sido suscitada durante
o processo s pode ser interposto pela parte que tenha suscitado a questo
(n. 2). Alm das partes, tambm o Ministrio Pblico pode interpor recurso
478
11/10/18 12:23:46
Artigo 152.
(Fiscalizao concreta da constitucionalidade)
das decises dos tribunais que recusem a aplicao de norma com fundamento na sua inconstitucionalidade. Nos termos do art. 133., n. 5, o recurso tem,
alis, carter obrigatrio caso existam trs decises de tribunais que recusem
a aplicao de norma com fundamento na sua inconstitucionalidade.
4 O n. 3 remete para a lei ordinria a regulao do regime de admisso
dos recursos, o que abranger aspetos como o prazo para a interposio do
recurso, os requisitos a cumprir pelo requerimento de interposio do recurso
ou a eventual obrigatoriedade de recurso por parte do Ministrio Pblico nas
hipteses da alnea a) do n. 1.
479
11/10/18 12:23:46
Artigo 153.
(Acrdos do Supremo Tribunal de Justia)
Artigo 153.
(Acrdos do Supremo Tribunal de Justia)
Os acrdos do Supremo Tribunal de Justia no so passveis de recurso e
so publicados no jornal oficial, detendo fora obrigatria geral, nos processos de fiscalizao abstrata e concreta, quando se pronunciem no sentido da
inconstitucionalidade.
Artigu 153.
(Supremu Tribunl ba Justisa nia akrdaun)
Supremu Tribunl ba Justisa nia akrdaun labele hasoru rekursu no
sei publika iha jornl ofisil, no iha forsa obrigatria jerl, iha prosesu
ba fiskalizasaun abstrata no konkreta, kuandu deklara inkonstitusionalidade.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (arts. 283. e
284.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 126., n. 4); Constituio da
Repblica de Moambique (art. 248.); Constituio da Repblica Portuguesa (art.
282.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 150.).
2 Direito timorense: Lei n. 1/2002, de 7 de agosto (Publicao dos Atos).
3 Doutrina: Carlos Bastide HORBACH, O controle de constitucionalidade na
Constituio de Timor-Leste, in Revista da Faculdade de Direito da Universidade
de Lisboa, vol. XLVI, n. 2, 2005; Florbela PIRES, Fontes do direito e procedimento
legislativo na Repblica Democrtica de Timor-Leste, in AA.VV., Estudos em Memria do Professor Doutor Antnio Marques dos Santos, II, Coimbra, 2005.
4 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 73.; 124.; 149. a 152..
II Anotao
1 Este preceito dispe sobre os efeitos dos acrdos proferidos pelo Supremo Tribunal de Justia apenas nos processos de fiscalizao da constitucionalidade, indicando efeitos que so comuns a todos os processos de fiscalizao
e alguns efeitos privativos dos processos de fiscalizao abstrata e concreta.
o que decorre da insero sistemtica da norma (Garantia Constitucional) e
tambm da sua leitura luz do previsto nos arts. 73. e 125..
2 De acordo com a primeira parte do artigo, todos os acrdos do Supremo
Tribunal quer sejam proferidos em sede de fiscalizao preventiva, abstrata, concreta ou por omisso so decises finais e como tal insuscetveis de
recurso.
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Artigo 153.
(Acrdos do Supremo Tribunal de Justia)
3 Atendendo fora obrigatria geral reconhecida nos acrdos que se pronunciam no sentido da inconstitucionalidade e que ocorram em processo da
fiscalizao abstrata ou concreta, estes acrdos necessitam de ser publicados
em jornal oficial. o que decorre tambm do art. 5., n. 2, alnea k), da Lei
n. 1/2002, de 7 de agosto.
4 A segunda parte do artigo refere-se unicamente aos acrdos proferidos
em sede de fiscalizao abstrata (art. 150.) e concreta (art. 152.), e, mesmo
aqui, apenas aos acrdos que se pronunciem no sentido da inconstitucionalidade. Diz-nos o preceito que, nestes casos, os acrdos do Supremo Tribunal
detm fora obrigatria geral, o que significa que valem com fora semelhante da lei, eliminando da ordem jurdica a norma ou normas declaradas
inconstitucionais.
5 Os acrdos do Supremo Tribunal que no se pronunciem no sentido da
inconstitucionalidade so decises finais e como tal insuscetveis de recurso,
mas isso no impede que, num momento posterior, novos processos de fiscalizao (abstrata ou concreta) venham a ser iniciados contra a norma considerada conforme Constituio.
6 Este preceito refere-se apenas aos acrdos do Supremo Tribunal, pelo
que as decises dos tribunais da instncia que desapliquem uma norma com
fundamento na sua inconstitucionalidade tm efeitos circunscritos ao caso
concreto. Todavia, registando-se trs casos concretos em que os tribunais da
instncia desapliquem uma mesma norma com fundamento na sua inconstitucionalidade, o Procurador-Geral da Repblica est obrigado a solicitar ao Supremo Tribunal a declarao de inconstitucionalidade com fora obrigatria
geral, em sede de fiscalizao abstrata (arts. 133., n. 5, e 150., alnea c)).
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11/10/18 12:23:47
Artigo 154.
(Iniciativa e tempo de reviso)
TTULO II
REVISO DA CONSTITUIO
Artigo 154.
(Iniciativa e tempo de reviso)
1. A iniciativa da reviso constitucional cabe aos Deputados e s Bancadas
Parlamentares.
2. O Parlamento Nacional pode rever a Constituio decorridos seis anos sobre a data da publicao da ltima lei de reviso.
3. O prazo de seis anos para a primeira reviso constitucional conta-se a partir
da data da entrada em vigor da presente Constituio.
4. O Parlamento Nacional, independentemente de qualquer prazo temporal,
pode assumir poderes de reviso constitucional por maioria de quatro quintos
dos Deputados em efetividade de funes.
5. As propostas de reviso devem ser depositadas no Parlamento Nacional
cento e vinte dias antes do inicio do debate.
6. Apresentado um projeto de reviso constitucional, nos termos do nmero
anterior, quaisquer outros tero de ser apresentados no prazo de trinta dias.
Artigu 154.
(Inisiativa no tempu ba revizaun)
1. Deputadu no Bankada Parlamentr sira maka iha inisiativa ba revizaun konstitusionl.
2. Parlamentu Nasionl bele revee konstituisaun liutiha tinan neen hosi
data neeb publika revizaun ida ikus.
3. Prazu tinan neen ba revizaun dahuluk hah iha data neeb Konstituisaun ida-nee moris.
4. Parlamentu Nasionl bele asume podr atu revee Konstituisaun ho
aprovasaun hosi Deputadu sira-neeb kaer daudaun funsaun nia dalimak haat.
5. Proposta ba revizaun tenke tama iha Parlamentu Nasionl loron
atus-ida ruanulu molok debate hah.
6. Aprezenta tiha projetu ba revizaun konstitusionl tuir nmeru anterir, projetu seluk tan tenke tama iha loron tolunulu nia laran.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (arts. 233. e 235.);
Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 286.); Constituio da Repblica da
Guin-Bissau (art. 127.); Constituio da Repblica de Moambique (arts. 291. e
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11/10/18 12:23:47
Artigo 154.
(Iniciativa e tempo de reviso)
II Anotao
1 Este artigo trata, fundamentalmente, dos limites temporais e procedimentais para o exerccio do poder de reviso constitucional.
2 No n. 1, limita-se o poder de iniciativa constitucional aos Deputados e
s Bancadas Parlamentares. Ao contrrio do que acontece com o poder de
iniciativa legislativa, previsto no art. 97. da Constituio, em que o Governo
pode apresentar propostas de lei, no que diz respeito ao processo de reviso
constitucional, a iniciativa exclusiva do rgo parlamentar. S este pode
gerar tais processos de reviso.
3 O n. 2 determina uma limitao temporal assuno de poderes de reviso constitucional. A reviso constitucional s pode acontecer depois de
decorridos seis anos da ltima lei de reviso constitucional. O prazo conta-se
a partir da publicao da ltima lei de reviso constitucional. Embora a aprovao da lei de reviso s possa ter lugar decorrido o prazo constitucional, tal
no impede que a apresentao e discusso dos projetos de reviso comecem
anteriormente.
4 O n. 3 contm uma norma que se refere primeira reviso constitucional,
qual no se aplica o n. 2, no que contagem do prazo diz respeito, mas sim
esta norma, segundo a qual o prazo o mesmo seis anos , mas o momento
determinante para a contagem inicial do mesmo o da entrada em vigor da
Constituio.
5 Nos termos do n. 4, antes de decorridos os seis anos, a qualquer altura,
pode o Parlamento Nacional iniciar um processo de reviso constitucional,
desde que a deciso de dar incio ao processo seja aprovada por uma maioria
de quatro quintos dos Deputados em efetividade de funes.
6 Nesta definio de limites temporais assuno de poderes de reviso, a
Constituio, na defesa da estabilidade dos quadros constitucionais, prev um
regime rgido, que protege a Constituio de revises frequentes.
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11/10/18 12:23:47
Artigo 154.
(Iniciativa e tempo de reviso)
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11/10/18 12:23:47
Artigo 155.
(Aprovao e promulgao)
Artigo 155.
(Aprovao e promulgao)
1. As alteraes da Constituio so aprovadas por maioria de dois teros dos
Deputados em efetividade de funes.
2. A Constituio, no seu novo texto, publicada conjuntamente com a lei de
reviso.
3. O Presidente da Repblica no pode recusar a promulgao da lei de reviso.
Artigu 155.
(Aprovasaun no promulgasaun)
1. Deputadu sira-neeb kaer daudaun funsaun nia datoluk rua maka
bele aprova alterasaun ba Konstituisaun.
2. Konstituisaun, ho nia testu foun, tenke publika hamutuk ho lei ba
revizaun.
3. Prezidente da-Repblika labele rekuza lei ba revizaun nia promulgasaun.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 234.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (arts. 288., 289 e 291.); Constituio da Repblica
da Guin-Bissau (art. 129.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 295.);
Constituio da Repblica Portuguesa (arts. 286. e 287.); Constituio da Repblica
Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 152.).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 95., n. 3, alnea i); 88.; 149..
II Anotao
1 Neste artigo, a Constituio trata de definir aspetos relacionados com o
procedimento de reviso constitucional, sublinhando a natureza parlamentar
deste processo.
2 No n. 1, exige-se uma maioria qualificada de dois teros dos Deputados
em efetividade de funes para a aprovao de alteraes Constituio.
Tal exigncia consta igualmente do art. 95., n. 3, alnea i), da Constituio.
uma maioria exigente que, conjugada com os limites constantes do artigo
precedente e do artigo seguinte, refora a estabilidade da Constituio e protege-a de alteraes que no renam um consenso alargado no Parlamento,
procurando assegurar uma convergncia pluripartidria.
