Historia Do Metodismo PDF
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HISTRIA DO METODISMO
INDICE I. O Bero do Metodismo 1. A Reforma na Inglaterra 2. A implantao da Reforma 3. A Inglaterra depois da Reforma 4. A Inglaterra do Sculo XVIII 5. A Famlia de Wesley II. Joo Wesley. 1. Nascimento, infncia e juventude. 2. A vocao pastoral. 3. Misso na Gergia. 4. A experincia do corao abrasado. III. O Movimento Metodista. 1. O incio do Movimento Metodista. 2. O metodismo e a educao 3. Os sermes de Wesley 4. Deus comea a sua obra com as crianas 5. O Metodismo e a Escola Dominical 6. A religio social 7. O trabalho dos leigos IV. O Metodismo nos Estados Unidos da Amrica. 1. O metodismo norte-americano se transforma em igreja: a Igreja Episcopal. 2. A Igreja Metodista Episcopal descobre a "Fronteira" V. O Metodismo no Brasil. 1. Os Primeiros Passos. 2. O Metodismo no Brasil 3. Os primrdios da obra missionria 4. Os dez primeiros anos de trabalho com os brasileiros 5. Conferncia Anual 6. Consolidao e Autonomia da Igreja Metodista no Brasil 7. O crescimento da Igreja no Brasil 8. A autonomia da Igreja 9. As Regies Eclesisticas VI. A Igreja Metodista Wesleyana do Brasil 1. Histria do surgimento da Igreja Metodista Wesleyana do Brasil. 2. A crise de identidade na Igreja Metodista na dcada de 60. 3. Os lderes do movimento 4. O conclio geral da Igreja Metodista do Brasil. 5. A reunio da ponte. 6. O nome da nova Igreja 7. O conclio constituinte da nova igreja VII. O que caracteriza os metodistas? VIII. Uma seleo de frases de Joo Wesley:
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I - O BERO DO METODISMO Coube a Alemanha o privilgio de ser o bero da Reforma Luterana no inicio do sculo XVI e a Inglaterra do avivamento Wesleyano que sacudiu a Inglaterra no sculo XVIII. Dois movimentos distintos: o primeiro devolveu a Bblia ao povo, uma verdadeira revo1uo teolgica; o segundo foi um grande despertamento espiritual. Tudo comeou no dia 24 de maio de 1738, no corao de um homem, Joo Wesley, e se estendeu por toda a Inglaterra. Por que a Inglaterra? . . Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar as sbias, e escolhe as coisas fracas do mundo para envergonhar os fortes (1co. 1.27 ). A Inglaterra era fraca no sentido social, moral e religioso, se no fosse o avivamento o futuro da Inglaterra seria imprevisvel. 1. A REFORMA NA INGLATERRA
Em 31 de outubro de 1517 aconteceu a Reforma Luterana que no chegou a ser um avivamento religioso, sendo contudo um avivamento teolgico. Pouco a pouco o movimento iniciado na Alemanha comea a transpor as fronteiras . vrios pases como Frana, Dinamarca, Noruega, Sua, Pases Baixos, etc. Em cada um desses pases a implantao da Reforma no foi muito fcil, foi preciso muita coragem , amor e muita determinaro para pregar a palavra como ela , e, no como queriam que fosse. A implantao do Protestantismo na Inglaterra foi diferente dos outros pases europeus; acontecimentos de ordem religiosa e poltica permitiram a implantao do protestantismo de forma bem peculiar. Vrios fatores contriburam para o preparo do povo ingls a fim de receber a reforma como o esprito de nacionalismo que vinha se desenvolvendo na Inglaterra, isto facilitou a ao de Joo Wyclif (padre do Lutorworth) que em 1375 iniciou um movimento visando a libertao da Igreja Inglesa do domnio papal. Ele foi contra o direito do papa cobrar impostos ou taxas na Inglaterra. Escreveu contra a doutrina da transubstanciao; declarou que a Bblia a nica regra de f e prtica; traduziu a Bblia Vulgata para o ingls; organizou a ordem dos sacerdotes pobres mais conhecidos como irmos Lollardos, e pregavam por toda a parte. 2. A IMPLANTAO DA REFORMA A Reforma iniciou-se no reinado de Henrique VIII e passou por vrios perodos de progresso e retrocesso.
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Pretendia o rei ingls a anulao do seu casamento com Catarina de Arago para poder desposar Ana Bolena. Como o pedido no foi aceito pelo Papa. Henrique VIII que obteve de um tribunal formado por Bispos ingleses a anulao de seu casamento, fundou uma Igreja Catlica Inglesa, sendo ele mesmo o chefe. O Papa o excomungou; o parlamento votou o Ato da Supremacia. pelo qual o Rei foi reconhecido como nico chefe da Igreja na Inglaterra, com os mesmos poderes que possua o Papa. Manteve os dogmas catlicos e a estrutura tradicional da Igreja Catlica; sua rebelio se limitou a desconhecer a autoridade do Papa. Os nobres que governaram a Inglaterra durante a menoridade de Eduardo I, modificaram o culto na Igreja de acordo com as idias da Reforma.
A rainha Maria era Catlica fantica, seu objetivo era fazer a Inglaterra voltar ao domnio Romano. Perseguiu os protestantes com tanta, selvageria que provocou protestos do povo ingls, durante os cinco anos que governou, mas no consegui acabar com o protestantismo, graas a Deus. A rainha Isabel era filha de Henrique VIII e Ana Bolena indiferente religio por ser considerada bastarda pelos catlicos, decidiu-se em favor da reforma, adotando uma srie de disposies que vieram a formar a Igreja Anglicana, mescla do Catolicismo e Calvinismo. 3. A INGLATERRA DEPOIS DA REFORMA
O movimento reformista ingls deu origem a trs grupos religiosos diferentes, que so: 1. O grupo romanista - procurava manter-se fiel e obediente a Roma. 2. O grupo Anglicano - satisfeito com as reformas realizadas por Isabel. 3. O grupo Protestante - Os Puritanos formavam um grupo radical e desejavam mudanas na Igreja Nacional Inglesa. Desejavam um culto mais simples, leitura sistemtica da Bblia, disciplina mais rgida etc. Mas os puritanos tambm estavam divididos entre si no que se refere a administrao da Igreja. A parte mais radical era favorvel a forma presbiteriana onde um Conselho de Presbteros (pastores) decidem, existia um lder, mas ele limitado. A outra parte desejava a independncia de cada grupo local. De acordo com este modelo administrativo a Igreja local que decide, por isso ficaram conhecidos como Independentes ou congregacionais. Convm lembrar que a divergncia entre os Puritanos era somente na rea administrativa, na teolgica seguiam a Calvino. Aps o ano do 1648 os puritanos se desligaram da Igreja Inglesa e conseguiram o direito de organizarem-se de forma independente, surgindo desse movimento trs igrejas: a Presbiteriana, a Congregacional e a Batista, contudo os puritanos no conseguiram revolucionar a vida religiosa da Inglaterra, esta situao se agravou principalmente no inicio do Sculo XVIII. 4. A INGLATERRA NO SCULO XVIII Inglaterra viveu no incio do sculo XVIII, uma crise sem procedentes em toda a sua histria. A sociedade inglesa possua uma populao com mais de sete milhes de pessoas, para a poca era um nmero considervel. No havia comunicao entre os habitantes das cidades vilas ou arraiais devido s pssimas estradas ou at mesmo a sua inexistncia que tornou as viagens difceis. O primeiro servio de diligncias ligando Londres a outras cidades foi criado em 1774 (34 anos depois do avivamento Wesleyano), no frio ou quando chovia as mesmas se tornavam quase impossveis Os trabalhadores tanto na indstria como na lavoura ganhavam pouco. Os ricos, uma minoria, eram egostas, o tanto nas cidades como nas vilas, era to severo que uma pessoa podia ser condenada forca se roubasse uma quantia insignificante.
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As cadeias viviam cheias e ningum se importava com o sofrimento do prximo. A embriagues tornou-se muito comum nesta poca, o nmero de pobres aumentava assustadoramente, o nvel moral era baixo, os crimes e desordens eram comuns nas cidades. 1. Condies morais Moralmente o povo estava decado; o teatro era um antro de perdio, os jogos do azar eram comuns. Algumas autoridades religiosas do perodo ficaram to alarmadas que temiam que o povo ingls fosse exterminado. Outro aspecto importante na anlise da moral de um povo sem dvida nenhuma, a sua linguagem; nesta poca o povo usava uma linguagem profana, revelando assim o baixo grau que atravessava. As mulheres costumavam divertir-se com a leitura de romances perniciosos. Alm desses costumes havia tambm outros divertimento como: judiar dos animais (brigas de gatos), jogos de azar, touradas etc. Wesley observou o costume do seu povo e disse: Os hbitos mais comuns so: tomar o nome do Deus em vo, profanar o dia do Senhor e embriagar-se. Os Ingleses eram conhecidos na Europa como a nao selvagem da Europa. 2. Condies religiosas. A sociedade estava enferma, a moral certamente abalada e a religio sem foras para recuper-las. Por que? A Igreja deixou de evangelizar, recolheu-se, perdeu a viso celestial, no gozava da boa sade espiritual. A Igreja passou a ser um instrumento poltico nas mos do Rei contra a poltica de Roma; quando estava no poder um Rei catlico as coisas se tornavam difceis para os protestantes, o mesmo acontecia aos catlicos quando reinava um protestante. Havia muitos ministros que no acreditavam plenamente na Bblia. Resultado:. A Igreja deixou de ser um rio e se transformou num pntano . 0 povo se tornou indiferente a pregao do Evangelho. Os pastores gastavam mais tempo em discusses doutrinrias do que na divulgao da Palavra de Deus, e quando faziam era sem brilho e sem vigor espiritual. O ministrio era considerado uma profisso e no tinha foras para erguer espiritualmente a Inglaterra. 0 estado espiritual da Inglaterra era semelhante a um pntano, era preciso a fora e o poder do Esprito Santo para desobstruir a passagem e transformar o pntano em Rios do guas Vivas. 5. A FAMLIA DE JOO WESLEY Samuel Wesley e Suzana Wesley tiveram dezenove filhos, entre eles Joo Wesley e Carlos Wesley os fundadores do Metodismo. Samuel e Suzana Wesley depois que se casaram fixaram residncia em Epwort; alguns dos filhos do casal so: Samuel Wesley Jnior - nasceu aos 10 de fevereiro de 1690 em Londres e faleceu em 6 do novembro do 1739. Estudou na Universidade de Oxford, era poeta e ministro evanglico, mas dedicou-se inteiramente ao ensino. Suzana Wesley - nasceu em 1691 e faleceu em 17 de abril de 1693. Emlia Wesley - nasceu em 1662 e morreu em 1772. Teve urna educao clssica e revelou gosto pela poesia. Casou-se com um farmacutico, mas ele morreu muito cedo. Dedicou-se ao ensino at sua morte. Annesley e Judediah Wesley - Gmeas, nasceram em 1694, faleceram logo depois. Suzana Wesley II - nasceu em 1695, casou e teve vrios filhos. mas no foi feliz no casamento vindo a separar-se do marido. Mary Wesley - nasceu em 1696, era bela e possuidora de um esprito nobre. Morreu logo aps o casamento.
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Mehetebel Wesley - nasceu em 1697, gostava de poesia e era muito inteligente. Casou contra a sua vontade e era muito infeliz, seu marido era mecnico. Anne Wesley - nasceu em 1702. Tudo o que sabemos de Anne que casou com um homem muito educado chamado Lambert. Marta Wesley - nasceu em 1707. Marta tinha grande afeio pelo irmos Joo Wesley; foi o ltimo membro da famlia a morrer. Kezziah Wesley - nasceu em 1710. Morreu poucos meses antes do casamento. II. Joo Wesley. A chamada Experincia Religiosa de Joo Wesley, ocorrida em 24 de maio de 1738 na Rua Aldersgate, em Londres, acontecimento que mudou a vida de Joo Wesley e a da prpria Inglaterra acabou dando origem ao Movimento Metodista, presente hoje em mais de 100 pases e com uma comunidade de mais de 50 milhes de pessoas.
