Melhores Praticas CCR Parte 1

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CONSTRUTORA NORBERTO ODEBRECHT SA

REA DE ENERGIA DS HENRIQUE VALLADARES

CONCRETO COMPACTADO COM ROLO CONCRETO ROLADO ROLLCRETE CCR

MELHORES PRTICAS

Relator: Fernando Dias Resende

NOVEMBRO DE 2005 Verso 01

CONCRETO ROLADO

INDICE 1 - INTRODUO 2 - UM POUCO DE HISTRIA 3 - ALGUNS ASPECTOS SOBRE PROJETO DE BARRAGENS EM CCR 3.1 - ESTABILIDADE 3.2 - DURABILIDADE 3.3 - BARRAGEM VERTEDOURO 4 - MATERIAIS 4.1 - AGLOMERANTES 4.1.1 - Cimento 4.1.2 - Material Pozolnico 4.1.3 - Escoria de Alto Forno 4.1.4 - Sobre o Emprego das Adies 4.1.5 - O Cartel dos Aglomerantes (Cimento & Adies) 4.2 - AGREGADOS 4.2.1 - Aptido 4.2.2 - Tamanho Mximo e Fracionamento 4.2.3 - Agregados Midos e Fillers 4.3 - AGUA E ADITIVOS 4.4 - DOSAGEM 5 - EQUIPAMENTOS E METODOS CONSTRUTIVOS 5.1 - PRODUO DE AGREGADOS 5.1.1 - Centrais de Britagem 5.1.2 - Britagem Primria 5.1.3 - Britagem Secundria 5.1.4 - Britagem Terciria e Quaternria; Produo de Fillers 5.1.5 - Rejeitos de Estoques e Pedreiras - Grizzly 5.1.6 - Controle de Qualidade 5.2 - PRODUO DE CONCRETO 5.2.1 - Centrais Intermitentes Convencionais 5.2.2 - Centrais Contnuas (Pugmill ) 5.2.3 - Controle de Qualidade
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5.3 - TRANSPORTE 5.3.1 - Transporte por Caminhes 5.3.2 - Transporte por Correias 5.3.3 - Transporte por Gravidade - Chutes 5.3.4 - Transporte por Gravidade Vacum Chutes 5.4 - LANAMENTO E COMPACTAO 5.4.1 - Procedimentos Repetitivos - Timming 5.4.2 - Lanamento em Camadas Horizontais (Camada Estendida) 5.4.3 - Mtodo Chins Rampado 5.4.4 - CCR Enriquecido 5.4.5 - Juntas de Contrao 5.4.5.1 - Veda-Juntas e Drenos 5.4.5.2 - Juntas com Gabarito e Lona Plstica 5.4.5.3 - Juntas Inseridas 5.4.6 - Arremates 5.4.7 - Cura e Limpeza 5.4.8 - Controle de Qualidade 5.4.9 - Perdas 5.5 - FRMAS 5.5.1 - Frmas Trepantes 5.5.2 - Frmas Deslizantes 5.5.3 - Placas Pr-Moldadas e Membrana Interna 5.5.4 - Paramento com Membrana Externa 5.5.5 - Galerias e Shafts 5.5.6 - Frma Metlica Desmontvel 5.5.7 - Pr-moldado Temporrio 5.5.8 - Concreto E xtrudado 6 - OUTRAS APLICAES DO CCR 6.1 - Estruturas Galgveis 6.2 - Concreto de Enchimento 6.3 - Ensecadeira Mista 7 - BIBLIOGRAFIA

1 - INTRODUO
Este trabalho procura consolidar a experincia adquirida pela Odebrecht na construo de obras em concreto rolado, propiciando uma consulta rpida sobre os diversos temas envolvidos na aplicao deste mtodo construtivo. A tabela a seguir apresenta os empreendimentos em concreto rolado realizados pela Odebrecht at o ano de 2005:
Barragem Ponto Novo Cana Brava Picada Nova Olinda Belo Jardim Lajeado Peixe Capanda Miel I Pinalito Localizao Bahia Gois Minas Gerais Paraba Pernambuco Tocantins Tocantins Angola Colmbia Rep. Dominicana Altura 33 68 30 56 30 39 50 110 192 50 Volume CCR 75.000 357.000 9.920 138.000 65.000 400.000 450.000 693.000 1.664.000 85.000 Volume CCV 25.000 150.000 4.300 8.000 800.000 (*) 590.000 (*) 150.000 107.000 6.000

(*) Inclui CCV para outras estruturas do empreendimento.

Muito do que est apresentado fruto da experincia do relator na peleja diria para construo da barragem de Capanda e em aplicaes secundrias de CCR na UHE It, no AHE Itapebi e na UHE Irap. Contem ainda o conhecimento adquirido na convivncia com colegas da Empresa e Consultores externos, alm de livros, publicaes, encontros tcnicos e visitas a obras. O relator agradece a ajuda recebida de diversos colegas pelo envio de informaes e material tcnico de diversas obras, imprescindveis para a realizao desta compilao de informaes, nominalmente: Miel I: Erlon Arfelly, Sandra Reyes, Sergio Dorado e Hailton Nbrega; Cana Brava: Antonio Sergio Barbin, Sultan Mattar e Ailton Cravo; Picada: Ailton Cravo, Prof. Jose Eduardo e Walter Ajeje; Peixe: Alexandre Higa; Lajeado: Antonio Brasileiro Gomes; Ciaden: Olindina, Georgelandia e Amauri; Francisco Rodrigues Andriolo; Joo Bosco Moreira do Carmo; Ricardo Mazzutti.

2 - UM POUCO DE HISTRIA
O termo concreto compactado com rolo - CCR, ou simplesmente concreto rolado, refere-se a tcnica de construo que combina as vantagens dos processos construtivos de terraplenagem com as excelentes propriedades do concreto, como resistncia e durabilidade. Quando produzido continuamente, possibilita economizar tempo e custos na construo de estruturas massivas e pavimentos. As primeiras aplicaes do concreto rolado ocorreram no Reino Unido na dcada 1940, onde o material na poca denominado concreto magro seco foi amplamente utilizado como base de pavimentos de estradas e aeroportos, em espessuras da ordem de 15 a 25 cm, sobre a qual era aplicada a capa betuminosa. No Brasil, tem-se registro da aplicao desta tcnica em 1950 nas obras de pavimentao do Aeroporto de Congonhas, Figura 01.

Figura 1: Aplicao de CCR em pavimentao. Aeroporto de Congonhas - SP, 1950.

Este material de construo tornou-se popular por diversos fatores, principalmente pela simplicidade na produo, no transporte, no lanamento e no adensamento, no exigindo equipamentos nem instalaes especficas. O trao continha baixo teor de cimento (100 a 120 kg/m3), e envolvia o uso dos mesmos agregados limpos e lavados utilizados em concreto convencional. A quantidade de gua era determinada de modo a obter uma consistncia seca ( no-slump), permitindo o adequado suporte ao trfego dos equipamentos de terraplenagem. O fato de que material era aplicado sem juntas de contrao, resultou, em contrapartida, na principal deficincia de performance do pavimento, que era a ocorrncia de trincas transversais. Entre 1960-1961 ocorreu a primeira aplicao de concreto rolado em barragens, na realidade na construo do ncleo de uma ensecadeira para a barragem de Shihmen, em Taiwan. O trao do concreto apresentava teor de cimento de 107 kg/m3 e empregava os mesmos agregados e equipamentos utilizados na produo do concreto convencional. A mistura, de consistncia no-slump, era transportada em caminhes caamba, espalhada e compactada em camadas de 30 cm com trator de esteiras tipo Cat D8. Na dosagem do trao determinou-se a
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quantidade de gua como sendo aquela correspondente umidade tima segundo o ensaio de compactao pelo mtodo de Proctor Modificado. Um evento marcante no desenvolvimento de novos mtodos de execuo de barragens de concreto ocorreu na construo da barragem de Alpe Gera na Itlia, com 172 metros de altura, entre 1961 e 1964. Foi empregado concreto magro, e, embora no tenha sido rolado, era lanado em camadas de 70 cm de espessura de um lado a outro no vale, evitando a construo convencional em monolitos (ou blocos). O adensamento foi efetuado com bancos de vibradores de imerso montados na lana de escavadeiras, e as juntas de contrao eram posteriormente cortadas a cada camada aps o incio da pega do concreto. A impermeabilidade desta barragem foi proporcionada por chapas de ao cobrindo toda a face de montante. Esta mesma tcnica foi utilizada em seguida na construo da Barragem de Quaira Della Miniera, tambm na Itlia. Na dcada de 70 foram desenvolvidas importantes pesquisas sobre o uso de concreto rolado em barragens. Aterros experimentais foram executados e relatados nos EUA por Cannon, no Reino Unido por Dustan, e no Japo por Kokubu. Outro marco importante do desenvolvimento do concreto rolado foram os servios de reabilitao na barragem de Tarbela - Paquisto na dcada de 70. Foram empregados cerca de 2,5 milhes de m3 de CCR, com teores de cimento de 110 a 134 kg/m3. Os agregados foram obtidos de seixo rolado natural, com tamanho mximo de 150 mm e divididos em duas fraes, com corte na peneira de 19mm. Os finos no agregado atingiram 10% passando na malha no 200. Em Tarbela foi aplicado pela primeira vez o procedimento que se consolidaria na dcada seguinte: O concreto foi produzido em misturadores contnuos (pug-mill ), transportados em caminhes caamba, espalhados com tratores de esteira e compactados com rolos vibratrios. No Brasil, a primeira aplicao de CCR em obras hidrulicas foi na UHE So Simo em 1977, destacando-se o enchimento das adufas de desvio, em camadas de 50 cm, com volume da ordem de 20.000 m3. Em 1978 foram aplicados cerca de 26.000 m3 de CCR em uma rampa de acesso para a estrutura de desvio da UHE Itaip. Em 1982, foram aplicados cerca de 12.000 m3 de CCR no muro de gravidade direito da eclusa da UHE Tucuru. Em 1984 foram aplicados cerca de 14.600 m3 de CCR como enchimento para modificao do perfil hidrulico da calha do vertedouro da UHE Trs Marias. Estas aplicaes iniciais de CCR no Brasil e respectivos aterros experimentais propiciaram nossos primeiros estudos nesta tcnica construtiva, permitindo verificar metodologias e equipamentos de construo, dosagem de traos, bem como determinao das principais propriedades do concreto, como resistncia, permeabilidade, densidade e parmetros trmicos.

