Mario Covas - Visitas Internacionais
Mario Covas - Visitas Internacionais
Mario Covas - Visitas Internacionais
em revista
ano 1 - março 2009 - n º 2
Em revista
visitas
internacionais
editorial
Pompa e simpatia
Recepções, jantares de gala, regras diplomáticas. Nada disso agradava a
Mario Covas, um homem que gostava de ser simples e informal. Mesmo assim,
cumpria seu papel, recebendo os visitantes internacionais com muita simpatia
e respeito às normas. Austero na liberação de recursos para o cerimonial, ele
discutia os custos de tudo, mas ficava muito satisfeito com o resultado. Tanto
no comando da Prefeitura de São Paulo quanto no do governo do Estado, Mario
Covas queria que a cidade e o Estado estivessem representados à altura.
Receber tantas personalidades até que não foi problema. Complicado, para
Covas, era sair do Estado. Durante seus seis anos de mandato, viajou apenas
uma vez ao exterior, em busca de investimentos na Inglaterra e de inspiração
para a desestatização na França e na Turquia. Nas próximas páginas, contamos
um pouco da história das visitas, dos bastidores do cerimonial e da única
viagem internacional de um homem que gostava mesmo era de governar.
FMC – Como Covas encarava o cerimonial Paulo no hall da Prefeitura, que ainda era no
na Prefeitura? Ibirapuera. O protocolo exigia que o prefeito
Brasília – No princípio, ele não dava a menor recebesse o embaixador assim que ele
importância. Na área internacional, a frase chegasse. Ele acostumou-se com esse ritual e
mais constante dele era: “Ah, mais? Cônsul aprendeu a dar valor. Algumas vezes ele dizia:
não dá voto, embaixador não dá voto”. E eu “Mas como? Quando a conversa começa a ficar
ponderava: “Atrás do embaixador e do cônsul interessante você olha no relógio e a visita vai
vem uma comunidade, um número muito embora”. Essas visitas têm tempo protocolar,
expressivo de pessoas com toda uma cultura”. duram de 20 minutos a meia hora.
Fizemos um acordo e ele começou a receber os
embaixadores em visita oficial, que, naquele FMC – E no governo do Estado, como foi
tempo (1983 a 1985), era muito protocolar. fazer as coisas acontecerem?
O governo do Estado organizava e colocava Brasília – O tempo da Prefeitura foi uma
na agenda uma visita ao prefeito. Qualquer preparação. Na época, toda vez que um
embaixador que viesse pela primeira vez a presidente da República viesse a São Paulo
São Paulo fazia uma visita oficial ao prefeito, tinham de estar no aeroporto o governador,
ao presidente da Assembléia Legislativa, ao o vice-governador, os presidentes da
presidente do Tribunal de Justiça e ao governo Assembléia e do Tribunal de Justiça, o prefeito
do Estado. E era acompanhado de batedores, e os comandantes militares. O Covas percebeu
a banda tocava o hino do país e o hino de São que, se não houvesse o protocolo, ele não
Bill Clinton:
tecnologia, WEB e COMÉRCIO
Intercâmbio entre professores e alunos brasileiros e
norte-americanos foi assunto do encontro do presidente
dos estados unidos com Covas
Cooperação tecnológica foram as palavras- brasileiras e norte-americanas, possibilitando
chaves do encontro entre o presidente dos a criação de um banco de informações e de
Estados Unidos Bill Clinton e o governador Mario experiências didáticas compartilhadas e de fácil
Covas, em 15 de outubro de 1997, em São Paulo. acesso a todos os interessados. Previu-se também
As duas autoridades trocaram idéias durante um o intercâmbio de professores e graduandos em
evento sobre parcerias, realizado no Memorial diversas áreas acadêmicas, inclusive as ligadas à
da América Latina. Promovido pela Câmara de engenharia e à tecnologia.
Comércio Brasil – EUA, o seminário contou com
a presença de 1.600 pessoas, entre empresários
brasileiros e norte-americanos. Liberdade e igualdade
Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Cobre vem, tratores vão
Paulo integraram o roteiro do presidente do
Peru, Alberto Fujimori, em sua visita oficial ao Até 1996, o Brasil foi, entre os membros da Aladi
Brasil no mês de fevereiro de 1996. Reeleito no – Associação Latino-americana de Integração, o
ano anterior, o peruano de origem japonesa principal cliente dos produtos peruanos. No ano
procurava estreitar as relações políticas e anterior, o comércio entre os dois países somou
comerciais entre os dois países. Em São Paulo, 551,5 milhões de dólares – desse montante,
foi recebido em audiência pelo governador Mario 365,9 milhões de dólares corresponderam às
Covas e participou de uma reunião de trabalho exportações realizadas por empresas brasileiras.
com gestores do governo paulista. O Peru vendeu ao Brasil cobre, zinco e farinha
de pescado e comprou, principalmente, ônibus,
Brasil e Peru assinaram um comunicado em que tratores e caminhões da Volvo.
se destacaram interesses bilaterais relevantes,
como a integração viária e o desenvolvimento na As construtoras brasileiras Odebrecht e Andrade
fronteira de ambos os países, além de um acordo Gutierrez estavam presentes no Peru há 15
cultural. As principais conversações giraram em anos, e a Camargo Corrêa e a OAS mostravam-
torno da proteção da Amazônia e da integração se interessadas em participar de alguns projetos
física de ambos os países. A idéia era formar um no país vizinho. Investiram no Peru empresas
corredor bi-oceânico, que permitisse ao Brasil ter instaladas no Brasil, como a White Martins, na
acesso ao oceano Pacífico, e desse ao Peru uma produção de oxigênio, e a Alcoa, na fabricação de
porta de entrada para o Atlântico. garrafas plásticas para refrigerantes.
Do poder à prisão
Quase um ano antes de sua visita ao Brasil, evidente. Sob o pretexto de combater o terrorismo
Alberto Fujimori foi reeleito presidente do e a corrupção, com o apoio dos militares, fechou
Peru, com 64% dos votos. O filho de imigrantes o Congresso, interveio no Judiciário e suspendeu
japoneses conquistou a maioria no Congresso e as garantias constitucionais. Falava-se numa
arrasou os partidos tradicionais que dominaram “fujimorização” da América Latina, sugerindo um
a política durante décadas. Sua reeleição deveu- renascimento de ditaduras em vários países. Em
se, principalmente, à volta da tranquilidade no 2000, no turbilhão de um escândalo, renunciou à
país, ao dominar os grupos guerrilheiros Sendero presidência e pediu asilo político no Japão.
Luminoso e o Movimento Revolucionário Tupac
Amaru, que desestabilizavam o poder instituído. Em 2005, Fujimori mudou-se para o Chile na
condição de exilado político. Em setembro
No segundo mandato, Fujimori vendeu empresas de 2007, a Justiça chilena atendeu pedido do
estatais, que renderam cerca de 8 bilhões de governo peruano de extradição do ex-presidente,
dólares e alimentaram o crescimento econômico para ser levado a julgamento por corrupção,
de 12% em 1994, o maior do mundo até aquele enriquecimento ilícito, evasão de divisas e
momento. Mas, em 1995, mais de 85% da genocídio, este pela morte de 25 peruanos
população economicamente ativa não tinha durante manifestação contra seu governo.
carteira assinada e vivia da economia informal.
O julgamento por abuso dos direitos humanos e
Segundo analistas, os resultados da sequestro iniciou-se no final de 2007, em Lima.
administração de Fujimori não foram tão Fujimori foi condenado a seis anos de prisão
positivos como aparentavam. Ele governou um pela revista ilegal da casa da mulher de seu ex-
país economicamente pobre, com 23,8 milhões assessor Vladimiro Montesinos. Na sentença, o
de habitantes e um PIB de 22,1 bilhões de dólares, juiz o obrigou a pagar 400 mil novos sóis (133.000
segundo dados de 1992. Nesse ano, sua maneira dólares) como reparação civil ao Estado e o
autoritária de conduzir o poder ficou mais impediu de exercer cargos públicos por dois anos.
Durante os dois dias de permanência na capital paulista, o presidente chileno visitou o campus
da Universidade de São Paulo, a Embraer, a Mostra do Redescobrimento, comemorativa dos 500
anos do Brasil, e participou da cerimônia de abertura do encontro empresarial Brasil-Chile, na
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.
Em relação ao comércio bilateral, verificou-se nos primeiros meses do ano 2000 acentuada
recuperação na movimentação de mercadorias entre Brasil e Chile, afetadas nos dois anos
anteriores pelos efeitos negativos da crise asiática na economia mundial. Apesar da retração do
mercado, o Brasil manteve saldo positivo no intercâmbio comercial com o Chile em 1998 e 1999,
de 200 milhões de dólares e 182 milhões de dólares, respectivamente.
Com base no projeto de importação de gás da Bolívia, em junho de 1996, o governador Mario Covas reuniu-se com o
presidente da Petrobrás, Joel Mendes Rennó, o secretário de Energia, David Zylbersztajn, e a presidente da Comgás, Iêda
Correia Gomes, para definir os pontos de negociação para a expansão do abastecimento de gás encanado no Estado de
São Paulo. Com o início das operações marcado para 1998, o plano de expansão contemplou a região metropolitana de São
Paulo, municípios do Vale do Paraíba e outras regiões do Estado na rota do gasoduto Brasil-Bolívia.
