A Fenomenologia de Husserl

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A fenomenologia de Husserl: uma breve leitura

Por: Paulo Csar Gondim da Silva


Resumo
O presente artigo tem como propsito apresentar, en passant, a fenomenologia sob a rubrica
do pensador alemo Edmund Husserl. Sero abordados aqui os principais conceitos que
norteiam a fenomenologia husserliana, a qual exerce ainda grande influncia no meio
acadmico.
Palavras-chave: fenomenologia, fenmeno, intencionalidade, epoch, variao eidtica.
Abstract
This article aims to present, in passing, the phenomenology under the rubric of the german
thinker Edmund Husserl. It will examine here the main concepts of husserlian
phenomenology, which still exercises great influence in academia.
Keywords: phenomenology, phenomenon, intencionality, epoch, eidetic variation.
Introduo
A palavra fenomenologia foi empregada por alguns pensadores ao longo da histria da
filosofia, e pode ser aqui definida nos seguintes termos: descrio daquilo que aparece ou
cincia que tem como objetivo ou projeto essa descrio (ABBAGNANO, 2000, p. 437). Como
se pode deduzir do prprio vocbulo, a fenomenologia est relacionada diretamente ao
conceito de fenmeno o qual pode ser definido como aquilo que aparece ou se manifesta
(Idem). Todavia, no se pretende aqui apresentar um esboo histrico do conceito de
fenmeno nem tampouco da fenomenologia. Em sendo assim, ser feita uma abordagem en
passant da fenomenologia sob a rubrica do filsofo alemo Edmund Husserl (1859-1938), o
que vem ao encontro do objetivo do presente artigo.
A Fenomenologia
Husserl apresenta a sua fenomenologia como um mtodo de investigao que tem o
propsito de apreender o fenmeno , isto , a apario das coisas conscincia, de uma
maneira rigorosa. Como um mtodo de pesquisa, a fenomenologia uma forma radical de
pensar (MARTINS, 2006, p. 18). Como as coisas do mundo se apresentam conscincia, o
filsofo alemo pretende perscrutar essa apario no sentido de captar a sua essncia
(aquilo que o objeto em si mesmo), isto , ir ao encontro das coisas em si mesmas
(HUSSERL, 2008, p. 17). Nesse sentido, a filosofia husserliana traz consigo um novo mtodo
de investigao que ir exercer grande influncia no meio acadmico, o que far da
fenomenologia um marco imprescindvel na filosofia contempornea. oportuno enfatizar
que a filosofia de Husserl um tanto quanto vasta e densa, o que requer, por sua vez, certo
esforo para interpret-la. Diante disso, enfocaremos aqui apenas os aspectos capitais do
pensamento husserliano.
O rigor que Husserl reivindica para o seu mtodo fenomenolgico advm do propsito desse
pensador em dispensar filosofia o mesmo rigor metodolgico conferido cincia. Por ter
efetuado estudos nos campos da matemtica e da lgica, Husserl sempre nutriu certo apreo
pelo rigor metodolgico. Contudo, Husserl no via com bons olhos os mtodos
empregados, por exemplo, pela psicologia experimental. Isso porque essa cincia, como
outras cincias experimentais, parte dos dados empricos para da desenvolver seus
postulados. Para o filsofo alemo, a instabilidade dos dados da empiria no fornecem o rigor
necessrio concernente investigao filosfica. Assim, enquanto a cincia positivista
restringe seu campo de anlise ao experimental, a fenomenologia abre-se a regies veladas
para esse mtodo, buscando uma anlise compreensiva e no explicativa dos fenmenos
(LAPORTE e VOLPE, 2009, p. 52 ) . Em contrapartida, o pensador alemo prope a anlise
compreensiva da conscincia, uma vez que todas as vivncias (Erlebnis) do mundo se do
na e pela conscincia . Da a to clebre definio husserliana de conscincia: toda
conscincia conscincia de algo (FRAGATA, 1959, p. 130). Essa definio de conscincia
est vinculada, por seu turno, noo de intencionalidade .
Para Husserl, a palavra intencionalidade significa apenas a caracterstica geral da
conscincia de ser conscincia de alguma coisa (Idem, grifo do autor). Eis o ponto de partida
adotado pelo filsofo alemo: a anlise dos fenmenos no mbito da conscincia no intuito
de se tentar apreender as coisas em si mesmas, isto , como elas so. Podemos dizer que em
Husserl o cogito cartesiano ganha uma nova roupagem onde a intencionalidade (toda
conscincia conscincia de) assume o lugar da certeza clara e distinta de Ren
Descartes.

