GERALDES, P. (2008) Contributo para A Organização Da Reserva Técnica Do Museu Parada Leitão
GERALDES, P. (2008) Contributo para A Organização Da Reserva Técnica Do Museu Parada Leitão
GERALDES, P. (2008) Contributo para A Organização Da Reserva Técnica Do Museu Parada Leitão
ORGANIZAÇÃO DA RESERVA
TÉCNICA DO MUSEU PARADA
LEITÃO
RELATÓRIO DE ESTÁGIO
Patrícia Geraldes
Curso Integrado de Estudos Pós-graduados em Museologia
Setembro de 2008
FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS E TÉCNICAS DE PATRIMÓNIO
SECÇÃO DE MUSEOLOGIA
Patrícia Geraldes
Porto
2007/08
CONTRIBUTO PARA A ORGANIZAÇÃO DA RESERVA TÉCNICA DO MUSEU PARADA LEITÃO
SUMÁRIO
Pág.
ABREVIATURAS ............................................................................................................................................................. III
LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................................................................... IV
LISTA DE TABELAS ......................................................................................................................................................... VI
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................ 1
I. AVALIAÇÃO DE RISCO............................................................................................................................................... 10
A INSTITUIÇÃO .......................................................................................................................................................... 11
CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA E AMBIENTAL ........................................................................................................ 13
O EDIFICIO................................................................................................................................................................. 20
A RESERVA TÉCNICA ................................................................................................................................................. 29
O ESPÓLIO EM RESERVA ........................................................................................................................................... 34
PRIORIDADES ESTRATÉGICAS DE ACTUAÇÃO .......................................................................................... 36
II. PLANO DE ORGANIZAÇÃO DA RESERVA ................................................................................................................. 39
AUDITORIA ................................................................................................................................................................ 41
ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL E ESPACIAL DA RESERVA ............................................................................................ 43
PLANO DE DISTRIBUIÇÃO DO MOBILIÁRIO ............................................................................................................... 45
PLANO DE ARRUMAÇÃO DOS OBJECTOS .................................................................................................................. 49
SISTEMA DE LOCALIZAÇÃO ....................................................................................................................................... 61
II
III. MANUAL DE PROCEDIMENTOS E NORMAS DE GESTÃO DA RESERVA TÉCNICA ................................................... 64
ACESSO FÍSICO À RESERVA........................................................................................................................................ 65
IDENTIFICAÇÃO DA LOCALIZAÇÃO DOS OBJECTOS ................................................................................................... 67
MARCAÇÃO DOS OBJECTOS ...................................................................................................................................... 67
ARMAZENAMENTO ................................................................................................................................................... 68
MOVIMENTAÇÃO...................................................................................................................................................... 68
AUDITORIA ................................................................................................................................................................ 70
MANUTENÇÃO .......................................................................................................................................................... 72
IV. PLANO DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA DA RESERVA TÉCNICA DE OBJECTOS .................................................... 73
PRINCIPIOS GERAIS ................................................................................................................................................... 74
ESTRATÉGIA DE MONITORIZAÇÃO E CONTROLO AMBIENTAL .................................................................................. 74
EXAME/INSPECÇÃO E REGISTO ................................................................................................................................. 77
INTERVENÇÃO E REGISTO ......................................................................................................................................... 79
MANUTENÇÃO PREVENTIVA E CORRECTIVA ............................................................................................................ 80
V. RECOMENDAÇÕES .................................................................................................................................................. 85
GLOSSÁRIO .................................................................................................................................................................. 94
ANEXOS ..................................................................................................................................................................... 101
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................................ 119
ABREVIATURAS
III
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - DADOS RELATIVOS À TEMPERATURA MÉDIA MENSAL ENTRE MAIO DE 2006 E FEVEREIRO DE 2008 ....................16
TABELA 2 - DADOS RELATIVOS Á HUMIDADE RELATIVA MÉDIA MENSAL ..........................................................................17
TABELA 3 - DADOS RELATIVOS À PRECIPITAÇÃO ........................................................................................................17
TABELA 4 - DADOS RELATIVOS AO VENTO ................................................................................................................18
TABELA 5 - DADOS RELATIVOS Á RADIAÇÃO SOLAR MÉDIA MENSAL ...............................................................................18
TABELA 6 - DADOS RELATIVOS AOS POLUENTES (2005) .............................................................................................19
TABELA 7 - CLASSIFICAÇÃO DO ÍNDICE DE QUALIDADE DO AR, DE ACORDO COM AS CLASSES DE CONCENTRAÇÃO, PARA 2005 ...19
TABELA 8 - IDENTIFICAÇÃO DE 3 TIPOS DE RISCO CONSOANTE FREQUÊNCIA E SEVERIDADE .................................................36
TABELA 9 - PROCEDIMENTOS DE LIMPEZA DOS OBJECTOS EM RESERVA ..........................................................................52
TABELA 10 - VALORES DE TEMPERATURA E HUMIDADE RELATIVA ACONSELHADOS ...........................................................75
TABELA 11 - LISTAGEM DE DANOS E/OU PERDAS ......................................................................................................78
TABELA 12 - LISTAGEM DOS MÉTODOS DE INTERVENÇÃO............................................................................................79
TABELA 13 - DOSES DE ILUMINÂNCIA MÁXIMA RECOMENDADA CONFORME SENSIBILIDADE DOS MATERIAIS ..........................81
TABELA 14 - OLOCAÇÃO DE MATERIAIS NAS ESTANTES DA RESERVA CONSOANTE SENSIBILIDADE DE MATERIAIS ......................81
TABELA 15 - RESPONSABILIDADES DOS PROFISSIONAIS DO MUSEU NA PREPARAÇÃO DO PLANO ..........................................92
VI
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
PATRÍCIA GERALDES CIEPGM07/08
CONTRIBUTO PARA A ORGANIZAÇÃO DA RESERVA TÉCNICA DO MUSEU PARADA LEITÃO | INTRODUÇÃO
Este trabalho pretende ser o reflexo das actividades e tarefas desenvolvidas no âmbito do
estágio do Curso Integrado de Estudos Pós-Graduados em Museologia leccionado na Faculdade
de Letras da Universidade do Porto.
Integrado na área científica de Conservação Preventiva, foi orientado internamente pela Mestre
Paula Menino Homem e externamente pela Mestre Patrícia Costa, directora do Museu Parada
Leitão (ISEP), local onde decorreu o estágio.
Perante isto, optou-se por delinear um plano de acção como se apresenta a seguir:
1. Avaliação de risco
De índole preventivo e protector, neste plano deveriam ser expostas não só as rotinas,
estratégias e actuações a assegurar, mas também os critérios e métodos de manuseamento e
os parâmetros de controlo e avaliação do estado de conservação dos objectos.
6. Recomendações
No final, deveriam ser apresentadas recomendações de actuação futuras, principalmente no
que diz respeito à segurança e situações de emergência.
O estágio foi programado, distribuindo as 300 horas disponíveis para a realização do mesmo,
pelos pontos de acção principais e as actividades inerentes ao mesmo conhecidas de antemão,
conforme o cronograma apresentado de seguida. Juntamente com esta calendarização,
apresentam-se também os desvios que aconteceram durante o processo.
Previsto
Realizado
4
Mês Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abril Mai. Jun.