1. Nascimento, infncia e juventude. Joo Benjamim Wesley, nascido em 17 de junho de 1703 na cidadezinha de Epworth, na Inglaterra, era filho, neto e bisneto de pastores, por parte de pai, e neto por parte de me. A Igreja da Inglaterra (Anglicana) era o maior grupo protestante no sculo 17 no imprio britnico. Era a igreja oficial e o seu chefe era o Rei. Com o aparecimento de novas leis que disciplinavam o culto e nova organizao doutrinria, surgiram grupos religiosos contrrios dentro da prpria igreja, que desejavam uma igreja mais comprometida e menos burocratizada. Eram os no-conformistas, que acabaram sendo muito perseguidos. Bartolomeu Westley (1596-1680), bisav de Joo Wesley, e Joo Westley (1636-1678) faziam parte do grupo de pessoas que desejavam uma grande mudana na Igreja. Foram muito perseguidos e o av de Wesley, de quem herdou o nome, acabou tendo morte prematura aos quarenta e dois anos. Seu filho Samuel Westley (1662-1735), que mudou seu sobrenome para Wesley, iniciou seus estudos numa academia no-conformista, mas acabou concluindo sua formao teolgica em Oxford e se tornou pastor da Igreja oficial, sendo ordenado em 1689. No mesmo ano casou-se com Susana (1669-1742), cujo pai, o Dr. Samuel Annesley, era um dos mais importantes lderes do grupo no-conformista. Apesar de toda a herana no-conformista, Samuel Wesley e Susana optaram pela igreja oficial. Depois de servir em Londres por um ano e de ter sido, tambm durante um ano, capelo a bordo de um navio, Samuel recebeu a parquia de Epworth, no condado de Lincolnshire, na qual ficou at morrer. Susana teve 19 filhos, mas a maioria deles morreu ao nascer ou logo depois. Quando Joo nasceu, o segundo menino, seus irmos vivos eram Samuel e as meninas Emlia, Susana, Mary e Mehetabel. Era hbito de Susana, no dia em que os seus filhos completavam cinco anos, ensinar-lhes o alfabeto e, em seguida, utilizando a Bblia, a ler. Um dos acontecimentos que, sem dvida, marcaram a vida de Joo Wesley e sua grande ligao com a me, foi o incndio da casa pastoral, que ocorreu no dia 9 de fevereiro de 1709, quando Wesley ainda no tinha seis anos. O fato que alguns paroquianos, insatisfeitos com o pastor, colocaram fogo no prdio enquanto a famlia dormia. Quando todos j se encontravam fora da casa, notou-se a falta do pequeno Jack era assim que famlia lhe chamava que dormia no segundo andar. Tentaram resgat-lo, mas era impossvel, pois a escada de madeira j estava em chamas. Samuel pediu aos que estavam ali para ajoelhar-se e pedir a Deus para que recebesse em seu seio a alma de seu filho. De repente, ouvem o choro do menino que, subindo numa cmoda, chegava janela do seu quarto. Fizeram ento uma escada humana,
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um homem nos ombros de outro, e salvaram o menino. Logo em seguida, o teto caiu em chamas para dentro de casa. Em frente da casa, Samuel ajoelha-se novamente e diz: vinde, vizinhos, ajoelhemo -nos e agradeamos a Deus que me deu meus oito filhos. Que se v a casa. Sou suficientemente rico. Numa das pinturas que retratavam Wesley, ele mandou acrescentar, ao lado de uma casa em chamas, a legenda, um tio tirado ao fogo, relembrando o versculo 11 do captulo 4 de Ams. Esse episdio deu a Susana, que via no salvamento do filho algum objetivo de Deus em relao a ele, uma preocupao maior com a educao de Joo Wesley. Em orao que escreveu logo depois do incndio, ela dizia: pretendo ser particularmente cuidadosa, como nunca antes, com a alma desta criana, que tu tens cuidado to misericordiosamente, para que eu possa inculcar em sua mente os princpios da verdadeira religio e virtude. Em 1714, quando tinha onze anos, Joo Wesley foi levado a Londres para estudar em Charterhouse, uma escola pblica, onde era aluno interno. As dificuldades eram muitas, especialmente a falta de recursos para a boa alimentao do menino. Foi a que o pai lhe recomendou que corresse todas as manhs dando trs voltas em torno dos jardins da escola, um percurso de cerca de trs quilmetros. Essa prtica de exerccios fsicos, que Wesley nunca mais abandonou, acabou sendo responsvel pela resistncia fsica que tinha e, talvez, luz da cincia de hoje, por sua longevidade. Quando tinha 80 anos, ele costumava andar at dez quilmetros para um local de pregao e ainda dizia que o nico sinal de velhice que sentia era no poder andar nem correr to depressa como antes. Durante toda sua vida pastoral, Wesley no se cansou de recomendar exerccios fsicos aos seus seguidores. 2. A vocao pastoral. Aos dezessete anos, Wesley, que j tinha grande conhecimento do latim e do grego, vai para Oxford, recebendo uma bolsa de quarenta libras anuais da prpria Charterhouse. Estudou no Christ College, bacharelando-se em 1724, sendo eleito lente do Lincoln College no ano seguinte. Nessa poca, ainda no tinha definido que profisso escolher. A sua posio de lente lhe permitia escolher entre as mais importantes da poca, o Direito, a Medicina ou a Igreja. A Igreja foi para ele inevitvel e ele foi ordenado dicono no dia 19 de setembro de 1725. Pregou o seu primeiro sermo em South Leigh, pequena vila na vizinhana de Whitney. Em 1726, foi nomeado professor de grego e presidente das classes. Grande parte desse ano ele passou em Epworth ajudando seu pai na Igreja. Era sonho de Samuel transmitir-lhe por herana a sua pequena parquia. Wesley, contudo, volta a Oxford, onde recebeu o grau de Mestre em artes em1727. A tomar sua deciso pelo ministrio pastoral, Susanna lhe aconselhou: o verdadeiro fim da pregao endireitar a vida dos homens e no entulhar as suas cabeas com especulao intil. Em agosto de 1727, volta a Epworth, onde passa dois anos ajudando seu pai. Anos depois, em avaliao do seu trabalho naquele perodo, ele dizia com sinceridade: preguei muito, mas vi pouco fruto do meu trabalho. Nem podia ser de outra forma, pois eu nem firmava as bases do arrependimento nem a f no Evangelho, julgando que aqueles a quem eu pregava fossem todos crentes, e que muitos deles no necessitassem de arrependimento. Chamado de volta a Oxford, passou a ocupar a importante funo de moderador na universidade, onde tambm lecionava Grego, Filosofia e Lgica. Ali ficou at 1735. Foram anos de xito profissional, mas de profunda carncia espiritual. Sua religio era formal, fria e a situao da Igreja no era boa. Faltava testemunho, alegria em ser cristo. Nas igrejas, a
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pregao era negligente, em qualidade e quantidade. Os cultos eram pavorosamente enfadonhos. A comunho era ministrada apenas trimestralmente. A nica exceo era o Clube Santo, isto , o grupo de companheiros que procurava, no meio de tanto desalento, manter firme a f, o estudo bblico, uma vida de testemunho e de muitas obras sociais. Foi nesse quadro que Wesley, tentando encontrar-se a si mesmo, resolve ser missionrio na Amrica, na nova colnia inglesa da Gergia. O principal motivo de sua deciso, conforme escreveu no dia 10 de outubro de 1735, era a esperana de sa lvar a sua prpria alma e aprender o verdadeiro sentido do Evangelho de Cristo. 3. Misso na Gergia. No dia 13, embarcou para a Amrica no navio Simmonds, na companhia de seu irmo Carlos e de dois outros colegas do Clube Santo, Benjamin Ingham e Charles Delamotte, Durante a viagem, sobreveio um grande temporal e havia risco de o navio afundar. Wesley teve medo de morrer. Havia a bordo um grupo de cristos moravianos que no interromperam o seu culto enquanto o navio tinha rompido sua vela principal e havia gua em diferentes Compartimentos. Os moravianos continuaram a cantar calmamente. Esse episdio marcou muito o jovem missionrio. Ele no conseguia, apesar de toda a sua cultura bblica e religiosa, entender o segredo desse estranho desprezo pela morte. Sentia-se culpado, como dizia, pois tinha o pecado do temor. As coisas no saram na Gergia como ele esperava e o certo que fracassou redondamente. Inclusive no amor, j que se apaixonou por uma moa chamada Sofia Hopkey, com quem teve um relacionamento muito tumultuado. Quando volta de uma de suas muitas viagens, ela j havia casado com outro. Ficou to aborrecido com o fato que se recusou a dar comunho ao casal, o que causou um grande aborrecimento e quase o levou priso. Finalmente, depois de um perodo de quase dois anos, decidiu voltar Inglaterra. No dia 22 de dezembro de 1737, ao partir de volta no navio que tinha o mesmo nome de seu pai, fechou-se mais um atribulado captulo de sua vida. 4. A experincia do corao abrasado. Pouco antes de desembarcar, Wesley, ainda aturdido com as experincias negativas que tivera na Amrica, declara em seu dirio: Fui Amrica converter os ndios. Oh, Deus, quem me converter? Nesse trecho, escrito em 24 de janeiro de 1738, ele faz uma auto -avaliao muito cruel. Na realidade, fazendo um grifo nessa parte algum tempo depois, ele coloca entre parnteses no tenho certeza disto. Em outras afirmaes durante sua vida, ele nega que, naquela poca, ainda no era uma pessoa convertida. Mas que era uma pessoa atormentada, talvez da mesma forma que Paulo a dizer que se sentia um homem miservel porque no fazia o que queria e, exatamente o que no queria, isto fazia Joo Wesley. Logo depois de desembarcar de volta em Southampton, no dia 1 de fevereiro de 1738, pregou na casa que o hospedara e partiu para Londres, onde teria que prestar contas de sua misso. O episdio da viagem de ida com os moravianos e os contatos que tivera com eles na Gergia incentivaram Wesley a procurar Pedro Bohler, um moraviano alemo que estava prestes a partir para a Amrica. O encontro foi no dia 7 de fevereiro, uma tera -feira um dia para ser lembrado, como Wesley menciona em seu dirio na casa de um comerciante alemo. Conversaram muito e juntos viajaram a Oxford. Wesley aprendeu com ele, nas longas conversas que tiveram em latim, a receber o oferecimento bblico de graa e perdo. Nessas conversas, em que Wesley manifestava as suas convices, que no passavam pelo amor perdoador de Deus e pela salvao somente pela graa, ele pensou at em deixar o plpito, pois como poderia pregar aos outros quem no tinha a f salvadora?