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11/10/18 12:23:48
Artigo 155.
(Aprovao e promulgao)
3 No n. 2, estabelece-se que a publicao da lei de reviso tem de ser acompanhada da publicao do novo texto constitucional.
4 No n. 3, exclui-se a possibilidade de o Presidente da Repblica exercer
direito de veto em relao a leis de reviso constitucional. O veto, previsto no
art. 85., alnea c), e no art. 88. da Constituio, no pode incidir sobre este
tipo de atos, o que refora o exclusivo parlamentar na determinao do sentido
e do alcance das revises constitucionais.
5 Face ao teor literal do art. 149., n. 1, podem suscitar-se dvidas quanto
possibilidade de o Presidente da Repblica pedir fiscalizao preventiva da
constitucionalidade de leis de reviso. Tal possibilidade deve ser excluda porque contraria o exclusivo parlamentar na titularidade do poder constituinte.
Alm disso, admitir tal possibilidade levanta uma srie de problemas desde
logo, o veto por inconstitucionalidade supervel, nos termos do art. 149.,
n. 4, e este, por sua vez, remete para o art. 88.. Ora, nos termos do art. 88., a
maioria exigida para a superao do veto a maioria absoluta dos Deputados
em efetividade de funes ou, para diplomas em matria de competncia exclusiva do Parlamento, dois teros dos Deputados presentes, desde que estes
sejam em nmero superior maioria absoluta dos Deputados em efetividade
de funes. Tanto num caso como noutro, a maioria exigida inferior maioria necessria para aprovao de alteraes Constituio.
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11/10/18 12:23:48
Artigo 156.
(Limites materiais da reviso)
Artigo 156.
(Limites materiais da reviso)
1. As leis de reviso constitucional tm que respeitar:
a) A independncia nacional e a unidade do Estado;
b) Os direitos, liberdades e garantias dos cidados;
c) A forma republicana de governo;
d) A separao dos poderes;
e) A independncia dos Tribunais;
f) O multipartidarismo e o direito de oposio democrtica;
g) O sufrgio livre, universal, direto, secreto e peridico dos titulares dos
rgos de soberania, bem como o sistema de representao proporcional;
h) O princpio da desconcentrao e da descentralizao administrativa;
i) A Bandeira Nacional;
j) A data da proclamao da independncia nacional.
2. As matrias constantes das alneas c) e i) podem ser revistas atravs de
referendo nacional, nos termos da lei.
Artigu 156.
(Limite materil ba revizaun)
1. Lei ba revizaun tenke respeita:
a) Independnsia nasionl no Estadu nia unidade;
b) Sidadaun sira-nia direitu, liberdade no garantia;
c) Forma atu ukun republikana:
d) Separasaun iha podr;
e) Tribunl sira-nia independnsia;
f) Multipartidarizmu no direitu ba opozisaun demokrtika;
g) Sufrjiu livre, universl, diretu, sekretu no peridiku ba rgaun
soberanu sira-nia titulr, no ms sistema reprezentasaun proporsionl;
h) Prinspiu dezkonsentrasaun no prinspiu dexentralizasaun administrativa;
i) Bandeira nasionl;
j) Proklamasaun ba independnsia nasionl nia data.
2. Matria sira prevista iha alnea c) no i bele hetan revizaun ho referendu nasionl, tuir lei.
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11/10/18 12:23:48
Artigo 156.
(Limites materiais da reviso)
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 236.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 290.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 130.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 292.); Constituio
da Repblica Portuguesa (art. 288.); Constituio da Repblica Democrtica de So
Tom e Prncipe (art. 154.).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 1.; 14.; 15.; 16. a 61.; 65., n.os 1
e 4; 69.; 70.; 74., n. 1; 77.; 119.; 166..
II Anotao
1 Neste artigo, definem-se limites materiais de reviso. Ou seja, restringe-se a possibilidade de as leis de reviso constitucional alterarem o texto
originrio da Constituio.
2 Constatam-se tambm, entre os limites materiais de reviso, diferenas
quanto aos respetivos efeitos. Nos termos do n. 2, dois limites os constantes da alnea c), forma republicana de governo, e da alnea i), a bandeira no
so mais do que matrias que carecem, para ser revistas, de um procedimento
agravado, que exige consulta ao corpo eleitoral. Trata-se, no entanto, de matrias que podem ser revistas, pelo que se trata de limites em sentido no autntico ou imprprio, uma vez que a Constituio prev, ela mesmo, a possibilidade da sua reviso. Os limites que constam das restantes alneas so limites
autnticos ou prprios, uma vez que surgem como matrias que definem e
identificam o essencial do modo de ser da comunidade poltica em termos
tais que se entende vedar ao poder de reviso constitucional a possibilidade
de sobre eles propor alteraes.
3 Entre os dez pontos elencados no n. 1, podemos verificar a existncia
de dois tipos de limites, quanto ao seu contedo: limites que se reconduzem a princpios normativos fundamentais da Constituio princpio da
independncia soberana do Estado; princpio do Estado unitrio; princpio do
respeito pelos direitos, liberdades e garantias dos cidados; princpio republicano; princpio da separao de poderes; princpio democrtico; princpio
da desconcentrao e da descentralizao administrativa e limites que se
referem a aspetos simblicos do Estado (a bandeira e a data da proclamao
da independncia).
4 Uma das questes que a definio destes limites coloca, sobretudo daqueles que se reconduzem a princpios normativos fundamentais da Constituio,
tem a ver com o respetivo alcance: significam estes limites que as normas
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Artigo 156.
(Limites materiais da reviso)
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Artigo 156.
(Limites materiais da reviso)
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Artigo 156.
(Limites materiais da reviso)
15 A data da proclamao da independncia nacional, constante do Prembulo, tambm constitui um limite material de reviso.
16 A possibilidade de referendo em matria de reviso constitucional, prevista no n. 2 deste artigo, constitui uma exceo ao art. 66., n. 3, da Constituio. De acordo com esta norma, as matrias de competncia exclusiva
do Parlamento, do Governo e dos tribunais esto excludas da possibilidade
de consulta referendria, mas abre-se aqui uma exceo com a admisso do
referendo em duas matrias constitucionais a forma republicana de governo
e a bandeira nacional.
17 A Constituio no determina expressamente como se pode dar incio
a este processo referendrio especial, remetendo para a lei a regulao do
mesmo.
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11/10/18 12:23:49
Artigo 157.
(Limites circunstanciais da reviso)
Artigo 157.
(Limites circunstanciais da reviso)
Durante o estado de stio ou de emergncia no pode ser praticado nenhum
ato de reviso constitucional.
Artigu 157.
(Limite sirkunstansil ba revizaun)
Iha estadu de-stiu ka de-emerjnsia labele pratika atu ida kona-ba revizaun konstitusionl.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 237.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 292.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 131.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 294.); Constituio
da Repblica Portuguesa (art. 289.); Constituio da Repblica Democrtica de So
Tom e Prncipe (art. 155.).
2 Preceitos constitucionais relacionados: Art. 25..
II Anotao
1 No art. 157., estabelecem-se limites circunstanciais de reviso, proibindo-se a reviso constitucional em perodos de exceo constitucional, decretados nos estritos limites do art. 25. da Constituio.
2 Tal proibio absoluta e a Constituio clara no sentido de proibir a
prtica de quaisquer atos de reviso constitucional, o que significa que no
pode ser iniciado o processo durante um perodo de exceo constitucional,
ainda que a aprovao viesse a ocorrer em momento posterior. Se j tiver
iniciado um processo de reviso constitucional, este tem de ficar suspenso
durante a pendncia do estado de stio ou estado de emergncia. Por maioria
de razo, no tambm possvel a aprovao de uma lei de reviso constitucional durante um perodo em que a normalidade constitucional no esteja
garantida.
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11/10/18 12:23:49
Artigo 158.
(Tratados, acordos e alianas)
PARTE VII
DISPOSIES FINAIS E TRANSITRIAS
Artigo 158.
(Tratados, acordos e alianas)
1. A confirmao, adeso e ratificao das convenes, tratados, acordos ou
alianas bilaterais ou multilaterais, anteriores entrada em vigor da Constituio, so decididas, caso a caso, pelos rgos competentes respetivos.
2. A Repblica Democrtica de Timor-Leste no fica vinculada por nenhum
tratado, acordo ou aliana, celebrado anteriormente entrada em vigor da
Constituio, que no seja confirmado ou ratificado ou a que no haja adeso,
nos termos do n. 1.
3. A Repblica Democrtica de Timor-Leste no reconhece quaisquer atos
ou contratos relativos aos recursos naturais referidos no n. 1 do artigo 139.
celebrados ou praticados antes da entrada em vigor da Constituio que no
sejam confirmados, subsequentemente a esta, pelos rgos competentes.
Artigu 158.
(Tratadu, akordu no aliansa)
1. rgaun kompetente ba matria ida-idak sei deside, kazu a kazu (54),
kona-ba konfirmasaun, adezaun no ratifikasaun ba konvensaun, tratadu, akordu ka aliansa bilaterl ka multilaterl neeb iha tiha ona
molok Konstituisaun moris.
2. Repblika Demokrtika Timr-Leste la simu vnkulu hosi tratadu,
akordu ka aliansa neeb halo tiha ona molok Konstituisaun moris
kuandu la hetan konfirmasaun, ratifikasaun ka adezaun tuir n. 1 nia
dispozisaun.
3. Repblika Demokrtika Timr-Leste la rekoese atu ka kontratu naran ida kona-ba rekursu naturl referidu iha artigu 139, n. 1, selebradu
ka pratikadu molok Konstituisaun moris kuandu, Konstituisaun moris
tiha, la hetan konfirmasaun hosi rgaun kompetente.
I Referncias
1 Direito internacional: CVDT, de 23 de maio de 1969, ratificada pela Resoluo do
Parlamento Nacional n. 5/2004, de 28 de julho; Conveno de Viena sobre Sucesso
de Estados em matria de Tratados, de 23 de agosto de 1978 (ainda no vigente na
ordem jurdica internacional).
(54) Kazu a kazu Iha kazu ida-idak; iha situasaun ida-idak.
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11/10/18 12:23:50
Artigo 158.
(Tratados, acordos e alianas)
II Anotao
1 A sucesso de Estados, entendida como a substituio de um Estado por
outro na responsabilidade das relaes internacionais de um territrio, um
processo extremamente delicado e que suscita questes complexas como a
dos efeitos da sucesso sobre a nacionalidade das pessoas privadas, sobre
o destino dos bens pblicos, sobre a substituio do sistema jurdico, etc. A
vigncia dos tratados ou acordos de direito internacional no caso de sucesso
de Estados encontra-se na Conveno de Viena sobre Sucesso de Estados em
matria de Tratados, de 1978, ainda no ratificada por Timor-Leste, nem vigente no ordenamento jurdico internacional. Este artigo aponta para solues
congruentes com o sentido desta Conveno que so, em parte, expresso do
direito internacional costumeiro vigente.
