07-Trabalho e Energia Mecânica

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ENERGIA MECNICA

1. Introduo
Nos captulos anteriores, estudamos problemas que podiam ser resolvidos com a aplicao das leis de Newton. Nessas situaes, a acelerao escalar dos corpos se apresentava constante e os demais clculos decorrentes foram resolvidos com as frmulas do MUV. Em muitos casos, a acelerao varivel e as frmulas utilizadas at aqui no so mais vlidas. Vrias dessas questes so resolvidas com base nos conceitos de trabalho e energia que sero estudados a seguir.

2. Trabalho de uma fora constante


Consideremos uma fora F , cujo ponto de aplicao se desloca de A para B, sendo d o vetor deslocamento corres pondente. Seja o ngulo formado entre os vetores F e d . Define-se trabalho da fora F no deslocamento d pela frmula: F d cos F O trabalho uma grandeza escalar. Em funo do ngulo , o trabalho pode ser positivo, neA B d gativo ou nulo.
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Captulo 8

F A d B

F A d B

F A

d B

0 90 0 trabalho motor

90 0 trabalho nulo

90 180 0 trabalho resistente

Quando o trabalho positivo, devemos cham-lo motor ; quando negativo, resistente ; quando a fora F for perpendi cular ao deslocamento d , o trabalho da fora F ser nulo . No SI, a unidade de trabalho o joule (J). 1J1Nm E x e mp l o s
a) Um homem arrasta uma mesa aplicando uma fora de intensidade 250 N utilizando uma corda, que forma um ngulo de 60 com a horizontal. Qual ser o trabalho da fora para um percurso de 8 m?

Soluo
250 8 cos 60 1.000 J
F 60

O trabalho desta fora motor. 98


Captulo 8

b) Uma pea desliza sobre uma superfcie plana e sofre a ao de uma fora de atrito de intensidade 2 N. Qual ser o trabalho da fora de atrito para um deslocamento de 2 m?

Soluo
Fat

2 2 cos 180 4 J

O trabalho dessa fora resistente. c) Qual o trabalho necessrio para erguer uma carga de 200 kg a 2 m m de altura? Considere g 9,8 2 . s Soluo Os vetores fora aplicada e deslocamento tm mesmo sentido e direo; logo, o ngulo entre os vetores nulo. m g d cos (200 9,8) 2 cos 0 3.920 J

3. Trabalho de uma fora qualquer


J vimos que o trabalho de uma fora F no deslocamento d vale F d cos . Considere a figura a seguir, onde a componente F t da for a F na direo do deslocamento d denominada componente tangencial . Assim, o trabalho da for a F no deslocamento de finido pelo vetor d pode ser escrito como: Ft d
origem F Ft d A

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Captulo 8

No caso de uma fora varivel, o clculo do trabalho pode ser feito pelo mtodo grfico. Considere o grfico cartesiano da fora tangencial Ft em funo da posio x ao longo do deslocamento. O trabalho da for a F entre duas posies A e B quaisquer numericamente igual rea determinada entre a curva e o eixo horizontal. E x e mp l o

Ft

A O A d B x

A | | (numericamente)

a) Uma composio ferroviria se desloca sob a ao de uma fora motriz, conforme o grfico a seguir. Determine o trabalho total da fora motriz no trecho de 0 a 1.200 m.
F(N) 2,0 106 1.100 200 400 600 800 1.000 1.200 x (m)

4,0 106

Soluo
Para x entre 0 e 200 m, temos: 200 2, 0 10 6 2,0 10 8 J A1 2 Para x entre 200 e 1.000 m, temos MU; logo, o trabalho nulo. Para x entre 1.000 e 1.100 m, temos: 100 (4, 0 10 6 ) A2 2,0 10 8 J 2 100
Captulo 8

Para x entre 1.100 e 1.200 m, temos: A 3 100 ( 4,0 10 6) 4,0 10 8 Portanto, o trabalho da fora motriz no trecho de 0 a 1.200 m dado por: A1 A2 A3 2,0 10 8 ( 2,0 10 8) ( 4,0 10 8) 4,0 10 8 J

4. Trabalho de uma fora elstica


A deformao de uma mola dita elstica quando, retirada a ao da fora que produziu a deformao, ela volta posio inicial. Nessas condies, aplicando-se uma fora F , a mola responde com uma fora reativa dita elstica Fel. , que se ope deformao, tendendo a trazer a mola para a posio inicial. Pela lei de Hooke, temos: F el. k x onde k a constante elstica da mola. A unidade de k no SI
N . m Sendo a intensidade da fora elstica varivel, o trabalho calculado pelo mtodo grfico:
fora F
situao inicial F F

A 0 x deslocamento

Calculando a rea A, temos:

k x2 2
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Captulo 8

O trabalho da fora motor quando restitui a mola posio inicial, e resistente quando a mola alongada ou comprimida pela ao de outra fora. E x e mp l o s
a) Uma mola tem k 150

N . O comprimento natural da mola m 0,25 m. Determine o trabalho da fora elstica quando a mola alongada at o comprimento 0,35 m.

