Manual de Orientações Ética Na Psicologia

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Manual de Orientações

Capítulo IV
Orientações sobre a Prática Profissional
IV.1 – Aspectos Gerais

Respeitadas as condições legais para o exercício profissional e para que este exercício paute-se
em condições teóricas, técnicas e éticas desejadas, é fundamental o profissional estar sempre
atualizado. Isso significa que o psicólogo deve buscar permanentemente manter-se informado em
nível teórico/técnico, por meio de leituras, cursos, participação em eventos, contatos com
profissionais da área, supervisão e outras fontes. Significa também acompanhar as Resoluções
que têm sido criadas ao longo da história da Psicologia como ciência e profissão que, por estar
estreitamente vinculada à história da sociedade, tem buscado responder a novas demandas e
exigências.

Do ponto de vista das referências criadas pelo CFP e que são fundamentais para o exercício
profissional, as normatizações servem como orientação para toda a categoria. Tais resoluções são
criadas a partir da identificação de determinados aspectos da prática que têm se mostrado
problemáticos ou gerado dificuldades para o profissional ou para o usuário e, assim, demandaram
uma atenção específica por parte do Conselho. As Resoluções são criadas a partir de um processo
que começa nos Conselhos Regionais e envolve todo o sistema, contando também com a
participação de psicólogos e algumas vezes com especialistas convidados relacionados à área a
que tais normatizações dizem respeito.

A revisão e atualização do Código de Ética, criado pela Resolução do CFP n.º 010/05, de
27/08/05, que instituiu o novo Código, foi feito a partir desse processo participativo.

a) Código de Ética Profissional do Psicólogo


O Código representa a explicitação de dois pontos fundamentais na ação profissional:

• os limites colocados à ação do profissional considerando-se uma situação em que há um


encontro entre duas partes: o profissional e o usuário do serviço, seja pessoa ou grupo. O
Código, por meio de seus artigos, busca representar a justa medida do que nesta relação
se configura como as condições básicas para que a ação profissional não seja desvirtuada
em relação aos objetivos acordados ou que a atividade profissional seja realizada sem
causar prejuízos ao profissional ou ao usuário do serviço psicológico.

• representa também um acordo com os psicólogos acerca do significado social da profissão


e da direção que deve orientar a intervenção da Psicologia na sociedade, com o qual estão
comprometidos ao realizar seu exercício profissional. Este compromisso está sintetizado
nos Princípios Fundamentais do Código de Ética:

Código de Ética Profissional do Psicólogo


Resolução CFP 010/2005
Princípios fundamentais:
I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da
dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que
embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e
das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
III. O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a
realidade política, econômica, social e cultural.
IV. O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo aprimoramento
profissional, contribuindo para o desenvolvimento da Psicologia como campo científico de
conhecimento e de prática.
V. O psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da população às
informações, ao conhecimento da ciência psicológica, aos serviços e aos padrões éticos
da profissão.
VI. O psicólogo zelará para que o exercício profissional seja efetuado com dignidade,
rejeitando situações em que a Psicologia esteja sendo aviltada.
VII. O psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua e os
impactos dessas relações sobre as suas atividades profissionais, posicionando-se de
forma crítica e em consonância com os demais princípios deste Código.
O Código de Ética, embora apresente artigos relativos a diferentes aspectos do exercício
profissional, organiza-os sob a denominação geral “Das Responsabilidades Gerais do Psicólogo”,
enfatizando que todos os elementos contidos no Código devem ser assumidos ativamente pelos
profissionais. Tal posição fica mais clara se considerarmos o que diz o Artigo 1º:

Código de Ética Profissional do Psicólogo


Art. 1º - São deveres fundamentais dos psicólogos:
a) Conhecer, divulgar, cumprir e fazer cumprir este Código;
...
l) Levar ao conhecimento das instâncias competentes o exercício ilegal ou irregular da
profissão, transgressões a princípios e diretrizes deste Código ou da legislação
profissional.
Assim, o Código coloca nas mãos do próprio psicólogo a responsabilidade ética não apenas em
relação ao seu trabalho como também em relação à profissão. Não basta conhecer e cumprir, mas
divulgar e fazer cumprir o Código, numa responsabilidade solidária. Pode-se visualizar aqui a
dimensão da prevenção de ocorrência de irregularidades éticas, prejudiciais ao usuário, ao próprio
psicólogo como também à Psicologia e aos psicólogos em geral.

Fique legal com a Psicologia


Há necessidade de consulta direta às legislações citadas, principalmente, quando houver
dúvidas ou questões não abordadas.
b) A Legislação Profissional

Conforme dissemos, além das Leis e Decretos e do Código de Ética, as demais Resoluções são
criadas para que os psicólogos possam realizar uma ação uniformizada. Uniformizada não quer
dizer idêntica ou que impeça a forma pessoal de expressão do profissional, mas é como se criasse
um patamar comum de compreensão e definições, inclusive do ponto de vista técnico, orientadora
das atividades profissionais da categoria como um todo. Assim, são vários aspectos do exercício
profissional que têm um quadro a partir do qual o psicólogo pode obter uma referência clara e
específica ao “como” e “o quê” de determinada atividade profissional. É em virtude da variedade de
atividades que também se criou um igualmente variado conjunto de Resoluções e que aparece sob
a denominação de Legislação Profissional (inclusive consideradas as Leis e Decretos
regulamentares da profissão).

