O Santíssimo Sacramento - Padre Federico Guillermo Faber PDF
O Santíssimo Sacramento - Padre Federico Guillermo Faber PDF
O Santíssimo Sacramento - Padre Federico Guillermo Faber PDF
ou
As obras e vias de Deus
BIBLIOTH ECA'ASCTICA
EDITADA PELOS PP. FRANCISCANOS
Serie A
TWOGRPH DAS VOZES DE PETROPOL1S
' \ PETROPOL1S \ :
i Santissimo Sacramento
ou
As obras e vias de Deus
POR
Frederick William Faber
Traduco do inglez
pelo
Dr. E. de Brros Pimeiltel
. 1929
Typographia >4as Vozes de Petropolis
Ptrplis
tttipfifflur
Por commisso especial do Exmo. e Revmo. Sr.
Bispo de Nictheroy,: D. Jos Pereira Alves.
Peropois, 2 de Janeiro de 1929.
Frei Donato Biicker; O. F. M.
^5o carssimo J^ae
John He^fy
aguem, por misericrdia de Deus7, eu devo a
na Egreja, o fa6io de p. ]Krancisco e mifo
.mais que o amor sa6e e de gue se alimenfa,
posfo ^ue palavras no o possam exprimir, mas.
que averd de;Ve mosrar no ulimo dia.
Londres, Festa da Purificao, setimo anniversario
do Ontorio cia Inglaterra, 1855,
Prefacio
Este Tratado uma tentativa para Vulga
rizao de algumas noes da Sciencia Theologi-
c, a exemplo do que ha sido feito para outras
sciencias, como Astronomia, Geologia e outras.
....AI terius sic
Altera poscit opem, res et conjurat amice.
: ., . ' r : ' ' - ' ' ,
i- No foi facil a tarefa. Aquelles que esto
habituados s numerosasdefinies e abundantes
autoridades que se nos de pairam nos Tratados so
bre a Incarnao e a Graa, encontraro neste
Tratado sobre a Eucharistia uma regio de aspecto
de todo dijferente, onde lhes faltar o soccorro
das autoridades, cabendo-lhes, portanto,, haver-s
por si rriesmos. A razo evidente. A heresia-
quanto Santa Eucharistia, no se tein limitado
seno a negaes, esquvando-se aos falsos ensina
mentos, quas expendem sobre a Graa e a In
carnao. ./
. ' ,Sendo o objecto deste Tratado menos a
controvrsia do que a piedadeno entrari em
discuses a respeito das concluses, que alcancei;
e nem accumulafei nestas paginas citaes ou
referencias s obras de erudio. Escolhi entre
as opinies das /escolas, no avancei, ao qUe
me parece, nada que no tenha fundamento em
autores approvados; mas ao mesmo tempo>cum
pre notar qu, na preferencia dada a alguma opi
nio, no' me animei a lanar censuras sobre qual-
quer, assim procedendo com a Egreja que deixa
Miiacto e livre tal e tal modo de pensar, no
contrario ao seu ensino fundamental.
Se me censurar pr ter<escripto sobre um
assumpto f tratado por muitos, direi, para de
fesa prpria com a autoridade de S. Agostinho:
Utile est plures a pluribus fiere libros, diverso sty-
lg, non diversa fide, etiam de quaestioriibus . eis-
dem^ ut ad plurimos res ipsa perveniart, ad alis
sic, ad alios autem sic.
Submetto com temor o meu trabalho ao,
publico e com plena submisso aos meus supe
riores. O meu desejo foi depr aos ps do San-
lissimo Sacramento uma humilde homenagem pelo
dom dia' f neste mysterio sublime; dom que me
foi concedido, apezar da minha indignidade, por
effeito da misericrdia e amor de Deus; dom
que para mini. a luz da vida, fonte de abundante
alegria e de to inequvoca segurana que para o
possuir o quer que eu perdesse, sria inestimvel
lucro. , t;
F W. FBER
; , . (Padre dp Oratorio.)
Londres, Festa de ;S.. Thinaz de anterbury, 1854.
O TRIUMPHO
Jesus, velado no seu grande mysterio de
amor, qual nol-o offerecem os nossos Sacerdotes;
habitando os nossos altares e>inteiramente feito
para. as nossas almas: eis a sagrada e veneranda
verdade que temos que estudar. .
