Me Sua Amília: Mado Timóteo

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F AMLIA

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Tedd Tripp

Amado Timteo,
Muito obrigado por sua ligao na semana passada. Sou muito grato a Deus por tudo estar bem com voc neste incio de seu ministrio. Voc e Mary, e sua jovem famlia, so motivo de grande alegria para Margy e eu. Ns os amamos e nos regozijamos no que o Senhor est fazendo em suas vidas. Estou contente em poder colocar no papel algumas idias sobre a vida familiar de um pastor. um grande prazer saber que voc est preocupado em ser um homem de Deus, no apenas no plpito e na vida ministerial, mas tambm em sua prpria casa. Como voc sabe, uma das qualificaes para o ministrio do evangelho ter uma vida familiar exemplar, sendo algum que governe bem a prpria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se algum no sabe governar a prpria casa, como cuidar da igreja de Deus?) (1 Tm 3.4-5).

O lar um microcosmo da igreja. As qualidades da vida espiritual que do credibilidade ao pastor em casa fornecero a mesma medida de confiana s pessoas que ele serve na igreja. A vitalidade espiritual que permite sua famlia seguir com alegria sua liderana assegurar a igreja de que ela est em boas mos. A vida familiar , no entanto, muito mais do que apenas um local para mostrar habilidades pastorais. a prpria fornalha na qual estas caractersticas so forjadas. A qualidade de sua vida familiar ou ir lhe investir de credibilidade ou, ento, ir roub-la de voc. Voc pode imaginar uma mulher na igreja tendo confiana em um pastor cuja esposa infeliz? As pessoas veriam um homem como um seguro guia espiritual, se seus filhos fossem rebeldes e incontrolveis ou tmidos e oprimidos? Cada vez que voc prega a Palavra, ou prov conselhos, ou ainda traz segurana e conforto para pessoas perturbadas, a qualidade de sua vida familiar ir dar o peso necess-

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rio s suas palavras. O objetivo da guir chegar ao fim da semana. Os santidade na vida familiar no a cre- chamados da liderana espiritual so dibilidade, mas sim a glria de Deus. para que voc, o seu filho e o filho Entretanto, as pessoas sob seu cui- do seu filho conheam e temam o Sedado iro observar atentamente sua nhor (v. 2). Esta viso para trs vida familiar. geraes o ajudar a resistir s tentaUm pastor ocupado freqente- es de cair nas convenincias do mente se sente dividido entre as ne- momento. Como pais, temos preocessidades de cupaes mais sua famlia e as importantes do necessidades que unicamente As qualidades da vida da igreja. Se o momento voc pensar a espiritual que do credibilidade nos preocupaeste respeito, ao pastor em casa fornecero a mos com o luver que nunca mesma medida de confiana s gar onde nosh competio pessoas que ele serve na igreja. sos netos estaentre os charo daqui a cinmados de sua qenta anos. vida familiar Naturalmente, e os chamados do ministrio do evan- sua liderana espiritual imprescingelho. Voc serve Igreja ao servir dvel para a famlia. Deuteronmio famlia. Todo investimento feito no 6.5,6 deixa isto muito claro: Amaseu lar pagar os mais altos dividen- rs, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo dos para a igreja. Voc estar mos- o teu corao, de toda a tua alma e trando s suas ovelhas como as de toda a tua fora. Estas palavras graas do evangelho repercutem em estaro no teu corao. Sua famlia precisa ver as riquesua vida familiar. Conforme tenho refletido sobre zas de seu caminhar espiritual um suas perguntas acerca da vida em tanto parte de suas obrigaes mifamlia, pensei em trs assuntos im- nisteriais. Sua alegria em Cristo, sua portantes que podem ajud-lo a vitalidade como homem de Deus, sua organizar seus pensamentos a respei- afabilidade face s oposies, seu to desta parte da vida: Seja um lder foco claro na graa de Cristo (no espiritual para sua famlia. Seja um apenas por perdo, mas tambm por marido e um pai para sua famlia. Seja capacitao) ser a lente pela qual eles vero todos os seus esforos para o protetor de sua famlia. ministrar a graa de Deus a eles. Compartilhe com sua esposa e SEJA UM LDER ESPIRITUAL seus filhos seu dia a dia. Na medida A passagem clssica a respeito em que voc encontra conforto e deste chamado Deuteronmio 6, foras em Cristo, deixe que eles o quando Moiss est dando aos ho- vejam lendo e meditando na Palavra mens uma viso a longo prazo. Seu de Deus. Deixe que eles o observem foco no sobreviver e nem conse- como um homem de orao e de

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humildes fraquezas diante de um Deus de fora. Nada ir prover sua famlia com tanto bem-estar quanto o seu amor e devoo a Deus. Um outro aspecto de grande importncia na liderana espiritual retratar uma viso correta do mundo para seus filhos. Deuteronmio 6 fala disso com bastante pungncia. Estas palavras que, hoje, te ordeno estaro no teu corao; tu as inculcars a teus filhos, e delas falars assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te (Dt 6.6,7). Seus filhos precisam entender a natureza da realidade. Por trs deste mundo de imagens e sons h um mundo invisvel de realidade espiritual que d sentido ao mundo que vemos, tocamos e com o qual lidamos. A rvore no quintal que prov sombra e morada aos pssaros e esquilos, e tambm serve para as crianas subirem e at construrem uma fortaleza, existe pela vontade do Deus invisvel. sua criao. Ela existe como um hino de louvor sua criatividade, sabedoria e capacidade. Ele nos tem dado estas coisas para nosso prprio deleite, para que possamos conhec-Lo, ador-Lo e deleitarmo-nos nEle. Como voc pode ver, Timteo, ningum consegue realmente compreender a rvore sem antes observar o invisvel naquilo que visvel. Ajudar as crianas a entenderem a natureza da realidade requer imaginao. Nossos filhos precisam enxergar aquilo que invisvel aos olhos. Ns, cristos, somos um povo cujo comprometimento com o mundo invisvel da realidade espiritual

define nossas interpretaes e respostas s coisas que verdadeiramente podemos ver. A palavra imaginao no usada em Deuteronmio 6, mas o uso da imaginao essencial. Seu filho lhe perguntar: Que significam os testemunhos, e estatutos, e juzos que ns seguimos? (veja Dt 6.20). Para responder a esta pergunta, o pai precisa engajar a imaginao do filho em eventos do passado, como a escravido no Egito e a audaciosa e dramtica libertao atravs do brao forte de Deus. Estas histrias por acaso poderiam ser contadas de forma a impressionar as crianas sem que fosse feito uso da imaginao? Desenvolver a imaginao de seus filhos ir ajud-los a enxergar aquilo que no visvel aos olhos. Eugene Peterson colocou este assunto da seguinte forma: A imaginao a capacidade de fazer conexes entre o visvel e o invisvel, entre o cu e a terra, entre o presente e o passado, entre o presente e o futuro.1 Pense nesta tarefa de ajudar as crianas a enxergarem a natureza da realidade como instruo formativa. Voc est dando a elas formas de pensar e entender seu prprio mundo, de maneira enraizada na Bblia. Nossos filhos no vivem parte dos eventos e circunstncias da vida, mas vivem parte quanto forma como interpretam e respondem a isto. A chave para a interpretao a pessoa e a existncia do verdadeiro Deus que vivo est.

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Passe algum tempo lendo a Palavra com eles todos os dias. Ajude-os a enxergar as glrias e maravilhas de Deus. O Salmo 145 nos d uma descrio esplndida deste aspecto da paternidade: Uma gerao louvar a outra gerao as tuas obras e anunciar os teus poderosos feitos. Divulgaro a memria de tua muita bondade e com jbilo celebraro a tua justia (Sl 145.4,7). Seus filhos so feitos imagem de Deus. Eles foram criados para a adorao; ajude-os a serem fascinados por Deus. Naturalmente, voc precisa ajustar o momento dos cultos domsticos de acordo com as limitaes fsicas e intelectuais de seus filhos. Seja fiel no culto domstico e esteja certo de que este ato conecte seus filhos ao mundo invisvel da realidade espiritual. Aquilo que invisvel e eterno nos capacita a interpretar corretamente o que vemos.

SEJA UM MARIDO E PAI


Tenho de lembr-lo, Timteo, que voc deve renunciar sua vida em favor de Mary. Em Efsios 5.25, Deus o chama para amar Mary com o mesmo amor de auto-sacrifcio que levou Jesus a entregar sua vida livremente pela igreja. Ao se tornar sua esposa, muitos desafios foram colocados diante da vida de Mary. Ela est na berlinda. H muitas expectativas sobre ela. As pessoas olham para ela, esperando que ela entenda intuitivamente todas as suas esperanas, medos e aspiraes. Ela tem de estar sempre pronta

a dar um sbio conselho, ou apenas um ombro amigo. Outras mulheres pensam que ela um compndio de dicas sobre uma vida de sucesso. Outras, olham para ela a fim de receberem uma aprovao para as prprias vidas. Algumas iro invejla e ignor-la. E ela tem de estar pronta para a hospitalidade ao primeiro soar da campainha. Qualquer interao com seu filho estar sujeita ao escrutnio de algum olho analtico, seja de um imitador ou de um crtico. Ela aceitou passar por todas estas presses, quando se tornou a esposa de um pastor. Mary precisa de um marido. Ela precisa de um homem que seja casado com ela, e no com a igreja. Ela foi criada para florescer sob os cuidados de seu marido. Pedro, o apstolo inspirado, diz que voc deve cuidar dela viver a vida comum do lar, com discernimento. Pedro diz que, enquanto voc cuida de sua esposa, como a parte mais frgil, sua vida de orao prosperar. Leia a Bblia e ore com Mary todos os dias. Tome algum tempo do seu dia para pastore-la. D-lhe oportunidades para falar com voc sobre suas preocupaes, dvidas e questionamentos, assim como tambm sobre seus sonhos, objetivos e alegrias. Conhea estas coisas. Facilite a conversao, deixando-a perceber que as coisas que importam para ela so tambm importantes para voc. Ajude-a a encontrar refgio e esperana na graa de Cristo. Ajude-a a lembrar que graa significa mais do que o perdo; tambm significa capacitao. Tenha prazer nela, elogie seu