Quatro anos após deixar a presidência dos Estados Unidos, George Bush veio ao Brasil, em novembro
de 1996, para participar de uma conferência a convite do Fórum das Américas. Com o apoio da Câmara
Americana de Comércio e do Instituto Latino Americano, Bush pai falou para 300 empresários e professores.
No dia 22, acompanhado pelo empresário Mário Garnero e o advogado Eugênio Montoro, o ex-presidente
americano foi recebido pelo governador Mario Covas no Palácio dos Bandeirantes.
George Bush foi o quadragésimo-primeiro presidente dos EUA. Eleito em 1988, assistiu ao desmantelamento
do mundo comunista, negociou a redução de armamentos na ex-URSS e atuou na América Latina,
invadindo o Panamá para depor o ditador Manuel Noriega. Quando as tropas iraquianas de Saddam Hussein
invadiram o Kuwait, em 1990, enviou soldados à Arábia Saudita, liderando uma aliança internacional que
expulsou o invasor. A aprovação dos americanos a seu governo atingiu 90%, mas a recessão econômica
que veio em seguida impediu sua reeleição em 1992, quando foi derrotado pelo democrata Bill Clinton.
Em 22 de outubro de 1997, o governador Mario Covas recebeu Assaad Jabre, vice-presidente de gestão de
carteira e operações de consultoria da International Finance Corporation (IFC). Agência ligada ao Banco
Mundial, com sede em Washington, Estados Unidos, a IFC fornece capital de risco a países membros, para
estimular o crescimento da produtividade no setor privado e dar consultoria ao setor público, como em
projetos de implantação de linhas de metrô.
Durante o encontro, Assaad Jabre e Mario Covas conversaram sobre o contexto econômico brasileiro e as
áreas em que a International Finance Corporation poderia prestar assistência ao setor privado paulista,
principalmente em infraestrutura. O vice-presidente da IFC prontificou-se a estabelecer contatos com
empresários interessados nos programas de privatizações e concessões.
Contando com a possibilidade de a cidade de São Paulo sediar o primeiro museu Guggenheim na América
Latina, o governador Mario Covas recebeu em audiência o presidente da Fundação Guggenheim, Thomas
Krens, em 18 de outubro de 1999. Na época, o Complexo Cultural Villa Lobos era considerado um bom
endereço para abrigar a construção da sede brasileira do museu, oportunidade disputada também por
outros Estados brasileiros e países como a Argentina e o Chile.
Integravam a comitiva de Krens: Marifé Hernandez, ex-chefe do cerimonial da Casa Branca, Lisa Denison,
curadora-chefe do Museu Guggenheim de Nova Iorque, e Newton Simões Filho, da Racional Engenharia
Ltda., presidente da Associação Novo Teatro de São Paulo.
Krens (segundo à direita de Covas), conversa com o governador sobre uma filial paulista do Guggenheim
LeBlanc, governador-geral do Canadá, acompanha Covas pelos corredores do Palácio dos Bandeirantes
O governador Mario Covas e a primeira dama Lila Covas receberam, no dia 15 de janeiro de 1998, Roméo
LeBlanc, governador-geral do Canadá, e esposa, para um jantar no Palácio dos Bandeirantes. Em seu
discurso de boas-vindas, Covas destacou que a grandeza da nação canadense não se deve apenas à sua
vastidão territorial, “mas sim a valores que a identificam profundamente com as aspirações do mundo
moderno: a democracia, a liberdade econômica, os direitos humanos”. Afirmou também que um dos
importantes feitos do governo do Canadá reside “no desenvolvimento de políticas públicas concretas
...que tem resultado em uma qualidade de vida já reconhecida como a segunda melhor do mundo, pelo
Banco Mundial, e como a primeira, pela ONU”.
No dia seguinte, Mario Covas e o presidente Fernando Henrique Cardoso encontraram-se com Jean
Chrétien, primeiro-ministro do Canadá, no World Trade Center, em São Paulo, para um almoço com toda a
comitiva canadense e empresários brasileiros. Chrétien também chefiava a Equipe Canadá, uma missão
comercial que reuniu ministros federais, os dez chefes de governos provinciais canadenses, dois líderes
de territórios, prefeitos e algumas centenas de empresários. Ao todo, o encontro contou com cerca de
700 empresários – 389 deles canadenses –, que celebraram uma série de contratos entre os dois países.
Localizado entre os Estados Unidos e o oceano Ártico, o Canadá é o segundo maior país do mundo,
formado por dez províncias e três territórios. Colonizado pela França, desde 1763 é controlado pela
Grã-Bretanha. A população, composta por franceses, britânicos e povos de origens múltiplas, tem o
francês e o inglês como idiomas oficiais. Dono de reservas importantes de petróleo, lidera a produção
mundial de zinco e urânio e possui solo rico em potássio, gás natural, níquel e alumínio. Sua economia
é uma das dez maiores do mundo, concentrada nos setores industrial e de serviços. Adota a monarquia
parlamentarista, tendo como chefe de Estado a rainha Elisabeth II, do Reino Unido, representada pelo
governador-geral, e como chefe de governo, o primeiro-ministro. O Poder Legislativo é bicameral. O
Senado conta com 104 senadores, indicados pelo governador-geral para mandato até a idade de 75 anos,
e a Câmara dos Comuns, com 295 membros, eleitos por voto direto, para mandatos de cinco anos.
Recém-eleito presidente do México, Vicente Fox política; Porfírio Muñoz Ledo, coordenador da
Quesada esteve em São Paulo no dia 10 de agosto mesa de estudos sobre a reforma do Estado;
de 2000, em visita de cortesia, e foi recebido Luís Felipe de Macedo Soares Guimarães, futuro
no Palácio dos Bandeirantes pelo governador embaixador do Brasil no México, e Luiz Cabrera,
Mario Covas. Três anos antes, quando ainda cônsul-geral do México em São Paulo.
era governador do Estado de Guanajuato, Fox
Quesada fizera uma primeira visita a Covas. As relações bilaterais entre o Brasil e o
México, segundo o Itamaraty, desenvolvem-
No segundo encontro, de acentuado caráter se habitualmente em clima de cordialidade e
político, o novo chefe do Executivo mexicano cooperação. Os acordos são facilitados pelo fato
estava acompanhado de Luís Felipe Bravo Mena, de ambos os países não abrigarem qualquer tipo
presidente do Comitê Executivo Nacional do de ressentimento histórico entre si e de possuírem
Partido de Ação Nacional (PAN); Sérgio Garcia interesses convergentes em ampla gama de
Ramires, secretário-geral do Comitê Executivo temas da agenda regional e internacional.
Nacional do Partido Revolucionário Institucional
(PRI); Jesús Zambrano, secretário-geral do Comitê Os dois países mantêm aberto um canal de
Executivo do Partido da Revolução Democrática diálogo de alto nível, de que foram exemplos as
(PRD); Santiago Creel, coordenador da área visitas do presidente Fernando Henrique Cardoso
ao México, em 1996, e do presidente Ernesto durante a Cimeira entre América Latina, Caribe e
Zedillo ao Brasil, em 1999. Além das visitas, houve União Européia, em junho de 1999.
o encontro dos dois mandatários no contexto
das cúpulas do Grupo do Rio (ou Mecanismo No Brasil, residiam aproximadamente 2.000
Permanente de Consulta e Concertação Política mexicanos na época da visita de Fox, dos quais
da América Latina e Caribe), Ibero-Americanas e 1.200 estavam no Estado de São Paulo.
1995 1998
• Tommy G. Thompson, • Pedro Rosselló, governador
governador de Wisconsin, EUA de Porto Rico, EUA
• E. Benjamin Nelson, governador • Melvin Carnahan, governador
de Nebrasca, EUA do Missouri, EUA
• Alejandro Gordillo Fernández, • Ricardo Marquez, primeiro
embaixador do Peru no Brasil vice-presidente do Peru
1996 1999
• Heraldo Muñoz, embaixador • Christine Todd Whitman,
do Chile no Brasil governadora de New Jersey, EUA
• Bill Gates, presidente da Microsoft • Adolfo Rodrigues Saá, governador
• Warren Christopher, secretário de San Luis, Argentina
de Estado dos Estados Unidos • Juan Antonio Martabit,
• Diego Ramiro Guelar, embaixador embaixador do Chile no Brasil
da Argentina no Brasil • Arturo Pedro Lafalla, governador
• Lincoln Almond, governador de Mendoza, Argentina
de Rhode Island, EUA • James Hunt, governador da
• Buddy MacKay, vice- Carolina do Norte, EUA
governador da Flórida, EUA • Gobind T. Nankani, vice-
presidente do Banco Mundial
1997 • Graciela Meijide, deputada
• Robert Murray Torry, embaixador federal e líder da delegação de
de Trinidad e Tobago no Brasil parlamentares da Argentina
• Zell Miller, governador da Geórgia, EUA
• Joseph E. Kernan, vice- 2000
governador de Indiana, EUA • Anthony Harrington, embaixador
• Juan Carlos Romero, governador dos Estados Unidos no Brasil
de Salta, Argentina • Jorge Omar Sobisch, governador
• Jorge Hugo Herrera Vegas, de Neuquén, Argentina
embaixador da Argentina no Brasil • Carlos Federico Ruckauf, governador
• Julie Norris, diretora do Office de Buenos Aires, Argentina
of Sponsored, do Massachusetts
Institute of Technology – MIT, EUA
Oscar Luigi Scalfaro, presidente da Itália, cumprimenta Covas sob os olhares das respectivas esposas
Foram seis dias de visita oficial do presidente Italianas). Na pauta de negociações constaram
da Itália ao Brasil, em junho de 1995. Oscar Luigi as propostas de adoção de um programa de
Scalfaro veio intensificar as relações comerciais intercâmbio para micro e pequenas empresas,
entre os dois países e quebrar um antigo jejum: além da integração da América Latina com a
encontrou-se com a numerosa colônia italiana União Européia por intermédio do Mercosul.
