Amplificador Darlington

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Universidade Federal de

Pernambuco
Primeiro Relatrio de Eletrnica
Analgica II

Polarizao de Circuito
Darlington e Anlise em
Pequenos Sinais

Alunos:
Bruno Arruda
Daniela Amorim

Professor:
Prof. Raul Camelo

2 de maio de 2014

Introduo

O objetivo do projeto em questo implementar um circuito Darlington que


opere na regio ativa e ento averiguar as impedncias de entrada e sada e
o ganho em pequeno sinais.
Alm disso, vamos estudar a resposta em baixa frequncia e ver os limites
que a implementao do modelo de pequenos sinais provoca no momento
de calcular os parmetros do circuito. O trabalho total ser dividido em
trs partes: terica, simulao e por fim, a prtica em si. Ao final, haver
uma comparao com os dados obtidos e avaliao do circuito nas diferentes
formas abordadas

TEORIA

2.1
Inicialmente, precisvamos polarizar o circuito de forma que a corrente do
emissor no dependesse muito do equivalente dos dois transistores, nem
da temperatura e ainda propiciando uma boa excurso do sinal de sada
amplificado.

Figura 1: Circuito a ser polarizado, com tenso VBB e VBE indicadas

Comeamos derivando uma expresso para a corrente do emissor, IE , que


pode ser obtida escrevendo-se a equao de malha de Kirchhoff para a malha
base-emissor-terra:
VBB VBE
IE =
RE + RB /( + 1)
Em que RB o equivalente de Thvenin, dado por:
RB =

R1 R2
R1 + R2

Com essa equao, notamos que para que nossas restries sejam satisfeitas,
as duas condies abaixo precisam ser respeitadas:
VBB  VBE
RE 

RB
+1

Se VBB  VBE , variaes pequenas em VBE devido mudanas de temperatura sero desprezveis em relao a VBB ; e RE  RB / + 1 preferivelmente
alcanado atravs do uso de um RB to baixo quanto o possvel para que a
corrente drenada da fonte no seja muito maior do que o necessrio e para
que a resistncia de entrada no seja muito diminuda.
Usando o divisor de tenso, obtemos a tenso VBB :
VBB =

R2
VCC
R1 + R2

Escolhemos R2 = R1 = 100k (RB = 50k) e obtemos:


VBB = 5V
Usando RE = 1k, e assumindo um valor mdio para VBE = 1, 4V , obtemos:
IE =

5 1, 4
= 3, 6mA
1k

E assim, obtemos IC IE = 3, 6mA, e usando RC = 1k, obtemos:


VC = V CC IC RC = 10 3, 6 103 103 = 6, 4V
Com esse valor, podemos obter os limites de excurso do sinal: o valor inferior, isto , o valor em que o transistor entra em corte VC = VBB , o que nos
d uma excurso inferior de 1,4 V, e uma excurso de 3,6 V, j que o limite
superior de VC VC = VCC .
2

2.2
Precisvamos tambm fazer uma anlise em pequenos sinais do circuito e
obter um modelo equivalente do Darlington, alm de encontrar o ganho de
tenso do circuito, e ambas as impedncias de entrada e de sada. Seguindo
a figura 2, faremos essa anlise.

Figura 2: Modelo em pequenos sinais


OBS.: Na figura esto includos de certo modo tanto o modelo quanto o
modelo T, mas importante notar que apenas uma corrente utilizada, a
corrente iei ; a incluso de ambas as resistncias rei e ri = rei bi apenas para
ajudar na visualizao dos seus efeitos.
2.2.1

ENCONTRANDO red .

A corrente ic1 igual a corrente que sai do emissor de Q1 (i.e, ie1 + ie1 /1 ),
dividida entre r01 e 2 re2:
ic1 =

2 re2
(ie1 + ie1 /1 )
r01 + 2 re2
3

(1)

E uma aproximao pode ser obtida sabendo-se que:


2 re2 = 2 VT /IC2
e
IC2 = 2 IB2 = 2 IE1 2 IC1
temos:
2 re2 = 2 VT /(2 IC1 ) = VT /IC1 = re1

(2)

O que nos d uma corrente ic1 aproximadamente igual:


ic1

re1
(ie1 + ie1 /1 )
r01 + re1
ic1

re1
ie1
r01

(3)

A corrente de base de Q2 dada por:


ie2 /2 = (ie1 + ie1 /1 ) ic1
ie2 = 2 ie1 + 2 ie1 /1 2 ic1
ie2 2 ie1 2 ic1

(4)

Substituindo (3) em (4), obtemos:


ie2 = 2 (1 re1 /r01 )ie1 2 ie1

(5)

A corrente ic dada por:


ic = ie2 + ie1 ic1

(6)

Substituindo (3) e (5) em (6), obtemos:


ic = 2 ie1 + ie1 re1 r01 ie1 = (2 + 1 re1 r01 )ie1
ic 2 ie1
Como r01 e r02 so bastante altas, temos:
vbe ie1 re1 + ie2 re2
4