No inicio da dcada de 80 o emprego do CCR generalizou-se no mundo, destacando-se como pioneiras as barragens de Shimajigawa no Japo e Willow Creek nos EUA. No Brasil, a tcnica do concreto rolado foi definitivamente estabelecida em 1986 com a construo da Barragem de Saco de Nova Olinda pela Odebrecht. Com 56 m de altura, foi nossa primeira barragem especificamente projetada tendo em vista esta tcnica construtiva. No desenvolvimento do seu projeto contou-se com a assessoria do consultor americano Ernest Schrader, envolvido na construo de diversas barragens norte-americanas em CCR. Figura 02.

Figura 02: Saco de Nova Olinda, 56 m a primeira barragem em CCR da Amrica do Sul.

Seu volume de 138.000 m3 foi aplicado num perodo de apenas 110 dias, com pico de produo de 2.500 m3/dia. O mtodo de construo utilizado foi amplamente divulgado e diversos trabalhos tcnicos sobre a barragem foram publicados no Brasil e no exterior. A simplicidade do mtodo construtivo e seu potencial tornaram-se bvios: Uma usina de solos tipo pugmill foi adaptada para misturar o concreto; caminhes caamba comuns (4 a 6 m3) para transporte do material; espalhamento e compactao com equipamentos usuais de terraplenagem; e frmas muito simples nos paramentos. O trao de CCR apresentava 70 kg/m3 de cimento pozolnico, e o teor de finos da mistura de agregados foi ajustada com a adio de silte natural. Aps Nova Olinda, o pouco de ceticismo que pairava em determinadas faces do meio tcnico brasileiro quanto a viabilidade tcnica do CCR foi dissipada. Seu custo, da ordem de US$ 40/m3 , mostrou-se extremamente competitivo . Diversos empreendimentos foram reavaliados economicamente, considerando o CCR comparativamente as outras alternativas construtivas. Desde ento a Odebrecht vem se destacado em importantes projetos em CCR, destacando-se a Barragem de Capanda em Angola, no inicio dos anos 90, com notvel contribuio na tecnologia dos materiais de construo, e a Barragem Miel I na Colmbia, concluda em 2002 e at o momento ainda a mais alta do mundo em CCR, onde foram empregados conceitos de projeto e mtodos construtivos de ultima gerao.

Figura 03 Barragem de Capanda Angola, 110 m de altura e 1.420 m de extenso.

Figura 04. Barragem de Miel I Colmbia, 192 m de altura.

Alguns recordes em CCR: No Mundo: Barragem mais alta j construda:........ Barragens mais altas em projeto:......... Maior volume:...................................... Maior nmero de barragens:............... Menor consumo de aglomerante:....... Velocidade de construo nos EUA:.. Maior pico de produo nos EUA:...... Miel I - Colmbia (192 m) Pancheshwar Nepal/ndia (310 m) Longtan - China (197 m - 217 m) Miel I - Colmbia (1.664.000 m3) China (70) Urugua- - Argentina (60 kg/m3) Olivenhain (94 m em 7 meses) Olivenhain (225.125 m3/ms)

Figura 05: Barragem de Olivenhain, com 778 m de comprimento EUA.

No Brasil: Barragem mais alta:........................ Maior volume:.................................. Menor consumo de aglomerante:.... Maior velocidade de construo:..... Jordo (95 m) Santa Cruz do Apodi (1.063.000 m3 ) Gameleira (65 kg/m3) Nova Olinda (130.000 m3 em 110 dias)

Figura 06: Barragem de Santa Cruz do Apodi, com 1.660 m de comprimento RN.

3 ALGUNS ASPECTOS SOBRE PROJETO DE BARRAGENS EM CONCRETO ROLADO


Entende-se por estruturas de gravidade, tambm ditas massivas, aquelas onde os esforos atuantes so basicamente de compresso. Subentende-se tambm que tais esforos sejam suportveis pelo concreto sem necessidade de armaduras, que no entanto podero ser necessrias apenas prximo s frmas e elementos vazados (armaduras de pele), com objetivo de reduzir a fissurao e aumentar a durabilidade. Qualquer estrutura de concreto massiva com comprimento e largura suficiente para acomodar uma patrulha de equipamentos de terraplenagem pode ser construda pela tcnica do concreto rolado. Evidentemente, estruturas menores e armadas somente so factveis de serem construdas com materiais moldveis, como o concreto convencional plstico. O uso de rolos vibratrios para compactar o concreto no lugar de vibradores de imerso no afeta os conceitos gerais de estabilidade e dimensionamento de estruturas massivas, como barragens. Resumidamente, o CCR no uma tcnica de projeto, um mtodo de construo. O projetista, ao tomar vantagem dos ganhos de escala permitidos pelo concreto rolado, deve ser prudente ao balancear as redues de custo com os requisitos tcnicos. Os padres de qualidade e segurana para as barragens de concreto rolado devem ser os mesmos correntemente consagrados para barragens similares em concreto convencional. sua poca, a barragem de Willow Creek (Figura 07) se tornou emblemtica pelas ousadas simplificaes de projeto, as quais resultaram em elevadas infiltraes e cujas aes seqenciais para reparo infelizmente contriburam na demora da aceitao do CCR em obras de maior responsabilidade. A barragem foi zoneada quanto ao teor de aglomerante, que variou de 104 kg/m3 montante, 67 kg/m3 no ncleo e 151 kg/m3 jusante. No foram previstas juntas de contrao. O enchimento do reservatrio foi iniciado em 1982, numa primeira etapa at a metade da sua altura total. Infiltraes foram detectadas em fissuras e nas juntas entre camadas, que somaram 189 l/s para uma coluna dgua de 14,7 m. Dois meses depois a vazo total percolada era da ordem de 150 l/s. O proprietrio e projetista de Willow Creek (Corps of Enginners) decidiu reduzir a coluna dgua no reservatrio para cerca de 10 m e efetuar injees qumicas nas juntas entre camadas a partir do paramento de montante, o que no surtiu efeito. Iniciou-se em seguida um programa de injeo de calda de cimento, ao fim do qual (inicio de 1984) o reservatrio foi elevado cota anterior, onde as infiltraes foram medidas em 8,5 l/s. Em seguida a altura do reservatrio foi elevada para 28,9 m e as infiltraes medidas sob este nvel foram as seguintes: 128 l/s logo aps o enchimento;

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29,3 l/s aps o primeiro ano; 21,5 l/s aps o segundo ano; 15,9 l/s aps o terceiro ano; 6,5 l/s aps o quinto ano (final de 1989).

Figura 07: Barragem de Willow Creek, 52 m - EUA.

A percolao foi atribuda aos vazios nas juntas de contato entre as camadas, no tratadas, sendo constatado que a pequena faixa de 30 cm concreto de bero junto ao paramento montante no foi eficaz. A reduo da percolao ao longo do tempo foi atribuda a colmatao por silte e argila e a calcificao, alm do programa de injees. Devido as atividades agrcolas prximas, o reservatrio de Willow Creek ficou repleto de algas, cuja decomposio criou gases - metano e sulfdrico - este ltimo detectado tambm na galeria de drenagem, onde notou-se o crescimento de bactrias. Em meados do ano 2000 este relator obteve notcia de que o paramento de montante desta barragem seria revestido com manta de PVC. Mesmo atualmente, observa-se que o desempenho de diversas barragens de CCR ainda demonstra a necessidade de aprimorar certas deficincias de projeto e de construo quando comparadas com os padres das barragens de concreto convencional. Quanto ao aspecto de custo, importante destacar que a atratividade de barragens em CCR comparativamente a barragens de aterro no resulta da comparao direta entre os custos de cada tipo de barragem. A competitividade da soluo resulta da conjugao do tipo de barragem com as obras de desvio e do vertedouro do empreendimento.

3.1 ESTABILIDADE As tenses de compresso na base de uma barragem de gravidade raramente excedem a casa dos 5 MPa. Conseqentemente a resistncia compresso do concreto no fator determinante no dimensionamento deste tipo de estrutura. Assim, estruturas de gravidade so projetadas essencialmente para garantir sua estabilidade contra tombamento e escorregamento.
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Tombamento a tendncia da barragem girar em torno de seu p, em decorrncia da fora resultante do empuxo de gua sobre o paramento de montante. Em contraposio, a massa e a geometria da barragem devem propiciar uma fora estabilizante superior a este empuxo. Para os concretos usuais, com densidade acima de 2,3 ton/m3 , a estabilidade de uma barragem confortavelmente atendida por um perfil triangular jusante com talude em torno de 0,80(h):1(v). Em barragens de concreto convencional assentadas sobre rocha s sem descontinuidades, a estabilidade ao escorregamento na interface concreto-rocha de fundao tambm confortavelmente atendida pela rea de contato decorrente do critrio anterior. Abaixo da fundao, deve ser investigada a presena de descontinuidades geolgicas principalmente se sub-horizontais e preenchidas com materiais de baixa resistncia. Como exemplo, a rocha de fundao da barragem de Pinalito - Repblica Dominicana, constituda por andesito, apresentou-se extremamente fraturada e com zonas de cisalhamento preenchidas com material frivel, que embora subverticais exigiu importante trabalho de consolidao com concreto dental e injees, conforme ilustrado na Figura 08.