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novo corte de cabelo ou o seu vestido novo; separe um tempo todos os dias para olhar em seus olhos, como voc costumava fazer quando comearam a namorar. Expresse sua gratido pela maneira graciosa com que Mary recebe os convidados, fazendo-os sentirem-se em famlia. Faa com que ela saiba o quanto voc aprecia seus esforos para tornar a casa mais bonita. Uma esposa como uma amvel flor. Ela ir desabrochar em lindas cores, enchendo todo o lar com um delicioso aroma de alegria, na medida em que voc cria um ambiente encorajador ao crescimento. Encha a sua vida com a luz do sol, ao se deleitar nela e regue-a com um tratamento gracioso e oraes. Enquanto cuida dela, voc est cuidando da igreja. Quando Pedro falou sobre a esposa como a parte mais frgil, estava declarando que Deus ordenou ao marido o trabalho pesado na vida familiar. Ele no est falando apenas de carregar as compras e outras coisas mais pesadas, mas sim que o homem deve ser aquele que carrega a responsabilidade sobre seus ombros. Os pesos das preocupaes familiares, a educao das crianas, os cuidados e preocupaes com a igreja, as lutas para viver com o limitado salrio de um pastor todas estas coisas devem ser suportadas pelo homem da casa. Ela ir, obviamente, ajudlo a levar estes pesos, mas voc o responsvel pelo trabalho pesado. A sobrecarga de estar ciente do peso da vida no a esmagar, se ela souber que voc, como um homem valoroso, est suportando todos os fardos com seus ombros.

Eu sei que voc j tem conhecimento destas coisas e est bem fundamentado nestas verdades, mas assim como Pedro, eu o estimulo a lembrar-se delas (2 Pe 1.12,13). Ao amar e cuidar de sua esposa, voc cria um ambiente seguro e estvel para seus filhos. Eu me lembro de minha filha, Heather, vindo at mim, quando era apenas uma menininha. Ela disse: Papai, eu estou feliz porque voc me ama. Eu respondi brincando com ela, Como voc sabe que eu te amo? Porque, ela disse, com muito mais discernimento que o esperado de uma criana de sete anos, voc ama a mame. Oh, como seria bom poder inculcar este discernimento na mente de todo marido e pai! Amar sua esposa faz seus filhos sentirem-se amados. Na verdade, o oposto tambm verdadeiro. Amar seus filhos faz sua esposa se sentir amada. Eu me lembro de uma noite quando as crianas ainda eram pequenas, eu estava engatinhando no cho, brincando com elas. Inesperadamente Margy apareceu atrs de mim e colocou seus braos ao redor de meu pescoo dizendo: Eu te amo tanto. Eu respondi: Eu tambm te amo, mas, por que voc est dizendo isto agora? Ela disse: Eu simplesmente te amo. Agora entendo o que a levou quela demonstrao espontnea de carinho. Eu estava investindo minha vida nas crianas e isto era um investimento que significava tudo para ela; ento, isto a fez sentir-se mais perto de mim. Eu sempre fui fascinado por Efsios 6.4 colocar disciplina e educao nas mos do pai. Todos sabem que

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as mes passam muito mais tempo com os filhos. Ento, por que isto deveria ser identificado como um chamado dos pais? As mes, obviamente, tambm so responsveis pela disciplina e educao dos filhos. Educar os filhos, no entanto, pode no ser to natural para os homens quanto o para as mulheres, mas Deus diz que sua obrigao. O fato deste chamado ter sido designado aos pais, significa que eles devem prover a liderana na educao dos filhos. Voc o homem de Deus para a liderana na disciplina, correo e motivao de seus filhos. Voc tem o importante papel de dividir sua viso desta tarefa com Mary. Voc pode ser a referncia dela para uma srie de questes e tambm o seu encorajamento, quando ela for tentada a ser muito tolerante ou ainda muito dura. Voc pode formar acordos de parceria com Mary sobre quando e como disciplinar. um chamado especfico dos pais assegurar que os filhos sejam criados na disciplina e instruo do Senhor. Em Gnesis 18.19, Deus diz aos lderes do lar palavras que so to verdadeiras para ns, como eram para Abrao: Porque eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do SENHOR e pratiquem a justia e o juzo; para que o SENHOR faa vir sobre Abrao o que tem falado a seu respeito. Deus ir cumprir todas as suas promessas para Abrao, mas Ele ir faz-lo no contexto da funo de Abrao, como algum que fiel a Deus. H muitas fases em nossas vidas. Voc est na fase do novo

ministrio e dos cuidados e preocupaes com uma jovem famlia. Haver outras fases, na medida em que voc e sua famlia amadurecem e envelhecem. importante que voc seja um lder previsvel, estvel e ntegro. Sua esposa e filhos iro se fortalecer ao v-lo viver como um homem deslumbrado por Deus, sendo, portanto, cheio de alegria e confiana em todas as fases da vida.

SEJA UM PROTETOR
O corpo humano uma maravilha da sabedoria e criatividade de Deus. O corpo nos prov com algumas analogias muito interessantes, para pensarmos sobre alguns assuntos. A membrana de uma clula humana, por exemplo, ao mesmo tempo em que est aberta quilo que lhe desejvel, tambm est fechada para tudo que no . Voc precisa criar membranas como esta ao redor de sua famlia. Algumas das protees que sua famlia precisa so comuns a todas, enquanto outras so especficas famlia de um pastor. Como em qualquer famlia, voc precisa afastar as ms influncias da cultura. Um de meus antigos professores do seminrio, Dr. Robert K. Rudolph, gostava de dizer: Mentes abertas, assim como janelas abertas, precisam de telas para manter os insetos do lado de fora. Voc precisa proteger tudo aquilo que bom e respeitvel atravs de telas para o seu lar. Agora, enquanto as crianas ainda so pequenas, um bom tempo para voc e Mary desenvolverem padres especficos que iro usar para filtrar o que entra em sua casa. Ob-

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viamente, a cultura mpia e anticrist sua rotina, e agendando horrios que a mdia comum oferece no deve quando no estar ocupado com a ser trazida para dentro do lar. congregao que voc serve. bom Haver ocasies que voc ter de que suas ovelhas saibam que h ocaregular inclusive o tipo de acesso que sies nas quais melhor que elas no algumas pessoas tm a seus filhos. liguem para voc, e tambm outros Voc ter de ser muito discreto e momentos nos quais as ligaes so sbio com relao a maneira de fazer sempre bem-vindas. Claro que haver isto, mas seus emergncias filhos (e at como doena, mesmo sua esmorte e crises posa, algumas Esteja certo de organizar sua familiares que vezes) devem cancelaro sua vida e seu ministrio de ser protegidos agenda, mas forma a garantir um tempo de algumas um bom exemcom sua famlia. pessoas que plo aos homens Deus chamou que voc serve para estarem e um encorajasob seu pastomento s esporeio. Se o propsito de algum sas deles, saber que o pastor tem temmalevolente, sua famlia deve ser po junto de sua famlia e o preserva. protegida. Felizmente, no haver sbio que o pastor que tem fimuitas ocasies em que tal proteo lhos pequenos mantenha seu escriser necessria. trio de estudos e aconselhamento no Voc tambm tem de guardar um prdio da igreja. Se voc trabalhar em tempo para sua famlia, ou no ter casa, estar sempre distrado e ser mais nenhum tempo junto deles. Es- pouco produtivo. Seus filhos no teja certo de organizar sua vida e seu entendero por que o papai no vem ministrio de forma a garantir um brincar. Se voc trabalhar no prtempo com sua famlia. Eles preci- dio da igreja, quando estiver em casa, sam de tempo com voc. Tempo para realmente estar em casa. brincar e para os pequenos prazeres A casa de um pastor por defide estarem juntos pensando, medi- nio uma casa aberta. Voc quer que tando ou at mesmo lendo um bom sua famlia tenha alegria em comparlivro. importante que o papai este- tilhar a hospitalidade e use todos os ja em casa investindo um tempo na seus dons para ministrar a graa de vida familiar, e que abra mo dele Deus aos outros (veja 1 Pe 4.9,10). somente se houver uma emergncia. E exatamente por esta razo, imQue voc esteja em casa, com o ni- portante que voc proteja sua famlia co propsito de desfrutar de sua de se perder, enquanto ministra aos famlia, sem nada mais em sua agen- outros. H uma preocupao bvia da. aqui. Sua casa deve ser aberta, a fim Algumas destas protees podem de que os outros possam se revigoser feitas apenas gerenciando bem a rar com a beleza e alegrias de uma

