Adoção - Adoção Nacional e Internacional
Adoção - Adoção Nacional e Internacional
Adoção - Adoção Nacional e Internacional
ROSARINHA BASTOS
Cuiabá/MT
2003
1.0 - INTRODUÇÃO
1
Fustel de Coulanges – A Cidade Antiga, tradução de Souza Costa, Cap.IV.
2
Código de Hamurabi-Rio, Ed. Vozes, 1976, pp.83/85.
Para atender a fins políticos até imperadores foram adotivos como
Otávio Augusto (adotado por Júlio Cesar) e Justiniano (por Justino).3
O sistema do Direito Romano abrigou dois tipos de adoção ad-rogação
pela qual um pater-familias entrava na família do ad-rogante e a adoção em
sentido restrito pela qual o adotado entrava na família do adotante na
qualidade de filho, filha, neto ou neta do pater-familias.
Além das formalidades exigidas para a ad-rogação - ato que
acarretava a extinção de um grupo familiar - como a obrigatória
intervenção do Estado, e a cerimônia religiosa ordenava as seguintes
condições: manifestação de vontade favorável do ad-rogante e ad-rogado
( inadmissível para as mulheres já que o ato conferia a patria potestas), o
liberto não podia ser ad-rogado pelo seu patrono, nem o menor de 25 anos
por seu tutor ou curador, se o ad-rogado fosse emancipado ou deserdado
sem justa causa o ad-rogante restituiria os seus bens, além de um quarto
dos seus próprios.
No Baixo Império admitia-se a modalidade para os impúberes.
Vigorava que se o ad-rogado morresse sem haver alcançado a puberdade
seu patrimônio seria devolvido à antiga família, se fosse emancipado seria
a restituição feita ao próprio ad-rogado. Era feita por ato de tabelião,
simples contrato entre o pai verdadeiro e o adotivo com o consentimento do
adotado sendo que, ao depois, passou a ser celebrado na presença do
magistrado. No tempo de Justiniano a ab-rogação toma um sentido mais
ético na procura da imitação da natureza e proteção dos interesses dos
filhos nascidos do casamento do ad-rogante. Dessa forma era exigido que o
ad-rogante tivesse mais de sessenta anos e a diferença de idade não poderia
ser inferior a 18 anos, além de ser vedada aos que não podiam ser pais ou
eunucos. Esse tipo de adoção não é o que serviu para a instituição da
adoção dos tempos modernos; ao contrário, a adoção stricto sensu, sim, é
que fundamenta o desenvolvimento do instituto até o direito moderno, o
que se pode verificar na definição de Clóvis Bevilaqüa ao conceituar que é
o ato pelo qual alguém aceita um estranho na qualidade de filho.4
Na Idade Média, a adoção caiu em desuso, substituída a base religiosa
que lhe dava sustento pelo surgimento da família cristã, cujos princípios
giram em torno ao sacramento do matrimônio: matrimoni finis primarius
est procreatio atque educacatio prolis; secundaruis mutuum adjutorium et
remedium concupiscentiae ( Canan, 1013, §1º).
Na Idade Moderna, retorna a adoção como importante instituto na
legislação revolucionária francesa, que por decreto de 18 de janeiro de
1792 a incluiu no plano das leis civis até que o Código de Napoleão de
1804 estabeleceu suas formas, seus requisitos e os efeitos dela decorrentes.
3
J.Cretela Júnior – Curso de Direito Romano, 13ª ed.., Rio, Forense, 1980, p.125.
4
Clóvis Bevilaqua – Código Civil, Vol.II, Ed,1954,p.270
No princípio, o Código Civil a instituiu de forma tímida, nos moldes
da romana adoptio minus plena; no entanto, a lei de 19/06/1923 ampliou a
adoção aproximando-a da antiga adoptio plena, mas deixando subsistir os
laços de parentescos entre o adotado e sua família.
Finalmente, o Dec. Lei de 29/06/1923 estabeleceu a legitimação
adotiva onde o “menor”5 ingressa na família do adotante desde que com
menos de cinco anos ou nascido de pais desconhecidos ou mortos.