Actividades 07 07 08 08 08 08 08 08
DEZEMBRO
TOTAL de horas do mês de Dezembro destinadas ao estágio: 60 horas
ACTIVIDADES TAREFAS DURAÇÃO
Visita ao Museu do Vinho do Porto 3 horas
Visita à Casa - Museu Marta Ortigão Sampaio 3 horas
Formação integrada Conferência “Software de inventário, Gestão e
7,5 horas
Divulgação nos Museus UP Índex Rerum”
Conferência “Museus e Sociedade” 7,5 horas
Preparação prévia do guião da visita
Visita ao Museu Parada Leitão Recepção dos alunos 3 horas
Acompanhamento da visita
Caracterização do acervo em reserva 6
Caracterização do espaço: potencialidades e pontos
fracos
Avaliação dos dispositivos de
Diagnóstico da situação 22 horas
armazenamento/acondicionamento disponíveis
Caracterização das condições de monitorização e
controlo ambiental do espaço
Previsão de crescimento do acervo em reserva
Definição da distribuição do mobiliário
Plano de distribuição espacial 3,5 horas
Definição da área de circulação e acesso
Transferência dos objectos Colocação dos objectos no novo espaço 8 horas
Consulta de bibliografia Pesquisa e consulta de bibliografia na Internet 2,5 horas
JANEIRO
TOTAL de horas do mês de Janeiro destinadas ao estágio: 16 horas
ACTIVIDADES TAREFAS DURAÇÃO
FEVEREIRO
TOTAL de horas do mês de Fevereiro destinadas ao estágio: 72 horas
ACTIVIDADES TAREFAS DURAÇÃO
Critérios e metodologias de marcação de artefactos 4 horas
Visita de estudo ao Centro de Materiais da Universidade do
Formação integrada Porto (CEMUP), Laboratório de Microscopia Electrónica de 4 horas 7
Varrimento e Laboratório de Análises de Superfícies
Sessão prática Índex Rerum 4 horas
Avaliação do estado de conservação dos objectos e dos
sistemas de acondicionamento
MARÇO
TOTAL de horas do mês de Março destinadas ao estagio: 36 horas
ACTIVIDADES TAREFAS DURAÇÃO
Definição de estratégias
Plano estratégico de
8 horas
monitorização e controlo ambiental
Pesquisa de mercado: equipamentos e material
apropriado
ABRIL
TOTAL de horas do mês de Abril destinadas ao estágio: 105 horas
ACTIVIDADES TAREFAS DURAÇÃO
Definição das condições de acondicionamento e
Plano estratégico de
armazenamento adequadas e dos métodos de 16 horas
Monitorização e controlo ambiental
monitorização e controlo ambiental
MAIO
TOTAL de horas do mês de Maio destinadas ao estágio: 8 horas
ACTIVIDADES TAREFAS DURAÇÃO
JUNHO
TOTAL de horas do mês de Abril destinadas ao estágio: 12 horas
ACTIVIDADES TAREFAS DURAÇÃO
I.
AVALIAÇÃO DE RISCO 10
AVALIAÇÃO DE RISCO
PATRÍCIA GERALDES CIEPGM07/08
CONTRIBUTO PARA A ORGANIZAÇÃO DA RESERVA TÉCNICA DO MUSEU PARADA LEITÃO | AVALIAÇÃO DE RISCO
A INSTITUIÇÃO
NOME DA INSTITUIÇÃO
ENDEREÇO
TELEFONE
(+351) 228340508
E-MAIL
[email protected]
RESPONSÁVEL
Museu
DATA DE CRIAÇÃO
1998
PROPRIETÁRIO
MISSÃO
OBJECTIVOS:
Divulgar o estudo das ciências da engenharia, mostrando como se fez ontem, o que se
faz hoje e projectando, sempre que possível, o futuro;
CONSERVAÇÃO
EQUIPA
13
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA
O Museu Parada Leitão situa-se na Rua Dr. António Bernardino de Almeida, freguesia de
Paranhos, concelho e distrito do Porto e encontra-se provisoriamente instalado no ISEP.
Esta instituição fica localizada no limite noroeste da cidade numa densa malha urbana,
caracterizada por bairros residenciais como o bairro de Agra do Amial e o bairro da Azenha, pelo
Pólo Universitário da Asprela (o maior da cidade do Porto) que integra vários estabelecimentos
do ensino superior como a Universidade Portucalense Infante D. Henrique e a Universidade
Católica do Porto, a Escola Superior de Enfermagem, a Escola Superior de Educação do Porto, a
Faculdade de Medicina, Economia, Ciências e Desporto, Medicina Dentária e de Engenharia da
Universidade do Porto, o próprio Instituto Superior de Engenharia do Porto e algumas escolas
primárias. A par destes estabelecimentos de ensino, a zona envolvente integra ainda duas das
mais importantes estruturas de saúde do país: o Hospital de S. João e o Instituto Português de
Oncologia onde diariamente chegam milhares de pessoas para serem assistidas.
Além destes aspectos é importante referir que esta zona está próxima de duas das vias mais
movimentadas da cidade do Porto: a VCI com ligação à auto-estrada n.º 3 e a Circunvalação.
14
15
A cidade do Porto caracteriza-se por ter um clima temperado Atlântico, embora bastante
húmido e com algum arrefecimento nocturno.
A zona onde se localiza o Museu Parada Leitão não diverge desta apreciação. Através da Estação
Meteorológica situada na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (1), instituição
também situada na área de análise, foram adquiridos os dados apresentados de seguida
relativos às condições climatéricas entre Maio de 2006 e Maio de 2007. Esta estação encontra-
se actualmente desactivada, mas media e registava com uma frequência de 10 minutos a
Temperatura, a humidade relativa, a direcção e velocidade do vento, a radiação solar e a
pressão média e está localizada a uma Latitude de 41°10' N, Longitude de 08° 35' O e a uma
Altitude de 73m.
Conseguiram apurar-se alguns valores respeitantes ao período de tempo entre Junho de 2007 e
Fevereiro de 2008, através dos Relatórios Mensais do
Instituto de Meteorologia Português (2), mas apenas Temperatura
média
(ºC)
referentes à Temperatura média e ao nível de Mai-06 15,6
Jun-06 20,2
16
precipitação registados na Estação Meteorológica de
Jul-06 20,2
Pedras Rubras. Ago-06 (*)
Set-06 (*)
Out-06 16,5
Nov-06 12,3
Dez-06 10,3
TEMPERATURA (Tabela n.º 1) Jan-07 10,4
Fev-07 11,8
Mar-07 12,6
Abr-07 15
Temperaturas médias elevadas diminuem as Mai-07 16,3
Jun-07 17,5
oportunidades de arrefecimento. Variações anuais e Jul-07 19
Ago-07 20,5
alterações diurnas reduzidas limitam os ciclos diários ou
Set-07 20,3
sazonais de arrefecimento. Out-07 17
Nov-07 13
Dez-07 11
Jan-08 11,5
A Temperatura média é de 14°C, apesar da Fev-08 9
(*) sem dados
tendência, como sabemos, ser para aumentar, e
Tabela 1 - Dados relativos à Temperatura média
verifica-se que existe uma amplitude térmica de mensal entre Maio de 2006 e Fevereiro de 2008
Face ao aquecimento global do planeta e às alterações climáticas visíveis que se têm registado
um pouco por todo o nosso país é de esperar que os dados venham a registar algumas
alterações todos os anos, sendo necessário estar com atenção a este factor nos próximos anos.
Segundo dados do Instituto de Meteorologia, todos os valores mensais dos últimos 22 meses se
encontram abaixo do nível normal, à excepção dos meses de Setembro, Outubro e Novembro
de 2006 e de Junho e Julho de 2007 que ultrapassaram em muito os valores de referência. A
precipitação é mais frequente nos meses de Inverno, mas no ano passado registaram-se valores
anormais de precipitação no Verão.
19
Tabela 7 - Classificação do índice de qualidade do ar, de acordo com as classes de concentração, para 2005 (4)
De acordo com o definido na legislação nacional e comunitária em vigência no que diz respeito à
qualidade do ar, nomeadamente a Directiva nº 1999/30/CE, a Directiva nº 2002/3/CE, o
Decreto-Lei nº 320/2003 e o Decreto-Lei nº 111/2002, os dados relativos à cidade do Porto
obtidos em 2005 (4) são representativos dos elevados índices de poluentes:
o dióxido de enxofre está abaixo dos valores limite diário para protecção da saúde humana
(125µg.m3);
o dióxido de azoto ultrapassa o limite recomendado (200µg.m3);
o ozono atinge limites prejudiciais a longo prazo, atingindo uma classificação de Fraco (limiar
de alerta: 240 µg.m3).
4 Fonte: Relatório Estado da Qualidade do Ar na Região Norte – 2005 CCDRN – Universidade de Aveiro
NÍVEIS FREÁTICOS
Não existem dados exactos acerca dos níveis freáticos daquela zona, no entanto sabe-se que são
superficiais porque esta é uma zona de confluência de águas com pequenos cursos de água
subterrâneos que vão desaguar à ribeira da Asprela, actualmente entubada e principal curso de
água da referida zona. Por este facto a capacidade de absorção dos solos satura rapidamente,
podendo provocar inundações nos pisos inferiores e abaixo da cota do solo.
INTENSIDADE SISMICA
O EDIFICIO
O Museu Parada Leitão situa-se, desde 1998, no piso -1 do Edifício C do campus do ISEP à cota
de -2,70m. O acesso ao Museu é efectuado, internamente, pelas escadas a Sul e pelo elevador, e
exteriormente através de uma rampa na fachada oeste.
CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS
O edifício é construído num sistema misto de estrutura de betão armado e paramentos em
alvenaria de tijolo. O revestimento das fachadas é em tijolo aparente formando caixa-de-ar. No
revestimento das coberturas foi aplicado fibrocimento e lagetas de betão e, nas clarabóias, que
são rebocadas e pintadas, foram colocadas telas auto protegidas. Os isolamentos térmicos e
hidrófugos foram garantidos.
As paredes são pintadas sobre betão aparente, o reboco estanhado com acabamento a tinta
plástica em todas as superfícies. Os tectos são pintados sobre betão aparente, reboco estucado
com acabamento a tinta de água e a tinta plástica nos espaços de circulação.
Todas as paredes enterradas foram drenadas com a aplicação de telas de Encadrayn, e na sua
base colocado um tubo de 150mm de Ø que liga à rede exterior de águas pluviais. As juntas de
dilatação das paredes enterradas foram vedadas com perfil de borracha do tipo watter stop de
25cm de largura.
Todo o espaço expositivo e de reserva do museu prima pela ausência de janelas ou qualquer
passagem para o exterior. No entanto, nos espaços destinados aos gabinetes técnicos e serviços
educativos existem duas janelas.
A vegetação e a paisagem têm implicações benéficas e adversas: se por um lado são filtros naturais de
poluentes, providenciam sombra, afectam a ventilação e a velocidade do vento, por outro elevam os níveis
de humidade e facilitam o aparecimento de insectos e microorganismos. Além disso, o tratamento de
jardins introduz poluentes do equipamento, humidade da irrigação e restos de vegetação cortada.
Na área envolvente ao edifício onde está localizado o museu existe bastante vegetação,
predominando o relvado e as árvores, algumas delas de fruto, mas não se encontram flores com
frequência. Todos os meses procede-se ao tratamento dos jardins.
O terreno que circunda o edifício resulta da substituição dos aterros existentes anteriormente
por aterro de saibro devidamente compactado.
Outro factor que pode interferir directamente no ambiente do museu é a constante utilização
das zonas circundantes para estacionamento de carros, privilegiando o aumento da poluição na
área.
22
Após esta alteração o museu passou a ser constituído por 4 salas visitáveis e por uma área
reservada:
Na área de acesso condicionado passaram a coexistir o fundo documental do museu (sala 5), um
pequeno espaço destinado às tarefas de manutenção e limpeza (sala 6) e um outro subdividido
através de paredes movíveis para o desenvolvimento das actividades dos serviços educativos e
armazenamento de objectos (sala 7).
Neste momento, está a decorrer uma nova fase de ampliação e reorganização da exposição. A
intenção é criar salas que permitam uma exposição de longa duração, espaços apropriados de 24
reserva e arquivo, zonas de consulta e de apoio e transferir os serviços técnicos para o mesmo
piso.
Figura 9 - Planta do museu depois das obras de ampliação e reorganização (previsão: 2008)
ROTINAS DE MANUTENÇÃO
Não existe um plano de manutenção para o Museu. A limpeza depende directamente dos
serviços contratados pelo ISEP: a limpeza do pavimento é realizada diariamente, antes do início
do horário de funcionamento, pela empresa que limpa todas as instalações do Instituto. A
equipa de limpeza não teve formação específica, apenas foi informada que não poderia utilizar
quaisquer produtos de limpeza sem consultar previamente a conservadora do museu, optando
preferencialmente por limpar apenas com água.
As inspecções mensais ao equipamento de controlo ambiental são feitas também por empresas
que estão contratadas pelo Instituto para realizar a manutenção do equipamento similar de
todo o Campus. A equipa de manutenção dos equipamentos tem um técnico formado para o
efeito. Não foi possível apurar o tipo de filtros existentes e a regularidade com que são
substituídos.
No que diz respeito a riscos de dano/perda por inundação ou infiltrações existem algumas
condições negativas que não foram tomadas em consideração: o Museu foi instalado numa cave
à cota de -2,70m, as canalizações situam-se em todas as salas junto ao tecto e, em alguns dos
espaços existem canalizações abertas. No entanto, foram instaladas sistemas de escoamento de
água e as paredes em betão armado têm aditivos hidrófugos.
26
Figura 15 - Canalizações junto ao tecto colocadas por cima dos objectos em exposição
Para o controlo da humidade relativa, não existem métodos instalados em toda a área do
museu, apenas 2 desumidificadores nas duas primeiras salas (regulados a 55%) e outro no
arquivo (regulado entre 45% e 55%). Uma estratégia de monitorização ambiental nunca foi
implementada.
Figura 10 – Desumidificador
No que diz respeito ao controlo da Temperatura, este é feito apenas através de dois sistemas de
ar condicionado localizado nas duas primeiras salas e regulados para uma Temperatura de 18°C.
No entanto, tal como acontece com a humidade relativa, não existe nenhuma estratégia de
monitorização.
29
Figura 20 - Planta do museu com os factores que influenciam a conservação e segurança do museu
A RESERVA TÉCNICA
A opção tomada prendeu-se, por um lado, com o facto da área agora destinada à reserva técnica
se localizar num espaço contíguo aos serviços técnicos e, por outro, por permitir a libertação do
espaço anterior para aí se instalar mais uma zona de exposição.
Assim sendo, no planeamento e organização do espaço devem ser tidos em conta os factores
30
que podem contribuir para a degradação dos objectos e que influenciam normas de gestão e
segurança.
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
O espaço destinado à nova reserva técnica de objectos prima pela ausência de janelas e
passagens para o exterior.
O acesso a esta área é feito através de duas portas sem qualquer tipo de protecção contra
mudanças ambientais ou entrada de organismos. Ambas são utilizadas com regularidade e
trancadas, mas não dispõe de qualquer alarme contra a entrada de pessoas não autorizadas.
Conta com uma área de cerca de 92m2 e um pequeno espaço com cerca 8,5 m2 que poderá ser
aproveitado.
31
ROTINAS DE MANUTENÇÃO
Para este espaço não existe qualquer rotina de manutenção.
No que diz respeito à Temperatura também não existem meios de controlo ou monitorização.
Medições pontuais efectuadas durante a mesma altura indicaram valores médios de 22°C.
Existem condições positivas que facilitam o controlo da humidade relativa e da Temperatura:
isolamento hidrófugo e térmico do edifício, não existem janelas nos espaços e a circulação no
espaço é reduzida.
Não estão implementadas quaisquer rotinas proactivas contra ataques de agentes orgânicos.
A iluminação é artificial o que permite um controlo mais facilitado. Através de medições com o
monitor ambiental Elsec 764 registaram-se valores máximos de iluminância de 3401lx.h (a cerca
de 60cm das fontes luminosas). Os valores da radiação não são apropriados: 100 μ/lúmen.
a) Objectos inventariados
- Identificados
- Não identificados
Não existiam áreas de quarentena nem espaço suficiente para permitir a movimentação sem
problemas de funcionários, objectos ou equipamentos. Muitos dos objectos estavam em
corredores ou zonas de passagem e depositados no chão.
33
Figura 23 – Aspecto geral das condições de armazenamento dos objectos em reserva (até Dezembro de 2007)
O responsável pela colecção de objectos é a conservadora do museu, mas toda a equipa técnica
tem permissão para manusear o acervo em reserva e qualquer pessoa na instituição pode
aceder ao espaço com autorização dos órgãos de gestão do ISEP.
Até este momento, a instituição tem colocado em segundo plano a conservação dos objectos,
sendo que as tarefas que se desenvolveram neste âmbito foram a colocação de etiquetas nos
materiais inventariados e a limpeza mecânica superficial dos mesmos. Não existe qualquer
orientação formal, plano ou documentação de qualquer tarefa de manutenção, conservação,
O ESPÓLIO EM RESERVA
INVENTÁRIO E MARCAÇÃO
1,50%
10,50%
30%
7,50% Civil
Desenho Técnico
Electrotecnia
Física
34
Indeterminado
2% Mecânica
Minas e Metalurgia
30% Quimica
16%
1%
Os objectos inventariados são identificados de forma clara, com o número de inventário visível,
mas, por vezes, é necessário manuseá-los para os verificar.
É, no entanto, necessário realizar uma auditoria para verificar se estes registos estão
actualizados, assim como a marcação dos objectos.
MATERIAIS
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
58%
Muito Bom
Bom
Regular
Deficiente
15% Mau
11% Indeterminado
1%
1% 14%
35
Para além de, como podemos verificar, não existir um registo do estado de conservação de
cerca de 14% dos objectos em reserva, não estão registadas quaisquer especificações relativas
às causas ou ao tipo de danos provocados.