A intencionalidade seria a marca fundamental da conscincia, uma vez que a conscincia


est o tempo todo voltada para fora de si. Contudo, a conscincia no considerada por
Husserl como se fosse uma substncia ou um invlucro a partir do qual o mundo brotaria:
(...) O princpio de intencionalidade que a conscincia sempre conscincia
de alguma coisa, que ela s conscincia estando dirigida a um objeto (sentido
deintentio). Por sua vez, o objeto s pode ser definido em sua relao
conscincia, ele sempre objeto-para-um-sujeito. (...) Isto no quer dizer que o
objeto est contido na conscincia como que dentro de uma caixa, mas que s
tem seu sentido de objeto para uma conscincia (DARTIGUES, 2005, p. 212,
grifo do autor). A nfase dada por Husserl anlise da conscincia ser uma
das marcas capitais de sua filosofia. Seu mtodo investigativo-filosfico procura
ater-se sobretudo ao modo mesmo como a conscincia se d, nos seus
pormenores, sem recorrer a "muletas" conceituais que venham a "explicar" a
subjetividade (a conscincia como res cogitans , por exemplo) .
O conceito husserliano de intencionalidade traz no seu seio as noes de inteno, intuio e
evidncia apodtica. Husserl chama de inteno o contedo significativo de alguma coisa.
Temos a inteno de um objeto (um livro sobre a mesa) quando possuimos apenas o
significado intencional desse livro (bem como da mesa). No entanto, no momento dessa
inteno no h efetivamente a presena em carne e osso do livro e da mesa. Em outras
palavras:
existe apenas uma inteno significativa (Bedeutungsintention), quando
significamos intencionalmente (meinen) o objecto, sem considerar ainda a
sua presena, por exemplo, se temos s em conta o contedo significativo de
um prado. Esta inteno pode ser preenchida pela presena do objecto, por
exemplo, se nos colocamos diante do prado; neste caso temos uma intuio.
A intuio portanto o preenchimento duma inteno. A evidncia a
conscincia da intuio. Mas como evidncia e intuio mtuamente se
implicam, Husserl usa, na prtica, indiferentemente as duas palavras (FRAGATA,
1962, p. 21, grifos do autor). A evidncia, portanto, est diretamente
relacionada ao grau de preenchimento da inteno. No entanto, o grau de
clareza da evidncia pode ser limitado por fatores tais quais a distncia e a
luminosidade, por exemplo. Um objeto apreendido sob uma penumbra ter
alguns aspectos seus que no iro preencher completamente a inteno
significativa dele. Nesse caso, o grau de clareza de minha intuio (evidncia)
estaria comprometido. Para o filsofo alemo, o supremo grau de intuio s se
verificaria na plena adequao entre intencionado e intudo; teramos ento, no
sentido perfeitamente rigoroso, uma evidncia apodctica (Idem, p. 24, grifo do
autor). Husserl admitir que a adequao plena entre intencionado e intudo
nunca pode ser atingida de fato. A despeito disso, Husserl defende que o
filsofo deve buscar atingir a mais plena adequao possvel entre inteno e
intuio. S assim o investigador poder obter um fundamento slido e
primordial para estabelecer sua filosofia.
Na esteira do conceito de intencionalidade encontramos ainda a noo de hyl. Para Husserl,
a hyl seria a matria subjetiva que compe uma percepo qualquer. A conscincia de um
objeto qualquer se daria sobre dados hilticos que seriam dados constitudos pelos
contedos sensveis, que compreendem, alm das sensaes denominadas externas,
tambm os sentimentos, impulsos, etc. (ABBAGNANO, 2000, p. 499) . Embora Husserl
estabelea que toda conscincia conscincia de alguma coisa, ou seja, que toda
conscincia intencional, ele no considera os dados hilticos como sendo intencionais. Os
dados hilticos seriam apenas a matria sobre a qual a conscincia se d. A noo
husserliana de hyl no pode ser aqui associada ao empirismo. Husserl no reduz os objetos
percebidos a sensaes. A hyl husserliana considerada apenas como uma matria que
assume um papel importante na intuio de um objeto .