Partindo desse sistema, a adoção projetou-se para quase todas as
legislações modernas e, como observa Marc Ancel impulsionando os mais
nobres sentimentos de generosidade e acentuando o caráter humanitário
que deve ser o fundamento do interesse social na proteção do adotado
menor como uma das preocupações dominantes do direito contemporâneo.6
5
Usaremos a terminologia “menor” sempre entre aspas, por ser empregada pelo Código de Menores (1927),
para qualificar toda criança e adolescente como trombadinhas e em situação irregular. Enquanto o ECA
preconiza que em situação irregular sempre estiveram os pais, a sociedade e o Estado. Este, por não garantir
prioridade absoluta a implementação de políticas públicas às crianças e adolescentes.
6
Apud Omar Gama Benkauss, In A Adoção, Ed.Lumen Juris, 2. edição, p.6.
2.0 - CONCEITO
2.1.1 Da Distinção
Processo raro de acontecer, embora a legislação seja clara dizendo que não
se pode escolher a criança ou adolescente a ser adotado, não é o que ser registra
na prática. Na maioria dos casos, os adotantes preferem as crianças na faixa
etária de 0 a 4 anos de idade. E, para que se obtenha êxito na adoção de
adolescente maior de 12 anos o ECA exige o pressuposto fundamental do seu
consentimento à pretensão do adotante.
O pré-requisito é necessário e obrigatório, eivando de nulidade o processo
em que inexiste tal formalidade. Tal exigência vem elencada no § 2º do artigo 45
do ECA: Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, será
também necessário o seu consentimento. O consentimento do adotando
adolescente no processo de adoção, seja ele requerido por nacional ou
estrangeiro, é uma exigência comum em diversos países, a exemplo da Espanha,
Itália, Alemanha. A preocupação do legislador em exigir o consentimento do
adotando adolescente à pretensão dos adotantes circunda-se, principalmente, na
dificuldade de adaptação aos costumes, à língua e à vida no país estrangeiro.
Essa medida representa um avanço do procedimento judicial, que percebeu
a necessidade de ouvir o maior interessado na adoção, que é o adolescente.
13
3º Princípio da Declaração dos Direitos da Criança
Essa proibição está estreitamente ligada ao § 4º, do artigo 51 da lei em
comento, que dispõe antes de consumada adoção não será permitida a saída do
adotando do território nacional.
4.0 DA CEJA
15
Art. 52- A adoção internacional poderá ser condicionada ao estudo prévio e análise de uma comissão estadual
judiciária de adoção, que fornecerá o respectivo laudo de habilitação para instruir o processo competente.
Parágrafo único: Competirá à comissão manter registro centralizado de interessados estrangeiros em adoção.
adolescentes brasileiros, e pela expedição do competente Certificado de
Habilitação.
interessados em adotar;
5.0 DA CEJAI
7.0 BIBLIOGRAFIA
ALBERGARIA, Jason. Adoção Plena., Ed. Del Rey, 1ª edição, Belo Horizonte,
1996.
CRETELA, J. Júnior – Curso de Direito Romano, 13ª edição, Ed. Forense, Rio
de Janeiro, 1.980.
OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes de. Guarda, Tutela e Adoção, Ed. Lumen Juris,
2ª edição, Rio de Janeiro,1.999.
OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes de. Guarda, Tutela e Adoção, Ed. Lumen Juris,
2ª edição, Rio de Janeiro,1.999.
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil – Direito de Família, Vol. VI, Ed. Saraiva,
1978.
Artigo 2
1. A Convenção será aplicada quando uma criança com residência habitual em
um Estado Contratante ("o Estado de origem") tiver sido, for, ou deva ser
deslocada para outro Estado Contratante ("o Estado de acolhida"), quer após
sua adoção no Estado de origem por cônjuges ou por uma pessoa residente
habitualmente no Estado de acolhida, quer para que essa adoção seja realizada,
no Estado de acolhida ou no Estado de origem.
2. A Convenção somente abrange as Adoções que estabeleçam um vínculo de
filiação.