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Recebeu, no entanto, uma sugesto de Pedro Bohler que, apesar de ferir sua racionalidade, foi aceita por Wesley. De modo nenhum lhe disse Bohler pregue a f at que a tenha; e, ento, porque a tem, voc a pregar. Assim diz Wesley em seu dirio em 6 de maro de 1738, comecei a pregar esta nova doutrina, ainda que minha alma rejeitasse o trabalho.. Salvao pela f era um assunto totalmente novo para Joo Wesley, a despeito do seu perfeito conhecimento das Escrituras. O que ele no esperava era a reao que houve. Apesar da grande aceitao por parte dos leigos, os clrigos, participantes de uma religio fria, no estavam preparados para o que ouviam dos lbios de Joo Wesley. Ficou sem plpito para pregar. Quando pregava na igreja de Epworth, que tinha sido durante mais de trinta anos pastoreada por seu pai, acabou sendo expulso no meio do sermo. Saindo do templo, subiu ao tmulo de seu pai, no jardim, propriedade de sua famlia, e terminou o sermo. As dificuldades, ameaas e perseguies no afetaram Wesley que, agora, j dizia: logo que vi claramente a natureza da f salvadora, proclamei-a sem demora. Deus comeou, ento, a operar pelo meu ministrio como nunca o fizera antes. No tinha nenhuma lgica as atitudes dos pastores anglicanos contra Wesley, j que as doutrinas que ele estava pregando eram to antigas como os apstolos, eram as mesmas que Lutero, mais de duzentos anos antes j proclamara e que faziam parte dos artigos de religio da prpria Igreja da Inglaterra da qual era presbtero. Sem que Wesley pudesse sequer imaginar, Deus estava tecendo um enredo para sua vida pelo qual, num dia que se aproximava, depois dessa peregrinao racional pelas pginas da Bblia, ele haveria de entrar na plenitude da experincia que ele mesmo descrevia em seus sermes. Desde o final do Sculo XVII, para disciplinar um pouco o trabalho dos no-conformistas, a Igreja Anglicana permitira a criao de sociedades de leigos piedosos que, normalmente, reuniam-se em casas de famlia. Uma dessas sociedades, fundada por James Hutton, filho do rev.. John Hutton, em cuja casa Wesley se hospedou antes de ir para a Amrica, fazia ponto em Nettleton Court na Rua Aldersgate. O dia 24 de maio de 1738, que marca a experincia religiosa de Joo Wesley, comeou muito cedo para ele. Quando s cinco da manh abriu o seu Novo Testamento, leu II Pedro 1:4: Ele nos tem dado grandssimas e preciosas promessas , para que por elas fiqueis participantes da natureza divina. Ao sair, abriu de novo a Bblia e leu: no ests longe do reino de Deus. tarde, convidado a participar de uma reunio na Catedral de So Paulo, a antfona era o salmo 130: Das profundezas clamo a ti, Senhor. Escuta Senhor, a minha voz; estejam alerta os teus ouvidos s minhas splicas. Se observares, Senhor, iniqidades, quem, Senhor, subsistir? Contigo, porm, est o perdo, para que te temam. Aguardo o Senhor, a minha alma o aguarda; eu espero na sua palavra. A minha alma anseia pelo Senhor, mas do que os guardas pelo romper da aurora. Mais do que os guardas pelo romper da manh, espere Israel no Senhor, pois no Senhor h misericrdia, nele, copiosa redeno. Ele quem redime a Israel de todas as suas iniqidades. Deus estava se apressando no seu enredo. Finalmente, Ele invade a histria de Joo Wesley e muda a sua vida. Ainda alegre pela experincia, Wesley assim a descreveu em seu dirio: noite, fui sem grande vontade a uma reun io na Rua Aldersgate, onde algum lia o prefcio de Lutero Epstola aos Romanos. Cerca de um quarto para as nove, enquanto ele descrevia a mudana que Deus realiza no corao pela f em Cristo, senti meu corao estranhamente aquecido. Senti que confiava em Cristo, somente em Cristo, para a salvao; e
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uma segurana foi-me dada, de que Ele havia perdoado os meus pecados, sim os meus pecados, e salvou-me da lei do pecado e da morte. Aqui esto algumas das palavras de Lutero, que foram ouvidas naquela r eunio: a f uma energia do corao, to eficaz, viva e inspiradora, que incapaz de permanecer inativa. A f uma constante confiana na misericrdia de Deus para conosco, pela qual nos lanamos inteiramente em Cristo e nos entregamos inteiramente a Ele. Nessa experincia do corao aquecido, Wesley encontra aquilo que tanto desejara, a transformao de sua religio de temor numa religio de amor. Como dizia, relembrando a parbola do filho prdigo, passou da condio de escravo a filho. Da, sua relao com Deus, antes apenas legalista, passa a ser uma relao de f e confiana. III. O Movimento Metodista 1. O incio do Movimento Metodista. Movido pela experincia da f salvadora, comeou ento o Movimento Metodista, no princpio ainda ligado Igreja Anglicana. O crescimento do movimento foi muito grande e rpido. A cada dia pessoas e mais pessoas se juntavam aos metodistas para experimentarem tambm a alegria da f e da confiana em Deus. Nos meses que se seguiram, Wesley se encontrava com pequenos grupos, inclusive moravianos, para reunies espirituais nas quais a Palavra era pregada. Esses grupos ficaram conhecidos como sociedades. As reunies no competiam com os trabalhos regulares das igrejas. Normalmente, aos domingos, Wesley e seu irmo Carlos pregavam nos plpitos das igrejas de Londres. Mas isto no durou muito tempo. O tipo de sermo que pregavam era intolervel para a maioria das igrejas, acostumadas a sermes frios e vazios. O que os irmos Wesley pregavam eram no s afirmativos da salvao pessoal pela graa, mas continham, ainda, um apelo mudana de vida. Os plpitos foram sendo fechados para eles por causa dos seus excessos e entusiasmo. Alguns dos colegas do Clube Santo firmaram posio ao lado de Joo Wesley. Entre eles, George Whitefield, um dos mais notveis pregadores daquele tempo. Mais tarde, porque Whitefield era calvinista e cria na doutrina da predestinao, os dois se separaram. Pouco antes, Whitefield comeara a pregar ao ar livre para os empregados das minas de carvo de Kingswood. Wesley no concordava com esse tipo de pregao, mas acabou se tornando entusiasta admirador da prtica. Quando planejava ir para a Amrica, Whitefield convidou Wesley para substitu-lo na boca das minas de Bristol. A princpio, Wesley tinha dvidas em aceitar o desafio. O fato, porm que aquelas pessoas trabalhavam de domingo a domingo e no tinham oportunidade de ir igreja. Alm do mais, porque eram pobres, nem suas famlias tinham acesso aos cultos. A princpio, Whitefield reuniu apenas duzentas pessoas. Logo depois, esse grupo havia aumentado para trs mil, cinco mil e at vinte mil pessoas. Uma das lindas experincias de Whitefield com esse trabalho foi descrita por ele num dos seus sermes. Ao contemplar o mosaico de rostos humanos enegrecidos pelo carvo das minas enquanto pregava, ele via as listas brancas que se abriam fora de lgrimas naquelas faces sujas. Certa vez escreveu: os cus em cima, os campos adjacentes, a viso dos milhares e milhares, uns em carruagens, uns a cavalo e outros trepados em rvores, e, s vezes, emocionados e todos juntos banhados de lgrimas, e a tudo isto se acrescentava o cair da noite, formavam um conjunto que era demasiado para mim e me vencia de todo. Bem-aventurados os olhos que vem o que ns vemos. Na primeira vez que foi s minas, Wesley ouviu o sermo pregado pelo colega. No dia seguinte, dois de abril de 1739, Wesley pregou ao ar livre pela primeira vez e a grande multido
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pde ouvir o sermo baseado no versculo O Esprito do Senhor es t sobre mim, pelo que me ungiu para anunciar as boas novas aos pobres. Mesmo perseguidos pelas autoridades religiosas por pregarem ao ar livre, eles nunca mais abandonaram essa prtica, que se tornou uma caracterstica revolucionria do metodismo. Das minas de carvo de Kingswood, passaram a pregar ao ar livre em outros lugares, especialmente nos locais mais pobres de Londres. Fitchett fala sobre a situao da Igreja na Inglaterra. A pregao ao ar livre a melhor expresso do gnio essencial do metodismo. Torna audvel aquilo que se pode chamar a sua nota mais imperiosa; tambm torna visvel o seu apaixonado zelo pela salvao dos perdidos, tanto homens como mulheres. Na vida eclesistica daquele tempo havia pouco do esprito militante. E ainda menos havia de qualquer manifestao do elemento mais divino do cristianismo, da piedade que busca os perdidos, buscando-os com compaixo e com solicitude; no se poupando a fadigas, nem se importando com as dificuldades ou as convenes. Todos os termos da grande parbola de Cristo eram naqueles dias tristes como por demais comum invertidos na prpria Igreja de Cristo. Noventa e nove ovelhas estavam extraviadas no deserto e havia uma ovelha bem gorda e bem vestida no aprisco. E ao lado dessa ovelha gorda se achava o pastor, igualmente gordo, que confortavelmente dormia, deixando s noventa e nove no deserto o encargo de procur-lo. A ovelha desgarrada tinha que procurar o pastor e no o pastor ovelha. Mas quando Whitefield e os irmos Wesley, com as portas de mil igrejas trancadas a eles, se postaram perante multido de pecadores imundos em Kingswood, ou diante de uma multido de esfarrapados e viciados de Londres em Moorfield, e proclamaram o Evangelho de Jesus Cristo, ento a f saa de suas trincheiras. A religio sonolenta e comodista daquela poca levantou-se de sua poltrona e se tornou agressiva. Foi nesse princpio da pregao ao ar livre que Wesley tomou a conscincia de que o mundo era sua parquia. Em seu dirio, a 11 de junho de 1739, Wesle y escrevia: Permiti-me agora dizer-vos quais os meus princpios quanto a este assunto. Considero todo o mundo como a minha parquia, quero dizer que, em qualquer parte dele em que eu me achar, julgo conveniente, justo e do meu estrito dever anunciar a todos que me querem ouvir as novas de salvao. esta a obra para a qual eu sei que Deus me chamou, e certo estou que a sua bno est me assistindo nela. O grande avivamento estava em progresso. A cada dia eram acrescentadas ao grupo dos metodistas mais pessoas. A maioria de convertidos novos, aos quais se juntava os fiis da Igreja da Inglaterra, desejosos de uma vida religiosa mais intensa e de participar daquele avivamento e da tarefa de evangelizar. No princpio, aqueles que seguiam Wesley, se reuniam em diversas sociedades, especialmente a de Fetter Lane, em Londres, fundada pelos moravianos. Mais tarde, porque as prticas daquela sociedade no se coadunavam com o pensamento de Wesley, este rompeu com ela. Nessa poca, o grupo j havia comprado uma propriedade em Londres, que era uma antiga fbrica de canhes desativada vinte anos antes em razo de uma exploso. Era a Foundery, fundio. Ali havia sala de cultos, onde cabiam mil e quinhentas pessoas, uma escola, a moradia de Wesley, quartos de hspedes, um estbulo e abrigo para os coches. Tambm havia salas pequenas para as reunies dos bands. A propriedade estava em runas e a reforma custou muito mais do que o prprio valor de aquisio. Foi a primeira propriedade dos metodistas em Londres. Alm das reunies das sociedades, havia cultos pblicos de pregao matutina, bem cedo, antes que as pessoas fossem para seus trabalhos, e tambm noite. O trabalho das sociedades era muito importante. Reuniam-se diversas vezes por semana para estudo e criou uma grande camaradagem entre os seus membros, unindo-os para o desenvolvimento do trabalho. Uma das coisas mais importantes dessas sociedades era o trabalho dos bands, que era mais distintamente metodista do que as sociedades como um
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todo. Os bands eram grupos pequenos, de cinco a dez pessoas, que voluntariamente se reuniam para edificao e apoio espiritual. A confisso e a orao eram a tnica de suas reunies e seu objetivo era o crescimento espiritual. Eram bem homogneos, separados por sexos e idades. Tambm eram agrupadas por estado civil. O objetivo era permitir mais alto grau de abertura e mais franqueza dentro do band. O objetivo principal dos bands era, no desejo de Wesley, encorajar a f, agindo atravs do amor, e que o amor de Deus pudesse ser espalhado abundantemente em seus coraes e vidas. Com essa finalidade, eles se reuniam semanalmente para intenso intercmbio espiritual. A designao de metodista surgiu, de maneira pejorativa, para identificar os jovens que participavam do Clube Santo em Oxford. Depois da experincia religiosa de Wesley, o seu grupo de seguidores passou a ser conhecido pelo mesmo epteto. Na realidade, se esse nome metodista no tivesse se popularizado tanto, talvez o nome mais adequado ao movimento criado por Wesley seria redencionista j que a redeno pela graa uma das maiores tnicas de sua pregao. O movimento se espalhou pela Inglaterra. Novas sociedades foram criadas e acabou havendo, pelo gnio de Wesley, um grande organizador, uma certa conexionalidade entre elas. Propriedades eram adquiridas, havia mudana real nas pessoas em direo da santificao. Poderamos repetir as palavras do livro dos Atos dos Apstolos para historiar o que estava acontecendo naqueles primeiros anos do metodismo, ou seja, exatamente o que acontecia com a igreja primitiva: Enquanto isto, acrescentava -lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos(At 2:47), Crescia a palavra de Deus e... se multiplicava o nmero de discpulos(At 6:7), A igreja... tinha paz, edificando-se e caminhando no temor do Senhor e, no conforto do Esprito Santo, crescia em nmero(At 9:31) e Assim as igrejas eram fortalecidas na f e aumentavam em nmero dia a dia(At 16:5). 2. O metodismo e a educao O Metodismo j nasceu preocupado com a educao, no s nos aspectos religiosos, realmente prioritrios, mas na formao total do ser humano. Na viso de Wesley, o conhecimento era a contrapartida crucial para a piedade vital. Ou, como dizia Carlos Wesley num hino para crianas preparado para a inaugurao da escola de Kingswood, unir os dois separados h tanto tempo, conhecimento e piedade vital. Por isto, as sociedades metodistas, to logo fundadas, procuravam dispor de escolas para ensinar crianas a preparar-se para a vida, mas essa preocupao no se restringiu somente s crianas. Alm de educao bsica para crianas, Wesley cuidou do preparo dos pastores. Em 1747 surgiu o primeiro seminrio teolgico metodista em Newcastle, na Inglaterra. No bastava transmitir conhecimentos ao povo que se achegava ao movimento. Era preciso, na viso de Wesley, preparar tambm os seus pregadores e seus lderes. A recomendao aos seus pregadores era no sentido de que, pelo menos, cinco horas a cada dia fossem reservadas leitura. Sem ler intensamente dizia Wesley ningum pode ser um pregador profundo nem tampouco um completo cristo. Criando salas de leitura, colocando os livros nas mos do povo, o metodismo, como afirma Baez Camargo, foi, em uma palavra, o primeiro grande movimento moderno de educao de adultos e de difuso popular da cultura. Os pregadores metodistas eram instados a pregar em favor da educao. No ano de 1748, no dia 24 de junho foi fundada a Escola de Kingswood, em local prximo s minas de carvo. Essa escola funciona at hoje, tendo comemorado festivamente em 1998 os seus 250 anos de pleno funcionamento, hoje com variados cursos para todas as idades e um centro internacional. Vale pena voltar ao seu incio e verificar e at achar exageradas luz dos princpios educacionais de hoje o rigoroso currculo da escola, naquela poca destinada a crianas, especialmente a filhos dos pregadores metodistas. A lista de matrias inclua leitura, escrita, aritmtica, francs, latim, grego, hebraico, retrica, geografia, cronologia, histria, lgica, tica, fsica, geometria, lgebra e msica. Para facilitar o ensino dos idiomas,