Pelo novo Código de Ética, a legislação profissional destaca-se como elemento de igual
importância comparativamente aos aspectos contidos no próprio Código. Conforme o Artigo 1º,
alínea “c”:

Código de Ética Profissional do Psicólogo


Art. 1º - São deveres fundamentais dos psicólogos:
c) Prestar serviços psicológicos de qualidade, em condições de trabalho dignas e
apropriadas à natureza desses serviços, utilizando princípios, conhecimentos e técnicas
reconhecidamente fundamentados na ciência psicológica, na ética e na legislação
profissional.
IV.2 – Aspectos Éticos do Exercício Profissional

IV.2.1 – Sigilo
a) Afinal o que é o sigilo profissional?

O sigilo profissional, em qualquer código de ética, tem por finalidade proteger a pessoa atendida.

Como já é de conhecimento geral, todo psicólogo, em seu exercício profissional, está obrigado ao
sigilo, sendo este um dos pontos fundamentais sobre os quais se assenta o trabalho profissional,
cabendo, portanto, ao psicólogo criar as condições adequadas para que não haja a sua violação.

O sigilo significa manter sob proteção as informações e fatos conhecidos por meio da relação
profissional em que estão implicados a confiabilidade e exposição da intimidade do usuário.

Tendo em vista a preocupação em garantir o sigilo, algumas situações requerem reflexões e


atenção especial. Para tanto, o Código de Ética oferece referências:

Art. 9º - É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da
confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso
no exercício profissional.
Em se tratando de prontuário que possa interessar a uma Equipe Multidisciplinar, devem ser
registradas apenas as informações necessárias ao cumprimento dos objetivos do trabalho,
lembrando que o usuário deve ser informado da existência do prontuário e que deve ser permitido
livre acesso ao mesmo.

O sigilo implica também que, quando houver necessidade de informar a respeito do atendimento a
quem de direito, deve-se oferecer apenas as informações necessárias para a tomada de decisão
que afete o usuário ou beneficiário.

Lembramos que, em havendo a necessidade do envio de informações sigilosas pelo correio para
algum outro profissional, é preciso que no envelope seja colocada uma identificação de documento
CONFIDENCIAL, para que a correspondência possa chegar às mãos do destinatário preservando-
se o devido sigilo.

Quando, por falta dos devidos cuidados, ocorrer a quebra do sigilo, o profissional está incorrendo
em falta ética e, sendo esta quebra de sigilo conhecida, o psicólogo pode ser denunciado junto ao
CRP e vir a sofrer um processo ético.

Porém, em casos excepcionais, é considerada a possibilidade de o psicólogo decidir pela quebra


do sigilo, sendo que deve estar pautado pela análise crítica e criteriosa da situação, tendo em vista
os princípios fundamentais da ética profissional e a direção da busca do menor prejuízo. É preciso
analisar a situação à luz do próprio Código de Ética considerado como um todo, por envolver um
conjunto de fatores a serem verificados: motivo da quebra de sigilo, circunstâncias em que pode
ocorrer, modo de operar a quebra de sigilo:

Art. 10º - Nas situações em que se configure conflito entre as exigências decorrentes
do disposto no Art. 9º e as afirmações dos princípios fundamentais
deste Código, excetuando-se os casos previstos em lei, o psicólogo poderá
decidir pela quebra de sigilo, baseando sua decisão na busca do menor prejuízo.
Parágrafo Único - Em caso de quebra do sigilo previsto no caput deste artigo,
o psicólogo deverá restringir-se a prestar as informações estritamente
necessárias.
Em caso de dúvida, é também importante que a situação da quebra de sigilo seja compartilhada e
discutida com outros profissionais envolvidos no atendimento ou, quando não houver, o psicólogo
busque algum profissional ou a orientação do próprio Conselho para auxiliá-lo na reflexão crítica
para uma tomada de decisão fundamentada.

Quando houver se decidido pela quebra de sigilo, o psicólogo deve tomar o devido cuidado para
dar a conhecer a outrém apenas aquilo que está sendo demandado e para aquele fim específico,
mantendo os demais aspectos não requisitados sob sigilo ou pertinentes ao sigilo.

Mesmo após o término de um trabalho, o sigilo das informações deve ser mantido.

Veja também a questão do sigilo no item referente ao


atendimento a crianças, adolescentes e interditos.

b) Condições do local de atendimento

O atendimento deve ser realizado em local diferenciado e apropriado, que garanta o sigilo
profissional e em condições de segurança, ventilação, higiene e acomodação adequadas aos que
estão em atendimento, respeitando-se critérios estabelecidos por órgãos públicos, como, por
exemplo, a Vigilância Sanitária.

No caso das Clínicas de Avaliação Psicológica para a obtenção da Carteira Nacional de


Habilitação, dado seu caráter pericial, as atividades não poderão ser realizadas em centros de
formação de condutores ou em qualquer outro local público ou privado, cujos agentes tenham
interesse nos resultados dos exames, considerando ainda que a avaliação só poderá ser realizada
em local reservado para este tipo de atividade.

Resolução CFP n.º 016/2002


Dispõe sobre o trabalho do psicólogo na avaliação psicológica de candidatos à CNH e
condutores de veículos automotores.
Um outro aspecto a considerar é quanto ao local reservado para a guarda dos prontuários dos
usuários. Seja em arquivo, em armário ou qualquer outro móvel, ele deve permitir o seu
fechamento a fim de se evitar o acesso de pessoas que não têm relação com o atendimento,
principalmente, nos casos em que transite pelo local profissionais ou pessoas que não estão
submetidos ao sigilo profissional.