Não existem normas de definição dos diversos estados de conservação, sendo registado de
forma puramente empírica e subjectiva. É, por isso, necessário definir normas de identificação
de estado de conservação, realizar uma auditoria para verificar se estes registos estão correctos
e registar agentes ou danos, dependendo da estratégia que se vier a adoptar.
36
Para se estimar a magnitude dos riscos são consideradas quatro premissas:
Probabilidade (P) de um determinado dano ocorrer, num período de 100 anos.
fracção da colecção vulnerável a esse dano (FS)
extensão do dano (E)
perda de valor antecipada (PV)
Cada uma destas variáveis é avaliada numa escala de 0 a 1, inclusive, e tem de ser determinada
ou estimada para cada um dos agentes de deterioração.
O seu cálculo é realizado do seguinte modo:
para os tipos de risco 1 e alguns do tipo 2: P x FS X PV
para os restantes tipos: P × FS × E × PV
No entanto, após a recolha de dados para avaliação de risco, optou-se por não seguir esta
metodologia, visto que, de facto, perante os dados já apresentados anteriormente, de forma
quase empírica se pode reconhecera frequência e severidade elevadas perante todos os tipos de
risco.
5 Michalski, S., An overall framework for preventive conservation and remedial conservation in ICOM Committee for Conservation 9th Triennal Meeting.
Dresden (1990)
Assim, optou-se por resumir os factores de risco a que os objectos estão sujeitos na nova
reserva técnica do Museu Parada Leitão e a sua vulnerabilidade face a cada um:
MATERIAIS
RISCOS Madeira
Metais Madeira Gesso Vidro
Policromada
Inundação 3 3 3 3 1
ÁGUA Humidade relativa
3 3 3 3 1
elevada
Visível 1 2 3 3 1
RADIAÇÃO
UV 3 3 3 3 1
Fungos e Bactérias 2 3 3 3 1
ATAQUE
Insectos 1 3 3 3 1
BIOLÓGICO
Roedores 1 1 1 1 1
FACTORES DE RISCO
Acondicionamento
3 3 3 3 3
incorrecto
NEGLIGÊNCIA DO
Manuseamento
HOMEM 2 2 2 2 2
incorrecto
Registo incorrecto 2 2 2 2 2
37
Roubo 3 3 3 3 3
SEGURANÇA
Vandalismo 3 3 3 3 3
SISMO Baixa densidade 1 1 1 2 2
POLUIÇÃO 3 3 3 3 3
TEMPERATURA 2 2 2 2 1
INCÊNDIO 2 3 3 3 2
1 – menor vulnerabilidade | 2 – vulnerabilidade moderada | 3 – maior vulnerabilidade
38
II.
PLANO DE ORGANIZAÇÃO DA RESERVA 39
PLANO DE ORGANIZAÇÃO
DA RESERVA
PATRÍCIA GERALDES CIEPGM07/08
CONTRIBUTO PARA A ORGANIZAÇÃO DA RESERVA TÉCNICA DO MUSEU PARADA LEITÃO
PLANO DE ORGANIZAÇÃO DA RESERVA
Este plano tem como objectivo primordial contribuir para uma melhoria das condições de
armazenamento e acondicionamento dos materiais em reserva. Numa situação ideal este
espaço nunca seria considerado como hipótese para armazenar qualquer tipo de acervo
museológico. Como foi verificado, apresenta algumas condicionantes inapropriadas para se
instalar aí a reserva:
Não tem uma zona independente e suficientemente ventilada para aí se instalar a área de
trabalhos;
Assim sendo, como não existem condições ideais, propõe-se a concretização de soluções o mais
adequadas possível, tendo em conta as condicionantes apresentadas. Torna-se imprescindível
conceber uma solução integrada, tendo um cuidado redobrado na colocação do mobiliário, na
concepção de meios de acondicionamento e na movimentação de objectos, equipamentos e
pessoas. Para isso, definiu-se um plano de acção estratégico:
1. auditoria às fichas de inventário e marcações, o que vai permitir aferir exactamente que
materiais existem, suas dimensões e estado de conservação, ao mesmo tempo que se
corrige e/ou actualiza a base de dados;
Todos os desvios à concretização deste plano vão sendo assinalados e justificados ao longo da
apresentação de resultados.
AUDITORIA
Foi realizada uma auditoria a todos objectos existentes na reserva técnica e às respectivas fichas
de inventário e marcações.
Após esta auditoria foi necessário corrigir e/ou actualizar cerca de 30% das fichas de inventário
já existentes, no que diz respeito principalmente a localização, material e categoria, e criaram-se
137 fichas de inventário novas. No total, a base de dados passou a indicar a existência na
reserva técnica de 680 objectos. 41
Aos materiais foi necessário acrescentar na lista de valores porcelana, barro e grés.
35,0% 31,5%
30,0% 30,0%
28,0%
30,0%
25,0%
20,0% 16,0%
15,0%
10,5%10,0% 10,0%
9,0%
10,0% 7,5%
6,0% Dez-07
3,0% 4,0%
5,0% 1,5% 1,0% 2,0% Abr-08
0,0%
Física
Electrotecnia
Química
Não classificado
Civil
Desenho
Mecânica
Minas e Metalurgia
6
3
9
22 Civil
Desenho
Electrotecnia
Física
Mecânica
6
Minas e Metalurgia
82 9 Química
No que diz respeito ao estado de conservação, ainda não foi corrigida nenhuma ficha de
inventário, por se encontrar ainda em discussão com a conservadora a definição de cada um dos
valores. No entanto, propõe-se o seguinte:
42
Muito Bom – peça em perfeito estado de conservação: os materiais não apresentam
perdas ou lacunas e os danos provocados por agentes de degradação foram nulos.
Regular – peça ou fragmento de peça (que permita uma restituição da original) que
apresenta lacuna(s) e/ou perda(s) em mais de 25% e menos de 50% do objecto e que
necessita de intervenções de restauro, mas que tem os materiais estabilizados.
Deficiente – peça em que é urgente intervir: Apresenta lacuna(s) e/ou perda(s) e sinais de
degradação contínua em mais de 25% do material (não estabilizado).
Mau – peça deteriorada em mais de 50% do material (estabilizado ou não), que apresenta
graves problemas de conservação que dificultam a leitura integral da peça.
Como foi referido anteriormente o espaço conta com uma área de cerca de 92m 2, ao qual
devem ser subtraídos 1,35m2, correspondentes a uma zona considerada de risco por se
encontrar localizada em baixo de canalizações colocadas junto ao tecto, e outra de 7,5m2,
reservada à zona de trabalhos de conservação e manutenção.
43
Aquando do inicio do
estágio, a transferência dos
objectos para a reserva
nova foi feita sem qualquer
planeamento. O espaço
anteriormente ocupado
pela reserva ia ser
necessário para uma
actividade temporária não
incluída no programa de
actividades, mas decidida
pelos responsáveis da
instituição e, como o tempo
de concepção da mesma
era extremamente 45
reduzido, a transferência
foi realizada, não tendo
sido por isso possível a
colocação dos objectos de
forma adequada. Aliás,
muitos deles foram
colocados na área
Figuras 32 e 33- Área de risco (antes e após a transferência)
considerada de risco.
Este facto veio influenciar muito na concretização atempada das actividades programadas no
projecto de estágio, já que dificultava e complicava muito mais a circulação, o manuseamento e
a distribuição dos equipamentos e objectos.
As únicas soluções que ainda foram possíveis implantar foi o planeamento da distribuição do
mobiliário existente e a definição do espaço de circulação, de modo a permitir o acesso
facilitado e a circulação de carrinhos de mão, os objectos de maior porte e pessoas no espaço.
47
Figura 37- Aspecto da reserva após a transferência dos objectos: os corredores de circulação eram diminutos, mas foram
alargados com a junção de duas filas de estantes
Estantes Formato A
Nº máximo de prateleiras: 23
Estantes Formato B
Nº máximo de prateleiras: 23
Nenhuma estante apresenta evidências de qualquer tipo de corrosão nem têm qualquer tipo de
resguardo contra as condições ambientais do espaço, apenas protecções laterais contra
vibrações.
O mobiliário disponível foi distribuído de modo a permitir áreas de circulação com as dimensões
assinaladas na figura seguinte:
49
Perante as situações que tinham sido criadas, era emergente a necessidade de criar um plano de
acção que permitisse rapidamente o acesso facilitado e a circulação de carrinhos de mão, os
objectos de maior porte e pessoas no espaço, sem colocar em risco a integridade dos objectos.