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vida piedosa no lar. Ao mesmo tempo, sua famlia precisa ter a ordem de uma rotina normal e previsvel. Se voc conseguir manter um equilbrio apropriado aqui, descobrir que a casa de um pastor pode ser um lugar maravilhoso para o ministrio do evangelho. Numa cultura em que a vida familiar vem desmoronando, as pessoas esto sedentas por ver uma famlia na qual h alegria e amor por Deus e pelos outros. Voc pode encorajar seus filhos a terem um amor sincero por usar sua casa e vida familiar como algo til para ministrar aos outros. Algumas das melhores lembranas de nossos filhos so de ocasies quando tnhamos convidados ao redor da mesa, e as pessoas desfrutavam no apenas uma boa refeio, mas tambm de uma conversa espiritual amistosa. Proteja sua famlia, guardando seu corao de querer agradar os homens. A tentao ser colocar as expectativas das pessoas de sua congregao antes de sua esposa e filhos. Richard Baxter escreveu um maravilhoso captulo sobre os medos dos homens em Christian Directory (Diretrio Cristo)2. Ele mostra como impossvel agradar a todas as pessoas. Voc tem uma multido para agradar e ao agradar algum acaba desagradando o outro. Atravs de vrias pginas de grande utilidade, ele mostra a impossibilidade de agradar aos homens e a liberdade de ter apenas um a quem agradar Deus. Agradar os homens no apenas impossvel, Timteo, mas , tambm, destrutivo a voc prprio e sua famlia. Voc e Mary precisam se comprometer, graciosamente, a

recusarem que as pessoas que voc serve preparem a agenda de sua famlia, ainda que elas se esforcem para isto. Proteja sua famlia de todos os desapontamentos e feridas do ministrio. Algumas das maiores tristezas do ministrio pastoral so aquelas vezes em que o pastor acusado. Talvez suas boas obras de pastor sejam relatadas como ms. Ou, talvez, ele seja objeto de ataques ou cobranas falsas e injustas. Voc no ir servir no mesmo lugar por muito tempo, sem passar por estes momentos de tribulao. Mas, lembre-se: voc no precisa se defender seu Defensor forte. Sua esposa e seus filhos precisam de proteo durante estes tempos. Eles sabero que voc est passando pelo meio de uma tempestade. Eles podem orar e se sensibilizar com isto. Mas, especialmente seus filhos, no precisam ser arrastados por todos os seus estresses, desapontamentos, dores e medos. Mary certamente precisar saber mais sobre a situao do que seus filhos, mas, ainda assim, voc poder poup-la dos detalhes mais srdidos, os quais apenas a impediriam de dormir noite. A idia aqui no coloc-la numa redoma, e lutar sozinho durante os perodos de provao. Vocs so uma s carne e voc no pode caminhar sozinho. Aprenda a ter Mary como sua confidente, porm, sem faz-la carregar os fardos. Deus ir sustent-lo durante estas provaes. Depois da tempestade sempre vem a bonana (veja Sl 66.10-12). Quando voc passar so e salvo pela tempestade, ser uma

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bno que sua esposa e filhos no tenham detalhes para esquecer, ou lutas para destruir qualquer raiz de amargura que tenha surgido. um trabalho maravilhoso o ministrio do evangelho. claro que h provaes. Deus nunca nos deixa ir para muito longe, sem nos ajudar a ver nossas prprias fraquezas e profunda necessidade de seu poder e capacitao. E assim como Pedro diz, em 1 Pedro 1.6-9, mesmo quando nossa f est sendo testada por todo tipo de provao, ns tambm podemos ter uma alegria que inefvel e gloriosa. Eu tive esta experincia ainda ontem. Conforme colocava meus fardos diante do Senhor, fui tomado por um incrvel senso de estar sendo cuidado por Ele, e pela bondade e retido ao conhecLo e servi-Lo. A alegria inefvel e gloriosa nossa, mesmo em meio a provaes. Que Deus poderoso ns servimos!
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Oramos freqentemente para que Deus continue abenoando a voc e toda a sua famlia. Seguindo na graa, Pastor Tedd Tripp

PS Segue abaixo alguns ttulos, cuja leitura ir encoraj-lo em seu chamado como marido e pai: 1. Your Family, Gods Way, Wayne Mack (Phillipsburg, NJ: Presbyterian & Reformed Publishing Co., 1991). 2. The Complete Husband, Lou Priolo (Amityville, NY: Calvary Press Publishing, 1999). 3. Pastoreando o Corao da Criana, Tedd Tripp (Editora Fiel, So Jos dos Campos, SP).

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Eugene Peterson, Subversive Spirituality, Grand Rapids, MI: William B. Eerdmans Publishing Co., 1994, 132. Richard Baxter, Christian Directory, reimpresso, Ligioner, PA: Soli Deo Gloria, 1994, 183-195. (Extrado do Livro Amado Timteo, Uma coletnea de Cartas ao Pastor, Editora Fiel, Cap. 3, pp. 47-58.)

Um pastor um meio vital da graa para a sua igreja


e aos que ele serve.
C. J. Mahaney

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O USO CORRETO DO DIA DO SENHOR


Stuart Olyott

s pessoas no-convertidas no tm grande interesse no uso correto do Dia do Senhor, e inmeros crentes se mostram confusos a respeito deste assunto. Esta confuso permanecer enquanto no levarmos em conta os seguintes fatos importantes.

consecutivamente. Identificar sabbath com o dia de sbado um erro. Foi apenas depois do ajuste definitivo do calendrio judaico, em 359 D.C, que os sabbaths dos judeus passaram a cair sempre no dia que agora chamamos de sbado. 2. O sabbath [descanso] no uma instituio judaica. Deus o instituiu na criao (Gn 2.1-3). um dom de Deus para a humanidade (Mc 2.27). 3. Em certo aspecto, os Dez Mandamentos so diferentes de todas as outras leis encontradas nas Escrituras. Deus os escreveu com o seu prprio dedo. O Quarto Mandamento dEle positivo, o mais comprido e o mais detalhado dentre os dez, fazendo uma ligao entre os aspectos divino e humano, moral e cerimonial da Lei (x 20.8-11; 31.18). 4. O sabbath era importante

QUAIS SO ESTES FATOS?


1. Quando a Bblia usa o termo sabbath, ele no significa sbado. Sabbath no o nome de um dia da semana. A palavra usada para descrever um tipo de dia, um dia de descanso do trabalho. Em todo o Antigo Testamento, os anos tinham 365 dias, e todo ano comeava em um dia de sabbath (Lv 23.4-16). Outras datas fixas nunca podiam ser sabbath (x 12.1-28; Lv 23.15). Para fazer com que isso acontecesse, o calendrio tinha de ser ajustado regularmente. A Histria nos ensina que isso era feito por acrescentar ao ano sabbaths extras que ocorriam

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para nosso Senhor Jesus Cristo. A Bblia no nos fala muito sobre os hbitos de Jesus, mas diz que Ele tinha o costume de ir sinagoga no sabbath (Lc 4.16). Jesus anunciou que era Senhor do dia de sabbath (Mc 2.28). Dizer que o sabbath no existe mais uma negao do senhorio de Cristo. 5. O Senhor do sabbath transferiu este dia para o primeiro dia da semana. Este foi o dia em que Ele ressuscitou dos mortos (Jo 20.1-18), apareceu aos discpulos (Jo 20.19, 26) e derramou o seu Esprito (At 2.1). 6. Os apstolos e a igreja primitiva guardavam com distino o primeiro dia da semana (At 20.7; 1 Co 16.2). Para evitar confuso, o Novo Testamento Grego chama o sbado judaico de sabbath e o primeiro dia da semana de o primeiro dos sabbaths (na traduo em portugus o primeiro dia da semana Mt 28.1; Mc 16 2, 9; Lc 24.1; Jo 20.1,19; At 20.7; 1 Co 16.2). Algumas pessoas crem que isto apenas uma expresso idiomtica grega significando apenas o primeiro dia do ciclo da semana. Contudo, no existe quase nenhuma evidncia para isto. Temos de encarar os fatos: o primeiro dia da semana um sabbath. Tambm conhecido como o dia do Senhor (Ap 1.10). 7. Durante toda a histria da igreja, o domingo tem sido observado como o sabbath dos cristos. A evidncia documental unnime e retrocede a 74 D. C. Durante as

piores perseguies, perguntava-se aos suspeitos de serem cristos: Dominicum Servasti? (Voc guarda o dia do Senhor?) Os verdadeiros crentes respondiam: Eu sou um cristo, no posso deixar de fazer isso? O que os crentes responderiam hoje? 8. realmente imoral no guardar o Dia do Senhor. O Quarto Mandamento, que nos recorda isso, est em um cdigo que probe a idolatria, o assassinato, o furtar, o mentir e o cobiar. O Quarto Mandamento nunca foi anulado, e nunca o ser (Mt 5.18). Quebrar um mandamento da Lei significa tornar-se culpado de todos os demais (Tg 2.10). A violao do dia de descanso traz o juzo de Deus (Ne 13. 15-22). 9. O domingo, o dia do Senhor, um dia de regozijo e satisfao (Sl 118.24; 112.1). A Palavra de Deus chama-o de deleite (Is 58.13). Deus nos deu esse dia como uma bno para todos ns (Mc 2.27-28). Falando sobre a poca evanglica, Isaas diz: Bem-aventurado o homem que... se guarda de profanar o sbado (Is 56.2). 10. As bnos do Dia do Senhor so visveis a todos: recorda aos homens e mulheres cados que existe um Deus a quem eles devem adorar; d aos crentes a oportunidade de se reunirem ao redor da Palavra e, assim, mantm a vida espiritual deles; fornece oportunidades para a pregao do evangelho; fortalece os laos familiares; permite que toda a nao

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descanse; promove a sade... e a lista poderia continuar. 11. No Antigo Testamento, homens piedosos, como Moiss, Ams, Osias, Isaas, Jeremias, Ezequiel e Neemias, contenderam com as pessoas por causa do dia de descanso. A histria da igreja est repleta de outros que fizeram o mesmo. O que nos impede de seguir o exemplo deles?

fregar o gro na mo era o mesmo que debulh-lo. Eles tambm tinham regras a respeito de quanto peso se devia carregar e quo distante se podia caminhar no dia de descanso. Por trs de todas as regras dos fariseus, havia uma mentalidade que no tem qualquer lugar na vida de um crente do Novo Testamento. No devemos trabalhar. Na Bblia, a palavra trabalhar significa muito mais do que ganhar a vida. Tambm se refere aos deveres de nosso dia-a-dia, nossa recreao e ao pensamento que motiva estas coisas. Quanto for possvel, todas estas coisas tm de ser colocadas de lado, tanto por ns como por aqueles pelos quais somos responsveis. Devem ser colocadas de lado no porque somos pecadores ou impuros, e sim porque Deus nos ordenou que as fizssemos nos outros seis dias da semana (x 20.8-11). No devemos ficar ociosos. O descanso de Deus, aps a Criao, no foi inatividade, e sim o cessar um tipo de atividade (Jo 5.17). O domingo deve ser um descanso santo que nos faz cessar um conjunto de objetivos, para que sigamos outro conjunto de objetivos bastante diferentes. No um dia para vadiarmos por a.