Figura 08: Tratamento de fundao na barragem de Pinalito Repblica Dominicana.

A barragem em CCR difere fundamentalmente da barragem em CCV pelo mtodo de lanamento e compactao que gera uma quantidade muitssimo maior de juntas de construo horizontais. Tais juntas representam as feies que merecem maior ateno dos projetistas, uma vez que no processo de construo: a idade da camada inferior no permite sua ligao intima com a camada seguinte, e no se executa o corte da superfcie da camada como se procede no concreto convencional (corte verde ou por alta presso), havendo ainda maior exposio e possibilidade de contaminao; comum ocorrer segregao do concreto, ficando a parte mais grosseira sempre na base da camada em execuo, e h uma variao de

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densidade na altura da camada devido ao gradiente de compactao, ficando a base sempre menos densa do que os nveis superiores. As especificaes tcnicas de construo e o controle de qualidade de execuo da obra devem buscar a minimizao destes fatores, que so inerentes ao processo construtivo em CCR. Deve ser ressaltada a necessidade de forte integrao entre projetista e especialistas em tecnologia de concreto, pois a dosagem do CCR ser determinante nos valores esperados para os principais parmetros responsveis pela segurana e durabilidade da obra. Os parmetros mais relevantes que governam a estabilidade das barragens de CCR so a densidade do macio e a resistncia ao cisalhamento das juntas ( ), que por sua vez caracterizada pela coeso (c) e ngulo de atrito (F ) no plano das juntas. Emprega-se a consagrada equao de Coulomb, dada por

ntan(F ), onde n a tenso perpendicular ao plano da junta.

= c +

A resistncia ao cisalhamento das juntas entre as sucessivas camadas de CCR tanto mais crtica quanto mais acentuado for o talude de jusante. Esta resistncia pode ser incrementada com a aplicao de uma pequena espessura (da ordem de 1 cm) de concreto ou argamassa de ligao, tambm chamada de concreto de bero ou bedding-mix. Este assunto foi pesquisado em diversas barragens, inclusive em Capanda, onde ensaios em blocos obtidos por serragem com disco diamantado foram realizados num aterro experimental, conforme ilustrado na Figura 9. Foram ensaiadas juntas com e sem tratamento com concreto de ligao, obtendo-se os seguintes resultados: Juntas com camada de ligao: = 1,15 + n x 1,23; Juntas sem camada de ligao: = 0,42 + n x 1,00.

Figura 09: Ensaios de cisalhamentos em juntas de camadas de CCR Barragem de Capanda.

A fotografia anterior mostra o aspecto de uma junta tratada com camada de ligao aps o ensaio, percebendo-se que a superfcie de ruptura ocorreu na
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base da camada de CCR e acima da junta, evidenciando a eficcia deste tratamento. Em todos os ensaios em blocos sem tratamento a superfcie de ruptura coincidiu com o plano da junta de construo, como esperado. Usualmente a estabilidade ao deslizamento entre camadas de CCR atendida com aplicao deste concreto de ligao numa faixa equivalente quarta ou tera parte da largura da barragem, iniciada no paramento de montante. Este procedimento, que promove ainda melhoria na impermeabilizao da poro montante da barragem, particularmente interessante por permitir a drenagem e a reduo de sub-presso na poro jusante, colaborando assim para as condies de estabilidade. Entretanto, em determinados casos de barragens muito altas ou com geometria de fundao desfavorvel, pode ser necessrio garantir a aderncia em toda a extenso das juntas para obter um comportamento monoltico e elstico. A aderncia entre as juntas de construo tambm depende do tempo de recobrimento entre as camadas e da temperatura do concreto, o que nos conduz ao conceito de maturidade do concreto. Maturidade o produto do tempo de cura de um concreto pela temperatura sob a qual ele esteve submetido neste perodo. Este conceito foi muito utilizado nos anos 80 e 90 para definir a necessidade ou no de aplicar o concreto de bero antes do recobrimento de determinada camada aps seu incio de pega. Por exemplo, especificava-se como 600 hoC a maturidade mxima de um CCR para no ser necessrio o concreto de bero para a camada subseqente. Esta maturidade equivale ao concreto exposto por 24 horas a uma temperatura mdia de 25 oC, ou a 20 horas sob 30 oC. Embora exista, de fato, uma correlao entre a maturidade do concreto subjacente e a resistncia ao cisalhamento da junta entre camadas, este critrio encontra-se em desuso atualmente, sendo prefervel o estabelecimento de uma faixa de aplicao do concreto de bero independentemente deste parmetro. Adicionalmente, no muito clara a correlao entre a maturidade e a permeabilidade. Por outro lado, este parmetro tende a voltar a ser til pela utilizao do processo de lanamento pelo mtodo chins rampado, para deciso de tratamento de juntas nos casos de pequenas paralisaes.

3.2 DURABILIDADE A durabilidade de uma barragem de concreto est associada a sua resistncia s intempries, das quais a mais importante a percolao de gua do prprio reservatrio pelo seu corpo. Este aspecto particularmente relevante em uma barragem de CCR devido ao baixo consumo de aglomerante e a maior permeabilidade da poro inferior das camadas. A percolao continuada promove a lixiviao de elementos solveis do cimento hidratado, como o hidrxido de clcio, o que por sua vez reduz a alcalinidade do

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concreto tornando-o cada vez mais suscetvel aos cidos orgnicos geralmente presente nos reservatrios. De fato, inspees em obras hidrulicas em concreto convencional com mais de 40 anos de servio revelam a total ausncia de matriz cimentante em juntas de construo defeituosas, restando apenas os agregados. Os critrios atuais para projeto de barragens em CCR tm como premissa tornar o paramento de montante o mais impermevel possvel, podendo o ncleo e o paramento jusante apresentar maior permeabilidade. A primeira barragem brasileira em CCR - Nova Olinda segue este conceito, mediante emprego de uma faixa de concreto convencional junto ao paramento de montante, seguida do tratamento das diversas juntas do CCR com concreto de ligao numa extenso proporcional carga do reservatrio, vide Figura 52. Juntas de contrao so implantadas com espaamento mximo de 30 m. Este conceito consagrado no meio tcnico para barragens com altura da ordem de at 100m. Trs anos aps a experincia polemica em Willow Creek, foi iniciada a construo da barragem Upper Stillwater nos EUA com 91 m de altura (Figura 10), onde foram mantidos alguns dos conceitos ousados, como a inexistncia de juntas de contrao e do tratamento das juntas entre camadas. Entretanto , empregou-se uma mistura rica em pasta (cimento + cinza volante = 79 + 173 = 252 kg/m3) seguindo as recomendaes de Malcon Dustan para melhoria da aderncia entre camadas, compactadas com 30 cm de espessura. Os paramentos de montante e jusante foram executados com concreto extrudado. As concretagens eram executadas noite, sendo especificado lanar o CCR com temperatura mxima de 10 oC. Cerca de 13 fissuras ocorreram antes do enchimento do reservatrio, em 1987. Aps o enchimento registraram-se infiltraes totais da ordem de 240 l/s, e algumas fissuras apresentaram abertura de at 6mm. O reservatrio foi rebaixado e as fissuras foram tratadas com poliuretano expansivo. Aps novo enchimento executaram-se ainda injees com uretano e cimento. Apesar destas ocorrncias, o comportamento de Upper Stillwater considerado superior ao de Willow Creek.

Figura 10: Barragem de Upper Stillwater - EUA, com CCR rico em pasta.

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Em abril de 2000 teve inicio a construo da barragem de Miel I na Colmbia, cujo projeto do paramento de montante representa o atual estado da arte para barragens com altura superior a 100m. Adotou-se uma manta de PVC instalada a montante do paramento, executado com a tcnica do CCR enriquecido com calda de cimento, que transforma a mistura num concreto vibrvel, praticamente similar a um CCV. Adicionalmente, empregou-se argamassa de ligao nas juntas entre camadas de CCR. A construo do paramento da barragem de Miel i abordada como mais detalhes no Captulo 5.5 - Frmas. O projeto do paramento montante da barragem de Olivenhain (Figura 11), iniciada nos EUA no final de 2002, segue filosofia algo similar ao de Miel I, diferindo apenas pelo emprego do CCR rico em pasta (cimento + cinza volante = 74 + 121 = 195 kg/m3) em detrimento da camada de ligao, novamente seguindo o conceito de Malcon Dustan. interessante citar algumas caractersticas do CCR de Olivenhain: Tendo em vista o grau de fissurao observado no CCR de Upper Stillwater, finalmente adotou-se juntas de contrao inseridas a cada 30 m. A no utilizao de camada de ligao exigiu o aumento do teor de pasta para propiciar a aderncia mnima, e um elevado ritmo construtivo para evitar as juntas-frias. Como tudo isto conduz a elevao do calor de hidratao e ao risco de fissurao, foi necessrio limitar a temperatura de lanamento a 23oC, e para tal foi necessrio adicionar gelo mistura (Com americano assim... CCR gelado! Gente fina outra coisa!).

Figura 11: Barragem de Olivenhain - EUA.

