O objetivo do livro, segundo a autora, é apresentar uma revisão das leituras tradicionais sobre o tema, a partir de pesquisas recentes que têm revelado o amplo leque de possibilidades de novas interpretações sobre as trajetórias de grupos e indivíduos indígenas.
O objetivo do livro, segundo a autora, é apresentar uma revisão das leituras tradicionais sobre o tema, a partir de pesquisas recentes que têm revelado o amplo leque de possibilidades de novas interpretações sobre as trajetórias de grupos e indivíduos indígenas.
O objetivo do livro, segundo a autora, é apresentar uma revisão das leituras tradicionais sobre o tema, a partir de pesquisas recentes que têm revelado o amplo leque de possibilidades de novas interpretações sobre as trajetórias de grupos e indivíduos indígenas.
O objetivo do livro, segundo a autora, é apresentar uma revisão das leituras tradicionais sobre o tema, a partir de pesquisas recentes que têm revelado o amplo leque de possibilidades de novas interpretações sobre as trajetórias de grupos e indivíduos indígenas.
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Resenha do livro :
ALMEIDA; Maria Regina Celestino de. Os ndios na histria do Brasil.
Rio de Janeiro; Editora FGV; 2010. pp. 167. Resenha por Edson Claiton Guedes1. Os ndios na histria do Brasil. A autoria do livro de Maria Regina Celestino de Almeida, professora do departamento de histria da universidade Federal Fluminense (UFF), mestre em histria pela mesma universidade, doutora em cincias sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e bolsista de produtividade do CNPq. tambm autora do livro Metamorfoses indgenas: identidade e cultura nas aldeias coloniais do Rio de Janeiro, trabalho que recebeu o prmio do Arquivo Nacional em 2001. O livro faz parte da Srie Histria, editado pela Editora FGV que busca fazer chegar ao pblico temas relevantes de histria por meio de abordagens simples e diretas, feita por especialistas de diferentes vertentes historiogrficas. O objetivo do livro, segundo a autora, apresentar uma reviso das leituras tradicionais sobre o tema, a partir de pesquisas recentes que tm revelado o amplo leque de possibilidades de novas interpretaes sobre as trajetrias de grupos e indivduos indgenas. Para atingir este objetivo a obra est divida em seis captulos. O primeiro captulo tem como ttulo: O lugar dos ndios na histria: dos bastidores ao palco; o segundo captulo: Os ndios na Amrica Portuguesa; o terceiro Guerras indgenas e guerras coloniais/ps-coloniais; o quarto Poltica de aldeamentos colonizao; o quinto Poltica indigenista de Pombal e polticas indigenistas; o sexto Etnicidade e nacionalismo no sculo XIX. No captulo 1, a autora parte da pergunta: como os ndios tm sido vistos tradicionalmente em nossa histria? segundo ela, os papis dados aos ndios na historia do Brasil sempre foram secundrios. Estes papis foram atribudos por antroplogos e historiadores que por um certo perodo de tempo, tinham suas pesquisas em campos distintos. A concepo utilizada por pesquisadores deste perodo fundava-se fortemente numa viso estereotipada do ndio, viso dualista, assimilacionista e consequentemente redutivista. Neste primeiro momento o lugar dos ndios na histria basicamente foi o passado, os ndios mortos. Os vivos e presentes no estavam includos, uma vez que havia um pensamento geral de que eles desapareceriam com o passar dos anos. Coisa que no aconteceu. Isso obrigou historiadores e antroplogos a reformularem alguns conceitos e teorias. Os conceitos assimilacionistas, redutivistas e dualistas agora do lugar aos conceitos de aculturao, que visto como processo de mo dupla no qual todos se transformam; de tradio prevalecendo o pressuposto de que ela tambm se modifica ao ser transmitida e identidade tnica, entendida como construo histrica de carter plural, dinmico e flexvel. Ser a partir destas novas perspectivas que sero analisados os lugares de europeus e ndios na 1
Telogo, filsofo, possu especializao em Docncia no Ensino Superior pelo Centro
Universitrio de Maring e tambm em Histria e humanidades pela UEM/ Mring. ps graduando em Histria do Brasil: cultura e Sociedade pela PUC/MG. Email: [email protected]
historia do Brasil. A reviso historiogrfica partir de povos totalmente
submissos a vontade do colonizador, para recoloca-los no seu devido lugar como povos atuantes na construo histrica do Brasil. O segundo capitulo os ndios na Amrica portuguesa busca retratar quem eram estes ndios que habitavam as terras queridas por Portugal. Como sabemos, a designao generalista ndios foi aplicada a todos os povos que por aqui habitavam, mil etnias segundo estimativas. Para fins de colonizao, os portugueses fizeram uma distino: os aliados e os inimigos. Cronistas e missionrios ainda generalizando, utilizaram com o binmio Tupi-Tapuias. Os primeiros foram melhor descritos pela sua homogeneidade cultural e lingustica, j os tapuias (brbaros) eram vistos em contraposio aos tupis e vistos como arredios e ferozes. ndios da costa e ndios do serto mantiveram, segundo hipteses, contatos intensos antes da chegada dos europeus. Uma delas que houve uma disperso dos grupos tupis a partir da bacia Paran-Paraguai antes da conquista que gerou dois grandes subgrupos: os tupinambs e os guaranis. No entanto, como diz a autora, so imensas as limitaes para o conhecimento das etnias e das sociedades amerndias no perodo anterior conquista. Lgicas socioculturais ajudam a entender os grupos em suas relaes com os europeus, por exemplo a guerra. Esta tinha uma funo social importantssima, e a principal motivao para a ela era o ritual de vingana, que era interminvel. Alm da guerra, o escambo e o casamento