IV.2.2 – Atendimento a Crianças, Adolescentes ou Interditos11 Interdito é um termo jurídico


que significa que a pessoa perdeu a sua capacidade civil, ficando privada juridicamente de
reger-se e seus bens, sendo impedido de tomar decisões quanto a sua própria vida, sendo
sempre representada por uma pessoa designada pelo juízo (geralmente um parente),
podendo a interdição ser por tempo determinado ou não.
Além de ser necessária a formação e experiência apropriada, requer que nestes casos, quando o
atendimento for “não eventual”, pelo menos um dos responsáveis o autorize, conforme dispõe o
Art. 8º do Código de Ética:
Art. 8º - Para realizar atendimento não eventual de criança, adolescente ou interdito, o
psicólogo deverá obter autorização de ao menos um de seus responsáveis, observadas as
determinações da legislação vigente;
§1º - No caso de não se apresentar um responsável legal, o atendimento deverá ser
efetuado e comunicado às autoridades competentes;
§2º - O psicólogo responsabilizar-se-á pelos encaminhamentos que se fizerem necessários
para garantir a proteção integral do atendido.
Além disso, tendo em vista o princípio do sigilo profissional, é importante o cuidado para comunicar
“ao responsável apenas o estritamente essencial para se promoverem medidas em seu benefício”
(Art. 13 do Código de Ética).

Consulte o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),


Lei 8.069, de 13/07/1990:
www.planalto.gov.br/ccivil/leis/l8069.htm
IV.2.3 – Métodos e Técnicas Psicológicas

Os psicólogos só podem associar o exercício profissional a princípios, conhecimentos e técnicas


reconhecidamente fundamentados na ciência psicológica, na ética e na legislação profissional
(conforme o Código de Ética). Assim, não podem ser associadas ao atendimento em Psicologia,
concepções místico-religiosas ou recursos que tenham como pressuposto tais tipos de crença,
como reiki, tarô, TVP (Terapia de Vidas Passadas) etc., nem sequer a utilização de práticas que
possam induzir a crenças religiosas, filosóficas ou de qualquer outra natureza e que sejam alheias
ao campo da Psicologia.

Algumas técnicas e práticas ainda não regulamentadas ou não reconhecidas pela profissão
poderão ser utilizadas em processo de pesquisa, resguardados os princípios éticos fundamentais.

Resolução Conselho Nacional de Saúde n.º 196/96, site: www.conselho.saude.gov.br;


Resolução CFP n.º 10/97, Resolução CFP n.º 11/97 e Resolução CFP n.º 16/00.
O reconhecimento da validade dessas técnicas dependerá da ampla divulgação dos resultados
derivados da experimentação e do reconhecimento da comunidade científica, não apenas da
conclusão da pesquisa.
A hipnose e a acupuntura foram devidamente regulamentadas pelo CFP como recursos
auxiliares e complementares por meio das Resoluções CFP n.º 013/2000 e n.º 05/2002,
respectivamente.
No caso da acupuntura, a Portaria n.º 971, de 03/05/2006, do Ministério da Saúde, que aprova a
“Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde”,
regulamenta o seu uso inclusive para os psicólogos no SUS.

A psicoterapia praticada por psicólogo constitui-se como um processo científico, devendo ser
utilizados métodos e técnicas psicológicas reconhecidos pela ciência, pela prática e ética
profissional. Tem como finalidade promover a saúde mental e propiciar condições para o
enfrentamento de conflitos e/ou transtornos psíquicos de indivíduos ou grupos.

Resolução CFP n.º 010/00


Especifica e qualifica a psicoterapia como prática do psicólogo.
Esta Resolução estabelece ainda um conjunto de princípios que devem ser respeitados pelos
profissionais que realizam este tipo de prática. Diz que os psicólogos devem manter registro de
seus atendimentos mesmo em consultórios particulares. Os processos éticos têm mostrado cada
vez mais a importância dos registros. Na rede pública, já é um conceito firmado o da necessidade
do prontuário do usuário, lembrando que ele tem pleno direito a ter acesso ao seu prontuário.

Embora a psicoterapia seja uma atividade que tem sido costumeiramente desenvolvida pelos
psicólogos, não é privativa ou exclusiva deste profissional.

IV.2.3.1 Serviços Psicológicos Mediados Por Computador

Só será permitida a oferta de psicoterapia mediada por computador quando se tratar de pesquisa
conforme critérios da Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, sendo que o usuário
deverá ser avisado e não poderá ser cobrada nenhuma taxa ou honorário.

Demais serviços psicológicos, como orientação psicológica e afetivo-sexual, orientação


profissional, orientação de aprendizagem e Psicologia Escolar, orientação ergonômica, consultorias
a empresas, reabilitação cognitiva, ideomotora e comunicativa, processos prévios de seleção de
pessoal, utilização de testes psicológicos informatizados e utilização de software informativos e
educativos com resposta automatizada, poderão ser fornecidos desde que sejam pontuais e
informativos, não firam o disposto no Código de Ética e sejam observados os dispositivos das
Resoluções do CFP n.º 012/2005 e n.º 002/2003. Para que o psicólogo possa oferecer esses
serviços, é requisito que obtenha um selo do CFP, isto é, que ele submeta à apreciação do CFP as
informações que constarão no site de divulgação e que as mesmas sejam aprovadas para a
divulgação.
Resolução CFP n.º 012/2005
Regulamenta o atendimento psicoterapêutico e outros serviços psicológicos mediados por
computadores e revoga a Resolução CFP n.º 003/2000.
IV.2.3.2. Serviços Psicológicos Mediados por Telefone

A Resolução CFP n.° 02/1995 dispõe sobre a prestação de serviços psicológicos mediados por
telefone, e diz:

Art. 2º - Ao psicólogo é vedado:


1º) prestar serviços ou mesmo vincular seu título de psicólogo a serviços de atendimento
psicológico via telefônica”.
IV.2.4 – Avaliação Psicológica, Testes e Documentos Escritos

a) Quais cuidados devo ter em relação à avaliação psicológica?