2 Em caso de sucesso de Estados, as obrigaes ou os direitos emergentes
de tratados em vigor, relativos a um territrio na data de uma sucesso de
Estados, no se tornaro obrigaes ou direitos do Estado sucessor nem de
outros Estados partes nesses tratados apenas pelo facto de o Estado sucessor
ter formulado uma declarao unilateral em que se preveja a manuteno em
vigor dos tratados relativos ao seu territrio. Este artigo impe uma anlise
casustica (n.os 1 e 2), conforme, alis, o disposto no art. 9., n. 1, da Conveno sobre Sucesso de Estados em matria de Tratados.
3 Este artigo versa unicamente sobre os efeitos da sucesso de Estados sobre
os compromissos internacionais assumidos pela Indonsia enquanto Estado
antecessor. O legislador constituinte optou por no fazer tbua rasa de todas as convenes, tratados, acordos ou alianas celebrados pela Indonsia
durante a ocupao, abrindo a possibilidade de alguns desses compromissos
anteriores virem a ser confirmados, objeto de adeso ou ratificados pelos rgos competentes respetivos (n. 1). O que a Constituio deixa muito claro
que a confirmao, adeso e ratificao, por Timor-Leste, dos compromissos
assumidos pela Indonsia ao tempo da ocupao no feita em bloco, para a
totalidade das convenes, tratados, acordos e alianas, mas deve ser decidida
caso a caso. Esta ideia reforada pelos n.os 2 e 3 deste preceito.
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11/10/18 12:23:50
Artigo 158.
(Tratados, acordos e alianas)
495
11/10/18 12:23:50
Artigo 159.
(Lnguas de trabalho)
Artigo 159.
(Lnguas de trabalho)
A lngua indonsia e a inglesa so lnguas de trabalho em uso na administrao pblica a par das lnguas oficiais, enquanto tal se mostrar necessrio.
Artigu 159.
(Lian ba servisu)
Lian indonziu ho ingls sei uza hamutuk ho lian ofisil sira iha administrasaun pblika kuandu haree katak sei presiza.
I Referncias
1 Doutrina: Florbela PIRES, Fontes do direito e procedimento legislativo na Repblica Democrtica de Timor-Leste, in AA.VV., Estudos em Memria do Professor
Doutor Antnio Marques dos Santos, II, Coimbra, 2005.
2 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 13.; 137.
II Anotao
1 Este preceito tem em conta duas circunstncias: a predominncia do bahasa
indonsio, como lngua falada pelas populaes, e o uso generalizado do ingls, como lngua de trabalho das organizaes internacionais presentes em
Timor-Leste. A Constituio reconhece a importncia destas duas lnguas,
atribuindo-lhes, ainda que a ttulo provisrio, o estatuto de lnguas de trabalho.
2 A lngua indonsia e a lngua inglesa so admitidas como lnguas de
trabalho a par das lnguas oficiais, o que significa que est vedada a substituio das lnguas oficiais por estas lnguas de trabalho, apenas se admitindo
a sua utilizao em paralelo com o ttum e o portugus (art. 13., n. 1).
496
11/10/18 12:23:51
Artigo 160.
(Crimes graves)
Artigo 160.
(Crimes graves)
Os atos cometidos entre 25 de abril de 1974 e 31 de dezembro de 1999 que
possam ser considerados crimes contra a humanidade, de genocdio ou de
guerra so passveis de procedimento criminal junto dos tribunais nacionais
ou internacionais.
Artigu 160.
(Krime grave)
Atu sira kometidu iha 25 Abrl 1974 too 31 Dezembru 1999 neeb bele
konsidera krime hasoru umanidade, krime jenosdiu ka krime funu ffatin ba prosedimentu kriminl iha tribunl nasionl no internasionl.
I Referncias
1 Direito internacional: Conveno sobre a Preveno e Punio do Crime de Genocdio, de 9 de dezembro de 1948; Conveno relativa Proibio da Escravatura,
de 25 de setembro de 1926; Conveno sobre a Imprescritibilidade dos Crimes de
Guerra e dos Crimes contra a Humanidade, de 26 de novembro de 1968; CCT, de 10
de dezembro de 1984, ratificada pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 9/2003,
de 17 de setembro; CIEDR, de 21 de dezembro de 1965, ratificada pela Resoluo
do Parlamento Nacional n. 10/2003, de 17 de setembro; CEDM, de 18 de dezembro
de 1979, ratificada pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 11/2003, de 17 de setembro; Estatuto do Tribunal TPI, de 17 de julho de 1998, ratificado pela Resoluo
do Parlamento Nacional n. 13/2002, aprovada a 13 de agosto; Conveno Sobre a
Proibio da Utilizao de Minas Antipessoais e Sobre a sua Destruio, de 18 de
setembro de 1997, ratificada pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 15/2002, de
14 de novembro; Conveno sobre a Proibio de Armas Bacteriolgicas ou Txicas,
de 10 de abril de 1972, ratificada pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 16/2002,
de 14 de novembro; Conveno sobre a No Proliferao de Armas Nucleares, de 1
de julho de 1968, ratificada pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 17/2002, de
14 de novembro; Convenes de Genebra relativas Proteo de Vtimas de Conflitos Armados e Respetivos Protocolos, ratificados pela Resoluo do Parlamento
Nacional n. 18/2002, de 13 de dezembro; Conveno sobre a Proibio de Armas
Qumicas, de 13 de janeiro de 1993, ratificada pela Resoluo do Parlamento Nacional n. 19/2002, de 13 de dezembro; Resoluo
do Conselho de Segurana da Naes
Unidas S/RES/827 de 1993 que cria o Tribunal Penal Internacional Especial para a
Ex-Jugoslvia; Resoluo
do Conselho de Segurana das Naes Unidas S/RES/955,
de 1994, que cria o Tribunal Penal Internacional Especial para o Ruanda; Resoluo
do Conselho de Segurana das Naes Unidas S/RES/1272 (1999), de 25 outubro 1999
(Autoriza a Criao da Administrao Interina para Timor-Leste).
2 Direito comparado: Constituio da Repblica do Kosovo (art. 33.); Constituio da Repblica do Ruanda (art. 152.).
3 Direito timorense: Cdigo Penal, aprovado pelo DL n. 19/2009, de 8 de abril,
e alterado pela Lei n. 6/2009, de 15 de julho (arts. 8., alnea b), 117., 123. e ss. e
497
11/10/18 12:23:51
Artigo 160.
(Crimes graves)
em 1 de junho de 2011;
Leslie MANFIELD, Crimes against humanity: Reflection on the Fiftieth Anniversary of Nuremberg and a Forgotten Legacy, in Nordic Journal of International Law,
n. 64, 1995; Tom PERRIELLO e Marie WIERDA, tude de cas de tribunaux hybrides. Le tribunal spcial pour la Sierra Leone sur La Sellette, International Center
for Transnational Justice, 2006; Steven RATNER e Jason ABRAMS, Accountability
for Human Rights atrocities in International Law. Beyond
498
11/10/18 12:23:51
Artigo 160.
(Crimes graves)
II Anotao
1 O sentido e teleologia do preceito s se compreendem luz das circunstncias histricas, polticas e sociais das ltimas dcadas do sculo XX, marcadas pela ocupao da Indonsia, incluindo a preparao, realizao e resultado do referendo que determinou a independncia de Timor-Leste. Ao longo
deste perodo, foram perpetradas graves violaes de valores considerados
patrimnio da humanidade, por isso consideradas intolerveis, tanto para as
comunidades nacionais como para a comunidade internacional e que justificam e legitimam a responsabilizao criminal dos seus autores.
2 As condutas suscetveis de procedimento criminal so, de acordo com o
preceito, as que sejam consideradas crimes contra a humanidade, de genocdio ou de guerra.
A histria da densificao do conceito de crime contra a humanidade tem a
sua gnese no art. 6. da Carta do Tribunal Militar Internacional de Nuremberga de 1945, aproveita as contribuies de Convenes Internacionais que
probem a tortura e tratamentos desumanos e degradantes, a escravatura, atos
graves de discriminao e a transferncia e deportao foradas de populao
e culmina com a definio deste crime no art. 7. do Estatuto do Tribunal
Penal Internacional Permanente. O crime contra a humanidade caracteriza-se
pela ofensa vida, integridade fsica ou psquica, liberdade de um membro da populao, desde que parte integrante de um ataque generalizado ou
sistemtico dirigido contra essa populao, isto , no quadro de um ataque
massivo, em larga escala ou organizado metodicamente, de acordo com um
plano, na realizao de uma poltica estadual ou de uma organizao ou grupo que exera um poder de facto sobre um territrio.
Deve-se a Rafael Lemkin a construo do conceito de genocdio que surge na
respetiva Conveno de 1948 onde se alude criao de um Tribunal Internacional que no chegou a concretizar-se. A qualificao de uma conduta como
crime de genocdio pressupe a prtica de atos ofensivos da vida, da integri499
11/10/18 12:23:51
Artigo 160.
(Crimes graves)
dade fsica ou psquica, da liberdade de membros de um grupo com determinadas caractersticas tnicas, religiosas, nacionais ou raciais, com a inteno
de destruir esse grupo, no todo ou em parte. Trata-se de um crime contra a
integridade da diversidade humana, o direito existncia de um grupo humano ou o direito a ser tratado como um ser humano igual aos demais que
vem definido no art. 6. do Estatuto do Tribunal Penal Internacional.
Os crimes de guerra configuram graves violaes do direito da guerra, bem
como do direito internacional humanitrio dirigido proteo de determinadas categorias de pessoas num contexto de conflito armado interno ou internacional, como vem estatudo nas Convenes de Genebra de 1949 e respetivos Protocolos e encontram consagrao no art. 8. do Estatuto do TPI.
3 A jurisdio penal sobre factos ocorridos no territrio de um Estado
manifestao essencial da soberania estadual. Porm, prev expressamente
o presente texto constitucional que os crimes em referncia, cometidos entre
25 de abril de 1974 e 31 de dezembro de 1999, so da competncia, tanto dos
tribunais nacionais, como de tribunais internacionais. Por aqui se consagra
a atribuio de parte da tutela jurisdicional penal que compete s instncias
jurisdicionais nacionais (arts. 118., funo jurisdicional, e 123., proibio de
tribunais especiais em matria penal), a tribunais internacionais. Ora, est
afastada a competncia do Tribunal Penal Internacional Permanente relativamente a tais crimes, dado que a ratificao por Timor-Leste do Tratado que
o institui teve lugar em 20 de setembro de 2002 e o prprio Tratado entrou
em vigor, apenas, em 1 de julho de 2002. Na verdade, aceitando Timor-Leste
o princpio da complementaridade, em bom rigor, o princpio da subsidiariedade da interveno deste sistema internacional penal, face jurisdio
nacional (arts. 12., 13. e 17. do Estatuto do TPI), o mbito de sua competncia encontra-se, todavia, limitado pelo princpio da proibio da aplicao
retroativa das suas normas (art. 11. do Estatuto do TPI, competncia ratione
temporis).