Soluo 150 (0,10) 2 0,75 J , trabalho resistente 2


b) Supondo que da mola do exerccio anterior seja retirada a ao da fora que a alongou, qual ser o trabalho da fora elstica que a restitui ao comprimento original?

Soluo
0,75 J , trabalho motor

5. Potncia

Consideremos uma fora F que realiza um trabalho em um intervalo de tempo t. Define-se potncia mdia P m da fora F , no intervalo de tempo t, como a relao entre o trabalho e o intervalo de tempo,
t Outra maneira de representar a potncia mdia a seguinte: Fd Pm Pm F vm t t Pm

No SI, a potncia medida em watt (W): J 1W1 s O mltiplo quilowatt (kW) muito usado na prtica: 1 kW 1.000 W 10 3 W
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Captulo 8

Em um grfico cartesiano da potncia em funo do tempo, a rea da figura formada entre a curva da potncia e o eixo dos tempos numericamente igual ao valor absoluto do trabalho realizado. Esta propriedade vale para potncias constantes ou no, ao longo do tempo. E x e mp l o s
a) Calcule a potncia mdia de uma fora que realiza um trabalho de 2.000 J em 40 s.

Soluo
Pm

2.000 P m 50 W 40 t
P (w) 100

b) Um corpo sobe um plano inclinado sem atrito, puxado por uma for a F paralela ao plano. A potncia da fora em funo do tempo dada pelo grfico ao lado. Determine o trabalho realizado pela fora no intervalo de tempo 30 s.

Soluo

10

30

t (s)

Considere A, a rea formada pela figura entre a curva representativa da fora e o eixo dos tempos. 100 20 A , A 100 10 2.500 J 2

1. (UFSC) Um homem ergue um bloco de 100 N a uma altura de 2,0 m em 4,0 s, com velocidade constante. Qual a potncia, em watts, desenvolvida pelo homem? 2. Um motor de 50 kW de potncia aciona um veculo durante uma hora. O trabalho desenvolvido pelo motor de: a) 5 kW b) 50 kW c) 5 10 4 J d) 1,8 10 5 J 103
Captulo 8

e) 1,8 10 8 J

3. (UFSE) Um balde cheio dgua deslocado para cima, em movi mento vertical, por uma fora resultante F , cuja intensidade varia com o deslocamento, conforme o grfico abaixo:
F (N)

4 2 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 E (dm)

Durante o deslocamento de zero dm a 10,5 dm, o trabalho executado pela fora que atua sobre o balde, , em joules, igual a: a) 28 b) 19 c) 14 d) 2,8 e) 1,4

6. Energia
Energia o trabalho que pode ser obtido de um sistema. A energia pode ser classificada em vrios tipos. Em mecnica, temos a energia cintica, que associada ao movimento do corpo, e a energia potencial, que associada posio que o corpo ocupa em relao a um referencial. Se um corpo est em repouso a uma altura h qualquer, ele possui energia potencial; ao ser abandonado, essa energia se transforma em energia cintica, de movimento. A unidade de energia a mesma do trabalho.

7. Conservao da energia
A energia nunca criada ou destruda. Ela se transforma de um tipo em outro ou outros. Em um sistema isolado, o total de energia existente antes de uma transformao igual ao total de energia obtido depois da transformao. Esse o chamado princpio de conservao da energia .
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Captulo 8

Uma pilha transforma energia qumica em eltrica; um motor a combusto, energia qumica em mecnica; um freio, energia mecnica em trmica etc.

8. Energia cintica
A energia cintica a energia associada a um corpo em movimento. Sendo m a massa do corpo e v sua velocidade num determinado instante, a energia cintica do corpo dada por: 1 Ec m v2 2 A Hidreletricidade A hidreletricidade a energia gerada a partir do aproveitamento da energia mecnica de grandes pores de gua, o que pode ser observado no esquema a seguir.