COMO DEVEMOS USAR O DOMINGO?


Com estes fatos em mente, podemos ver que, para ns, o domingo o dia de descanso ordenado por Deus. o dia que incorpora tudo o que permanente e universal no Quarto Mandamento. Ento, como devemos us-lo? Para responder esta pergunta, temos de falar tanto negativa como positivamente.

O QUE NO DEVEMOS FAZER


No devemos imitar os fariseus. O dia de descanso tem sua origem na Criao. Por um tempo, usou as vestes do Antigo Testamento. No entanto, agora est com uma roupagem do Novo Testamento. Isto significa que no podemos impor ao dia de descanso as regras mosaicas que j passaram, tais como as que encontramos em xodo 35.2-3 ou Nmeros 15.32-36. No devemos ter em mente uma lista de faa e no faa, tal como se l em Mateus 12.1-2. legislao de Moiss, os fariseus acrescentaram todo tipo de regras deles mesmos. Para os fariseus, es-

O QUE DEVEMOS FAZER


Devemos nos reunir com outros crentes. Devemos nos reunir, tanto for-

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mal como informalmente (At 2.1; 20.7; Jo 20.26). A Bblia no delineia algum tipo de lista de atividades para o domingo, mas o princpio claro. O domingo no um dia para gastarmos sozinhos ou somente com a famlia. Devemos nos reunir especificamente para a edificao, ou seja, para edificarmos uns aos outros nas coisas de Deus. De tudo o que fizermos com este objetivo, o ensino da Palavra e a Ceia do Senhor so o mais importante (Atos 20.7). Devemos evangelizar. O Dia de Pentecostes comeou com uma assemblia que visava ajuda e ao encorajamento mtuos, mas a vinda do Esprito tambm consagrou aquele dia evangelizao. A vinda do Esprito Santo pode ser vista como um penhor de sua bno nesta conexo (At 2). Devemos nos envolver em obras de misericrdia. lcito fazer o bem no domingo, especialmente salvar vidas, curar e trabalhar pelo bem-estar espiritual dos outros (Lc 6.9; Mt 12.5; Lc

13.10-17; 14.1-6; Jo 5.6-9, 16-17). O domingo comemora o maior ato de misericrdia de todos os tempos. Todos podemos pensar em incontveis maneiras de fazer o bem s pessoas, mas este aspecto da observao do domingo amplamente esquecido. Aqueles que acham o domingo montono quase sempre so pessoas que se tornaram egostas. Devemos nos envolver em obras necessrias. No podemos limitar isso apenas quelas coisas necessrias nossa sobrevivncia, visto que, se assim fosse, passaramos o dia somente respirando. O dia de descanso foi criado para o homem em outras palavras, foi criado para o bem-estar do homem. No h qualquer conflito entre guardar o domingo e seguir os nossos melhores interesses (Mt 12.18, 11-12). Continue, desfrute do domingo! Alm das atividades j mencionadas, rena-se com os amigos, prepare boa refeio para eles, converse, caminhe, sorria, ore, admire a criao de Deus e v para a cama tendo um corao grato e contente.

Indiferena no cristianismo o primeiro passo


rumo apostasia do cristianismo.
William Secker

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O ZELO DE RICHARD BAXTER


Erroll Hulse

sboarei a vida de Richard Baxter e, em seguida, destacarei o seu zelo, expresso em sua extraordinria obra pastoral, em Kidderminster, e em seu clssico The Reformed Pastor (O Pastor Aprovado).

UM ESBOO DE SUA VIDA


Richard Baxter nasceu em 1615. Diferentemente da maioria dos famosos ministros puritanos, Baxter no desfrutou de estudos nas universidades de Oxford ou Cambridge. Ele estudou na modesta Escola Pblica Donnington. Depois, foi um autodidata. Leitor vido, Baxter estudou amplamente vrios assuntos. Deste modo, tornou-se um homem de excepcional conhecimento e habilidade para debates. Foi ordenado dicono pelo bispo de Worcester, em 1638. Por breve tempo (1641-1642), Baxter trabalhou como preletor e co-pastor em Kidderminster. Em 1642, o pas se envolveu em guerra civil. Baxter serviu como capelo no Exrcito do

Parlamento at 1647, retornando a Kidderminster como pastor. Ali, ele trabalhou at 1661. Estes 14 anos, em que teve a idade de 32 a 46 anos, foram notveis por causa da transformao espiritual operada na cidade. Aquele municpio foi to abenoado que se tornou um referencial na histria evanglica da Inglaterra. Quase no fim de seu ministrio em Kidderminster, uma viva chamada Mary Hanmer veio morar na cidade, a fim de obter benefcios do ministrio de Baxter. Ela estava acompanhada de sua filha Margaret, que tinha 16 anos de idade, e que era mundana e indiferente ao evangelho. Nos quatro anos seguintes, Margaret foi afetada pelo ministrio de Baxter e aos 20 anos foi convertida. Durante este tempo, ela se apaixonou por Baxter, que considerava o celibato ideal para um ministro. Ele proclamava isto com entusiasmo um ponto de vista que consistia um grande contraste com os puritanos

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ingleses, os quais afirmavam, com vigor, a doutrina bblica do casamento e da famlia. Richard Baxter deixou Kidderminster, para viver em Londres, onde ele usou toda influncia possvel a fim de obter um tratamento justo para os puritanos. Mary e Margaret o seguiram e passaram a morar perto dele. O Ato de Uniformidade, sancionado pelo Parlamento, em 1662, era rgido e severamente contrrio conscincia dos puritanos. O Ato de Uniformidade levou os puritanos a deixarem a Igreja Anglicana. Cerca de 2.000 ministros puritanos sofreram a perda de seu sustento, naquilo que, na Histria, ficou conhecido como a Grande Expulso. claro que isto incluiu Baxter. Sua vida foi arruinada: fora cruelmente despojado de sua razo de ser. Ele era pastor por natureza, agora sem igreja; um pregador nato, sem plpito. A sua justificativa para o celibato desapareceu. Baxter se casou com Margaret em 19 de setembro de 1662. Ela estaria sempre com ele, confortando-o, prestando-lhe cuidado nas freqentes enfermidades, apoiando todos os interesses prticos de sua vida. Viver com Margaret foi a maior consolao desfrutada por ele durante os anos difceis que vieram depois. O restante da vida de Baxter foi marcado por aflies. Em 1669, ficou preso por mais de uma semana em Clerkenwell e por 21 meses em Southwark (1685-1686). Ele nunca teve uma sade robusta e precisou lutar contra graves surtos de enfermidade. Em novembro de 1672, Baxter pregou publicamente pela primeira

vez em dez anos. Margaret (16361681) empregou, com generosidade, parte considervel de sua herana para garantir que Richard Baxter exercesse um ministrio pblico eficiente. Ela alugou um salo pblico, onde cabiam 800 pessoas, em uma das reas mais carentes de Londres e contratou algumas pessoas para ajudarem Baxter em seu ministrio. Durante o tempo de excluso do ministrio pblico, Richard Baxter usou seu tempo para escrever. Seus escritos excederam, em quantidade, os de John Owen. Diferentemente de John Owen, que talvez seja o melhor telogo de lngua inglesa, Richard Baxter era neonomiano e amiraldiano. Infelizmente, isto produziu confuso teolgica nas duas geraes seguintes. Os leitores dos trs clssicos de Baxter O Descanso Eterno dos Santos (The Saints Everlasting Rest), uma explicao a respeito do cu; Um Apelo ao No-convertido (A Call to the Unconverted) e O Pastor Aprovado (The Reformed Pastor) no percebero estes erros. mais fcil ler Baxter que Owen. A sua obra mais extensa intitula-se Diretrio Cristo (Christian Directory) e aborda cada aspecto da vida crist sob um ponto de vista prtico. na aplicao prtica das Escrituras que vemos o melhor de Baxter. Ele possua um poderoso dom de constranger e levar a conscincia obedincia. Richard Baxter era sempre zeloso no que se refere obra missionria. Ele foi um dos principais motivadores do estabelecimento da Sociedade de Propagao do Evangelho. John Eliot, famoso como o

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apstolo dos ndios americanos, encontrou em Baxter um excelente auxiliador. Durante a sua ltima enfermidade, em 1691, Baxter leu A Vida de Eliot e escreveu ao seu autor, Increase Mather: Pensei que morreria por volta das 12 horas, na cama, mas o seu livro vivificou-me. Conheo muitas das opinies do Sr. Eliot, por meio das vrias cartas que recebi dele. No houve na terra um homem que honrei mais do que ele. A obra evanglica de Eliot a sucesso apostlica pela qual eu mesmo suplico.