4 Dever entender-se que os crimes em questo caem no domnio de competncia jurisdicional dos tribunais de Timor-Leste.
5 A jurisdio sobre os crimes cometidos no perodo que medeia entre 1 de
janeiro e 25 de outubro de 1999 encontra-se atribuda aos Tribunais Coletivos, a funcionar no Tribunal Distrital de Dli, com Jurisdio Exclusiva sobre
Delitos Criminais Graves, de acordo com Regulamento UNTAET n. 2000/15
500
11/10/18 12:23:52
Artigo 160.
(Crimes graves)
(arts. 1., 2., 4. a 6.). Estes tribunais que, de acordo com alguma doutrina
possuem uma natureza hbrida, representam a soluo jurisdicional intermdia encontrada pelas Naes Unidas numa situao de ps-conflito, a meio
caminho entre uma jurisdio internacional especial, como os Tribunais Internacionais Especiais para a Ex-Jugoslvia e o Ruanda, e a clssica jurisdio
nacional. Os Coletivos timorenses so constitudos por juzes internacionais
e juzes nacionais. Um paradigma jurisdicional penal semelhante foi adotado
na definio do Tribunal para Crimes Militares e tnicos do Kosovo e do
Tribunal Especial da Serra Leoa.
6 Pertencem ao mbito de competncia dos tribunais as condutas criminosas perpetradas entre 25 de abril de 1974 e 31 de dezembro de 1998, e entre
26 de outubro e 31 de dezembro de 1999. O problema da lei penal aplicvel a
estas situaes, na sequncia da divergncia jurisprudencial verificada, motivou a aprovao pelo PN da Lei Interpretativa n. 10/2003, que estabelece o
sentido a atribuir expresso lei vigente em Timor-Leste, constante do art.
1. da Lei n. 2/2002, toda a legislao indonsia que era aplicada e vigorava
de facto em Timor-Leste, antes do dia 25 de outubro de 1999, nos termos
estatudos no Regulamento n. 1999/01 da UNTAET, tal como autorizado
pelo art. 165. da Constituio.
501
11/10/18 12:23:52
Artigo 161.
(Apropriao ilegal de bens)
Artigo 161.
(Apropriao ilegal de bens)
A apropriao ilegal de bens mveis e imveis, anterior entrada em vigor da
Constituio, considerada crime e deve ser resolvida nos termos da Constituio e da lei.
Artigu 161.
(Apropriasaun ilegl ba ben)
Apropriasaun ilegl ba ben movel ka imovel molok Konstituisaun moris konstitui krime no tenke rezolve tuir Konstituisaun no lei.
I Referncias
1 Direito internacional: Conveno de Viena sobre Sucesso de Estados em matria de Propriedade do Estado, Arquivos e Dvidas, de 8 de abril de 1983 (ainda no
ratificado por Timor-Leste).
2 Direito timorense: Lei n. 1/2003, de 10 de maro (Regime Jurdico dos Bens
Imveis).
3 Jurisprudncia: Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 34-CO-11, de
28 de junho de 2011.
4 Doutrina: Nguyen Quoc DINH, Allain PELLET, Patrick DAILLEUR, Droit International Public, 7.a ed., L.G.D.J., Paris, 2002.
5 Preceitos constitucionais relacionados: Art. 165..
II Anotao
1 Este artigo procura disciplinar, entre as disposies transitrias, a apropriao ilegal de bens anterior entrada em vigor da Constituio, que considera crime, determinando que o litgio emergente dessa ilegalidade seja resolvido nos termos da Constituio. No entanto, este artigo no define o que
seja a apropriao ilegal de bens, no tipifica como crime qualquer conduta
(no seria, alis, o local adequado para o fazer), nem define os termos da
Constituio e da lei em que se deva resolver qualquer litgio.
2 A Constituio reclama neste artigo uma eficcia retroativa sobre condutas anteriores sua entrada em vigor. A legalidade de uma apropriao de
bens antes da entrada em vigor da Constituio haveria, em princpio, de ser
aferida face lei em vigor, que seria, mesmo depois do anncio dos resultados
do referendo que resultou na restaurao da independncia, e da instalao
da misso da UNTAET, a lei indonsia. Mesmo depois da independncia, a
legislao indonsia foi assumida pelo Estado timorense como o direito subsidirio para colmatar as lacunas do ordenamento jurdico emergente, nos
502
11/10/18 12:23:52
Artigo 161.
(Apropriao ilegal de bens)
termos do art. 165.. Antes desse perodo seria essa a legislao em vigor, pelo
menos desde a anexao indonsia. Nos termos desta legislao, a apropriao ilegal de bens ser um tipo de crime previsto na legislao penal e como
deveria ser tratado.
3 Nunca seria a Constituio o local adequado para a criminalizao de
uma conduta de apropriao ilegal, mais ainda de condutas anteriores sua
(arts. 31.
entrada em vigor. O princpio nullum crimen, nulla poena sine lege
e ss.) sempre o impediria. A Constituio poder apontar para a ilegalidade de
qualquer ttulo de aquisio de propriedade outorgado no tempo da ocupao,
assim, se pronunciando pela ilegalidade da prpria ocupao, que no deveria
produzir qualquer efeito. o que resulta como fundamento da aprovao da
Lei n. 1/2003, de 10 de maro, cujo Prembulo o consagra ab initio.
4 O art. 5. da Lei n. 1/2003, de 10 de maro, criminaliza, como crime de
usurpao de imvel, a conduta de quem tenha beneficiado ou ocupado
imvel do Estado, reivindicando-o como propriedade sua, e tenha conseguido
o respetivo ttulo, como pagamento de favor ou atravs de meios fraudulentos.
Alm disso, quem se tenha ilegalmente apropriado de bem imvel alheio
punido com uma multa fixada entre 30 e 180 dias. Algumas normas de processo criminal mitigam o impacto social que a prossecuo criminal destas
condutas poderia ter, por exemplo, no prosseguindo criminalmente aqueles
que abandonem voluntariamente o imvel ocupado ilegalmente, nos termos
do n. 5, nem admitindo priso preventiva, segundo o disposto no n. 6 do
mesmo artigo. Nos termos do art. 6. da mesma lei, criminaliza-se a ocupao
ilegal, como o ato de quem utilize bem imvel alheio ou aja como sendo seu
possuidor contra a vontade do dono, sancionvel com multa de 30 a 90 dias.
5 Os obstculos colocados pelo princpio nullum crimen, nulla poena sine
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Artigo 161.
(Apropriao ilegal de bens)
504
11/10/18 12:23:52
Artigo 162.
(Reconciliao)
Artigo 162.
(Reconciliao)
1. Compete Comisso de Acolhimento, Verdade e Reconciliao o desempenho das funes a ela conferidas pelo Regulamento da UNTAET n.
2001/10.
2. As competncias, o mandato e os objetivos da Comisso podem, sempre
que necessrio, ser redefinidos pelo Parlamento Nacional.
Artigu 162.
(Rekonsiliasaun)
1. Komisaun ba Akollimentu, Verdade no Rekonsiliasaun maka iha
kompetnsia atu kaer funsaun neeb UNTAET nia Regulamentu
10/2001 f ba nia.
2. Parlamentu Nasionl bele define fila-fali Komisaun nee nia kompetnsia, mandatu no objetivu, kuandu presiza.
I Referncias
1 Direito Comparado: Constituio da Repblica do Burundi (art. 269.); Constituio da Repblica da frica do Sul (Anexo 6: Disposies Transitrias); Constituio Interina da Repblica da frica do Sul de 1993 (Captulo 15).
2 Direito timorense: Lei n. 7/2003, de 24 de setembro (Altera o Regulamento da
UNTAET n. 2001/10, sobre a Criao de uma Comisso de Acolhimento, Verdade e
Reconciliao em Timor-Leste); Lei n. 13/2004, de 29 de dezembro (Prorrogao do
Perodo de Funcionamento da Comisso de Acolhimento, Verdade e Reconciliao
em Timor-Leste); Lei n. 11/2005, de 10 de agosto (Terceira Prorrogao do perodo
de funcionamento da Comisso de Acolhimento, Verdade e Reconciliao em Timor-Leste); Resoluo do Parlamento Nacional n. 35/2009, de 16 de dezembro (Implementao das Recomendaes da Comisso de Acolhimento, Verdade e Reconciliao e da Comisso de Verdade e Amizade).
3 Doutrina: Katherine M. FRANKE, Gendered Subjects of Transitional Justice, in Columbia Journal of Gender and Law, vol. 15, n. 3, 2006; Reiko HUANG e
Geoffrey C. GUNN, Reconciliation as State-Building in East Timor, in Lusotopie,
2004; Leigh-Ashley LIPSCOMB, Beyond the Truth: Can Reparations Move Peace
and Justice Forward in Timor-Leste, in Asia Pacific Issues, n. 93, 2010.
II Anotao
1 A Comisso de Acolhimento, Verdade e Reconciliao (cavr) foi criada
pela UNTAET, atravs do Regulamento n. 2001/10, de 13 de julho, e tinha
como principais tarefas conduzir inquritos sobre violaes de direitos humanos que tenham ocorrido no quadro dos conflitos polticos de Timor-Leste,
estabelecer a verdade em relao s violaes de direitos humanos cometi-
505
11/10/18 12:23:53
Artigo 162.
(Reconciliao)
11/10/18 12:23:53
Artigo 162.
(Reconciliao)
5 Em outubro de 2005, a Comisso de Acolhimento, Verdade e Reconciliao de Timor-Leste apresentou o relatrio Chega!, com 2800 pginas, ao
Presidente da Repblica que, respeitando o estatudo no art. 21., n. 1, da Lei
n. 7/2003, remeteu uma cpia ao Primeiro-Ministro e ao Secretrio-Geral
das Naes Unidas e apresentou-o ao Parlamento.
6 Aps a dissoluo da Comisso de Acolhimento, Verdade e Reconciliao, em dezembro de 2005, foi criado o Secretariado Tcnico Ps-CAVR com
a finalidade de completar os projetos inacabados da Comisso. O Secretariado tem como principais objetivos disseminar o relatrio da Comisso, completar o programa de edio da Comisso, zelar pelos arquivos da Comisso
e pelo patrimnio da Comarca a antiga priso de Balide onde se encontra o
Secretariado e que serviu de sede Comisso. O Secretariado no tem mandato para pesquisa ou reconciliao.