A sapincia dos cherubins no dado son
dar as profundezas i mysteriss de ^o;' adoravel,
sacramento; ; assimu como ; tambem aos Serafins,
sem embargo; d>seu fervorosisgimo amor, nao
lhes dado louvarrdevidamente as aburidancias
de misericrdia, qe nele se encerram.
Entretanto, cumpre-nos, pois tal o iss
privilegio, perscrutar este mysterio, que e o nosso
/sacrificio de ca-da dia e nossa adorao perpetua.
' , E quanto mais o conhecermos, a mais e mais
recrescer o. amor que vtams ao nosso Dlectis-
simo Senhor; e para conhecer a Jsus um pouc
mais, afim de o amar um 'pco mais, seja em
bora este pouco sempre to pouco, no servir
esta vida, que vivemos, preo de tantas tristezas
e. tribulaes? A Santa MdrelEgreja extende-nos a
mo; para ajudar-nos a atravessar estas mysterio s.as
regies da Verdade Divina. Ao longo do caminho
postar os . Santos Doutores, que sero como ou-
\tro.s tantos Anjos da Guarda, impedindo qe nos
deser caminhemos e suggerindo-nos os pensamen
to s_ que deveremos pensar e as palavras aeftadas
que deverefrios' dizer, ao mesmo tempo que Ella
mesma, mediante tocantes ceremnias e muitas
regras'sabiafe e profundas, nos infundir a flux o>
sagrado temor, o reverente terror que convm aos
que estudam to profundos mysterios. ; , .
A voz do seu grande filho, Santo Thomaz
de Aquin, ainda' vibra nos seus Officios, ora
desvendando-nos numa s antiphona vastos abys-
mos das Escripturas, ora associando em hymnos :
quasi sobrenaturaes o rigor do dogma a uma me-;
lodiosa suavidade, mais semelhante a cos dos:
cos de que a simples poeira terrestre. Jesus ve~
lado! prostremo^nois perante Elle, adorando-o coim'
respeitoso terror, emquanto nossa Me nos est a
ensinar quanto Elle bello, bondoso, brando e
nos est perto. Se pensarmos conhecel-o, apenas
o conheceremos pela metade; si d^Elle faliarmos,
balbuciaremos como creanas; e abrasem-nos os
coraes de amor por Elle, estaro,frios em com
parao do amor que lhe devido.
Supponhamo-nos no dia da festa do Corpus-
Christi. <Logo peja manh, levantamo-nos com pen-:
sarnentos jubilosos e exaltados: ha animao em
tudo o que'nos crca; sentimo-nos bem dispostos, ,
ainda que no estejamos bem de *sade; affigura-
se-nos o sol brilhando, embora o tempo esteja
nublado. Mas no tarda que nos sintamos con
trariados, aborrecidos com o espectculo da nossa
querida terra entregue toda aos afanosos labores
do trafico commercial moderno. Sentimos. haver
nisso algo de desacertado e inharmonico. ^
Coitada de Londres! Si conhecesse Deus e
guardasse os dias santos consagrados a Deus* ''%
quanto nc haveria de se regosijar em taes dias, i '
deixando' soltos das cadeias do trabalho os in-
numeros escravos de Mammon, e daria largas a.
toda a alegria, como a das creanas, pelo motivo '
de estar se celebrando um mysterio que : o
triumpho da F sobre os sentido,s, do espirito
sobre a .matria, da Egreja sobre o mundo. Ma,s ; |
por outro lad esta contrariedade faz-nos sensvel
coim maior affectuosidade o dom da F e a con
scincia da nossa indignidade, pois verdadeiro
milagre termos sido escolhidos por' Deus para
recebermos to magriifico dom. 1 .
O su a vis sim o S acr arnent de amo r, ns a
Ti pertencemos, pois s nosso proprio amor
vivo. E^ a nossa fonte de vida, porqe eim Ti
est a inresma Vida Divina, iricommensuravl, com
passiva e eterna. Hoja e o Teu dia, durante o qual
no poder haver um s pnSafnnto, Uma s es
perana, um s desejo que no seja em tua in
teno. ;
Agora, a primeira coisa qe nos cumpre fa
zer, recolher dentro em ns o espirito da Festa.