Artigo 3
A Convenção deixará de ser aplicável se as aprovações previstas no artigo 17,
alínea "c", não forem concedidas antes que a criança atinja a idade de 18
(dezoito) anos.
Capítulo II
Requisitos Para As Adoções Internacionais
Artigo 4
As adoções abrangidas por esta Convenção só poderão ocorrer quando as
autoridades competentes do Estado de origem:
a) tiverem determinado que a criança é adotável;
b) tiverem verificado, depois de haver examinado adequadamente as
possibilidades de colocação da criança em seu Estado de origem, que uma
adoção internacional atende ao interesse superior da criança;
c) tiverem-se assegurado de:
1) que as pessoas, instituições e autoridades cujo consentimento se requeira
para a adoção hajam sido convenientemente orientadas e devidamente
informadas das conseqüências de seu consentimento, em particular em relação à
manutenção ou à ruptura, em virtude da adoção, dos vínculos jurídicos entre a
criança e sua família de origem;
2) que estas pessoas, instituições e autoridades tenham manifestado seu
consentimento livremente, na forma legal prevista, e que este consentimento se
tenha manifestado ou constatado por escrito;
3) que os consentimentos não tenham sido obtidos mediante pagamento ou
compensação de qualquer espécie nem tenham sido revogados, e
4) que o consentimento da mãe, quando exigido, tenha sido manifestado após o
nascimento da criança; e
d) tiverem-se assegurado, observada a idade e o grau de maturidade da criança,
de:
1) que tenha sido a mesma convenientemente orientada e devidamente
informada sobre as conseqüências de seu consentimento à adoção, quando este
for exigido;
2) que tenham sido levadas em consideração a vontade e as opiniões da criança;
3) que o consentimento da criança à adoção, quando exigido, tenha sido dado
livremente, na forma legal prevista, e que este consentimento tenha sido
manifestado ou constatado por escrito;
4) que o consentimento não tenha sido induzido mediante pagamento ou
compensação de qualquer espécie.
Artigo 5
As adoções abrangidas por esta Convenção só poderão ocorrer quando as
autoridades competentes do Estado de acolhida:
a) tiverem verificado que os futuros pais adotivos encontram-se habilitados e
aptos para adotar;
b) tiverem-se assegurado de que os futuros pais adotivos foram
convenientemente orientados;
c) tiverem verificado que a criança foi ou será autorizada a entrar e a residir
permanentemente no Estado de acolhida.
Capítulo III
Autoridades Centrais e Organismos Credenciados
Artigo 6
1. Cada Estado Contratante designará uma Autoridade Central encarregada de
dar cumprimento às obrigações impostas pela presente Convenção.
2. Um Estado federal, um Estado no qual vigoram diversos sistemas jurídicos ou
um Estado com unidades territoriais autônomas poderá designar mais de uma
Autoridade Central e especificar o âmbito territorial ou pessoal de suas funções.
O Estado que fizer uso dessa faculdade designará a Autoridade Central à qual
poderá ser dirigida toda a comunicação para sua transmissão à Autoridade
Central competente dentro desse Estado.
Artigo 7
1. As Autoridades Centrais deverão cooperar entre si e promover a colaboração
entre as autoridades competentes de seus respectivos Estados a fim de assegurar
a proteção das crianças e alcançar os demais objetivos da Convenção.
2. As Autoridades Centrais tomarão, diretamente, todas as medidas adequadas
para:
a) fornecer informações sobre a legislação de seus Estados em matéria de
adoção e outras informações gerais, tais como estatísticas e formulários
padronizados;
b) informar-se mutuamente sobre o funcionamento da Convenção e, na medida
do possível, remover os obstáculos para sua aplicação.
Artigo 8
As Autoridades Centrais tomarão, diretamente ou com a cooperação de
autoridades públicas, todas as medidas apropriadas para prevenir benefícios
materiais induzidos por ocasião de uma adoção e para impedir qualquer prática
contrária aos objetivos da Convenção.