7 A 14 de dezembro de 2009, foi aprovada, pelo Parlamento, a Resoluo
n. 35/2009, atravs da qual este rgo, reconhecendo o importante trabalho
realizado pela Comisso, expressou o seu compromisso na determinao das
medidas necessrias para a implementao das recomendaes constantes no
relatrio Chega!. Para tanto, incumbiu a Comisso de Assuntos Constitucionais, Justia, Administrao Pblica e Poder Local de, num prazo de trs
meses, apreciar o relatrio apresentado pela Comisso e propor medidas concretas para a implementao das recomendaes, designadamente, a criao
de um organismo para esse fim.
507
11/10/18 12:23:53
Artigo 163.
(Organizao judicial transitria)
Artigo 163.
(Organizao judicial transitria)
1. A instncia judicial coletiva existente em Timor-Leste, integrada por juzes
nacionais e internacionais, com competncia para o julgamento dos crimes
graves cometidos entre 1 de janeiro e 25 de outubro de 1999 mantm-se em
funes pelo tempo estritamente necessrio para que sejam concludos os
processos em investigao.
2. A organizao judiciria existente em Timor-Leste no momento da entrada
em vigor da Constituio mantm-se em funcionamento at instalao e
incio em funes do novo sistema judicirio.
Artigu 163.
(Organizasaun judisiria tranzitria)
1. Instnsia judisil koletiva neeb iha daudaun Timr-Leste, integradu ho juz nasionl no internasionl, ho kompetnsia atu julga krime
grave sira kometidu iha 1 Janeiru too 25 Outubru 1999 funsiona nafatin durante tempu neeb presiza duni atu halao hotu prosesu siraneeb investiga daudaun nee.
2. Organizasaun judisiria neeb moris iha Timr-Leste iha momentu neeb Konstituisaun moris funsiona nafatin too sistema judisiriu
foun instala tiha no hah nia funsaun.
I Referncias
1 Direito internacional: Estatuto do TPI, de 17 de julho de 1998, ratificado pela
Resoluo do Parlamento Nacional n. 13/2002, aprovada a 13 de agosto.
2 Direito comparado: Constituio da Repblica do Kosovo (
arts. 150. a 152.);
Regulamento UNMIK n. 1999/01, de 25 de julho (Autoridade de Administrao Interina no Kosovo); Regulamento UNMIK n. 2000/13, de 31 de maio (nomeao de juzes e procuradores internacionais para o Kosovo); Regulamento UNMIK n. 2008/02,
de 17 de janeiro (Regulamento do Sistema de Justia do Kosovo); Resoluo do Conselho de Segurana das Naes Unidas S/RES/814 (1993), de 26 de maro de 1993
(Operaes das Naes Unidas na Somlia); Resoluo do Conselho de Segurana
das Naes Unidas S/RES/1244 (1999), de 10 de Junho de 1999 (Autoriza a Criao
da Administrao Interina para o Kosovo).
3 Direito timorense: Resoluo do Conselho de Segurana das Naes Unidas
S/RES/1272, de 25 outubro 1999 (Autoriza a Criao da Administrao Interina para
Timor-Leste); Resoluo do Conselho de Segurana das Naes Unidas n. 1704, de
25 de agosto de 2006 (The Serious Crimes Investigation Team); Lei n. 9/2011, de 17
de agosto (Cria a Cmara de Contas do Tribunal Administrativo, Fiscal e de Contas);
Decreto Presidencial n. 53/2008, de 19 de maio (Indulto Presidencial).
508
11/10/18 12:23:53
Artigo 163.
(Organizao judicial transitria)
UNTAET
n.
1999/0
3,
de 3 de dezembro (Estabelecimento da Comisso para o Servio de Justia Transitria); Notificao
UNTAET n. 2000/0
1
(Nomeao dos primeiros juzes
e procuradores nacionais); Notificao
UNTAET n.
2000/0
4,
de 7 de junho (Nomeao dos primeiros juzes para o Tribunal de Recurso); Regulamento
UNTAET n.
2000/
11,
de 6 de maro (Organizao dos Tribunais em Timor-Leste);
Regulamento
UNTAET n. 2000/
14,
de 10 de maio (Altera o Regulamento
UNTAET n.
2000/11);
Regulamento UNTAET n.
2000/
15,
de 6 de junho (Estabelecimento de um Painel com
Jurisdio Exclusiva para as Infraes de Crimes Graves);
Regulamento UNTAET
n.
2000/
16,
de 6 de junho (Organizao dos Servios da Procuradoria Pblica em
Timor-Leste); Regulamento
UNTAET n.
2000/
25,
de 3 de agosto (Altera o Regulamento UNTAET
n.
1999/03);
Regulamento UNTAET n.
2000/
26,
de 14 de setembro (Altera os Regulamentos
UNTAET n.
1999/03 e n. 2000/16);
Regulamento
UNTAET n.
2001/
18,
de 21 de julho (Altera o Regulamento UNTAET
n.
2000/11);
Regulamento UNTAET n. 2001/
25,
de 14 de setembro (Altera o Regulamento
UNTAET n.
2000/11).
5 Jurisprudncia: Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 17-CG-01, de
2 de agosto de 2001
(Regime do crime de homicdio);
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 50-CO-03, de 9 de dezembro de 2003
(
Competncia do Coletivo
Especial para os Crimes Graves)
; Acrdo
II Anotao
1 O art. 163. da Constituio reflete duas vertentes distintas, embora complementares, da justia transitria em situaes ps-conflito. Por um lado,
no seu n. 1, visa assegurar a justia penal perante as violaes de direitos
humanos e da prtica de crimes contra a humanidade no decurso do conflito.
509
11/10/18 12:23:54
Artigo 163.
(Organizao judicial transitria)
11/10/18 12:23:54
Artigo 163.
(Organizao judicial transitria)
11/10/18 12:23:54
Artigo 163.
(Organizao judicial transitria)
10 Quer no caso do Kosovo, quer em Timor-Leste, a administrao transitria recorreu ao recrutamento de juzes e procuradores internacionais para
atores no sistema, recorrendo-se ainda em Timor-Leste a defensores pblicos
internacionais. Enquanto no Kosovo este recrutamento se fundamentou essencialmente na necessidade de assegurar a independncia do sistema, face a
profundas divises tnicas na sociedade, que se refletiam na interveno dos
prprios atores judiciais, em Timor-Leste esta necessidade resultou essencialmente da falta de atores judiciais com adequada preparao tcnica.
11 O sistema judicirio de Timor-Leste durante a ocupao indonsia (enquanto 27.a provncia indonsia), foi estabelecido pelo Decreto Presidencial n.
1 de 1996, sendo constitudo por um Tribunal de 2.a instncia, com jurisdio
sobre todo o territrio de Timor-Leste, e cinco Tribunais Distritais, sediados
em Dli, Baucau, Ermera, Maliana e Manatuto. Os atores judiciais no provinham de Timor-Leste, tendo origem nas restantes provncias indonsias.
No incio do processo de transio para a independncia, verificou-se uma
grande carncia de juristas com uma significativa experincia judicial, uma
vez que dos cerca de 100 juristas timorenses existentes apenas alguns tinham
experincia de interveno em tribunal. Segundo Hansjoerg Strohmeyer
(2001, p. 52), apresentaram-se cerca de 60 juristas nas primeiras nomeaes
para o sistema de justia criado pela UNTAET.
12 A Organizao dos Tribunais em Timor-Leste foi estabelecida pelo Regulamento UNTAET n. 2000/11, de 6 de maro de 2000, que veio criar um
Tribunal de Recurso, com jurisdio nacional, e oito Tribunais Distritais, em:
(a) Dli, com jurisdio nos Distritos de Dli e Aileu; (b) Baucau, com jurisdio no Distrito de Baucau e nos subdistritos de Laclo, Manatuto, Laleia e
Laclubar do Distrito de Manatuto; (c) Los Palos, com jurisdio no Distrito de
Lautm; (d) Viqueque, com jurisdio no Distrito de Viqueque, e subdistritos
de Soibada e Barique do Distrito de Manatuto; (e) Same, com jurisdio nos
Distritos de Manufahi e Ainaro; (f) Maliana, com jurisdio nos Distritos de
Bobonaro e Covalima; (g) Ermera, com jurisdio nos Distritos de Ermera e
Liqui; e (h) Oe-Cusse, com jurisdio no Distrito de Oe-Cusse (arts. 4. e
7., n. 1).
Os Tribunais Distritais tm competncia para todas as matrias em primeira
instncia (art. 6.).
Este Regulamento foi alterado pelo Regulamento n. 14/2000, de 10 de maio
de 2000, que veio reduzir o nmero de Tribunais Distritais a quatro: (a) Bau512
11/10/18 12:23:54
Artigo 163.
(Organizao judicial transitria)
513
11/10/18 12:23:54
Artigo 164.
(Competncia transitria do Supremo Tribunal de Justia)
Artigo 164.
(Competncia transitria do Supremo Tribunal de Justia)
1. Depois da entrada em funes do Supremo Tribunal de Justia e enquanto
no forem criados os tribunais referidos no art. 129., as respetivas competncias so exercidas pelo Supremo Tribunal de Justia e demais tribunais
judiciais.
2. At instalao e incio de funes do Supremo Tribunal de Justia todos
os poderes atribudos pela Constituio a este tribunal so exercidos pela Instncia Judicial Mxima da organizao judiciria existente em Timor-Leste.
Artigu 164.
(Supremu Tribunl ba Justisa nia kompetnsia tranzitria)
1. Kuandu Supremu Tribunl ba Justisa kaer tiha funsaun ona no molok har tribunl sira referidu iha artigu 129, tribunl sira-nee nia kompetnsia Supremu Tribunl ba Justisa ho tribunl judisil sira seluk
maka kaer.
2. Too Supremu Tribunl ba Justisa instala tiha no hah kaer funsaun
podr sira-neeb Konstituisaun f ba tribunl nee Instnsia Judisil
msima neeb moris daudaun iha Timr-Leste maka kaer.
I Referncias
1 Direito internacional: Conveno de Haia Relativa ao Processo Civil, de 17 de
julho de 1905.
2 Direito comparado: Supreme Court of Queensland Act 1991 (art. 9.); Cons
tituio da Repblica da Indonsia (
art.
24.-C); Lei da Repblica da Indonsia n.
14/1985, de 30 de dezembro, com alterao da Lei n. 5/2004, de 15 de janeiro (Supremo Tribunal)
art.
2.; Constituio da Repblica Portuguesa (
art.
211., n. 1);
Cdigo de Processo Civil Portugus (
art.
66.); Lei Orgnica dos Tribunais Judiciais
de Portugal Lei n. 3/99, de 13 de janeiro (
arts.