Uma vez que isto seja feito, poderemos nt
sondar at certa profundidade este salutar myste
rio. Demais, toda a theologia do grande dogma,
da Eucharistia nada menos que uma musica anh
gelica.para ser ouvida pelos ouvidos dos mortaes,
e affeitas que sejam a ella as, nossas ataas, po
deremos ento comprehender os seus suaves se
gredos que venham a se revelar aos nossos espi-'
ritos deliciados. Caldern diz muito hem que aquel
le que neste grande di d Deus puder coiservr-
se em juizo, estar ria realidade f,ra de si:
'Que eti el grah dia yde Dios, qiiien tio
est loco, n es cardoh :
Eis a voz vinda de terra da-F. Mas cum
pre-nos ir mais adiante para apprehender O' espiri
to da Festa. Representem-nos -como sobre um"
mappa todo o aspecto que aos. olhos de Dus olf-
ferece a Egreja. v
A nossa grande cidade est aturdida com o
sett proprio rumr; nada ouve. Est offuscada pelo
seu proprio esplendrv nada v. Nao cuidemos
delia; devemos esquecei-a; sria : isso com tris
teza s se tratasse de qualquer outro dia que no. -
'' 7^'^-?" ' ' " ' *:
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'. . . . . . . - . < : ; . i- . - ' '- , - i ;, f,- > ,:
' -fV : '. - ' -'.: '- '! ' ~-
este; mas hoje*. porque o dia de hoje, no j ^
. setio. com absoluta iidifferen. , , \ v .Jj
Oh! que alegria ' a desta immensa ,gloria/ ,j
que a Egreja neste di eleva a Deus; em verda-, >;
de como se o mundo ainda no, tivesse saffrir 1
do a queda. Estamos a pensar, e emquanto pen-
samos, os nossos pensamentos so como outrasi
tantas vagas que se succedem, enchendo as almas .
com a plenitude do deleite das milhares - de mis-,'
i sas que se esto rezando ou cantando por toda . a. 'r .
parte do mundo, al ando-se todas numa . s nota i , ;
Mde venturosd acclamao das creaturas agradecendo
Majestade do no:sso Misericordioso Creador,
Quantas esplendorosas procisses, com os <
seus estandartes rebrilhando ao sol, esto agora * y i
proseguindo em seu caminho pelas praas' ds : y
opulentas cidades, pelas ruas jncadas de flores V x
das aldeias christs, pelos antigos claustros da glo
riosa Cathedral e pelos pateos dos seminrios*,r''- j
: asylos de piedade. Neste concurso de povos, as , ,
diversas cores de face e as differns de lingua- (
gem so somente Noutros tantos / signaes cia uni- , .
dade da F, que todos professam alvoroadamen- - >|
te^pel. voz d magnfico ritual de Roma. Sobre
quantos altares de variada architectura, ornados 3
de flores, e luzes, entre nuvens de incenso, ao som '..5
, ds cantos Sagrds, em presena de milhares de .. J
fiis prostrado^ e recolhidos, se elva Santissimo ' :yj
Sacramento, erguido para adorao dos fiis, Ott
descido para abenoal-os! Quantos ineffaveis actos
de. f e amor- e triumpho e 'reparao,, ahi s ^
. nao representam em cada uma dessas coisas! Por
td ; o mndo, no tempo de vero, a voz ds,
&itic<?s\'.e^Cfie-uOS.,.'.ares. Os jardins so despoja-,
V dos das suas mais bellas flres para serem lan
adas aos ps de Deus /Sacramentado. Os cam-
panarios vibram com 0 badalar dos sinos; os
canhes estrondam nos desfiladeiros dos Andes
e dos. Apenninos, . as cores das vistosas flammulas
hasteadas nos navios salpicam, o mar dos portos;
a pimpa dos exercitos reaes ou, republicanos
suda ao Rei dos Reis. O papa no seu thro-nQi e
a menina de escola na sua aldeia; a freira na sua
clausura e o eremita em- seu retiro; bispos e
dignitrios e pregadores e reis e prncipes ;se
absorvem hoje no pensamento do SS, Sacramen
to.' Illuminam-s .as cidades; as habitaes esto
alvoroadas e alegres. To abundante de alegria
