Suspensão e Direção
Suspensão e Direção
Suspensão e Direção
Suspenso
Introduo
O objetivo deste texto oferecer informaes bsicas sobre o funcionamento da
suspenso de um veculo com relao geometria, ou seja, como o desenho influncia
no comportamento do veculo. No sero considerados os aspectos dinmicos e
estruturais necessrios para o dimensionamento de componentes.
Este texto no tem a pretenso de criar uma nova bibliografia sobre suspenso
de automveis, mas sim suprir a falta de literatura em lngua portuguesa sobre o tema.
Sendo assim ser apresentada uma reviso bibliogrfica onde sero enfocados
aspectos que permitam ao aluno compreender a teoria de funcionamento dos diversos
tipos de suspenso.
Um grande esforo foi realizado para que todas as definies fossem colocadas
de forma simples e clara, dentro de uma ordem que tornasse o texto compreensvel.
Infelizmente, algumas vezes, isto no foi possvel, principalmente pela dificuldade de
traduzir alguns termos e pelo fato de que o sistema de suspenso no possui um limite
definido com outros sistemas. O automvel composto pelo sistema de transmisso,
sistema de direo, sistema de freios e suspenso. A suspenso possui partes de
destes sistemas: do freio, possui mangueiras, discos ou sapatas; da direo possui
articulaes, barras, eixos; e da transmisso possui semi-eixos, juntas homocinticas
ou cruzetas, etc.
Os nomes utilizados para definir peas, efeitos, ou caractersticas que no
possuem uma expresso popularmente conhecida em nossa lngua foram traduzidos
literalmente para o portugus. Alguns termos de difcil traduo foram conservados na
lngua inglesa com o objetivo de no criar expresses que se tornem comum ao
pequeno grupo de usurios deste material.
O Incio
O comerciante chamado Nikolaus August Otto, de origem austraca e
naturalizado francs, e que no era engenheiro, construiu uma mquina com a
finalidade de dar autonomia as carroas. Sua inteno era a de oferecer uma opo
mais prtica que o sistema de propulso da poca, o cavalo. Assim, em 1862, foi
construdo o primeiros motor de combusto interna (Hunninghaus). Foi um trabalho
rduo que durou muitos anos e vrios problemas foram enfrentados. Chegou a ser
proibido de trabalhar pela polcia e tinha que faz-lo nas madrugadas, escondido, pois
os vizinhos acreditavam que ele era um feiticeiro. As ferramentas disponveis eram
primitivas, os processos de transformao do ao eram rudimentares o que
impossibilitava a construo de um sistema complexo de transmisso que permitisse
que e o motor tracionasse uma carroa, o que fez com que os primeiros motores de
combusto interna fossem testados em lanchas, devido a simplicidade do sistema de
transmisso. Depois que os motores se mostraram confiveis e, principalmente,
utilizveis, ficou claro que tentar adapt-los em carroas no era vivel, e assim estes
veculos transformaram-se para receber os novos motores.
A tecnologia utilizada na construo de bicicletas e o glamour criado pela
sociedade no final do sculo XIX foram cruciais para o desenvolvimento do automvel.
Inicialmente a bicicleta era uma travessa de madeira acolchoada, com duas rodas onde
o condutor impulsionava-se com grandes passadas. Depois surgiu o sistema de
transmisso onde o pedal acoplado no eixo dianteiro tracionava uma roda muito
grande. Quando, finalmente, surgiu a bicicleta que conhecemos atualmente com trao
na roda traseira iniciou-se uma nova era para a mecnica ligeira. Foram desenvolvidos
eixos e mancais precisos. Vieram as rodas de borracha, depois os pneumticos, as
rodas dentadas, as correntes e, por fim, as esferas.
Os adeptos do ciclismo cresceram da noite para o dia e a industria de
construo de bicicletas cresceu de forma espantosa.
Uma nova escola foi criada, um ideal. O clima de entusiasmo associado ao
ciclismo fez com que, quase que simultaneamente, surgissem a motocicleta, o triciclo a
motor e o automvel leve. Era a aplicao do motor ao ciclismo.
Os primeiros construtores de automveis preferiam os triciclo por ser a melhor
base para o veculo leve, j que possua pouca massa e era robusto, prestando-se
muito bem para receber um motor, desde que ele tambm fosse leve e rpido.
