O documento apresenta os principais conceitos da teoria da narrativa de Gerard Genette, incluindo: 1) A distinção entre diegese (mundo da narrativa), história (conteúdo narrativo) e narrativa (texto em si); 2) Os tipos de narradores (homodiegético e heterodiegético); 3) As personagens (protagonista, personagens secundárias e personagens planas versus redondas).
O documento apresenta os principais conceitos da teoria da narrativa de Gerard Genette, incluindo: 1) A distinção entre diegese (mundo da narrativa), história (conteúdo narrativo) e narrativa (texto em si); 2) Os tipos de narradores (homodiegético e heterodiegético); 3) As personagens (protagonista, personagens secundárias e personagens planas versus redondas).
O documento apresenta os principais conceitos da teoria da narrativa de Gerard Genette, incluindo: 1) A distinção entre diegese (mundo da narrativa), história (conteúdo narrativo) e narrativa (texto em si); 2) Os tipos de narradores (homodiegético e heterodiegético); 3) As personagens (protagonista, personagens secundárias e personagens planas versus redondas).
O documento apresenta os principais conceitos da teoria da narrativa de Gerard Genette, incluindo: 1) A distinção entre diegese (mundo da narrativa), história (conteúdo narrativo) e narrativa (texto em si); 2) Os tipos de narradores (homodiegético e heterodiegético); 3) As personagens (protagonista, personagens secundárias e personagens planas versus redondas).
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Narratologia: Teoria da narrativa
Mtodos de anlise da narrativa
1-Segundo Gerard Genette a-Terminologia Diegese (do grego: diegesis = narrativa): o aspecto narrativo do discurso; nesse sentido a noo aproxima-se dos conceitos de ist!ria e de narrativa" #ist!ria: o signi$icado ou conte%do narrativo& mesmo 'ue este conte%do se(a de $raca intensidade dram)tica" *arrativa: propriamente dita& o signi$icante& o enunciado& o pr!prio texto narrativo& a sucesso de acontecimentos& reais ou $ict+cios 'ue so o,(eto do enunciado narrativo e suas diversas rela-es de encadeamento de oposio& de repeti-es; etc" *arrao: o ato narrativo produtor ( p"ex" .s acontecimentos narrados na narrativa 'ue constitui /01 2rocura do tempo perdido: o ato de 3arcel 2roust (narrao) de narrar& produ4 uma narrativa" (3arcel 5 er!i e narrador)" 2ortanto& Diegese 5 o mundo de$inido e representado pela narrao& o con(unto dos signi$icados 'ue so considerados como re$erindo-se a coisas existentes" 6la ad'uire exist7ncia atrav5s de um narrador" 0 diegese de um romance nunca ser) igual a diegese de um $ilme extra+do deste romance" Gerard Genette cama de diegese 8 ist!ria& 8 narrativa propriamente dita& o texto narrativo em si mesmo (= ist!ria 9 narrativa)" Foco narrativo *arrador e narrat)rio 6ntre as personagens de um romance& ) duas 'ue se particulari4am pela $uno espec+$ica 'ue desempenam no processo narrativo: o narrador e o narrat)rio" . narrador ('uem conta a ist!ria)& no deve ser con$undido & na sua nature4a e na sua $uno com o autor& pois o narrador 5 uma criatura $ict+cia como 'ual'uer outra personagem" 0 inst:ncia narrativa pode situar-se $undamentalmente em dois n+veis narrativos ,em distintos: pode ser uma inst:ncia narrativa de 1;grau; ou pode ser uma inst:ncia narrativa de <;grau& introdu4ida por outra inst:ncia narrativa e situada dentro de uma narrativa prim)ria" (6x: 0 ilustre casa de =amires)" #) romances em 'ue o narrador no est) concretamente representado" "6x: . 