Aps essas breves linhas em torno da definio da fenomenologia husserliana, abordar-se- a
seguir o mtodo da reduo fenomenolgica ou epoch.
A REDUO FENOMENOLGICA (EPOCH)
Ao deter-se na anlise da conscincia, Husserl ir propor seu mtodo radical para "vasculhar"
o fenmeno, a saber, a reduo fenomenolgica (epoch). Tomando emprestado da filosofia
antiga o termo grego epoch, que os antigos cticos traduziam por suspenso do juzo a
respeito das coisas, Husserl o adota sob outra perspectiva. A epoch husserliana consiste em
pr "entre parnteses" o mundo quando da apreenso do fenmeno.
Dito de outra forma, a epoch consiste numa suspenso momentnea da atitude natural
(natrliche Einstellung) com a qual ns nos relacionamos com as coisas do mundo. Isso
consiste em deixar provisoriamente de lado todos os preconceitos, teorias, definies, etc.,
que ns utilizamos para conferir sentido s coisas. Tal suspenso da nossa atitude natural

diante do mundo tem como escopo apreender na conscincia as coisas no sentido de captlas como elas so em si mesmas: "a fenomenologia procura enfocar o fenmeno, entendido
como o que se manifesta em seus modos de aparecer, olhando-o em sua totalidade, de
maneira direta, sem a interveno de conceitos prvios que o definam e sem basear-se em
um quadro terico prvio que enquadre as explicaes sobre o visto" (MARTINS, 2006, p. 16).
A fenomenologia de Husserl parece ser uma tentativa de perscrutar o fenmeno em sua
pureza, isto , em sua originalidade. A proposta husserliana de se evitar a atitude
natural na apreenso e anlise do fenmeno denota no filsofo alemo sua insistente busca
pelo rigor metodolgico .
Pode-se estabelecer aqui uma relao de semelhana entre a epoch husserliana e a dvida
metdicade Descartes . Enquanto a dvida hiperblica conduziu Descartes ao porto seguro
do cogito, isto , subjetividade, a epoch serviu de esteira para Husserl adentrar no mago
das aparies das coisas conscincia. A suposta semelhana aqui estabelecida entre os
dois filsofos no autoriza se dizer que a epoch, ao pr o mundo de lado, ponha em dvida
a existncia das coisas. Com a epoch "no se pretende propriamente duvidar da existncia
do mundo, nem, muito menos, suprimi-lo. O mundo ancorar-se- apenas sob o aspecto como
se apresenta na conscincia - reduzido conscincia" (Idem, p. 92). Como j defendemos
aqui, o mtodo fenomenolgico de Husserl promove uma reviso no cogito cartesiano. A
propsito, a filosofia husserliana tem inspiraes cartesianas, embora o filsofo da
epoch faa restries ao filsofo do cogito :
para Husserl, assim como para Descartes, o Eu Penso a primeira certeza a
partir da qual devem ser obtidas as outras certezas. Mas o erro de Descartes
ter concebido o eu do cogito como uma alma-substncia, por conseguinte,
como uma coisa (res) independente, da qual restava saber como poderia entrar
em relao s outras coisas, colocadas por definio como exteriores. Mas isso
era recair na atitude natural que descrevemos (DARTIGUES, 2005, p. 25). Dito
de outra forma, a dicotomia cartesiana sujeito-objeto recupera exatamente a
atitude natural a qual Husserl no pretende adotar quando da sua anlise da
apario das coisas conscincia. A subjetividade que ocogito inaugura j
estaria infestada de juzos a respeito do mundo. Com a epoch Husserl pretende
superar esse obstculo e captar o fenmeno na sua originalidade, isto , no
mbito da prpria conscincia.
O mtodo husserliano da reduo
fenomenolgica traz consigo ainda outras noes que devem ser aqui
apresentadas: o transcendente e o transcendental. O transcendente, segundo
Husserl, a percepo cotidiana e habitual que temos das coisas do mundo:
esta cadeira, esta rvore, este livro, etc. Por seu turno, o transcendental " a
percepo que a conscincia tem de si mesma" (ABBAGNANO, 2000, p. 973).
Em outras palavras, "o transcendente o mundo exterior" enquanto o
transcendental " o mundo interior" da conscincia (HUSSERL, 2008, p. 18).
Esses termos, por sua vez, trazem a reboque as noes de noema enoese.