Os primeiros triciclos motorizados fizeram um grande sucesso que perdurou por
mais de vinte anos. O ilustre brasileiro Santos Dumont, que criou o primeiro dirigvel ao
colocar um pequeno motor num balo esfrico, e primeiro homem a voar com um
veculo mais pesado que o ar, tambm foi um dos importantes personagens da histria
do automvel. Foi o primeiro a organizar uma corrida de triciclos, na Frana, no
veldromo Parc des Princes, bancando os custos do aluguel do veldromo e dos
prmios, conforme ele mesmo descreve em seu livro Meus Bales. O evento foi um
sucesso muito maior que o esperado, e um marco na histria. Tambm foi o
responsvel por trazer o primeiro automvel para o Brasil.
At 1886 existia uma grande disputa entre os veculos impulsionados por vapor
e os impulsionados por gasolina, at que Karl Benz constri seu triciclo a gasolina,
considerado o primeiro automvel til (Figura 1). Benz desenvolveu vrios sistemas e o
bom rendimento de seu veculo se deve, principalmente, ao refinamento do uso do
sistema de arrefecimento e da carburao. Ele considerado o iniciador da tcnica
automotiva por ter aprimorado a unidade do motor com o chassis. (Pietisch, 1962).
Definio
A suspenso ideal seria aquela que permitisse que o veculo flutuasse, tal como
nos filmes de fico cientifica. Durante seu deslocamento nenhuma fora proveniente
das variaes de distncia relativa entre o veculo e solo, seria transmitida para a
carroceria. Como est soluo ainda no vivel, utiliza-se um sistema mecnico que,
de forma geral, tem o objetivo de absorver as desigualdades do terreno sobre o qual o
veculo se desloca, proporcionando aos passageiros um adequado nvel de conforto e
segurana, protegendo a carga e o prprio veculo. Alm disto, de forma mais
especfica, funo da suspenso limitar a rolagem da carroceria, manter o contato
das rodas com o solo, de forma que ocorra a menor variao possvel de carga,
controlar o camber e o esteramento das rodas, e oferecer resistncia s reaes
produzidas pelos pneus, tais como: foras longitudinais (aceleraes e frenagens),
foras laterais (curvas), torques gerados pela frenagem e pela mudana de direo.
A massa do veculo pode ser separada em duas partes: massa suspensa que
aquela que suportada pelas molas da suspenso (sprung), e a no suspensa, que
toda a restante (unsprung). A conexo entre estas duas partes materializa a suspenso
propriamente dita.
O sistema de suspenso formado por todas as partes que so responsveis
pelo movimento relativo entre as rodas e o corpo do veculo: barras, eixos, articulaes,
buchas, etc. Todos estes componentes fazem parte de um mecanismo que tem como
objetivo fazer a roda deslocar-se para cima e para baixo de forma controlada.
A suspenso composta por um elemento flexvel (molas helicoidal, barra de
toro, mola de borracha, a gs ou ar, etc.) e um elemento amortecedor, que freia as
oscilaes das massas suspensas, originadas pela deformao do elemento flexvel,
decorrentes das irregularidades do solo. Quanto menor a massa deste sistema melhor
ser seu desempenho.
Os pneus e acentos de um veculo podem ser considerados como elementos
complementares do sistema de suspenso.
Molas helicoidais
As molas helicoidais substituram os feixes de molas dos automveis atuais. So
leves, eficientes e compactas, o que as torna ideais para o uso na suspenso
independente (Figura 5).
As molas helicoidais consistem numa barra de ao enrolada em forma de hlice.
A elasticidade depende de seu dimetro, do dimetro da barra, do nmero de
helicides (obs: espiras so partes de uma mola espiral, no de uma mola helicoidal) e
das caractersticas do material utilizado. Como o objetivo de facilitar a montagem,
geralmente, as extremidades so planas.
Figura 6 - Suspenso com barra de toro formada por lminas. Guitin, 2001.
Atualmente as barra de toro utilizam uma nova configurao. Ao invs de
serem montadas transversalmente, como as mostradas anteriormente, so
longitudinais, formadas por uma nica barra de seo circular, conforme pode ser visto
na Figura 7. Este tipo de elemento elstico, utilizado em alguns utilitrios de mdio e
grande porte, eficiente, robusto, leve e no ocupa espao entre as barras oscilantes
da suspenso, estendendo-se ao lado das longarinas do chassi sob a cabine.