3.2 LOCALIZAO DE GALERIAS E SHAFTS A qualidade do CCR como produto final est intimamente ligada a velocidade de todas as atividades de produo (mistura, transporte, lanamento e compactao). Isto exige uma grande sincronia em todo o ciclo do processo (timing), que deve ser encerrado em no mximo 45 minutos, permitindo que as

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principais propriedades do concreto, como densidade, resistncia compresso e permeabilidade sejam timas. Desta forma, o posicionamento dos elementos embutidos na barragem, principalmente as galerias de drenagem, que via de regra ligam uma ombreira outra, devem ser cuidadosamente locados de modo a permitir uma praa de trabalho com dimenses minimamente adequadas velocidade do processo. A Figura 12 ilustra uma das galerias da barragem de Capanda, cuja distancia face montante ocasionou um estreito corredor no qual somente era possvel a operao de um equipamento por vez, impossibilitando o lanamento e o espalhamento simultaneamente compactao. Nestes casos possvel (embora no recomendvel) empregar o artifcio de moldar a galeria mediante enchimento com material inerte, como brita ou areia, permitindo o trfego sobre ela. Todavia este processo apresenta diversos efeitos colaterais indesejveis, entre eles a improdutividade na remoo do enchimento e o aspecto esteticamente desagradvel das paredes das galerias. O uso de RCC nestas situaes requer grande reflexo.

Figura 12: Galeria de drenagem na barragem de Capanda.

J na barragem de Miel I, onde o lanamento com Crawler Placer permitiu eliminar os caminhes, este problema foi menos relevante, conforme verificado na Figura 13, que mostra tambm o caso do projeto de Cana Brava, onde a locao da galeria, conformada com elementos pr-moldados em forma de U, no ocasionou congestionamento.

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Entretanto, o deslocamento da galeria para jusante nem sempre uma soluo possvel, tendo em vista a reduo da eficincia na reduo da sub -presso pela drenagem medida que esta afastada do paramento de montante. Em determinados casos, principalmente onde for possvel produzir concreto massa convencional, deve ser avaliada a convenincia de construir tal corredor em concreto moldado, o que propiciaria benefcios tcnicos ao paramento montante principalmente quanto a permeabilidade. Nestes casos a distncia da galeria ao paramento pode ser reduzida cerca de 3m.

Figura 13: Galerias de drenagem na barragem Miel I (E) e Cana Brava (D).

3.3 BARRAGEM VERTEDOURO Uma vantagem inerente s barragens de concreto, convencional ou rolado, a possibilidade de implantar o vertedouro sobre a prpria estrutura, como no caso de Capanda, o que pode significar vantagem competitiva frente ao arranjo com barragens de terra ou enrocamento. Em rios de vazo pequena a moderada, e em vales abertos, o maior comprimento da barragem pode acomodar uma superfcie vertente suficiente para a vazo de projeto sem necessidade de comportas, como no caso das barragens de Upper Stillwater, Figura 10, e tambm Willow Creek e Belo Jardim, Figura 14.

Figura 14: Barragens com vertedouro em soleira livre - Willow Creek (E) e Belo Jardim (D).

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A construo em camadas horizontais terminadas com concreto convencional jusante possibilita a considerao dos degraus como elemento de dissipao de energia, pelo menos para pequenas e mdias vazes. Entretanto, este aspecto no dispensa a verificao das solues tradicionais de dissipao, como trampolins, fossas pr-escavadas e bacias. Quando a barragem no possuir comprimento suficiente, pode-se adotar uma soluo mista, incorporando uma pequena comporta a ser aberta quanto a vazo na soleira vertente superar determinado limite. Esta soluo foi adotada na barragem de Picada, Figura 15, e possibilita um conveniente manejo do nvel do reservatrio entre a cota da soleira livre e a cota de fundo da comporta, o que pode ser til, por exemplo , para fins da vazo mnima ambiental.

Figura 15: Barragem de Picada, com soleira livre complementada por comporta.

Na barragem de Pinalito - Rep. Dominicana, devido freqncia de tempestades tropicais que ocasionam cheias muito rpidas, o vertedouro com soleira livre, sem estrutura de controle, eliminando erros operacionais humanos. Uma particularidade que deve ser considerada na construo de barragens para usinas hidreltricas, implantadas em rios com vazo elevada e dotadas de comportas de controle, a necessidade de ter o vertedouro operacional antes do inicio de enchimento do reservatrio. O tempo necessrio para execuo dos pilares, munhes e montagem hidromecnica poder implicar em conflito cronolgico. Como exemplo, na barragem de Salto Caxias foi necessrio deixar uma poro rebaixada para galgamento sob passagem de um perodo de cheias, cuja concluso foi postergada at o trmino das montagens das comportas, conforme ilustrado na Figura 16. Barragens de concreto incorporando vertedouros importantes geralmente apresentam a construo segmentada em duas margens , conforme exemplo da Figura 17, implicando em:
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Cuidados na otimizao dos acessos; Cuidados no dimensionamento de recursos (equipamentos e mo de obra); Cuidados na otimizao de formas; Cuidados nas etapas construtivas; Cuidados na qualificao das equipes (devido a atividades distintas); Cuidados em planejar o uso de materiais para todas finalidades - CCV e CCR.

Figura 16: Barragem da UHE Salto Caxias, com seo rebaixada para galgamento nas cheias.

Figura 17: Barragem de Miel I construo da crista segmentada pelo vertedouro.

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4 - MATERIAIS
O CCR um tipo de concreto que difere do convenciona l vibrvel principalmente devido a sua consistncia seca (no-slump), j que ainda no estado fresco dever suportar o trfego dos equipamentos usuais de terraplenagem: caminhes basculantes, tratores de esteira, e rolos compactadores vibratrios. Todos os materiais utilizados no CCR, como cimento, material pozolnico, gua e agregados devero ter a mesma qualidade daqueles utilizados para o preparo do concreto convencional. Como se ver adiante, apenas uma conveniente exceo feita ao agregado mido, cujo teor de finos dever atender a determinadas condies especficas para o CCR. Assim como para o concreto convencional, a dosagem do CCR dever prover uma massa densa e estvel, que atenda aos requisitos de trabalhabilidade no estado fresco, e de resistncia, durabilidade e permeabilidade - compatveis como o propsito de sua aplicao - no estado endurecido. Mas no se trata apenas de ajustar a quantidade de gua de um bom concreto convencional para se obter um bom concreto rolado, pois a curva granulomtrica dos agregados dever atender a condies especficas para evitar a segregao, que muito mais problemtica no concreto rolado do que no convencional. 4.1 - AGLOMERANTES 4.1.1 - CIMENTO O concreto rolado poder ser fabricado com quaisquer dos diferentes tipos de cimento existentes no mercado. Entretanto, condies especficas podero indicar tipos tambm especficos de cimento. Por exemplo, se a aplicao massiva, como no caso de uma barragem, o calor de hidratao do cimento desempenhar um papel preponderante na possibilidade de fissurao da estrutura, de modo que cimentos mais frios sero mais adequados, em detrimento de uma resistncia inicial elevada. Cimentos frios, ou de baixo calor de hidratao, so aqueles em cada grama produz at 70 calorias aps 7 dias de hidratao. No caso de obras hidrulicas, ou seja, aquelas cujas estruturas trabalharo em contato permanente com a gua, a possibilidade de ocorrerem reaes expansivas entre determinados agregados reativos e os compostos alcalinos do cimento, induzem ao uso de cimentos com baixo teor de lcalis (Na 2Oeq.< 0,6%), alm de adies pozolnicas. Adicionalmente deve ser verificada agressividade qumica da gua, para a qual dispe-se do cimento tipo RS - resistente a sulfatos. J no caso de um pavimento rodovirio, onde a espessura relativamente baixa (mx. 50 cm) impede o desenvolvimento de altas temperaturas, a preocupao relevante ser a obteno de resistncia trao na flexo mnima necessria

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para liberar o pavimento ao trfego. Neste caso, so indicados os cimentos do tipo ARI Alta Resistncia Inicial. Quanto ao seu teor, o aumento da quantidade de cimento no CCR conduz aos mesmos efeitos conhecidos no concreto convencional: aumenta a resistncia, a impermeabilidade e a durabilidade do material endurecido, alm de melhorar a trabalhabilidade da mistura fresca.

4.1.2 MATERIAS POZOLANICOS 4.1.2.1 Definio e Benefcios Por definio, materiais pozolnicos so silicatos ou silicatos-aluminosos que, embora quando sozinhos no possuam nenhuma ao aglomerante , quando em presena de umidade reagem quimicamente com o hidrxido de clcio decorrente da hidratao do cimento, originando novos componentes com propriedades cimentcias. Deve-se entender que o cimento Portland comum ao combinar-se com a gua (ou hidratar-se), produz como sub -produto o hidrxido de clcio (CaOH2 ), que um elemento inicialmente inerte, sem nenhuma ao aglomerante. Em estruturas fissuradas e sujeitas a percolao de gua, este elemento li xiviado e atingindo a superfcie reage com o gs carbnico presente na atmosfera, e forma uma pasta branca que facilmente visvel e a quem chamados de carbonatao. Estalactites e estalagmites que ocorrem em grutas calcrias ou em galerias de drenagem de barragens de concreto so exemplos de carbonatao. importante notar que a reao entre o hidrxido de clcio e a pozolana no considerada exotrmica, ou seja, no libera calor. O ganho de resistncia lento, processando-se at cerca de 6 meses. Outra ao benfica dos materiais pozolnicos no combate a reao lcaliagregado, pois as pozolanas propiciam a absoro e a reduo dos lcalis do cimento ainda nas primeiras idades, impedindo futuras reaes deletrias no concreto em elevadas idades. Desta forma, a adio de materiais pozolnicos no concreto promove diversos benefcios: - permite substituir parte do cimento no trao para uma mesma resistncia final; - aumenta durabilidade do produto final; - aumenta a trabalhabilidade do material fresco; - permite eventual economia, a depender do seu custo. Os materiais pozolnicos podem ser dosados separadamente do cimento no canteiro de obras, no ato da fabricao do concreto, ou virem j adicionados ao cimento pelas prprias fabricas. Conforme sua origem, os materiais pozolnicos podem ser naturais ou artificiais.
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4.1.2.2 Pozolanas Naturais So determinados tipos de cinza vulcnica, que no existem no Brasil. A ocorrncia na cidade italiana de Pozzuoli deu origem ao nome deste material. Algumas terras diatomceas, praticamente inexistentes no Brasil, tambm tm propriedades pozolnicas.