paulista, gentileza que os dirigentes de seu país
não faziam há 30 anos. Mario Covas, ao receber o presidente, no dia 28,
assinalou em seu pronunciamento a importância
Em sua comitiva, Scalfaro trouxe uma delegação da imigração italiana para o processo de
de empresários filiados à Confisdustria transformação da “economia latifundiária e
(Confederação das Federações das Indústrias escravista paulista numa economia urbana e
Em 1954, tornou-se vice-ministro do Trabalho e Previdência Social e, de 1954 a 1955, vice-ministro da Previdência
do Conselho de Ministros. Entre 1955 e 1962, ocupou os cargos de vice-ministro da Justiça e do Interior. Após 1966,
assumiu o Ministério dos Transportes e da Aviação, da Educação e do Interior. Elegeu-se presidente em maio de 1992.
O sistema de governo italiano é parlamentarista. O presidente é eleito para um mandato de sete anos. Escolhe o
primeiro-ministro e tem o poder de dissolver o Senado e a Câmara, exceto nos últimos seis meses de mandato.
A economia italiana
A República Italiana, um dos pilares da civilização européia, sabe aproveitar sua condição. Sua economia
baseia-se em serviços, categoria em que se destaca o turismo, e nas indústrias de base, equipamentos
de transporte, têxteis, vestuário e produtos químicos. Exporta principalmente máquinas industriais e
equipamentos de transporte, vestuário e calçado, manufaturas básicas, produtos químicos e alimentos.
Seus principais parceiros comerciais são a Alemanha, a França, os EUA, o Reino Unido e a Holanda.
Negócios e ecologia
na rota do duque de Kent
Visita do nobre inglês incluiu seminário em São Paulo, encontro
das águas de rios amazônicos e Jardim Botânico carioca
A visita ao Brasil do príncipe Edward, duque de Kent, da Inglaterra, incluiu várias atividades em São
Paulo. No dia 7 de novembro de 1995, o nobre foi recebido pelo governador Mario Covas, no Palácio dos
Bandeirantes. Em seguida, presidiu a abertura do seminário “Londres – um parceiro global para o Brasil”,
promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para empresários brasileiros.
Edward visitou o Autódromo de Interlagos, palco das corridas de Fórmula 1, e a Câmara de Comércio
Britânica, onde manteve encontros com empresários ingleses.
A agenda do duque de Kent não parou por aí. Edward fez questão de ir a São José dos Campos, interior
de São Paulo, para conhecer a Embraer, fábrica dos aviões brasileiros que fazem sucesso no mundo, e
o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Em seu giro pelo país, manteve contato com o governador
Amazonino Mendes, do Amazonas, e conheceu o encontro das águas dos rios Negro e Amazonas. No
Paraná, visitou as Cataratas do Iguaçu, e, no Rio de Janeiro, o Jardim Botânico e a Shell.
A comitiva do duque de Kent contou com empresários de peso: Simon Sayer, do Lloyds Bank; Robert
Andrewartha, da Matra Marconi; David Mortimer, da British Gas do Brasil; Alan Sinclair, da Rolls Royce do
Brasil; Keith Haskell, embaixador da Grã-Bretanha no Brasil; Roger Brown, cônsul-geral em São Paulo e
Mike Mecham, do departamento da indústria de Londres.
Edward George Nicholas Patrick Paul, duque de Kent, é primo da rainha Elisabeth II e neto do rei
George V. Estudou em Eton, na Inglaterra, em Le Rosey, na Suíça, e na Academia Militar Real, em
Sandhurst, onde se formou em 1955. Nomeado segundo-tenente no Royal Scots Greys, serviu no
Reino Unido e em Chipre, como integrante da força das Nações Unidas. Reformado como general-
de-brigada em 1982, assumiu a presidência da Junta Britânica de Comércio Exterior. Em 1959,
assumiu cargo na Câmara dos Lordes e foi conselheiro de Estado durante a ausência da rainha.
Acompanhado de integrantes de sua comitiva, o duque de Kent ouve a exposição de Mario Covas
Roman Herzog, presidente da Alemanha, entrega a Covas a comenda Ordem do Mérito de seu país
Personalidades premiadas
No dia seguinte ao encontro de Herzog e Covas no Palácio dos Bandeirantes, foi aberto o evento de
lançamento e entrega do Prêmio Personalidade do Ano, instituído pela Câmara de Comércio e Indústria
Brasil-Alemanha e a Confederação das Câmaras Alemãs. O prêmio fez parte da programação da Feira
Brasil-Alemanha de Tecnologia para o Mercosul (Ferbral’95), e se inseriu no quadro das atividades do
Encontro Empresarial Brasil-Alemanha e da reunião da Comissão Mista de Cooperação Econômica.
O governador Mario Covas rendeu homenagens aos ganhadores do prêmio e, em seu pronunciamento,
disse: “Sabemos que este prêmio constitui o ponto de partida de uma família de prêmios que virão
incentivar personalidades cuja competência lhes confere destaque e admiração. E, assim, muito nos
orgulha poder colaborar, ao acolher no Palácio dos Bandeirantes o digníssimo presidente da Alemanha,
Roman Herzog, bem como sua comitiva. Muito nos alegra saber, além do mais, que a Alemanha elegeu o
Brasil como um parceiro preferencial na América Latina”.
O ministro britânico da Fazenda, Kenneth Clarke, como parceiro estratégico, devido às reformas
chegou a São Paulo com vontade de conversar. econômicas e o ajuste fiscal promovido por Mario
Acompanhado por um grupo de empresários Covas no Estado de São Paulo.
ingleses do setor financeiro, reuniu-se com o
governador Mario Covas, no dia 10 de janeiro de Até então, o Reino Unido vendia para o mercado
1996, para discutir a cooperação entre empresas brasileiro produtos químicos, farmacêuticos,
dos dois países e as oportunidades oferecidas equipamentos para geração de energia,
por São Paulo, principalmente nos segmentos maquinários, material de transporte e uísque.
de eletricidade, gás e água. A disposição do Do Brasil comprava, principalmente, alimentos,
ministro foi bem recebida pelo governo paulista. derivados de papel, maquinários, calçados,
Naquele período, a Grã-Bretanha elegeu o Brasil produtos químicos e tabaco.
Em janeiro de 1996, veio ao Brasil o ministro das Finanças e do Comércio Exterior da França, Yves
Galland, chefiando uma missão com 35 representantes das maiores empresas de seu país, entre elas a
AGF, Aérospatiale, Renault, Thomson, Société Generale e CCF. Integravam a delegação de Galland, altos
funcionários dos ministérios da Fazenda, Infraestrutura, Indústria, Correios e Telecomunicações, Habitação,
Relações Exteriores e Transportes e Turismo. Na reunião de trabalho realizada com representantes de
vários setores do governo paulista, a comitiva demonstrou forte disposição da França de recuperar a
posição de relevância que, no passado, ocupara no mercado brasileiro.
Da Polônia, o estímulo ao
intercâmbio acadêmico
Delegação polonesa trata com Covas da troca de experiências nas
áreas científica, econômica e educacional
Aleksander Luczak, ministro do Comitê de Pesquisas Científicas da Polônia, entrega presente a Covas
Os 361 empreendimentos franceses então instalados no Brasil realizavam negócios de mais de 10 bilhões
de dólares e empregavam cem mil pessoas. A França era o quinto maior investidor no Brasil. Tais
investimentos se concentraram em cinco grandes grupos: Accor, Michelin, Carrefour, Rhodia e Saint-
Gobain, dos quais os três últimos figuram entre os 20 maiores grupos estrangeiros instalados no Brasil.
O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Malcolm Rifkind, chegou a São Paulo interessado no
programa privatizações do governo paulista. Foi recebido por Mario Covas, no dia 12 de abril de 1996,
em uma reunião de trabalho para discutir a ampliação das exportações e dos investimentos britânicos
no país. O ministro Rifkind trouxe consigo um grupo de empresários da área financeira para examinar
as oportunidades oferecidas pelo governo de São Paulo, particularmente nos setores de gás, água e
eletricidade. Cerca de 40 das 100 maiores empresas britânicas já estavam presentes no Brasil, em 1996.
Era grande o empenho dos britânicos em fomentar negócios com toda a América Latina - seu objetivo era
dobrar o volume de exportações para a região.
Em decorrência de guerras, muitos lituanos imigraram para o Brasil. As primeiras cem famílias que
chegaram aqui fixaram residência em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Em 1996, o país tinha a maior
comunidade lituana da América Latina, e a maior colônia estava concentrada em São Paulo.