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Joo Wesley preparou gramticas do ingls, do latim, do francs, do grego e do hebraico. O texto dessas gramticas foi preservado e faz parte da Coleo Jackson que rene 14 livros com obras de Joo Wesley. Uma crtica que se pode fazer a Joo Wesley em termos pedaggicos, ele que tinha uma viso to ampla da educao, era de que ele no reservava tempo para recreao. Ele simplesmente justificava isto dizendo que aquele que brinca quando criana brincar quando for adulto. Felizmente, as escolas metodistas espalhadas ao redor do mundo nunca seguiram essa esdrxula regra de Wesley, todas elas dedicando instalaes e correta orientao para as atividades ldicas e para a prtica de esportes. A exceo regra, embora Wesley as indicasse porque era benfico para a sade, eram as prticas de exerccios fsicos, especialmente caminhadas longas e corridas. Voltando escola de Kingswood, de seus alunos se esperava que na ltima srie, as crianas pudessem repetir a Ilada de Homero, que fizessem versos em grego e lessem a bblia hebraica. Joo Wesley estava convencido, como informa Richard Hatzenratter, que qualquer estudante que completasse o currculo de Kingswood seria um estudante melhor do que noventa por cento dos graduados em Oxford e Cambridge. O metodismo americano continuou, e certamente ampliou esse amor educao, criando escolas de inegvel valor, que se transformaram em poderosas universidades metodistas espalhadas por todo o territrio americano, sendo algumas delas lderes em suas reas de formao. O metodismo brasileiro tambm recebeu essa saudvel influncia e, assim, ainda no sculo 19, comeou a plantar escolas, das quais as mais antigas so o Colgio Piracicabano, que acabou gerando a UNIMEP, e o Instituto Granbery, de Juiz de Fora, agora sob a orientao daquela. O sculo 20 marcou, desde o seu incio, a criao e o crescimento das escolas metodistas, em todos os nveis, que se espalham por vrias regies do Brasil, sendo pioneiras em diversos setores e oferecendo sempre ensino de mxima qualidade. A Igreja Metodista tem hoje no Brasil duas universidades, a UNIMEP, sediada em Piracicaba, e a UMESP, em So Bernardo do Campo, e diversas outras escolas, do maternal aos cursos superiores, muitas delas no caminho de se tornarem Centros Universitrios e, posteriormente, universidades, embora exista um plano da criao da Universidade Metodista do Brasil, que reuniria todos os cursos superiores ministrados pelas instituies metodistas. 3. Os sermes de Wesley Eles constituem uma das bases da compreenso metodista da Bblia. Wesley pregou mais de 40.000 vezes. No se trata de 40.000 sermes j que, muitas vezes, ele repetia os sermes por onde passava Grande parte dos seus sermes se perdeu, embora constem anotaes em seu dirio. Os sermes de Wesley tinham sua base sobre a Bblia. por isto que se diz que os metodistas no se caracterizam por nenhuma doutrina exclusiva, j que todas as suas nfases doutrinrias esto solidamente apoiadas na Escritura. Neles, ns podemos perceber como Wesley juntava inspirao ao conhecimento, a certeza da graa salvadora de Jesus eloqncia, o convite para ir e pregar ao seu exemplo, sempre d isposto a trabalhar, a pacincia com o sentido de urgncia, tudo de maneira bblica, persuasiva, amorosa. Por isso que os sermes de Wesley levavam converso, mudana de vida e a um incansvel trabalho de evangelizao. Uma de suas principais frase s , sem dvida, nada a fazer a no ser salvar almas. Um dos segredos de sua pregao foi desvendado por um dos seus convertidos que se transformou num grande pregador leigo, Joo Nelson. Ao mencionar um sermo que Wesley pregou em Moorfield, ele dizia: Ele dirigiu o seu rosto para o lugar onde eu estava de p; pensei que tinha os olhos fixos em mim. Antes de ouvi-lo falar, ele fez
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oscilar o meu corao como o pndulo de um relgio, e quando na realidade falou, pensei que toda a pregao era dirigida a mim. Ao final do sermo, Wesley disse: Quem s tu que agora vs e sentes tua impiedade interna e externa? Tu s o homem! Quero-te para meu Senhor, desafio-te a que te prepares para ser filho de Deus pela f. O Senhor tem necessidade de ti. Tu que sentes que s to s digno de promover sua glria a glria de sua graa gratuita, a que justifica o mpio e aquele a quem tudo indiferente. Oh! Vem ligeiro! Cr no Senhor Jesus e tu, tu mesmo, sers reconciliado com Deus. Quando o sermo terminou, ainda sob o impacto do convite-desafio, Nelson disse dentro de si mesmo: Este homem pde revelar os segredos do meu corao, mas no me deixou ali e mostrou-me o remdio, a saber, o sangue de Cristo. Esta era a tcnica de pregao de Wesley. Damos graas a Deus porque ele inspirou muitos pregadores a grande maioria de leigos a levar pecadores ao arrependimento e a desafi-los a fazer o mesmo. Ao publicar o primeiro volume dos seus sermes, em 1747, Joo Wesley escreveu um prefcio que , na realidade, uma introduo a todos os seus sermes. Logo no princpio, ele diz: todo o homem srio que ler esses sermes ver da maneira mais clara possvel as doutrinas que aceito e ensino, como as essenciais da verdadeira religio. Wesley se prope a expor a verdade clara para o povo simples. Assim, ele dizia que evitara todas as palavras que no fossem do uso comum, evitando usar termos tcnicos que soam aos ouvidos do povo comum como uma lngua desconhecida. Essa preocupao com a comunicao, que significa pr as coisas em comum, uma das caractersticas de todos os ensinos dele. O que Wesley queria conhecer era exatamente o que queria que todos os metodistas conhecessem: uma coisa desejo conhecer, o caminho do cu e como ancorar naquela praia feliz. Ele afirma ter registrado nos sermes o que achou na Bblia acerca do caminho para os cus, visando tambm distinguir o caminho de Deus de todos aqueles que so invenes humanas. Empenhei-me diz ele em descrever a religio verdadeira, bblica, experimental, cuidando para no omitir coisa alguma que realmente lhe faa parte, nem acrescentar nada que no lhe pertena. Assim, necessria a leitura atenta dos sermes de Wesley para que se possa saber o que realmente essencial para um metodista. Como eles tratam dos principais temas da nossa vida religiosa, como a Bblia, os atributos de Deus, especialmente como redentor, a pessoa e a obra de Jesus Cristo, a obra do Esprito Santo, a natureza geral da salvao, a salvao pela graa, a graa salvadora, a justificao pela f, o novo nascimento (regenerao), o processo de santificao, o padro moral, a natureza da Igreja, o ministrio, os sacramentos do Batismo e da Ceia do Senhor, imprescindvel para os metodistas a leitura e o estudo dos sermes doutrinrios de Wesley. Depois de uma leitura atenta, cabe fazer um juzo de valor, identificando as coisas que esto sendo ensinadas em nossa Igreja em desacordo com aqueles padres de doutrina e exigindo o retorno pregao original. Com desconhecimento do que representa ser verdadeiramente metodista, isto , sem ler os sermes de Wesley, nossas queixas sero em vo. 4. Deus comea a sua obra com as crianas A frase acima de autoria de Joo Wesley, que aprendeu a ler na prpria Bblia pelas mos de sua me Susana. Em sua longa vida ele nunca deixou de se preocupar com os coraes e as mentes das crianas. Apesar do exemplo de Jesus e de suas recomendaes, feitas repetidas vezes, a verdade que, durante quase 1.800 anos, as crianas no tiveram lugar nem vez na vida da Igreja. Como tambm no tiveram na prpria sociedade. Ao
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Movimento Metodista e a Joo Wesley certamente o cristianismo deve hoje o interesse pelas crianas. O surgimento da Escola Dominical no seio do Movimento Metodista, um dos primeiros espaos conquistados pelas crianas numa igreja crist, se deveu sem dvida quelas preocupaes de Wesley. J em Savannah, na Gergia, onde servia como missionrio, Wesley se reunia com crianas para ensin-las no caminho da Bblia. Alguns chegam at a achar que ali que foi inventada, por Wesley, a Escola Dominical. Em toda a sua vida, Wesley nunca se descuidou do trabalho com as crianas. O seu Dirio tem muitas citaes de encontros pastorais com as crianas. Nos seus sermes, ele no se cansava de falar sobre o assunto. H alguns bem especficos, que ainda no foram traduzidos, como A Religio Familiar (n 94), A Educao das Crianas(n 95) e Obedincia aos pais(n 96). No primeiro dos sermes citados, Wesley diz o seguinte: Vocs deve m particularmente esforar-se para instruir seus filhos bem cedo, de maneira simples, freqente e pacientemente. Eu chamo esses conceitos prticos de Leis de Wesley para o ensino de crianas. O cedo para Wesley era a primeira hora em que os pais percebessem que a razo comeava a alvorecer em seus filhos. E ele dizia que isto acontecia mais cedo do que se poderia supor, fato que a cincia s comprovou mais de dois sculos depois. Uma das dicas de Wesley era: quando uma criana comea a falar, voc p ode estar certo de que sua razo comea a trabalhar. Outra recomendao dele a simplicidade, que fundamental em educao. Use somente as palavras que uma criana pode entender. Se voc quer ver o fruto do seu labor, voc tem que ensin -las no s cedo e de maneira simples as freqentemente tambm. Ser de pequeno ou nenhum valor se voc o faz apenas uma ou duas vezes por semana. Com que freqncia voc alimenta seus corpos? No menos do que trs vezes ao dia. A alma de menor valor do que o corp o? Por ltimo, Wesley enfatiza a pacincia e a perseverana na atividade de ensinar as crianas: nunca pare, nunca interrompa seu labor de amor at que voc veja os frutos dele. Como pastor de pastores, Wesley no se cansava de recomendar diligncia no trabalho com as crianas. Ele os exortava para reuni-las em bands (classes) pelo menos duas vezes por semana. Quando algum pregador se desculpava dizendo que no tinha esse dom, a resposta de Wesley era clara e incisiva: Com dom ou sem ele, voc deve fa zer isso; do contrrio, voc no foi chamado para ser um pregador metodista. Nos exames de admisso para novos pregadores, os roteiros (minutes), preparados por ele em 1766, incluam uma pergunta especfica, na realidade uma determinao de Wesley: voc instruir diligente e cuidadosamente as crianas e as visitar de casa em casa? Infelizmente, as estatsticas mostram que, em nossa Igreja, os segmentos etrios no tm a mesma representatividade da populao brasileira. Somos uma igreja com mais adultos e idosos e menos crianas, adolescentes e jovens. Se no mudarmos esse estado de coisas, fcil prever que o futuro no ser bom. Muitos em nossa igreja talvez prefiram trabalhar mais pelas converses traumticas de adultos do que investir no antigo e eficiente processo de iluminao, ou seja, o do educa a criana no caminho que deve andar. Quando os pastores e os lderes leigos das igrejas se interessam mais pela Escola Dominical e pelo trabalho com as crianas, os frutos aparecem a cento por um, que a medida bblica para o crescimento. Podemos afirmar que nenhum pastor metodista j falou para crianas na proporo de Joo Wesley. No seu Dirio (20.4.1788), ele menciona ter falado em Bolton s trs da tarde para um pblico de 900 a 1000 criana s. Diz ele: Eu nunca tinha visto nada igual. Que belos hinos cantavam juntos,
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nenhuma delas fora do tom. A melodia soava melhor do que se pode ouvir num teatro. O melhor de tudo que elas realmente crem em Deus e a maioria conhece a verdadeira salvao. Elas so modelo para toda a cidade. Em grupos de, 8 ou at 10 crianas juntas, elas visitam os pobres e os doentes para encorajar, confortar e orar por eles. Foi mencionando aquela escola dominical que, em carta a Alexandre Suter, Wesley afirmou: eu a mo muito a Escola Dominical. Ela tem distribudo o bem em abundncia. A Escola Dominical de Newcastle, fundada por Charles Artmore, tinha mais de 1.000 crianas matriculadas e 70 professores. No dia 8 de junho de 1789, uma tera-feira, noite, Wesley j com 86 anos, falou para 600 ou 700 crianas dessa escola. Dias antes ele havia falado para as crianas de Wigan e ele revela que as ruas ficaram vazias de crianas, que estiveram reunidas durante todo o dia na igreja. Para terminar este captulo, cabe uma pergunta. O que aconteceria nossa Igreja se pudssemos ter um nmero to grande de crianas em nossas escolas dominicais? Se os precursores do Metodismo, com todas as dificuldades do sculo XVIII conseguiram, por que no podemos fazer o mesmo? Claro que podemos! Se temos os dons e os meios, por que no utiliz-los nesse trabalho? Se no os temos, por que no pedir a Deus para obt-los? Se Deus, como dizia Wesley, comea a sua obra com as crianas, ns vamos comear com quem? 5. O Metodismo e a Escola Dominical A Escola Dominical, a mais importante agncia de aprendizado bblico e de evangelizao da igreja, uma inveno metodista. Wesley, quando estava em sua misso na Gergia, j havia comeado um trabalho especial de ensino bblico para crianas. Mas a glria da criao da Escola Dominical cabe a uma mulher chamada Hanna Ball. Ela aceitou a Cristo atravs de um sermo de Joo Wesley no dia 8 de janeiro de 1765, quando tinha 22 anos. O sermo foi sobre Mateus 15:28: Disse Jesus: mulher, grande a tua f. Faa-se contigo como queres. A partir daquele dia ela se tornou uma grande batalhadora da f. No ano de 1769 ela criou a primeira escola dominical. O testemunho de Wesley ao trabalho de Hanna eloqente. Em muitas de suas cartas ele valoriza o trabalho por ela desenvolvido. Onze anos mais tarde, em Gloucester, um jornalista metodista, Robert Raikes, criou a primeira escola dominical para os meninos de rua, ensinando-lhes, alm da Bblia, aritmtica e ingls. S como curiosidade, a introduo da escola dominical no Brasil tambm se deve Igreja Metodista. A primeira escola dominical em nossa terra foi fundada pelo Rev. Justin Spaulding em junho de 1836. Tambm pioneirismo metodista a publicao de revistas para a escola dominical. O Rev. Ransom, o fundador do Expositor Cristo, editou, na nona dcada do sculo XIX as revistas A nossa gente pequena, para crianas, e A Escola Dominical, para adultos. Essa maravilhosa instituio fator importante na ministrao de conhecimentos bblicos e orientao para o bom exerccio da f crist. Por isso, dever de todo o bom metodista participar de suas atividades. 6. A religio social O metodismo uma religio social. Para Wesley, o Evangelho de Cristo no conhece outra religio que a social nem outra santidade que a social. Este mandamento temos de Cristo, que o que ama a Deus, tambm ame a seu irmo. Para o cristo, havia dois caminhos que se completavam, os atos de piedade e os de misericrdia. Por aqueles, o cristo expressa sua vida religiosa e participa dos meios de graa, especialmente a orao, a leitura da Bblia e a participao na Ceia do Senhor. Pelos atos de misericrdia, o cristo expressa o seu amor ao prximo, justia e a uma vida digna.