Uma questão básica é quanto à qualificação profissional, ou seja, a experiência e formação


adequadas do profissional para realizar a Avaliação Psicológica, assim como outras práticas na
Psicologia, conforme preconiza o Código de Ética:

Art. 1º - São deveres fundamentais dos psicólogos:


b) Assumir responsabilidades profissionais somente por atividades para as quais esteja
capacitado pessoal, teórica e tecnicamente;
c) Prestar serviços psicológicos de qualidade, em condições de trabalho dignas e
apropriadas à natureza desses serviços, utilizando princípios, conhecimentos e técnicas
reconhecidamente fundamentados na ciência psicológica, na ética e na legislação
profissional;
Para atuar em Avaliação Psicológica é preciso ainda considerar o disposto abaixo:

Art. 2º - É vedado ao psicólogo:


k) Ser perito, avaliador ou parecerista em situações nas quais seus vínculos pessoais ou
profissionais, atuais ou anteriores, possam afetar a qualidade do trabalho a ser realizado
ou a fidelidade aos resultados da avaliação;
Quanto à devolutiva, o Código de Ética é claro nesta questão, apontando
que tanto deve ser informado em relação ao trabalho psicológico a ser realizado
quanto em relação aos seus resultados, inclusive sob a forma de documento
escrito quando houver pedido.

Um outro aspecto a destacar é o dos instrumentos de avaliação psicológica


e seu uso.

A avaliação psicológica pode ainda pretender diferentes finalidades,


sendo que o CFP aprovou Resoluções que estabelecem parâmetros específicos
para as situações de:

• Concursos públicos e processos seletivos da mesma natureza – Resolução CFP n.º


001/2002. É uma resolução importante, pois oferece as devidas orientações quanto aos
cuidados técnicos e éticos a serem tomados em relação ao edital, questionamentos por
parte de candidatos e outros aspectos.

• Obtenção da Carteira Nacional de Habilitação – Resolução CFP n.º 012/2000.

Estamos destacando o artigo que nos parece dar o tom dos cuidados a serem tomados neste tipo
de avaliação psicológica:
Resolução CFP n.º 001/2002
Art. 1º - A avaliação psicológica para fins de seleção de candidatos é um processo,
realizado mediante o emprego de um conjunto de procedimentos objetivos e científicos,
que permite identificar aspectos psicológicos do candidato para fins de prognóstico do
desempenho das atividades relativas ao cargo pretendido.
Conforme indica a Resolução, a avaliação deve ser realizada em seu conjunto e segundo os
preceitos técnicos científicos, tanto na seleção dos testes quanto na aplicação e mensuração dos
mesmos.

Cabe lembrar ainda a exigência dos testes serem sempre os originais e,


para os psicólogos que atuam na avaliação psicológica para CNH, existe uma
limitação estabelecida na quantidade de atendimentos por jornada de 8 horas
de trabalho, conforme indica a Resolução CFP n.º 003/2007, artigo 85, de no
máximo 10 (dez) candidatos.

Pela Resolução CFP n.º 16/2002, o psicólogo que trabalha neste tipo de
atividade do trânsito, é considerado perito, portanto, não pode manter vínculos
com Centros de Formação de Condutores ou outros locais cujos agentes
manifestem interesse no resultado dos exames psicológicos. Há, além disso,
a legislação específica do DETRAN que o psicólogo credenciado pelo órgão
obriga-se a respeitar, sendo as principais Portarias:

• Portaria n.º 541 de 15/04/1999 - Regulamenta o credenciamento de médicos e psicólogos


para a realização dos exames de aptidão física e mental e dos exames de avaliação
psicológica em candidatos à obtenção da permissão e renovação da carteira nacional de
habilitação para a condução de veículos automotores.

• Portaria n.º 1335, de 06/12/2000 - Estabelece regras para a distribuição equitativa dos
exames de aptidão física e mental e de avaliação psicológica, regulados pela Portaria
Detran n. 541, de 15 de abril de 1999.

• Portaria n.º 208 de 26/02/2002 - Dispõe sobre a obrigatoriedade da realização do exame


de avaliação psicológica para o condutor que exerça atividade remunerada ao veículo,
consoante os termos do § 3o do art. 147 da Lei Federal n.º 9.503/97 - Código de Trânsito
Brasileiro, alterada pela Lei Federal n.º 10.350/01

• Portaria n.º 1708 de 11/12/2002 - Dispõe sobre a acessibilidade das pessoas portadoras
de deficiência ou com mobilidade reduzida nas clínicas médicas e psicotécnicas
credenciadas pelo DETRAN/SP e altera dispositivos das Portarias DETRAN n.º 541, de 15
de abril de 1999 e 175, de 24 de janeiro de 2001.

• Resolução CONTRAN n.º 267 de 15 de fevereiro de 2008 (revogou as Portarias n.º 51/98 e
80/1998).

As Portarias podem ser encontradas no site do DETRAN: www.detran.sp.gov.br.

Há ainda um importante documento: Manual para Avaliação Psicológica de Candidatos à Carteira


Nacional de Habilitação e Condutores de Veículos Automotores – Anexo da Resolução CFP n.º
012/2000, que oferece orientações a serem seguidas.