Lembro que nesta altura ainda decorriam os processos de diagnóstico de riscos e a auditoria às
fichas de inventário, de modo a saber-se exactamente o que existia e em que condições.
O plano deveria:
Assentar na segurança;
Ser lógico;
Retirar os objectos do chão, das zonas de passagem, da área de risco ou em contacto com
paredes exteriores;
Colocar os objectos de maior dimensão nas prateleiras inferiores, de modo a poder utilizar-
se para sua movimentação os meios mecânicos disponíveis (carrinho de transporte);
Optou-se por dividir o processo de trabalho por fases conforme as necessidades mais
emergentes:
50
Não existem recursos logísticos que permitam a pesagem dos materiais, daí que se tenha
optado pela seguinte classificação de forma meramente empírica:
Manipulação e transporte conseguido por apenas uma pessoa = Objectos de tipo A
Manipulação e transporte conseguido apenas por duas pessoas = Objectos de tipo B
Manipulação e transporte não conseguido por duas pessoas = Objectos de tipo C
Cada objecto foi arrumado de modo a garantir-se o acesso facilitado, sem que para isso
implicasse a movimentação de outros.
51
O mobiliário foi limpo com recurso a panos de algodão e água destilada. Para os objectos
procedeu-se da forma indicada na tabela seguinte:
53
Caso 1: objectos pequenos e que facilmente deslizam, correndo o risco de cair das prateleiras
Soluções: concepção de uma estrutura em esferovite com margens mais elevadas que os
objectos; realização de cortes na estrutura com o mesmo formato dos objectos; ou, aplicação de
mais esferovite entre o objecto e a estrutura de modo a estabilizá-lo. Os que tinham ponta
bicuda espetaram-se na estrutura.
Figura 43 - Solução de acondicionamento. Neste caso verifica-se também a optimização do espaço, através do empilhamento das
estruturas em esferovite, sem colocar em risco os objectos
55
56
57
58
Figura 49 - Aspecto da reserva após a concretização do plano de emergência de arrumação dos objectos
Figura 50 - Aspecto da reserva após a concretização do plano de emergência de arrumação dos objectos
59
Figura 51 - Aspecto da reserva após a concretização do plano de emergência de arrumação dos objectos.
Note-se que na zona inferior direita da imagem, a área considerada de risco, está completamente vazia.
60
Figura 52 - Objectos colocados na zona de risco sem qualquer critério de arrumação. Mesmo após a queda de água, provocada por
deficiências nas canalizações também visíveis na imagem, a opção tomada pela conservadora foi mantê-los no mesmo local.
Perante isto, apenas se conseguiu minorar os riscos numa situação. Objectos de grandes
dimensões e peso iam ser colocados no chão numa zona de risco. Apesar de não serem
deslocados para outra área, colocaram-se sobre uma palete que possibilitará uma deslocação
mais facilitada com recurso a porta paletes. Vejamos:
SISTEMA DE LOCALIZAÇÃO
O sistema de localização dos objectos foi concebido através da atribuição de números e letras às
filas, estantes e prateleiras. Veja-se as imagens:
62
Quando há duas filas de estantes juntas, os números par são atribuídos ao lado direito e os
impar ao esquerdo;
As prateleiras são numeradas por ordem crescente, sendo o inicio da contagem na prateleira
superior.
Foi colocado nas portas de acesso à reserva mapas de orientação, como o apresentado de
seguida, de modo a garantir uma rápida localização não só por letra e número, mas também por
categoria.
63
III. 64
MANUAL DE
PROCEDIMENTOS E
NORMAS DE GESTÃO DA
RESERVA
PATRÍCIA GERALDES CIEPGM07/08
CONTRIBUTO PARA A ORGANIZAÇÃO DA RESERVA TÉCNICA DO MUSEU PARADA LEITÃO
MANUAL DE PROCEDIMENTOS E NORMAS DE GESTÃO DA RESERVA TÉCNICA
O acesso físico à reserva só pode ser feito pelo conservador ou por quem tenha autorização da
direcção, sempre sob a sua supervisão.
Deve-se ter em conta que é absolutamente proibido comer, beber ou fumar na reserva durante
qualquer actividade e todos devem zelar para que esta regra se cumpra.
Quem aceder à reserva deverá preencher a folha de controlo. Esta ficha deve conter
obrigatoriamente:
Nome
Finalidade do acesso
FICHA DE CONTROLO
REGISTO DE ACESSO
ASSINATURA
HORA DE HORA DE
NOME FINALIDADE DATA DO
ENTRADA SAÍDA
RESPONSÁVEL
Limpeza do
Luísa Faria 12/07/2008 9h30m 12h30 Patrícia Costa
espaço
Transporte de
Henrique Dias 10/07/2008 14h35 15h00 Patrícia Costa
peças (saída)
Transporte de
Henrique Dias 12/09/2008 10h00 10h30 Patrícia Costa
peças (entrada)
Patrícia
Auditoria 09/09/2008 9h00 12h30 Patrícia Costa
Geraldes
Patrícia
Auditoria 09/09/2008 14h00 18h00 Patrícia Costa
Geraldes
66
1.escrever Reserva,
5. Caso esteja dentro de um contentor ou caixa, coloca-se por fim, a letra c [caixa/contentor] em
letra minúscula seguida do número identificativo
67
Os objectos em reserva devem ser marcados recorrendo a etiquetas livres de ácido, movíveis,
com linha de algodão, poliéster ou linho. No caso de uma peça que se desmonte, que esteja
fracturada ou de um conjunto, deve ser colocada uma etiqueta em cada uma das partes
constituintes.
Quando colocados em contentores ou caixas, a cada recipiente deve ser atribuído um número
individual, marcado no seu exterior e deve conter a identificação de todos os objectos colocados
no seu interior. Esta marcação pode ser feita através de qualquer material desacidificado, de
preferência etiquetas.
Exemplo:
CAIXA 21
ARMAZENAMENTO
3. Limpeza do objecto;
MOVIMENTAÇÃO
68
Sempre que haja necessidade de movimentar objectos para fora da reserva, o conservador deve
preencher a ficha de controlo e apenas ele pode autorizar a sua movimentação.
Quando se retirar um objecto do seu local de armazenamento, deve deixar-se em seu lugar uma
cópia da ficha de controlo de movimentação.
FICHA DE CONTROLO
REGISTO DE MOVIMENTAÇÃO
Super-Categoria Objectos
Sub-Categoria Minas
N.º inv. imagem: 4766(1)OBJ
Localização: c:/Meus
Designação Modelo de desmonte por bancadas Documentos/Inventarioobj
69
LOCALIZAÇÃO
Temporária Sala 1
AUDITORIA
Semestralmente deve ser realizada uma auditoria aos objectos em reserva pelo conservador, ou
por um técnico designado por ele. Deve estar sempre actualizada e feita em sistema de tabela.
Em situação alguma é permitido alterar ou eliminar qualquer informação anterior.
Data da auditoria;
Posteriormente, e caso seja necessário, a base de dados informática deve ser actualizada.
FICHA DE CONTROLO
AUDITORIA
Localização Estado de
Nº Inv. Marcação Actualização
f e p c Conservação
513 × D 10 2 × Regular ×
1058 × D 7 1 × Bom ×
1078 × D 4 2 × Bom ×
1079 × D 7 1 × Regular ×
1081 × D 10 2 × Bom ×
1084 × D 10 1 × Bom ×
1089 × D 10 3 × Deficiente ×
1114 × D 11 2 × Regular × 71
1116 × D 6 3 × Bom ×
1232 × D 6 3 × Regular ×
1236 × D 8 2 × bom ×
1239 × D 10 2 × bom ×
1240 × D 5 3 × Regular ×
1242 × D 10 1 × Bom ×
1244 × D 8 4 × Regular ×
Data: 09/09/2008
Responsável: Patrícia Geraldes
MANUTENÇÃO
A manutenção do espaço, dos equipamentos e dos materiais em reserva deve ser efectuada em
conformidade com o Plano de Manutenção Preventiva da Reserva Técnica do Museu Parada
Leitão.
72
IV.
