Dandão. A Invençao Da Florestania
Dandão. A Invençao Da Florestania
Dandão. A Invençao Da Florestania
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Rio de Janeiro – 7 a 9 de maio de 2009
A Invenção da Florestania¹
RESUMO
Instalado no Governo do Estado do Acre desde 1999, o Partido dos Trabalhadores (PT)
juntou num mesmo vocábulo as palavras “floresta” e “cidadania”, criando uma espécie
de neologismo denominado “florestania”. Uma tentativa de expressar o direito de ser
cidadão de cada um dos habitantes da floresta acreana, inclusive aqueles que não
existem para o país, por não possuírem, sequer, uma Certidão de Nascimento. Para
sedimentar a idéia da “florestania”, a partir dos conceitos de meio ambiente e de
desenvolvimento sustentável, foram executadas várias ações, tendo os veículos de
comunicação sediados no Acre como principais instrumentos de disseminação do novo
ideário. O objetivo deste artigo é tecer considerações sobre este fato e especular sobre a
validade dos postulados oficiais dez anos depois de implantada a florestania.
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partida de dominó. Pretendia jogar mais um pouco após o jantar. Era uma maneira de
passar o tempo. Não chegou, porém, a botar o pé no último degrau. Caroços de chumbo
voadores, saídos de um breve lampejo na escuridão, cravaram-se no seu peito. Um
último arfar e o corpo de quarenta e quatro anos desabava de encontro ao solo. A
floresta amazônica perdia Chico Mendes, provavelmente seu mais ardoroso defensor.
Uma onda de perplexidade varreu o planeta. Jornais de todos os quadrantes abriram
manchetes de primeira página e dedicaram longos editoriais contra mais um ato de
barbárie de toda a nação brasileira.
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, membro do
Conselho Nacional de Seringueiros e da Central Única dos Trabalhadores, militante do
Partido dos Trabalhadores, Francisco Alves Mendes Filho tinha consciência de que era
um homem marcado para morrer. Os interesses que ele contrariava para preservar a
natureza no seu pedaço de mundo eram enormes. Os grandes proprietários de terras
quedavam-se impotentes ante o carisma daquele seringueiro que postava mulheres e
crianças na frente de motosserras para impedir a destruição da floresta. Ele sabia que
podia tombar a qualquer momento. Mas permaneceu na luta até o fim.
Esses foram os desfechos das histórias de dois homens imprescindíveis, sem
estudos formais, forjados como líderes pela ascendência natural entre os seus pares e
pela vontade de verem superados a miséria e o abandono de uma legião de brasileiros.
Com inspiração na luta deles foi que se criou no Acre, com a ascensão do Partido dos
Trabalhadores ao Governo do Estado, anos mais tarde, o movimento
político/cultural/ideológico denominado “florestania”.
2. Sentimento Orientador
Embora não conste ainda nos dicionários, a palavra “florestania” existe há dez
anos no Acre, desde o primeiro mandato do governador Jorge Viana (ele governou o
Estado por duas vezes consecutivas), em 1999. Trata-se de um neologismo, que junta
num mesmo vocábulo os termos “floresta” e “cidadania”. A tentativa de estabelecer o
direito de ser cidadão de cada um dos habitantes da floresta acreana, inclusive os que
não existem para o país, por não possuírem, sequer, uma certidão de nascimento.
Florestania, de acordo com os seus ideólogos, todos militantes do Partido dos
Trabalhadores, foi uma forma encontrada para massificar uma idéia de um governo
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voltado para a exploração sustentável dos recursos florestais, bem como de proporcionar
bem-estar às pessoas que nasceram, cresceram e vivem até hoje no meio da floresta,
usando os benefícios desta para sobreviver. Uma espécie de pacto natural, baseado no
equilíbrio das ações e relações entre homens e ambiente.
A floresta, antes desprestigiada e ridicularizada pelas sociedades urbanas, é
transformada em símbolo de uma revolução. O governador eleito, engenheiro florestal
Jorge Viana, empreende ações que o identifiquem como o legítimo sucessor de Chico
Mendes, transformando o seu governo no fio condutor que pretende transformar o Acre
num exemplo de desenvolvimento sustentável a ser seguido pelos povos do planeta.
Uma conduta altamente simpática, numa época de profunda devastação ambiental.