Lei n.
4/2003, de 6 de junho (Desenvolvimento do Petrleo do Mar de Timor)
art.
1.; Lei
n. 14/2005, de 3 de maro (Estatuto do Ministrio Pblico)
art.
86.;
Lei
n. 6/2008,
de 16 de abril (Regime jurdico do financiamento dos partidos polticos) art.
25.;
Lei n. 9/2011, de 17 de agosto (Cria a Cmara de Contas do Tribunal Administrativo,
Fiscal e de Contas).
4 Legislao UNTAET: Regulamento UNTAET n. 2000/11, de 6 de maro (
art.
6.), com a redao resultante dos Regulamentos n. 2001/18, de 21 de julho
,
e n.
2001/25, de 14 de setembro.
514
11/10/18 12:23:55
Artigo 164.
(Competncia transitria do Supremo Tribunal de Justia)
II Anotao
1 O Supremo Tribunal de Justia o mais alto rgo da hierarquia dos
tribunais judiciais (
art.
124., n. 1, da Constituio). Os tribunais judiciais
tm jurisdio comum ou residual (
art.
50., n. 1, do Cdigo de Processo
Civil). Da que enquanto no estiverem instalados os tribunais de ordens
jurisdicionais constitucionalmente previstos para o exerccio de competncia
em matrias especializadas compete aos tribunais judiciais conhecer tambm
dessas causas (n. 2 do art.
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Artigo 164.
(Competncia transitria do Supremo Tribunal de Justia)
grao constitucional (
arts. 123.,
516
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Artigo 165.
(Direito anterior)
Artigo 165.
(Direito anterior)
So aplicveis, enquanto no forem alterados ou revogados, as leis e os regulamentos vigentes em Timor-Leste em tudo o que no se mostrar contrrio
Constituio e aos princpios nela consignados.
Artigu 165.
(Direitu anterir)
Lei no regulamentu sira-neeb moris daudaun iha Timr-Leste sei
aplika nafatin, iha parte neeb la viola Konstituisaun ka prinspiu siraneeb konstituisaun konsagra, too hetan alterasaun ka revogasaun.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 239.); Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 293.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 305.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 290.); Constituio da
Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 158.).
2 Direito timorense: Lei n. 2/2002, de 7 de agosto (Interpretao do Direito Vigente); Lei n. 10/2003, de 10 de dezembro (Interpretao do art. 1. da Lei n. 2/2002, de
7 de agosto, e Fontes do Direito).
3 Legislao UNTAET: Regulamento UNTAET n. 1999/01, de 27 de novembro
(Poderes da Administrao Transitria em Timor-Leste).
4 Doutrina: Nguyen Quoc DINH, Allain PELLET, Patrick DAILLEUR, Droit International Public, 7.a ed., Paris, L.G.D.J., 2002; Ricardo Sousa da CUNHA, A realidade constitucional Timorense na relao com a alteridade, in Michael LEACH et al.
(eds.), Compreender Timor-Leste, Dli, Timor-Leste Studies Association, 2010.
II Anotao
1 A definio do ordenamento jurdico, transitria e subsidiariamente, vigente na sucesso de Estados em direito internacional, encontra-se, internacionalmente, sujeita, no essencial, ao princpio da tabula rasa, garantindo ao
Estado sucessor a liberdade soberana para a determinao do ordenamento
jurdico em vigor (DINH, 2002, p. 541).
2 A soluo original, no caso de Timor-Leste, plasmada no Regulamento
UNTAET n. 1999/01 previa a continuidade do ordenamento jurdico (indonsio) existente antes da entrada em funes da UNTAET (Resoluo n.
1272/99 do Conselho de Segurana das Naes Unidas), apesar de a prpria
Indonsia, em cumprimento do Acordo de 5 de maio de 1999, ter j revogado
a legislao relativa anexao de Timor-Leste.
517
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Artigo 165.
(Direito anterior)
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Artigo 165.
(Direito anterior)
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Artigo 166.
(Hino Nacional)
Artigo 166.
(Hino Nacional)
Enquanto a lei ordinria no aprovar o hino nacional nos termos do n. 2 do
artigo 14., ser executada nas cerimnias nacionais a melodia Ptria, Ptria,
Timor-Leste a nossa nao.
Artigu 166.
(Inu nasionl)
Molok lei ordinria aprova inu nasionl tuir artigu 14, n. 2, nia dispozisaun, sei dere iha serimnia nasionl melodia Ptria, Ptria Timor
Leste nossa nao.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Cabo Verde (art. 3.); Constituio da Repblica da Guin-Bissau (art. 8., n. 3); Constituio da Repblica de
Moambique (art. 299.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 11., n. 2); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art. 14., n. 2).
2 Direito timorense: Lei n. 2/2007, de 18 de janeiro (Smbolos Nacionais); Resoluo do Parlamento Democrtico n. 10/2010, de 28 de abril (Smbolos Nacionais).
3 Preceitos constitucionais relacionados: Art. 14..
II Anotao
1 A soluo provisria adotada para suprir a inexistncia deste smbolo
nacional contempla apenas a msica e no a letra da cano Ptria, Ptria,
Timor-Leste a nossa nao.
2 A incomodidade perante o contedo semntico dos hinos nacionais no
um problema exclusivo da Repblica Democrtica de Timor-Leste. Bem
pelo contrrio, trata-se de uma situao frequente que resulta da inevitvel alterao dos padres estticos com o decurso do tempo e, sobretudo, da ocorrncia de mudanas substanciais da situao poltica interna, de novos enquadramentos na relao com os povos vizinhos e a comunidade internacional
ou, em resumo, de diversa especificao do interesse nacional.
520
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Artigo 167.
(Transformao da Assembleia Constituinte)
Artigo 167.
(Transformao da Assembleia Constituinte)
1. A Assembleia Constituinte transforma-se em Parlamento Nacional com a
entrada em vigor da Constituio da Repblica.
2. O Parlamento Nacional tem no seu primeiro mandato, excecionalmente,
oitenta e oito Deputados.
3. O Presidente da Assembleia Constituinte mantm-se em funes at que o
Parlamento Nacional proceda eleio do seu Presidente, em conformidade
com a Constituio.
Artigu 167.
(Asembleia Konstituinte nia transformasaun)
1. Asembleia Konstituinte sai-fali Parlamentu Nasionl kuandu Repblika nia Konstituisaun moris.
2. Iha Parlamentu Nasionl nia mandatu dahuluk sei tuur, exesionalmente, Deputadu ualunulu resin-ualu.
3. Asembleia Konstituinte nia Prezidente kaer nafatin funsaun too
Parlamentu Nasionl hili nia Prezidente, tuir Konstituisaun.
I Referncias
1 Direito timorense: Regimento da Assembleia Constituinte, aprovado por Resoluo na sesso plenria de 8 de outubro de 2001.
2 Legislao da UNTAET: Regulamento UNTAET n. 2001/02, de 26 de fevereiro
(Eleio de uma Assembleia Constituinte para a Elaborao de uma Constituio para
um Timor-Leste Independente e Democrtico); Diretiva UNTAET n. 2001/03, de 31
de maro (Criao de Comisses Constitucionais para Timor-Leste).
3 Doutrina: Pedro Bacelar de VASCONCELOS, A transio em Timor-Leste
(1999-2002), in Rui CENTENO, Rui NOVAIS (Org.), Timor-Leste da Nao ao Estado, Porto, Edies Afrontamento, 2006.
4 Preceitos constitucionais relacionados: Arts. 92.; 93..
II Anotao
1 A Assembleia Constituinte no se dissolveu aps a aprovao da Constituio, a 22 de maro de 2002. Iria converter-se, a 20 de maio de 2002, no
rgo legislativo do novo Estado Parlamento Nacional por fora da entrada em vigor da Constituio da Repblica (n. 1).
2 Os 88 Deputados Assembleia Constituinte foram eleitos a 30 de agosto de
2001, sob a administrao transitria das Naes Unidas, conforme o Regulamento UNTAET n. 2001/02, de 26 de fevereiro de 2001, aps auscultao do
521
11/10/18 12:23:56
Artigo 167.
(Transformao da Assembleia Constituinte)
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Artigo 167.
(Transformao da Assembleia Constituinte)
5 A eventual transformao futura da Assembleia Constituinte em Parlamento Nacional vinha sendo ponderada desde muito antes das eleies constituintes e merecia a adeso dos lderes timorenses, da ONU e de reputados
constitucionalistas. Est alis prevista no Regulamento UNTAET, como mera
hiptese condicionada a ulterior deliberao da Assembleia (art. 2., n. 2, do
Regulamento UNTAET n. 2001/02). Pretendia-se desta forma aproveitar a
legitimidade democrtica da Assembleia e acelerar o processo de transio
para a independncia, poupando os eleitores a repetidos exerccios eleitorais.
No n. 2, admite-se que, excecionalmente, o primeiro mandato do Parlamento Nacional inclua 88 Deputados. O seu primeiro Presidente foi Francisco
Guterres Lu-Olo, Presidente da FRETILIN, que j presidira Assembleia
Constituinte.
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Artigo 168.
(II Governo Transitrio)
Artigo 168.
(II Governo Transitrio)
O Governo nomeado ao abrigo do Regulamento da UNTAET n. 2001/28
mantm-se em funes at que o primeiro Governo Constitucional seja nomeado e empossado pelo Presidente da Repblica, em conformidade com a
Constituio.
Artigu 168.
(Governu Tranzitriu II)
Governu nomeadu ho baze iha UNTAET nia Regulamentu 28/2001
kaer nafatin funsaun too Prezidente da-Repblika halo nomeasaun no
f pose ba Governu Konstitusionl dahuluk, tuir Konstituisaun.
I Referncias
1 Legislao da UNTAET: Regulamento UNTAET n. 2001/28, de 19 de setembro
(Criao do Conselho de Ministros).
II Anotao
1 Tal como referido na anotao (n. 2) ao art. 167., e com a preocupao
de evitar descontinuidades indesejveis num contexto poltico e social muito
instvel, o Governo Transitrio, com poderes meramente consultivos, nomeado pela ONU, apenas viria a cessar funes com a tomada de posse do
primeiro Governo Constitucional a 20 de maio de 2002.
524
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Artigo 169.
(Eleio presidencial de 2002)
Artigo 169.
(Eleio presidencial de 2002)
O Presidente da Repblica eleito ao abrigo do Regulamento da UNTAET n.
2002/01 assume as competncias e cumpre o mandato previsto na Constituio.
Artigu 169.
(Eleisaun prezidensil iha 2002)
Prezidente da-Repblika eleitu ho baze iha UNTAET nia Regulamentu 2002/01 asume nia mandatu no kumpre mandatu neeb Konstituisaun prevee.