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Por isto, o Movimento Metodista est presente em todas as grandes conquistas sociais em todo o mundo. Foi o grande responsvel pela abolio da escravatura negra, na Inglaterra e em suas colnias, mesmo combatendo interesses econmicos mais fortes do que aqueles que lastreavam, um sculo depois, a escravido no Brasil. O Metodismo lutou tambm contra a escravidoindustrial. No incio da chamada Revoluo Industrial, os metodistas, Wesley frente, lutaram contra a explorao de mulheres e crianas, lutavam pela humanizao das oficinas e fbricas, defendiam a reduo da jornada de trabalho, que era de doze horas, e reivindicavam aumento de salrios para os trabalhadores. O sindicalismo ingls, o pioneiro no mundo, nasceu na Igreja Metodista. Dos seis primeiros mrtires do sindicalismo ingls, no princpio do sculo 19, trs eram pregadores metodistas, dois eram membros da Igreja Metodista e o ltimo, pelo testemunho dos primeiros, tambm se tornou um metodista. Chegada ao Brasil no meio do sculo 19, a Igreja Metodista tem aqui as mesmas preocupaes sociais. O Povo Chamado Metodista est convicto de que o Reino de Deus somente ser implantado na terra quando todos os seres humanos, sem distino de nenhuma espcie, puderem igualmente aproveitar as bnos da vida em sua plenitude. 7. O trabalho dos leigos No princpio, s os pastores ordenados que participavam das atividades da pregao. O problema que o nmero de sociedades e de fiis crescia mais do que o de pastores ordenados pela Igreja da Inglaterra. Como o Movimento Metodista no era uma igreja legalmente constituda, s eram utilizados os pastores daquela igreja que tivessem aderido a ele. No eram muitos. Alm de sua me Susanna, que ensinava e pregava, apareceu logo no incio, um jovem que pregava muito bem. Seu nome era Thomas Maxfield, pedreiro de profisso. Wesley havia feito uma longa viagem. Quando soube que havia um homem sem ordenao eclesistica pregando na Fundio, ele mudou seus planos e, de Bristol, voltou incontinente para Londres para pr fim a tal desordem. Quem evitou o atrito foi Susanna, me de Wesley, que lhe deu um sbio conselho: Tem cuidado, Joo, com o que vai fazer daquele jovem, pois ele certamente to chamado para pregar como tu. Examina quais os frutos de sua pregao e, ento, ouve-o tu mesmo. Aceitando o conselho, ouviu Maxfield e afirmou: do Senhor, faa Ele como lhe aprouver A partir da, os leigos foram admitidos nas sociedades como pregadores. Cinco anos depois, ou seja, em 1744, j eram mais de quarenta os pregadores leigos que ajudavam Wesley em seu trabalho. Enquanto ele e Carlos viajavam de um lado para outro da Inglaterra, os pregadores leigos cuidavam das sociedades e pregavam a Palavra. Abramos parnteses para uma curiosidade. Maxfield acabou no ficando no Movimento Metodista. Talvez empolgado com o prprio sucesso, acabou criando formas diferentes de adorao e pregao, deixou o Movimento anos mais tarde, se bem que Wesley nunca tenha deixado de ser seu amigo. Com o bom trabalho dos leigos, que abriam novas frentes de trabalho e fizeram o movimento crescer muito, Wesley no fazia nenhuma distino entre a pregao e outros servios dos leigos e dos clrigos. Wesley afirmava: Dai-me cem pregadores que nada temam seno o pecado, e nada desejem seno a Deus, e no me importaria se fossem clrigos ou leigos. Com eles eu sacudiria as portas do inferno e estabeleceria o Reino de Deus na terra. Mais tarde, satisfeito com o trabalho dos leigos, diria numa carta: Clrigos que destroem as almas me pem em mais dificuldade dos que os leigos que as salvam. Foi um leigo, Thomas Williams, quem abriu o trabalho em Dublin, na Irlanda. Mais tarde, os pregadores leigos irlandeses Robert Strawbridge e Philip Embury abriram o trabalho metodista na Amrica, o primeiro em Maryland e o segundo em Nova York. E o primeiro bispo da Igreja Metodista americana, organizada depois da independncia dos Estados Unidos foi
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Francis Asbury, um missionrio leigo que aceitou o desafio de Joo Wesley para ser missionrio. importante dizer que o papel das mulheres na histria do metodismo tem sido um fator muito importante. Wesley confiava muito nelas e algumas se destacaram muito, como a citada Hanna Ball, Mary Bousanquet, esposa de John Fletcher, Ann Bolton, Hester Ann Roe, Elisabeth Ritchie e muitas outras. Era to grande a preocupao pastoral de Wesley que a maioria das cartas que ele escreveu foi dirigida a mulheres. O escritor H. B. Workman, citado por Barbieri em seu clssico livro Uma estranha estirpe de audazes, diz que contrariamente ao que sucederi a com a Igreja Anglicana, o Metodismo, mesmo privado do seu ministrio, poderia assim sobreviver, mas privado de seus obreiros leigos, certamente morreria. No apenas seu bem-estar, mas sua prpria existncia depende do servio deles. E o prprio Bispo Barbieri enfatiza que na verdade no podemos entender o movimento metodista sem levar em considerao a obra efetiva de tantos que trabalharam em posies secundrias e sem ordenao eclesistica de qualquer espcie, mas que receberam, sem dar margem dvida, a ordenao invisvel do Esprito Santo. Porque levar a cabo a obra de Cristo no depende de ordenao humana e sim de uma paixo profunda por Cristo e seu Evangelho. Outro notvel cristo, o bispo Ensley, autor do livro Joo Wesley o Evangelista, diz que grande parte do gnio do Metodismo devida maneira como Wesley abriu a boca dos leigos e lhes deu grandes responsabilidades. Por ser oportuno, vale pena lembrar que a Igreja Metodista no Brasil, atravs dos seus documentos oficiais e, principalmente, pela prtica dos Dons e Ministrios, estabelecida pelo Conclio Geral de 1987, no faz distino entre leigos e clrigos, entre membros da igreja e pastores e tambm entre homens e mulheres. Temos hoje no episcopado brasileiro, eleita no Conclio Geral de 2001, uma mulher. Se alguma distino ainda persiste, no legal, ferindo o esprito de nossa Igreja. Alis, bom relembrar o significado da palavra leigo, que no o mesmo que se usa para adjetivar algum que no entende determinado assunto. Na realidade, a palavra leigo origina-se de LAS, do grego, que significa povo, no nosso caso, povo de Deus. Assim, em nossa Igreja, apesar da diversidade de dons (carismas) e de ministrios (servios), no h distino entre leigos e clrigos e no h nunca superioridade de uns sobre os outros. IV. O Metodismo nos Estados Unidos da Amrica.
A primeira "Sociedade" metodista surgiu em Londres em fins de 1739; vinte anos depois j se implantava no Novo Mundo. Pois em 1760, Natanael Gilbert, convertido por Joo Wesley na Inglaterra, ao voltar para Antigua, no Caribe, comeou a compartilhar as boas-novas com a populao escrava. O mesmo impulso de misso espontnea fez o Metodismo em Virgnia e Maryland, construiu rudes capelas de pau rolio, itinerou diversas das "Trs Colnias", e at despertou vocaes entre jovens norte-americanos! Pouco depois, numa outra famlia de metodistas imigrantes da Irlanda, a Sra. Barbara Heck estaria pressionando seu primo e pregador metodista, Filipe Embury, a iniciar uma misso de proclamao em New York. Bem mais para o norte, encontrava-se um jovem imigrante, Guilherme Black, engajado na pregao leiga na Terra Nova, hoje parte do Canad. Sim, a concluso quase irresistvel de que uma das qualidades do Metodismo nos primrdios era o seu impulso missionrio, o qual o levaria de modo prprio a muitas partes do mundo e, com tempo, faria do Metodismo um movimento verdadeiramente mundial. S alguns anos depois dos comeos mencionados que, a pedido dos metodistas arrebanhados do Novo Mundo, Joo Wesley e os metodistas ingleses enviaram obreiros a guisa de missionrios. 1. O metodismo norte-americano se transforma em igreja: a Igreja Episcopal
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Joo Wesley destacou alguns dos seus melhores pregadores como missionrios na Amrica. Embora tenha ele os mandado para todos os locais mencionados acima, vamos ficar agora s com o territrio que passaria a ser os Estados Unidos. Quando Wesley comeou a enviar obreiros para as colnias inglesas na Amrica, j estava bem adiantado o movimento de independncia e, a partir de 1775, o movimento j tomava a foram de uma Guerra de Independncia. Nos oito anos de guerra, todos os missionrios que Wesley havia enviado voltaram menos um, Francis Asbury. Asbury, que nunca mais voltou para sua Inglaterra nativa, tornou-se um dos principais lderes surgido durante os anos do conflito. Um fato curioso que Joo Wesley, um ingls, no apoiara o movimento de independncia, o que gerava suspeitas que os metodistas das colnias tambm no apoiavam-no, o que no era verdade. Apesar desta dificuldade e desassossego causado pela guerra, o nmero de metodistas aumentava rapidamente. Ao fim da guerra, j contavam com uns 15.000 e mais de 80 pregadores. O prprio Wesley, que no aprovara a revoluo, agora deu pleno apoio na nova situao; na realidade, ele preparou uma liturgia (baseado no Livro de Orao Comum, o qual ele considerava a melhor liturgia do mundo) e ainda um livro cannico (a Disciplina) e ordenou dois pregadores como presbteros e o Dr. Toms Coke como "superintendente" para os Metodistas na Amrica. Isto , tomou os passos para que os Metodistas na Amrica se tornassem Igreja. Ele tomou outro passo nessa direo, chegando a nomear tambm Francis Asbury como superintendente (ou seja, Bispo). Asbury, porm, reconheceu o esprito da independncia dos metodistas na Amrica; da ele s aceitou a liderana mediante eleio pelos pregadores, e no nomeao por Wesley, distante h tantos mil quilmetros! Sim, por volta de Natal, 1784, os pregadores se reuniram e, sob a direo de Coke, fundaram a Igreja Metodista Episcopal (antes o metodismo era movimento, no Igreja); elegeram Asbury, ainda leigo, Dicono, Presbtero e Superintendente em trs dias sucessivos; e, dos seus parcos recursos humanos e financeiros, estabeleceram uma faculdade, Cokesbury College (aproveitando os nomes de Coke e Asbury, os dois "superintendentes" ou bispos) e mandaram missionrios para Antiga e Terra Nova, apesar do fato de s existirem pouco mais de 80 pregadores metodistas no pas. Assim nasceu a Igreja Metodista Episcopal, a menor denominao no continente norte-americano; meio sculo depois era destinada a ser a maior. Algumas das razes para isto se seguem: 2. A Igreja Metodista Episcopal descobre a "Fronteira" Devemos lembrar que os Estados Unidos, em 1784, era, na realidade, uma pequena faixa de terra desde Gergia at Canad no Norte, ao longo da costa do Atlntico. Mas a populao branca estava emigrando para o Oeste em busca de novas terras. O Oeste sempre se afastava mais e mais, pois a expanso territorial do pas foi espantosa. Por compra, conquista militar e compra e diplomacia, os Estados Unidos passaram a ser um pas de dimenses continentais em apenas 70 anos! Certos fatores fizeram com que os metodistas pudessem acompanhar a marcha para o Oeste, ou seja, a fronteira, mais eficientemente que qualquer outro grupo. Uma destas razes, sem dvida, o seu vigor espiritual e um outro a sua auto-imagem. J em 1784, os 80 e poucos pregadores metodistas reunidos na Capela de Lovely Lane em Baltimore haviam concludo que Deus os colocou na Amrica para "reformar o continente e espalhar a santidade Bblica por toda a parte". Sim, estavam imbudos de um profundo senso de misso, que os impulsionava. Tambm o tipo do ministrio metodista era admiravelmente adaptado fronteira. O pregador metodista era chamado de circuito rider, ou seja, "cavaleiro de circuito", sendo que seu circuito (parquia) poderia Ter 30, 50 ou mais lugares regulares de pregao. Assim, um pregador ordenado, auxiliado por muitos leigos e leigas, atendia a uma grande rea na fronteira, esparsamente povoada. E, finalmente, os metodistas aprenderam dos presbiterianos um tipo de evangelizao muito apropriado fronteira, a camp meeting (reunio de
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acampamento), na qual famlias vinham de considerveis distncias, de carroas, e acampavam durante uma semana ou mais, assistiam pregao pelo menos trs vezes por dia e em que se realizavam converses em grande nmero. Havia, muitas vezes, manifestaes emocionais; estas espantaram os presbiterianos, mas Bispo Asbury via nos acampamentos "o tempo de safra" dos metodistas V. O Metodismo no Brasil. O Movimento Metodista, iniciado na Inglaterra por volta de 1739 pelos irmos Joo e Carlos Wesley, estenderam-se em breve tempo a outros lugares e pases, de sorte que assim, em 1760, passou s colnias britnicas na Amrica do Norte, e tempos depois ao Brasil. Todavia, durante vrios sculos, a terra descoberta por Cabral esteve proibida de receber influncias do Protestantismo, por qualquer meio que fosse, assim como do Judasmo ou do Islamismo. A Coroa Portuguesa, tradicionalmente Catlica e ligada Ordem de Cristo, sob cujos estandartes se efetuou o grande achado, sentiu-se na obrigao de preserv-lo de ideologias consideradas perniciosas s suas crenas e aos seus interesses religiosos, polticos e econmicos. Motivo, tambm, por que, durante a maior parte da colonizao, no se permitiu a vinda para c de judeus nascidos na Metrpole, salvo quando obtivessem licena excepcional e por curta estada, o que, apesar de tudo, jamais lhes embargou o ingresso em nosso Pas, considerado por eles no incio do sculo XVII a melhor terra para se viver e prosperar. Mas, no caso dos estrangeiros, o arrocho foi incomparavelmente mais rigoroso. As embarcaes eram examinadas em ambos os lados do Atlntico portugus, e se algum adventcio fosse encontrado no solo brasileiro, as autoridades tratavam logo de expuls-lo. A medida prevaleceu at a bem pouco. Por exemplo, o grande cientista alemo, Alexandre Von Humboldt, quando percorreu em estudos certas naes da Amrica do Sul, sofreu o vexatrio impedimento, receando-se viesse a contagiar o povo com as suas supostas idias nefastas. Com sobejas razes haveria o mesmo, de dizer que o Brasil era um jardim amuralhado, e a confirm-lo repetiria o padre Luiz Gonalves dos Santos, em 1838, no livro O Catlico e o Metodista, que o redil catlico estava cerrado de maneira a impossibilitar o acesso a qualquer lobo, referindose aos primeiros missionrios wesleyanos, aqui chegados, isto , aos metodistas. De fato, a vigilncia eclesistica persistiu sem esmorecimentos. Simples sacerdotes, vigrios e bispos, todos velaram a favor da religio tradicional, criada e adotada pelos colonos desde o ventre materno, semelhana do sangue que se transmite por hereditariedade. Mas, no apenas, isso. Leve-se em conta a atuao do Santo Ofcio no decurso de trs sculos pelo menos, ora numa Capitania ora noutra, e s vezes at em mais de uma ao mesmo tempo. Havia Comissrios nos grandes logradouros, incumbidos de receber denncias, prender os acusados e remet-los Inquisio sediada em Lisboa. No escapavam os sertes do Brasil, pois em meados do Setecentismo foram os metodistas apanhados nas vilas incipientes de Mato-Grosso e de Gois, como tambm, na Colnia do Sacramento, s margens do Rio da Prata. Acrescente-se, ademais, que o referido Tribunal costumava designar certos membros do seu prprio corpo para uma visitao especialssima, e, portanto, com alada superior conferida aqueles agentes. Competia-lhes ouvir em audincias sigilosas tudo quanto se referisse aos costumes, moral e ortodoxia da Igreja, mandando em seguida encarcerar os rus e despach-los para a Metrpole, devidamente processados. Assim igualmente agiam no sentido de expurgar o pas da literatura estranha s normas estabelecidas pelo Conclio de Trento (1545 1563). Foi o que se deu com a Bblia, cujo ingresso efetuou-se, por vezes, clandestinamente. O protestantismo, em tais circunstncias, nunca poderia firmar os ps no seio das populaes. No o conseguiu na Guanabara quando ali chegaram os huguenotes, companheiros de Villegaignon; nem em So Vicente com Jean de Bols, nem ainda com os calvinistas holandeses no Nordeste brasileiro. 1. Os Primeiros Passos
