Historia Da Linguistica

Fazer download em doc, pdf ou txt
Fazer download em doc, pdf ou txt
Você está na página 1de 5

Histria da Lingustica

O objeto de estudo da Lingustica no novidade, nem recente. Desde a


Antiguidade, j se estudavam as lnguas, a linguagem, no entanto o termo
[Lingustica] foi empregado pela primeira vez em meados do sculo XIX, para
distinguir as novas diretrizes para o estudo da linguagem, em contraposio ao
enfoque filolgico mais tradicional.1 A cincia lingustica se tornou especialmente
conhecida e ensinada na dcada de 60.
De qualquer maneira, de utilidade apresentar um panorama sobre os estudos
lingusticos nas diversas pocas. Como referncia, ser utilizado o Um Traado da
Histria da Lingustica2, do qual feita uma espcie de resenha a seguir.
Dividiremos
em
4
Contemporaneidade.

perodos:

Antiguidade,

Medievo,

Modernidade

1. Antiguidade

Tradio babilnica: os textos mais antigos datam de cerca de 4.000 anos


atrs. Nos primeiros sculos do segundo milnio a.C., no sul da
Mesopotmia, surgiu uma tradio gramatical nomes/substantivos em
sumrio (lngua dos textos religiosos e sagrados) que durou mais de 2.500
anos. O sumrio foi sendo trocado no discurso do cotidiano por outra lngua
diferente (o acdio). Continuou prestigioso e usado em contextos religiosos
e legais; foi ensinado ento como lngua estrangeira.
Tradio hindu: ela tem origem no primeiro milnio a.C. e foi estimulada
por mudanas no snscrito (lngua sagrada dos textos religiosos). O ritual
exigia a exata realizao verbal dos textos religiosos; ento a tradio
gramatical mais conhecida a de Pnini, cuja gramtica cobria a fontica e a
morfologia.
Lingustica grega: como em outras reas de esforo intelectual, os gregos
fizeram investigao filosfica sobre a linguagem: a origem da linguagem;
sistemas de partes do discurso; relao entre linguagem e pensamento;
iconicidade e arbitrariedade das palavras-signos. No Crtilo de Plato,
Scrates aparece defendendo a conexo natural; Aristteles, por outro lado,
favorecia a conveno em vez da natureza. de Dionsio Thrax, Techn
Grammatik, uma breve descrio do grego tratando de fontica e fonologia
(inclusive partes do discurso). Apolnio Dscolo, sculos depois, descrever a
sintaxe grega.
Tradio romana: continuou com o mesmo interesse da lingustica grega.
O interesse primrio era em morfologia, particularmente nas partes do
discurso e as formas de nomes/substantivos e verbos. A sintaxe foi
largamente ignorada. Varro produziu uma gramtica do latim. As
gramticas tardias de Donato e de Prisciano foram muito influentes na Idade
Mdia.
Tradies arbica e hebraica: a tradio gramatical grega teve forte
influncia sobre a tradio arbica, que tambm se focava na morfologia e
tinha descries fonticas precisas. Influenciou a tradio hebraica. Ben
Josef al Fayyum produziu a primeira gramtica e o dicionrio de hebraico. A
tradio gramatical hebraica atingiu seu pico com David Kimhi e em
subsequncia teve forte impacto na lingustica europeia.