EVANGELISMO ZELOSO EM KIDDERMINSTER

Na qualidade de pastor, Richard Baxter era excepcional. O sucesso do evangelho em Kidderminster, sob a liderana dele, foi singular. No podemos encontrar na histria evanglica da Inglaterra algo que se compare com este sucesso. A cidade tinha aproximadamente 800 casas e uma populao entre 2.000 e 4.000 pessoas. Baxter percebeu que eles eram ignorantes, rudes e festeiros. Uma notvel mudana ocorreu. Quando comecei meus trabalhos, tive cuidado especial por todos os que eram humildes, reformados ou convertidos. Mas, quando j havia trabalhado por bom tempo, aprouve a Deus que os convertidos fossem tantos, que no pude me dar ao luxo de gastar tempo com observaes particulares; famlias e considervel nmero de pessoas vieram de uma s vez, amadureceram e cresceram, de um modo que no sei explicar. O mtodo de Baxter con-

sistia em visitar casa por casa e ser bastante direto no assunto de conhecer a Deus com f salvadora. No prdio da igreja cabiam 1.000 pessoas. Cinco galerias foram acrescentadas para acomodar a congregao. Quando Baxter chegou a esta pobre cidade, onde a tecelagem era a principal atividade, ela era um deserto espiritual. Quando ele deixou Kidderminster, era um jardim belo e promissor. No Dia do Senhor, qualquer um que caminhasse pelas ruas poderia ouvir centenas de famlias cantando salmos e repetindo sermes. Quando cheguei ali, somente uma famlia, em cada rua, adorava a Deus e invocava o seu nome. Quando sa, havia algumas ruas em que no havia nem uma famlia que no confessasse uma piedade sria, que nos dava esperana quanto sinceridade deles. Posteriormente, Baxter escreveu: Embora eu tenha estado ausente deles por quase seis anos e tenham sido assaltados por ameaas, calnias e difamaes a respeito da pregao, eles permanecem firmes e mantm a sua integridade. Muitos deles esto com o Senhor. Alguns foram expulsos; alguns esto presos. Mas nenhum deles, sobre os quais tenho ouvido, caiu ou abandonou a sua retido. Quando, em dezembro de 1743, George Whitefield visitou Kidderminster, ele escreveu a um amigo: Fui grandemente revigorado ao ver que o agradvel aroma da boa doutrina, da obra e da disciplina do Sr. Baxter permanece at hoje. A principal diferena entre Baxter e a maioria dos pastores, do

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passado e do presente, que ele combinava a pregao com o testemunho pessoal direto, pessoa a pessoa. Com muita freqncia, os pastores contentam-se em confinar seu testemunho do evangelho ao plpito. A atitude e a prtica de Baxter se revelam com clareza em seu livro O Pastor Aprovado (The Reformed Pastor).

RICHARD BAXTER APROVADO

O PASTOR

Os membros da Associao de Worcester, a fraternidade de clrigos que tinha Baxter como esprito propulsor, se comprometeram a adotar o mtodo de catequese paroquial sistemtica, conforme o mtodo de Baxter. Eles estabeleceram um dia de jejum e orao, para buscarem a bno de Deus sobre este empreendimento e pediram a Baxter que pregasse naquele dia. Entretando, quando o dia chegou, Baxter se encontrava muito doente para estar presente; por isso, em 1656, ele publicou o material que havia preparado, uma exposio completa de Atos 20.28. Esse material recebeu o ttulo de O Pastor Aprovado (The Reformed Pastor). Este livro tornou-se famoso, e tem sido usado em todas as geraes, at ao presente. Por exemplo, a edio da Banner of Truth, com a excelente introduo de J. I. Packer, surgiu em 1974; e edies posteriores foram realizadas em 1979, 1983, 1989, 1994, 1997, 1999 e 2001. A palavra Aprovado (Reformed), no ttulo, no significa calvinista em doutrina, e sim renovado em suas prticas. Este tratado uma dinami-

te espiritual, e foi reconhecido assim desde a sua criao. Um ms depois de sua publicao, um leitor escreveu: homem grandemente abenoado! O Senhor revelou suas coisas secretas para voc, pelas quais muitas almas na Inglaterra se levantaro e bendiro a Deus por voc. Isto provou estar correto. O livro de Baxter, O Pastor Aprovado, ainda o melhor manual quanto aos deveres de um pastor. Nada tem excedido o seu poder e sua eficcia. um imperativo para todo pastor. Na edio da Banner of Truth, J. I. Packer sugere que o vigor e o poder evocativo do livro atravessam trs sculos. Ele descreve trs excelentes qualidades de O Pastor Aprovado. A primeira o seu vigor. As palavras do livro tm mos e ps. Baxter possua olhos perscrutadores e, certamente, tinha palavras perscrutadoras. Seu livro arde com zelo sincero e ardente, com fervor evangelstico e sinceridade para convencer. A segunda qualidade que o livro contm realidade. honesto e direto. Freqentemente se diz, com exatido, que qualquer cristo que ama o seu prximo e pensa seriamente que, sem Cristo, os homens esto perdidos no ser capaz de descansar tranqilamente com o pensamento de que todos ao seu redor esto indo para o inferno, mas se dispor, irrestritamente, a testemunhar, tendo isso como seu principal objetivo de vida. E qualquer crente que deixa de viver deste modo destri a credibilidade de sua f. Pois, se ele mesmo no pode, com seriedade, ter isso como norma de seu viver, quem mais

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pode ter? Nenhuma outra obra manifesta tanta solidez como O Pastor Aprovado. Nesta obra, encontramos um amor apaixonado e um crente terrivelmente honesto, sincero e correto pensando e falando sobre o perdido, com realismo perfeito, insistindo em que temos de aceitar alegremente qualquer grau de desconforto, pobreza, trabalho excessivo e perda de bens materiais, se almas forem salvas, e apresentando, em sua prpria pessoa, um exemplo vvido do que est envolvido nesta obra. Terceira, o livro um modelo de racionalidade. J. I. Packer diz que o livro expressa bom senso. A responsabilidade ressaltada com clareza. A graa entra por meio do entendimento. Baxter insistia em que os ministros tm de pregar a respeito de assuntos eternos como homens que sentem o que falam e se mostram srios a respeito do assunto de vida e morte eterna. Baxter tambm sustentava que a disciplina da igreja tem de ser praticada para mostrar que Deus no aceita o pecado. Em sua exposio de Atos 20. 28, Baxter esclarece a exortao atendei por vs. Ele tambm explica o significado de atender por todas as ovelhas do rebanho. Comea com o no-convertido e os inclui em sua percepo. Ele exorta os pastores superviso cuidadosa das famlias e persiste em que temos de ser fiis em admoestar os transgressores. No que diz respeito ao modo como deve ser administrada esta superviso, ela tem de ser realizada com franqueza e simplicidade, com humildade e uma

mistura de severidade e brandura, com seriedade e zelo, com ternura e amor para com as pessoas, com pacincia e reverncia, com espiritualidade e desejos sinceros de sucesso, com um profundo senso de nossa prpria incapacidade. Finalmente, Baxter nos convoca a labutarmos unidos com outros ministros do evangelho, o que sobremodo importante em nossos dias, quando divises so mantidas por razes insignificantes e no-bblicas. O zelo de Richard Baxter resplandece em O Pastor Aprovado. As exortaes de Baxter retinem com sinceridade porque ele vivia o que pregava. semelhana de um oficial militar, Baxter leva os seus soldados batalha. Ele no d ordens a partir de uma zona de segurana. A maneira como Baxter se dirigia pessoas, quer em pblico, quer em particular, se reflete em Um Apelo ao No-Convertido (A Call to the Unconverted), que vendeu 20.000 exemplares no seu primeiro ano de publicao e foi traduzido para vrios idiomas. O versculo de abertura deste livro Ezequiel 33.11: To certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, no tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de morrer, casa de Israel? A compaixo expressa neste versculo de Ezequiel muito semelhante ao zelo ardente que o Esprito Santo produziu em Richard Baxter.

AS COISAS PEQUENAS
C. H. Spurgeon
omos incapazes de realizar o mais humilde ato da vida crist, se no recebemos de Deus o vigor do Esprito Santo. Com certeza, meus irmos, nestas COISAS PEQUENAS que geralmente percebemos, acima de tudo, a nossa fraqueza. Pedro foi capaz de andar sobre a gua, mas no pde suportar a acusao de uma criada. J suportou a perda de todas as coisas, porm as palavras censuradoras de seus falsos amigos (embora fossem apenas palavras) fizeram-no falar mais amargamente do que todas as outras aflies juntas. Jonas disse que tinha razo em ficar irado, at morte, A RESPEITO DE UMA PLANTA. Voc no tem ouvido, com certa freqncia, que homens poderosos, sobreviventes de muitas batalhas, foram mortos por um acidente trivial? John Newton disse: A graa de Deus to necessria para criar no crente a atitude correta diante da quebra de uma loua valiosa como diante da morte de um parente querido. Estes pequenos vazamentos precisam dos mais cuidadosos tampes. Nas coisas pequenas, bem como nas coisas grandes, o justo tem de viver pela f! Crente, voc no suficiente para nada! Sem a graa de Deus, no pode fazer coisa alguma. Nossa fora fraqueza fraqueza at para as coisas pequenas; fraqueza para as situaes fceis, bem como para as complexas; fraqueza nas gotas de tristeza, como tambm nos oceanos de aflio. Aprenda bem o que nosso Senhor disse aos seus discpulos: Sem mim nada podeis fazer (Joo 15.5).