Barra Estabilizadora
Quando um veculo percorre uma trajetria curvilnea as foras inerciais inclinam
seu corpo para o lado de fora da curva (rolagem), provocando uma maior compresso
das molas do lado externo, aproximando a carroceria das rodas, e uma diminuio da
compresso nas molas do lado interno, afastando-a das rodas. Para minimizar este
efeito se utilizam barras estabilizadoras que podem ser montadas no eixo dianteiro,
traseiro ou em ambos.
As barras estabilizadoras so compostas, geralmente, por uma viga de ao de
seo circular em forma de U. Suas extremidades so fixadas na suspenso, na base
dos amortecedores, e a parte central fixada atravs de duas articulaes na
carroceria, conforme pode ser visto na Figura 8.
Amortecedores
Quando os primeiros automveis foram construdos sua suspenso era
semelhante as utilizadas nas carroas. O desenvolvimento dos motores e,
principalmente, dos pneumticos permitiu que num espao curto de tempo a velocidade
aumentasse consideravelmente. Os automveis, com suas primitivas suspenses,
rodando em estradas inadequadas oscilavam descontroladamente gerando desconforto
e insegurana. Surgia a necessidade do desenvolvimento de um sistema mais estvel
e uma nova pea foi introduzida, o amortecedor.
Tipos de Suspenso
As suspenses dos veculos podem ser divididas em dois grupos: eixos rgidos e
suspenso independente. Os fundamentos de funcionamento da suspenso de eixo
rgido significativamente mais simples que a suspenso independente, por este
motivo, faremos uma breve descrio da primeira e utilizaremos a suspenso
independente para apresentar a teoria sobre o tema.
Eixo Rgido
Os Eixos Rgidos originaram-se de veculos que existiam antes do surgimento
dos automveis. Atualmente so utilizados tanto na traseira como na dianteira em
muitos automveis, pequenos mdios ou grandes, em utilitrios, em caminhes.
Podem conter um par de rodas que giram livremente montados na traseira, ou na
dianteira. Tambm podem conter um par de rodas responsveis pela trao montados
na traseira, sendo encontrados, atualmente, em carros de mdio e grande porte, e na
maioria dos utilitrios e caminhes. Com trao na dianteira so utilizados em veculos
fora de estrada (4x4).
A simplicidade do sistema mecnico necessrio para sua montagem, sua
robustez e a pequena manuteno so suas principais vantagens. Nos veculos fora de
estrada, alm destes fatores, so utilizados por proporcionar um longo curso da
suspenso, o que fundamental para este tipo de veculo, j que a rea de contato do
pneu com o solo est diretamente relacionado com sua eficincia.
O eixo rgido no sofre alterao de camber quando o veculo carregado, nem
durante uma curva, seja pela rolagem da carroceria, nem devido a fora lateral aplicada
nas rodas pela pista.
Um problema associado a este eixo uma vibrao que ocorre nas rodas
dianteiras e que est associado a folgas do sistema mecnico e a sua freqncia
natural chamado de Shimmy.
Uma das configuraes mais comuns de montagem dos Eixos Rgidos
(Hotckiss) aquela em que dois conjuntos de molas semi-elpticas, montadas
longitudinalmente, so utilizados para conect-lo ao chassi, e o centro possui um
diferencial, conectado a um cardan atravs de uma junta universal (Figura 15). Este
tipo de trao foi utilizado em grande parte dos automveis de passageiros dos anos
60. Atualmente utilizado em veculos de carga, leves e pesados.
De Dion
Um tipo de suspenso pouco utilizada, mas clssica, a De Dion (1894), que
uma mistura entre o Eixo Rgido e a Suspenso Independente. Ele composto por
uma barra slida que conecta as duas rodas, por dois semi-eixos e por um diferencial
fixo no chassi, conforme pode ser visto na Figura 17. Como o diferencial no fixo ao
eixo a massa no suspensa diminui, oferecendo ao sistema maior eficincia.
A Geometria da Suspenso
Restrio de movimento que a suspenso deve oferecer
Um corpo em movimento no espao apresenta seis Graus de Liberdade (GDL)
em relao a outro corpo (Figura 18). A roda traseira de uma bicicleta possui apenas
um (GDL), em relao ao seu chassi, que a rotao em relao ao seu eixo. A roda
traseira de um automvel apresenta dois GDL, j que ela alm de girar, tambm se
desloca para cima e para baixo. A suspenso ideal aquela que possibilita a restrio
do movimento da ponta de eixo (knuckle) em cinco direes, permitindo apenas o
deslocamento para cima e para baixo.