2. Medievo

Na Idade Mdia, o latim era tido em grande estima como lngua franca e como a
primeira lngua escrita. Gradualmente cresceu nos estudiosos o interesse pelas
lnguas vernaculares. Gramticas pedaggicas do latim para nativos de outras
lnguas comearam a aparecer. Um abade na Bretanha, mais ou menos no ano
1.000, escreveu uma gramtica do latim para crianas falantes do anglo-saxo.
Escreveram-se tambm gramticas descritivas dos vernculos, que geralmente
apresentavam as lnguas aos moldes do latim.
No sc. XII, apareceu a noo da natureza universal da gramtica. Bacon
sustentava que a gramtica fosse fundamentalmente a mesma em todas as lnguas,
com diferenas incidentais e superficiais. No mesmo sculo ainda, houve O
Primeiro Tratado Gramatical de um desconhecido autor da Islndia que
apresentava uma breve descrio fonolgica do islands e que se preocupava em
corrigir desta lngua imperfeies do sistema de escrita baseado sobre o latim.
Pelo colonialismo europeu, tomou-se cincia de diversas lnguas. Os estudiosos
compilavam listas de palavras e comparavam as lnguas, o que viria a gerar o
mtodo comparativo.
Ao final do sc. XVI, surgiu a noo de que as lnguas europeias formam uma
famlia e que a partir das lnguas filhas se voltaria a uma nica lngua antiga.
Andreas Jger props isso em 1686 definindo a terra natal desta lngua antiga
como as montanhas caucasianas, de onde as lnguas se espalharam para a Europa
e sia. Por equvoco de histria, a William Jones dado o crdito da descoberta da
relao das lnguas indo-europeias e a fundao da lingustica comparativa. Outras
famlias foram reconhecidas depois. Rasmus Rask apontou a importncia da
evidncia gramatical para o estabelecimento das relaes entre as lnguas.
A lingustica no perodo colonial tinha outras preocupaes que no a comparao e
classificao de lnguas. Escreveram-se gramticas das lnguas europeias e das
lnguas das colnias. Os missionrios tiveram um papel importante e suas
gramticas de lnguas no europeias dominaram do sc. XVI ao XVIII. O padre
jesuta Jos de Anchieta uma figura de destaque: conhecia o portugus, o
castelhano, o latim, e aprendeu o tupi, compondo a primeira gramtica deste. O
latim era a base das gramticas missionrias, ainda que os melhores gramticos
missionrios tivessem conscincia dos problemas de aplicar as classes e estruturas
latinas s outras lnguas.

3. Modernidade

A lingustica moderna surgiu no final do sc. XIX e comeo do sc. XX trocando o


foco da mudana da lngua ao longo do tempo para aquele de um sistema
estruturado e autnomo em determinado ponto no tempo, formando, ento, a base
da lingustica estruturalista no perodo ps-Primeira Guerra.
O linguista suo Ferdinand de Saussure, conhecido como o pai da lingustica
moderna, amplamente reconhecido por essa mudana de foco. Ele mesmo
escreveu pouco, mas seus alunos, por notas de aulas, reconstruram suas ideias,
publicando-as postumamente em 1916 no Curso de Lingustica Geral. Saussure
defendeu a conceituao e a arbitrariedade do signo lingustico, sendo de grande
influncia.

A Fontica e a Fonologia foram dominantes na lingustica moderna inicial. O IPA


(International Phonetic Association) foi estabelecido em 1886 por um grupo de
foneticistas europeus.

A Escola de Praga

O interesse primrio do Crculo Lingustico de Praga (capital da Repblica Checa),


estabelecido em 1926, era teoria fonolgica. O professor russo em Viena, Nikolai
Trubetzkoy (luz guia neste domnio), fez importantes contribuies noo de
fonema. A colocao do fonema no centro da teoria lingustica como uma das
unidades mais fundamentais foi bem sucedida pela escola de Praga. Estes linguistas
tambm contriburam com a sintaxe. Jakobson talvez seja o representante mais
famoso da escola de Praga.

Estruturalismo Britnico

Firth, que estabeleceu a chamada London School (Escola de Londres), trouxe


perspectivas originais e provocativas lingustica. Questionou a admisso de que o
discurso pode ser dividido em segmentos de som um aps o outro. Firth estava
profundamente preocupado com o significado, desenvolvendo uma teoria contextual
do significado, de onde o aforismo o significado o uso em contexto. Ele no
desenvolveu completamente uma teoria de gramtica; deixou uma estrutura sobre
a qual se poderia desenvolver uma teoria.

Estruturalismo Dinamarqus

A escola de Copenhague era chefiada por Louis Hjelmslev, que desenvolveu uma
teoria algbrica da linguagem chamada Glossemtica, que se focava nas relaes
entre unidades no sistema da lngua. A teoria antecipou a orientao algbrica dos
linguistas americanos do ps-1940. Uma gerao de linguistas dinamarqueses
foram influenciados por esta teoria no perodo de 1930-1960.

Estruturalismo Americano

Franz Boas, Edward Sapir e Leonard Bloomfield foram os responsveis pela vertente
do estruturalismo americano. A preocupao maior de Boas era reunir informaes
sobre as lnguas e culturas dos americanos nativos antes que desaparecessem, e os
mtodos que ele e seus alunos desenvolveram para a descrio dessas lnguas
deram a base para o estruturalismo americano. Boas, com seu aluno Sapir,
defendia que as lnguas deviam ser descritas em seus prprios termos, em vez de
aos moldes das lnguas europeias.
A preocupao primria de Bloomfield era estabelecer a lingustica como cincia.
Sua abordagem, focada na metodologia, era fora dominante na lingustica
americana dos anos 30 at meados dos anos 50. Os mtodos analticos tentavam
excluir o significado o tanto quanto fosse possvel.