4.1.2.3 Pozolanas Artificiais Argilas calcinadas: So argilas especiais, metamorfizadas em alto-forno a elevadas temperaturas e depois finamente modas. No Brasil, a primeira fabrica deste produto foi implantada em Jupi-SP para atender aos projetos hidreltricos no rio Paran, sendo posteriormente comprada por um grupo cimenteiro e em seguida desativada. Atualmente existem fabricas no nordeste, cuja implantao foi influenciada pelas necessidades da construo da UHE Tucuru, e hoje so empregadas na fabricao do cimento pozolnico - CP IV , com teor de at 35%. Por utilizarem processo industrial similar ao do cimento, seu preo elevado, da mesma ordem do prprio cimento. Sub-produtos industriais: o Cinza volante (ou fly-ash): um sub-produto resultante da queima do carvo mineral, que coletado nos filtros das instalaes industriais que utilizam este combustvel, como algumas centrais termeltricas no sul do Brasil (vide exemplo na Figura 18). At a dcada de 80 era um produto relativamente barato, e seu uso era viabilizado ou no em funo da distancia de transporte. Foi vantajosamente empregado em diversas hidreltricas na regio sul e sudeste, inclusive Itaipu-PR, o que no veio a ocorrer em Tucuru-PA. Atualmente um produto considerado escasso, pois as indstrias cimenteiras do Paran, Santa Catarina e Rio Grande do Sul competem na compra deste sub -produto em grande quantidade, para adio ao clnquer e produo do cimento pozolnico, tipo CPIV. Entretanto, ainda pode ser adquirido em sacos ou a granel, porm com preo quase prximo ao do prprio cimento. Sua finura similar do cimento, da ordem de 4.000 cm2 /g. o Micro-slica, ou slica ativa: Trata -se de sub-produto da fabricao do ferro silcio, e igualmente a cinza volante, extrada dos filtros de chamins industriais. Sua finura muito elevada, cerca de 100 vezes mais fina do que o

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cimento. Trata-se de slica praticamente pura - teores de SiO2 acima de 95% - com partculas nitidamente esfricas. Por tratar-se de uma super-pozolana, tem maior valor agregado, da ordem de 4 a 5 vezes o preo do cimento (dados de 2003). Por esta razo, seu emprego no Brasil tem sido restrito ao concreto conve ncional, onde substitui no mximo 10% do peso de cimento . Seu uso em CCR ainda incipiente face ao preo.

Figura 18: UTE Jorge Lacerda - SC. O fly-ash um sub-produto, depositado nas pilhas escuras na parte inferior da foto.

Metacaulim: Trata-se de um tipo especial de argila caolintica, que aps calcinada e metamorfizada extremamente moda atingindo finura ainda maior do que a micro-slica, da ordem de 200 vezes a do cimento, porm com partculas de formato placide. Sua performance tem-se mostrado similar da micro-slica, porm seu custo menor, da ordem de 3 vezes o do cimento (dados de 2003), que por sua vez ainda demasiado caro para aplicao corrente em CCR.

4.1.3 ESCORIA DE ALTO FORNO Trata-se de um material cujos componentes qumicos so basicamente os mesmos do cimento Portland, porm em propores substancialmente distintas. Sua mistura com gua no resulta em nenhum produto aglomerante, porm, em ambiente alcalino, cristaliza-se da mesma forma que o cimento. O alto teor de clcio do cimento Portland propicia o ambiente alcalino necessrio para a hidratao e endurecimento da escria. Por esta razo, o teor de escria nos cimentos de alto-forno pode atingir at 80 a 85%. Entretanto, conforme norma
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ABNT, o teor de escria no cimento do tipo CP III comercial de no mximo 75%. O endurecimento da escria processa-me lentamente, at 9 a 12 meses. Sua reao exotrmica, porm muito baixa. Por ser um sub-produto siderrgico, seu preo de custo insignificante. Entretanto, como a industria cimenteira concorre pela compra de grandes quantidades de escria para adio ao clnquer Portland na fabricao do cimento tipo CP III, seu preo de venda acaba nivelando-se ao do prprio cimento.

4.1.4 SOBRE O EMPREGO DAS ADIES A escria de alto forno moda e a cinza volante so as adies mais recomendveis atualmente na tecnologia do CCR. Alm de possurem preo potencialmente mais baixo do que o cimento que substituem, auxiliam na reduo do calor de hidratao e assim no risco de fissurao da estrutura. Podem ser utilizadas em quantidade acima dos teores convencionados por norma, propiciando o efeito de filler ao preencher os vazios que seriam ocupados por ar e gua o que melhora a densidade, resistncia e impermeabilidade, alm da trabalhabilidade. J foi dito que os materiais pozolnicos e escrias podem ser adicionados ao cimento pelas prprias fabricas, conforme prtica atual, ou dosados separadamente nas centrais de concreto, como majoritariamente praticado nas hidreltricas brasileiras do sul e sudeste at a dcada de 80. A adio nas fbricas vantajosa para pequenas e medias obras, pois elimina um material de construo e sua conseqente logstica de programao, procura, transporte, armazenagem, dosagem e controle de qualidade. Entretanto, quando se trabalha com grandes volumes de concreto as vantagens tcnicas e econmicas da adio na prpria obra podem tornar-se importantes e resultar em grandes benefcios. Quanto logstica de suprimento, esta passa a ser facilmente absorvida pela infra-estrutura proporcionalmente maior da obra. As vantagens tcnicas sero mais relevantes quando o empreendimento necessitar simultaneamente de diferentes tipos de concretos convencional e rolado, pois para cada um destes tipos existe um teor particular e adequado de adio. Dispondo-se de cimentos do tipo CP II ou CP V ARI de boa qualidade mecnica, podem ser citados os seguintes e xemplos: Concretos Convencionais: o Ao longo do permetro molhado das estruturas de concreto de hidreltricas, onde existe o perigo da reao lcalis-agregado, deve se utilizar pelo menos 20% de cinza volante ou 50% de escria moda para neutralizar esta reao. Estes teores mnimos so adequados para revestimento de condutos forados e outras peas esbeltas onde o tempo para desforma pode ser condicionado por uma resistncia mnima;

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o Nas camadas massivas em torno de tubo de suco e caixa espiral, enchimento sob ogiva de vertedouro, muros gravidade e diversas paredes molhadas onde a resistncia pode esperar por maiores idades, estes teores podem subir para 60% de cinza e 80% de escria; o Nas estruturas permanentemente secas no existem riscos da reao lcali-agregado, devido a ausncia de gua. Peas esbeltas no interior de casa de fora, rea de montagem e edifcio de controle (paredes, pilares, vigas e lajes), alm de todos os elementos prmoldados, exigem resistncia mnima para deforma e manuseio, e a reutilizao de frmas e cimbramento exerce grande impacto no cronograma. Nestes casos vantajoso no empregar nenhuma adio ao cimento. Concreto Rolado: o No CCR, onde o efeito de filler particularmente necessrio, o teor de cinza pode ser aumentado para at 80% e o de escria moda para at 85%, adotando-se idades de controle aos 360 dias. Sob o aspecto econmico, estima-se que vale a pena estudar a adio em separado de materiais pozolnicos para obras com volume de concreto superior a 500.000 m3. Para adio de escria moda, esta vantagem poder ser observada j a partir de 250.000 m3. Por outro lado, tais estudos somente resultaro efetivos quando o preo da adio for no mximo 80% do preo do cimento.

4.1.5 O CARTEL DOS AGLOMERANTES (CIMENTO & ADIES) Nos ite ns 4.1.2 e 4.1.3 foi comentado sobre a atual dificuldade na aquisio de cinza volante e escria de alto forno a preos competitivos. Trata-se de um paradoxo, pois diferente mente da pozolana artificial, cujo custo eleva-se pelo dispndio energtico para calcinao das argilas, o fly-ash e a escria so potencialmente muito mais baratos do que o clnquer, j que so sub-produtos de processos industriais para obteno de produtos mais nobres. Adicionalmente, a deposio destes materiais nas proximidades de usinas termeltricas e siderrgicas constitui um contencioso ambiental. Apesar do panorama favorvel, este paradoxo tambm notado no cimento com adio, cujo preo no proporcionalmente beneficiado pelo baixo custo do material adicionado. O relator pde constatar esta anomalia entre maio de junho de 2002, mediante uma pesquisa formal de preos junto aos fabricantes de cimento. Nesta pesquisa foram selecionadas fabricas que produzissem simultaneamente cimentos com e sem adio. Para evitar o impacto do frete, foram solicitadas cotaes FOB Factory On Board (sem frete) - aos representantes comercias nas prprias cidades-sede das fabricas, ou na cidade mais prxima em caso de inexistncia do representante. Os resultados dessa pesquisa so apresentados nas tabelas das Figuras 19 e 20, respectivamente para os cimentos com adio de escria e fly-ash. Os valores

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esto relativizados, adotando-se a razo do preo do cimento com adio (potencialmente mais barato) pelo preo do cimento sem adio (potencialmente mais caro). Os nmeros para o caso dos cimentos com adio de escria demonstram claramente que existe um sobre-preo nos cimentos CP III, cujo teor de escria da ordem de 70%. Apenas por mera citao, foi includo o caso de um cimento CP III produzindo na dcada de 90 em Manaus-AM, cuja escria era proveniente de Tubaro-ES, distante cerca de 6.000 km por via martima e fluvial. Isto evidencia que o custo do transporte era compensado pela economia na produo do clnquer em Itacoatiara-AM. Este cimento acabou sendo descontinuado pela m aceitao no tradicional mercado local, pois sua pega lenta representa inconveniente na construo predial, maior consumidora daquela regio.
Regio da fbrica:
Volta Redonda (CSN) Vitria / C. Itapemirim (CST) Manaus !!! 1995 (CST)

Relao de preos (CPIII / CPII):


1,00 0,98 Frete x Clinquer

Figura 19: Relao entre preos de cimentos com e sem adio de escria.