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Suspenso independente
A suspenso independente possui dois CIs, um que pode ser determinado
atravs da vista lateral, e que esta relacionado predominantemente com as
aceleraes longitudinais do veculo, outra que pode ser determinado por uma vista
frontal e que est relacionado com as aceleraes laterais.
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Scrub
O scrub uma varivel que est relacionada com a anlise realizada atravs da
vista frontal e o movimento relativo com o solo resultante do deslocamento vertical
(Figura 27). O scrub funo do comprimento real das barras da suspenso, e do
comprimento relativo, que est associado a posio do CI da vista frontal, assim como
da altura do CI em relao ao solo.
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Quando o veculo faz uma curva o CI da roda externa move-se para baixo
devido ao deslocamento relativo entre a roda e o seu corpo, enquanto que o CI da roda
interna move-se para cima. Os movimentos em direes opostas das rodas em relao
ao corpo do veculo provocam uma assimetria no desenho da suspenso. A reao da
fora lateral que atua na roda externa (fora dominante numa curva) faz com que o
corpo do veculo sofra um movimento descendente, enquanto que reao da fora
resultante na roda interna provoca um movimente ascendente. Em conseqncia disto
a reao das foras laterais que atuam no veculo provoca um movimento descendente
de seu corpo, reduzindo a altura do CR.
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McPherson
A suspenso do tipo McPherson foi patenteada em 1946 por Earle Steele
MecPherson e foi utilizada em 1949, na Frana, na dianteira do Ford Vedete de trao
traseira. No Brasil foi introduzida atravs do Simca Chambord.
A suspenso McPherson a combinao de um suporte com o brao inferior,
conforme pode ser visto na Figura 33. O CR est localizado na linha central do veculo
com a interseco da linha que contm o CI e o ponto de contato do pneu com o solo.
Num veculo convencional a posio do CI tende a afasta-se muito para a esquerda do
ponto indicado no esquema representativo apresentado no desenho. Isto ocorre porque
o amortecedor montado com uma inclinao mais prxima do eixo vertical.
Semi-eixo Oscilante
A Suspenso do tipo Semi-eixo Oscilante (Swing Axle) formada, como o no
diz, por um semi-eixo articulado numa das extremidades por uma junta homocintica
(ou semelhante, tal como cruzeta, trizeta, etc.), conforme pode ser visto na Figura 34.
O CI localiza-se na articulao interna e o CR no prolongamento da preta que contm o
ponto de contato de pneu com o solo e o CI, at a linha mdia central.
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F l = m
F = m
ax
h
g
ax h
g l
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Sistema de Direo
Introduo
Um motorista experiente, aps dirigir um carro (motocicleta, ou bicicleta),
capaz de descrever algumas caracterstica de seu temperamento, onde alguns
adjetivos sero utilizados para descrever seu esprito, tais como: dcil, suave,
agressivo, arisco,... Falar sobre o esprito de um veculo parece no ser uma tarefa
tcnica. Porm, existe algo que caracteriza cada modelo de forma nica. Uma bicicleta
europia do anos 50, com sua capacidade de fazer curvas suaves e harmoniosas pode
oferecer a sensao de se andar nas nuvens. J uma bicicleta, ou motocicleta,
projetada para percorre trilhas com curvas acentuadas em locais com pouco espao
parece ser arisca, mudando de direo rapidamente.
Esta sensao que um veculo gera quando conduzido o resultado do
funcionamento de todas as partes do veculo, e, certamente, o motor e a suspenso
tem grande influncia. Porm, provavelmente, o sistema de direo o que contribua
com a maior parcela, que, conforme sua geometria, vai definir se vamos andar nas
nuvens ou no.
Assim como ocorreu com vrios sistemas mecnicos utilizados em automveis,
o sistema de direo tambm veio da carroa (de quatro rodas), que utilizava um eixo
rgido fixado atravs de uma articulao. Porm, este sistema rudimentar no era
eficiente para veculos que se deslocam com velocidades superiores a de um cavalo.
A mecnica ligeira dos eixos e esferas do final do sculo XIX foi utilizada na
construo dos triciclos, que possuam duas rodas traseiras e uma dianteira com
funo de dar direo do veculo. As bicicletas foram as grandes responsveis pelo
desenvolvimento da mecnica leve e precisa, e naturalmente seu sistema de direo,
formado por uma forquilha, ou garfo, foi utilizado nos triciclos. Alguns automveis com
quatro rodas chegaram a utilizar este sistema de direo.