PLANO DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA 73
PLANO DE MANUTENÇÃO
PREVENTIVA DA RESERVA
TÉCNICA DE OBJECTOS
PATRÍCIA GERALDES CIEPGM07/08
CONTRIBUTO PARA A ORGANIZAÇÃO DA RESERVA TÉCNICA DO MUSEU PARADA LEITÃO
PLANO DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA DA RESERVA TÉCNICA DE OBJECTOS
PRINCIPIOS GERAIS
A manutenção não pode ser uma actividade efémera, deve ser desenvolvida
permanentemente;
Quando surgirem dúvidas de actuação, é preferível não tomar nenhuma medida e consultar
técnicos de conservação e restauro à instituição ou entidades de renome especializadas na
área;
AGENTES BIOLÓGICOS
Trimestralmente, o conservador deve procurar indícios da presença de agentes biológicos.
Quando encontrar insectos mortos ou vivos, estes devem ser recolhidos com muito cuidado e
entregues a agentes especializados na sua identificação. Deve-se sempre tentar capturar um
exemplar porque os procedimentos para combater a sua presença variam em conformidade
com a espécie infestante.
Sempre que um objecto dê entrada no museu, deve ser examinado. Sempre que se identificar
ou suspeitar de uma infestação, deve ser isolado e quando possível proceder-se à sua
desinfestação e limpeza.
A humidade relativa pode afectar os objectos de três formas: pode estimular a proliferação de
agentes biológicos, alterar as dimensões físicas e acelerar reacções químicas. A Temperatura
elevada e o ar estagnado também contribuem para o crescimento de fungos.
75
A monitorização da Temperatura e da humidade relativa deve ser realizada pelo responsável da
colecção ou, na ausência deste, por outro técnico por ele designado e treinado, de forma
contínua. Por ser uma reserva onde estão armazenados vários tipos de materiais e até alguns
compostos, a Temperatura deve situar-se entre os 19°c e os 21°C e a humidade relativa nos
50%. No entanto, caso existam materiais não estabilizados deve ter-se em consideração os
valores aconselhados para aquele que for mais sensível:
MATERIAL °C HR
uma vez por semana, por um elemento da equipa museológica, para se averiguar o seu
correcto funcionamento;
devem ser calibrados uma vez por mês, por um elemento da equipa museológica;
QUALIDADE DO AR
A colecção não pode ser armazenada ou exposta junto de qualquer fonte de poluição, como
sejam fotocopiadoras, entradas de ar, áreas pintadas de fresco, ar condicionado e
desumidificadores ou outros. Devem existir purificadores de ar e ventiladores.
A filtragem do ar da sala pode remover grande parte dos gases poluentes e contribuir para um
ambiente mais salutar para as espécies. Devem ser utilizados filtros de carvão activado. A
selecção do filtro deve ser indicada aos técnicos de ar condicionado dependendo dos gases que
76
se pretende eliminar.
Outro elemento que prejudica o ambiente é o pó, pois pode penetrar e sujar os objectos,
provocando alterações de cor. Uma sala que deixa entrar o pó tem de ser limpa
frequentemente, o que aumenta o manuseamento dos materiais. Assim, o primeiro passo para
evitar a entrada de poeiras deve ser o isolamento das portas, que devem permanecer fechadas,
reduzindo-se, desta forma, as necessidades de limpeza.
Os aparelhos de ar condicionado têm geralmente filtros de absorção de poeiras que podem ser
muito eficientes. Estes filtros, para serem eficazes, devem ser limpos regularmente e
substituídos dentro dos prazos aconselhados.
Um outro filtro de ar sempre à disposição é o vulgar aspirador caseiro. O seu uso é inofensivo
para as colecções e pode ser muito eficaz na eliminação de poeiras. Antes de se usar o
aspirador, deve verificar-se se o sistema de filtragem se encontra em bom estado ou corre-se o
risco a devolver à sala o pó que se aspira.
De cinco em cinco anos deve ser feita uma auditoria à qualidade do ar interno, recorrendo a
empresas externas.
EXAME/INSPECÇÃO E REGISTO
O exame deve ser realizado pelo conservador, ou por um técnico designado por ele,
trimestralmente ou sempre que hajam alterações na localização do objecto.
Esta avaliação deve estar sempre actualizada e em situação alguma é permitido alterar ou
eliminar qualquer informação anterior.
a) Data do exame
b) Escala do exame: Macroscópica ou Lupa binocular
c) Nome e rubrica do responsável pelo exame
d) Avaliação do estado de conservação:
Regular – peça ou fragmento de peça (que permita uma restituição da original) que
apresenta lacuna(s) e/ou perda(s) em mais de 25% e menos de 50% do objecto e que
necessita de intervenções de restauro, mas que tem os materiais estabilizados.
Deficiente – peça em que é urgente intervir: apresenta lacuna(s) e/ou perda(s) e sinais
de degradação contínua em mais de 25% do material (não estabilizado).
e) Registo dos resultados da inspecção: o critério de exame deve ser a identificação dos
efeitos ou danos no objecto. Deve ser sempre referida a extensão e a localização dos
mesmos.
EXAME EFEITO
Pó/poeira
Concreções
Resíduos
Alteração da cor
Alteração do tom
Alteração da transparência
Lacunas
Revestimento Fissuração
Laminação
Destacamento
Pulverização da preparação
Desgaste
78
Alteração da cor
Alteração do tom
Estabilidade
Oxidação
Corrosão
Fissura
Fractura
Suporte Desagregação
Pulverização
Deformação
Perfurações
Lacunas Perdas
Mutilação
INTERVENÇÃO E REGISTO
As intervenções devem ser realizadas pelo conservador, por um técnico designado por ele ou
por uma instituição externa especializada. Qualquer intervenção deverá ficar registada e em
situação alguma é permitido alterar ou eliminar qualquer informação anterior. Este documento
deve incluir obrigatoriamente:
a) Data da intervenção
b) Nome e rubrica do responsável pela intervenção
c) Registo da intervenção e descrição exaustiva da metodologia adoptada, da extensão e
localização
INTERVENÇÃO MÉTODO
Mecânica
Limpeza Química
79
Mista
Consolidação
Colagem
Estabilização De quê?
Fixação
Com quê?
Reforço estrutural
Como?
Revestimento
Protecção
Inibidor de Oxidação
Preenchimento
Colmatação de
Restauro Reconstituição de formas
lacunas
Integração cromática
Tabela 12 - Listagem dos métodos de intervenção
REGRAS DE MANUSEAMENTO
Existem procedimentos a ter em consideração quando manuseamos os objectos:
Lavar sempre as mãos, retirar todas as jóias ou outros acessórios que possam entrar em
contacto com os objectos e usar sempre luvas de vinilo, latex (não esquecendo que pelo
facto da borracha ser vulcanizada com enxofre, os seus resíduos poderem contaminar e
contribuir para a alteração dos materiais) ou de algodão (esta última opção, para além de
mais cara, é mais arriscada, visto que obriga a uma lavagem frequente das luvas e a um
maior cuidado com os agentes de limpeza utilizados);
Sempre que for necessário movimentar um objecto deve-se utilizar uma base de suporte
livre de ácido. Para o colocar em cima do suporte deve-se colocar este ao mesmo nível do
objecto e utilizar sempre ambas as mãos.
Nunca se deve erguer objectos pelas asas, puxadores, abas ou outras protuberâncias.
INSPECÇÕES AO EDIFICIO
Não se pode mudar a geografia e o clima que muitas vezes causam catástrofes mas, através de
uma inspecção regular ao edifício, pode-se prevenir ou reduzir emergências comuns e outros
problemas. Assim sendo, mensalmente deve ser verificado:
Se não existe água em nenhuma zona anormal e se as calhas e grelhas de escoamento estão
limpas;
o bom funcionamento dos equipamentos de controlo ambiental e o estado dos filtros dos
mesmos.
Tabela 13 - Doses de iluminância anual máxima recomendada conforme sensibilidade dos materiais
Na reserva técnica, tendo em conta de que existe acesso durante 219 dias por ano em média
durante 1 hora/dia e com base nos dados adquiridos na medição dos lux, caso não seja possível
a substituição das lâmpadas, sugere-se a distribuição dos materiais do seguinte modo, de acordo
com os valores apurados:
SUPERIOR 3401 lx.h 744 819 lx.h/ano Sensibilidade baixa (metais, vidro e gesso sem cor)
MEIO 478 lx.h 104 682 lx.h/ano Sensibilidade baixa (metais, vidro e gesso sem cor)
Tabela 14 - Recomendação da colocação de materiais nas estantes da reserva consoante sensibilidade de materiais
A medição dos lux e das radiações deve ser feita nas seguintes condições:
Sempre que um objecto for deslocado para outro local, de modo a garantir que os valores
das radiações são apropriados e a contabilizar a quantidade de lux que afectará o material
durante a sua estadia.
