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Cordel Jó

Jó era um homem rico e justo que sofreu grandes perdas, incluindo a morte de seus filhos. Seus três amigos tentaram consolá-lo, mas também o criticaram, dizendo que seus sofrimentos eram resultado de pecados. Jó manteve sua fé em Deus, apesar de questionar o motivo de seu sofrimento.
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Cordel Jó

Jó era um homem rico e justo que sofreu grandes perdas, incluindo a morte de seus filhos. Seus três amigos tentaram consolá-lo, mas também o criticaram, dizendo que seus sofrimentos eram resultado de pecados. Jó manteve sua fé em Deus, apesar de questionar o motivo de seu sofrimento.
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Baseado na bblia Cordel da vida de J Autor poeta Raimundo Nonato da silva J das terras de UZ De dom o territrio Ao sudeste do mar

r morto Digo e provo no cartrio Mais rabe do que judeu Com ou sem interrogatrio Historiadores dizem Com toda convico Que J tambm foi do tempo Do patriarca Abro Izaque e tambm Jac De uma mesma regio Aps este livro escrito Dizem que o J viveu Cento quarenta e quatro anos Diz o escritor que escreveu Com quase duzentos anos J muito velho morreu Ns temos J como um homem Justo e temente a deus O mais importante do oriente Mesmo sem ser dos hebreus Seu sofrimento foi grande Como o do reis dos judeus O livro de J foi escrito Por autor desconhecido Tem sofrimento e vitria De um homem justo aguerrido S entende o livro bem Aquele que ler bem lido Tinha quatro qualidades Cada uma especial

J era sincero e reto Temente a Deus e leal E por ser um homem santo Desviava-se do mal Tinha sete filhos homens Trs filhas mulheres J tinha Tinha sete mil ovelhas Era um homem de alta linha Quinhentas juntas de bois Sua riqueza todinha Tinha quinhentas jumentas Trs mil camelos formosos Muitos servos aos seus servios Era rico e poderoso Dos homens do oriente Era J o mais famoso Cada um dos filhos de j Banquete em casa fazia E assim cada irmo Um com outro se unia Para comerem e beberem Era assim no dia, dia. E quando assim sucedia O tempo determinado J sacrificava ao senhor De madrugada acordado Dizendo talvez meus filhos Cometeram algum pecado J temia que seus filhos Blasfemassem do seu deus E assim sacrificava Ao Deus pelos filhos seus Assim continuamente Honrava o deus dos judeus Vindo um dia que os filhos De deus ao se apresentar

Perante o senhor tambm O diabo ao se aproximar Entre os filhos de deus Veio tambm se amostrar Disse o senhor de onde vens Respondeu o satans Vim de rodear a terra Passear tirando a paz Matar roubar destruir So coisas que o diabo faz Disse deus observaste J o meu servo querido Porque ningum a na terra Semelhante e garantido Sincero reto e temente E do mal tem se sado Respondeu o satans Em vo no te teme J O cercaste de riqueza Dinheiro gado e ouro em p Tire tudo que ele tem E blasfema de te sem d Disse deus toda riqueza De J ta na tua mo Somente na vida dele No toque preste ateno E o satans saiu Pra fazer mal sem razo Aconteceu que um dia Que os filhos de deus estavam Na casa do primognito No banquete festejavam Um dos servos mensageiros As ms noticiam a J davam Disse o mensageiro a J Vieram os Sabeus e levaram

Teus bois e tuas jumentas Os fios de espadas tomaram S eu escapei com vida E aos outros servos os mataram Quando este estava falando Veio o outro e disse assim O fogo de deus caiu Do cu e matou em fim As ovelhas eu escapei Pra dar-te a noticia ruim Estando este falando Outro com noticia nova Os trs bandos dos caldeus Deu em teus servos uma sova E levaram os teus camelos S eu escapei por prova Estando este a falar Outro mensageiro veio E disse estando os teus filhos Com o irmo mais velho sobreveio Grande vento do deserto Fez um rebolio feio Na casa do primognito Coisas tristes aconteceram Estavam bebendo vinho Na hora no perceberam A casa caiu por cima E os seus filhos morreram Disse s eu escapei Para te noticiar J caiu e levantou Rasgou as vestes a chorar Mesmo a sim a deus adorou Sem se cansar de adorar Raspou a sua cabea Sobre a terra se jogou