eram modos de se relacionar com o outro, o que facilitou, segundo a autora, o contato e a recepo dos portugueses e dos outros grupos europeus. Para alm de uma viso reducionista, preciso ver tambm a abertura que estes estrangeiros tiveram para com a cultura indgena dos diversos grupos, o que facilitou as trocas entre ambos. Em todo caso, tanto ndios como europeus valeram-se de seus interesses para fazer suas alianas e expandirem seus contatos e influncias. No terceiro capitulo a autora demonstra que as guerras indgenas e as guerras coloniais/ps-coloniais, giraram em torno do lado que estavam os ndios. O sucesso de uma empreitada dependia muito das alianas com as lideranas indgenas, tanto por parte dos europeus como tambm dos prprios ndios. Haviam as guerras entre ndios, as guerras de ndios contra estrangeiros, de estrangeiros contra estrangeiros e portanto vencia quem conseguisse fazer alianas durveis, uma vez que era necessrio levar em conta a fluidez e a complexidade com as quais os ndios tratavam estas alianas, passando, de amigos para inimigos dependendo dos interesses em jogo. isso que explica, segundo a autora, a vitria de um punhado de portugueses contra milhares de ndios e no a superioridade das armas. Sustentada por pesquisadores como John Monteiro, Bartira Barboza, Ftima Lopes, a autora descontri a imagem estereotipada do ndio submisso, quase covarde, diante de uma pretensa superioridade do homem branco, que naquele ambiente, no significava muita coisa. No quarto capitulo trabalhado o tema da poltica de aldeamentos e colonizao. Esta poltica foi essencial para o projeto de colonizao, afinal os ndios aldeados eram indispensveis ao projeto para compor as tropas militares, ocupar os espaos conquistados e como mo de obra para construir as sociedades coloniais. Em geral, a historiografia sugeria que os grupos indgenas foram passivos nos aldeamentos, usados como objetos de interesse por parte dos governos, da igreja e dos colonos. No se pode negar que, apesar das imensas
perdas para os ndios, eles aprenderam e exercitaram novas prticas culturais
por conta do ambiente que foram colocados e da legislao que se criou em torno de sua condio. Aproveitaram-se desta legislao para exigir seus direitos e tambm para efetivar seus interesses pessoais e comunitrios. A maior parte destes interesses, segundo a autora, era a respeito de terras e proteo. O acordo com os ndios Jandus, do nordeste, um exemplo entre tantos do tipo: em troca de serem aldeados eles exigiam o direito inalienvel suas terras e nunca serem feitos escravos. A nova historiografia parte desta constatao: os ndios tambm foram atores, e no meros espectadores, na construo geogrfica do pas, por conta de suas terras, e da legislao criada e recriada por conta de sua atuao para garantir seus direitos adquiridos. O capitulo quinto capitulo a autora trabalha a poltica indigenista de Pombal e as polticas indigenistas. Para ela, a proposta assimilacionista foi a grande inovao de Pombal em relao as leis anteriores. Seu objetivo era transformar as aldeias em vilas e lugares portugueses, e os ndios aldeados em vassalos do rei sem distino alguma em relao aos demais. Outras leis vieram fortalecer este objetivo como por exemplo a lei da liberdade dos ndios (1755) e a lei de casamentos (1755), entre outras. Era necessidade da coroa portuguesa garantir a posse dos territrios atravs do aumento demogrfico e este s seria possvel com mestiagem, segundo pensamento do diretrio. O que se pode considerar de ganho para os ndios que a politica indigenista de Pombal e seus desdobramentos em vrias outras leis, deu a eles a possibilidade de reivindicar seus direitos, coisa que eles souberam muito bem aproveitar em diversas circunstncias. O ltimo capitulo, o sexto, tem como tema a etnicidade e nacionalismo no sculo XIX. O grande desafio neste perodo, segundo a autora, era criar uma identidade nacional dentro da imensa pluralidade tnica presente no pas. O elemento indgena era o diferencial do Brasil frente as outras naes, mas como fazer deste elemento um smbolo nacional se ele era considerado inferior e uma ameaa ao desenvolvimento e ao progresso econmico do estado? Ento a autora relata trs imagens idealizadas de ndios nos discursos histricos literrios e polticos do oitocentos: a) Os idealizados do passado; b) os brbaros dos sertes e; c) os degradados das antigas aldeias coloniais. No final das contas, recair sobre o ndio do passado a imagem do bom selvagem, o ndio morto. Para os outros, criar-se- politicas de conteno em aldeamentos agora sob o cuidado dos frades capuchinhos italianos, que deveriam civiliza-los e catequiza-los para que eles fossem integrados na sociedade. O objetivo era acabar com as aldeias para que os ndios, agora transformados em vassalos, vivessem segundo o costume do homem branco, com seus direitos e deveres. No final das contas, o maior objetivo era mesmo as terras dos ndios. Segundo a autora, para justificar a extino das aldeias, construa-se o discurso da mistura e do desaparecimento dos ndios. Isso justificava legalmente a apropriao da terra e a consequente expulso dos indgenas daquela regio. A proposta inicial do livro de Maria Regina Celestino de Almeida era apresentar a nova historiografia que vem sendo conduzida por autores de diferentes reas no intuito de reapresentar a histria nacional, levando em conta outros elementos antes negligenciados pelos historiadores, antroplogos e demais intelectuais. Percebemos que, se todo ponto de vista vista de um ponto, faz-se necessrio atualmente levar em conta os outros pontos de vista para que a
histria seja reconstruda com mais justia e o mais prximo da verdade