Embora em menor escala, observa-se que os cimentos com adio de fly-ash no sul do Brasil tambm se apresentam caros relativamente adio barata.
Regio da fbrica:
Curitiba-P R Candiota-RS (*) Itaja-S C
(*) Em relao ao CP V ARI

Relao de preos (CPIV / CPII):


1,00 0,93 0,96

Figura 20: Relao entre preos de cimentos com e sem adio de fly-ash.

Deve ser destacado que o custo do CCR muito sensvel s variaes de preo do cimento, a despeito do seu baixo consumo. O quadro da Figura 21 apresenta a participao dos principais insumos no custo de misturas de CCR para aplicao em barragem no estado de Tocantins .
ITENS
Cimento CIF Equipamentos Agregados Mo de Obra TOTAL

Consumo 80 kg/m3
41% 32% 23% 4% 100%

Consumo 100 kg/m3


46% 29% 21% 4% 100%

Figura 21: Custo relativo dos principais insumos do CCR.

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4.2 - AGREGADOS 4.2.1 Aptido Diversos tipos de agregados tem sido empregados na fabricao do CCR, e o critrio de escolha passa necessariamente pela sua disponibilidade em distancias e condies de explorao economicamente viveis. Em geral, todos os agregados aptos para concreto convencional so tambm aptos para concreto rolado, sejam naturais (cascalhos limpos e seixos) ou britados. Entretanto, deve ser feita uma exceo aos agregados friveis, que podem ser identificados por apresentarem elevada perda no ensaio de abraso Los Angeles (perda superior a 40%). Tais agregados produzem concretos convencionais adequados dentro dos padres usuais para barragens e usinas hidreltricas, onde a resistncia caracterstica (fck) raramente ultrapassa 40 MPa. Entretanto, podero apresentar desempenho frustrante em concreto rolado, mesmo para baixas resistncias. Como exemplo podemos citar o granito -gnaisse utilizado no AHE Itapebi, que a despeito de apresentar um elevado ndice de perda no ensaio Los Angeles - entre 45 e 65% - apresentou boa performance no concreto convencional. Entretanto, seu uso no concreto rolado exigiu inesperado incremento no consumo de cimento devido as baixas resistncias obtidas. Comparativamente, foi obtido apenas a metade do rendimento (MPa de resistncia por kg de cimento) obtido com o metaarenito muito silicificado (> 35% de quartzo) na barragem de Capanda, onde a perda por abraso Los Angeles era inferior a 15%. Ainda assim o CCR com tais agregados foi convenientemente empregado em determinados enchimentos de Itapebi, como na ensecadeira da casa de fora e na base do defletor do vertedouro, onde as vantagens operacionais e cronolgicas do mtodo construtivo suplantaram o acrscimo no consumo de aglomerante. Entretanto, deve ser citado que na etapa de Viabilidade de Itapebi foi considerado um arranjo da barragem em CCR com volume superior a 1 milho de m3. Sabe-se agora que tal alternativa tenderia ao insucesso em termos econmicos, devido ao elevado consumo de cimento que se verificaria na execuo deste importante volume de CCR. Um fato similar ocorreu na Barragem de Candonga - MG, onde o agregado oriundo de gnaisse como elevado teor de biotita frivel provocou acrscimo de 30% no consumo de cimento em relao ao previsto. Este comportamento dos agregados friveis decorre do processo de compactao do CCR, onde o atrito gro-a-gro sob vibrao e compresso provoca o desprendimento de partculas finas, que encobrem os agregados e reduz a sua cimentao pelos aglomerantes.

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Este atrito no ocorre no concreto adensado por vibrao, onde os agregados flutuam em ressonncia como os vibradores de imerso, permitindo a argamassa fluir entre os agregados grados, expulsando o ar e preenchendo vazios.

4.2.2 Tamanho Mximo do Agregado Grado e Fracionamento Definida a questo da sanidade da rocha matriz para os agregados, a maior preocupao passa a ser a escolha do seu tamanho mximo e do seu fracionamento. Alm de aspectos econmicos, o dimetro mximo ser funo da espessura da camada e tambm do risco de segregao. J o numero de fraes depender do tamanho mximo escolhido e tambm das necessidades de agregados para os concretos convencionais, quando o volume deste for importante. Para os rolos vibratrios atualmente utilizados em enrocamentos (10 a 15 toneladas), o tamanho mximo do agregado grado no deve superar a 1/3 da espessura de lanamento da camada de CCR. Isto significa que para camadas de 30 cm de espessura, por exemplo, agregados de dimenso mxima caracterstica at 100 mm so factveis. Pelo lado econmico, a escolha de maiores tamanhos favorece sobremaneira o sistema de britagem, pela reduo do esforo mecnico e do gasto energtico. O consumo de cimento tambm tende a reduzir com o aumento do tamanho dos agregados, embora em escala inferior ao observado no caso dos concretos convencionais. Esta tendncia est associada a reduo dos vazios da mescla granulomtrica com o aumento dos tamanhos maiores, e conseqente reduo no volume de pasta (e aglomerante) para preench-los. Entretanto, o tamanho mximo influencia na trabalhabilidade e, principalmente, na segregao da mistura fresca. Existe uma tendncia natural de segregao dos tamanhos superiores a 38 mm, devido a maior inrcia dos tamanhos maiores relativamente aos menores. Tal tendncia notria principalmente em misturas secas e magras, devido a pouca quantidade de pasta na matriz aglomerante , a qual exerce forte influncia na coeso da mistura fresca.

4.2.2.1 Alguns Antecedentes Na barragem de Tarbela foram utilizados como agregados cascalhos limpos de seixos rolados, numa primeira instancia em sua condio in natura, apenas retirando os tamanhos maiores que 200 mm e adicionando areia para correo granulomtrica. Numa segunda aplicao, de maior responsabilidade, o cascalho foi separado em duas fraes, uma entre 0 e 19 mm, e outra entre 19 e 152 mm. Em Saco de Nova Olinda (e = 40 cm) foi utilizado agregado britado de granitognaisse e posteriormente anfibolito, separado em duas fraes: 0 a 30 mm e 30 a 70 mm. Para correo granulomtrica da frao fina foram adicionados areia natural, cascalho natural ou silte, sob circunstncias distintas. A Figura 22 mostra o sistema de britagem adotado em Nova Olinda.

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Figura 22: Sistema de Britagem da barragem Saco de Nova Olinda.

A barragem de Capanda (e= 40 cm) contava com dois sistemas para produo de agregados e concretos. No sistema especfico para concreto rolado, foram adotadas duas fraes principais, obtidas da britagem de meta-arenito: 0 a 19 mm e 19 a 64 mm. Para complementao dos finos procedia-se a rebritagem da frao mais grossa at a sua reduo para 0 a 6 mm, que era dosada separadamente. O sistema para concreto convencional, o qual tambm produziu agregados e CCR de excelente qualidade, o fracionamento escolhido foi 0 a 6 mm; 6 a 19 mm; 19 a 38 mm e 38 a 76 mm, condicionado evidentemente pelas necessidades para os concretos convencionais. Na barragem de Belo Jardim empregou-se seixo grado na faixa de 5 a 51 mm, processando-se as fraes superiores. O agregado mido era constitudo dos finos decorrentes da rebritagem dos seixos, alm de areia natural. Em Miel I (e = 30 cm) foi empregado agregado britado de quatzito e gnaisse, com tamanho mximo 64 mm e cujo fracionamento seguiu o consagrado para concretos convencionais: areia (0 a 8 mm); brita 1 (8 a 19 mm); brita 2 (19 a 38 mm); e brita 3 (38 a 64 mm). Cana Brava (e = 30 cm) com quartzo mica-xisto, aps ajustes adotou o seguinte fracionamento final: areia natural; areia artificial (0 a 5 mm) com 18% de finos; brita 1 (5 a 25 mm); e brita 2 (25 a 50 mm).

4.2.2.2 Tendncias e Recomendaes Percebe-se uma grande diversidade quanto aos tamanhos e as graduaes dos agregados. A tendncia atual para tamanho mximo de 50 mm, que combina menor segregao com produtividade ainda adequada no sistema de britagem. Quanto ao fracionamento, a filosofia mais econmica seria reduzir por nmero de agregados e assim o numero de pilhas, rea de estocagem, sistemas de
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recuperao, silos e dosadores. Por outro lado, juntar agregados em faixas muito extensas, como por exemplo 0 a 19 mm e 19 a 64 mm, conduz a segregaes j nos depsitos de matria-prima, com conseqncias indesejveis ao produto final. A Figura 23 exemplifica a segregao e perda de parte dos fillers no agregado 019 mm para a barragem de Capanda sob a ao de ventos com direo predominante. Alm de dispositivos anti-segregao, como o tubo mostrado no detalhe, foi necessrio o espalhamento peridico da pilha com trator para homogeneizao. Este tema voltar a ser abordado no item 5.1 sobre produo de agregados.

Figura 23: Segregao pela ao do vento na pilha de agregado 0 a 19 mm, em Capanda.