Para maiores informações sobre a avaliação psicológica para obtenção de CNH, consultar:
Resolução CFP n.º 012/2000 e Resolução CFP n.º 016/2002
Existe também a avaliação psicológica para a obtenção de porte ou uso de arma de fogo, que só
pode ser realizada por psicólogos inscritos no CRP e credenciados pela Polícia Federal.
Há alguns requisitos exigidos dos psicólogos, como:

• mínimo 3 anos de formado,

• familiaridade com instrumentos de avaliação psicológica (prática ou curso)

• local apropriado e alvarás de funcionamento.

O credenciamento é aberto, informado e realizado pela própria Polícia Federal, sendo que, neste
período, são realizadas visitas pela equipe de Psicologia da Polícia Federal para que a qualificação
técnica e o local sejam avaliados.

Quanto à outras especificidades e exigências relacionadas ao credenciamento, considerando que é


a Polícia Federal quem legisla sobre o assunto, sugere-se consulta direta à este órgão pelo
telefone: (11) 3538-5625 / 3538-5000 ou site: www.dpf.gov.br

Importante
Veja também a matéria publicada no Jornal Psi n.° 155, ou no site www.crpsp.org.br , em
MÍDIA, opção JORNAL CRP SP, ver o n.º 155 a coluna: Orientação - Teste Psicológico o
que você precisa saber antes de escolher um.
c) E em relação ao uso de instrumentos e testes psicológicos, o que é importante saber?

Apenas o psicólogo pode fazer uso de instrumentos e técnicas psicológicas.


Isso significa que ele não poderá divulgar, ensinar, ceder, dar, emprestar ou vender instrumentos
ou técnicas psicológicas que permitam ou facilitem o exercício ilegal da profissão (Artigo 18 do
Código de Ética).

O artigo 16 da Resolução do CFP n.º 002/2003, que regulamenta o uso, a elaboração e a


comercialização dos testes psicológicos, determina que será considerada falta ética a utilização de
instrumentos que não constem na relação de testes aprovados pelo Conselho Federal de
Psicologia, conforme Artigos 1º, alínea “c”, e 2º, alínea “f”, do Código de Ética Profissional do
Psicólogo, salvo os casos de pesquisa.

A partir desta Resolução, os psicólogos somente poderão utilizar-se de testes que foram avaliados
e considerados pelo CFP em condições de uso.

Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos


(SATEPSI)
http://www2.pol.org.br/satepsi/sistema/admin.cfm

Ainda quanto ao uso dos testes, estes devem ser utilizados dentro de uma avaliação psicológica22
Avaliação em Psicologia refere-se à coleta e interpretação de informações psicológicas,
resultante de um conjunto de procedimentos confiáveis que permitam ao Psicólogo avaliar
o comportamento. Aplica-se ao estudo de casos individuais e de grupos ou situações
(Manual para a Avaliação Psicológica de candidatos à Carteira Nacional de Habilitação –
CNH – Resolução CFP n.° 012/2000).. Desta forma, seu uso deve ser pautado pelo
conhecimento, experiência, instruções e orientações específicas constantes nos manuais próprios.
Não é permitido utilizar cópia reprográfica (xerox) do material dos testes.

Os documentos e o material que fundamentou a avaliação psicológica devem ser guardados pelo
prazo mínimo de cinco anos e o psicólogo e a instituição em que foi feita a avaliação psicológica
são responsáveis pelos materiais relativos à avaliação.
d)E como devo elaborar relatórios, laudos e outros documentos escritos?
Além dos cuidados técnicos e éticos na avaliação psicológica, na elaboração dos documentos,
frutos desta avaliação, há aspectos específicos a serem respeitados.

O CFP, pela Resolução n.º 007/2003, apresenta um Manual de Elaboração de Documentos


Escritos, que descreve em detalhes o que precisa constar em quatro documentos: declaração,
atestado psicológico, relatório ou laudo psicológico e parecer psicológico.

Ao produzir o material, o psicólogo deve basear os documentos em princípios éticos e técnicos, ou


seja, sempre apresentar a sua fundamentação científica para embasar suas idéias, proposições e
conclusões, nos casos em que a natureza do documento assim o exigir.

Quanto aos princípios éticos, o Manual enfatiza o cuidado que o psicólogo deverá ter em relação
aos deveres nas suas relações com a pessoa atendida, ao sigilo profissional, às relações com a
justiça e ao alcance das informações.

Atenção ao Artigo 2º, alínea “g”, do Código de Ética, que diz:

Art.2º – Ao psicólogo é vedado:


g) emitir documentos sem fundamentação e qualidade técnico-científica.
Resolução n.º 007/2003 do CFP
Institui o Manual de Elaboração de documentos escritos pelo Psicólogo
e revoga a Resolução CFP n.º 017/2002

IV.2.5 – Publicidade e Mídia

Tenho algumas dúvidas em relação à publicidade!

a) O que posso colocar no cartão de visita, nos panfletos, jornal ou em placa publicitária?
Como realizar a publicidade da minha atividade profissional?

A publicidade dos serviços de Psicologia, de um modo geral, inclusive nos sites da internet, deve
ser realizada de acordo com as orientações emanadas do Código de Ética e Resoluções do CFP.
Assim, deverá informar com exatidão o nome completo, a palavra psicólogo, o número de registro
e a sigla do Conselho Regional de Psicologia onde tenha sua inscrição (CRP 06/XXXX).

Poderão ser informadas ainda as habilitações do profissional, limitando-se apenas às atividades,


recursos e técnicas que estejam reconhecidas ou regulamentadas pela profissão.