Em 1995, Portugal exportara para o Brasil mercadorias no valor de 168,8 milhões de dólares e importara
o equivalente a 453,2 milhões de dólares. No ano seguinte, vendeu um pouco mais – 225,8 milhões de
dólares – e comprou de empresas brasileiras um pouco menos – 427,9 milhões de dólares. Os principais
produtos vindos de Portugal eram: azeite de oliva, minério de cobre, combustíveis minerais, vinhos,
aparelhos e dispositivos elétricos, moldes, partes de motores, livros, brochuras, frutas e produtos
hortículas. Os produtos brasileiros mais exportados para Portugal: couros e peles, soja, bagaço e
resíduos de óleo de soja, madeira bruta, café, madeira serrada, madeira perfilada, sisal e fibras têxteis,
bagaços de extração de gorduras e chapas de ferro.
Mario Covas entrega presente diplomático paulista a Romano Prodi, primeiro-ministro da Itália
O governador Mario Covas recebeu em audiência Segundo o Conselho Geral de Italianos no Exterior,
o primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi, no a comunidade de descendentes de italianos no
dia 3 de março de 1998. Era a primeira visita de Brasil constituía-se, na época, de cerca de 23
um primeiro-ministro italiano ao Brasil. Prodi milhões de pessoas, e estimava-se que 5 milhões
veio a São Paulo acompanhado por uma comitiva residiam no Estado de São Paulo.
de ministros, conselheiros, parlamentares,
embaixadores e 110 empresários dos mais
variados setores, que mantiveram contato com O sexto mercado
industriais brasileiros na sede da Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Até a chegada de Prodi, a Itália detinha o sexto lugar no
ranking de mercados mais importantes para as exportações
A conversa entre Mario Covas e Romano Prodi, no brasileiras. O intercâmbio comercial entre os dois países
Salão dos Despachos do Palácio dos Bandeirantes, expandia-se, passando de 2,75 bilhões de dólares, em
girou em torno de elementos coincidentes da 1990, para 5,2 bilhões de dólares, em 1995. Tal aumento
agenda interna de ambos os países: reformas devia-se às importações brasileiras, que passaram de 798
constitucionais, reestruturação da previdência milhões de dólares, em 1990, para 3,16 bilhões de dólares,
social, avanços no processo de privatização e a em 1995. A Itália, nesse período, era a quarta maior fonte
importância do controle do déficit público. de investimento estrangeiro direto no Brasil. Entre as
empresas italianas que mais investiram no país, boa parte
Brasil e Itália guardam profunda identificação delas instalada em São Paulo, estavam: Fiat, Iveco, Pirelli,
cultural e sentimentos de simpatia recíprocos, Stet, Parmalat, Grupo Círio, De Longhi, Polti e Candy.
favorecidos pela contribuição da imigração
italiana à formação da população brasileira.
Em setembro de 1996, o escritor e dramaturgo Covas abriu seu discurso com bom humor: “A
tcheco Václav Havel chega ao Brasil em seu história da República Tcheca nos deu muitos
papel mais importante: primeiro presidente da exemplos e uma complicação. A complicação veio
República Tcheca, nascida da divisão da antiga do povo de Praga, que, em 1618, ao atirar por
Tchecoslováquia, em 1993. Havel e sua comitiva uma janela os emissários do imperador, trouxe
vieram para uma visita oficial de cinco dias, com para a língua portuguesa uma de suas palavras
o objetivo de dar a conhecer os aspectos políticos, mais difíceis de pronunciar: o substantivo
econômicos e culturais da recente república e ‘defenestração’, ou seja, o ato de jogar alguém
verificar as possibilidades de negócios bilaterais janela abaixo, expressão com freqüência utilizada
com o Brasil. O presidente veio também agradecer metaforicamente na vida política brasileira”.
a solidariedade do povo brasileiro durante a
Segunda Guerra Mundial, por manter-se do lado Covas brincou ainda com os visitantes dizendo que
dos aliados, contra a ditadura fascista. “aos tchecos, também, devemos uma de nossas
paixões nacionais: a cerveja Pilsen, originária da
Defenestração e cerveja cidade de mesmo nome”. Destacou a seguir a
tenacidade e a coragem do povo tcheco na defesa
Ao recepcionar Václav Havel e comitiva em São de sua pátria e na manutenção de sua identidade
Paulo, em 19 de setembro, o governador Mario ao longo do tempo. “Essa identidade nós
Em 1994, foi fundada em São Paulo a Câmara Internacional de Comércio, Indústria e Cultura
Brasil-República Tcheca. No ano seguinte, o Brasil exportou para os tchecos ferro, manganês,
soja, frutas, couro, tabaco e café; e importou artigos para consumo, máquinas, produtos
agrícolas, lúpulo e leite em pó. O Brasil também era tradicional comprador de maquinaria
tcheca. Em São Paulo estavam sediadas as empresas tchecas Skoda (montadora e produtora
de caminhões para fins civis e militares e plataformas de ônibus para venda no Brasil e na
América Latina) e Omnipol Brasileira S/A (produtora e distribuidora de rolamentos).
A República Tcheca
Em 1º de janeiro de 1993, a Tchecoslováquia dividiu-se em dois Estados: a República Eslovaca e a
República Tcheca, imediatamente reconhecidos pelo Brasil. País de elevado padrão econômico e cultural,
a República Tcheca localiza-se na Europa Central, sua capital é Praga e divide-se administrativamente
em oito regiões subdivididas em municipalidades. Em 1998, sua população somava 10,3 milhões de
habitantes. Industrializado desde o século XIX, destaca-se na fabricação de máquinas e equipamentos,
produz cereais e explora recursos naturais. O sistema de governo tcheco é parlamentarista, com chefe
de Estado forte. O legislativo é bicameral: o Senado conta com 81 membros, e a Câmara dos Deputados,
com 200. O voto é direto, para mandatos de seis e quatro anos, respectivamente.
Observado por Mario e Lila Covas, Martti Oiva Kalevi Ahtisaari deixa mensagem no Livro de Tombo
A República da Finlândia, cuja capital é Helsinque, política econômica de austeridade. O Produto Interno
ocupa território de 338 mil quilômetros quadrados. As Bruto cresceu 4,4%, em 1995, mas o país, como o
línguas oficiais são o finlandês e o sueco. É dividida restante da União Européia, teve problemas com o
em 12 províncias e tem um Parlamento unicameral, desemprego, na ordem de 17%.
composto de 200 membros eleitos por voto direto,
para mandato de quatro anos. A Finlândia entrou na União Européia como uma das
principais parceiras comerciais dos demais países
O chefe de Estado é o presidente da República, que a compõem. A pauta de importações finlandesa
com mandato de seis anos. O chefe de governo incluía reatores nucleares, equipamentos elétricos,
é o primeiro-ministro. O presidente tem poderes combustíveis, óleos, automóveis e bicicletas, plásticos
constitucionais para dirigir as relações exteriores, e derivados, ferro e aço.
escolher o primeiro-ministro e dissolver o Parlamento.
Em 1997, as 200 cadeiras do Parlamento estavam Segundo estatísticas finlandesas, em 1994, o Brasil
distribuídas entre dez partidos. Dos parlamentares, ocupava a 23ª posição entre os maiores exportadores e
67 eram mulheres. o 39º lugar entre os maiores importadores de produtos
da Finlândia. Em 1997, o Itamaraty recomendou
As mudanças impostas ao mundo pelo esfacelamento intensificação das informações sobre a abertura da
da União Soviética também chegaram à Finlândia. economia brasileira e do processo de privatizações
Por manter posição de neutralidade durante a Guerra para atrair os investimentos finlandeses, fortemente
Fria, o país arcou com a redução de sua capacidade concentrados no Chile. Sugeriu ainda a realização
de poupança interna, mas manteve uma renda per de seminários sobre investimentos e a visita de uma
capita invejável - 24.700 dólares -, graças a uma missão comercial a Helsinque.
A balança comercial do Brasil com a França estava Mario Covas estava preparado para virar o jogo.
desequilibrada quando Jacques Chirac chegou ao Chirac e empresários franceses reuniram-se com
país para uma visita de três dias, em março de Covas e o presidente Fernando Henrique Cardoso,
1997. No ano anterior, os brasileiros compraram no dia 13 de março, no Hotel Mofarrej-Sheraton.
438 milhões de dólares a mais em mercadorias Integravam a audiência 17 executivos de empresas
francesas do que venderam. Mas o presidente importantes, como Carrefour, Accor e Saint-
francês não estava satisfeito. Gobain, além do milionário Jean-Luc Lagardère,
controlador da Airbus, dono do império editorial
Chirac queria desbancar os Estados Unidos do Hachette e marido da mineira Betty Lagardère.
posto de principal parceiro comercial do Brasil
e estreitar relações entre Mercosul e União A seleta platéia ouviu do governador sua visão
Européia. Por isso, trouxe em sua comitiva quase sobre a conjuntura econômica mundial, marcada
cem empresários, dispostos a fazer negócios por pela globalização, e sua esperança de que os
aqui. O que ele não sabia é que o governador problemas históricos de desequilíbrio entre Norte
Empresários de peso
A comitiva de Jacques Chirac era composta por presidentes de importantes companhias: Edmond Alphandery, da
Electricité de France; Daniel Bernard, do Carrefour; Françoise David, da Compagnie Française d’Assurance pour le
Commerce Extérieur; Jérôme Le Carpentier, da Société Anonyme A.C.C.M.; Jérôme Monod, da Lyonnaise des Eaux; Jean-
Pierre Savare, do Groupe François-Charles Oberthur; Jean-Paulo Bailly, da Régie Autonôme de Transports Parisiens;
Pierre Bilger, do Grupo GEC-Alsthom; Paul Dubrule, da Accor; Pierre Lescure, do Canal Plus; Jean-Louis Beffa, da Saint-
Gobain; Charles de Croisset, do Crédit Commercial da França; Jean-Luc Lagardère, da Matra Hachette; Yves Michot, da
Aérospatiale; Alain de Pouzilhac, da Havas-Advertising, e Guy Vicente, diretor-geral da Société ETA.