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Como sucede geralmente, as grandes causas s triunfam devagar e a peso de esforos incansveis. O Evangelho de Cristo nunca penetrou em vilas ou cidades sob roupagens festivas, e sim tomando a cruz do sacrifcio. E no Brasil, isto aconteceu de Norte a Sul, mas, sobretudo nos longnquos rinces dominados pela ignorncia e pela superstio. Historicamente falando, os primeiros passos, tambm, foram lentos, trpegos e vacilantes. As evidncias a esto a confirm-los. Em 1810, os sditos ingleses realizaram os ofcios divinos na residncia do ministro plenipotencirio britnico, Lord Strangford. Em 1816, negociantes estrangeiros e capites de navios receberam exemplares da Bblia e do Novo Testamento em portugus para distribuio nossa gente. Em 1818, chegaram imigrantes suos, e alemes a seguir. Em agosto de 1819, os anglicanos inauguraram o seu templo Rua dos Barbonos, o qual, alis, foi o primeiro em toda a Amrica do Sul. Por sua vez, os luteranos, que h tempos vinham se reunindo em congregaes esparsas, inauguraram o culto em uma sala alugada, no ano de 1827, e o templo em 1845. Concomitantemente, o esprito liberal no pas se acentuava mais e mais no seio das classes pensantes. Homens do porte do senador Vergueiro e do Padre Feij esforaram-se por atenuar o rigor das leis, introduzindo mudanas nas mesmas. Assim, aquele, em 1829, e este em 1833, pugnaram a favor do casamento civil. Feij chegou at a encaminhar um projeto com vistas ao casamento dos sacerdotes. Na verdade, havia outros clrigos de tendncias liberais graas ao influxo de idias jansenistas colhidas em Coimbra, onde estiveram a estudos. Deve-se levar em considerao, outrossim, o papel desempenhado pela imprensa dessa poca em diante. A literatura francesa desfrutava aqui de boa aceitao, e com isso trazia influncias multivariadas. Todavia, os jornais que se publicavam entre ns tiveram vida curta sempre que esposavam idias liberais, ao contrrio dos conservadores. A situao, porm, se alterou na segunda metade do sculo, medida que se desenvolviam o abolicionismo e o republicanismo. Merece destaque entre eles, o Dirio de Pernambuco, o Correio Paulistano, a Repblica (Rio de Janeiro), a Gazeta de Notcias, a Provncia de So Paulo, e outros. 2. O Metodismo no Brasil Era essa, em resumo, a situao do Brasil, quando os metodistas dos Estados Unidos da Amrica decidiram iniciar trabalho na terra do Cruzeiro do Sul. O dia 19 de agosto muito importante na histria do Metodismo no Brasil. Ele marca a chegada ao Brasil, no ano de 1835, do Rev. Fountain E. Pitts, um jovem ministro metodista de 27 anos, em misso oficial de investigao das condies aqui existentes para o estabelecimento de trabalho missionrio. Aps cinco anos de profcuo labor, precisou regressar Ptria, em 1841. Houve, ento, um lapso no evangelismo protestante at 1855, quando o mdico escocs Dr. Robert Kalley deu incio obra Congregacional; em 1859 o Rev. A. G. Simonton fazia o mesmo, representando a Misso Presbiteriana. Os metodistas, ausentes do Brasil durante cinco lustros (1841 a 1867), s puderam volver a ateno para c, novamente, ao trmino da Guerra Civil em seu Pas, ou seja, no governo de nosso Imperador D. Pedro II. Com a chegada do Rev. Junius E. Newman e, a seguir, de uma pliade de consagrados missionrios, pde a denominao wesleyana recomear a marcha a que se propusera. Deus lhes estava reservando uma tarefa gigantesca na majestosa Terra de Santa Cruz. 3. Os primrdios da obra missionria Junius Estaham Newman, pastor metodista e Superintendente Distrital foi o pioneiro da obra metodista permanente no Brasil, fundando a primeira parquia metodista. "J. E. Newman, recomendado para a Junta de Misses para trabalhar na Amrica Central ou Brasil" foi a nomeao que ele recebeu em 1866, na Conferncia Anual. Aps ter servido durante a Guerra Civil, EUA, como capelo s tropas do Sul, observou que muitos metodistas do Sul emigraram para as Amricas do Sul e Central e acompanhou-os.
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A Guerra deixou endividada a Junta, sem possibilidade de enviar obreiros para qualquer local. Newman financiou sua prpria vinda ao Brasil, com suas modestas economias. Chegou ao Rio de Janeiro em agosto de 1867, mas fixou residncia em Saltinho, cidade prxima a Santa Brbara do Oeste, provncia de So Paulo. Desde 1869 pregou aos colonos, mas, dois anos mais tarde, no terceiro domingo de agosto, organizou o "Circuito de Santa Brbara". O primeiro salo de culto - antes era uma venda - foi em uma casa pequena, coberta de sap e de cho batido. Newman trabalhava com os colonos norte-americanos e pregava em ingls. Um dos motivos da demora de Newman em organizar uma parquia metodista, que ele pregava, principalmente para metodistas, batistas, presbiterianos e a todos que desejassem ouvir sua mensagem, pensando ser mais sbio unir os "ouvintes" em uma nica igreja, sem placa denominacional. Mas depois todas as denominaes organizaram-se em igrejas, de acordo com sua origem eclesistica nos EUA. Newman insistiu, atravs de suas cartas, para que os metodistas norte-americanos abrissem uma misso em nosso pas. Em 1876, a Junta de Misses da Igreja Metodista Episcopal Sul, despertada atravs da publicao das cartas nos jornais metodistas nos EUA, enviou seu primeiro obreiro oficial: John James Ranson. Dedicou-se ao aprendizado do portugus para proclamar a boa-nova aos brasileiros. A partir de 1879 seria o Superintendente. J. E. Newman e sua famlia mudaram-se para Piracicaba, SP, onde permaneceram por, aproximadamente, um ano, entre 1879-1880, quando as filhas de Newman, Annie e Mary, organizaram um internato e externato. O "Colgio Newman" considerado precursor do Colgio Piracicabano, hoje UNIMEP (Universidade Metodista de Piracicaba). 4. Os dez primeiros anos de trabalho com os brasileiros O perodo de 1876 a 1886 geralmente denominado de "Misso Ransom", visto que ele organizou toda a estrutura. Ele no teve pressa para estabelecer o campo de trabalho: Piracicaba ele descartou; fez um reconhecimento do Rio Grande do Sul, mas escolheu o Rio de Janeiro como centro estratgico para propagar o metodismo. J. J. Ransom iniciou sua pregao mais tarde, a fim de dominar o portugus. Em janeiro de 1878 iniciou sua pregao em ingls e portugus, no Rio de Janeiro. Os primeiros brasileiros foram recebidos comunho da Igreja em maro de 1879, sem serem rebatizados. No ms de julho seguinte, quatro pessoas da famlia Pacheco foram recebidas. Ransom casou-se com Annie Newman, no Natal de 1879, mas ela faleceu em meados do ano seguinte. Ele foi aos Estados Unidos em busca de mais pessoas dispostas a contribuir na tarefa missionria no Brasil. Voltou, dois anos depois, com James L. Kennedy, Marta Watts e o casal Koger. Todos contriburam na expanso geogrfica da Misso e tambm para a educao. A educadora Marta Watts veio como missionria com a tarefa de educar crianas e moas brasileiras. O Colgio Piracicabano, primeiro educandrio metodista no Brasil, foi fundado em 13 de setembro de 1881, com a matrcula de apenas uma aluna, Maria Escobar. Fatores como a capacidade e dedicao da diretora e o novo mtodo do Colgio chamaram novas alunas, a partir do ano seguinte. O educandrio foi a semente para a UNIMEP (Universidade Metodista de Piracicaba), criada em 1975. Os primrdios da obra missionria O Frances S. Koger, ou simplesmente Fannie, fundou uma escola para crianas pobres em Piracicaba, demonstrando assim, o interesse pela educao de crianas pobres, um fato que no to conhecido. Alm dos missionrios fundadores das principais igrejas - Rio, Ransom, 1879; Piracicaba, Koger, 1881; So Paulo, Koger, 1884 e Juiz de Fora, Kennedy, 1884 - destacam-se, por exemplo, trs obreiros leigos que precederam Kennedy, na preparao do trabalho em Juiz de Fora, MG e outros primeiros obreiros leigos. Bernardo de Miranda, Ludgero de Miranda, Felipe Relave de Carvalho e Justiniano de Carvalho receberam nomeao episcopal em 1886. Na Conferncia Anual de 1887, com exceo de Ludgero, todos foram admitidos Conferncia, em experincia. Mas na Conferncia Anual de 1890, o bispo J. C. Granbery admitiu os quatro obreiros, ordenando-os
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diconos. Algum tempo depois, leigas foram chamadas de "Mulheres da Bblia", ocupando-se com visitaes e leitura da Bblia com outras mulheres. Em 1 de janeiro de 1886 foi publicada a primeira edio do Metodista Catlico, atual Expositor Cristo. 5. Conferncia Anual Em setembro de 1886 foi realizada a Conferncia Anual (que hoje equivale a um Conclio), na capela da Igreja Metodista no Catete, em 16 de setembro de 1886, abrangendo duas coisas diferentes: rea geogrfica e assemblia metodista anual. O territrio metodista no Brasil possua quatro centros principais: Catete (Rio de Janeiro), com duas congregaes: estrangeira(com pregao em ingls) e brasileira, totalizando 63 membros. Um novo templo foi inaugurado em 5 de setembro de 1886, s vsperas da Conferncia Anual. So Paulo tinha apenas 13 membros arrolados, mas sem propriedades. Juiz de Fora e Piracicaba possuam templos modestos, com 31 e 70 membros, respectivamente. Nos quatro centros principais e em outros menores contavam-se 214 membros arrolados e seis pregadores locais. A Conferncia Anual formulava a estratgia da regio; os itinerantes (pregadores), que eram avaliados com relao ao seu trabalho e seu carter e recebiam nomeao do Bispo. Um motivo primordial tornava essencial a organizao de uma Conferncia Anual: reconhecer, com urgncia, o metodismo brasileiro como pessoa jurdica, uma nfase da 2 Conferncia Anual Missionria, em julho de 1886. O governo imperial no reconheceu a Junta de Misses como pessoa jurdica. Somente na Repblica que a Conferncia Anual foi reconhecida como pessoa jurdica, para o desapontamento da liderana da Igreja, naquela poca. A necessidade de organizar uma Conferncia foi reconhecida pela Conferncia Geral da Igreja Metodista Episcopal Sul, que deu autorizao para o primeiro Bispo visitar a Misso, para constituir a Conferncia. Em virtude dos poucos membros com que a Conferncia contaria, o bispo Granbery quase desistiu de realiz-la, devido ao fato que os obreiros nacionais ainda no eram itinerantes; Newman foi rebaixado para pregador local na Conferncia dos EUA; Koger havia morrido, em janeiro de 1886 e Ransom foi "devolvido" em agosto daquele ano. Apenas o chamado "Trio de Ouro" participou do evento: Kennedy (evangelista, construtor de igrejas e o historiador do metodismo brasileiro, com o livro Cincoenta Annos de Methodismo no Brasil); Tarboux (pregador e pastor das principais Igrejas Metodistas e primeiro bispo da Igreja Metodista do Brasil, eleito em 1930 e Tucker (agente da Sociedade Bblica Americana e fundador do Instituto Central do Povo). O Bispo convocou os trs membros para a organizao da Conferncia Anual, muito simples e breve, mas um dos momentos decisivos do metodismo brasileiro. Texto elaborado por Flvia Fornazari Toledo, fonte: "Momentos decisivos do Metodismo", Duncan A. Reily. 6. Consolidao e Autonomia da Igreja Metodista no Brasil Em 1930, Brasil e Mxico tornaram-se as primeiras igrejas metodistas autnomas. Os metodistas foram os primeiros a iniciar o trabalho missionrio no Brasil (1836 - Justin Spaulding e o Rev. Daniei P. Kidder e famlias), mas tiveram de abandonar a misso em 1841, devido a vrios fatores: Falecimento da esposa do Rev. Kidder, que ficou sozinho com duas crianas. Problemas pessoais dos missionrios. Dificuldade muito grande de aceitao da mensagem do Evangelho pelos brasileiros. Dificuldade financeira dos Estados Unidos em manter o trabalho missionrio. Neste tempo, o Brasil passa a produzir menos cana-de-acar e tabaco (fumo) e comea a produzir muito caf. A mo-de-obra escrava j no era to importante e havia necessidade de mo-de-obra mais especializada. A Inglaterra pressionava para que se acabasse com a
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escravido. Em 1850, saiu uma lei no Brasil que proibia a importao de mo-de-obra escrava. Uma forma de resolver esse problema era abrir o pas para que os colonos de outros pases viessem para c. Assim, chegaram aqui muitos italianos que trabalharam em fazendas de caf.
