O Cérebro e A Linguagem
O Cérebro e A Linguagem
O Cérebro e A Linguagem
A ASSOCIAÇÃO DE SÍMBOLOS
A linguagem surge como produção humana voltada para o mundo exterior (um
conjunto de símbolos corretamente ordenados, difundido para fora do organismo) e
representação intracerebral destes símbolos e regras para associá-los. O cérebro
representa a linguagem e qualquer outro objeto da mesma forma. Ao estudar as
bases neuronais da representação de objetos, eventos e suas relações, os
neurologistas esperam descobrir os mecanismos de representação da linguagem.
DIZER AS CORES
REPRESENTAÇÃO CEREBRAL
A mesma organização existe para outros conceitos. Sob que forma física eles
são representados em nosso cérebro? Supomos que não exista representação
"pictórica" permanente de objetos e pessoas, mas que o cérebro conserve uma
"impressão" da atividade neuronal que se exerce no córtex sensorial e motor
durante sua interação com um objeto. Esta impressão corresponde a um circuito de
neurônios e sinapses cuja atividade recria aquela que caracterizou cada objeto ou
evento memorizado. Ativada, uma impressão pode suscitar outras associadas (ver
pág 48). O cérebro registra não só os diversos aspectos da realidade exterior, mas
também o modo pelo qual o corpo explora o meio e reage a ele. Os sistemas
neuronais que descrevem as interações entre uma pessoa e um objeto registram
um encadeamento rápido de micropercepções e de microações quase simultâneas.
Modificações ocorrem em várias regiões especializadas, cada uma subdividida em
vários centros,- a área visual, por exemplo, é composta de centro menores,
especializados no processamento de cor, forma e movimento.
Lesões semelhantes às deste paciente nas regiões anteriores e médias dos dois
lóbulos temporais deterioram o sistema conceituai do cérebro. As lesões do
hemisfério esquerdo, próximo à cissura de Sylvius, perturbam mais a formação de
palavras e frases. Essa área é a mais estudada pelos especialistas em linguagem,
desde que Paul Broca e Carl Wernicke descobriram, há mais de 150 anos, que as
estruturas da linguagem aí se localizam. Broca e Wernicke comprovaram também o
fenômeno da dominância cerebral: na maioria dos seres humanos - 99% dos
destros e 30% dos canhotos - os centros da linguagem estão no hemisfério
esquerdo.
Por outro lado, os surdos que apresentam lesões no hemisfério direito, longe
das áreas da linguagem, tornam-se por vezes incapazes de ver os objetos situados
na metade esquerda de seu campo visual ou de perceber as relações espaciais
entre os objetos, embora conservem a capacidade de compreender e utilizar a
linguagem gestual. Portanto, o hemisfério esquerdo contém os centros de
processamento da linguagem, quaisquer que sejam as vias de transmissão dos
signos lingüísticos.
Pessoas com lesões na região perisilviana anterior falam com uma voz
monocórdica, longos silêncios entre as palavras, utilizando estruturas gramaticais
defeituosas. Omitem freqüentemente os pronomes e as conjunções e raramente
respeitam a ordem gramatical. Como têm mais facilidade para encontrar
substantivos que os verbos, supomos que diferentes regiões cerebrais processam
essas duas classes de palavras.
SISTEMAS DE MEDIAÇÃO
Os sistemas neuronais de mediação estariam entre aqueles que processam os
conceitos e os que produzem palavras e frases. Estudos neuropatológicos sugerem
que esses sistemas mediadores governariam a seleção das palavras que exprimem
conceitos e determinariam a sintaxe que exprime relações entre eles.
OS COMPONENTES DE UM CONCEITO
Os conceitos são armazenados no cérebro sob a forma de registros "inativos".
Quando são reativados, esses registros recriam as sensações a as ações associadas a
uma entidade ou a uma classe de entidades. Uma xícara de café, por exemplo, evoca
ao mesmo tempo representações visuais ou táteis de sua forma, cor, textura e
temperatura, o odor e o gosto do café, assim como a trajetória da mão e do braço
quando levam a xícara à boca. Todas estas representações são criadas
simultaneamente em distintas regiões do cérebro