I Referncias
1 Legislao da UNTAET: Regulamento da UNTAET n. 2002/01 (Eleio do
Primeiro Presidente de um Timor-Leste Independente e Democrtico).
II Anotao
1 Esta disposio transitria visa resolver a dificuldade formal da constitucionalizao apcrifa da eleio do Presidente da Repblica embora esta
no suscite problemas substancialmente diversos da eleio da Assembleia
Constituinte salvo a ulterior metamorfose tambm realizada sob a administrao da ONU.
2 Em 14 de abril de 2002, Kay Rala Xanana Gusmo seria eleito Presidente
da Repblica, por sufrgio direto, secreto e universal, na primeira volta, com
82% dos votos, derrotando o seu opositor, Francisco Xavier do Amaral.
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Artigo 170.
(Entrada em vigor da Constituio)
Artigo 170.
(Entrada em vigor da Constituio)
A Constituio da Repblica Democrtica de Timor-Leste entra em vigor no
dia 20 de maio de 2002.
Artigu 170.
(Konstituisaun nia moris)
Repblika Demokrtika Timr-Leste nia Konstituisaun moris iha loron 20 Maiu 2002.
I Referncias
1 Direito comparado: Constituio da Repblica de Angola (art. 238.); Constituio da Repblica de Moambique (art. 306.); Constituio da Repblica Portuguesa (art. 296.); Constituio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe (art.
160.).
II Anotao
1 O calendrio da transio de poderes fora previamente acordado entre a
ONU e as lideranas timorenses e o respetivo projeto encomendado ao Conselho Nacional criado pelas Naes Unidas, de natureza proto-parlamentar,
com poderes meramente consultivos. O rgo era ento presidido por Xanana
Gusmo.
2 Por fora da entrada em vigor da Constituio, a Assembleia Constituinte
converteu-se em Parlamento Nacional, para testemunhar a tomada de posse
do Presidente da Repblica que, a seguir, nomeou e deu posse ao I Governo
Constitucional.
() e da tarde e da manh se fez o dia primeiro (Gnesis, Captulo I, 5).
526
11/10/18 12:23:57
Anexo
Anexo A
Lista de jurisprudncia timorense citada na Constituio Anotada da Repblica Democrtica de Timor-Leste
2001
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 18a/2001, de 24 de julho
de 2003. Disponvel na WWW: <http://www.unmit.org/legal/indexp.htm>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 17-CG-01 (AC-02-08 -2001-P-17-CG-01-TR Regime
2003
Acrdo do Tribunal de Recurso n. 02/2003, de 30 de junho (Fiscalizao Preventiva de Constitucionalidade). Disponvel na WWW: <http://
www.unmit.org/legal/index-p.htm>.
Acrdo do Tribunal de Recurso n. 03/2003, de 30 de abril de 2007 (Fiscalizao Abstrata Sucessiva de Constitucionalidade). Disponvel na
WWW: <http://www.unmit.org/legal/index-p.htm>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 68-CIV-03 (AC-28-04 -2010-P-68-CIV-03-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=499&sort=asc&order=Display%20name>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 50-CO-03 (AC-09-12-2003-P-50-CO-03-TR
Competncia do Coletivo Especial para
os Crimes Graves). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=579&sort=asc&order=Display%20name>.
2005
Acrdo do Tribunal de Recurso n. 01/2005, de 9 de maio (Fiscalizao
Preventiva de Constitucionalidade). Disponvel na WWW: <http://
www.unmit.org/legal/index-p.htm>.
527
11/10/18 12:23:59
Anexo
de julho
(Financiamento
dos Partidos Polticos). Localizao desconhecida.
Acrdo do Tribunal de Recurso n. 03/2008 (AC-14-08-2008-P-03-CONST-08-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.tl/?q=node/
29&fid=604&sort=asc&order=Display%20name>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 03/2008 (AC-05-03-2009 -P-03-08-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.tl/
?q=node/29&fid=666&sort=asc&order=Display%20name>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 4/2008, (Fiscalizao Abstrata da Constitucionalidade), publicado no Jornal da Repblica, n.
44, Srie I, de 26 de novembro de 2008. Disponvel na WWW: <http://
www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=604>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 05-HC-08 (AC-11-12-2008 -P-05-HC-08-TR) Habeas Corpus. Disponvel na WWW: <http://
www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=605>.
528
11/10/18 12:23:59
Anexo
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 24-CO-08 (AC-23-06 -2008-P-24-CO-08-TR). Disponvel na WWW: < http://www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=605>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 35-CO-08 (AC-25-06-2008-P-35-CO-08-TR) Presuno de Inocncia. Disponvel na
WWW: <http://www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=605>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 37-CO-08 (AC-13-06 -2008-P-37-CO-08-TR). Disponvel na WWW: < http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=605>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 43-CO-08 (AC-04-08 -2008-P-43-CO-08-TR). Disponvel na WWW: < http://www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=605>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 44-CO-08 (AC-01-07 -2008-P-44-CO-08-TR). Disponvel na WWW: < http://www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=605>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 44-CO-08 (AC-22-07 -2008-P-44-CO-08-TR). Disponvel na WWW: < http://www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=605>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 47-CO-08 (AC-10-07 -2008-P-47-CO-08-TR). Disponvel na WWW: < http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=605>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 52-CO-08 (AC-07-07 -2008-P-52-CO-08-TR). Disponvel na WWW: < http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=605>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 55-CO-08 (AC-07-07 -2008-P-55-CO-08-TR) Comunicao com o defensor. Disponvel na
WWW: <http://www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=605>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 56-CO-08 (AC-20-06-2008-P-56-CO-08-TR) (Priso preventiva). Disponvel na WWW:
<http://www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=605>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 60-CO-08 (AC-08-07 -2008-P-60-CO-08-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=605>.
529
11/10/18 12:23:59
Anexo
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 63-CO-08 (AC-18-07 -2008-P-63-CO-08-TR). Disponvel na WWW: < http://www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=605>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 64-CO-08 (AC-25-06-2008-P-64-CO-08-TR) Defensor. Disponvel na WWW: <http://
www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=605>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 64-CO-08 (AC-25-07 -2009-P-64-CO-08-TR). Disponvel na WWW: < http://www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=668>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 65-CO-08 (AC-11-08 -2008-P-65-CO-08-TR). Disponvel na WWW: < http://www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=605>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 67-CO-08 (AC-13-08 -2008-P-67-CO-08-TR). Disponvel na WWW: < http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=605>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 69-CO-08 (AC-15-08-2008-P-69-CO-08-TR) Princpio do Acusatrio. Disponvel na
WWW: <http://www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=605>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 80-CO-2008 (AC-12-12 -2008-P-80-CO-08-TR). Disponvel na WWW: < http://www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=605>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 81-CO-08 (AC-29-09 -2008-P-81-CO-08-TR) Direito de Defesa. Disponvel na WWW:
<http://www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=605>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 95-CO-08 (AC-09-12-2008-P-95-CO-08-TR) Princpio da Legalidade. Disponvel na
WWW: <http://www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=605>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. ADM-08 (AC-31-11 -2008-P-ADM-08-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=603>.
530
11/10/18 12:24:00
Anexo
2009
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 01-INCID-09 (AC-15-03-2009-P-01-INCID-09-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=668&sort=asc&order=Display%20name >.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 01-CONST-09 (AC-19-06-2009-P-10-CONST-09-TR) publicado no Jornal da Repblica, Srie I,
n. 28, 5 de agosto de 2009. Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=667&sort=asc&order=Display%20name>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 01-HC-09 (AC-12-10 -2009-P-01-HC-09-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=668>.
Acrdo do Tribunal de Recurso n. 02/2009, de 7 de Julho, publicado no
Jornal da Repblica, Srie I, n. 28, de 5 de agosto de 2009 (Proc/02/
/Const/2009/TR).
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 02-CO-09 (AC-26-03-2009-P-02-CO-09-TR) Intromisso Abusiva em Meios de Comunicao. Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.tl/?q=node/
29&fid=668>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 04-CO-09 (AC-26-01 -2009-P-04-CO-09-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=668>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 10-CONST-09 (AC-19-06-2009-P-10-CONST-09-TR) Contraordenaes. Disponvel na
WWW: <http://www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=667>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 11-CO-09 (AC-31-03 -2009-P-11-CO-09-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=668>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 12-CO-09 (AC-14-09 -2009-P-12-CO-09-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=668>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 18-CO-09 (AC-28-09 -2009-P-18-CO-09-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=668>.
531
11/10/18 12:24:00
Anexo
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 22-CO-09 (AC-19-04 -2010-P-22-CO-09-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=498>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 23-CO-09 (AC-24-03 -2010-P-23-CO-09-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=498>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 34-CO-09 (AC-14-05 -2009-P-34-CO-09-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=668>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 38-CO-09 (AC-4-09 -2009-P-38-CO-09-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=668>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 41-CO-09 (AC-12-10 -2009-P-41-CO-09-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=668>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 42-CO-09 (AC-13-06 -2009-P-42-CO-09-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=668>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 54-CO-09 (AC-13-07-2009-P-54-CO-09-TR) Segredo de Justia. Disponvel na WWW:
<http://www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=668>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 64-CO-09 (AC-15-07 -2009-P-64-CO-09-TR) Aplicao da Lei Mais Favorvel. Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=668>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 69-CO-09 (AC-27-07 -2009-P-69-CO-09-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=668>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 78-CO-09 (AC-14-08 -2009-P-78-CO-09-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=668>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 90-CO-09 (AC-20-10 -2009-P-90-CO-09-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=668>.
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Anexo
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 97-CO-09 (AC-21-01 -2009-P-97-CO-09-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=668>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 100-CO-09 (AC-30-11 -2009-P-100-CO-09-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=668>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 102-CO-09 (AC-30-04 -2010-P-102-CO-09-TR) Direito Privacidade. Disponvel na WWW:
<http://www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=498>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 103-C0-09 (AC-8-02 -2010-P-103-C0-09-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=498>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 106-CO-09 (AC-5-02 -2010-P-106-CO-09-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.tl/?q=node/29&fid=498>.
2010
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 01-HC-10 (AC-30-03 -2010-P-01-HC-10-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=498>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 03-CO-10 (AC-30-04 -2010-P-03-CO-10-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=498>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 04-CO-10 (AC-23-03 -2010-P-04-CO-10-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=498>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 09-CO-10 (AC-30-04 -2010-P-09-CO-10-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=498>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 15-CO-10 (AC-03-05 -2010-P-15-CO-10-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=498>.