(7)

Usando o fato de que:


2 re2 = 2 VT /IC2
e
IC2 = 2 IB2 = 2 IE1 2 IC1
temos:
2 re2 = 2 VT /(2 IC1 ) = VT /IC1 = re1
E portanto,
vbe ie1 re1 + ie1 re1 = 2ie1 re1 = 2ie1 2 re2
Usando a equao (7), temos:
vbe 2re2 ic
E portanto:
red = vbe /ic 2re2
Desprezando a anlise do r0d , podemos utilizar o modelo abaixo como nosso
modelo de pequenos sinais:

Figura 3: Modelo equivalente em pequenos sinais

2.2.2

Os valores de Rin e Rout

As impedncias de entrada e sada, alm do ganho so mostradas a seguir:


Rin = RB||( + 1)(red )
Utilizando uma aproximao de atravs do datasheet, usando a corrente
que encontramos no coletor IC = 3, 6mA, temos = 80x80 = 6400, e temos:
Rin 32k
E
Rout = RC||r0d RC = 1k
O ganho, porque se trata de um emissor comum, dado por:
Av = gm Rout = 1/2re2 RC
e
2re2 = 2VT /IC = 50mV /3, 6mA = 13, 9
E portanto:
Av = 1000/13, 9 = 71, 94V /V
2.2.3

ENCONTRANDO fL

Para determinar o ganho em baixa frequncia do circuito amplificador emissor comum, o circuito tem inicialmente todas as fontes cc eliminadas. Em
segundo lugar, iremos considerar o efeito de Cb e o de CE separadamente,
isto , vamos supor que enquanto estamos tentando encontrar a frequncia
de corte de Cb, fb , CE ir agir como um curto circuito perfeito e vice-versa
para a frequncia de corte de CE, fE .
A frequncia fb dada por:
fb =

1
2(RB||( + 1)red )Cb

A frequncia fE dada por:


1
2(red + RB/( + 1))CE
Como fb claramente muito menor que fE , fE se caracteriza como a frequncia de corte fL do circuito.
1
fL =
= 10, 7kHz
2(6, 95 + 50000/(6401))106
fE =

SIMULAO

Utilizando como base o esquema visualizado na figura 1, montamos nossa


simulao empregando os valores escolhidos para os componentes e empregamos uma frequncia de 10kHz na entrada do circuito, porque esse foi o valor
utilizado no experimento prtico, porque antes a frequncia de corte no era
de 10kHz, e sim de aproximadamente 500 Hz porque componentes foram
trocados. Como poder ser observado, na frequncia de corte de 10kHz, o
ganho aproximadamente metade do esperado.
O software escolhido para realizar o projeto foi o Proteus, e o circuito pensado
na teoria foi implementado da seguinte maneira:

Figura 4: Circuito simulado no Proteus.


Inicialmente, vamos coletar dados para montar um grfico vi x vo para ento
observar o comportamento do transistor na regio linear, no corte e na saturao. Para isso, primeiro montaremos a tabela abaixo com alguns valores
de tenso de entrada de pico e o respectivo valor de sada.

Com os dados apresentados na tabela, podemos agora construir o grfico


desejado:

Figura 5: Grfico de vi x vo incluindo o capacitor CE.


Observando a curva obtida, notamos que o circuito apresenta comportamento
com amplificao linear at cerca de 40 mV de pico na entrada e a partir da,
o transistor satura e a tenso de sada ceifada em algumas partes. Tambm
podemos obter da simulao os valores da impedncia de entrada Rin e de
sada Rout a partir das seguintes relaes:
Ri = vi /ii

Como pode-se ver pela figura abaixo, o valor RMS da corrente ii 2,09 A,
isto , o seu valor pico a pico de aproximadamente 3 A, e portanto,
Ri = 20mV /3A 6, 67k

Figura 6: Simulao com a corrente ii rms sendo exibida.


Rout = vx /ix
Depois de encontrados esses valores, escolhemos um sinal de entrada vi fixo
igual a 20mV e variamos a frequncia, como pode ser visto na tabela abaixo:

E para analisarmos os resultados, plotamos um grfico dos dados:

Figura 7: Grfico de vi x vo em funo da frequncia.


Percebemos que o ganho mximo do amplificador tem uma banda bastante
curta, j sendo afliginda superiormente a partir de frequncias como 200kHz,
e inferiormente a partir de frequncias como 10kHz.
Depois de realizar esse estudo da simulao, retiramos o capacitor Ce para
ver os resultados que seriam obtidos para esse caso. Utilizando o Proteus,
captamos os seguintes dados e montamos a seguinte tabela:

Podemos ento plotar o grfico para o caso em que Ce no est presente:


A curva obtida apresenta comportamento semelhante ao caso anterior, porm
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Figura 8: Grfico de vi x vo sem incluir o capacitor Ce.


notamos que a parte linear mais estvel do que quando o capacitor estava
conectado ao circuito.
Praticamente todos os pontos observados se conservam na mesma linha, de
modo que comprovamos a ideia do seguidor de tenso e reparamos que dificilmente o circuito saturaria.