A própria história do Estado, cujo território pertencia à Bolívia até o século XIX,
serviu de inspiração aos novos governantes, na apropriação de elementos que exaltam
os feitos dos nordestinos que lutaram na chamada Revolução Acreana. A bandeira e o
hino estaduais foram usados desde a primeira campanha do Partido dos Trabalhadores
como instrumentos de legitimação de uma força política que se dizia disposta a lutar
pelos direitos do homem da floresta. A estrela vermelha que adorna um dos cantos da
bandeira, dividida por uma linha diagonal, com a cor amarela na parte superior e verde
na parte inferior, foi associada à estrela da mesma cor do PT. E o hino, composto
durante a revolução, e cujo estribilho possibilita estabelecer uma relação entre a estrela
da bandeira e o símbolo do partido (Fulge um astro da nossa bandeira/ Que foi tinto do
sangue de heróis,/ Adoremos na estrela altaneira/ O mais belo e melhor dos faróis)
sempre foi cantado nas manifestações públicas, causando arrepios nos presentes.
Ao denominar-se Governo da Floresta, o Partido dos Trabalhadores assume o
discurso de que a preservação da floresta, associada à manutenção dos seus habitantes
nos seus locais de origem e à melhoria da qualidade de vida destes é o eixo fundamental
da sua ação, cujo um dos vértices é justamente a elevação da auto-estima dos membros
dessa população. O secretário de Comunicação do governo Jorge Viana, jornalista
Aníbal Diniz, confirma essa premissa ao afirmar que a escolha do slogan Governo da
Floresta foi “uma opção pela valorização, pelo fortalecimento e pelo resgate da
identidade do povo acreano. Tudo que a gente pudesse somar para fortalecer aquilo que
é próprio e marcante na cultura acreana” [PINHEIRO, 2005].
No processo de construção e sedimentação da idéia da florestania, segundo se
pode depreender das palavras de Aníbal Diniz, o governo percebeu que o sistema
público de comunicação seria de vital importância.
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Quando a gente fez essa opção pela floresta, a gente identificou que
precisava dar uma atenção muito especial ao meio radiofônico de
comunicação. Isso porque nós precisávamos levar às localidades mais
distantes as informações alusivas ao Governo e também a multiplicação
desse conhecimento próprio dos povos da floresta. E essa preocupação se
fez de cara quando a gente percebeu que a Rádio Difusora Acreana era o
nosso principal veículo de comunicação, mas era um instrumento pouco
potencializado. Quando nós assumimos o Governo a Rádio Difusora
Acreana funcionava com um quilo de potência, o que é muito pouco para
uma rádio AM que pretende chegar ao Estado todo. A gente fez, então,
imediatamente, uma solicitação ao Ministério das Comunicações, elevando
a capacidade da rádio para dez quilos de potência. Eu creio que essa foi
uma das providências mais importantes tomadas naquele momento.
[PINHEIRO, 2005]
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Os fatos políticos, de acordo com Diniz, não podem entrar na programação nem
das rádios e nem da TV Aldeia, evitando-se, assim, que seja feita apologia do partido
dominante, o que forçaria, do ponto de vista ético, a dar espaços para os adversários.
Nenhum dos lados tem espaço nos noticiários. “Se a gente tivesse que enfocar os fatos
políticos do nosso lado, nós teríamos que colocar as duas posições. E isso, nós
entendemos, não é papel de emissoras educativas”, diz Diniz [PINHEIRO, 2005].
Especificamente falando da relação entre a idéia motriz do Governo do PT, o
autodenominado Governo da Floresta, de elevar o orgulho dos nativos e a respectiva
sensação de pertencimento mútuo entre os acreanos e o seu espaço territorial, e a
conseqüente instalação de uma rede de rádio e televisão, o secretário Aníbal Diniz não
hesita em afirmar com todas as letras que o sistema foi mesmo imaginado e construído
com essa finalidade.
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com esse foco. Era preciso fazer isso. Inclusive porque havia uma
mentalidade muito arraigada de que a cultura da floresta não era cultura.
Aliás, se falava muito por aqui que cultura são somente as manifestações
artísticas ou o conhecimento adquirido na academia. E os veículos de
comunicação que estão hoje a serviço do Governo da Floresta têm sido
instigados a trabalhar fortemente com a idéia de que a cultura é tudo aquilo
que faz parte do modo de vida, do modo de agir diante de situações de um
determinado povo. A gente tem procurado fazer com que o caldo de cultura
que perpassa o povo acreano seja visto como a cultura da florestania. E a
gente tem colocado, sim, os nossos veículos de comunicação a serviço
dessa idéia. Educação, comunicação e cultura a serviço da florestania.
