Meditação

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NOVENA DA IMACULADA. 7 DE DEZEMBRO.

OITAVO DIA DA NOVENA

53. PORTA DO CÉU


– Por meio de Maria, sempre encontramos Jesus.

– A intercessão de Nossa Senhora.

– A devoção à Virgem, sinal de predestinação.

I. AVE, MARIS STELLA, / Dei Mater alma, / atque semper Virgo, / felix caeli
porta. “Ave, estrela do mar, / Mãe santa de Deus, / e sempre Virgem, / feliz
porta do Céu”1.

Ianua caeli, Porta do Céu, assim a temos invocado tantas vezes na ladainha
do terço. Maria é a entrada e o acesso a Deus, é a Porta oriental do Templo2
de que fala o Profeta, porque por Ela chegou-nos Jesus, o Sol da justiça. E é,
ao mesmo tempo, “a porta dourada do Céu pela qual confiamos entrar um dia
no descanso da eterna bem-aventurança”3. Por meio de Maria, sempre
encontramos Jesus.

Às vezes, os homens percorrem mil caminhos extraviados, procurando a


Deus com nostalgia; tentam chegar até Ele à força de braçadas, de
complicadas especulações, e esquecem essa entrada simples que é Maria,
“que nos conduz ao interior do Céu da convivência com Deus”4.

Conta-se de frei Leão, um leigo que acompanhava sempre São Francisco de


Assis, que, depois da morte do Santo, depositava todos os dias sobre o seu
túmulo um punhado de ervas e flores e meditava sobre as verdades eternas.
Certo dia, adormeceu e teve uma visão do dia do Juízo. Viu que se abria uma
janela no Céu e aparecia Jesus, o amável Juiz, acompanhado de São
Francisco. Fizeram descer uma escada vermelha, que tinha os degraus muito
espaçados, de tal maneira que era impossível subir por ela. Todos tentavam e
pouquíssimos conseguiam subir. Ao cabo de um certo tempo, e como subisse
da terra um grande clamor, abriu-se outra janela, à qual apareceram
novamente Jesus e São Francisco, mas com a Virgem ao lado do Senhor.
Lançaram outra escada, mas esta era branca e tinha os degraus mais juntos. E
todos, com imensa alegria, iam subindo. Quando alguém se sentia
especialmente fraco, Santa Maria animava-o chamando-o pelo nome e
enviando algum dos anjos que a serviam para que o ajudasse. E assim todos
foram subindo, um atrás do outro5. Não deixa de ser uma lenda piedosa, que
no entanto nos ensina uma verdade essencial e consoladora, conhecida desde
sempre pelo povo cristão: com a Virgem, a santidade e a salvação tornam-se
mais fáceis. Sem a Virgem, tudo se torna não só mais difícil, como talvez
impossível, pois Deus quis que Ela fosse “a dispensadora de todos os tesouros
que Jesus conquistou com o seu Sangue e a sua Morte”6.

A Virgem não é apenas a porta do Céu – Ianua caeli –, mas também uma
ajuda poderosíssima para que o alcancemos. Pois, “assumpta aos céus, não
abandonou esta missão salvífica, mas pela sua múltipla intercessão continua a
granjear-nos os dons da salvação eterna. Pela sua maternal caridade, cuida
dos irmãos do seu Filho que ainda peregrinam rodeados de perigos e
dificuldades, até que sejam conduzidos à Pátria bem-aventurada. Por isso, a
Santíssima Virgem Maria é invocada na Igreja sob os títulos de Advogada,
Auxiliadora, Socorro, Medianeira”7.

Por vontade divina, a Santíssima Virgem é a Medianeira perante o Mediador,


a quem está subordinada, como ensina São Bernardo8. Todas as graças nos
chegam através das mãos de Maria, de tal maneira que, como afirmam muitos
teólogos, Cristo não nos concede nada a não ser por meio de Nossa Senhora.
E Ela está sempre disposta a conceder-nos tudo o que lhe queiramos pedir e
possa ser útil à nossa salvação. Oxalá os nossos pedidos não sejam tímidos
durante esta Novena.

II. SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO afirma que Maria é a Porta do


Céu porque, da mesma forma que todas as graças e indultos que os reis
concedem passam pela porta do seu palácio, de igual modo nenhuma graça
desce do Céu à terra sem passar pelas mãos de Maria9.

Já na sua vida terrena, Nossa Senhora aparece como a dispensadora das


graças. Por Ela, Jesus santifica o Precursor quando a Virgem visita a sua prima
Isabel. Em Caná, a pedido de Maria, Jesus realiza o seu primeiro milagre,
convertendo a água em vinho; e é ali também, em consequência desse
milagre, que os discípulos do Senhor passam a crer nEle10. A Igreja começa o
seu caminho, através da história dos homens e dos povos, no dia de
Pentecostes, e “sabe-se que Maria está presente no começo desse caminho,
pois vemo-la no meio dos Apóstolos no Cenáculo de Jerusalém, «implorando
com as suas orações o dom do Espírito Santo»”11.