Disse nu sai do ventre E nu para cova vou E tudo o senhor me deu O senhor mesmo tomou E assim j adorou Ao Deus como estar escrito J no pecou contra ao Deus Disse deus seja bendito E da historia de J Farei um cordel bonito Vindo outro dia que os filhos De deus vieram se apresentar Perante o senhor e o diabo Tambm veio se amostrar Deus perguntou de onde vem Ele comeou falar Vim de rodear a terra E disse deus a satans Observaste meu servo J como ele est em paz Porque ningum h na terra Como J alias Contra ele sem ter causa Havendo tu me incitado E satans respondeu Ao deus com gesto zangado Que pele por pele o homem Pela vida da dobrado Tudo que o homem tem Dar pela sua vida Toque na carne e nos ossos Dele e abra uma ferida Que ele blasfemar Do senhor logo em seguida Disse deus a satans Ele est na tua mo

Poupa porem a sua vida E naquela ocasio Saiu satans da presena De deus para a maldio De uma chaga maligna O satans feriu J Da planta dos ps ao auto Da cabea dava d J ali caiu por terra Com o seu rosto no p J estava feridento Com chagas e pra se coar E com um caco de telha Comeou a se raspar E se jogou sobre as cinza Sem fora pra suportar Ento sua mulher disse O teu deus no te socorre Pra que ser leal a deus Amaldioa-o e morre Ela quis dizer que deus No protege quem lhe recorre J olhando para ela Respondeu na mesma hora Como fala qualquer doida Tu estas falando agora E J fez o desabafo Botando as magoas pra fora Recebemos o bem de deus E no receberamos o mal Com tudo J no pecou Com os lbios e foi leal Hoje difcil um servo Como J especial Ouvindo os trs amigos Sobre o mal que a J foi vindo

Com ele se assentaram E a mesma dor sentindo Sete dias e sete noites No p orando e pedindo Os trs amigos de J Elifaz o Temanita Outro chamado Bildade De sobre nome Suita No posso me esquecer De Zofar o Namanita Foram trs dias e trs noites De jejum e orao Viram que a dor de J era Grande como a imensido Exposto ao sol e a lua Todos jogados no cho A dor de J era grande E o sofrimento seu F-lo amaldioar O dia que ele nasceu S J e Deus sabiam O tanto que J sofreu J na dor fez um pedido Ao Deus grande e soberano Que seu dia no entrassem No calendrio romano E trinta de fevereiro No estar no ms do ano J disse que a escurido Cubra aquela noite e dia Que msica no entre nela S treva angustia e agonia Seja ela solitria Sem prazer e alegria Que escuream as estrelas E a luz do dia no venha

De noite e dia s treva Naquele dia mantenha No calendrio do ano Aquele dia no tenha J se lamentando disse Assim porque eu nasci Na madre de minha me No espirei e morri Desejou no ter nascido Vendo a sua historia eu vi J disse como um aborto No existiria agora Como criana que nunca Da madre saram fora Eu era pra ter morrido Naquela maldita hora Ali o mal no repousa Ali esto os cansados No ouve a voz do exaltor Imvel todos calados Esto pequenos e grandes J falava dos finados Ali servos e escravos Livres esto do senhor J no suportava mais O sofrimento e a dor A dor da lepra era forte Que lhe trazia amargor J disse por que se d A luz ao o miservel E vida aos amargurados De animo e inconsolvel J a deus pediu a morte No sofrer inconfortvel Como um algum que espera A morte e ela no vm