Os deveres evanglicos tm de ser realizados por


um temperamento evanglico. Stephen Charnock

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ESTRATGIAS PARA LUTAR CONTRA A LASCVIA


John Piper
stou pensando em homens e mulheres. Para os homens, isto bvio. urgente a necessidade de lutar contra o bombardeamento de tentaes visuais que nos levam a fixar-nos em imagens sexuais. Para as mulheres, isto menos bvio, porm tal necessidade se torna maior, se ampliamos o escopo da tentao de alimentar imagens ou fantasias de relacionamentos. Quando uso a palavra lascvia, estou me referindo principalmente esfera dos pensamentos, imaginaes e desejos que visualizam as coisas proibidas por Deus e freqentemente nos levam a conduta sexual errada. No estou dizendo que o sexo mau. Deus o criou e o abenoou. Deus tornou o sexo agradvel e definiu um lugar para ele, a fim de proteger sua beleza e poder ou seja, o casamento entre um homem e uma mulher. Mas o sexo tornou-se corrompido pela queda do homem no pecado. Portanto, temos de exercer restrio e fazer guerra contra aquilo

que pode nos destruir. Em seguida, apresentamos algumas estratgias para lutar contra desejos errados.

EVITAR evite, tanto quanto for possvel e sensato, imagens e situaes que despertam desejos imprprios. Eu disse tanto quanto possvel e sensato, porque s vezes a exposio tentao inevitvel. E usei os termos desejos imprprios porque nem todos os desejos por sexo, alimento e famlia so maus. Sabemos quando tais desejos so imprprios, prejudiciais e esto se tornando escravizantes. Conhecemos nossas fraquezas e o que provoca tais desejos. Evitar uma estratgia bblica. Foge, outrossim, das paixes da mocidade. Segue a justia ( 2 Tm 2.22). Nada disponhais para a carne no tocante s suas concupiscncias (Rm 13.14). NO diga no a todo pensamento lascivo, no espao de cinco segundos. E diga-o com a autorida-

E STRATGIAS P ARA L UTAR C ONTRA

L ASCVIA

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de de Jesus Cristo. Em nome de Jesus: No! Voc no tem mais do que cinco segundos. Se passar mais do que esse tempo sem opor-se a tal pensamento, ele se alojar em sua mente com tanta fora, a ponto de se tornar quase irremovvel. Se tiver coragem, diga-o em voz alta. Seja resoluto e hostil. Como disse John Owen: Mate o pecado, se no ele matar voc.1 Ataque-o imediatamente, com severidade. Resisti ao diabo, e ele fugir de vs (Tg 4.7).

Crossway, 2001). Preciso de breves retratos de Cristo para me manter despertado, espiritualmente, para a sublime grandeza do Senhor Jesus. Temos de encher nossa mente com as promessas e os deleites de Jesus. E volvermo-nos imediatamente para tais promessas e deleites, depois de havermos dito no.

MANTER mantenha, com firmeza, a promessa e o deleite de Cristo em sua mente, at que expulsem a outra imagem. Olhando firmeVOLTAR volte seus pensa- mente para... Jesus (Hb 12.2). Muimentos forosamente para Cristo, tos fracassam neste ponto. Eles como uma satisfao superior. Dizer desistem logo. Dizem: Tentei expulno ser insuficiente. Voc tem de sar a fantasia, mas no deu certo. mover-se da defesa para o ataque. Eu lhes pergunto: Por quanto temCombata o fogo com fogo. Ataque po fizeram isso? Quanta rigidez as promessas do pecado com as pro- exerceram em sua mente? Lembre: messas de Cristo. A Bblia chama a a mente um msculo. Voc pode lascvia de concupiscncias do en- flexion-la com violncia. Tome o gano (Ef 4.22). Tais concupiscn- reino de Deus por esforo (Mt cias mentem. Prometem mais do que 11.12). Seja brutal. Mantenha dianpodem oferecer. A Bblia as chama te de seus olhos a promessa de Crisde paixes que tnheis anteriormen- to. Agarre-a. Agarre-a! No a deixe te na vossa igir embora. Connorncia (1 Pe tinue seguran1.14). Somente do-a. Por quanos tolos cedem a to tempo? QuanUma das razes porque a elas. Num insto for necesslascvia reina em tantas tante a segue, rio. Lute! Por como o boi que pessoas porque Cristo no amor a Cristo, lhes muito cativante. vai ao matadoulute at vencer! ro (Pv 7.22). Se uma porta O engano venautomtica esticido pela verdavesse para esde. A ignorncia derrotada pelo co- magar seu filho, voc a seguraria com nhecimento. E tem de ser uma ver- toda a sua fora e gritaria por ajuda. dade gloriosa e um conhecimento E seguraria aquela porta... seguraformoso. Esta razo por que es- ria... seguraria... Jesus disse que crevi o livro Vendo e Provando a muito mais est em jogo no hbito Cristo (Seeing and Proving Christ da lascvia (Mt 5.29).

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APRECIAR aprecie uma satisfao superior. Cultive as capacidades de obter prazer em Cristo. Uma das razes porque a lascvia reina em tantas pessoas porque Cristo no lhes muito cativante. Falhamos e somos enganados porque temos pouco deleite em Cristo. No diga: Esta conversa espiritual no para mim. Que passos voc tem dado para despertar sua afeio por Cristo. Voc tem lutado por encontrar gozo? No seja fatalista. Voc foi criado para valorizar a Cristo de todo o corao mais do que valoriza o sexo, o chocolate ou o acar. Se voc tem pouco desejo por Cristo, os prazeres rivais triunfaro. Pea a Deus que lhe d a satisfao que voc no tem. Sacia-nos de manh com a tua benignidade, para que cantemos de jbilo e nos alegremos todos os nossos dias (Sl 90.14). E olhe... olhe... e continue olhando para Aquele que a pessoa mais magnificente do uni-

verso, at que voc o veja da maneira como Ele realmente .

MOVER mova-se da ociosidade e de outros comportamentos vulnerveis para uma atividade til. A lascvia cresce rapidamente no jardim da ociosidade. Encontre algo til para realizar, com todas as suas foras. No zelo, no sejais remissos; sede fervorosos de esprito, servindo ao Senhor (Rm 12.11); Sede firmes, inabalveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho no vo (1 Co 15.58). Seja abundante em atividades. Faa alguma coisa: limpe um quarto, pregue uma tbua, escreva uma carta, conserte uma torneira. E faa tudo por amor a Jesus. Voc foi criado para administrar e trabalhar. Cristo morreu para nos tornar zelosos de boas obras (Tt 2.14). Substitua as concupiscncias e paixes enganosas por boas obras.

Pai de misericrdias, quo freqentemente Deixamos de lutar contra a lascvia. Temos abraado o inimigo que faz guerra contra a nossa alma. Perdoa-nos, de acordo com tua promessa de ser Tardio em ira e abundante em misericrdia. Vem agora e d-nos nova determinao Novo poder e nova viso de tuas Promessas e de teu supremo valor. Sacia-nos de manh com a tua benignidade Destri a raiz de nossa lascvia com um prazer superior. Em nome de Jesus, oramos. Amm.
1

John Owen, The Mortification of Sin, in The Works of John Owen, ed. William H. Gould, vol. 6 (Londres: Johnstone & Hunter, 1852; reprint, Edimburgo e Carlisle, Penn.: Banner of Truth, 1959), p. 9.

(Extrado do livro Penetrado pela Palavra, John Piper, Editora Fiel, cap. 25, pp. 123-128)

QUE

VOC

FAZ COM A

I MORALIDADE

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O QUE VOC FAZ COM A IMORALIDADE ?


Jim Elliff
Ser um dos preletores da 22 Conferncia Fiel - outubro,2006

uando o apstolo Paulo ouviu que havia imoralidade na igreja de Corinto, ficou perplexo. A imoralidade era tal, que at a sensibilidade do mundo pago seria ofendida H quem se atreva a possuir a mulher de seu prprio pai (1 Co 5.1). Todavia, a admirao de Paulo se devia, em grande parte, ao fato de que a igreja tolerou isso como um smbolo de honra. A igreja havia distorcido de tal modo o significado do amor, que se orgulhava de aceitar tais pessoas. Contudo, andais vs ensoberbecidos e no chegastes a lamentar...?, exclamou Paulo. Este episdio revelador na histria da igreja primitiva, encontrado em 1 Corntios 5, no poderia ser mais relevante. Como disse Paulo: No boa a vossa jactncia. A idia de que algumas associaes de cristos professos conduz atualmente luta em favor de unies de pessoas do mesmo sexo, homossexualidade no

sacerdcio e outras prticas que mitigam contra a pureza sexual e os laos do matrimnio certamente evocaria a justa indignao de Paulo, se estivesse vivo hoje. A igreja no um clube de voluntrios formado de pessoas de qualquer convico ou comportamento, uma entidade sem carter, pronta a aceitar qualquer pessoa que deseja se unir no regozijo e excitao. uma sociedade sria que possui limites. para aqueles que foram vivificados por Deus, confessaram essa mudana publicamente, por meio do batismo, e esto comprometidos a andar em obedincia e arrependimento todos os dias de sua vida. A igreja uma unio repleta de amor, no apenas de sentimentalismo um amor que exige santidade (2 Tm 1.9; Gl 5.13; Rm 6.1). Paulo apresenta uma lista dos limites da comunho crist nesta passagem. Entre os que a igreja deveria remover e com os quais no se