[PINHEIRO, 2005]
Levando-se em conta o que foi descrito até aqui, no que diz respeito à
contextualização da formação do Estado do Acre, com a culminância da “Era da
Florestania”, na década de 1990, talvez seja possível dividir a história desse espaço
político/geográfico em três momentos distintos: a anexação do território pela junção de
armas e diplomacia, a partir do fim do século XIX; a elevação do território à condição
de Estado, na década de 1960; e os embates liderados por Wilson Pinheiro e Chico
Mendes, que culminaram na invenção de uma nova ideologia, com a pretensão de, além
de elevar a auto-estima dos nativos, provar ao planeta ser possível modelos de
desenvolvimento sustentável em perfeita sintonia com os recursos de origem natural.
Para que a idéia de florestania, tão bem implantada pelo governo do PT,
continue durante muito tempo embalando os corações dos acreanos, não bastam,
entretanto, os veículos de comunicação oficiais ensaiarem um discurso único e fazerem
a sua parte com mensagens de otimismo e notícias “positivas”. Para implantar a
ideologia, sim; para continuá-la, não. É preciso que alguns mecanismos se viabilizem na
prática. O principal deles, provavelmente, a exeqüibilidade do que se chama,
academicamente falando, “manejo florestal sustentável”, sem o qual a miséria
continuará impelindo os povos da floresta para a periferia das cidades.
As atuais autoridades executivas acreanas sabem disso e para que esse “manejo
florestal sustentável” seja viabilizado, fazendo o homem da floresta permanecer no seu
habitat, e com a auto-estima elevada, essas autoridades continuam empreendendo os
mais variados esforços. Caso de uma conferência sobre o tema realizada em Rio Branco
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Tribuna, 2007], diz Eduardo Geraque, repórter da Folha de São Paulo, em artigo escrito
por ocasião da conferência realizada no Acre.
E além dessas opiniões pontuais, já existem, inclusive, trabalhos de
doutoramento tratando do assunto como uma impossibilidade. É o caso da tese (Des)
Envolvimento Insustentável na Amazônia Ocidental, do cientista social Elder Andrade
de Paula, professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), defendida em 2002, na
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), e transformada em livro com o
mesmo título, em 2005, onde se registra, entre outras conclusões, a de que parece muito
difícil admitir a idéia de que comunidades dispersas no vasto território amazônico
possam lograr êxitos duráveis, ou “sustentáveis” no tempo.
A utilização de forma sustentada dessa biodiversidade, para Elder Andrade,
depende, entre outros fatores, das capacidades econômicas e culturais do país, no que
diz respeito à garantia do controle de processos produtivos e industriais, além dos
mercados dos referidos produtos em escala internacional. No caso dos produtos com
maior potencialidade de competição no mercado internacional, como, por exemplo,
plantas medicinais e essências florestais, sua exploração comercial, explica Elder
Andrade, depende do aporte tecnológico de ponta gestado na terceira revolução
industrial. Com isso, garante o pesquisador, a região tende a permanecer inserida
economicamente de forma subordinada, como mera fornecedora de matéria-prima para
os mercados mundiais.
Não bastassem as opiniões pontuais, como as de Alfredo Homma e Manoel
Sobral Filho, que vêm a público apenas quando algum repórter realiza uma entrevista,
bem como as várias teses, como a de Elder Andrade, um outro fator absolutamente
visível, apesar de toda a propaganda oficial da preservação, que, como já foi dito, ajuda
a sustentar a idéia de florestania, ainda contribui para a descaracterização do discurso:
as queimadas, que afligem a região nos meses do verão amazônico (agosto a
novembro). Em 2005, o mundo inteiro viu pelas diversas emissoras de televisão
nacionais, o Acre envolto em nuvens de fumaça, com crianças e idosos lotando
hospitais em busca de lenitivo que os ajudasse a respirar. Nessa época, a propósito de
discurso, é comum que determinadas autoridades no Acre afirmem que a fumaça
inalada pelos acreanos vem de outros estados (Amazonas, Rondônia e Mato Grosso) e
da Bolívia. Mas qualquer cidadão, possuindo as ferramentas adequadas (um computador
e um programa de processamento de dados emitidos por satélites), constata que, apesar
das queimadas haverem diminuído bastante nos últimos anos, ainda são queimados
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muitos hectares de terra a cada estação. Um sintoma de que o homem do campo, mesmo
inebriado pelo discurso da florestania que chega aos seus ouvidos pelas ondas sonoras
do sistema de radiodifusão e televisão pública implantado pelo Governo da Floresta,
ainda precisa recorrer a métodos primitivos para prover a própria subsistência.