Artigo 9
As Autoridades Centrais tomarão todas as medidas apropriadas, seja diretamente
ou com a cooperação de autoridades públicas ou outros organismos devidamente
credenciados em seu Estado, em especial para:
a) reunir, conservar e permutar informações relativas à situação da criança e dos
futuros pais adotivos, na medida necessária à realização da adoção;
b) facilitar, acompanhar e acelerar o procedimento de adoção;
c) promover o desenvolvimento de serviços de orientação em matéria de adoção
e de acompanhamento das adoções em seus respectivos Estados;
d) permutar relatórios gerais de avaliação sobre as experiências em matéria de
adoção internacional;
e) responder, nos limites da lei do seu Estado, às solicitações justificadas de
informações a respeito de uma situação particular de adoção formuladas por
outras Autoridades Centrais ou por autoridades públicas.
Artigo 10
Somente poderão obter e conservar o credenciamento os organismos que
demonstrarem sua aptidão para cumprir corretamente as tarefas que lhe possam
ser confiadas.
Artigo 11
Um organismo credenciado deverá:
a) perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e dentro dos limites
fixados pelas autoridades competentes do Estado que o tiver credenciado;
b) ser dirigido e administrado por pessoas qualificadas por sua integridade moral
e por sua formação ou experiência para atuar na área de adoção internacional;
c) estar submetido à supervisão das autoridades competentes do referido Estado,
no que tange à sua composição, funcionamento e situação financeira.
Artigo 12
Um organismo credenciado em um Estado Contratante somente poderá atuar em
outro Estado Contratante se tiver sido autorizado pelas autoridades competentes
de ambos os Estados.
Artigo 13
A designação das Autoridades Centrais e, quando for o caso, o âmbito de suas
funções, assim como os nomes e endereços dos organismos credenciados devem
ser comunicados por cada Estado Contratante ao Bureau Permanente da
Conferência da Haia de Direito Internacional Privado.
Capítulo IV
Requisitos Processuais para a Adoção Internacional
Artigo 14
As pessoas com residência habitual em um Estado Contratante, que desejem
adotar uma criança cuja residência habitual seja em outro Estado Contratante,
deverão dirigir-se à Autoridade Central do Estado de sua residência habitual.
Artigo 15
1. Se a Autoridade Central do Estado de acolhida considerar que os solicitantes
estão habilitados e aptos para adotar, a mesma preparará um relatório que
contenha informações sobre a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos
solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio social,
os motivos que os animam, sua aptidão para assumir uma adoção internacional,
assim como sobre as crianças de que eles estariam em condições de tomar a seu
cargo.
2. A Autoridade Central do Estado de acolhida transmitirá o relatório à
Autoridade Central do Estado de origem.
Artigo 16
1. Se a Autoridade Central do Estado de origem considerar que a criança é
adotável, deverá:
a) preparar um relatório que contenha informações sobre a identidade da criança,
sua adotabilidade, seu meio social, sua evolução pessoal e familiar, seu histórico
médico pessoal e familiar, assim como quaisquer necessidades particulares da
criança;
b) levar em conta as condições de educação da criança, assim como sua origem
étnica, religiosa e cultural;
c) assegurar-se de que os consentimentos tenham sido obtidos de acordo com o
artigo 4; e
d) verificar, baseando-se especialmente nos relatórios relativos à criança e aos
futuros pais adotivos, se a colocação prevista atende ao interesse superior da
criança.
2. A Autoridade Central do Estado de origem transmitirá à Autoridade Central
do Estado de acolhida seu relatório sobre a criança, a prova dos consentimentos
requeridos e as razões que justificam a colocação, cuidando para não revelar a
identidade da mãe e do pai, caso a divulgação dessas informações não seja
permitida no Estado de origem.