O nascimento dos automveis como parte do desenvolvimento das tcnicas
utilizadas na construo de bicicletas foi um processo espontneo. A Figura 37 mostra
uma automvel Benz, produzido em 1897, pertencente ao Museu do Automvel Clube
da Argentina. Neste veculo pode se ver os dois garfos sobre as rodas dianteiras
acionados por alavanca do tipo timo, que formam o sistema de direo.
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Definio
O sistema de direo, como o prprio nome diz, tem a funo de direcionar o
veculo durante seu deslocamento. Um bom sistema de direo deve ser fcil de
operar, confortvel, estvel, confivel, preciso e no deve transmitir para o volante as
foras aplicadas nas rodas, geradas durante o deslocamento do veculo. Estas foras
podem ser resultantes da irregularidade do terreno, verticais, ou resultantes da
tendncia de seguir em linha reta durante um trajetria curvilnea, laterais, ou ainda
resultantes de frenagens e de trao (se o veculos for de trao dianteira).
O sistema de direo transforma o movimento circular do volante no movimento
circular do eixo da roda unido ao pino mestre (eixo de giro da roda que direciona o
veculo).
Uma parte do sistema de direo est acoplada diretamente na base que possui
o eixo da roda (ponta de eixo), que por sua vez oscila com o movimento da suspenso.
Isto faz com que estes dois sistemas, suspenso e direo, no tenham limites bem
definidos. A funo do sistema de direo controlar a rotao da roda sobre o pino
mestre, no permitindo que sua posio seja alterada durante o deslocamento do
veculo, nem mesmo quando as molas do sistema de suspenso so comprimidas.
Um bom exemplo da fuso do sistema de direo com a suspenso mostrado
na Figura 38, onde pode-se ver um veculo no qual o eixo principal, neste caso o
correspondente ao pino mestre, contm a mola e o amortecedor do sistema de
suspenso. Provavelmente este tenha sido o primeiro modelo de suspenso do tipo
McPherson, muito utilizada atualmente e que ser analisada mais adiante.
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Geometria de Ackermann
Quando um automvel percorre um trajetria curvilnea suas rodas rolam sobre
duas circunferncias concntricas. Para que nenhuma roda sofra escorregamento
lateral necessrio que a dianteira interna gire um ngulo, i, maior que o da roda
externa, o, j que o raio da circunferncia interna menor que o da externa, conforme
pode ser visto na Figura 40. Esta sistema foi patenteado em 1817, por Rudolf
Ackermann.
L
(R + t )
2
i = tan 1
L
(R + t )
2
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ngulo de camber
O ngulo de inclinao da roda em relao ao solo chamado de ngulo de
camber e ser positivo se as partes inferiores das rodas de cada lado se aproximarem
e as superiores se afastarem. A expresso camber, de origem inglesa ser utilizada
neste texto por ser a mais popular; em espanhol cada ,despunte ou sopi.
Nos automveis antigos, alm dos motivos citados anteriormente, o camber
significativamente elevado tambm tinha o objetivo de compensar o carregamento do
automvel que provocaria a flexo do eixo da roda e conseqentemente diminuiria o
camber. Outro motivo a tendncia de que as estradas possuam um perfil transversal
curvilneo e, teoricamente, um camber positivo aumentaria a rea de contato do pneu
com o solo, alm de conservar a roda comprimida contara a ponta de eixo. A grande
desvantagem do camber elevado a tendncia de diminuir rea de contato do pneu
minimizando a capacidade de absoro das foras laterais.
No automveis atuais o camber das rodas dianteiras tende a ser levemente
positivo. Na maioria dos casos com ngulos prximos a grau, e a inclinao do pino
mestre quem determinante na diminuio do brao de alavanca que gera momento
aplicado na ponta de eixo. Quando se utiliza eixo rgido o camber constante, porm
para suspenso independente o camber varia com o curso da roda. Este
comportamento determinado pela geometria de construo da suspenso.
Nos veculos de competio o camber negativo desejado por aumentar a rea
de contato do pneu com o solo em curvas onde as aceleraes laterais so elevadas,
possibilitando maior absoro das foras laterais.
A inclinao do pino mestre tambm conhecida em portugus por sada, em
espanhol por salida ou inclinacin, em ingls por kingpin inclination ou outwar
slant.
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ngulo de caster
A expresso caster, apesar de ser de origem inglesa, acabou prevalecendo
entre os tcnicos de nosso pas. O termo correspondente em portugus avano e
em espanhol avance.