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educação etc.). E se viu, ainda, sob o mesmo ponto de vista, provido de direitos
políticos plenos, podendo deliberar sobre a sua vida, além de poder expressar-se
livremente, “sem recuar, sem temer, sem cair”, como num verso do Hino do Estado.
Os três conjuntos de direitos citados, que comporiam os direitos do cidadão, não
podem ser desvinculados, pois sua efetiva realização depende de sua relação recíproca.
Dez anos depois, a florestania teria estabelecido esses direitos aos destinatários?
Além do conceito de cidadania, um outro se configura de suma importância para
que se possa entender a invenção da florestania. Trata-se de conceito de ideologia,
palavra que surgiu pela primeira vez na França, após a Revolução Francesa (1789), no
início do século XIX, em 1801, no livro de Destutt de Tracy, Eléments d’Idéologie
(Elementos de Ideologia).
Foi Karl Marx, entretanto, há mais de cem anos, que usou a palavra num sentido
mais amplo. Lutador incansável pela causa operária, Marx identificou a sociedade como
sendo dividida em dois grandes blocos opositores: um deles, chamado burguesia, e o
outro, proletariado. Nos dias atuais, porém, a compreensão de ideologia vai além da
formulação inicial. Proletários e burgueses já se misturaram e avançaram uns sobre os
outros, através de uma fronteira porosa que praticamente já não permite distingui-los.
Para efeito desse trabalho, entretanto, o que interessa são as distinções que
caracterizam um processo ideológico, que podem ser resumidos em seis itens: o grupo
social (a ideologia pertence sempre a um grande grupo de pessoas, nunca a um sujeito
separadamente); o conteúdo simbólico (a ideologia vive fundamentalmente de
símbolos); o conjunto de valores (valor é alguma coisa que o indivíduo preza, algo pelo
qual a pessoa tem uma grande consideração); a visão de mundo (ideologia é uma forma
de ver o mundo); a capacidade de mobilização (a ideologia possui uma grande
capacidade de mobilizar as pessoas e as massas); a capacidade de ação (a ideologia
mostra-se como progressista, avançada ou revolucionária, não pelas declarações, pela
ostentação, pelo que o sujeito fala; ela só o é pela prática, pela ação do sujeito).
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as palavras de Wilson Gomes, então teremos condição de estabelecer um fio entre o que
acontece no Acre, a partir de 1999 e até os dias que correm, no que diz respeito à
invenção da florestania e a importância dos veículos de comunicação públicos no
decorrer do processo.
De fato, dispondo de uma rede de rádio e televisão que manda sons e imagens
em tempo real para todos os quadrantes do estado, o que não é possível pelas emissoras
privadas no Acre, o Governo tem condição de fazer chegar com muito mais força a “sua
verdade” e, assim, produzir os efeitos simbólicos que melhor lhe aprouverem, realçando
o que lhe interessa e apagando o que não lhe convém. Inclusive uma nova ideologia,
embora, tudo leve a crer, não em caráter definitivo, e na dependência de outros fatores
que não dizem respeito exclusivo à comunicação. Muito provavelmente, chegará um
momento em que as mensagens massificadas diminuirão seu efeito se, na prática, for
comprovado que a auto-estima e o orgulho impulsionados pelo discurso não mudaram
tanto assim a vida do homem da floresta. Afinal, este é um mundo pseudamente
concreto, de tráfico e manipulação, claro-escuro de verdade e engano, cujo elemento
próprio é o duplo sentido. “Fenômeno”, explica Karel Kosik, “indica a essência e, ao
mesmo tempo, a esconde”. A aventura da sedução e do convencimento pela linguagem
(oral e visual), portanto, não pode parar, sob pena de a ideologia escorrer num dia de
cheia pelos leitos dos caudalosos rios da Amazônia e evaporar antes de chegar ao mar.
5. Referências Bibliográficas
BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro : Jorge Zahar Editor, 1997.
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COVRE, Maria de Lourdes Manzini. O que é cidadania. São Paulo : Brasiliense, 2006.
LIMA, Venício Arthur de. Mídia: crise política e poder no Brasil. São Paulo : Fundação
Perseu Abramo, 2006
MARCONDES FILHO, Ciro. O que todo cidadão deve saber sobre ideologia. São Paulo :
Global, 1990.
PAULA, Elder Andrade de. (Des) envolvimento insustentável na Amazônia Ocidental. Rio
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SAHLINS, Marshall. Cultura e razão prática. Rio de Janeiro : Jorge Zahar Editor, 1979.
SANT’ANA JÚNIOR, Horácio Antunes. A saga acreana e os povos da floresta. Rio Branco :
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