Artigo 17
Toda decisão de confiar uma criança aos futuros pais adotivos somente poderá
ser tomada no Estado de origem se:
a) a Autoridade Central do Estado de origem tiver-se assegurado de que os
futuros pais adotivos manifestaram sua concordância;
b) a Autoridade Central do Estado de acolhida tiver aprovado tal decisão,
quando esta aprovação for requerida pela lei do Estado de acolhida ou pela
Autoridade Central do Estado de origem;
c) as Autoridades Centrais de ambos os Estados estiverem de acordo em que se
prossiga com a adoção; e
d) tiver sido verificado, de conformidade com o artigo 5, que os futuros pais
adotivos estão habilitados e aptos a adotar e que a criança está ou será autorizada
a entrar e residir permanentemente no Estado de acolhida.
Artigo 18
As Autoridades Centrais de ambos os Estados tomarão todas as medidas
necessárias para que a criança receba a autorização de saída do Estado de
origem, assim como aquela de entrada e de residência permanente no Estado de
acolhida.
Artigo 19
1. O deslocamento da criança para o Estado de acolhida só poderá ocorrer
quando tiverem sido satisfeitos os requisitos do artigo 17.
2. As Autoridades Centrais dos dois Estados deverão providenciar para que o
deslocamento se realize com toda a segurança, em condições adequadas e,
quando possível, em companhia dos pais adotivos ou futuros pais
adotivos.
3. Se o deslocamento da criança não se efetivar, os relatórios a que se referem os
artigos 15 e 16 serão restituídos às autoridades que os tiverem expedido.
Artigo 20
As Autoridades Centrais manter-se-ão informadas sobre o procedimento de
adoção, sobre as medidas adotadas para levá-la a efeito, assim como sobre o
desenvolvimento do período probatório, se este for requerido.
Artigo 21
1. Quando a adoção deva ocorrer, após o deslocamento da criança, para o Estado
de acolhida e a Autoridade Central desse Estado considerar que a manutenção da
criança na família de acolhida já não responde ao seu interesse superior, essa
Autoridade Central tomará as medidas necessárias à proteção da criança,
especialmente de modo a:
a) retirá-la das pessoas que pretendem adotá-la e assegurar provisoriamente seu
cuidado;
b) em consulta com a Autoridade Central do Estado de origem, assegurar, sem
demora, uma nova colocação da criança com vistas à sua adoção ou, em sua
falta, uma colocação alternativa de caráter duradouro. Somente poderá ocorrer
uma adoção se a Autoridade Central do Estado de origem tiver sido devidamente
informada sobre os novos pais adotivos;
c) como último recurso, assegurar o retorno da criança ao Estado de origem, se
assim o exigir o interesse da mesma.
2. Tendo em vista especialmente a idade e o grau de maturidade da criança, esta
deverá ser consultada e, neste caso, deve-se obter seu consentimento em relação
às medidas a serem tomadas, em conformidade com o presente Artigo.
Artigo 22
1. As funções conferidas à Autoridade Central pelo presente capítulo poderão
ser exercidas por autoridades públicas ou por organismos credenciados de
conformidade com o capítulo III, e sempre na forma prevista pela lei de seu
Estado.
2. Um Estado Contratante poderá declarar ante o depositário da Convenção que
as Funções conferidas à Autoridade Central pelos artigos 15 a 21 poderão
também ser exercidas nesse Estado, dentro dos limites permitidos pela lei e sob
o controle das autoridades competentes desse Estado, por organismos e pessoas
que:
a) satisfizerem as condições de integridade moral, de competência profissional,
experiência e responsabilidade exigidas pelo mencionado Estado;
b) forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação e experiência para
atuar na área de adoção internacional.
3. O Estado Contratante que efetuar a declaração prevista no parágrafo 2
informará com regularidade ao Bureau Permanente da Conferência da Haia de
Direito Internacional Privado os nomes e endereços desses organismos e
pessoas.
4. Um Estado Contratante poderá declarar ante o depositário da Convenção que
as adoções de crianças cuja residência habitual estiver situada em seu território
somente poderão ocorrer se as funções conferidas às Autoridades Centrais forem
exercidas de acordo com o parágrafo 1.
5. Não obstante qualquer declaração efetuada de conformidade com o parágrafo
2, os relatórios previstos nos artigos 15 e 16 serão, em todos os casos,
elaborados sob a responsabilidade da Autoridade Central ou de outras
autoridades ou organismos, de conformidade com o parágrafo 1.