O J se sentia assim Atrs da morte tambm Procurando a sepultura Pra ficar do mundo alem Antes do po o suspiro Em J causava arre peio J abriu a boca e disse O que temia me veio Aconteceu-me aquilo Que eu tinha mais receio Nunca tive descansado Da triste situao Sem sossego e sem repouso Na hora da aflio J disse assim sobre mim Veio a perturbao Disse Elifaz temanita Na hora triste e opaca Eis que ensinaste a muitos Fortificastes a mo fraca E repreendeu a J Como um linguarudo ataca Disse no teu temor Em deus tua confiana Sinceridade no teu Caminho e tua esperana Querendo que J lembrasse O que J tinha em lembrana Lembra-te qual inocente E que j mais pereceu Os sinceros destrudos E J nada respondeu Elifaz continuava Com prejulgamento seu Com hlito de deus perece E com o sopro da sua ira

Consome-se tudo e todos Os seres que aqui respira Elifaz assim falava Como um algum que conspira O bramido do leo Quando brama em alta voz A quebrantam-se os dentes Do leozinho feroz Leo filhote e leoa Ficam dispersos e sem voz Por ventura seria o homem Mais justo que o senhor E porventura o varo Mais puro que o criador J mais algum se compara Ao o deus do esplendor Eis que Deus o criador Nos seus servos no confia Nos anjos encontra loucura Assim Elifaz dizia Quem o homem de p Pra deus confiar um dia A ira destri o louco E o zelo mata o tolo Quanto a mim eu buscaria Ao deus pedindo consolo Porque o mar de deus Tem melhor sabor que bolo Deus faz coisas grandiosas Ningum pode esquadrinhar So tantas as maravilhas No tem quem possa contar Da morte o necessitado S Deus pode lhe livrar Eis que bem aventurado o homem aqum deus castiga

Ferindo a sua mo cura Ele faz a chaga e liga Deus castiga mais pai Protege com mo amiga Em seis angustias o deus forte De todas te livrar E na stima com certeza O mal no te tocar Fome guerra espada e morte S quem nos livra Jeov Disse J se minhas magoas E misrias fossem pesadas Mais que areia dos mares Cresceriam em toneladas Por isso as minhas palavras No foram inconsideradas Que dera que eu cumprisse O desejo que eu espero Se deus me ouvisse me desce Aquilo que tanto quero E acabasse comigo J ali falou sincero J disse assim que seria A sua consolao Disse qual minha fora Pra que eu espere a razo Qual meu fim pra que prolongue Aminha vida e misso Por ventura minha fora Da pedra e a carne de cobre No est em me a ajuda Quem analisa descobre J pedia compaixo Como um miservel pobre J disse a deus ensinai-me Que assim me calarei

Por favor, dai-me a entender. Qual o ponto que errei Como quem tava dizendo Sofrer porque eu no sei A carne de J ficou Podre e criou at bicho Tinha sonhos e assombros E J se achava um lixo O diabo no matou J Mais fez o mal a capricho Bildade estimulou J Buscar deus de madrugada E pedir misericrdia Sem se maldizer de nada Disse o todo poderoso Resolve toda parada Disse nos somos de ontem E de nada nos sabemos Nossos dias como sombras Passaro todos morremos Se acreditarmos em deus Nas batalhas venceremos Deus no o rejeitar Em qualquer ocasio E aqum mal feitor Deus no toma pela mo Deus justo e quem dever Vai sofrer a punio At que de riso encha A boca com o bom humor E os lbios do alegre De honra gloria e louvor Pode para fazer isso S tem deus o redentor Deus grande e sbio em tudo Se ele quiser fazer