Nesse caso, em particular, temos a energia potencial gravitacional da gua acumulada na represa sendo transformada em energia cintica medida que ela conduzida pelo duto at a turbina. Atualmente, a maior usina hidreltrica do mundo a de Itaipu, no Rio Paran.
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Captulo 8

8.1. Teorema da energia cintica


O trabalho da fora resultante sobre um corpo num determinado deslocamento igual variao da energia cintica do corpo neste deslocamento. Se o corpo se moveu do ponto A para o ponto B e a fora resultante realizou um trabalho neste deslocamento, temos: E cB E cA E x e mp l o s
a) Um corpo de massa m 5 kg desloca-se com velocidade inicial de m . Sob a ao de uma fora, sua velocidade passa a 50 m/s. 20 s Determine o trabalho realizado por essa fora durante o tempo de sua atuao.

Soluo
E cB E c A 5.250 J
F (N)

1 1 5 50 2 5 20 2 2 2

b) O grfico ao lado representa a ao de uma fora sobre um corpo de massa 3 kg que se move em linha reta. Na posio S 0, ele est em repouso. Calcule sua velocidade em S 20 m.

3 2 1 1 2 3 5 10 15 20 S (m)

Soluo

O trabalho total ser a soma das reas no grfico. Logo: 25 25 A T 20 20 J A T 2 10 2 2 E c E c 20


2 1

1 1 3 v2 3 02 2 2

v 3,6 106
Captulo 8

m s

9. Foras conservativas
Fora conservativa aquela cujo trabalho depende unicamente dos pontos de partida e chegada, independentemente da trajetria realizada entre os pontos. Como exemplo de foras conservativas, temos a fora gravitacional (peso), a fora elstica e a fora eltrica.

10. Energia potencial


Consideremos um corpo sob a ao de uma fora conser vativa F , posicionado em um ponto A. Um outro ponto, O, considerado referencial para a medida da energia potencial; logo, no ponto O a energia potencial nula. Caso o corpo se desloque de A at O, haver um trabalho realizado pela for a F . Assim, o trabalho que se pode obter depende de A. Dependendo do ponto onde o corpo se encontra, a fora conservativa poder realizar mais ou menos trabalho, tomando O como referencial. O trabalho que fica armazenado no sistema, enquanto o corpo est na posio A, denomina-se energia potencial .

10.1. Energia potencial gravitacional


Consideremos o trabalho da fora peso na figura abaixo.
m A v0 0

h B

Na posio A, o corpo no possui energia cintica, e sim a capacidade potencial de t-la. Dessa maneira, na posio A o corpo tem uma energia, relacionada sua posio, ainda no
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Captulo 8

transformada em cintica. Ela chamada de energia potencial gravitaciona l e medida pelo trabalho realizado pelo peso quando o corpo passa da posio A para a posio B: Ep m g h

10.2. Energia potencial elstica


Uma mola apresenta um comprimento natural. Comprimida por uma fora F , sofre uma deformao x. O trabalho realizado para deformar a mola dado por:
k x2 2

Este trabalho representa a energia potencial armazenada na mola. Tomando como referncia a mola em sua posio natural, temos:

k x2 Ep 2
E x e mp l o s
a) Uma caixa dgua localizada no dcimo andar de um prdio est a 32 m de altura. Quando cheia, a caixa tem 4.500 de gua. Calcule a energia potencial da poro de gua em relao ao solo.

Soluo
E p m g h E p 4,5 10 3 10 32 E p 1,44 10 6 J b) Distendendo uma mola de constante elstica k 80

N em 5 cm, m qual ser o valor da energia potencial elstica armazenada por essa mola?

Soluo
80 ( 0 , 05) 2 k x2 Ep Ep E p 1,0 10 1 J 2 2 108
Captulo 8

11. Sistemas conservativos


Quando nos referimos a um sistema, estamos falando de uma poro do Universo que est sob observao. Os sistemas em questo so conjuntos de corpos que interagem entre si. Nos sistemas conservativos , somente foras conservativas realizam trabalho. Nesse tipo de sistema, toda a diminuio de energia potencial corresponde a um aumento de energia cintica, e vice-versa. Dessa maneira, a soma da energia cintica com a energia potencial constante. Chamamos de energia mecnica a soma da energia cintica com a energia potencial de um determinado corpo. Em Ec Ep Em um sistema conservativo, a energia mecnica sempre constante. E x e mp l o s
a) Na montanha-russa esquematizada abaixo, o carrinho parte do repouso no ponto A. Determine a velocidade do carrinho nos pontos m B e C. Dados: g 10 2 , h 1 25 m e h 2 10 m. Considere o siss tema conservativo.
A C h1 B h2