2rimo >as+lio de 6a de ?ueir!s" Genette cama de HETERODIEGTICO a este tipo de narrador ausente da ist!ria narrada (narrador em @A pessoa)" *outros romances& pelo contr)rio& o narrador est) presente na ist!ria narrada& so, a $orma de um /eu1 'ue pode assumir caracter+sticas v)rias" Genette cama este narrador de HOMODIEGTICO& (em 1A pessoa)" . narrador omodieg5tico reveste $ormas diversas" 2ode ser este narrador& a personagem central do romance& como acontece em /0pario1 de Berg+lio Cerreira& ou o narrador (>entino) de Dom Dasmurro" *este caso o narrador ser) ATODIEGTICO" ?uando o narrador 5 uma personagem secund)ria& conece pessoalmente as personagens e com elas tem relao de conviv7ncia& sem 'ue vena a in$luenciar o curso dos acontecimentos ser) HOMODIEGTICO" (6x: 0 cidade e as serras de 6a de ?ueir!s)" Narratrio: constitui o receptor do texto narrativo& a'uela $igura $iccional a 'uem se dirige o emissorE narrador" O narratrio e!tradiegtico pode permanecer invis+vel e pode no ser mencionado& denunciado pelos esclarecimentos 'ue o narrador concede acerca de uma personagem& acontecimento& etc" . narrat)rio extradieg5tico pode ser mencionado pelo narrador 'ue o invoca& esclarece (6x: /6u& leitor amigo& aceito a teoria do meu velo 3arcolino"""1 Dom Dasmurro"/ 6m verdade les digo& meus sens+veis leitores& 'ue eu dese(ava"""1 . ,em e o mal F Damilo Dastelo >ranco)" O narratrio intradiegtico apresenta o estatuto de uma personagem concreta& mais ou menos importante na intriga& podendo desempenar apenas a $uno espec+$ica de narrat)rio (ouvido) ou acumular esta $uno com a de interveniente na intriga do romance (2aulo e Birg+nia de >ernardin de Saint 2ierre)" "ersonagens 0s personagens de um romance compreendem um er!i (protagonista& personagem principal) e os comparsas (personagens secund)rios)" . conceito de er!i& modernamente 5 a personagem so,re 'uem recai a maior carga dram)tica" 0lgumas ve4es& o er!i 5 $acilmente identi$ic)vel logo pelo t+tulo da o,ra: Gerter& Huc+ola& etc" .utras ve4es& torna-se menos $)cil identi$icar o er!i& por'ue a sua identi$icao pode variar segundo as leituras plurais 'ue o texto narrativo permita" Dependendo da situao o er!i assume o estatuto de um anti- er!i (er!i picaresco)" 6m certos romances a personagem central 5 um indiv+duo& um omem ou uma muler de 'uem o romancista narra as aventuras& a $ormao e as aventuras amorosas& os con$litos e as desilus-es& a vida e a morte (6x: 3adame >ovarI de Clau,ert)" 6m o,ras como os 3aias& a verdadeira personagem nuclear 5 uma $am+lia& considerada na sua ascenso& trans$ormao e declin+o atrav5s das gera-es F 0s Binas da ira de Stein,ecJ& a personagem $undamental 5 a legio de omens das regi-es secas e po,res do sul dos 6stados Knidos& 'ue emigram em ,usca de terra $5rtil e da a,und:ncia (em,ora esta legio de deserdados este(a representada pela $am+lia Load)& isto 5 er!i coletivo" *outros romances& a personagem ,)sica nem 5 um indiv+duo& nem um grupo social& mas uma cidade" *este caso& uma cidade no 5 s! o 'uadro em 'ue decorre a intriga& mas constitui com o seu pitoresco& os seus contrastes& os seus segredos& etc& o pr!prio assunto do romance (6x: *ossa Senora de 2aris F 2aris 5 a personagem)& Salam,M de Clau,ert 5 o romance de uma cidade de uma esplendorosa e ,)r,ara cidade