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Anexo
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 16-CO-10 (AC-23-02 -2010-P-16-CO-10-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=498>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 19-CO-10 (AC-06-05 -2010-P-19-CO-10-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=498>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 20-CO-10 (AC-06-05-2010-P-20-CO-10-TR-Factos). Disponvel na WWW: <http://www.
tribunais.tl/?q=node/29&fid=498>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 20-CO-10 (AC-29-04-2010-P-20-CO-10). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=498>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 21-CO-10 (AC-17-03 -2010-P-21-CO-10-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=498>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 21-CO-10 (AC-06-04 -2010-P-21-C0-10-TR). Disponvel na WWW: < http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=498>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 22-CO-10 (AC-29-04 -2010-P-22-CO-10-TR). Disponvel na WWW: < http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=498>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 23-CO-10 (AC-04-05 -2010-P-23-CO-10-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=498>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 32-CO-10 (AC-O7-05 -2010-P-32-CO-10-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=498>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 34-CO-10 (AC-01-06 -2010-P-34-CO-10-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=498>.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 35-CO-10 (AC-1-06 -2010-P-35-CO-10-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=498>.
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Anexo
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 96-CO-10 (AC-01-06 -2010-P-96-CO-10-TR). Disponvel na WWW: <http://www.tribunais.
tl/?q=node/29&fid=498>.
2011
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 01-CONST-11 (01/CONST/
/2011/TR Fiscalizao Prvia da Constitucionalidade do Decreto do
PN 45/11 que aprova o Oramento Geral de Estado da Repblica Democrtica de Timor-Leste para 2011), publicado no Jornal da Repblica, Srie I, n. 5 A, de 14 de fevereiro de 2011.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 34-CO-11, de 28 de junho
de 2011. Publicao ainda no disponvel.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 51-CO-11, de 17 de agosto
de 2011 (AC-51-CO-11-TR). Publicao ainda no disponvel.
Acrdo do Tribunal de Recurso no Processo n. 02-CONST-11 (02-CONST-11-TR Fiscalizao Prvia da Constitucionalidade do Decreto do PN
n.o 54/11, que introduz a primeira alterao Lei n. 14/2005, de 16
de setembro (Estatuto do Ministrio Pblico). Publicao ainda no
disponvel.
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NDICE
Prefcio ...................................................................................................
Lista de abreviaturas e acrnimos . ........................................................
Prembulo ...............................................................................................
3
7
11
PARTE I
PRINCPIOS FUNDAMENTAIS . .....................................................
19
Artigos
1. A Repblica ....................................................................................
19
2. Soberania e constitucionalidade .................................................... 21
3. Cidadania . ...................................................................................... 24
4. Territrio ........................................................................................ 28
5. Descentralizao ............................................................................
32
6. Objetivos do Estado .......................................................................
35
7. Sufrgio universal e multipartidarismo..........................................
39
8. Relaes internacionais . ................................................................
41
9. Receo do direito internacional ...................................................
49
10. Solidariedade ................................................................................
54
11. Valorizao da resistncia ............................................................
57
12. O Estado e as confisses religiosas .............................................
59
13. Lnguas oficiais e lnguas nacionais ............................................
61
14. Smbolos nacionais .......................................................................
64
15. Bandeira Nacional ........................................................................
65
PARTE II
DIREITOS, DEVERES, LIBERDADES E
GARANTIAS FUNDAMENTAIS . ....................................................
TTULO I
PRINCPIOS GERAIS .........................................................................
Artigos
16. Universalidade e igualdade ..........................................................
17. Igualdade entre mulheres e homens .............................................
18. Proteo da criana ......................................................................
19. Juventude ......................................................................................
20. Terceira idade ...............................................................................
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67
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TTULO III
DIREITOS E DEVERES ECONMICOS,
SOCIAIS E CULTURAIS ..................................................................... 184
Artigos
50. Direito ao trabalho ....................................................................... 184
51. Direito a greve e proibio do lock-out......................................... 191
52. Liberdade sindical ........................................................................ 195
53. Direitos dos consumidores ........................................................... 200
54. Direito a propriedade privada ...................................................... 202
55. Obrigaes do contribuinte .......................................................... 206
56. Segurana e assistncia social . .................................................... 208
57. Sade . ........................................................................................... 210
58. Habitao . .................................................................................... 213
59. Educao e cultura ....................................................................... 215
60. Propriedade intelectual ................................................................ 218
61. Meio ambiente .............................................................................. 219
PARTE III
ORGANIZAO DO PODER POLTICO . ..................................... 225
TTULO I
PRINCPIOS GERAIS ......................................................................... 225
Artigos
62. Titularidade e exerccio do poder poltico ................................... 225
63. Participao poltica dos cidados ............................................... 227
64. Princpio da renovao . ............................................................... 230
65. Eleies . ....................................................................................... 231
66. Referendo ..................................................................................... 236
67. rgos de soberania ..................................................................... 239
68. Incompatibilidades ....................................................................... 240
69. Princpio da separao dos poderes ............................................. 242
70. Partidos polticos e direito de oposio ....................................... 248
71. Organizao administrativa ......................................................... 251
72. Poder local .................................................................................... 253
73. Publicidade dos atos ..................................................................... 257
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TTULO II
PRESIDENTE DA REPBLICA ......................................................... 259
CAPTULO I
ESTATUTO, ELEIO E NOMEAO ................................................. 259
Artigos
74. Definio ...................................................................................... 259
75. Elegibilidade ................................................................................. 262
76. Eleio .......................................................................................... 266
77. Posse e juramento ......................................................................... 268
78. Incompatibilidades ....................................................................... 270
79. Responsabilidade criminal e obrigaes constitucionais ............ 272
80. Ausncia ....................................................................................... 276
81. Renncia ao mandato ................................................................... 278
82. Morte, renncia ou incapacidade permanente . ........................... 280
83. Casos excecionais ......................................................................... 282
84. Substituio e interinidade .......................................................... 284
CAPTULO II
COMPETNCIA ..................................................................................... 286
Artigos
85. Competncia prpria .................................................................... 286
86. Competncia quanto a outros rgos ........................................... 291
87. Competncia nas relaes internacionais .................................... 296
88. Promulgao e veto ...................................................................... 298
89. Atos do Presidente da Repblica interino .................................... 301
CAPTULO III
CONSELHO DE ESTADO . ....................................................................
Artigos
90. Conselho de Estado ......................................................................
91. Competncia, organizao e funcionamento
do Conselho de Estado .................................................................
303
303
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TTULO III
PARLAMENTO NACIONAL . ..............................................................
CAPTULO I
ESTATUTO E ELEIO ........................................................................
Artigos
92. Definio ......................................................................................
93. Eleio e composio ...................................................................
94. Imunidades ...................................................................................
CAPTULO II
COMPETNCIA .....................................................................................
Artigos
95. Competncia do Parlamento Nacional .........................................
96. Autorizao legislativa . ...............................................................
97. Iniciativa da lei .............................................................................
98. Apreciao parlamentar de atos legislativos . ..............................
CAPTULO III
ORGANIZAO E FUNCIONAMENTO ...............................................
Artigos
99. Legislatura ....................................................................................
100. Dissoluo ..................................................................................
101. Participao dos membros do Governo . ....................................
CAPTULO IV
COMISSO PERMANENTE ..................................................................
Artigos
102. Comisso Permanente ................................................................
308
308
308
310
313
315
315
325
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TTULO IV
GOVERNO . ...........................................................................................
CAPTULO I
DEFINIO E ESTRUTURA . ...............................................................
Artigos
103. Definio ....................................................................................
104. Composio ................................................................................
105. Conselho de Ministros . ..............................................................
CAPTULO II
FORMAO E RESPONSABILIDADE .................................................
Artigos
106. Nomeao ...................................................................................
107. Responsabilidade do Governo . ..................................................
108. Programa do Governo ................................................................
109. Apreciao do programa do Governo ........................................
110. Solicitao de voto de confiana ................................................
111. Moes de censura . ....................................................................
112. Demisso do Governo ................................................................
113. Responsabilidade criminal dos membros do Governo ..............
114. Imunidades dos membros do Governo .......................................
343
343
343
344
346
348
348
351
354
356
358
360
362
364
368
CAPTULO III
COMPETNCIA .....................................................................................
Artigos
115. Competncia do Governo ...........................................................
116. Competncia do Conselho de Ministros ....................................
117. Competncia dos membros do Governo .....................................
371
376
378
TTULO V
TRIBUNAIS . .........................................................................................
381
CAPTULO I
TRIBUNAIS E MAGISTRATURA JUDICIAL . ......................................
Artigos
118. Funo jurisdicional ...................................................................
119. Independncia .............................................................................
371
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PARTE IV
ORGANIZAO ECONMICA E FINANCEIRA ........................
TTULO I
PRINCPIOS GERAIS .........................................................................
Artigos
138. Organizao econmica .............................................................
139. Recursos naturais .......................................................................
140. Investimentos . ............................................................................
141. Terras . .........................................................................................
TTULO II
SISTEMA FINANCEIRO E FISCAL ..................................................
Artigos
142. Sistema financeiro ......................................................................
143. Banco central...............................................................................
144. Sistema fiscal...............................................................................
145. Oramento Geral do Estado........................................................
435
435
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446
446
448
451
454
PARTE V
DEFESA E SEGURANA NACIONAIS . .........................................
Artigos
146. Forcas Armadas . ........................................................................
147. Polcia e forcas de segurana ......................................................
148. Conselho Superior de Defesa e Segurana ................................
457
462
465
PARTE VI
GARANTIA E REVISO DA CONSTITUIO ............................
467
TTULO I
GARANTIA DA CONSTITUIO ......................................................
Artigos
149. Fiscalizao preventiva da constitucionalidade .........................
150. Fiscalizao abstrata da constitucionalidade .............................
151. Inconstitucionalidade por omisso . ...........................................
152. Fiscalizao concreta da constitucionalidade ............................
153. Acrdos do Supremo Tribunal de Justia . ...............................
457
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TTULO II
REVISO DA CONSTITUIO ..........................................................
Artigos
154. Iniciativa e tempo de reviso .....................................................
155. Aprovao e promulgao ..........................................................
156. Limites materiais da reviso ......................................................
157. Limites circunstanciais da reviso .............................................
482
482
485
487
492
PARTE VII
DISPOSIES FINAIS E TRANSITRIAS ...................................
Artigos
158. Tratados, acordos e alianas . .....................................................
159. Lnguas de trabalho ....................................................................
160. Crimes graves .............................................................................
161. Apropriao ilegal de bens .........................................................
162. Reconciliao .............................................................................
163. Organizao judicial transitria .................................................
164. Competncia transitria do Supremo Tribunal de Justia .........
165. Direito anterior ...........................................................................
166. Hino Nacional . ...........................................................................
167. Transformao da Assembleia Constituinte . .............................
168. II Governo Transitrio . ..............................................................
169. Eleio presidencial de 2002 ......................................................
170. Entrada em vigor da Constituio ..............................................
493
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Anexo A ..................................................................................................
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