O noema seria "o aspecto objetivo da vivncia (p. ex., rvore verde, iluminada, no
iluminada, percebida, lembrada, etc.)" (ABBAGNANO, 2000, p. 713). Dito de outra maneira, o
noema seria o mundo transcendente tal qual ele nos dado. Por sua vez, a noese " o
aspecto subjetivo da vivncia, constitudo por todos os atos de compreenso que visam a
apreender o objeto, tais como perceber, lembrar, imaginar, etc." (Idem). Para Husserl, o
filsofo deve deter-se no campo do transcendental. no nvel da conscincia que o mundo se
nos apresenta. Pode-se dizer aqui que o mtodo fenomenolgico husserliano uma proposta
para encararmos o mundo como se fosse pela primeira vez. A sedimentao conceitual que
ns acumulamos ao longo da vida viria a "obscurecer" nossa maneira de apreender as coisas.
Em se tratando ainda da reduo (epoch), Husserl a apresenta sob dois nveis, a saber,
a reduo psicolgica e a reduo transcendental. Na primeira, os juzos relativos ao mundo
que nos circunda so postos fora de circuito. Como j se viu aqui, no se trata de duvidar
da existncia das coisas, trata-se apenas de uma suspenso momentnea do juzo em
relao s mesmas. Contudo, Husserl defende que a reduo psicolgica seja radicalizada.
quando o filsofo prope a sua reduo transcendental, que seria a epoch da prpria
reduo psicolgica. A reduo transcendental levaria o investigador a um estgio de
conscincia pura. Segundo Husserl, na conscincia pura ou transcendental, as vivncias
perdem inteiramente o seu carter psicolgico e existencial para conservarem apenas a
relao pura do sujeito plenamente purificado ao objecto enquanto consciente... (FRAGATA,
1962, p. 30, grifos do autor). Nesse nvel de reduo chega-se ao que Husserl chama de
atitude fenomenolgica. a partir dessa atitude que o investigador deve partir para
fundamentar sua pesquisa em bases originais e seguras. Essa depurao do fenmeno
proposta pelo pensador alemo nos faz lembrar, de uma certa maneira, a originalidade
com a qual os pr-socrticos apreenderam a existncia. A epoch, numa certa medida,
proporciona o desocultamento das coisas mesmas, revelando-as em sua nudez imediata e

original. Aqui parece residir o grande mrito da fenomenologia husserliana. Partamos, por
fim, para a abordagem da noo husserliana de variao eidtica. o que se ver.
A VARIAO EIDTICA
Segundo
Husserl,
os
objetos
do
mundo
se
nos
apresentam
sob
diversas perspectivas (Abschattungen) . Esta cadeira diante de mim pode ser apreendida sob
diversas variaes de perfil (Abschattung). Na epoch, o objeto deve ser submetido s
diversas variaes possveis de perfil no intuito de se apreender a essncia desse mesmo
objeto, isto , aquilo que permanece inalterado no mesmo. Nesse sentido, a reduo
fenomenolgica (epoch) seria uma maneira de se depurar o fenmeno a fim de se alcanar
o objeto com total evidncia:
o processo pelo qual podemos chegar a essa conscincia consiste em imaginar,
a propsito de um objeto tomado por modelo, todas as variaes que ele
suscetvel de sofrer... este invariante identificado atravs das diferenas define
precisamente a essncia dos objetos dessa espcie... Foi esse processo que
Husserl chamou de variao eidtica (DARTIGUES, 2005, p. 25). Como a epoch
tem como escopo apreender a essncia do fenmeno, ou seja, seu eidos ,
compreende-se assim que tal mtodo fenomenolgico seja denominado de
variao eidtica.
Na variao eidtica Husserl estabelece uma distino entre o objeto percebido e o noema:
"o noema distinto do prprio objeto, que a coisa; p. ex., o objeto da percepo da rvore
a rvore, mas o noema dessa percepo o complexo dos predicados e dos modos de ser
dados pela experincia" (ABBAGNANO, 2000, p. 724). A coisa que se apresenta minha
conscincia no tem a sua existncia negada. O que Husserl defende que a atual
percepo que temos de um objeto s se sustenta ante a possibilidade dos diversos perfis
sob os quais esse objeto pode ser apreendido:
(...) a fenomenologia, ao invs de igualar o objeto fsico a um suposto
fundamento ou substrato, iguala o objeto fsico a todas as suas aparncias, as
atuais e possveis. As aparncias que esto sendo apresentadas no indicam
uma coisa-em-si fundamental, mas sim possveis aparncias que no esto
sendo apresentadas atualmente, mas que poderiam vir a ser... Husserl chama
essas possveis aparncias de "horizontes" (COX, 2005, p. 29).