morta F Dartago" .utras ve4es& a personagem principal de um romance identi$ica-se com um elemento $+sico ou com uma realidade sociol!gica& 8 'ual se encontram intimamente vinculadas ou su,(ugadas as personagens individuais" . Dortio de 0lo+sio de 04evedo 5 o romance 'ue al,erga& nas )reas marginais do =io de Laneiro& os prolet)rios desprotegidos" . nome 5 um elemento importante na caracteri4ao da personagem" Cunciona $re'uentemente como um ind+cio& como se a relao entre o signi$icante (nome) e o signi$icado (conte%do psicol!gico& ideol!gico& etc) $osse motivada" Co#o as $ersonagens se a$resenta#% Corster distingue as personagens romanescas em duas esp5cies $undamentais: as $ersonagens $lanas &o' desen(adas) e as $ersonagens redondas &o' #odeladas)* As $ersonagens $lanas so de$inidas linearmente& no t7m pro$undidade ps+'uica& apenas por um trao& por um elemento caracter+stico ,)sico 'ue as acompana durante toda a o,ra" . conseleiro 0c)cio (. 2rimo >as+lio) 5 uma personagem plana" 0 personagem plana no altera o seu comportamento no decurso do romance e& por isso& nenum ato ou reao da sua parte podem surpreender o leitor" So tipos& ou melor& a personagem plana 5 'uase sempre personagem F tipo" As $ersonagens redondas possuem uma complexidade muito acentuada e o romancista tem de les consagrar uma ateno vigilante& es$orando-se por caracteri4)-las so, diversos aspectos" 0o contr)rio das personagens planas 'ue t7m um trao %nico& as redondas possuem uma multiplicidade de traos: densas& enigm)ticas& contradit!rias& re,eldes& mudam seu comportamento& so ,oas e ruins" Devido a sua complexidade& o leitor $ica surpreso com as suas rea-es perante os acontecimentos" TEM"O" 0 diegese 5 inconce,+vel $ora do $luxo do tempo" . tempo da diegese est) delimitado e caracteri4ado por indica-es estritamente cronol!gicas relativas ao calend)rio do ano civil F anos& meses& dias& oras F (0os vinte e um de maro de mil oitocentos e cin'Nenta e seis& pelas on4e oras e meia da noite& $e4 (ustamente 'uarenta e sete anos 'ue o Sr" Loo 0ntunes da 3ota """ D"D">ranco)& por in$orma-es ligada ainda a este calend)rio (ritmo das esta-es& etc")" . tempo dieg5tico pode ser muito extenso (pegando gera-es da mesma $am+lia) ou relativamente curto" ?uer se(a extenso& 'uer se(a curto& 5 poss+vel& em geral& medir o tempo dieg5tico (p)g" <O@ F T" Hit" de Bictor 3anuel)" 2elo Dontr)rio& o tempo da narrativa ou do discurso& 5 de di$+cil medio" *o se pode medir este tempo por meio da paginao& pois a p)gina 5 uma unidade vari)vel& em $uno da manca tipogr)$ica e em $uno do tipo de letra& a p)gina pode apresentar espaos em ,ranco" 2oder-se-) $a4er coincidir o tempo da narrativa com o tempo 'ue 5 necess)rio para a sua leituraP . tempo exigido pela leitura de um texto depende da velocidade de leitura 'ue se modi$ica de leitor para leitor e nem se'uer 5 constante no mesmo leitor" . 'ue existe 5 uma di$erena de ordem entre o tempo da diegese e o tempo do discurso& isto 5& desencontros entre a ordem dos acontecimentos no plano da diegese (ist!ria) e a ordem por 'ue aparecem narrados no discurso" 0 estes desencontros Genette cama de ANACRONIA+: ,In media res1: o comeo do discurso corresponde a um momento () adiantado da diegese& o,rigando tal t5cnica& como 5 !,vio& a narrar depois no discurso o 'ue acontecera antes na diegese" (6x: 0legria >reve de Berg+lio Cerreira)" ,In ultima res1: as