O fracionamento ideal deve levar em conta o consumo relativo de cada frao na mescla total dos agregados, evitando sobre-dosagem de determinada frao e conseqente sub-utilizao de outras. Tomando como exemplo um CCR magro (teor de aglomerante abaixo de 120 kg/m3), agregado de tamanho mximo 50 mm e areia com cerca de 10% de finos, a mescla tima de agregados (vide item 4.4) dever resultar em cerca de 50% de areia com granulometria de 0 a 6,4 mm (). Ou seja, metade do agregado total areia, que poder ser produzida sem grandes problemas de segregao. Os outros 50% seriam tamanhos entre 6,4 e 50 mm, que se produzidos numa nica faixa apresentariam grande tendncia a segregao, alm de limitar as opes para concreto convencional. Uma opo razovel seria fracionar os grados em duas faixas, uma de 6,4 a 22 mm, e outra de 22 a 50 mm, ambas dosadas a 25% do agregado total.

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4.2.3 Agregados Midos e Fillers no agregado mido onde encontramos a maior diferena de requisitos entre matrias primas para o concreto rolado e para o concreto convencional, e tal diferena trata substancialmente da quantidade de finos presente. Na tecnologia do concreto, a quantidade de finos medida pelo teor de partculas com tamanho inferior a 0,075 mm (peneira de malha no 200), tambm denominado teor de material pulverulento. Quando estes materiais so isentos de matria orgnica, de argila (partculas inferiores a 2m) e de poder cimentcio, so tambm denominados de fillers. Enquanto as normas existentes para concreto convencional limitam o teor de pulverulentos ao mximo 5% para concretos corriqueiros e 3% para concretos sujeitos abraso, a prtica do concreto rolado determina uma faixa bem mais extensa, que estende-se at o mximo de 18% para CCR magro. Ressalta-se que este limite mximo refere-se a finos minerais no-plsticos, decorrentes da britagem de rocha s, ou p de pedra. Em menores quantidades aceitam-se materiais naturais, como areia fina e silte. Para o CCR magro, o American Concrete Institute , atravs da recomendao ACI 207 Roller Compacted Mass Concrete , apresenta orientaes quanto ao teor mximo de finos naturais em funo dos parmetros de plasticidade de Atterberg limite de liquidez (LP) e ndice de plasticidade (IP). Apenas para citar os extremos, recomenda-se desde 1,5% para finos com LL = 55 e IP = 25, at 10% para finos com LL e IP = 5. Tais orientaes foram introduzidas no Brasil por Ernest Schrader, para ajuste nas dosagens do CCR da Barragem de Saco de Nova Olinda. Percebe-se a uma conveniente e desejvel interao entre os domnios da Tecnologia do Concreto e da Mecnica dos Solos. At o final da dcada de 80, conhecia-se os benefcios fsicos do uso de fillers, mas a sua ao fsico-qumica ainda no havia sido noticiada, pelo menos nas Amricas. Na construo da barragem de Capanda o intercmbio de conhecimento na rea de tecnologia do concreto entre brasileiros e russos permitiu a introduo de um conceito ento revolucionrio fora do meio tcnico sovitico, que foi a considerao de propriedades pozolnicas latentes no prprio agregado, o qual deveria ser modo e utilizado dentro de determinados parmetros. Para tal, o especialista russo Dr. Albert Ossipov especificou pulverizar a rocha meta-arentica do stio de Capanda (com elevado teor de slica) e utilizar no mnimo 100 kg deste p a cada m3 de concreto . Esta adio seria suficiente para fixar o hidrxido de clcio solubilizado pela hidratao dos 70 kg/m3 do cimento, e assim, alm de inibir a reao lcalis-agregado, propiciar tambm uma pequena ao aglomerante, alm de reduzir os poros e a permeabilidade do concreto.

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Outro detalhe inusitado especificado pelo Dr. Ossipov era a aplicao do p de pedra o mais rpido possvel aps sua moagem, no mximo em sete dias. Adicionalmente, o material deveria ser protegido das intempries, principalmente da chuva. Nestas condies, segundo Dr. Ossipov, o material pulverizado contaria com o mximo de sua atividade pozolnica. Especula-se que tal atividade possa ter tambm alguma relao com a elevada energia transmitida pelos britadores e moinhos ao material britado, e armazenada na superfcie dos gros cominudos. O fato que a literatura especializada endossa, e tambm experimentos de laboratrio comprovam, que concretos produzidos com agregados jovens so mais resistentes do que aqueles produzidos com os mesmos agregados envelhecidos. Por causa destas particularidades, o p de pedra de Capanda foi apelidado de areia atmica, denominao tambm empregada durante certo tempo no Brasil por alguns pesquisadores. Hoje em dia, a utilizao de areia artificial sem lavagem como nico agregado mido um procedimento conhecido e j bastante utilizado no Brasil, mas em 1989 essa soluo pioneira despertou grande interesse, tendo sido pesquisada em laboratrio pelos principais consultores brasileiros. At ento, a prtica adotada nos canteiros de obras era utilizar uma mistura de areia natural com areia artificial, sendo esta ultima lavada para remoo dos finos. Estes finos eram tidos como deletrios, e at hoje a norma aplicvel da ABNT ainda no foi atualizada, e continua limitando sua quantidade em 5%. A areia artificial de Capanda apresentava 10% de p. Posteriormente, em 1997, na construo da UHE It foi utilizado areia artificial com 13% de finos, o que permitiu eliminar a compra de areia natural, existente apenas em distancias superiores a 200 km. O uso de agregados naturais, como seixos rolados, propicia misturas de CCR com excelente trabalhabilidade, muito fceis de compactar j que os gros arredondados oferecem baixo atrito energia de compactao. Vide Figura 24. Entretanto a areia natural associada aos seixos rolados geralmente apresentam carncia de fillers, os quais devero ser obtidos artificialmente.

Figura 24: Uso de seixo rolado no CCR. Barragem de Rialb - Espanha.

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4.3 AGUA E ADITIVOS 4.3.1 - gua Os mesmos requisitos usuais para a gua na dosagem do concreto convencional so tambm aplicveis ao concreto rolado. Os requisitos so que ela seja livre de quantidades excessivas de lcalis, cidos e matria orgnica que possam interagir negativamente com o cimento e inibir o ganho de resistncia. Deve-se portanto consultar a respectiva norma ou especificao de gua para concreto convencional. comum que o pH da gua disponvel no canteiro de obras no atenda aos limites constantes na maioria das especificaes, em geral na faixa de 5,5 a 8,0, que tem sido estendida para 4,0 a 8,5. A elevada alcalinidade da gua nos poros do concreto em hidratao capaz de neutralizar alguma acidez. Entretanto, deve-se evitar gua com cidos orgnicos, que podem deteriorar o concreto mesmo aps endurecido. gua do mar tambm deve ser evitada, por conter cerca de 3,5% de sais, dos quais aproximadamente 2% so cloretos agressivos ao concreto. comum especificar a gua potvel como adequada para fabricao do concreto. Porm, mesmo guas turvas, se deixadas sedimentar, podem produzir um bom concreto de maneira econmica. Uma maneira prtica para avaliar se determinada gua suspeita adequada para uso no concreto realizar testes comparativos de resistncia compresso em dois grupos de corpos de prova de argamassa, de mesmo trao, porm um deles empregando uma gua potvel como referencia. Para misturas de CCR com agregado de tamanho mximo 50 mm, uma dosagem de gua em torno de 110 kg/m3 conduz a uma trabalhabilidade adequada. Mas este valor pode variar desde 90 kg/m3 para traos pobres em pasta, at 150 kg/m3 para os ricos em pasta (pasta = gua + aglomerantes + fillers).

4.3.2 - Aditivos As vantagens do uso de plastificantes e retardadores de pega em concretos convencionais so bem conhecidas, principalmente em climas quentes. partir dos anos 90 tais aditivos vem sendo empregados tambm no concreto rolado com relativo sucesso, notadamente nas misturas ricas em pasta. J o aditivo incorporador de ar no tem demonstrado benefcios. A prtica indica que o melhor procedimento estabelecer inicialmente uma boa dosagem sem o uso de quaisquer aditivos, para somente depois verificar os benefcios de seu emprego. Resumidamente, nenhum aditivo corrige um mal CCR; ele apenas torna melhor um concreto pelo menos j razovel.

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4.4 - DOSAGEM Existem diversos e bem sucedidos mtodos de dosagem para concreto convencional, e esta constatao no poderia ser diferente para o concreto rolado. Entretanto, verifica-se que muitos dos casos tratam na realidade mais de critrios do que efetivamente de mtodos de dosagem, pois determinada obra tem caractersticas prprias para as quais os mtodos devem se adaptar. Qualquer mtodo de dosagem tem como filosofia buscar o chamado trao timo. Mas nem sempre este trao timo o trao mais adequado num dado conjunto de interesses, interfaces e circunstancias que interagem em determinada obra. Muitas vezes temos que estragar um pouco o trao timo, privilegiando o trao meramente bom para o conjunto da obra. Um exemplo recorrente a mescla de agregados, cuja proporo tima somente por mero do acaso vir a coincidir com a proporo efetivamente obtida no sistema de britagem. Sempre se chegar um momento em que determinada frao estar em excesso nas pilhas de estocagem, certamente porque uma outra frao estar em falta. Nestes casos, cabe ao laboratrio e ao controle tecnolgico intervir e buscar os ajustes necessrios tanto no sistema de britagem quanto nas dosagens em busca de um balanceamento. Ser apresentado a seguir um roteiro para dosagem em laboratrio em pista experimental cuja prtica tem obtido relativo sucesso aplicaes. necessrio o conhecimento prvio da granulometria agregados, dos ndices fsicos dos materiais (peso especfico real absoro dos agregados), assim como certa prtica no manuseio usuais de dosagem do concreto, sempre em volume absoluto. e verificao em diversas de todos os dos gros e de frmulas

4.4.1 Passo I: Determinar o Proporcionamento dos Agregados. Deve ser adotado como referencia uma curva granulomtrica que garanta uma mistura de agregados no segregvel e de baixo ndice de vazios. A formula de Fuller e Thompson (1905) com expoente cbico vem sendo utilizada com muito sucesso. Sua equao dada por: P = (d/D mx)1/3 x 100% , sendo: P: percentagem de gros mais finos do que a peneira d; d: dimenso da malha da peneira, em milmetros; Dmx : Tamanho mximo nominal do agregado, em milmetros; 1/3: Coeficiente cbico, adotado para materiais britados. Conhecendo-se a curva granulomtrica de cada um dos agregados disponveis (grados e midos), procura-se a combinao percentual que propicie a maior aderncia curva de referncia. Essa combinao pode ser obtida por tentativas, ou por processo grfico, ou tambm por processo matemtico (mtodo dos mnimos quadrados), sendo os dois ltimos indicados quando se trabalha com trs ou mais agregados a combinar.
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4.4.2 Passo II: Determinar o Consumo de Aglomerantes Em geral, as especificaes tcnicas da obra indicam uma resistncia compresso caracterstica mnima (fck) a ser garantida, ou ento definem antecipadamente os critrios para consumo de aglomerante. Quando for estabelecido apenas o f c k, o consumo de cimento inicial pode ser estimado com base em experincias prvias sob circunstancia parecidas. Na falta de antecedentes, pode-se adotar de incio uma dosagem de cimento de 10 kg/m3 para cada 1 MPa de resistncia caracterstica pretendida. Assim, teramos como exemplos consumos de 80 ou 100 kg/m3 para fck = 8 ou 10 MPa respectivamente.