Concluso
Apresentamos neste artigo uma viso panormica da fenomenologia husserliana, a qual
um marco referencial no pensamento contemporneo. O rigor metodolgico que Husserl
reivindica para a filosofia atesta o vigor com o qual o pensador alemo sempre pautou suas
investigaes. A ttulo de concluso deste artigo, julgamos pertinente tecer uma breve
considerao. A epoch (sobretudo a reduo transcendental) parece mergulhar a
conscincia num estado onde, de uma certa maneira, perdemos a aderncia com este mundo
real. Certamente louvvel o rigor que Husserl buscava para a investigao filosfica. No
entanto, reduzir a realidade ao nvel do consciente, atravs de sucessivas epochs, para
a partir da tirar concluses seguras e radicais, parece no tornar a anlise do fenmeno
menos problemtica. A noo husserliana de hyl, como bem o apontou o filsofo Jean-paul
Sartre (um dos principais discpulos de Husserl), teve como resultado transformar a
conscincia em um ser hbrido. Uma vez que essa matria subjetiva (a hyl) no a
prpria conscincia, mas sim o suporte sobre o qual a conscincia se nos d, compreende-se
assim o embarao que tal noo traz para o estudo do fenmeno e da conscincia. Mas
apangio da filosofia tentar superar obstculos e aporias. E Husserl, como um bom filsofo,
tentou faz-lo com muita propriedade e esmero.
Referncias bibliogrficas
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___________. O ser e o nada Ensaio de ontologia fenomenolgica. Petrpolis: Vozes,
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------------------------------------------------------------------(...) E, por fenmeno, deve entender-se aquilo que se denuncia a si prprio, aquilo cuja
realidade precisamente a aparncia SARTRE, J-P. Esboo de Uma Teoria das Emoes.
Braga: Editorial Presena, 1972, p. 50, grifo do autor.
2
A palavra fenmeno (aquilo que aparece; phinomai significa aparecer, brilhar' foi
usada na linguagem filosfica j desde Plato e Aristteles. No decurso da Histria da
Filosofia adquiriu um sentido cada vez mais subjectivo. Em Husserl, desliga-se inteiramente
da relao a qualquer objecto exterior conscincia, para referir ao puro objecto imanente
enquanto aparece na conscincia FRAGATA, J. Problemas da Fenomenologia de Husserl.
Braga: Livraria Cruz, 1962, p. 25, grifos do autor.
3
Segundo Maurice Merleau-Ponty, a fenomenologia de Husserl trata-se de descrever, no
de explicar nem de analisar. Essa primeira ordem que Husserl dava fenomenologia iniciante
de ser uma psicologia descritiva ou de retornar s coisas mesmas antes de tudo a
desaprovao da cincia. Eu no sou o resultado ou o entrecruzamento de mltiplas
causalidades que determinam meu corpo ou meu psiquismo, eu no posso pensar-me como
uma parte do mundo, como o simples objeto da biologia, da psicologia e da sociologia nem
fechar sobre mim o universo da cincia. Tudo aquilo que sei do mundo, mesmo por cincia,
eu o sei a partir de uma viso minha ou de uma experincia do mundo sem a qual os
smbolos da cincia no poderiam dizer nada. Todo o universo da cincia construdo sobre o
mundo vivido, e se queremos pensar a prpria cincia com rigor, apreciar exatamente seu
sentido e seu alcance, precisamos primeiramente despertar essa experincia do mundo da
qual ela a expresso segunda MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da Percepo. So
Paulo: Martins Fontes, 1999, p. 3, grifos do autor.
4
(...) H qualquer coisa mais evidente do que o objecto exterior: a prpria conscincia do
objecto exterior () Portanto, o comeo absoluto tem que estar no objecto enquanto
consciente FRAGATA, J. Problemas da Fenomenologia de Husserl. Braga: Livraria Cruz, 1962,
p. 27-28, grifos do autor.