7. O crescimento da Igreja no Brasil No Sul e Sudeste A Igreja Metodista foi crescendo no Rio Grande do Sul, em So Paulo, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. No Norte e Nordeste No Norte do Brasil, o Rev. Justus Henry Nelson trabalhou por muitos anos fundando igrejas no Amazonas e no Par. No nosso hinrio evanglico, temos muitos hinos do Rev. Justus H. Nelson (veja os hinos 82, 121, 130, 265, 286, 295, 388, 453, 457). Tambm o Rev. Willian Taylor trabalhou no Nordeste, fundando igrejas no Par, Maranho e Bahia. Uma coisa muito triste foi a falta de apoio das juntas de misses para o trabalho metodista no Norte e Nordeste do Brasil. Os missionrios do Sul e Sudeste do Brasil tambm no se interessavam pelo trabalho missionrio por causa da distncia desta regio de So Paulo e Rio de Janeiro. O Rev. Justus H. Nelson morreu em Belm do Par, onde est sepultado. Foi o que sobrara da presena do metodismo nesta regio do Brasil. O Metodismo cresceu bastante no Sudeste do Brasil (Rio de Janeiro e So Paulo), que at hoje so as maiores regies da Igreja Metodista no Brasil. Durante o perodo em que esteve no Brasil, o Rev. John James Ransom fundou um jornal chamado "O Metodista Catlico" (1886) que no ano seguinte mudou de nome, passando a se chamar "Expositor Cristo". Este nome existe at hoje, o nosso jornal Metodista. 8. A autonomia da Igreja Como a Igreja cresceu, era necessrio que se tornasse independente dos Estados Unidos. Aps muita discusso, a Igreja Metodista tornou-se independente em 02 de setembro de 1930, em So Paulo. Elegeram o primeiro bispo da Igreja. Ele se chamava Willian Tarboux e era americano. O primeiro bispo metodista brasileiro chamava-se Csar Dacorso Filho e foi eleito em 1938. Para que uma Igreja fosse autnoma ela deveria possuir 3 requisitos: a. Auto-sustento (condies financeiras). b. Ministrio prprio (pastores brasileiros). c. Auto-propagao (condies de crescer sozinha). 9. As Regies Eclesisticas Com o crescimento da Igreja em alguns territrios do Brasil, as igrejas foram se organizando em Regies Eclesisticas. Cada um de ns membro de uma Regio da Igreja. No comeo existiam apenas as regies do Centro, Norte e Sul do Brasil. Mais tarde a Igreja ficou assim organizada: Primeira Regio - Rio de Janeiro Segunda Regio - Rio Grande do Sul Terceira Regio - So Paulo capital (e Regio Leste do Estado) Quarta Regio - Minas Gerais e Esprito Santo Quinta Regio - Interior de So Paulo, Gois, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tringulo Mineiro, Sul e Braslia Sexta Regio - Paran e Santa Catarina Regio Missionria do Nordeste - Alagoas, Bahia, Cear, Paraba, Pernambuco, Piau, Sergipe e Rio Grande do Norte Campos Missionrios do Amazonas - Acre, Amazonas, Par, Rondnia e Roraima
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VI.
1. Histria do surgimento da Igreja Metodista Wesleyana do Brasil A Igreja Metodista Wesleyana foi fundada no dia 05 de janeiro de 1967 em Nova Friburgo, Rio de Janeiro. Esta igreja fruto do que chamado por seus seguidores de avivamento espiritual. Na dcada de 60 alguns pastores foram afastados da Igreja Metodista por assumir uma postura diferente, por isso decidiram se unir e formar a Igreja Metodista Wesleyana, que tem vida prpria. Os fundadores da Igreja Wesleyana foram os pastores: Waldemar Gomes de Figueiredo, Gess Teixeira de Carvalho, Francisco Teodoro Batista, Idelmcio Cabral dos Santos e Jos Moreira da Silva. Atualmente com 700 mil membros, a Igreja Metodista Wesleyana tem 400 igrejas em todo Brasil. 2. A crise de identidade na Igreja Metodista na dcada de 60 No comeo da dcada de 1960, vrios ministros e membros da Igreja Metodista do Brasil iniciaram um movimento de oraes, onde fenmenos carismticos ocorriam. Mais tarde, o contato com outras igrejas renovadas fizeram que esse grupo adotasse prticas como viglias de orao, cnticos com estilos contemporneos e cultos espontneos. A certa altura dos acontecimentos a direo da Igreja tomou posio de resistncia e proibies prtica ou desenvolvimento da obra de renovao entendendo que no condizia com as prticas e doutrinas metodistas. Os pastores mais envolvidos com o movimento foram chamados e orientados no sentido de no prosseguirem com o que vinham imprimindo nas diversas igrejas, mas estes no obedeceram. Diante da situao o grupo tomou uma deciso definitiva: dar continuidade mesmo que fosse preciso formar outra igreja. Em 1964 o grupo comeou a ter contato com grupos de diversas denominaes renovadas, o resultado desses contatos foi um maior envolvimento com as doutrinas pentecostais e, alguns membros do grupo comearam a ser batizados com o Esprito Santo. Em 1966 os contatos com grupos pentecostais aumentaram e novos pastores aderiram ao movimento como Fred Morris e Waldemar Gomes de Figueiredo. Eram constantes as viglias nos montes, as reunies de orao e os retiros, o que acabou incomodando a Primeira Regio (RJ) e o ento bispo Natanael Inocncio de Oliveira. Ainda em 1966 o grupo recebeu uma circular do gabinete episcopal proibindo oraes com imposio de mos, expulsarem demnios, cantar corinhos e fazer viglias constantes. No final da carta tinha a seguinte alternativa: Se o grupo no obedecesse s normas da Igreja Metodista do Brasil, todos deveriam deixar as suas fileiras. No final de 1966 alguns dos componentes do grupo ficaram encarregados de visitar algumas igrejas de doutrina pentecostal para que no caso de uma excluso em massa ter uma igreja em vista; no havia nenhuma inteno de criar uma nova denominao. 3. Os lderes do movimento Muitos pastores como: (Gess Teixeira de Carvalho atual Bispo da IMW - 1 Regio), Jos Moreira da Silva, Idelmcio Cabral dos Santos, Daniel Bonfim etc., comearam a realizar trabalhos de avivamento nos sentido de despertar as igrejas que pastoreavam na rea de evangelizao e na busca uma vida mais santificada. Embora vrios pastores e leigos militassem pela renovao, no foram todos que decidiram se retirar da Igreja Metodista, alguns preferiram permanecer. Os nomes que mais se destacaram na poca foram: Idelmcio Cabral dos Santos, Waldemar Gomes de Figueiredo, Jos Moreira da Silva, Francisco Teodoro Batista, Gess Teixeira de Carvalho, Cro da Silva Pereira, Jos Mendes da Silva, Zeny da Silva Pereira, Dinah Batista Rubim, Ariosto Mendes, Wilson da Silva Mendes, Jacir Vieira e Antnio Faleiro Sobrinho.
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4. O conclio geral da Igreja Metodista do Brasil O conclio Geral da Igreja Metodista aconteceu na cidade do estado do Rio de Janeiro chamada Nova Friburgo em janeiro 1967. Era ento Bispo Natanael Inocncio de Oliveira durante todo este cisma e segundo relatam alguns, com a no eleio ao episcopado do Pr. Gess Teixeira de Carvalho que dava esperana ao grupo de uma renovao na igreja, o grupo decepcionado se retirou do local. Os bispos da poca, em pastorais criteriosas e firmes, exortaram os pastores a voltarem s antigas prticas metodistas, no que no foram ouvidos. Finalmente, em pastoral mais enrgica, foi feito um apelo para que aqueles pastores abrissem mo de suas posies e disciplinadamente acatassem as leis da Igreja Metodista e suas nfases doutrinrias. Durante o conclio o Bispo Natanael fez uma advertncia ainda mais severa: Se no pudessem fazer o caminho de volta, aqueles pastores foram exortados a devolverem suas credenci ais. 5. A reunio da ponte Enquanto ainda estava sendo realizado o Conclio Geral da Igreja Metodista do Brasil, em Nova Friburgo/RJ, o grupo que saiu desceu a serra (se retirou do Conclio), sem nenhuma estatstica em mos para a formao de novas igrejas e se reuniu no dia 05 de janeiro de 1967 s 14 horas, na chamada "Reunio da Ponte, ocasio do nascimento da nova igreja. A expresso "Reunio da Ponte" muito conhecida igrejas em virtude da mesma ter o seu nascimento sobre uma ponte no ptio da fundao Getlio Vargas. Estavam presentes a esta reunio as seguintes pessoas: Idelmcio Cabral dos Santos, Waldemar Gomes de Figueiredo, Jos Moreira da Silva, Waldemar Gomes de Figueiredo, Jos Moreira da Silva, Francisco Teodoro Batista, Gess Teixeira de Carvalho, Cro da Silva Pereira, Jos Mendes da Silva, Zeny da Silva Pereira, Dinah Batista Rubim, Ariosto Mendes, Wilson da Silva Mendes, Jacir Vieira e Antnio Faleiro Sobrinho. No dia 06 de janeiro, as notcias se propagaram e, em vrios locais, grupos esperavam a presena de pastores que haviam sado da Igreja Metodista, dentro de um ms havia 30 igrejas organizadas. 6. As razes da diviso As razes que deram origem separao se basearam na doutrina do batismo com o Esprito Santo, como sendo uma Segunda beno para o crente e a aceitao da obra pentecostal, incluindo os dons espirituais, Operao de Maravilhas, Profecia, Discernimento, Lnguas, Interpretao de Lnguas, como tambm cnticos espirituais, revelaes e vises. Acrescentando-se ainda realizao da obra do avivamento espiritual, cnticos de corinhos, oraes pelos enfermos, sem liturgia e protocolos nos cultos. Os motivos que levaram a criao da Igreja Metodista. Wesleyana foram: 1. A no adaptao do grupo as formas de governo das igrejas pentecostais visitadas anteriormente, dado a estrutura de governo de regime episcopal adotado pelo grupo. 2. Amparar os metodistas com a mesma experincia. 7. O nome da nova Igreja Uma vez que nasceu, a nova igreja precisava de um nome, e vrios foram apresentados, porm o que teve maior aceitao pelo grupo foi o que atualmente conhecido e registrado Igreja Metodista Wesleyana. A inteno deste nome foi recordar a histria do metodismo wesleyano, que teve incio dia 24 de maio de 1738, na Inglaterra, com a gloriosa experincia que marcou a sua vida, a de um corao abrasado pelo fogo do Esprito Santo. 8. O conclio constituinte da nova igreja O movimento Wesleyano comeou a se desenvolver, e foi convocado o Conclio Constituinte para se reunir na cidade de Petrpolis nos dias 16 a 19 de fevereiro de 1967, ocasio em que foi organizada a Igreja. Novos obreiros vieram formar nas fileiras Wesleyanas e vrios evangelistas foram eleitos. Nessa ocasio ficou definitivamente fundada a Igreja Metodista Wesleyana, aceitando como forma de governo o centralizado com o Conselho Geral, seguindo-se em linhas gerais o regime metodista.