O ngulo de caster o ngulo de inclinao lateral da linha central do pino
mestre na vista lateral. Assim como a inclinao do pino mestre, faz com que a roda
desloque-se para cima ou para baixo durante o estero. Ao contrrio da inclinao do
pino mestre, este movimento oposto nas rodas de cada lado, ou seja, oaumento do
ngulo de camber tende a diminuir o efeito da inclinao do pino mestre. Se as rodas
de um veculo com ngulo de caster positivo so esteradas, a carroceria sofre uma
rolagem, subindo do lado interno da curva, e descendo no lado externo.
Quando a roda erterada o ngulo de camber gerado pelo caster favorvel,
ao contrrio do efeito gerado pela inclinao do pino mestre. Se o caster positivo a
roda externa curva o ngulo de camber tende a ser negativo (parte superior da roda
desloca-se para o centro da carroceria), enquanto a roda interna tende a ser positivo.
O ngulo de caster faz com que o ponto correspondente interseco no solo
da projeo da linha central do pino mestre posicione-se a frente do ponto
correspondente ao centro da rea de contato do pneu. Na vista lateral, a distncia entre
estes dois pontos o trail. Um bom exemplo de seu efeito pode ser percebido na forte
tendncia de alinhamento dos rodzios de um carro de supermercado, ou de uma
cadeira de computador.
As fora de resistncia ao arrasto aplicadas na rea de contato do pneu com o
solo, associadas com trail, geram momentos sobre o pino mestre, que tendem a
restituir o alinhamento das rodas. Quanto maior o trail, maior ser a fora necessria
aplicada ao volante para alterar a direo do veculo. Em automveis com sistema de
direo simples (no cervo-assistida), o trail pode ser bem prximo de zero. Sendo
assim, valores elevados do ngulo de caster proporcionam uma direo firme. Se
demasiado pequeno a direo no tem posio fixa, variando de um lado para o outro
continuamente; se invertido (negativo) a direo reage bruscamente, dura e
perigosa; se excessivamente invertida o sistema de direo incontrolvel,
desviando-se abruptamente para um lado podendo ainda provocar vibraes oscilantes
conhecidas como shimmy (Guitin, 2001).
O ngulo de caster geralmente varia de 1 a 7 e, como seu efeito regido pelas
foras de arrasto da roda, seu efeito no percebido em baixas velocidades, ao
contrrio da inclinao do pino. `usual utilizar-se o ngulo de caster inferior ao ngulo
de inclinao do pino mestre.
Divergncia e Convergncia
Num automvel, de trao traseira, onde as rodas dianteiras so paralelas, a
fora de resistncia ao rolamento aplicada na rea de contato dos pneus com o solo
faz com estas tendam a girar para traz (se a rea de contato do pneu projeo for
interseccionar na metade interna pela linha central do pino mestre), provocando um
carregamento dos pivs e das barras do sistema de direo. O ajuste que posiciona as
rodas numa determinada posio, de forma que o prolongamento de suas linhas
mdias convirjam para um ponto distante a frente do automvel, pode eliminar o
carregamento no sistema de direo. Este o ngulo de convergncia (toe-in).
H poucos anos no existiam os equipamentos computadorizados que permitem
a medio com exatido do ngulo de convergncia das rodas. Por tradio, nos dias
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Definies
ngulo de Camber, ngulo formado pela inclinao lateral da roda e uma linha vertical.
ngulo de Caster, ngulo de inclinao do pino mestre e uma linha horizontal.
Centro de Rolagem, CR, ponto virtual de giro da carroceria do veculo durante um
movimento lateral.
Centro Instantneo de Giro, CI, (Instant Center, IC) ponto virtual de giro da suspenso
para o tempo tendendo a zero.
Desvio (scrub), distncia entre o ponto gerado pela interseo do pino mestre com o
solo e o ponto gerado pela linha perpendicular ao solo que contm o centro da roda
na vista lateral. Tambm pode ser o movimento gerado pela base de contato com o
solo da roda, na direo transversal ao veculo, associado ao movimento de
ascendncia e descendncia da suspenso.
Pino mestre, (kingpin) eixo que permite o giro da ponta de eixo da roda dianteira
permitindo que o veculo mude de direo.
Ponta de eixo, (knuckle), pea que recebe o pino mestre, o eixo propriamente dita e o
brao do sistema de direo.
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Bibliografia
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Figura 1. http://jauburtin.free.fr/voitures/autres_mercedes/images/26-03/1erevoiture
benz.jpg
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