De encanador a presidente
Ao nascer em Budapeste, em
1922, Árpád Göncz recebeu o
nome do primeiro governante da
Hungria, o príncipe magiar Árpád.
Era um prenúncio do futuro que o
aguradava. Graduado em Direito,
Artes e Ciências, foi membro ativo
da resistência armada contra a
ocupação alemã. Com o fim da
Segunda Guerra Mundial, seu
país ficou sob a tutela de Moscou,
adotando o comunismo. Sob o novo
sistema político, Göncz trabalhou
como soldador e encanador.
Árpád Göncz faz uma observação a Mario Covas antes de sentar-se
para o almoço oficial no Salão dos Pratos
Em 1953, morre o ditador Josef
Stálin, alterando o rumo político da
Hungria e de Árpád Göncz. O país leva ao poder o reformista Imre Nagy, deposto pouco depois pelas forças
soviéticas. Em 1956, Göncz participa da rebelião popular, apoiada pelo Exército, que conduz Nagy novamente ao
poder. Os soviéticos reagem. Instalam János Kádár no poder (1956-1988), prendem e executam Nagy.
Durante o longo governo Kádár, o país experimentou a estabilidade e o crescimento muito antes de Gorbatchev
implementar a perestroika (reestruturação econômica) e a glasnost (abertura) no mundo comunista. Foi nessa
época que a Hungria passou a viver a plenitude da economia de mercado, abrindo suas fronteiras ao comércio
global e ao turismo, destoando assim dos demais países pertencentes à União Soviética.
Nesse período, Göncz amargou as penas dos cárceres comunistas por ter participado ativamente da Revolução
Húngara, trabalhando na Federação dos Agricultores e unindo-se aos resistentes contra a ocupação soviética.
Foi preso e, em 1958, condenado à prisão perpétua. Em 1963, Göncz ganhou a liberdade pela Lei da Anistia. Na
segunda metade dos anos de 1980, participou da criação de entidades civis e de partidos políticos. Em 1990,
elegeu-se deputado, liderando a Aliança de Democratas Livres, e foi porta-voz do Parlamento em sua sessão
de instalação. Elegeu-se presidente da República em 3 de agosto de 1990.
Diversidade cultural
Ladeada pelo mar Mediterrâneo e o oceano Atlântico, a Espanha ocupa uma área de 505.954 quilômetros
quadrados, a sudoeste da Europa. Convivem ali mais de 46 milhões de habitantes, entre eles bascos,
catalães e galegos, donos de línguas e culturas próprias. Esses povos vivem em três das 17 regiões
autônomas da Espanha. O sistema de governo é a monarquia parlamentarista, que possui um Legislativo
bicameral com 256 senadores e 350 deputados. As principais cidades são: Madri, a capital, Barcelona,
Valença, Sevilha e Saragoza. O turismo é uma importante fonte de divisas do país, dadas as praias,
as touradas, os tesouros arquitetônicos de Gaudi e as pinturas de Goya, Picasso, Miró e Salvador Dali.
A visita do ministro das Relações Exteriores da Dinamarca ao Brasil, Niels Helveg Petersen, no início de
1997, foi protocolar. Procedente de Santiago, capital do Chile, ele esteve no país a convite do chanceler
brasileiro Luís Felipe Lampreia. Em Brasília, o ministro encontrou-se com o presidente Fernando Henrique
Cardoso e com ministros da área econômica. Petersen visitou Manaus, Rio de Janeiro e São Paulo, onde
foi recebido em audiência pelo governador Mario Covas, no dia 8 de janeiro.
O Brasil, na época, era o maior parceiro comercial da Dinamarca na América Latina. Segundo dados do
Itamaraty, as relações entre os dois países eram boas e construtivas, e a cooperação bilateral poderia
desenvolver-se de modo mais positivo à medida que as expectativas dos dinamarqueses quanto à
evolução da economia brasileira fossem se ajustando às novas realidades de mercado. Em 1995, o Brasil
importou cerca de 177 milhões de dólares da Dinamarca e exportou 250 milhões de dólares.
Foi de cortesia a visita do ministro da Administração Interna de Portugal, Jorge Coelho, recebido pelo
governador Mario Covas no dia 9 de junho de 1998, no Palácio dos Bandeirantes. O ministro veio a São
Paulo para participar, no dia 10, das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades
Portuguesas. Integravam a comitiva do ministro o embaixador de Portugal, o chefe de gabinete do
ministro e o cônsul-geral de Portugal em São Paulo.
Portugal ocupa uma área de 91.986 quilômetros quadrados a oeste da Península Ibérica. Sua economia
destaca-se pela agricultura, pecuária, pesca, extração de minérios, indústrias de vestuário, calçados,
cortiça, química, aparelhos elétricos, cerâmica e polpa de papel. O país produz ainda vinhos e
azeitonas, de qualidade reconhecida internacionalmente. Destaca-se como centro turístico graças ao
clima mediterrâneo, aos vestígios da presença romana e árabe na região e aos palácios, conventos e
monumentos que testemunham seu passado de potência marítima.
Troca de honrarias
Homem de esquerda
Jorge Fernando Branco de Sampaio nasceu em Lisboa, em 1939. Participou de movimento estudantil
e, como advogado, defendeu presos políticos. Após a Revolução dos Cravos, que pôs fim ao regime
ditatorial salazarista em abril de 1974, foi um impulsionador da criação do Movimento de Esquerda
Socialista. Em 1978, aderiu ao Partido Socialista e elegeu-se deputado à Assembléia da República por
cinco legislaturas. Em 1996, foi eleito presidente de Portugal, no primeiro turno, com 53% dos votos. É
autor dos livros A festa de um sonho, publicado em 1991, e Um olhar sobre Portugal, editado em 1995.
Meses depois da visita do Príncipe de Orange, Mario Covas recebeu o primeiro-ministro do Reino dos
Países Baixos, Wim Kok, para uma reunião de trabalho. Em 26 de novembro e 1998, o staff governamental
chegou com uma comitiva de 80 empresários, conferindo relevante dimensão econômica ao encontro.
A visita do primeiro-ministro refletiu o interesse do governo holandês em dinamizar as relações entre
os dois países e contribuiu para reforçar a imagem positiva do Brasil nos planos político, econômico e
cultural, com a implantação de uma cátedra de estudos brasileiros na Universidade de Leiden.
Curiosidades monegascas
• A família Grimaldi reina há 700 anos.
• A data nacional é 19 de novembro, dia de Santo Rainier.
• Em 1967, o príncipe Rainier III encampou a Societé Bains de Mer, que controlava o
cassino de Monte Carlo, pertencente ao armador grego Aristóteles Onassis.
• Segundo o Consulado Geral de Mônaco, no principado não existem pobres.
• O príncipe Albert I, pai de Rainier III, foi pioneiro nas pesquisas oceanográficas.
• Santos Dumont realizou algumas experiências com o “mais pesado que o ar” em Mônaco.
Certa noite, ao tentar um vôo, o aparelho caiu na baía e Santos Dumont foi socorrido
pessoalmente pelo príncipe Albert I, seu amigo, que acompanhava o evento.
• A Academia Internacional de Turismo nasceu em Mônaco. O principado detém a secretaria da instituição
em caráter permanente. Ali é editado, em diversas línguas, o Dicionário Internacional do Turismo.
• O Principado possui um time de futebol, o Mônaco.
• Nas ruas de Monte Carlo é realizado anualmente o Grande Prêmio de Fórmula 1, o mais
famoso evento do país. Os pilotos brasileiros Ayrton Senna e Nélson Piquet, quando
atuavam na Fórmula 1, viviam em Mônaco como cidadãos monegascos.
Mario Covas e Mario Soares conversam animadamente na sala vip do Parlatino Americano, em 1999
O governador Mario Covas e dona Lila, presidente técnico da pintura futurista, feitos em 1910.
do Fundo Social de Solidariedade, receberam o Giacomo Balla teve forte influência na Semana
presidente da República Italiana, Carlo Azeglio da Arte Moderna de 1922 no Brasil.
Ciampi e comitiva, em almoço no Palácio dos
Bandeirantes, no dia 13 de maio de 2000. Durante a visita, o governador Covas e o
presidente Ciampi também participaram do
À noite, na Pinacoteca do Estado, inauguraram lançamento da edição brasileira do jornal Corriere
a exposição do pintor Giacomo Balla (1871-1958), della Sera, jornal italiano fundado em 1876 e líder
um dos fundadores do futurismo e signatário do de tiragem naquele país, que seria publicado, em
Manifesto da pintura futurista e do Manifesto língua italiana, pelo O Estado de São Paulo.