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deveria associar, estava algum que, dizendo-se irmo, for impuro, ou avarento, ou idlatra, ou maldizente, ou beberro, ou roubador... Ento, o que devemos fazer quando encontramos imoralidade dentro da igreja? No pode haver engano quanto resposta: * Seja tirado do vosso meio quem tamanho ultraje praticou. * Seja entregue a Satans. (Isto significa: ao ser removido de seu meio, a igreja deixa tal pessoa no mundo e sob o controle de Satans.) * J em carta vos escrevi que no vos associsseis com os impuros. * Com esse tal, nem ainda comais. * Expulsai... de entre vs o malfeitor. No caso de pecados to notrios como a imoralidade, a disciplina da igreja tem de ser imediata e decisiva. Por qu? No sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda? a explicao. Quanto mais o fermento permanece em uma massa de farinha, tanto mais ele se espalha. Paulo usou a festa da Pscoa, do Antigo Testamento, para estabelecer seu argumento. Naquela festa, todo o fermento era removido dos lares, visto que era um smbolo do pecado. Paulo disse que o Cordeiro pascal

havia sido imolado (ou seja, Cristo fora crucificado). Como igreja, devemos celebrar a festa (ou seja, viver constantemente em Cristo) sem o velho fermento da maldade. Paulo defende apaixonadamente a pureza da igreja. Por um lado, exercer a disciplina o melhor para a pessoa. realmente a nica atitude amvel, neste caso. Permitir que o membro de uma igreja continue no pecado semelhante a permitir que uma criana prejudique a si mesma e a seus irmos, sem receber correo. Mas, por outro lado, exercemos disciplina porque Deus chamou a igreja pureza. Quando um frango est podre e cheio de vermes, voc no far o melhor se colocar um frango saudvel na mesma sacola? claro que no. O frango estragado e cheio de bichos sempre deteriora o saudvel; nunca ocorre o contrrio. Paulo escreveu na mesma carta: As ms conversaes corrompem os bons costumes. Voc tm cado neste velho problema da igreja de Corinto: orgulharse da tolerncia indiscriminada? Um pastor disse: Jamais consegui levar nossa igreja a disciplinar seus membros. Hoje, existem tantas pessoas imorais entre ns, que disciplin-las causaria um grande conflito. Esta mentalidade exatamente a razo por que tantas igrejas so ineficazes em mudar a cultura e em trazer pessoas a um estilo de vida diferente.

U M C ORAO E NTENDIDO

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UM CORAO ENTENDIDO
Edward Donnelly

ede-me o que queres que eu te d, disse o Senhor ao rei Salomo (1 Rs 3.5). E o filho de Davi pediu um corao entendido (v. 9ARC). Ele no pediu os dons mais elevados, nem o que seu pai teria pedido (Sl 27.4). Salomo pediu coisas valiosas perspiccia, bom senso, entendimento, a capacidade de compreender as pessoas e situaes, sabedoria prtica para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal. E lemos: Estas palavras agradaram ao Senhor, por haver Salomo pedido tal coisa (v. 10). Discernimento o que muitos crentes tambm parecem carecer intensamente.

POR

QUE BUSCAR UM CORAO

ENTENDIDO?

As razes de Salomo para querer discernimento ainda so vlidas. As responsabilidades dele eram pesadas Teu servo est no meio do teu povo... povo grande, to nume-

roso, que se no pode contar... quem poderia julgar a este grande povo? (vv. 8, 9.) Ele estava ciente de suas limitaes pessoais: No passo de uma criana, no sei como conduzir-me (v. 7). Conforme ilustrado no caso dos bebs das prostitutas (vv. 16-28), Salomo precisava tomar decises a respeito de assuntos desconcertantes e complexos. De modo semelhante, os lderes cristos cumprem responsabilidades importantes em situaes pastorais complicadas, conscientes de sua prpria incapacidade. Como sabemos quando podemos fazer concesses e quando devemos permanecer firmes? Como discernimos, em um caso especfico, quanto ocorreu por causa do pecado e quanto por causa de ignorncia? Como podemos encontrar as pessoas onde elas esto e traz-las aonde desejamos que estejam? Todo crente precisa de entendi-

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mento ou como pai, ou no lugar de trabalho, ou na vida da igreja. E um bom comeo admitir esta necessidade. Tenha cuidado com a pessoa que no tem dvidas sobre si mesma (Pv 28.26). Matthew Henry comentou: Absalo, que era tolo, quis ser juiz por conta prpria. Salomo, que era sbio, tremeu ante sua incumbncia e duvidou que estivesse preparado para desempenh-la.

COMO PODEMOS OBTER UM


CORAO ENTENDIDO?

ao nosso Pai celestial pedindo-Lhe grande medida de discernimento, a fim de que trabalhemos mais eficazmente com as pessoas. A Bblia nos fornece muito senso comum, pois o SENHOR d a sabedoria, e da sua boca vem a inteligncia e o entendimento (Pv 2.6). A seo das Escrituras descrita como Literatura de Sabedoria tem este ttulo apropriadamente, e um cristo que assimila, de modo regular, o livro de Provrbios, cresce especialmente por meio de uma fonte de tesouros de perspiccia prtica.

Um dos meus professores de teologia costumava comear a ano letivo com uma advertncia a respeito das limitaes do currculo: Rapazes, podemos ensinar grego a uma pessoa, mas no podemos lhe ensinar discernimento. verdade. Algumas pessoas so dotadas com perspiccia, enquanto outras deixam uma trilha de danos em seu caminho sentimentos magoados, mal-entendidos, ofensas. Elas no pretendiam isso, mas a maneira como elas so. No importa quais sejam nossos dons naturais, todos podemos obter mais discernimento. Como? Pea a Deus um corao entendido. A oferta de Deus a Salomo no foi exclusiva, pois temos a promessa: Pedi, e dar-se-vos- (Mt 7.7). Tiago mais especfico: Se, porm, algum de vs necessita de sabedoria, pea-a a Deus, que a todos d liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe- concedida (Tg 1.5). Devemos orar fervorosamente

PROFESSORES

VALIOSOS

A experincia a nossa ou a de outros um professor valioso para aqueles que esto dispostos a aprender dela. Suas lies podem ser severas erros cometidos e sofrimentos a serem suportados. Mas so singularmente valiosas. Algumas das pessoas de mais discernimento que j conheci sofreram provao, em algum grau, no passado. E o tempo de provao tornou-as mais sbias. Tambm podemos aprender muito por ouvir. As palavras traduzidas corao entendido significam um corao que tem a capacidade de ouvir. Voc um bom ouvinte? Aqueles que no tm discernimento raramente o so. Eles so muito absorvidos por si mesmos para ouvir os outros com ateno. Zeno, o filsofo estico, no era cristo, mas no era um tolo. Temos dois ouvidos e uma boca, ele disse, para que ouamos duas vezes mais do que falamos.

U M C ORAO E NTENDIDO

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Talvez o caminho mais proveitoso para obter discernimento colocar-se no lugar da outra pessoa. Esta foi a maneira como Salomo chegou sua brilhante soluo no caso dos dois bebs, um morto e o outro vivo. Que difcil julgamento ele teve de fazer! Testemunhos desconfiveis, evidncias conflitantes, nenhum modo claro de provar a qual mulher o beb pertencia. At que ele assumiu imaginariamente o lugar da verdadeira me. Como eu me sentiria, perguntou a si mesmo, se eu fosse a me do beb vivo? E concebeu o teste cruel, mas eficaz, para descobrir onde estava o instinto maternal.

O LUGAR DO OUTRO
Este o caminho que nos leva a um corao entendido, que nos capacita a cumprir eficazmente as nossas responsabilidades. Marido, coloque-se no lugar de sua esposa, quando voc retorna ao lar, vindo do trabalho. O que voc acha que ela espera de voc. Me, lembre o que ser um adolescente, antes de conversar com sua filha a respeito de roupas ou amigos.

Pastores, enquanto realizam aquela difcil visita para disciplinar algum, pare e, em orao, imagine os sentimentos daqueles com os quais voc se encontrar. Eles ficaro amedrontados, com raiva, apticos e procuraro se defender? O que lhe dizem o seu conhecimento e experincia a respeito deles? Pregadores, enquanto preparam o sermo, tenham diante de si aquela viva idosa, o atarefado homem de negcios, o adolescente confuso todos os que ouvem a mensagem de vocs. Se estivessem no lugar deles, que tipo de sermo os ajudaria? Coloque-se no lugar da outra pessoa. Este o modo como desenvolvemos discernimento. Freqentemente o chamamos de regra urea: Como quereis que os homens vos faam, assim fazei-o vs tambm a eles (Lc 6.31). proveitoso porque, em efeito, uma substituio e a substituio o mago da realidade eterna. uma fora restauradora e libertadora porque se molda nAquele que tomou o nosso lugar o Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim (Gl 2.20).

Um crente santificado semelhante a um sino de


prata: quanto mais o sino tocado, tanto melhor ele ressoa.
Stephen Charnock

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F para Hoje

OS CRENTES PRECISAM DO EVANGELHO


Peter Jeffrey

aulo nunca estivera na cidade de Colossos. Nem pregara ali em ocasio alguma. Ele jamais havia orado com os crentes daquela cidade, nem se reunido com eles para momentos de comunho nas coisas de Deus. Contudo, quando Paulo ouviu sobre a dificuldade que causava problemas quela igreja, sentiu-se profundamente preocupado e escreveu a Epstola aos Colossenses, expressando sua preocupao. Alguns crentes de Colossos podem ter sido tentados a dizer a Paulo: No se intrometa aqui. Aquela igreja no tinha qualquer ligao com Paulo, e nas igrejas fundadas por ele j havia problemas suficientes para mant-lo ocupado. Esse tipo de atitude seria inaceitvel para o grande apstolo. Ele nos diz: Alm das coisas exteriores, h o que pesa sobre mim diariamente, a

preocupao com todas as igrejas (2 Co 11.28). Esta preocupao marca a distino entre o verdadeiro servo de Deus e o pregador de carreira ou (o que pior) o falso pastor. O problema na igreja de Colossos era falsa doutrina. No temos muita certeza sobre qual era exatamente a heresia de Colossos, mas sabemos como Paulo lidou com ela. A heresia foi combatida de maneira positiva e emocionante por meio da exaltao do Senhor Jesus Cristo.