Além disso, ao realizar a publicidade, o psicólogo cuidará para que:

•não sejam utilizados títulos que não possua (ex.: Dr., Especialista);
• o preço não seja utilizado como forma de propaganda;
• não haja a previsão taxativa de resultados;
• não haja a autopromoção em detrimento de outros profissionais;
• não haja apresentação de atividades que sejam atribuições de outras categorias
profissionais;
• não haja divulgação sensacionalista das atividades profissionais;
• não se divulgue a prática da Psicologia juntamente com ciência e profissão
associada a crenças religiosas ou posições filosóficas alheias ao campo
da Psicologia.

Resolução do CFP n.º 011/2000


Disciplina a oferta de produtos e serviços ao público.
Esta Resolução proíbe toda publicidade enganosa ou abusiva e indica os princípios do Código de
Ética e o Código de Proteção e de Defesa do Consumidor como sendo importantes parâmetros.

Entende-se como produtos, os testes psicológicos, inventários de interesse, material de orientação


vocacional, jogos ou outros instrumentos. Os serviços referem-se às atividades profissionais de
psicólogo prestadas a uma ou mais pessoas, organizações ou comunidades.

Ainda é preciso recolher as devidas taxas à prefeitura local.

Para a publicidade de pessoa jurídica, acrescenta-se o disposto do Artigo 41 da Resolução CFP


003/2007:

Art. 41 - Toda publicidade veiculada por pessoa jurídica deverá conter seu número de
inscrição no Conselho Regional de Psicologia.
b) E em relação ao psicólogo na mídia? Tenho visto muitos que se apresentam de forma
questionável do ponto de vista ético e profissional. O que fazer? Como se comportar?

O Conselho entende que, independentemente do veículo de comunicação em que o profissional


apareça publicamente, é fundamental que sejam seguidas as orientações contidas no Código de
Ética Profissional do Psicólogo.

Art. 19 - O psicólogo, ao participar de atividade em veículo de comunicação, zelará para


que as informações prestadas disseminem o conhecimento a respeito das atribuições, da
base científica e do papel social da profissão.
Há dois tipos de situações: a postura do personagem ficcional “psicólogo” que aparece na mídia e
o profissional psicólogo em exercício de sua profissão. O “psicólogo” personagem refere-se a uma
produção fantasiosa e, portanto fictícia, não cabendo ao Conselho interferir em tais produções, a
não ser em situações flagrantemente ofensivas ou degradantes à profissão e à categoria.

Quando, no entanto, o psicólogo se apresenta como um profissional de Psicologia dando


depoimentos, entrevistas ou opiniões sobre determinado assunto ou situação relacionados à
prática profissional ou à Psicologia, requer a observância do que consta na legislação profissional
(Código e demais Resoluções). É fundamental que o psicólogo atente para o uso do conhecimento
da Psicologia em favor do bem-estar da população e não da exposição de pessoas ou grupos ou
organizações, nestes meios de comunicação. Deverá zelar também para que as informações que
oferecer tomem por base apenas conhecimentos a respeito das atribuições, da base científica e do
papel social da profissão, contribuindo para o esclarecimento do trabalho que o psicólogo realiza
ou em relação às teorias, técnicas, conceitos e idéias reconhecidas pela Psicologia e que possam
estar sendo objeto da divulgação. O intuito, sempre, é de zelar pela boa imagem da profissão,
pautando-se por referências teóricas, técnicas e éticas requeridas pela Psicologia e pela profissão.

IV.2.6 – O Psicólogo e a Justiça

a) E como devo me comportar nas relações com a Justiça?

O psicólogo pode ser chamado pelo juiz em duas condições: como cidadão ou como profissional.
Em ambas ele terá que se apresentar perante a justiça, no entanto sob condições diferentes.

No caso de ser intimado como profissional, é importante considerar o Código de Ética Profissional:

Art. 10º - Nas situações em que se configure conflito entre as exigências decorrentes do
disposto no Art. 9º (que fala do sigilo) e as afirmações dos princípios fundamentais deste
Código, excetuando-se os casos previstos em lei, o psicólogo poderá decidir pela quebra
de sigilo, baseando sua decisão na busca do menor prejuízo.
Parágrafo Único - Em caso de quebra do sigilo previsto no caput deste artigo, o psicólogo
deverá restringir-se a prestar as informações estritamente necessárias.
Art. 11º - Quando requisitado a depor em juízo, o psicólogo poderá prestar informações,
considerando o previsto neste Código.
Depondo em juízo, o psicólogo pode decidir pela quebra do sigilo ou não, sendo que no segundo
caso o juiz poderá determinar a quebra. Em ambas as situações, quando for oferecer informações
obtidas por meio de seu trabalho, o psicólogo deverá tomar o cuidado para limitar-se àquelas
informações efetivamente necessárias para a elucidação do objeto do questionamento. Tomar
como referência a busca do menor prejuízo é também um elemento a ser considerado.

Além disso, é importante lembrar que:

Art. 2º - Ao psicólogo é vedado:


k) Ser perito, avaliador ou parecerista em situações nas quais seus vínculos pessoais ou
profissionais, atuais ou anteriores, possam afetar a qualidade do trabalho a ser realizado
ou a fidelidade aos resultados da avaliação;
IV.2.7 – O Psicólogo e o Atendimento Domiciliar

A prática em atendimento domiciliar na área da saúde vem crescendo, nos setores público e
privado, com argumentos que vão desde a relação custo-benefício até a busca da humanização do
tratamento. O atendimento domiciliar (muitas vezes denominado home care) em Psicologia é uma
modalidade de atuação ainda pouco conhecida pela maioria dos psicólogos e que tem trazido
algumas questões referentes à sua natureza e aos problemas éticos que podem estar envolvidos.