p)ginas iniciais narram& eventualmente com ligeiras modula-es& a situao com 'ue se encerra a sintagm)tica dieg5tica" (6x: romance policial)" 6ste tipo de romance in$orma logo o leitor do destino $inal da personagem" Tanto o in+cio da narrativa ,in mdia res1 como /in ultima res1 a,riga os antecedentes dieg5ticos dos epis!dios e das situa-es 'ue $iguram na a,ertura do romance" 0 esta esp5cie de anacronias& constitu+das por recuos no tempo& da-se em geral a designao de $las-,acJ 'ue para Genette 5 anale$se" (6x: p)gina <OQ F T" Hit" Bictor 3anuel)" 0 anacronia pode consistir por5m uma antecipao& no plano do discurso& de um $ato ou de uma situao 'ue em o,edi7ncia 8 cronologia dieg5tica& s! deviam ser narrados mais tarde" 0 $role$se 5 menos $re'Nente 'ue a analepse" . romance 'ue mais $)cil acole prolepses 5 o romance do narrador autodieg5tico" A-CANCE. AM"-ITDE Kma anacronia pode levar a um passado ou a um $uturo mais ou menos distante do momento /presente1& 'uer di4er do momento da ist!ria em 'ue a narrativa 5 interrompida para le dar lugar" 0 esta dist:ncia temporal Genette cama de alcance (port5e)" 2ode tam,5m co,rir uma durao da ist!ria mais ou menos longa: amplitude (ex: na .diss5ia #omero evoca (analepse) as circunst:ncias em 'ue Klisses& adolescente& rece,e um $erimento cu(a cicatri4 ainda tem no momento em 'ue 6uricl5ia se apressa a le lavar os p5s" 6sta analepse& 'ue ocupa os versos @OR 8 RQQ& tem um alcance (port5e) de muitas de4enas de anos e uma amplitude de alguns dias" D'ra/0o: (dur5e) tempo de durao da ist!ria ( dois anos& dias& etc""")" 0 coincid7ncia per$eita entre a durao da diegese e do discurso cama-se I+OCRONIA" 0contece 'uando o discurso reprodu4 $ielmente sem 'ual'uer interveno do narrador& um di)logo da diegese" 6x: o narrador comenta: /6ste di)logo 'ue perece estirado& correu em menos de 'uatro minutos1 (agula no paleiro de D"D" >ranco)" ?ual'uer leitor 'ue leia em vo4 alta& sem pressa nem demora& o citado di)logo e registre o tempo de sua leitura& veri$icar) 'ue esta dura pouco mais de tr7s minutos& coincidindo portanto esta durao com a temporalidade dieg5tica indicada pelo narrador" ?uando no coincidem o tempo dieg5tico e o tempo do discurso& temos ANI+OCRONIA+& isto 5& 'uando no coincide a durao da leitura e a durao dos acontecimentos" . narrador pode relatar velo4mente& atrav5s de $ragmentos do discurso (Genette cama de resumos)& acontecimentos dieg5ticos ocorridos em longos per+odos de tempo" 6x: /6 esse ano passou" Gente nasceu& gente morreu" Searas amadureceram& arvoredos murcaram" .utros anos passaram" =esumos so anisocronias" 6lipses so anisocronias resultantes do $ato de o narrador excluir do discursos determinados acontecimentos dieg5ticos& dando assim origem a mais ou menos extensos va4ios narrativos" 0 elipse 5 um processo $undamental da t5cnica narrativa& pois nenum narrador pode relatar com estrita $idelidade todos os pormenores da diegese" 2or ve4es o narrador in$orma o leitor de 'ue eliminou da narrativa um certo n%mero de $atos& outras ve4es& a elipse no 5 assinalada" 0s anisocronias podem resultar& por5m& do $ato de a uma temporalidade dieg5tica curta corresponder uma temporalidade narrativa longa" (6x: descri-es& digress-es)" 2or ve4es a um tempo o,(etivo escasso corresponde um tempo psicol!gico& existencial& ,astante dilatado" 0 extenso do tempo psicol!gico gera a extenso do discurso"