OS PROBLEMAS DE HOJE
Nossas igrejas esto infestadas de problemas. s vezes, os problemas so causados por falsa doutrina; s vezes, por mundanismo; e, freqentemente, por conflitos de personalidades. No importa qual seja a causa, os problemas precisam ser encarados e expostos.

O S C RENTES P RECISAM

DO

E VANGELHO

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No entanto, a resposta no usar o bordo e trazer os crentes de volta linha. Esse procedimento no produz resultados; serve apenas para tornar alguns crentes mais insensveis e obstinados, enquanto outros ficam desanimados. O que precisamos hoje algo que amolea o corao dos crentes e no que os endurea. Os problemas das igrejas no so causados apenas por que os crentes so tolos e inexperientes. Por trs de todo problema est a mo de Satans. verdade que os crentes da Galcia eram insensatos, mas se deveu ao fato de que haviam sido fascinados pelas palavras astutas de falsos mestres (Gl 3.1). Quando Paulo os chamou de insensatos, ele no estava, como disse John MacArthur, falando sobre a falta de inteligncia, e sim sobre o uso errado da inteligncia. O diabo, que havia cegado o entendimento daquelas pessoas, antes de se tornarem crentes, estava tentando usar o mesmo artifcio, e elas lhe permitiram ter sucesso.

Mas tambm sabemos que somente o evangelho pode restaurar crentes errados e aprofundar nos crentes comprometidos o amor pelo Salvador? O calor do evangelho a ferramenta mais capaz de tornar os crentes mais teis na vida da igreja.

A VELHA, VELHA HISTRIA


Em nossos dias, comum ouvirmos alguns freqentadores de igrejas evanglicas queixando-se de que nunca ouviram sermes sobre a cruz ou o sangue de Cristo. Isto ocorre porque os pastores, por sua vez, tm outra queixa: no existem incrdulos em sua congregao! Portanto, que proveito existe em pregar o evangelho para os convertidos? Em vez de pregarem o evangelho, os pastores se concentram em pregar sermes sobre a santidade, a orao, os relacionamentos familiares e assim por diante. Estes so assuntos bblicos e, por isso, assuntos indispensveis que os crentes precisam ouvir. Contudo, eles tambm precisam ouvir o evangelho. uma falcia total admitir que os sermes sobre a cruz e o sangue de cristo tm valor apenas para os incrdulos.

EXALTANDO A CRISTO
Exaltar a Cristo foi a resposta de Paulo para todos os problemas. Ele lembrou o evangelho aos crentes de Colossos (1.23) e prosseguiu mostrando-lhes a beleza e a amabilidade de Jesus. Ele escrevia a pessoas crentes, e suas palavras deixam evidente o fato de que os crentes tambm precisam do evangelho. E os pastores tm de preg-lo com regularidade. Sabemos que somente o evangelho pode salvar pecadores perdidos.

OS CRENTES PRECISAM DO
EVANGELHO

Quer sejamos salvos h duas semanas ou h vinte anos, todos precisamos ouvir regularmente a mensagem da cruz, da graa e do amor de Deus, em e por meio do Senhor Jesus Cristo. Precisamos do evangelho, porque todas as outras coisas da vida

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crist resultam e dependem dele para obter vitalidade e frescor. Esta a razo por que no existe nada mais emocionante para um crente do que ouvir o evangelho sendo pregado no poder do Esprito Santo. Essa pregao enternece o corao do crente e estimula sua alma. Leva-o a desejar, se fosse possvel, ser convertido novamente. Se perdermos de vista tudo o que o Novo Testamento ensina a respeito do significado e importncia da pregao do evangelho, tropearemos espiritualmente. Podemos at fingir atividades crists, mas ns mesmos seremos espiritualmente estreis e frios. O evangelho essencial a uma vida crist saudvel essa a razo por que os crentes precisam do evangelho.

REPLETOS DO EVANGELHO
Muitos pastores reconhecem isto e incluem um pouco do evangelho em cada sermo, de modo que os pecadores sejam desafiados e os crentes, encorajados. Todavia, precisamos de mais do que um pouco do evangelho em um sermo. Precisamos de sermes inteiros, que s exaltem a Cristo como Salvador. Necessitamos de sermes repletos do evangelho e de Jesus. Charles Spurgeon disse aos pregadores, em certa ocasio: Vocs precisam ter um desejo autntico pelo bem das pessoas, se desejam ter grande influncia sobre elas. Um pregador no far maior bem s pessoas, crentes ou no-crentes, do que falar a elas sobre Jesus.

A maior coisa que podemos desejar, alm da


glria de Deus, nossa prpria salvao. E a coisa mais agradvel que podemos desejar a segurana da salvao... Todos os crentes desfrutaro do cu quando deixarem este mundo. Porm, alguns crentes desfrutam do cu enquanto esto aqui na terra.
Joseph Caryl

F ALSIFICANDO

P ALAVRA

DE

D EUS

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A MALDIO

DO

HOMEM MODERNO

A. W. Tozer

xiste uma maldio antiga que permanece conosco at hoje a disposio da sociedade humana de ser completamente absorvida por um mundo sem Deus. Embora Jesus Cristo tenha vindo a este mundo, este o pecado supremo dos incrdulos, o qual levou o homem a no sentir nem sentir a presena dEle que permeia todas as coisas. O homem no pode ver a verdadeira Luz, tampouco pode ouvir a voz do Deus de amor e verdade. Temos nos tornado uma sociedade profana completamente envolvida em nada mais do que os aspectos fsico e material desta vida terrena. Homens e mulheres se gloriam do fato de que so capazes de viver em casas luxuosas, vestir roupas de estilistas famosos e dirigir os melhores carros que o dinheiro pode comprar coisas que as geraes anteriores nunca puderam ter. Esta a maldio que jaz sobre o

homem moderno ele insensvel, cego e surdo em sua prontido de esquecer que existe um Deus. Aceitou a grande mentira e crena estranha de que o materialismo constitui a boa vida. Mas, querido amigo, voc sabe que o seu grande pecado este: a presena eterna de Deus, que alcana todas as coisas, est aqui, e voc no pode senti-Lo de maneira alguma, nem O reconhece no menor grau? Voc no est ciente de que existe uma grande e verdadeira Luz que resplandece intensamente e que voc no pode v-la? Voc no tem ouvido, em sua conscincia e mente, uma Voz amvel sussurrando a respeito do valor e importncia eterna de sua alma, mas, apesar disso, tem dito: No ouo nada? Muitos homens imprudentes e inclinados ao secularismo respondem: Bem, estou disposto a agarrar minhas chances. Que conversa tola de uma criatura frgil e mortal! Isto tolice porque os homens no podem

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se dar ao luxo de agarrar as suas chances quer sejam salvos e perdoados, quer sejam perdidos. Com certeza, esta a grande maldio que jaz sobre a humanidade de nossos dias os homens esto envolvidos de tal modo em seu mundo sem Deus, que recusam a Luz que agora brilha, a Voz que fala e a Presena que permeia e muda os coraes. Por isso, os homens buscam dinheiro, fama, lucro, fortuna, entretenimento permanente ou apego aos prazeres. Buscam qualquer coisa que lhes removam a seriedade do viver e que os impea de sentir que h uma Presena, que o caminho, a verdade e a vida. Eu mesmo fui ignorante at aos 17 anos, quando ouvi, pela primeira vez, a pregao na rua e entrei numa igreja onde ouvi um homem citando uma passagem das Escrituras: Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vs o meu jugo e aprendei de mim... e achareis descanso para a vossa alma (Mt 11. 28,29).

Eu era realmente pouco melhor do que um pago, mas, de repente, fiquei muito perturbado, pois comecei a sentir e reconhecer a graciosa presena de Deus. Ouvi a voz dEle em meu corao falando indistintamente. Discerni que havia uma Luz resplandecendo em minhas trevas. Novamente, andando pela rua, parei para ouvir um homem que pregava, em um cantinho, e dizia aos ouvintes: Se vocs no sabem orar, vo para casa, ajoelhem-se e digam: Deus, tem misericrdia de mim, pecador. Isso foi exatamente o que eu fiz. E Deus prometeu perdoar e satisfazer qualquer pessoa que estiver com bastante fome espiritual e muito interessado, a ponto de clamar: Senhor, salva-me! Bem, Ele est aqui agora. A Palavra, o Senhor Jesus Cristo, se tornou carne e habitou entre ns; e ainda est entre ns, disposto e capaz de salvar. A nica coisa que algum precisa fazer clamar com um corao humilde e necessitado: Cordeiro de Deus, eu venho a Ti; eu venho a Ti!

O cristianismo de hoje no transforma as pessoas. Pelo


contrrio, est sendo transformado por elas. No est elevando o nvel moral da sociedade; est descendo ao nvel da prpria sociedade, congratulando-se com o fato de que conseguiu uma vitria, porque a sociedade est sorrindo enquanto o cristianismo aceita a sua prpria rendio!
A. W. Tozer

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