que os homens se regosijam sem saberem porque
e a sua alegria transborda sobre os coraes tris
tes e sobre os pobres, os presos, os errantes, so
bre os orphaos e os nostlgicos saudosos da sua
patria. Todos os milhes de almas que pertencem
famlia reail e linhagem espiritual de S. Pedro,
esto empenhadas mais ou menos com o Santssi
mo Sacramento. E assim toda a Egreja Militante
est vibrando de emoo, qual a agitao ondulan
te do vasto mar. Os peccados como que so esr
. queridos; at as lagrimas so antes de. arroubo;
do que de penitencia. E? como o prijneiro dia da ,
alma entrada no co; ou como se a mesiija, terra
' se transformasse em co,, o que bem poderia acon
tecer, merc da pura alegria !q Santissimo Sacra-
mento. ,, ., , . s;-,;
Mas tudo isto: representa e revela: um mundo
interior de profunda adorao e provas innuMera^
veii das operaes 'sobrenaturaes o Esprito San-
i to e da exuberanteactividade e inextinguivel
l energia do preciasO' sangue. Um s: acto- sobrenati-
raL causa mais alegria Deus do que lhe causam
dor mil peccados odiosos] pois o perfume de, Chris^
to, a unco da sua Graa e. apurpura do; sen-
sangue se reunem neste s acto assellado pefos
seus divinos merecimentos. A Graa se torna mais
activa na proximidade das grandes festas e os,
primeiros preparativos destas; chamam muitas al
mas para se ajoelharem aos jps dos seus mdicos-
espirituaes. Milhares que hntm se achavam em'
estado de peccado* agora p-r amor de Jesus vem
o j s o I de hoje illumlnando-lhes a penitencia; e por
c&d&^iii qdells^se - rgsij! os Anjos 'm&is. &
<ju*dse*i pela 'Creao <$e ;iit-^nmk<b^novo:: M-
l&are& preparararft-se praCmmunho, e a me,
ios fervorosa 'a deli as fez para. aDeus alguma coi-1
sa quei&em^a festa moa teria feito. Estas me.s^
mas: altfa r^ebetam a communho, e 'pensae .em-*
to no*-qreyJ:'ss operou hells,. eom ellas e par.
eM;4$'.<^mquantoi durou a;'I unio ^-Sacramental! Es
tas. almas fizeram sua j aco de graas ; e que .
coto de louvores nov subiu ao Co/! Quantas pes
soas de idade: avanada se no =acharo, a tarde;,1
menos mundanas do. ^de o eram pela manh des
te dia! Em quantas: almas; infantis a f no tem1
suscifd rebttts uyigorosos;:flejdvei.s^eT chios de
sewa. Uni dia s. fez mais:.que um anno inteiro*
de crsimenta^^e :qunia blleza^ha m.: contempla*
o daif v)que desabtecha ria alm de uma *erean-
a; com ~a gloriosa o promessa de. ? inaW mssier
parara; eternidade:^-. ' : ii ;,p .
y,h r-iiE -que direi destas maiores profundez*
s -almas interiormente mortificads ! - Quem jcrr
q% simples exerccio da f, -Ho fllando dd.
caridade, seja algo de to profiid, de to ele*
vadp e sublime, de to intima unio ^com :Jest!(s/ f
Qhristo que nos^ christos : vulgares, no.-: pode
remos comprehender.: ; : v
-v.sc Biquaritost verdadeiros vchristos santos, des
ses xjuen merecero^lser elevados para cima dos
altaresrda Egreja,. no for^m tomados de arroubo,
de lextases,;em: ;communho sobrenatural;;com Deus,
neste dia, sob a poderosa influencia deste myste
rio que lhes; infundia ;n*alma to nova vida. Do
silncio. dos claustros, sobem neste .dia ao . o>
o s, su aves perf um es) que se exhalam dos coraes
dos mysticbs dsposados de. Jesus: actos de f
pra cpriseguirrse i oriverso. dos gentios; actos de,
amor pela expiao de um oceano de blasphemias
e>.mundos de sacrilgios, actos .de unio,. que re\
foram e vigoram a iEgreja .e acceleram os .pu
dos nas regies remotas. e^affastadas' ;das: cellas;
,Mv/'v~" ' C-v1/" ' ? ''!r '* '.'.'V v </:
* :Vk .- /-V ' ,r -
actos que se consummam na solido, por raes,
e em austero .recolhimento.