4. Contemporaneidade

Costuma-se dividir a vasta gama de enfoques lingusticos em dois tipos primrios,


formal e funcional, conforme o foco seja respectivamente a forma ou a funo,
apesar de que esta diviso mal arranjada, porque as teorias no se encaixam
perfeitamente nesta diviso.

Lingustica Formal

A principal corrente do estruturalismo neobloomfieldiano se tornou cada vez mais


de orientao algbrica desde o fim da Segunda Guerra, e se focava cada vez mais
na sintaxe. Em 1957, isso sofreu um desafio maior com a publicao de Noam
Chomsky de Estruturas Sintticas. Influenciado pelos recentes desenvolvimentos da
lgica matemtica, ele rejeitava explicitamente os procedimentos de descoberta, a
posio sem teoria, o sustento da psicologia behaviorista e a orientao emprica da
tradio neobloomfieldiana.
O pensamento de Chomsky rapidamente se tornou dominante na Amrica, na
Europa e em todo lugar. A gramtica considerada como um sistema formal
explicitando os mecanismos primeiro em termos de regras, depois por outros
meios pelos quais as frases gramaticais de uma lngua podem ser geradas, da a
corrente ser chamada de gramtica gerativa. A teoria generativa se desenvolveu
rapidamente.

Lingustica Funcional

No final dos anos 50, houve novos desenvolvimentos em lingustica na Europa.


Eles, sob liderana de Andr Martinet e Michael Halliday, decolaram em direes
funcionalistas, salientando tanto o lado do significado do signo de Saussure quanto
a ideia de que a lngua se desenvolve por causa dos seus usos.
Mais tarde, em oposio lingustica chomskiana, a partir do final dos anos 60,
desenvolveu-se a gramtica funcional pelo linguista holands Simon Dik. Rejeitando
as noes principais da gramtica gerativa, ele exigia seriamente explicitao
analtica e teortica.
Uma escola de pensamento sem lder reconhecido, a Gramtica Funcional da Costa
Oeste, surgiu nos EUA, com seus praticantes localizados na costa oeste da Amrica,
pelo mesmo tempo. A ideia proeminente desta corrente era a de que as categorias
gramaticais so funcionais serviam a algum propsito, no eram arbitrrias. As
linhas da gramtica cognitiva (associada a Ronald Langacker) e da gramtica
construtiva (Charles Fillmore e associados), em contraste com a Gramtica
Funcional da Costa Oeste, interpretam o signo saussureano como pea central da
gramtica.
Ao final dos anos 50 na Amrica, Joseph Greenberg comeou a repensar questes
de universais e tipologia da linguagem. Ele procurava os universais empiricamente,
investigando muitas lnguas, rejeitando o racionalismo de Chomsky e seu foco
excessivo em uma nica lngua, o ingls. A corrente greenbergiana uma das
menos funcionalistas das escolas funcionalistas.

Escopo da Lingustica Moderna


A lingustica contempornea um campo ricamente diversificado, de modo que
nenhum estudioso espera cobri-los todos. A gramtica gerativa aquela que tem
maior fora ao guiar suas orientaes e metas, ainda que outras teorias tambm
tenham tido algum impacto.
Quase 7.000 lnguas so faladas hoje. Um nmero de linguistas se ocupa com
colher dados de lnguas pobremente documentadas. Linguistas missionrios
continuam com papel proeminente. Os avanos tecnolgicos desde o comeo do
sc. XX incluindo gravadores de udio e vdeo, e computadores tm facilitado
imensamente a tarefa de documentao e descrio das lnguas.
Os linguistas tm se aplicado a crescentes interesses alm dos tradicionais como o
aprendizado de lngua, o letramento e a traduo. Por exemplo, a lingustica
descritiva, a psicolingustica, a pragmtica e a anlise de conversao, a
sociolingustica, a lingustica computacional.
Referncias:

1. http://www.portuguesdobrasil.net/linguistica.htm, acesso em 30 abril 2012


2. http://mcgregor.continuumbooks.net/media/1/history_outline.pdf, acesso
em 30 abril 2012

Você também pode gostar