Em seu pronunciamento, o governador Mario Covas disse ao presidente Carlo Azeglio Ciampi que o recebia com
alegria “no ano em que o Brasil comemora o seu quinto centenário” e que sua visita iria “estreitar a fraternidade
entre países que há muito possuem laços comuns...”, uma vez que “a Itália teve a generosidade de ceder-nos o mais
precioso bem de qualquer nação: os seus filhos”. Estimava-se, na ocasião, que residissem no Estado de São Paulo
cerca de 5 milhões de italianos e descendentes, somando 23 milhões em todo o Brasil.
“Talvez sem qualquer modéstia – e certamente com muito orgulho – nossa capital se considera a maior cidade
italiana em todo o mundo. E também a que faz a melhor pizza...”, brincou Covas. Em seguida, assinalou que a cidade
de São Paulo “está profundamente marcada pela cultura italiana”, do trabalho às artes. E agradeceu: “Somos
especialmente reconhecidos aos capitães de indústria e aos milhares de operários italianos que aqui chegaram para
construir o nosso desenvolvimento. E também a seus filhos. Juntos enriqueceram para sempre a cultura brasileira:
de Anita Malfatti a Portinari e Volpi, de Camargo Guarnieri a Francisco Mignone, de Lívio a Cláudio Abramo, de
Franco Zampari a Adolfo Celli. Pintores, escultores, gente de teatro, arquitetos, intelectuais e cientistas que, a
exemplo de Lina Bó e Pietro Maria Bardi, fizeram desta terra a terra nostra, a pátria de todos nós”.
Mario Covas destacou a “eloqüência” da democracia italiana pela escolha de Carlo Azeglio Ciampi para a Presidência
da República que, não sendo parlamentar e “não alinhado a qualquer partido, foi eleito em primeira votação”. Com
uma declaração de amizade entre os dois países, encerrou seu discurso: “Todos os caminhos levam a Roma, porém,
o mais seguro, o melhor deles, é o que une a Itália ao Brasil”.
Antes de assumir a Presidência da República, em 1999, exerceu o cargo de Ministro do Tesouro, Orçamento
e Programação. Foi um dos principais responsáveis pelo saneamento das finanças públicas e pela
adesão da Itália ao euro. Primeiro não-parlamentar eleito a presidente em cinco décadas, Ciampi foi
o décimo chefe do Executivo italiano, cargo que exerceu de 13 de maio de 1999 a 15 de maio de 2006.
A Constituição italiana de 1948 estabeleceu um parlamento bicameral, que é formado por uma Câmara
de Deputados e de um Senado. O sistema executivo é composto de um Conselho de Ministros, encabeçado
pelo primeiro-ministro. O presidente da República tem direito a um mandato de sete anos, escolhe o
primeiro-ministro, e este propõe os outros ministros, que são aprovados pelo presidente.
O rei Juan Carlos I, Mario Covas, Lila Covas e a rainha Sofia em recepção no Palácio dos Bandeirantes
No dia 12 de setembro de 2000, o governador Mario pela ousadia dos versos ou se pelo atrevimento
Covas e sua esposa, dona Lila Covas, receberam em verter para o castelhano um trecho das
o rei Juan Carlos I e a rainha Sofia da Espanha. Sagradas Escrituras. Mas conta-se que, no século
O casal real permaneceu em São Paulo durante XVI, frei Luís de Leon – após traduzir o Cântico
dois dias. Nesse curto período, os monarcas dos Cânticos, de Salomão – foi despojado de sua
visitaram a Mostra do Redescobrimento, evento cátedra em Salamanca e preso. Libertado após
das comemorações dos 500 anos do Brasil, e a cinco anos de confinamento, imediatamente
Estação Especial da Lapa. Compunham a comitiva retornou à famosa universidade. Logo em
membros do governo e séquito de 24 pessoas. sua primeira aula, foi falando com toda a
naturalidade: Conforme dizíamos ontem...”
Em seu discurso de saudação, Mario Covas falou
do povo espanhol, deixando transparecer traços “Talvez nada revele melhor o caráter espanhol
de sua própria identidade e o carinho dedicado do que estas palavras. Pois aos ibéricos não
aos seus ascendentes que, junto com outras intimidam as adversidades. Enfrentam-nas,
etnias, constituíram a mescla de culturas que antes, com destemor e galhardia. E, vencida a
compôs a nação brasileira: “Não se sabe bem se tribulação, as encaram até mesmo com altivez.”
A Espanha é regida por uma monarquia parlamentarista em que o soberano não é apenas uma figura
decorativa. O rei é o chefe de Estado, arbitra e modera o funcionamento das instituições democráticas,
representa o país nas relações internacionais, sanciona e promulga leis e detém o comando supremo
das Forças Armadas. Pode convocar e dissolver Cortes Gerais e convocar eleições. É o rei que propõe o
candidato a primeiro-ministro ao Parlamento. Se for aprovado, o monarca o nomeia e pode destituí-lo.
O primeiro-ministro chefia o Conselho de Ministros, que exerce o poder executivo.
Lila Covas, Elias Hraoui e intérprete, Mario Covas e Mouna Elias Hraoui em jantar no Clube Monte Líbano
O governador Mario Covas e sua esposa dona Lila deram à formação da sua nacionalidade. Uma
receberam o presidente do Líbano, Elias Hraoui, comunidade que, pelo seu número, e em que
sua mulher, Mouna Elias Hraoui, e a filha do pese a vastidão do nosso território, “pode nos
casal, Reina Hraoui Hajjal, no dia 4 de setembro levar a ser chamados de Pequeno Líbano. Porque
de 1997, em jantar de confraternização no Clube Grande Líbano é aquele que, confinado entre as
Monte Líbano, com a presença de representantes altas montanhas e o Mediterrâneo, conquistou o
da comunidade libanesa radicada em São Paulo. mundo pelo comércio, pela cultura, pelo valor de
seu povo”, assinalou o governador.
Em seu discurso, o governador Mario Covas saudou
o presidente Hraoui e o povo do Líbano, afirmando “Brasileiros e libaneses estavam mesmo
que o Brasil muito se orgulha da contribuição que condenados a firmar uma grande amizade.
cerca de 6 milhões de libaneses e descendentes Afinal, aqui, como no Líbano, em São Paulo como
A Ordem do Cedro
No encontro com Elias Hraoui, o governador Mario Covas foi agraciado com a Ordem do Cedro, uma
honraria outorgada àqueles que prestam relevantes serviços por longo período ao país, a grandes
instituições nele existentes e a autoridades julgadas dignas da distinção. É a mais alta condecoração
do governo libanês, concedida apenas por seu presidente.
Mario Covas saudou o ministro e comitiva, registrando “um triplo agradecimento” ao governo japonês.
“Em primeiro lugar, à generosidade com que o Japão abriu mão de pessoas que, há noventa anos, para
cá vieram. E que aqui ajudaram a construir uma grande nação”. Agradeceu depois “à verdadeira parceria
que o governo e as empresas japonesas estabeleceram com o desenvolvimento do nosso Estado e do
nosso país, nele investindo mais de cinco bilhões de dólares”. E finalizou, brincando com os convidados:
“Quero cumprimentar o Japão por estar participando, pela primeira vez, da Copa do Mundo. Por aqui,
futebol é uma paixão nacional, e como todos sabem, sou torcedor do Santos Futebol Clube, time que já
contou com o craque japonês Kazu ...E por ele, registro o terceiro agradecimento.”
Os negócios bilaterais
Nos anos que antecederam a visita de Li Lanqing, houve forte crescimento do comércio entre Brasil e China.
Em 1992, por exemplo, o volume total negociado foi de 557 milhões de dólares, passando, em 1995, para 2,243
bilhões. Os dados parciais de 1996 mostravam um aumento de 21,27% nas exportações brasileiras para a China
e redução de 2,1% nas importações, em relação a 1995. Desde o comunicado conjunto sobre o estabelecimento
das relações diplomáticas, de 1974, o Brasil e a China assinaram dezenas de acordos bilaterais nas áreas
econômica, científica, tecnológica, cultural e educacional, entre outras.
A princesa Sayako brinda com Covas durante comemoração do Tratado de Amizade entre Brasil e Japão
Sen Sôshi realiza a cerimônia do chá com a atenção da esposa, princesa Masako, e de Mario Covas
Michiko e Akihito, Mario e Lila Covas posam para a foto oficial da visita imperial no Salão dos Despachos
A pedido do imperador
Apaixonado por futebol, principalmente pelo futebol brasileiro, o imperador Akihito pediu apenas uma
coisa. Queria conhecer um estádio em dia de jogo. Pois bem, lá foi sua majestade, acompanhado
pela imperatriz e o casal Mario e Lila Covas ao estádio do Morumbi. O programa não poderia ter sido
melhor: casa cheia com Corinthians e São Paulo na final do campeonato paulista. Além do futebol, os
imperadores apreciaram o espetáculo das torcidas.