5
(...) A palavra intencionalidade nada significa seno essa particularidade fundamental e
geral que a conscincia tem de ser conscincia de alguma coisa, de portar, em sua qualidade
de cogito, seu cogitatum nela mesma HUSSERL, E. Meditaes Cartesianas, 14, grifos do
autor, Apud Natalie Depraz em: Compreender Husserl. Petrpolis: Vozes, 2007, p. 35.
6
A existncia da coisa supe a da conscincia. A conscincia, porm, no para ele, como
para Berkeley, um mundo fechado em si, que possui a mesma existncia que a da coisa. A
conscincia husserliana uma conscincia de, e s porque h o transcendente que ela
existe. Est, portanto, situada antes da noo de sujeito e objeto e absoluta: origem do
ser BAKDINI, M. Da G. Fenomenologia e Teoria Literria. So Paulo: Editora da Universidade
de So Paulo, 1990, p. 32, grifo da autora.
7
(...) Mesmo se concordarmos com Husserl sobre a existncia de um estrato hiltico na
noese, no se poderia entender como a conscincia seria capaz de transcender esta
subjetividade rumo objetividade. Dando hyl os caracteres da coisa e da conscincia,
Husserl sups facilitar a passagem de uma outra, mas s logrou criar um ser hbrido que a
conscincia recusa e no poderia fazer parte do mundo SARTRE, 1997, p. 31-32, grifo do
autor.
8
(...) Os dados sensveis, que mostram o colorido, a forma, etc., assim como as impresses
sensveis do prazer, da dor, no seriam intencionais, mas formariam o que ele chama de
'leito hiltico', material, algo que nada tem a ver com o que, na vida da conscincia, se
chama de cor, prazer, etc. Ou seja, o objeto no feito de sensaes captadas do exterior,
como queria o empirismo BAKDINI, M. Da G. Fenomenologia e Teoria Literria. So Paulo:
Editora da Universidade de So Paulo, 1990, p. 341, grifo da autora.
9
(...) A atitude natural caracteriza-se pela convico fundamental de viver em um mundo de
coisas existentes, um mundo que meu ambiente () um mundo feito de coisas com um
determinado valor para mim, de coisas dotadas de um significado prtico, coisas a serem
usadas... HUSSERL, E. Ideen I, 27 e 28 apud ROVIGHI, S.V. em: Histria da Filosofia
Contempornea Do sculo XIX Neoescolstica. So Paulo: Edies Loyola, 1999, p. 375.
10
A reflexo filosfica exige uma volta experincia original e ao mundo original,
despojados da superestrutura de teorias acrescentadas pelas cincias. Esta volta se chama
1

reduo fenomenolgica FRAGATA, J. A Fenomenologia de Husserl como Fundamento da


Filosofia. Braga: Livraria Cruz, 1959, p. 109, grifo do autor.
11
DESCARTES, R., 1986, p.15.
12
Abrevia-se nessa palavra a expresso cartesiana cogito ergosunf (Discours, IV; Md., II,
6), que exprime a auto-evidncia existencial do sujeito pensante, isto , a certeza que o
sujeito pensante tem da sua existncia enquanto tal ABBAGNANO, N. Dicionrio de Filosofia.
So Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 148, grifo do autor.
13
" A palavra Abschattung significa , originariamente, modo de sombra, o qual vai variando
segundo as diferentes posies do sol durante o dia. Compreendemos assim que Husserl a
aplicasse para indicar os modos sucessivos segundo os quais a coisa se manifesta" FRAGATA,
J. A Fenomenologia de Husserl como Fundamento da Filosofia. Livraria Cruz: Braga, 1959,
p.102.
14
EIDOS. Este, que um dos termos com que Plato indicava a ideia e Aristteles a forma,
usado na filosofia contempornea especialmente por Husserl para indicar a essncia que se
torna evidente mediante a reduo fenomenolgica ABBAGNANO, N. Dicionrio de Filosofia.
So Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 308.
15
Todo perfil atual indica, pois, intrinsecamente, um perfil que aparece em potncia, e isso
significa que, sem essa indicao, o perfil atual no o que ele . Tambm sem referncia a
possveis percepes no existe realmente a percepo atual... O objeto da percepo,
portanto, um sistema de significados mutveis, prximos e longnquos LUIJPEN, W.
Introduo Fenomenologia Existencial. So Paulo: EDUSP, 1973, p. 105, grifos do autor.
Paulo
Csar
Gondim
da
Silva*
Bacharel
e
Mestre
em
Filosofia
pela
UFRN
(*) [email protected]

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