Meditação
Meditação
Meditação
I. AVE, MARIS STELLA, / Dei Mater alma, / atque semper Virgo, / felix caeli
porta. “Ave, estrela do mar, / Mãe santa de Deus, / e sempre Virgem, / feliz
porta do Céu”1.
Ianua caeli, Porta do Céu, assim a temos invocado tantas vezes na ladainha
do terço. Maria é a entrada e o acesso a Deus, é a Porta oriental do Templo2
de que fala o Profeta, porque por Ela chegou-nos Jesus, o Sol da justiça. E é,
ao mesmo tempo, “a porta dourada do Céu pela qual confiamos entrar um dia
no descanso da eterna bem-aventurança”3. Por meio de Maria, sempre
encontramos Jesus.
A Virgem não é apenas a porta do Céu – Ianua caeli –, mas também uma
ajuda poderosíssima para que o alcancemos. Pois, “assumpta aos céus, não
abandonou esta missão salvífica, mas pela sua múltipla intercessão continua a
granjear-nos os dons da salvação eterna. Pela sua maternal caridade, cuida
dos irmãos do seu Filho que ainda peregrinam rodeados de perigos e
dificuldades, até que sejam conduzidos à Pátria bem-aventurada. Por isso, a
Santíssima Virgem Maria é invocada na Igreja sob os títulos de Advogada,
Auxiliadora, Socorro, Medianeira”7.
O título de Porta do Céu convém à Virgem pela sua íntima união com o seu
Filho e pela sua participação na plenitude de poder e de misericórdia que
deriva de Cristo, Nosso Senhor. Jesus Cristo é, por direito próprio e principal, o
caminho e a entrada para a glória, pois com a sua Paixão e Morte abriu-nos as
portas do Céu que antes estavam fechadas. Mas chamamos a Maria Porta do
Céu porque, com a sua intercessão omnipotente, nos proporciona os auxílios
necessários para alcançarmos as graças que Cristo nos mereceu e irmos até o
trono de Deus14, onde nos espera o nosso Pai.
Além disso, já que por essa porta celestial nos chegou Jesus, iremos a Ela
para encontrá-lo, pois “Maria é sempre o caminho que conduz a Cristo. Cada
encontro com Ela é necessariamente um encontro com o próprio Cristo. Que
outra coisa significa o contínuo recurso a Maria senão buscar nos seus braços,
n’Ela, por Ela e com Ela, o nosso Salvador, Jesus Cristo?”15 Sempre, como os
Magos em Belém, encontramos Jesus com Maria, sua Mãe16. Esta é a razão
por que já se disse em tantas ocasiões que a devoção à Virgem é sinal de
predestinação17. Ela cuida de que os seus filhos encontrem o caminho que leva
à casa do Pai. E se alguma vez nos desviamos, utilizará os seus recursos
poderosos para que retornemos ao bom caminho, e nos estenderá a mão para
que não nos desviemos novamente. E se caímos, levantar-nos-á; e arrumar-
nos-á uma vez mais para que estejamos apresentáveis na presença do seu
Filho.
Com esses pequenos actos de amor que lhe estamos oferecendo nestes
dias, não podemos nem sequer imaginar a chuva de graças que vem
derramando sobre cada um de nós, sobre as pessoas que pusemos sob os
seus cuidados e sobre toda a Igreja. “As mães não contabilizam os pormenores
de carinho que os seus filhos lhe demonstram; nada pensam ou medem com
critérios mesquinhos. Uma pequena manifestação de carinho, elas a saboreiam
como mel, e extravasam-se, concedendo muito mais do que recebem. Se
assim reagem as mães boas da terra, imaginai o que poderemos esperar da
Nossa Mãe Santa Maria”18. Não nos separemos d’Ela; não deixemos um só dia
de recorrer à sua protecção maternal.
(1) Hino Ave, Maris stella; (2) Ez 44, 1; (3) Bento XIV, Bula Gloriosae Dominae, 27-IX-1748; (4)
F. M. Moshner, Rosa mística, pág. 240; (5) cfr. Vita Fratris Leonis, em Analecta Franciscana,
III, I; (6) São Pio X, Enc. Ad diem illum, 2-II-1904; (7) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 62;
(8) São Bernardo, Sermão sobre as doze prerrogativas da B. Virgem Maria, em Suma Aurea,
VI, 996; (9) Santo Afonso Maria de Ligório, As glórias de Maria, I, 5, 7; (10) cfr. Jo 2, 11; (11)
João Paulo II, Enc. Redemptoris Mater, 25-III-1987, n. 26; (12) cfr. São Bernardo, Homilia na
Natividade da B. Virgem Maria, 3, 5; (13) Mt 7, 8; (14) cfr. Card. Gomá, Maria Santíssima, vol.
II, págs. 162-163; (15) Paulo VI, Enc. Mense Maio, 29-IV-1965; (16) cfr. Mt 2, 11; (17) cfr. Pio
XII, Enc. Mediator Dei, 20-II-1947; (18) S. Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 280.