Soluo vA 0 Em Ec Ep Em Ep m g h1
2 m vB B B B 2 m v B2 2g h 1 2 10 25 v B 22,4 s 2 m v 500 10 10 c v c 17,3 s 2 2

Em Em
A

Em Ec Ep 0 m g h1

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Captulo 8

b) Uma esfera lanada verticalmente para cima, com velocim a partir do pondade de 3,0 s to A, como indica a figura ao lado. Considere o sistema conserm vativo e g 10 2 . Qual ser a s altura atingida pela esfera?

h 3,0 m/s A

Soluo
E mB E m A , v A 3,0

m , vB 0 s

E mB E pB m g h E m A E c A
2 m vA vA 3, 0 2 h h m g h 2 2g 2 10 2

h 0,45 m c) Um corpo de massa m atinge uma mola com velocidade v, como mostra a figura ao lado. Determine a deformao da mola at o corpo parar. O sistema conservativo para a constante elstica da mola k.

Soluo
Situao A inicial, Situao B final, v 0 e mola comprimida

E cA E p A E c B E pB E c A E pB
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Captulo 8

m v2 k x2 2 2
m k

4. (UFRRJ) Um goleiro chuta uma bola que descreve um arco de parbola, como mostra a figura ao lado. No ponto em que a bola atinge sua altura mxima, pode-se afirmar que: a) a energia potencial mxima; b) a energia mecnica nula; c) a energia cintica nula; d) a energia cintica mxima. e) nada se pode afirmar sobre as energias, pois no conhecemos a massa da bola. 5. Qual ser o trabalho realizado por uma fora que age em um corm po de massa 2,0 kg, que teve sua velocidade alterada de 1,0 s m para 5,0 ? s a) 4,0 J b) 8,0 J c) 26,0 J d) 12,0 J e) 24,0 J 6. (Unesp-SP) Um bloco de madeira de massa 0,40 kg, mantido em repouso sobre uma superfcie plana, horizontal e perfeitamente lisa, est comprimindo uma mola contra uma parede rgida, como mostra a figura. Quando o sistema liberado, a mola se distende, impulsiona o bloco e este adquire, ao abandon-la, uma velocidade final de m 2,0 . Determine o trabalho da fora exercida pela mola, ao se s distender completamente: a) sobre o bloco; b) sobre a parede. 111
Captulo 8

7. (Cesgranrio-RJ) Trs corpos idnticos de massa M deslocam-se entre dois nveis, como mostra a figura: A caindo livremente, B deslizando ao longo de um tobog e C descendo uma rampa, sendo que em todos os movimentos, as foras dissipativas podem ser desprezadas. Com relao ao trabalho (W) realizado pela fora peso dos corpos, pode-se afirmar que:
C A B

a) W C W B W A b) W C W B W A c) W C W B W A

d) W C W B W A e) W C W B W A

8. Na figura, representamos uma pista em que o trecho final ABC um arco de circunferncia. Larga-se o carrinho no topo da pista. m Admitindo-se g 9,8 2 e a massa do carrinho 1 kg, determine: s
B 0,1 m

a) a energia cintica no ponto A; b) o trabalho realizado pelo peso no percurso de A at B. 9. (UFPI) Ao colidir com uma mola ideal de constante elstica k 100

N , m em repouso, sobre uma superfcie horizontal, um corpo de massa igual m a 2 kg possui velocidade de 4 . Aps comprimir a mola em 50 cm, s

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Captulo 8

0,4 m

m sua velocidade reduzida para 1 . Supondo speras as superfcies s m de contato e g 10 2 , o valor do coeficiente de atrito cintico entre s as partes em contato corresponde a:
V0 4,0 m/s

x0

V 1,0 m/s

x 50 cm

a) 0,25

b) 0,30

c) 0,35

d) 0,40

e) 0,60

10. (UFMG) Um esquiador de massa m 70 kg parte do ponto P e desce pela rampa mostrada abaixo. Suponha que as perdas de m energia por atrito sejam desprezveis e considere g 10 2 . s
P

5,0 m

A energia cintica e a velocidade do esquiador quando ele passa pelo ponto Q, que est 5,0 m abaixo do ponto P, so, respectivamente: m m a) 50 J e 15 d) 3.500 J e 10 s s m m b) 350 J e 5,0 e) 3.500 J e 20 s s m c) 700 J e 10 s 113
Captulo 8

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