4.4.3 Passo III: Determinar o Consumo de gua - Ensaio de Compactao Uma vez fixados a proporo de agregados e a quantidade de cimento, pesquisase experimentalmente qual a quantidade de gua de amassamento que conduz mistura compactada de maior densidade possvel. Esta etapa semelhante determinao da umidade tima no ensaio de compactao estabelecido na Mecnica dos Solos ensaio de Proctor. Para concretos com consumo de aglomerante em torno de 100 kg/m3, e empregando areia com teor de finos da ordem de 10%, sugere-se estudar inicialmente consumos de gua entre 90 e 140 kg/m3, iniciando pela mistura mais seca e aumentando de 10 em 10 kg, obtendo assim 6 pontos para o traado da curva de compactao (teor de umidade versus densidade). Surge aqui uma diferena em relao aos ensaios padronizados na Mecnica dos Solos, onde a densidade referenciada condio seca. No caso do concreto rolado, adota-se a densidade mida, no fazendo sentido subtrair a gua, j que ela ir combinar-se com cimento, originando produtos hidratados endurecidos e estveis. Exatamente como na Mecnica dos Solos, ao traar a curva de compactao perceberemos o aumento da densidade medida do aumento da umidade at um determinado ponto, denominado timo, a partir do qual as densidades comeam a diminuir. A explicao tambm idntica: misturas muito secas so difceis de compactar devido a maior rigidez, a qual vai sendo reduzida medida que introduzimos mais gua, que exerce um papel lubrificante, permitindo a aproximao dos gros e aumentando a densidade da mistura. A partir de determinado ponto, em que todos os vazios j esto preenchidos com gua (ponto de saturao), a densidade comea a diminuir com o aumento da umidade, pois estaremos substituindo material slido (com densidade superior a 2,6) por gua (com densidade igual a 1,0). a partir do ponto de saturao que percebemos o efeito de borrachudo, sinal de que o teor de umidade da mistura j no propicia suporte adequado aos equipamentos de terraplenagem.

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Para obter uma boa representatividade em laboratrio, os corpos de prova devem ter as maiores dimenses possveis, sugerindo-se cilindros desmontveis com 25cm de dimetro por 50cm de altura. A compactao pode ser feita por apiloamento com soquete similar ao ensaio de Proctor, caso em que se deve aplicar a energia equivalente do Proctor Modificado. Entretanto, este um processo penoso e que deve ser empregado apenas com o propsito de verificaes e correlaes iniciais. Uma opo mais simples substituir o soquete de Proctor por um compactador pneumtico de pata, o que exige manter constante o tempo de apiloamento e a presso de ar comprimido. Vide Figura 25E. Outra possibilidade efetuar a compactao num aparelho VB modificado (Figura 25C), com vibrao e sobrecarga, cuja maior vantagem possibilitar a obteno de um parmetro - tempo de remoldagem - muito til no controle de uniformidade no campo. Uma variante ainda mais simples e prtica utilizar uma mesa vibratria, padronizando o nmero de camadas, o tempo de vibrao e o peso da sobrecarga. Vide Figura 25D.

Figura 2 5: Diferentes mtodos de compactao em laboratrio: Apiloamento (E); Vb (C) e Mesa Vibratria (D). Devido dimenses reduzidas dos moldes, utiliza-se a frao do concreto passante em 38 mm.

Qualquer que seja o mtodo de compactao adotado em laboratrio, haver uma duvida inicial se a energia de compactao adotada nos ensaios (e em decorrncia as densidades obtidas), simulam efetivamente aquelas passveis de serem atingidas pelos rolos compactadores vibratrios pesados empregados no campo. Uma maneira de verificar este atendimento calcular o percentual de poros, ou teor de vazios, preenchidos com ar na mistura compactada. Para um bom CCR, este percentual no deve ser superior a 4%, sendo ideal um valor entre 1,5 e 3%. Caso o mtodo de ensaio resulte em valores superiores a 4%, deve-se aumentar a energia de compactao simulada em laboratrio.

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Para cada ponto da curva de compactao, procede-se a moldagem de corpos de prova para ensaios de resistncia compresso, a serem rompidos aos pares nas idades de 28, 90 e 180 dias. A curva de resistncia versus umidade dever espelhar a curva de compactao. A partir do ponto de saturao, as resistncias tendem a diminuir, pela associao dos efeitos da menor densidade com a elevao do fator gua/cimento, principalmente.

4.4.4 Passo IV: Verificao em Aterro Experimental A mistura (ou trao) idealizada em laboratrio deve em seguida ser testada em campo, mediante uma simulao em aterro experimental, onde poder ser verificado o seu desempenho no ciclo completo de produo, desde a fabricao na central de concreto, passando pelo transporte, lanamento, espalhamento e finalmente a compactao. A Figura 26E mostra o aterro experimental da barragem de Miel I, onde se contou ainda com a possibilidade de executar ajustes e verificaes durante a construo prvia de uma ensecadeira em CCR, conforme Figura 26D.

Figura 26: Aterros experimentais para a Barragem de Miel I.

A Figura 27 ilustra diferentes aspectos da primeira etapa do aterro experimental para a barragem de Capanda. Um dos principais pontos a ser verificado a tendncia segregao. Caso a mistura no apresente segregao, devem ser testados traos sucessivamente menos argamassados (com menos areia e mais agregado grado), pois sero mais econmicos. Obviamente, em caso contrrio deve-se testar traos mais argamassados. Uma vez atingido o limiar da segregao, recomenda-se ento adotar um teor de areia 1 a 2% acima deste timo, para absorver variaes de granulometria ou de dosagem dos agregados na central de concreto. Esta verificao pode ser realizada inicialmente em laboratrio, o que exige betonada de pelo menos 200 litros, para um posterior refino em aterro experimental.

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Figura 27: Aterro experimental da Barragem de Capanda.

Simultaneamente, verifica-se tambm a adequao da umidade da mistura aos equipamentos de compactao. Para camadas de CCR com 30 cm de espessura acabada, o teor de umidade adequado dever propiciar a densidade pretendida com cerca de 8 a 12 passadas de um rolo compactador vibratrio acima de 10 toneladas. Refere-se aqui a passadas simples; um ciclo de ida e volta sero duas passadas; dois ciclos mais uma passada sero 5 passadas. As primeiras experincias de barragens em CCR no Brasil e nos EUA foram marcadas pela tendncia por misturas mais secas, o que se justificava pela cultura da Tecnologia do Concreto pela qual quanto menor o fator gua:cimento melhor o concreto, como tambm pela cultura da Mecnica dos Solos - sob a qual um borrachudo um demrito. Mas a experincia posterior permitiu constatar que a virtude est um pouco acima do meio termo: Um CCR mais para o ramo seco apresentar rigidez elevada e dificuldade de compactao, aumentando o nmero de passadas do compactador, cujo sobre-custo no significa melhor qualidade, principalmente com agregados friveis. J no ramo mido obteremos maior coeso e menor segregao no manuseio, melhor aderncia camada inferior, maior vida til da mistura fresca e ainda maior compacidade, resistncia e impermeabilidade. Devemos ter um pouco de tolerncia com um leve borrachudo, pois ele cessar assim que o cimento hidratar. Evidentemente que h limites para o ramo mido, pois acima de certo ponto (de saturao) a lei do fator gua:cimento governar e

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a densidade e a resistncia sero reduzidas. E no d para gradear uma camada fresca de CCR... A Figura 28E ilustra uma mistura seca e sem finos, que embora possa atender como base em uma obra rodoviria, totalmente inadequada para uma obra hidrulica, como uma barragem. Na Figura 28D temos uma mistura fechada, com teor de umidade ligeiramente acima da tima e muito adequada para uso em barragens.

Figura 28: Evidencias de misturas sem finos e rgida (E), e fechada e na umidade ideal (D).

Caso a mistura deva sofrer alteraes, volta-se ao laboratrio para redosagem e reclculo do trao. O aterro experimental permite tambm verificar a possibilidade de execuo das camadas de CCR com espessura acabada superior 30 cm, embora a prtica demonstre ser muito grande a dificuldade de compactar a base da camada alm desta profundidade. O aterro experimental um passo muito importante antes do incio efetivo da construo da estrutura, pois alm de verificar a adequao dos traos, permite avaliar os equipamentos e, principalmente, propicia um treinamento preliminar da equipe nos diversos procedimentos construtivos.

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