Ele pode ser definido como o atendimento que o profissional faz a pessoas que apresentem
dificuldades ou impedimentos de locomoção, devido a patologias ou outros motivos que as
impedem de se dirigir ao hospital ou ao consultório para receber tratamento. Em alguns casos, o
trabalho envolve orientação à família ou ao responsável pelos cuidados prescritos ao paciente. O
pedido ou a indicação para o atendimento psicológico domiciliar pode ser feito pelo próprio
paciente, por seus familiares, pelo médico ou pela equipe de saúde que o assiste. A partir disso, o
psicólogo deve proceder a uma avaliação, identificando as necessidades do atendimento. Caso
decida-se pelo atendimento, o trabalho a ser realizado deve ser feito da mesma forma como se
fosse realizado em local de trabalho do profissional, com as devidas adaptações que se fizerem
necessárias. Assim, as referências éticas, por exemplo, de sigilo e confidencialidade, devem ser
consideradas igualmente.

Vale reconhecer que atualmente novos dispositivos de intervenção em Psicologia vêm sendo
desenvolvidos a fim de abarcar novas demandas sociais. Como exemplo, podemos citar o trabalho
de Acompanhamento Terapêutico, que, por sua natureza e definição, desenvolve-se no território.
Lembramos que estas, como as demais práticas em Psicologia, devem sempre resguardar os
princípios éticos da profissão.

a) Quando é permitido realizar o atendimento domiciliar?

• Quando a pessoa atendida não tem condição de se locomover ou encontra-se em estágio


terminal.
• Deve haver expressão da vontade da pessoa atendida.
• Quando o psicólogo atua na área judicial e é designado para isso.
• Programa Saúde da Família: quando o psicólogo fizer parte de equipe de saúde da família.
• No caso de atendimento aos que têm liberdade assistida.
• Quando se trata de uma estratégia específica de intervenção psicológica..

IV.2.8 – Honorários e Contrato

a) E em relação aos honorários, quanto e como cobrar pelos serviços?

Os psicólogos buscarão adequar os seus honorários às condições financeiras das pessoas


atendidas e considerando a justa retribuição pelos serviços prestados. Os psicólogos
estabelecerão os honorários mediante um acordo com a pessoa, grupo ou instituição atendida, no
início do trabalho a ser realizado, sendo que toda e qualquer alteração no acordo acertado deverá
ser discutida entre as partes (consultar o Código de Ética Profissional do Psicólogo), não podendo
ser cobrado além do que foi acordado.

O psicólogo também não poderá utilizar-se da sua posição para dela retirar quaisquer outros tipos
de benefícios (doações, empréstimos, favores), limitando-se apenas ao recebimento da justa
remuneração acordada entre as partes (valor, periodicidade do pagamento etc.).

Além disso, o psicólogo deverá manter a qualidade do trabalho teórico, técnico e ético
independentemente do valor de seus honorários ou mesmo tratando-se de trabalho voluntário.

O CRP SP dispõe em seu site de uma Tabela Referencial de Honorários elaborada pela Fenapsi.
Os valores são meramente sugestivos e o psicólogo não está obrigado a seguir esses valores.

b) E o contrato de trabalho para um atendimento, deve ser por escrito?


O contrato refere-se às condições em que o serviço de Psicologia será realizado. Representa,
então, o que as partes envolvidas, de comum acordo, estabeleceram e aceitaram, implicando,
assim, na definição do objetivo, tipo de trabalho a ser realizado e condições de realização do
serviço oferecido e acordo dos honorários.

O Art. 1º do Código de Ética alerta que é dever fundamental do psicólogo:

Art. 1º- É dever fundamental do psicólogo:


e) Estabelecer acordos de prestação de serviços que respeitem os direitos dos usuários ou
beneficiários de serviços de Psicologia.
Aqui, por exemplo, é preciso atentar para outras legislações, como o Código de Proteção e de
Defesa do Consumidor.

Não há obrigatoriedade de realizar o contrato por escrito. Fica a critério do profissional a redação
(ou não) de um contrato formal/escrito. O CRP não oferece modelo a respeito. Um contador poderá
dar a orientação mais adequada. Legislações complementares a respeito do assunto:

Resolução CFP n.º 011/2000, de 20/12/00,


Regulamenta a oferta de produtos e serviços ao público, entre outras.
IV.2.9 – O Psicólogo e as Organizações

a) Quando sou contratado por uma organização, que cuidados devo ter?

Os serviços em Psicologia podem ser realizados em organizações de caráter público ou privado


em diferentes áreas de atividade profissional: saúde, trabalho, educação, social, abrigo, sistema
prisional.

O trabalho do psicólogo, como de outros profissionais, embora extremamente importante, tem


sofrido diversos percalços. Assim, é preciso estar atento caso o exercício profissional esteja sendo
prejudicado, do ponto de vista de sua qualidade teórica, técnica e ética, devido a problemas e
questões da organização.