Para monitorizar a luz pode utilizar-se um fotómetro que meça tanto as radiações visíveis como
as invisíveis. Este deve ser calibrado pelo menos uma vez por ano, por um elemento da equipa
museológica.
PROCEDIMENTOS DE LIMPEZA
A sujidade é o agente de deterioração que mais afecta os objectos e, quando conjugada com
condições ambientais inadequadas, provoca reacções de destruição de todos os suportes num
acervo. Por isso, a limpeza deve ser um hábito de rotina na manutenção do espólio, razão pela
qual é considerada a conservação preventiva por excelência.
82
Limpeza mecânica dos objectos
O objectivo desta acção é reduzir poeira, partículas sólidas, ou outros depósitos de resíduos à
superfície dos objectos.
Cada objecto deve ser examinado individualmente para determinar se a limpeza é necessária e
se pode ser realizada em segurança.
No momento de incorporação;
A seguir a desinfestações para eliminar resíduos que possam contribuir para a sua
deterioração;
deve fazer-se uso de um pincel macio numa mão enquanto a outra segura ou estabiliza o
objecto;
em zonas mais fragilizadas ou que foram reparadas não se deve aplicar força ou fricção;
se for necessária a utilização de água, devem lavar-se pequenas áreas de cada vez, sem
submergir o objecto e utilizando pequenos tufos de algodão ou cotonetes humedecidos com
água destilada;
a limpeza mecânica de objectos em metal deve ser feita o mínimo de vezes possível (no
máximo 2 a 3 vezes ao ano), visto que pode ser abrasiva;
é proibido esfregar, apenas se deve utilizar um pincel ou escova de pelo macio com gestos
muito suaves e sem pressão;
Nenhum material pode ser limpo por via química ou mista, excepto pelo conservador ou por
empresas externas contratadas para o efeito.
83
Limpeza do espaço físico
A forma mais eficiente e adequada de limpeza do piso e das estantes ou armários é com
aspirador de pó de baixa potência e com protecção na zona de sucção. Nunca devem ser
utilizados espanadores ou vassouras, pois apenas redistribuem a sujidade.
Deve-se evitar a água, caso não exista um desumidificador de condensação, pois altera a
humidade relativa do espaço. Caso seja necessário remover sujidade muito intensa pode ser
utilizada água passada com pano muito bem torcido e de seguida passar um pano seco.
A limpeza das estantes deve ser feita a partir da prateleira de cima para a de baixo.
O acesso ao museu deve ter em conta que é absolutamente proibido comer, beber ou fumar em
qualquer zona e durante qualquer actividade e todos devem zelar para que esta regra se
cumpra.
ACONDICIONAMENTO E ARMAZENAMENTO
O acondicionamento tem como objectivo a protecção dos objectos que não se encontrem em
boas condições ou a protecção daqueles já tratados e recuperados, armazenando-os de forma
segura.
Os objectos devem ser armazenados em prateleiras ou caixas sem estarem amontoados nem
empilhados, de modo a não pesarem sobre os que ficam na base. Nunca devem ser
armazenados no chão, principalmente de tijolo, pedra ou cimento. Os de grandes dimensões e
peso que só possam ser transportados através de meios mecânicos, como carrinhos, devem ser
armazenados nas prateleiras inferiores.
Deve-se evitar o armazenamento em estantes de madeira, pois podem ser uma fonte de origem
de infestações, dando-se preferência às metálicas, tomando sempre atenção que as prateleiras
devem ser sempre revestidas com folhas de polietileno, no caso de suportarem objectos em
metal.
84
V.
RECOMENDAÇÕES 85
RECOMENDAÇÕES
Se excluirmos a acção humana, admitindo que podemos reduzir ao mínimo necessário a sua
acção destrutiva, resta-nos o controlo das condições ambientais para garantir a conservação do
acervo.
Os materiais orgânicos e inorgânicos reagem de formas diferenciadas às condições do meio. As
peças mais difíceis de conservar são as compostas por vários materiais (ex: madeira e metal).
HUMIDADE RELATIVA
1. Valor recomendado aconselhado: 45%
Uma das situações mais difíceis para se determinar os valores de HR óptimos diz respeito
precisamente ao caso dos objectos compostos por materiais muito diferentes. Nestes casos, o
nível de HR a respeitar será o do material mais frágil.
Não existe uma Temperatura ideal de conservação para todas as peças. O mais importante é
que ela seja estável, não devendo ter variações de mais de 1°C/24horas, nem ultrapassar os
24°C.
Deve ser feito o registo da HR e da Temperatura durante pelo menos um ano, sem nenhum
controlo ambiental, para se verificar se existe alguma alteração nos materiais. Neste registo
deve constar: Temperatura interna e externa, HR interna e externa, número de acessos ao
espaço, tempo permanência no espaço, actividades que se realizaram. O tratamento de dados
deve poder demonstrar quais as principais razões das variações de HR e da Temperatura.
Este vai contribuir para que a médio prazo se consiga implementar uma estratégia de controlo
ambiental adequada, verificando quais os equipamentos a adquirir. Nem sempre é necessário
existir sistemas de controlo dos dois factores, até porque, normalmente, a humidade relativa
diminui se a Temperatura aumenta e vice-versa. No entanto, esta decisão apenas deve ser
tomada após a monitorização contínua e sistemática e a interpretação dos dados.
A aquisição de um higrómetro com data logger permite a aferição e o registo permanente dos
valores de HR, ao mesmo tempo que se pode registar e verificar as alterações, dependendo das
diversas actividades que se forem realizando.
No caso de se adquirir um termohigrógrafo, que regista para além da HR, a Temperatura, ele
deve ser colocado numa zona central da reserva e deve-se proceder à verificação dos registos
diariamente e tratá-los informaticamente, de modo a visualizar-se mais facilmente as alterações
que possam ter ocorrido.
Nenhum equipamento pode ficar localizado junto a qualquer fonte de calor ou muito acima do
nível do solo (ex: em cima de armários) e, no caso de não ser informatizado, deve existir um
responsável pelo tratamento dos dados.
Após a aquisição de equipamentos de controlo ambiental deve-se, gradualmente, modificar os 87
níveis de HR cerca de 5%/24horas, nunca podendo exceder os 10% / 24horas, até se atingir o
valor recomendado. As inspecções aos objectos devem ser feitas regularmente, de modo a
verificar-se se existiram danos e os registos e análises devem manter-se da mesma forma.
QUALIDADE DO AR
A filtragem do ar da sala pode remover grande parte dos gases poluentes e contribuir para um
ambiente mais salutar para as espécies. Devem ser utilizados filtros de carvão activado. O carvão
activado é essencialmente carvão granular, onde a superfície de contacto com o ar está muito
aumentada. O carvão retém à superfície os gases poluentes e não pode ser regenerado.
A eficácia do filtro aumenta se o ar da sala for forçado a passar, várias vezes, através do filtro: o
dióxido de enxofre é parcialmente absorvido por este tipo de filtros, o ozono é destruído por
eles, mas o dióxido de azoto não é afectado. Existem vários tipos de filtros de carvão, alguns
misturados com reagentes alcalinos, para absorção de gases específicos. A selecção do filtro
deve ser indicada aos técnicos de ar condicionado dependendo dos gases que se pretende
eliminar.
Outro elemento que prejudica o ambiente é o pó, pois pode penetrar e sujar os objectos,
provocando alterações de cor. Uma sala que deixa entrar o pó tem de ser limpa
frequentemente, o que aumenta o manuseamento dos materiais. Assim, o primeiro passo para
evitar a entrada de poeiras deve ser o isolamento das portas, que devem permanecer fechadas,
reduzindo-se, desta forma, as necessidades de limpeza.
Os aparelhos de ar condicionado têm geralmente filtros de absorção de poeiras que podem ser
muito eficientes. Estes filtros, para serem eficazes, devem ser limpos regularmente e
substituídos dentro dos prazos aconselhados. Os filtros do tipo electrostático não são
recomendados. Eles absorvem as poeiras por criação de um campo eléctrico estático, mas são
geradores de ozono e dióxido de azoto, gases oxidantes.
Um outro filtro de ar sempre à disposição é o vulgar aspirador caseiro. O seu uso é inofensivo
para as colecções e pode ser muito eficaz na eliminação de poeiras. Existem já no museu um
aspirador adequado, que utiliza filtro de ar muito apertado e capaz de absorver poeiras muito
finas. De qualquer modo, antes de se usar o aspirador, deve verificar-se se o sistema de
filtragem se encontra em bom estado ou corre-se o risco a devolver à sala o pó que se aspira.