O presidente da República da Coréia, Kim Young Nessa data, a LG planejava também investir 100
Sam, foi recebido pelo governador Mario Covas, milhões de dólares em São Paulo, até 2003, na
em 10 de setembro de 1996. Veio acompanhado de implantação de uma indústria com produção
uma comitiva de 41 empresários, todos dispostos anual de 1,5 milhão de televisores, 400 mil
a fechar negócios bilaterais. A melhor notícia videocassetes e 400 mil fornos de microondas.
dessa visita foram os investimentos de peso que Segundo seu porta-voz, Chung Jae Yup, o Brasil
duas grandes empresas coreanas, a LG Electronics estava destinado a ser o centro de todas as
e a Hyundai, anunciaram para o Brasil. operações da empresa na América Latina.
A LG declarou que pretendia construir uma A Hyundai, segundo maior grupo industrial
subsidiária em São Paulo, em terreno oferecido coreano, programava naquele momento
pelo governo paulista. Os primeiros 85 milhões empregar no Brasil metade dos 3,38 bilhões de
de dólares de investimento destinavam-se dólares que pretendia investir na América Latina
à instalação de uma fábrica de monitores de na construção de fábricas, usinas de energia
TV, com sede em Taubaté, já no ano seguinte. e obras de infra-estrutura, como estradas e
Projetava-se empregar cerca de 400 pessoas e gasodutos. Uma das suas intenções era comprar
produzir inicialmente 400 mil unidades, devendo 5% das ações da Companhia Vale do Rio Doce e
chegar a 3 milhões de unidades até o ano 2000. construir uma fábrica com parceiro local.
O governador Mario Covas cumprimenta o presidente da República da Coréia, Kim Young Sam
A intérprete coreana assegura o bom humor na conversa entre o presidente Kim Young Sam e Mario Covas
Um recordista no poder
Kim Young Sam nasceu em Koje-gun, em 1927. Formou-se em Filosofia e Ciência Política pela Universidade
Nacional de Seul. Em 1954, filiado ao Partido Liberal, foi eleito para a Assembléia Nacional. Nesse mesmo
ano, quando o presidente Syngman Rhee começou a recorrer a táticas escusas para que a Constituição fosse
revisada e ele pudesse concorrer a um terceiro mandato, Kim Young deixou o partido do governo e passou
para a oposição, lutando pela democratização da Coréia. Sam bateu alguns recordes na área política: foi
a pessoa mais jovem a ser eleita para a Assembléia Nacional, a que se elegeu mais vezes (nove) para a
Assembléia e como presidente de um partido de oposição.
Kocheril Narayanan
vem em missão política
O governador de São Paulo recepciona o presidente da Índia,
ressaltando a visão humanista de seus líderes
Dona Lila, Kocheril Narayanan, Covas e Usha Narayanan brindam antes do jantar no Palácio dos Bandeirantes
Um pária na Presidência
O presidente Kocheril Raman Narayanan foi o primeiro membro da casta dos intocáveis ou párias - a
mais baixa na milenar escala social hinduísta - a ocupar a chefia de Estado da Índia. Elegeu-se em 1997
com 95% dos votos dos quase cinco mil membros dos legislativos federal e estaduais. Sua ascensão à
Presidência foi o acontecimento histórico que marcou a natureza laica do Estado indiano.
Xanana Gusmão (no centro à esq.) e Mario Covas em reunião com secretários de Estado e parlamentares
A convite do governo brasileiro, o líder timorense Na ocasião da visita feita a São Paulo, José
Xanana Gusmão esteve no país, em abril de 2000. Alexandre de Xanana Gusmão presidia o Conselho
Nessa primeira visita, Xanana veio agradecer os Nacional de Resistência Timorense (CNRT),
esforços das autoridades do Brasil na ajuda à entidade que governou o território antes da
viabilização social e econômica do futuro Estado formalização do Estado timorense, e era membro
do Timor Leste. No dia 3, visitou Mario Covas do Conselho Consultivo Nacional da Administração
no Palácio dos Bandeirantes, onde participou Transitória das Nações Unidas em Timor Leste
de uma reunião de trabalho com a presença de (Untaet), que aprovou a independência do país
secretários de Estado e parlamentares paulistas. do domínio da Indonésia.
Depois de várias negociações entre Portugal e Indonésia, Brasília de Arruda Botelho e o Cel. PM Olavo Sant’Anna
em maio de 1999 firmaram-se acordos para a consulta Filho recebem o timorense Xanana Gusmão
popular sobre o futuro político do país. A população aprovou
a independência da região, com 78,5% dos votos, que foi
aceita por Jacarta, em setembro. A violência na ilha, porém, não pôde ser coibida. A reorganização de Timor
Leste passou a ser administrada pela ONU, dirigida pelo diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Melo. O Brasil
participou ativamente do processo de votação, enviando peritos eleitorais, observadores policiais e oficiais de
ligação. Também colaborou indicando profissionais e técnicos para a estruturação da administração pública
e do sistema judiciário do novo país. Em 20 de maio de 2002, Timor Leste tornou-se totalmente independente.
Namoro na cadeia
José Alexandre Xanana de Gusmão nasceu no Timor Leste, em 1946. Prestou serviço militar e, depois da retirada
de Portugal da ilha, em 1975, aderiu à Frente Revolucionária do Timor Leste Independente (Fretilin). Entrou para
a clandestinidade quando a Indonésia invadiu a ilha, foi preso e condenado. Na prisão, conheceu a australiana
Kirsty Sword, com quem viria a se casar mais tarde. Foi libertado em 1999. Quando visitou o Brasil, era responsável
pela Comissão Política Nacional e Comandante das Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor Leste (Falintil),
entre outros cargos. Em dezembro de 1999, Xanana Gusmão recebeu o Prêmio Sakharov por sua luta em defesa dos
direitos humanos. Foi eleito presidente de seu país em 2002.
Chen Ruey-Long, representante de negócios estrangeiros de Taiwan, troca presentes com Mario Covas
O ano de 1999 foi especialmente importante para Paulo e realizar a reunião conjunta Brasil-
o estreitamento das relações entre o Brasil e Taiwan, da qual participaram representantes
Taiwan. Em São Paulo, foram realizados eventos da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e
comerciais relevantes, como o Encontro da Câmara de sua congênere taiwanesa, a Chinese National
Mundial Taiwanesa de Comércio e o 22º Encontro Association of Industry and Commerce.
de Empresários Chineses, do qual participaram
comerciantes, industriais e investidores de
origem chinesa residentes nas principais cidades
da América do Norte, Europa e Ásia.
Uma relação delicada
Taiwan ou República da China, de economia capitalista,
Em março de 2000, o governador Mario Covas se considera um Estado independente. Mas a República
recebeu os integrantes da missão comercial de Popular da China, comunista, a reivindica como um
Taiwan, liderados por Chen Ruey-Long, diretor- território rebelde. Em 1974, o Brasil rompeu relações
geral do escritório de negócios estrangeiros do diplomáticas com Taiwan, reconhecendo a República
Ministério da Economia e Negócios da Ilha de Popular da China como único governo.
Taiwan, ex-Formosa. A missão foi organizada
pelo China External Trade Development Council Taiwan não é membro da ONU ou de qualquer organização
(Cetra), organização semi-governamental, sem internacional reservada a Estados. Entretanto, poderá
fins lucrativos, constituída para a promoção do ser admitida na Organização Mundial de Comércio
como uma economia, sob a denominação de Chinese
comércio de Taiwan com o resto do mundo.
Taipei. Brasília e Taipé, capital de Taiwan, mantêm um
Escritório Econômico e Cultural, sem status diplomático.
O grupo esteve no Brasil para incrementar
negócios e investimentos industriais em São
Le Duc Anh, presidente do Vietnã, foi recebido Le Duc Anh e Mario Covas, dona Lila e Vo Thi Le
pelo governador Mario Covas e a primeira dama trocam presentes diplomáticos
Lila Covas no dia 11 de outubro de 1995. Além
da esposa, Vo Thi Le, o presidente trouxe uma
delegação de 70 pessoas, incluindo o ministro Sempre na luta
dos Negócios Estrangeiros, o Chefe da Casa Civil, Localizada no sudeste da Ásia, a República Socialista do Vietnã
o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, o faz divisa com a China, o mar da China Meridional, o Camboja
vice-ministro do Interior, o vice-presidente e o Laos. Sua história caracteriza-se por lutas constantes,
da Comissão Estatal de Planejamento e o vice- como os dez anos de guerra com os Estados Unidos, na busca
ministro de Comércio. Em São José dos Campos, da identidade nacional e da independência. O processo de
o presidente e sua comitiva visitaram a Empresa abertura econômica começou com a promulgação de uma
Brasileira de Aeronáutica S/A (Embraer) e o Centro nova Constituição, em 1992.
Técnico Aeroespacial (CTA).
Cingapurianos na Fiesp
Goh Chok Tong, primeiro-ministro da República de Cingapura,
encontra-se com empresários paulistas
Em 12 de setembro de 2000, o governador Mario Covas recebeu o primeiro-ministro da República de
Cingapura, Goh Chok Tong. Na companhia do presidente estavam o ministro das Relações Exteriores,
o ministro da Justiça e o embaixador de Cingapura no Brasil. No mesmo dia, a delegação cingapuriana
esteve com o ministro brasileiro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alcides Tápias, e
almoçou com empresários paulistas na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.