Uma questão fundamental é quanto à submissão do psicólogo a aspectos profissionais e


condições impróprias e antiéticas impostos pela organização. Neste sentido, é preciso sempre
relembrar o que indica o Código de Ética em seus Princípios Fundamentais, particularmente o
Princípio VII:
O psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua e os impactos
dessas relações sobre as suas atividades profissionais, posicionando-se de forma crítica e
em consonância com os demais princípios deste Código.
Além disso, no Código de Ética podemos identificar importantes informações:

Art. 2º - Ao psicólogo é vedado:


a) Praticar ou ser conivente com quaisquer atos que caracterizem negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão;
b) ...
c) Utilizar ou favorecer o uso de conhecimento e a utilização de práticas psicológicas como
instrumentos de castigo, tortura ou qualquer forma de violência;
d) Acumpliciar-se com pessoas ou organizações que exerçam ou favoreçam o exercício
ilegal da profissão de psicólogo ou de qualquer outra atividade profissional;
e) Ser conivente com erros, faltas éticas, violação de direitos, crimes ou contravenções
penais praticados por psicólogos na prestação de serviços profissionais;
Este conjunto de artigos indica claramente qual é a postura ética a ser seguida pelo psicólogo
quando, em seu exercício profissional, estiver exposto às situações acima mencionadas. São
graves faltas éticas realizadas pelo profissional quando tem o conhecimento ou está envolvido em
fatos de natureza grave e prejudicial aos usuários dos serviços prestados pela organização,
conforme indicado acima.

O importante esclarecimento da postura ética a ser adotada pelo profissional encontra-se também
no Artigo 3º do Código de Ética:

Art. 3º - O psicólogo, para ingressar, associar-se ou permanecer em uma organização,


considerará a missão, a filosofia, as políticas, as normas e as práticas nela vigentes e sua
compatibilidade com os princípios e regras deste
Código.
Parágrafo Único: Existindo incompatibilidade, cabe ao psicólogo recusar-se a prestar
serviços e, se pertinente, apresentar denúncia ao órgão competente.
Outros aspectos devem ser ainda assinalados:

Art. 2º - É vedado ao psicólogo:


l) Desviar para serviço particular ou de outra instituição, visando benefício próprio, pessoas
ou organizações atendidas por instituição com a qual mantenha qualquer tipo de vínculo
profissional;
m) Prestar serviços profissionais a organizações concorrentes de modo que possam
resultar em prejuízo para as partes envolvidas, decorrentes de informações privilegiadas;
Por estes itens, fica também clara a postura ética ao psicólogo de não se utilizar de situações,
tendo em vista interesses particulares e pessoais.

IV.2.10 – Irregularidade Ética e Representação

a) E se eventualmente precisar realizar uma representação, como fazer?

Qualquer pessoa poderá representar aos Conselhos Regionais o profissional psicólogo que esteja
infringindo as legislações do CFP e/ou o Código de Ética Profissional. Há, inclusive, alerta quanto à
obrigatoriedade da denúncia para os psicólogos, conforme nos esclarece o Código de Ética:
Art. 1º - São deveres fundamentais dos psicólogos:
l) Levar ao conhecimento das instâncias competentes o exercício ilegal ou irregular da
profissão, transgressões a princípios e diretrizes deste Código ou da legislação
profissional.
A representação deve ser formalizada3 3 De acordo com o estabelecido pelo Código de
Processamento Disciplinar, Resolução CFP n.° 006/2007 que determina que os
encaminhamentos a serem seguidos para apuração de uma denúncia e trâmites de um
processo ético. deste modo:
Enviar carta endereçada ao Presidente do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, com o
título “REPRESENTAÇÃO”, contendo:

Enviar carta endereçada ao Presidente do Conselho Regional de Psicologia


de São Paulo, com o título “REPRESENTAÇÃO”, contendo:

Art. 19 - A representação, como disposto no Artigo 2.° deste Código, deverá ser
apresentada diretamente ao Presidente do respectivo Conselho, mediante documento
escrito e assinado pelo representante, contendo:
a) nome e qualificação do representante;
b) nome e qualificação do representado;
c) descrição circunstanciada do fato;
d) toda prova documental que possa servir à apuração do fato e de sua autoria; e
e) indicação dos meios de prova de que pretende o representante se valer para provar o
alegado;
Parágrafo Único - A falta dos elementos descritos das alíneas “d” e “e” não é impeditiva ao
recebimento da representação.
A fim de preservar o sigilo necessário, a carta só poderá ser enviada pelo correio ou entregue
pessoalmente, sendo que cartas enviadas por fax e e-mail não serão aceitas, por não se
constituírem em documentos oficiais.

b) O que é representação ex-offício?

Quando há alguma irregularidade praticada pelo psicólogo e que requeira a devida investigação
pela Comissão de Ética e não há uma pessoa que assuma tal representação, o órgão, por meio de
um conselheiro representante, pode assumir a representação diante da identificação da
possibilidade de infração ética para o seu devido encaminhamento para a Comissão de Ética.

c) Como são julgados os psicólogos que infringem o Código de Ética?

O CRP SP funciona também como um Tribunal Regional de Ética Profissional, conforme o seu
Regimento Interno e assim procede aos julgamentos éticos quando o caso representado o exigir,
podendo o plenário de julgamento decidir-se pela absolvição ou punição do profissional. As
punições previstas e indicadas pelo Código de Ética, Art. 21, são:

a) Advertência;
b) Multa;
c) Censura pública;
d) Suspensão do exercício profissional por até 30 (trinta) dias, ad referendum do Conselho Federal
de Psicologia;
e) Cassação do exercício profissional, ad referendum do Conselho Federal de Psicologia.
O Conselho Federal de Psicologia é a instância em que tanto o profissional quanto o denunciante
podem recorrer em caso de discordância das decisões do julgamento.

As normas que regem os processos disciplinares estão previstas na Resolução CFP n.º 006/2007
que institui o Código de Processamento Disciplinar – CPD.

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