Pela sua intercessão, Maria alcança-nos e distribui-nos todas as graças,


mediante súplicas ao seu Filho que não podem cair no vazio. Esta intercessão
é ainda maior depois da sua Assunção ao Céu e depois de ter sido elevada em
dignidade acima dos anjos e dos arcanjos. A Virgem distribui-nos a água da
fonte, não toda de uma vez – afirma São Bernardo –, mas fazendo cair a graça
gota a gota sobre os nossos corações ressequidos, na medida da nossa
capacidade12. Ela conhece perfeitamente as nossas dificuldades e concede-
nos as graças de que necessitamos. Só a nossa má vontade pode impedir que
essas graças cheguem até à nossa alma.

Pelo conhecimento que possui das necessidades espirituais e materiais de


cada um dos seus filhos, Nossa Senhora, levada pela sua imensa caridade,
intercede constantemente por nós. E muito mais quando lhe dirigimos com
insistência as nossas súplicas. Noutros casos, porém, deixamos por completo
nas suas mãos a solução dos problemas que nos afligem, convencidos de que
Ela sabe melhor do que nós o que nos convém: “Minha Mãe... vês que
necessito disto e daquilo..., que este amigo, este irmão, este filho... estão longe
da casa paterna...” N’Ela se dão em plenitude as palavras de Jesus no
Evangelho: Todo aquele que pede, recebe; e aquele que busca, encontra; e a
quem bate, abrir-se-á13. Como pode Nossa Senhora deixar-nos à porta quando
lhe pedimos que no-la abra? Como não há-de socorrer-nos se nos vê tão
necessitados?

III. IANUA CAELI, ora pro eis..., ora pro me.

O título de Porta do Céu convém à Virgem pela sua íntima união com o seu
Filho e pela sua participação na plenitude de poder e de misericórdia que
deriva de Cristo, Nosso Senhor. Jesus Cristo é, por direito próprio e principal, o
caminho e a entrada para a glória, pois com a sua Paixão e Morte abriu-nos as
portas do Céu que antes estavam fechadas. Mas chamamos a Maria Porta do
Céu porque, com a sua intercessão omnipotente, nos proporciona os auxílios
necessários para alcançarmos as graças que Cristo nos mereceu e irmos até o
trono de Deus14, onde nos espera o nosso Pai.

Além disso, já que por essa porta celestial nos chegou Jesus, iremos a Ela
para encontrá-lo, pois “Maria é sempre o caminho que conduz a Cristo. Cada
encontro com Ela é necessariamente um encontro com o próprio Cristo. Que
outra coisa significa o contínuo recurso a Maria senão buscar nos seus braços,
n’Ela, por Ela e com Ela, o nosso Salvador, Jesus Cristo?”15 Sempre, como os
Magos em Belém, encontramos Jesus com Maria, sua Mãe16. Esta é a razão
por que já se disse em tantas ocasiões que a devoção à Virgem é sinal de
predestinação17. Ela cuida de que os seus filhos encontrem o caminho que leva
à casa do Pai. E se alguma vez nos desviamos, utilizará os seus recursos
poderosos para que retornemos ao bom caminho, e nos estenderá a mão para
que não nos desviemos novamente. E se caímos, levantar-nos-á; e arrumar-
nos-á uma vez mais para que estejamos apresentáveis na presença do seu
Filho.

A intercessão da Virgem é maior do que a de todos os santos juntos, pois os


outros santos nada obtêm sem Ela. A mediação dos santos depende da de
Maria, que é universal e sempre subordinada à do seu Filho. Além disso, as
graças que a Virgem nos obtém foram merecidas por Ela pela sua profunda
identificação com a Paixão e Morte de Cristo. Com a sua ajuda, entraremos na
casa do Pai.

Com esses pequenos actos de amor que lhe estamos oferecendo nestes
dias, não podemos nem sequer imaginar a chuva de graças que vem
derramando sobre cada um de nós, sobre as pessoas que pusemos sob os
seus cuidados e sobre toda a Igreja. “As mães não contabilizam os pormenores
de carinho que os seus filhos lhe demonstram; nada pensam ou medem com
critérios mesquinhos. Uma pequena manifestação de carinho, elas a saboreiam
como mel, e extravasam-se, concedendo muito mais do que recebem. Se
assim reagem as mães boas da terra, imaginai o que poderemos esperar da
Nossa Mãe Santa Maria”18. Não nos separemos d’Ela; não deixemos um só dia
de recorrer à sua protecção maternal.

(1) Hino Ave, Maris stella; (2) Ez 44, 1; (3) Bento XIV, Bula Gloriosae Dominae, 27-IX-1748; (4)
F. M. Moshner, Rosa mística, pág. 240; (5) cfr. Vita Fratris Leonis, em Analecta Franciscana,
III, I; (6) São Pio X, Enc. Ad diem illum, 2-II-1904; (7) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 62;
(8) São Bernardo, Sermão sobre as doze prerrogativas da B. Virgem Maria, em Suma Aurea,
VI, 996; (9) Santo Afonso Maria de Ligório, As glórias de Maria, I, 5, 7; (10) cfr. Jo 2, 11; (11)
João Paulo II, Enc. Redemptoris Mater, 25-III-1987, n. 26; (12) cfr. São Bernardo, Homilia na
Natividade da B. Virgem Maria, 3, 5; (13) Mt 7, 8; (14) cfr. Card. Gomá, Maria Santíssima, vol.
II, págs. 162-163; (15) Paulo VI, Enc. Mense Maio, 29-IV-1965; (16) cfr. Mt 2, 11; (17) cfr. Pio
XII, Enc. Mediator Dei, 20-II-1947; (18) S. Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 280.

(Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal AQUI)

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