Capítulo V
Reconhecimento e Efeitos da Adoção
Artigo 23
1. Uma adoção certificada em conformidade com a Convenção, pela autoridade
competente do Estado onde ocorreu, será reconhecida de pleno direito pelos
demais Estados Contratantes. O certificado deverá especificar quando e quem
outorgou os assentimentos previstos no artigo 17, alínea "c".
2. Cada Estado Contratante, no momento da assinatura, ratificação, aceitação,
aprovação ou adesão, notificará ao depositário da Convenção a identidade e as
Funções da autoridade ou das autoridades que, nesse Estado, são competentes
para expedir esse certificado, bem como lhe notificará, igualmente, qualquer
modificação na designação dessas autoridades.
Artigo 24
O reconhecimento de uma adoção só poderá ser recusado em um Estado
Contratante se a adoção for manifestamente contrária à sua ordem pública,
levando em consideração o interesse superior da criança.
Artigo 25
Qualquer Estado Contratante poderá declarar ao depositário da Convenção que
não se considera obrigado, em virtude desta, a reconhecer as adoções feitas de
conformidade com um acordo concluído com base no artigo 39, parágrafo 2.
Artigo 26
1. O reconhecimento da adoção implicará o reconhecimento:
a) do vínculo de filiação entre a criança e seus pais adotivos;
b) da responsabilidade paterna dos pais adotivos a respeito da criança;
c) da ruptura do vínculo de filiação preexistente entre a criança e sua mãe e seu
pai, se a adoção produzir este efeito no Estado Contratante em que ocorreu.
2. Se a adoção tiver por efeito a ruptura do vínculo preexistente de filiação, a
criança gozará, no Estado de acolhida e em qualquer outro Estado Contratante
no qual se reconheça a adoção, de direitos equivalentes aos que resultem de uma
adoção que produza tal efeito em cada um desses Estados.
3. Os parágrafos precedentes não impedirão a aplicação de quaisquer
disposições mais favoráveis à criança, em vigor no Estado Contratante que
reconheça a adoção.
Artigo 27
1. Se uma adoção realizada no Estado de origem não tiver como efeito a ruptura
do vínculo preexistente de filiação, o Estado de acolhida que reconhecer a
adoção de conformidade com a Convenção poderá convertê-la em uma adoção
que produza tal efeito, se:
a. a lei do Estado de acolhida o permitir; e
b) os consentimentos previstos no Artigo 4, alíneas "c" e "d", tiverem sido ou forem
outorgados para tal adoção.
2. O artigo 23 aplica-se à decisão sobre a conversão.
Capítulo VI
Disposições Gerais
Artigo 28
A Convenção não afetará nenhuma lei do Estado de origem que requeira que a
adoção de uma criança residente habitualmente nesse Estado ocorra nesse
Estado, ou que proíba a colocação da criança no Estado de acolhida ou seu
deslocamento ao Estado de acolhida antes da adoção.
Artigo 29
Não deverá haver nenhum contato entre os futuros pais adotivos e os pais da
criança ou qualquer outra pessoa que detenha a sua guarda até que se tenham
cumprido as disposições do artigo 4, alíneas "a" a "c" e do artigo 5, alínea "a",
salvo os casos em que a adoção for efetuada entre membros de uma mesma
família ou em que as condições fixadas pela autoridade competente do Estado de
origem forem cumpridas.
Artigo 30
1. As autoridades competentes de um Estado Contratante tomarão providências
para a conservação das informações de que dispuserem relativamente à origem
da criança e, em particular, a respeito da identidade de seus pais, assim como
sobre o histórico médico da criança e de sua família.
2. Essas autoridades assegurarão o acesso, com a devida orientação da criança
ou de seu representante legal, a estas informações, na medida em que o permita
a lei do referido Estado.
Artigo 31
Sem prejuízo do estabelecido no artigo 30, os dados pessoais que forem obtidos
ou transmitidos de conformidade com a Convenção, em particular aqueles a que
se referem os artigos 15 e 16, não poderão ser utilizados para fins distintos
daqueles para os quais foram colhidos ou transmitidos.