Quem poder contar as vocaes iniciadas
ou completadas hoje; s converses suscitadas e
effectuadas hoje; o primeiro golpe dado a algum
acto peccamirioso ou decisivo esforo para tma re
soluo devota; os peccados perdoados e os pror
positos de peccado abandonados, os leitos de mo(n-
te consolados ou as almas livradas do purgatorio-,
tudo isso mediante a vivida caridade da trra?
Um vasto, rumoroso e populoso imprio
de actos- interiores se extende hoje aos olhos de
-Deus; imprio to bello, to glorioso, to religio
so, to digno de acolhimento, que a' festa exterior
no passa de infima exprssao da festa-interior no
mundo espiritual.
Que tudo isso, seno triumpho, o triumpho
de nosso Senhor invisiyl.
PRIMEIRO LIVRO
O Santissimo Sacramento, a maior
obra de Deus.
. .v SECO 1.
As leis das obras divinas.
Uma imagem de Deus/ no a podemos fi
gurar. No sabemos como reprsentarmo-ns, me
diante imagens, ou formas sensiveisy a eternidade
u a omnipcrtencia. Affigurrmo-nos Des por taes
meios, seria incorrermos em lamentavel erro.
Entretanto, mitissimo importa :; yida^espi
ritual tenhamos de Deus uma ida clara, embora
to smente nos altssimos p ramos da unio
mystica .com Deus seja possvel contemplado: n
-obscuridade, entre nuvens e sombras e, assini*
' obter-se alguma satisf aco- e quietude. Mas, po
demos evocar a .imagem divin- com bastante cla
reza, denegando-lhe qialqur imperfeio . conce
bvel ou, por outra, attribmndo-lhe em elevads
simo gro toda a perfeio que possamos con-.
ceber. r-E aos que se habituaram *meditao e
se .f amiliarizaram com s obras e mysterios divinos
podero- por outro modo formar: siia ida de
Deus. Uma vez que se forme* um 'imagem de
Deus tao perfeita quanto possivl e se a exami
narmos parte por parte par saber como seja
composta, haveremos de verificar que nove mys-
terios nella se contm: quatro, existentes em Deus
mesmo e cinco que lhe so. extrinsecos.
Os .quatro primeiros mysterios ingenitos so:
a Inascibilidade, a Gerao, a Processo e a Uni-'
dade, pelas quaes exprimimos a doutrina das Tres-'
Pessoas e um : s Deus- - . .
Os cinco outros mysterios so: a Creao, a
Incarnao, >a Justificao, a Glorifica o e a ^
Transubstanciao. , , ;;
No se acredite, porm, que tal imagem
seja adequada representao de. Deus ou seja;
perfeita> alm da perfeio relativa a ns mes-;
mos.O Altssimo tem attributos, aps quaes no
sabemos dar denominao, e que so de insondavel
perfeio de modo a ser-nos impossvel dellas
formar ida. Tem Elle summidades de belleza
e gloria, das quaes, se cahssem sombras, estas
se projectariam para muito alm deste mundo ou,
antes, de toda a finita Creao. Para com Deus
no ha motivo de deleitoso amor e de intensa
alegria, o qual seja )to puro e simples, como o
de ser Elle , mesmo incomprehensivel e bello. e
glorioso, superiormente a tudo quanto possa a
intelligencia dos Anjos ideiar: Mas a imagem de
Deus,' que nos1referimos, perfeita, no sentido,
d^ abranger tudo O' que delle concebemos, tudo
o que delle conhecemos, tudo o que Elle nost
disse de si e tudo o que nos necessrio! para
prestar-lhe consciencioso amor e profunda ado
rao, alm de, que encerra em si a historia-d-as'
obras de Deus^ donde transbordam motivos para
a mais piofunda reverencia e para o mais tern
amor.
Por or,: no tratamos dos quatro primei
ros mysterios, dos que existem em Deus e que '
exprimem a doutrin da Santssima e Indivisvel -
Trindade, Prpome-ns tratar daquelles ,que a San
tssima Trindade prmittiu se realizassem fra dl-
l.' Destes cinco grandes mysterios; que: sO' como
coroas de todos os outros, a Creao, a Incarria^