Outro modelo de aspirador interessante é o pequeno portátil, a pilhas. 88
Os armários com portas são um bom auxiliar na protecção contra o pó, sendo mais eficazes do
que as estantes. No entanto, há que verificar primeiro, se permitem a circulação do ar no seu
interior, para facilitar a saída da humidade.
De cinco em cinco anos deve ser feita uma auditoria à qualidade do ar interno, recorrendo a
empresas externas.
Ao contrário dos objectos, o olho humano não é sensível à radiação UV, daí que esta possa ser
eliminada sem causar qualquer tipo de efeito na visualização dos objectos. Isto pode ser obtido
através da utilização de filtros que absorvam as radiações invisíveis, mas que permitem a
passagem das visíveis. Sugere-se a utilização de lâmpadas fluorescentes em detrimento das
incandescentes. A taxa de deterioração causada pela luz é directamente proporcional à
Relativamente aos UV, apesar das lâmpadas serem fluorescentes, existe algum perigo visto que
a radiação UV atinge os 100µW/lúmen e não dever ultrapassar os 75µW/lúmen. Sugere-se a sua
substituição.
A medição dos lux e das radiações deve ser feita nas seguintes condições:
Sempre que um objecto for deslocado para outro local, de modo a garantir que os valores
das radiações são apropriados e a contabilizar a quantidade de lux que afectará o material 89
durante a sua estadia.
Para monitorizar a luz pode utilizar-se um fotómetro que meça tanto as radiações visíveis como
as invisíveis. Este deve ser calibrado pelo menos uma vez por ano, por um elemento da equipa
museológica.
ARMAZENAMENTO E ACONDICIONAMENTO
O mobiliário deverá eliminar a exposição à luz visível e ultravioleta, proteger contra roubos, criar
micro ambientes no seu interior, controlando variações térmicas e de humidade relativa e
reduzir a entrada de poeiras, poluição e de agentes biológicos. As escolhas existentes no
mercado são variadas, mas existem algumas regras que devem ser tomadas em consideração na
definição do mobiliário:
Deve ser forte o suficiente para suportar os materiais mais pesados (não foi possível pesar
os materiais existentes, mas é indispensável fazê-lo logo que haja equipamento
apropriado);
Deve ter prateleiras amovíveis, para se adaptarem a diferentes alturas dos materiais.
Uma solução existente no mercado que poderia duplicar o espaço existente, permitindo a
colocação em reserva (como se pretende) de mais peças são os armários de sistema móveis.
Vejamos a imagem exemplificativa (6):
Material: polipropileno;
Resistentes;
6 In http://www.spacesaver.com/prod_cat.asp?cat_id=2
7 In catálogo Potássio Quatro – Conservation Solutions
Apesar de, neste momento, não ser possível integrar um Plano de Segurança e Emergência num
institucional, visto que o ISEP não possui um alargado a todo o Campus, julga-se essencial prever
o seu planeamento e definir alguns pontos necessários à sua elaboração.
Relembra-se que para um plano desta natureza para ser eficaz deve:
ter apoio incondicional dos orgãos de gestão e de todo o pessoal afecto ao museu;
ser simples e focar apenas as situações que são mais prováveis de acontecer;
4. Recuperação: preparar e treinar a equipa técnica para continuar o processo até se voltar à
normalidade
Planear, avaliar e rever planos de emergência e de segurança deveria fazer parte da rotina do
museu e ser entendido por todos os profissionais envolvidos na instituição como essencial. O
seu sucesso requer empenho, paciência, trabalho de equipa e um orçamento anual. Aliás, o
trabalho de equipa é tão fundamental como os deveres individuais. O quadro que se segue
apresenta as responsabilidades de cada grupo de profissionais do museu na preparação deste
plano:
Quem? O quê?
Define as políticas do programa e prepara o
Plano de segurança e emergência
Define a equipa de trabalho e o seu
coordenador
Organização: as regras de resposta das equipas numa emergência; como montar uma base
de operações após uma evacuação e como estabelecer um posto de comunicação e relações
públicas;
Pessoas: quando evacuar visitantes e equipa técnica e quem o decide, como estabelecer um
abrigo de emergência, como providenciar cuidados médicos, caso seja necessário, como
contactar voluntários e especialistas externos;
93
GLOSSÁRIO
A
Abrasão – desgaste da superfície por fricção. Difere de erosão, que é um processo químico de
desgaste (v. Erosão).
Armazenamento - sistema que recebe o material, acondicionado ou não, para ser guardado.
Consiste essencialmente no mobiliário destinado à guarda do acervo: estantes, armários,
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contentores...
Auditoria – acto de verificar se as normas e regras estão a ser aplicadas, vistoria, inspecção,
passar revista.
Conservação curativa – intervenção directa e obrigatória sobre uma colecção ou objecto cuja
integridade está ameaçada.
Corrosão - alteração superficial de uma substância devido à reacção química que esta
estabelece em contacto com uma outra
Descoloração - tendência para o material perder a definição da cor. Diferente de desvio de tom.
Desvio de tom - mutação da cor, por reacção química, geralmente relacionada com a exposição
à luz, levando a um desequilíbrio cromático e à formação de uma cor dominante (azul, amarelo,
etc.).
Deterioração física – qualquer alteração num objecto que implique mudança na sua estrutura
física.
Deterioração química - qualquer alteração num objecto que implique mudança na sua
composição química, normalmente através da reacção com outra substância química (poluição,
água, despojos de animais) ou radiação (luz e calor).
Erosão - Corrosão; alteração superficial devido a uma reacção química com outra substância.
Difere de abrasão, que se caracteriza pelo desgaste físico (v. Abrasão).
Ferrugem - Óxido que se forma à superfície do ferro, quando está exposto à humidade.
Caracteriza-se pela sua cor alaranjada.
Humidade relativa – é a relação entre o volume de ar e a quantidade de vapor de água que este
contém, numa determinada Temperatura.
Iluminância - quociente da intensidade luminosa de uma superfície pela área aparente dessa
superfície
Limpeza mista – reduzir poeira, partículas sólidas, ou outros depósitos de resíduos à superfície
dos objectos com recurso a substâncias químicas e máquinas
Limpeza química - reduzir poeira, partículas sólidas, ou outros depósitos de resíduos à superfície
dos objectos com recurso a substâncias químicas
Manchas - Marcas na superfície do material, que podem adquirir várias formas e tons e que
podem ter origem em vários factores.
Materiais inorgânicos - têm origem geológica. Incluem-se neste grupo metais, cerâmicas, vidro,
pedra, minerais e alguns pigmentos. Todos os materiais inorgânicos partilham as mesmas
características:
Materiais orgânicos – são materiais com origem em seres vivos, plantas ou animais. Incluem-se
neste grupo madeira, papel, têxteis, peles e couros, ossos, marfim, ceras, plásticos, alguns
pigmentos e espécimes biológicos de história natural. Todos os materiais orgânicos partilham as
mesmas características:
Contém carbono
São inflamáveis
Objectos compostos – são objectos produzidos com dois ou mais materiais e, dependendo
destes, podem ter características de materiais orgânicos e inorgânicos. Assim, cada material
pode reagir com o ambiente de forma individual ou provocar alterações químicas no outro,
causando danos e/ou perdas
Ondulação - Tendência que o material tem de deformar a superfície de modo sinuoso, com uma
série de saliências e depressões na superfície.
Perfuração – furo
Prevenção – conjunto de atitudes, que actuam sobre as pessoas e bens, e que visam prevenir o
dano provocado por agentes diversos.
Restauro – intervenção directa e facultativa sobre um objecto com o objectivo de facilitar a sua
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leitura.
Retracção - Contracção do papel que resulta numa alteração da sua forma original (para mais
pequeno).
Riscado - ter riscos ou traços. O arrastamento de algum objecto sobre uma superfície pode
resultar em riscos, na direcção na qual o objecto foi arrastado. Pode também resultar em
abrasões, se a força empregue for mais considerável. (v. Abrasão).
V
Valor limite [respeitante à qualidade do ar] - nível de poluentes na atmosfera, fixado com base
em conhecimentos científicos, cujo valor não pode ser excedido, durante períodos previamente
determinados, com o objectivo de evitar, prevenir ou reduzir os efeitos nocivos na saúde
humana e ou no meio ambiente
100
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ANEXOS
Listagem de objectos em reserva
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BIBLIOGRAFIA
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LEGISLAÇÃO
Directiva nº 1999/30/CE, de 22 de Abril
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