Artigo 32
1. Ninguém poderá obter vantagens materiais indevidas em razão de intervenção
em uma adoção internacional.
2. Só poderão ser cobrados e pagos os custos e as despesas, inclusive os
honorários profissionais razoáveis de pessoas que tenham intervindo na adoção.
3. Os dirigentes, administradores e empregados dos organismos intervenientes
em uma adoção não poderão receber remuneração desproporcional em relação
aos serviços prestados.
Artigo 33
Qualquer autoridade competente, ao verificar que uma disposição da Convenção
foi desrespeitada ou que existe risco manifesto de que venha a sê-lo, informará
imediatamente a Autoridade Central de seu Estado, a qual terá a
responsabilidade de assegurar que sejam tomadas as medidas adequadas.
Artigo 34
Se a autoridade competente do Estado destinatário de um documento requerer
que se faça deste uma tradução certificada, esta deverá ser fornecida. Salvo
dispensa, os custos de tal tradução estarão a cargo dos futuros pais adotivos.
Artigo 35
As autoridades competentes dos Estados Contratantes atuarão com celeridade
nos procedimentos de adoção.
Artigo 36
Em relação a um Estado que possua, em matéria de adoção, dois ou mais
sistemas jurídicos aplicáveis em diferentes unidades territoriais:
a) qualquer referência à residência habitual nesse Estado será entendida como
relativa à residência habitual em uma unidade territorial do dito Estado;
b) qualquer referência à lei desse Estado será entendida como relativa à lei
vigente na correspondente unidade territorial;
c) qualquer referência às autoridades competentes ou às autoridades públicas
desse Estado será entendida como relativa às autoridades autorizadas para atuar
na correspondente unidade territorial;
d) qualquer referência aos organismos credenciados do dito Estado será
entendida como relativa aos organismos credenciados na correspondente
unidade territorial.
Artigo 37
No tocante a um Estado que possua, em matéria de adoção, dois ou mais
sistemas jurídicos aplicáveis a categorias diferentes de pessoas, qualquer
referência à lei desse Estado será entendida como ao sistema jurídico indicado
pela lei do dito Estado.
Artigo 38
Um Estado em que distintas unidades territoriais possuam suas próprias regras
de direito em matéria de adoção não estará obrigado a aplicar a Convenção nos
casos em que um Estado de sistema jurídico único não estiver obrigado a fazê-
lo.
Artigo 39
1. A Convenção não afeta os instrumentos internacionais em que os Estados
Contratantes sejam Partes e que contenham disposições sobre as matérias
reguladas pela presente Convenção, salvo declaração em contrário dos Estados
vinculados pelos referidos instrumentos internacionais.
2. Qualquer Estado Contratante poderá concluir com um ou mais Estados
Contratantes acordos para favorecer a aplicação da Convenção em suas relações
recíprocas. Esses acordos somente poderão derrogar as disposições contidas nos
artigos 14 a 16 e 18 a 21. Os Estados que concluírem tais acordos transmitirão
uma cópia dos mesmos ao depositário da presente Convenção.
Artigo 40
Nenhuma reserva à Convenção será admitida.
Artigo 41
A Convenção será aplicada às Solicitações formuladas em conformidade com o
artigo 14 e recebidas depois da entrada em vigor da Convenção no Estado de
acolhida e no Estado de origem.
Artigo 42
O Secretário-Geral da Conferência da Haia de Direito Internacional Privado
convocará periodicamente uma Comissão Especial para examinar o
funcionamento prático da Convenção.
Capítulo VII
Cláusulas Finais
Artigo 43
1. A Convenção estará aberta à assinatura dos Estados que eram membros da
Conferência da Haia de Direito Internacional Privado quando da Décima-Sétima
Sessão, e aos demais Estados participantes da referida Sessão.
2. Ela será ratificada, aceita ou aprovada e os instrumentos de ratificação,
aceitação ou aprovação serão depositados no Ministério dos Negócios
Estrangeiros do Reino dos Países Baixos, depositário da Convenção.