PRTICA

4.1

Equipamentos utilizados

Para a prtica do circuito de Darlington, foi necessrio o uso de:

Protoboard
Resistores (dois de 100k e dois de 1k)
Transistores (dois TBJ 2N3904)
Capacitores (dois de 1F)
Gerador de funo
Osciloscpio
Fonte de tenso DC
LED

11

4.2

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Inicialmente, o circuito exposto na figura 1 foi implementado na Protoboard.


Com os valores de componentes calculados na projeo realizada na anlise
terica, obtivemos a seguinte imagem no osciloscpio do laboratrio:

Figura 9: Sinais mostrados no osciloscpio.


Observando os dados coletados, o ganho obtido para essa tenso de entrada
foi de 440,00/12,80 = 34,38 V/V. Ao aumentar vi, procuramos encontrar o
valor em que o circuito entrava na regio de saturao. Isso ocorreu por volta
dos 40 mV de pico na entrada. Esse valor condiz com os clculos observados
no estudo terico, prximo a esse valor, era previsto que o circuito entrasse
na regio de saturao.
Aps a anlise inicial, passamos para a segunda parte em que retiramos o
capacitor Ce e observamos o que ocorre na prtica. A seguinte imagem foi
observada no osciloscpio:
Novamente, observando os resultados medidos, constatamos que o ganho foi
de 26,00/19,20 = 1,35 V/V. Aumentando os valores de tenso de entrada, o
valor obtido para esse parmetro se aproximou mais do calculado na teoria,
porm houve um problema no momento de salvar a imagem no osciloscpio.
Quando vi chegou a cerca de 2V, a sada era um pouco menos desse valor,
comprovando nossa concluso de que sem Ce o circuito se comporta como
um seguidor de tenso.
Obedecendo tambm a solicitao de retirar vi , R2 e RE do circuito e desconectar R1 da tenso DC, adicionamos um LED logo aps RC. Todos os
outros componentes que se mantiveram no circuito, permaneceram com os
mesmos valores. Ao fazer essa configurao, reparamos que ao ligar R1 ao
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Figura 10: Sinais obtidos aps a remoo de Ce.


VCC , o esquema implementado se comporta como um interruptor ativado por
essa ligao. Quando os terminais eram conectados, o LED se acendia e uma
foto foi feita para registrar esse momento:

Figura 11: LED aceso.

ANLISE DOS RESULTADOS

De acordo com nossos objetivos, o circuito de Darlington teve o seu funcionamento averiguado e nossos resultados foram razoavelmente satisfatrios.
Nossa ideia era utilizar dois TBJs e implementar um amplificador e aps a
retirada do capacitor no emissor, verificar que o comportamento podia ser
descrito como o de um seguidor de tenso.

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Para isso, inicialmente realizamos um estudo terico e foram realizadas simulaes para prever o que aconteceria com diferentes tenses de entrada
empregadas, estudamos tambm a aplicao do modelo de pequenos sinais
e ainda reparamos nas resposta de frequncia da montagem para ento ver
as condies de corte e saturao e onde a regio era ativa e portanto, a
amplificao linear.
importante notar que vrios resultados obtidos nas simulaes condizem
com as solues desenvolvidas na seo de anlise terica, uma vez que os
valores encontrados foram razoavelmente prximos. Os ganhos e as curvas
esperadas no estudo, foram satisfatrias no projeto simulado. Escolhemos
trabalhar com o valor de Vt sendo 25 mV. No sabemos porm, qual valor foi
empregado pelo simulador.
Outro ponto que devemos levar em considerao, que as ondas apresentadas
no osciloscpio apresentaram muito rudo em sua composio. Isso se deve ao
fato de que nossa tenso de entrada era muito baixa e ao passar pelo circuito
amplificador, os rudos tambm eram aumentados como podemos notar nas
imagens.
Mais uma vez, ainda valido notar que mesmo com essas pequenas interferncias, o circuito apresentou ganhos prximos aos valores calculados, tanto
no caso com o capacitor, tanto quando ele foi retirado.
Tambm foi bastante interessante ver o comportamento linear na regio ativa
e como o ganho sensivelmente caia quando a saturao era atingida. Os
parmetros do projeto forneceram um amplificador com baixa resistncia de
sada e uma resistncia de entrada no muito alta, porm, como dispositivo,
o resultado foi aceitvel.
Por fim, os resultados dessa prtica foram bastante satisfatrios, dado que
os clculos tericos, as simulaes e os experimentos foram razoavelmente
condizentes entre si e pudemos enfim, aprender um pouco mais sobre a operao de amplificao do dispositivo TBJ em circuitos com a configurao de
Darlington.

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