Ase of Melo e Faro Maldonado Passanha and Others v. Portugal Portuguese Translation by The Prosecut
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DE LEUROPE
COUNCIL
OF EUROPE
SEGUNDA SECO
SENTENA
ESTRASBURGO
24 de Fevereiro de 2009
AS CIRCUNSTNCIAS DO CASO
O DIREITO
II. SOBRE A ALEGADA VIOLAO DO ARTIGO 1. DO PROTOCOLO
N. 1
12. Os requerentes alegam que o valor da indemnizao no corresponde a
uma justa indemnizao e queixam-se do atraso na fixao e pagamento da
indemnizao definitiva. Invocam a violao do direito ao respeito dos seus bens,
previsto no artigo 1. do Protocolo n. 1 Conveno, que dispe:
Qualquer pessoa singular ou colectiva tem direito ao respeito dos seus
bens. Ningum pode ser privado do que sua propriedade a no ser por
utilidade pblica e nas condies previstas pela lei e pelos princpios gerais
do direito internacional.
As condies precedentes entendem-se sem prejuzo do direito que os
Estados possuem de pr em vigor as leis que julguem necessrias para a
regulamentao do uso dos bens, de acordo com o interesse geral, ou para
assegurar o pagamento de impostos e outras contribuies ou multas.
13. O Governo ope-se a esta tese.
A. Sobre a admissibilidade
14. O Tribunal constata que a queixa no manifestamente mal fundada nos
termos do artigo 35., n. 3, da Conveno. O Tribunal nota ainda que no
integram nenhum outro motivo de inadmissibilidade (ver, a esse respeito, Almeida
Garrett, Mascarenhas Falco e outros c. Portugal, supracitado, 41-43), pelo
que a declara admissvel.
B. Sobre o mrito
15. O Tribunal lembra que j foi chamado a apreciar casos semelhantes,
relativos poltica de indemnizao das nacionalizaes e expropriaes que
ocorreram em Portugal em 1975 (vide sentena Almeida Garrett, Mascarenhas
Falco e outros supracitado, e por ltimo, Sociedade Agrcola Cortes e Valbom,
SA c. Portugal, n. 24668/05, de 30 de Setembro de 2008). Em todos estes casos,
o Tribunal concluiu pela violao do artigo 1. do Protocolo n.o 1, por ter
considerado que os interessados tiveram que suportar um encargo especial e
exorbitante que rompeu o justo equilbrio que deve existir entre, por um lado, as
exigncias do interesse geral e, por outro, a salvaguarda do direito ao respeito dos
bens.
16. O Tribunal no v motivos que justifiquem o afastamento in casu desta
jurisprudncia.
17. Por conseguinte, houve violao do artigo 1. do Protocolo n.o 1.
B. Custas e despesas
20. Os requerentes solicitam ainda 2 000 Euros a ttulo de custas e despesas.
26. O Governo remete-se prudncia do Tribunal.
27. O Tribunal decide, de acordo com a sua prtica neste tipo de casos, atribuir
a importncia global de 2 000 Euros.
C. Juros de mora
28. O Tribunal considera adequado calcular a taxa de juros de mora com base
na taxa de juros da facilidade de emprstimo marginal do Banco Central Europeu
acrescida de trs pontos percentuais.
POR ESTES MOTIVOS, O TRIBUNAL, POR UNANIMIDADE,
1. Declara a queixa admissvel;
2. Decide que houve violao do artigo 1. do Protocolo n. 1;
3. Decide
a) que o Estado requerido deve pagar aos requerentes, nos trs meses que
se seguem a contar da data em que a sentena se tornou definitiva, nos
termos do n. 2 do artigo 44. da Conveno, as quantias seguintes:
i. 350 000 EUR (trezentos e cinquenta mil euros) conjuntamente
aos requerentes, por danos materiais, acrescida de qualquer importncia
que possa ser devida a ttulo de imposto;
ii. 5 000 EUR (cinco mil euros), por dano moral, a cada requerente,
acrescida de qualquer importncia que possa ser devida a ttulo de
imposto;
iii. 2 000 EUR (dois mil euros), para custas e despesas,
conjuntamente aos requerentes, acrescida de qualquer importncia que
por elas possa ser devido a ttulo de imposto;
b) que a contar do termo deste prazo e at ao efectivo pagamento, as
importncias sero acrescidas de um juro simples a uma taxa anual
equivalente taxa de juro da facilidade de emprstimo marginal do Banco
Central Europeu aplicado durante este perodo, acrescido de trs pontos
percentuais;
4. Rejeita, quanto ao mais, o pedido de reparao razovel.
Redigido em francs, enviado por escrito em 24 de Fevereiro de 2009, nos
termos do artigo 77., n.os 2 e 3, do Regulamento.
Sally Doll
Escriv
Franoise Tulkens
Presidente