Artigo 44
1. Qualquer outro Estado poderá aderir à Convenção depois de sua entrada em
vigor, conforme o disposto no artigo 46, parágrafo 1.
2. O instrumento de adesão deverá ser depositado junto ao depositário da
Convenção.
3. A adesão somente surtirá efeitos nas relações entre o Estado aderente e os
Estados Contratantes que não tiverem formulado objeção à sua adesão nos seis
meses seguintes ao recebimento da notificação a que se refere o artigo 48, alínea
"b". Tal objeção poderá igualmente ser formulada por qualquer Estado no
momento da ratificação, aceitação ou aprovação da Convenção, posterior à
adesão. As referidas objeções deverão ser notificadas ao depositário.
Artigo 45
1. Quando um Estado compreender duas ou mais unidades territoriais nas quais
se apliquem sistemas jurídicos diferentes em relação às questões reguladas pela
presente Convenção, poderá declarar, no momento da assinatura, da ratificação,
da aceitação, da aprovação ou da adesão, que a presente Convenção será
aplicada a todas as suas unidades territoriais ou somente a uma ou várias delas.
Essa declaração poderá ser modificada por meio de nova declaração a qualquer
tempo.
2. Tais declarações serão notificadas ao depositário, indicando-se expressamente
as unidades territoriais às quais a Convenção será aplicável.
3. Caso um Estado não formule nenhuma declaração na forma do presente
artigo, a Convenção será aplicada à totalidade do território do referido Estado.
Artigo 46
1. A Convenção entrará em vigor no primeiro dia do mês seguinte à expiração
de um período de três meses contados da data do depósito do terceiro
instrumento de ratificação, de aceitação ou de aprovação previsto no artigo 43.
2. Posteriormente, a Convenção entrará em vigor:
a) para cada Estado que a ratificar, aceitar ou aprovar posteriormente, ou
apresentar adesão à mesma, no primeiro dia do mês seguinte à expiração de um
período de três meses depois do depósito de seu instrumento de ratificação,
aceitação, aprovação ou adesão;
b) para as unidades territoriais às quais se tenha estendido a aplicação da
Convenção conforme o disposto no artigo 45, no primeiro dia do mês seguinte à
expiração de um período de três meses depois da notificação prevista no referido
artigo.
Artigo 47
1. Qualquer Estado-Parte na presente Convenção poderá denunciá-la
mediante notificação por escrito, dirigida ao depositário.
2. A denúncia surtirá efeito no primeiro dia do mês subseqüente à expiração
de um período de doze meses da data de recebimento da notificação pelo
depositário. Caso a notificação fixe um período maior para que a denúncia surta
efeito, esta surtirá efeito ao término do referido período a contar da data do
recebimento da notificação.
Artigo 48
O depositário notificará aos Estados-Membros da Conferência da Haia de
Direito Internacional Privado, assim como aos demais Estados participantes da
Décima-Sétima Sessão e aos Estados que tiverem aderido à Convenção de
conformidade com o disposto no artigo 44:
a) as assinaturas, ratificações, aceitações e aprovações a que se refere o artigo
43;
b) as adesões e as objeções às adesões a que se refere o artigo 44;
c) a data em que a Convenção entrará em vigor de conformidade com as
disposições do artigo 46;
d) as declarações e designações a que se referem os artigos 22, 23, 25 e 45;
e) os Acordos a que se refere o artigo 39;
f) as denúncias a que se refere o artigo 47.
Em testemunho do que, os abaixo-assinados, devidamente autorizados, firmaram
a presente Convenção.
Feita em Haia, em 29 de maio de 1993, nos idiomas francês e inglês, sendo
ambos os textos igualmente autênticos, em um único exemplar, o qual será
depositado nos arquivos do Governo do Reino dos Países Baixos e do qual uma
cópia certificada será enviada, por via diplomática, a cada um dos Estados-
Membros da Conferência da Haia de Direito Internacional Privado por ocasião
da Décima-Sétima Sessão, assim como a cada um dos demais Estados que
participaram desta Sessão.