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Os estatutos da Igreja foram aprovados, eleitos oficialmente os membros do Conselho geral que ficou assim: Superintendente Geral: Waldemar Gomes de Figueiredo Secretrio geral de Educao Crist: Jos Moreira da Silva; Secretrio Geral de Misses: Gess Teixeira de Carvalho; Secretrio Geral de Ao Social: Orieles Soares do Nascimento; Secretrio Geral de Finanas: Idelmcio Cabral dos Santos; Pres. da Junta Patrimonial da Igreja Metodista Wesleyana: Francisco Teodoro Batista; Redator de "Voz Wesleyana": Gess Teixeira de Carvalho. Os membros do Concilio Constituinte so os organizadores da nova Igreja. So eles: Waldemar Gomes de Figueiredo, Idelmcio Cabral dos Santos, Gess Teixeira de Carvalho, Jos Moreira da Silva, Francisco Teodoro Batista, Antnio Faleiro Sobrinho, Jos Gonalves, Isaas da Silva Costa, Alice Leny dos Santos, Pedro Morais Filho, Daniel Pedro de Paula, Ezequiel Luiz da Costa, Tobias Fernandes Moreira, Nilson de Paula Carneiro (atual Bispo da IMW - 2 Regio), Joaquim R. Penha, Jos Barreto de Macedo, Sebastio Moreira da Silva, Letreci Teodoro, Derly Neves, Dilson Pereira Leal, Nadir Neves da Costa, Joo Coelho Duarte, Dinah Batista Rubim, Cro da Silva Pereira, Helenice Bastos, Onaldo Rodrigues Pereira, Wilson Varjo, Jos M. Galhardo. Jos Tertuliano Pacheco, Jos Mendes da Silva, Clarice Alves Pacheco, Octvio Faustino dos Santos, Geraldo Vieira, Wilson R. Damasco e Azet Gerde e outros irmos estiveram presentes, mas no assinaram o livro contendo a ata de organizao. O Conclio constituinte elegeu uma Comisso de Legislao composta dos seguintes membros: Waldemar Gomes de Figueiredo, Idelmcio Cabral dos Santos, Gess Teixeira de Carvalho, Jos Moreira da Silva, Francisco Teodoro Batista, Joo Coelho Duarte, Oriele Soares do Nascimento, Jos Mendes da Silva, Cro da Silva Pereira e Onaldo Rodrigues Pereira, a quem delegou poderes para preparar o manual da Igreja Metodista Wesleyana publicado em 1968. ANEXO I - Datas importantes Algumas datas importantes so: 1962 - Ministros e leigos comeam a ser despertados para a obra de renovao. 1964 - Contato do grupo com grupos de denominaes renovadas. 1966 - O grupo recebe uma circular do gabinete episcopal, visita do grupo renovado igrejas de doutrina pentecostal para uma possvel adeso. 05/01/1967- Fundao da Igreja Metodista Wesleyana. ANEXO II - Dados sobre a Igreja Metodista Wesleyana hoje A Igreja Metodista Wesleyana possui comunho com a Iglesia Metodista Pentecostal de Chile e com a International Holiness Pentecostal Church dos Estados Unidos. Foi grande o crescimento da igreja em 1967: em apenas um ms j tinha organizado no Estado de So Paulo 20 Igrejas. Os tempos passaram e ela alcanou no s todo Estado, mas tambm todo o Brasil e est presente na Argentina, Paraguai, Portugal, Alemanha e Noruega.
VII. O que caracteriza os metodistas? O Metodismo proclamou sempre a primazia da experincia pessoal sobre a simples inscrio de uma doutrina. Ele surgiu de uma viva experincia da graa regeneradora de Deus em Jesus Cristo e por meio do Esprito Santo. Por isto, h poucas nfases doutrinrias. Na realidade, para os metodistas, acima de qualquer divergncia em matria teolgica, est sempre a unidade essencial da graa salvadora. Esta a viso do Apstolo Paulo, reforada por Lutero e vivida plenamente por Joo Wesley.
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Essa experincia pessoal, mais do que as formas de governo eclesistico, ritos de culto ou postulados teolgicos, o que caracteriza o metodista. E esse empenho pela experincia pessoal que tem feito do Metodismo uma forma equilibrada de cristianismo e vida religiosa. O Metodismo autntico se caracteriza, portanto, no s por um avivamento evanglico, mas por um entusiasmo racional, uma espiritualidade equilibrada, um ministrio leigo, uma evangelizao revolucionria e uma disciplina democrtica. Esse equilbrio do Metodismo vem certamente do equilbrio emocional e religioso de Joo Wesley. Ele criticava, conforme se v no sermo doutrinrio Da natureza do entusiasmo, a pretenso de algum em receber revelaes diretas e privadas da parte de Deus, como vises, poder milagroso na orao ou na pregao, dons de curar, etc. E condenava esse fanatismo que provm, so suas palavras, de uma desordem mental, e uma desordem tal que interrompe mui seriamente o uso da razo e que no s escurece, mas que cega os olhos do entendimento. A religio o esprito de uma mente s e, portanto, est diametralmente oposta a toda classe de demncia. Outra caracterstica do Metodismo a alegria de seus membros ao participarem da grande aventura da F. Para Wesley, a religio carrancuda a religio do maligno. Para os Metodistas, Deus est bem prximo do homem, em presena, em simpatia e em revelao, apto para ajudar-nos quando a aflio nos oprime. Isto , sem dvida, motivo de muita alegria. Cristo, para os Metodistas, no apenas uma figura teolgica, mas uma resposta efetiva s necessidades bsicas do homem. Wesley nunca gastou tempo com doutrinas a respeito de Cristo. Na realidade, ele ia muito mais longe, ele oferecia Jesus como Salvador. Nunca tenho medo de esperar demais de Deus, dizia Wesley. Esse otimismo herana de todos os Metodistas psicologicamente sadio e teologicamente vlido. A grade nfase a salvao pela graa. Wesley menciona trs formas de graa, que se completam em nossa vida religiosa. A primeira delas a preveniente ou preventiva. Isto , a que veio antes. Como dizia o Apstolo Joo em sua primeira carta: Ns amamos porque Ele nos amou primeiro. (I Jo: 4:19). Essa graa ao do Pai criador. Outra forma a graa justificadora. Essa graa ao do Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, Deus feito carne, que habita entre ns. Por nossos pecados, isto , para justificao de nossos pecados, Jesus Cristo morre por ns. Justificao perdo. Assim, segundo a promessa bblica, j que nos reconciliou no corpo de sua carne, mediante a sua morte, para nos apresentarmos perante ele santos, inculpveis e irrepreensveis (Cl. 1:22). A terceira forma de graa a santificadora. Esta graa uma ao do Esprito Santo em nossa vida, consolando-nos, fortalecendo a nossa f e confiana em Deus e habilitando-nos, a cada dia, a ser melhores cristos e procurar ser perfeito como nosso Pai Celestial perfeito. Essa a base da doutrina da Perfeio Crist, que muito grata aos metodistas. Como diz Ensley, em nosso desenvolvimento religioso ns comeamos a conhecer Cristo atravs do nosso contato com a Bblia e com a comunidade crist. Depois o aceitamos pela f, que ocorre na converso. Finalmente o incorporamos, isto , reproduzimos, tanto quanto a nossa natureza o permite, a Encarnao que estava nele. Os dois primeiros estgios ficam incompletos sem o terceiro. Wesley no se cansava de dizer s suas sociedades vacilantes que elas nunca prosperariam enquanto no avanassem da converso santificao. Essa perfeio crist foi definida por Joo Wesley de cinco formas diferentes, que se completam perfeitamente: 1. Amar a Deus de todo o corao. 2. Ter corao e uma vida totalmente devotados a Deus. 3. Recuperar a imagem integral de Deus. 4. Ter a mente de Cristo.
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5. Andar uniformemente como Cristo andou. Como se v, as doutrinas bsicas do Metodismo so todas eminentemente bblicas. Nelas no h nada que no esteja absolutamente comprovado nas pginas da Bblia. O prprio Wesley dizia: as minhas doutrinas so simplesmente os princpios fundamentais do cristianismo. Nas Regras Gerais, Wesley sintetizava o comportamento do verdadeiro metodista. A primeira delas, no praticar o mal; a segunda, zelosamente praticar o bem; a terceira, atender s ordenanas de Deus. Nossos Cnones divulgam nossas doutrinas e noss os costumes, estes representados pelas Regras Gerais. No se trata apenas da sntese acima, mas relaciona atitudes que so esperadas daqueles que professam a sua f na Igreja Metodista. Seguir as Regras Gerais , desde os tempos de Joo Wesley, uma das caractersticas do verdadeiro metodista. VIII. Uma seleo de frases de Joo Wesley: Nada a fazer a no ser salvar almas Leia toda a Escritura no mesmo esprito no qual ela foi escrita No seguro viver sem amor Um metodista descansa em Deus com gratido, tudo lhe pedindo em orao. Na verdade ele ora sem cessar. -lhe dado orar em todo o tempo e no desanimar As marcas distintivas de um metodista no so as suas opinies de qualquer sorte... Um metodista algum que tem o amor de Deus no seu corao, pelo Esprito Santo que lhe foi dado Deixe a razo fazer tudo o que ela pode A orao o remdio dos remdios A misso do Metodismo: Reformar a nao, particularmente a Igreja, e espalhar a santidade bblica pela Terra Ningum descanse sobre algum suposto testemunho do Esprito separado dos seus frutos. Se o Esprito de Deus realmente testifica de que somos filhos de Deus, as conseqncias imediatas so o fruto do Esprito amor, alegria, paz, longanimidade, meiguice, bondade, fidelidade, mansido e temperana.
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Bibliografia: 1. BUYERS, Paul Eugene. Historia do Metodismo. 1~ ed. So Paulo, Imprensa Metodista, 1945. 472p. 2. WALKER, Williston. Hist6ria da Igreja Crit. Volumes I o II. 3~ od. Rio do Janeiro o So Paulo, JUERP/ASTE, 1981. I Vol. 4llp. eli Vol. 3l2p. 3. NICHOLS, Robert Hasting. Hist6ria da Igreja Crist. 5~ ed. So Paulo, Casa Editora Presbiteriana. 1981. 289p. 4. DUNCAN, Alexander Reily-metodismo Brasileiro e Wesleyano. So Paulo, Imprensa Metodista, 1981. 229p. 5. HURLBUT, Jesse Lyman. Hist6ria da Igreja crist. Editora Vida, 1979. 255p. 6. KENNEDY, James L. Cinqenta Anos do Metodismo no Brasil. 1927. 439p. 7. HALFORD. E. Luccok. Linha do Esplendor ser Fm. Junta Geral do Educam Crist da Igreja Metodista do Brasil. lO3p. 8. SANTE, Uberto Barbberi. Estranha Estirpe do Audazes. So Paulo, Imprensa Metodista. l83p. 9. ROBERT, W. Burtner & Robert E. Chiles. Coletnea da Teologia do Joo Wesley. So Paulo, Junta Geral do Educao Crist da Igreja Metodista do Brasil. 296p. 10. Juan Wesley, Su Vida y Su Obra - Por el doctor Mateo Lelibre ,Casa Nazarena de Publicaciones. 11. Pequena Histria do Povo Chamado Metodista Joo Wesley Dornellas 12. Momentos Decisivos do Metodismo Prof. Duncan Alexander Reily - Imprensa Metodista 13. Revista Cruz de Malta 14. Compilao da Internet
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