Nenhuma de mil palavras Ningum sabe responde Dono de tudo e de todos Deus porque tem poder As coisas grandes de deus Ningum pode esquadrinhar As maravilhas so tantas No tem quem possa contar Os que com deus contenderam Eu no vi um escapar Disse J assim Deus passa Perto de mim e no vejo Passa prximo e eu no sinto Com seu poder benfazejo De se livrar da doena J tinha um grande desejo No v como o homem v Porque contende comigo Lembre-se que tu me formaste De barro e p assim digo E J pensava que Deus Tava lhe dando castigo Palavras que na serve Razes que no tem valor Deus no confia em seus santos Disse Elifaz sem temor Que nem os cus esto puros Aos olhos do senhor Doente e abandonado Numa hora muito ruim Meus parentes me deixaram J se lamentava assim At os meus conhecidos Esqueceu-se de mim Tornaram-se contra a mim Aqueles que eu amava

Meu bafo se fez estranho Eu nem ningum suportvamos E J ali se queixando Da situao que estava Os ossos pegados pele De J s se via os dentes Mesmo sofrendo dizia Com as palavras decentes Sei que meu redentor vive E me faz um dos viventes J disse assim quem me dera Ser como fui no passado Naqueles meses e dias Que pro deus era lembrado E Deus cuidava de mim Guardando-me bem guardado Tempo que os meus meninos Estavam todos comigo Como deus tambm estava Comigo e era mais que amigo E sem Deus e a famlia Como grande o meu castigo Ajudei ao miservel E aos rfos que clamavam Com azeite em abundancia Em manteiga os ps lavavam Eu era os olhos dos cegos E os ps dos que no andavam Famintos necessitados A todos J da mo J ajudou muitos pobres gua leite roupa e po Do seu passado feliz J tinha recordao No estado miservel Que caiu J disse assim

Os de menos idade que eu Agora zombam de mim O sofrimento de J Parecia no ter fim Acusaes e defesas Seus trs amigos faziam Elifaz Bildade e Zofar Eli todos diziam Acusando e respondendo Assim J lhes respondiam J perguntava e Deus Respondeu-lhe com carinho Deus deu a resposta a J Veio no redemoinho Na hora que J estava Se sentindo to sozinho J respondeu ao senhor J bastante arrependido No p e tambm na cinza J tinha reconhecido Que nem um dos pensamentos De deus seria impedido Falei do que no sabia J ao senhor respondeu Aps Deus falar com J Outra hora sucedeu Deus disse a elifaz contra te Minha ira se acendeu E contra seus dois amigos Deus no queria ter d S porque eles disseram Serem mais retos que J E J pelos seus amigos Orou com rosto no p Tomai, pois sete bezerros. E sete carneiros agora

Ide ao meu servo J Para ele sem demora Oferecer holocausto Meu servo por vocs ora Ento foram Elifaz O Temanita e bildade O Suita e Zofar O Namatita verdade Fizeram o que deus lhes dissera Naquela oportunidade E enquanto J orava Por amigo e companheiro O senhor olhou pra J E virou seu cativeiro Deus deu tudo a J em dobro Fazenda gado e dinheiro E tudo que tinha antes J tinha agora dobrado Seus irmos davam presentes Ouro dinheiro e gado Os amigos condoeram E J por deus foi curado O ultimo estado de J Foi mais rico que o primeiro Com catorze mil ovelhas Seis mil camelos e dinheiro Mil juntas de bois e jumentas No curral do seu terreiro J teve mais sete filhos E trs filhas de estima A sua primeira filha Ele chamou de Jemima A segunda Quezia e a terceira Qurem Hapuque me anima Em toda terra no se achava Mulheres lindas e formosas

Como as filhas de J Eram beldades formosas E se no fossem trs flores Com certeza eram trs rosas Depois disto viveu J Mais cento e quarenta anos Viu os filhos dos seus filhos Deixou herana e planos E morreu farto de dias Alegre sem desenganos O cordel da vida de J Eu escrevi resumido Voc s vai entender Se ler o cordel bem lido Do homem que sofreu tanto Venceu e no foi vencido

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