Cingapura, cuja capital tem o mesmo nome, é um país insular, situado no sudeste asiático, na extremidade
meridional da península Malaia. Compõe o grupo dos tigres asiáticos, países da região cujas economias
têm obtido um rápido desenvolvimento com políticas agressivas. É uma república parlamentarista e um
dos principais centros financeiros internacionais.
Representantes do Japan Bank posam para foto com Covas, após acerto de contas de financiamento
No dia 24 de março de 1997, membros da Keidanren, entidade de classe que reúne a maior parte das
empresas do Japão e representa 70% do Produto Interno Bruto do país, avaliado, em 1996, em mais de
4 trilhões de dólares, estiveram em São Paulo. Almoçaram na Fiesp, visitaram a Câmara de Comércio
Japonesa e foram recebidos em audiência por Mario Covas.
O presidente da Keidanren, Shoichiro Toyoda, liderava a missão de 15 empresários, entre eles, Norio Ohga,
o principal executivo da Sony; Minoru Murofushi, presidente da Itochu Corporation; Rokuro Suehiro,
vice-presidente da Nippon Steel Corporation; Tokuji Nagaoka, diretor-presidente da Toyota do Brasil S.A.;
Yasuyoshi Ohta, presidente da Itochu Brasil S.A., acompanhado por Shigeki Tsutsui, principal executivo da
empresa, e Taichiro Ohsumi, diretor-geral da Nippon Steel Corporation.
1995 1998
• Isamu Imoto, governador da • Yoon-Mo Kang, vice-ministro
Província de Saga, Japão da Construção da Coréia do Sul
• Yutaka Nakaoki, governador • Cong Fukui, vice-governador
de Toyama, Japão de Hebei, China
• Yuzan Fujita, governador
de Hiroshima, Japão 1999
• Ehud Olmert, prefeito • Muthal Puredath Muralidhar Menon,
de Jerusalém, Israel embaixador da Índia no Brasil
• Muhammad Tawfik Juhani,
1996 embaixador da Síria no Brasil
• Yaacov Keinan, embaixador • Chuan Leekpai, primeiro-
de Israel no Brasil ministro da Tailândia
• Adian Silalahi, embaixador da • Tatsuya Hori, governador
Indonésia para o Brasil, a Bolívia e o Peru de Hokkaido, Japão
• Masayasu Kitagawa, • Sutadi Djajakusuma, embaixador
governador de Mie, Japão extraordinário da Indonésia
• Chihiro Tsukada, embaixador • Itamar Rabinovitch, presidente da
do Japão no Brasil Universidade de Tel Aviv, Israel
• Sam-Hoon Kim, embaixador • Li Changehun chefe da delegação
da Coréia do Sul do Partido Comunista Chinês
• Yoshihico Tsuchiya, governador • Goro Yoshimura, governador
de Saitama, Japão de Nagano, Japão
• Li Peng, primeiro-ministro da China
• Amsa Amin, embaixador de 2000
Bangladesh no Brasil • Faris Mufti, embaixador
da Jordânia no Brasil
1997 • Nasser Sabeeh Al-Sabeeh,
• Li Zhaoxing, vice-ministro de embaixador do Kuaite no Brasil
Negócios Estrangeiros da China • Wu Guanzheng, líder da delegação
• Bahman Taherian Mobarakeh, do Partido Comunista Chinês
embaixador do Irã no Brasil • Mansour Moazami, embaixador
• Takeshi Numata, governador do Irã no Brasil
de Chiba, Japão
• Sekinari Nii, governador
de Yamaguchi, Japão
• Morihiko Hiramatsu,
governador de Oita, Japão
• Sota Iwamoto, governador
de Ishikawa, Japão
• Eisaku Sato, governador
de Fukushima, Japão
O presidente angolano José Eduardo dos Santos e a mulher, Ana Paula, em visita a Mario e Lila Covas
Em 1963, foi para a ex-União Soviética, fazer um curso superior de Engenharia de Petróleo. Lá também
especializou-se em telecomunicações, em 1970, voltando em seguida para Angola, onde continuou na
luta armada. Em 1975, foi eleito para o Comitê Central e para o Bureau Político do MPLA e indicado para
a coordenação das relações exteriores do movimento. Em novembro desse ano, com a proclamação da
independência de Angola, foi nomeado ministro das Relações Exteriores e, depois, primeiro-ministro.
Após a morte do presidente Agostinho Neto, em 1979, Santos assumiu o posto e o comando das Forças
Armadas, aos 35 anos. Em novembro de 1980, elegeu-se presidente da Assembléia do Povo, órgão
máximo do poder de Estado. Ciente das dificuldades do processo de reconstrução nacional e da guerra
que assolava o país, Santos dedicou-se à reabilitação da infra-estrutura destruída, com ênfase na
defesa do território angolano, no fim do racismo e na formação tecnocientífica da população.
Sam Nujoma nasceu na Namíbia em 1929 e foi educado na Escola Missionária Finlandesa de Okahao. Nos
anos de 1940, foi para a capital, Windhoek, trabalhar na South African Railways. Terminou sua educação
secundária cursando, por correspondência, a Transafrica Correspondence College, sediada na África do Sul.
Em meados da década de 1950, já estava envolvido em atividades políticas contra o domínio colonial sul-
africano. Enviava petições à ONU, pleiteando o apoio da comunidade internacional para o término do mandato
sul-africano sobre a Namíbia. Preso pela polícia sul-africana em 1959, escapou do país em fevereiro de 1960.
Foi para os Estados Unidos e lá solicitou à Quarta Comissão da ONU o fim da administração colonial na
Namíbia. Em abril de 1960, a Swapo foi fundada em Windhoek e teve Nujoma como presidente.
Seis anos depois, Sam voltou a Windhoek para testar a afirmação sul-africana de que os membros da Swapo
estavam em exílio voluntário e podiam retornar livremente ao país. Ao chegar, foi detido e deportado para
a Zâmbia. Em agosto de 1966, transportou as primeiras armas da Argélia para a Namíbia e começou o
movimento armado. Foi o primeiro líder de um movimento nacionalista africano, durante a campanha para a
independência, a falar perante o Conselho de Segurança da ONU, em 1971.
Em 1978, assinou o acordo de cessar fogo com a África do Sul. Elegeu-se membro da Assembléia Constituinte,
após a vitória da Swapo nas eleições de 1989, e presidente da República da Namíbia, por unanimidade, em
fevereiro de 1990. Reelegeu-se com expressiva margem nas eleições gerais de dezembro de 1994.
Constituiu-se como uma república presidencialista, com chefe de Estado forte. A Constituição namibiana pode
ser vista como um modelo para outros países africanos, pois é fundamentada numa sociedade multirracial e
multipartidária, embasada em um sistema econômico misto, em que a propriedade privada e a presença do Estado
na economia convivem harmonicamente. Com cerca de 60% de analfabetos, as línguas oficiais do país são o inglês,
o africâner e o alemão. Cada grupo étnico africano fala sua própria língua.
O cabo-verdiano Alberto Veiga entrega presente a Covas, acompanhado pela mulher, Maria Epifânia
1995
• Francisca Pereira, primeira vice-presidente da Assembléia Nacional Popular
da Guiné-Bissau, chefiando uma delegação de parlamentares de seu país
1997
• Amílcar Fernandes Spencer Lopes, ministro dos Negócios
Estrangeiros e das Comunidades de Cabo Verde
1998
• Don McKinnon, ministro dos Negócios Estrangeiros e do Comércio da Nova Zelândia
1999
• Robert Gabriel Mugabe, presidente do Zimbábue
2000
• Mbulelo Rakwena, embaixador da África do Sul no Brasil
• Thaddeus Daniel Hart, embaixador da Nigéria no Brasil
• David Hawker, deputado e chefe da delegação parlamentar da Austrália
• Alhaji Atiku Abubakar, vice-presidente da Nigéria
De voar, até que ele gostava. Viajar, também. Sair de São Paulo é que era o
problema. Cioso de seus deveres no comando do governo estadual, Mario Covas
não gostava de se afastar. Queria estar à frente de tudo, sempre, e o telefone não
era instrumento suficiente para pilotar a equipe nem para aplacar a ansiedade que
o tomava quando se ausentava do Estado, muito menos do país. Em seis anos, o
governador fez uma única viagem oficial ao exterior, em junho de 1996, visitando
Inglaterra, França e Turquia. Acompanhe o roteiro e as atividades.
Para que São Paulo pudesse manter o crescimento, Após a fala do governador, os secretários Émerson
o governo estadual deveria apoiar “a inserção Kapaz, da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento
do setor produtivo na economia globalizada Econômico, André Franco Montoro Filho, de
e promover a superação das carências sociais Economia e Planejamento, Plinio Assmann, dos
de parte de sua população”, disse Covas. Com Transportes, Claudio de Senna Frederico, de
essa intenção, o governo estava reduzindo sua Transportes Metropolitanos e David Zylsberstajn,
presença na produção de produtos e serviços, de Energia, falaram dos planos para suas áreas.
reforçando a capacidade de estabelecer políticas O encontro rendeu conversações concretas sobre
públicas, estruturar regiões e exercer sua função gás natural, portos de São Sebastião e Santos,
regulatória. Era seu compromisso limar gargalos linha 4 do metrô e centrais hidrelétricas.
Geraldo Alckmin recebe presente diplomático de Kofi e Nane Annan, observado por Lu Alckmin
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