ELABORAÇÃO de UM PLANO de Um Plano de Gerenciamento de Residuos Lava A Jato
ELABORAÇÃO de UM PLANO de Um Plano de Gerenciamento de Residuos Lava A Jato
ELABORAÇÃO de UM PLANO de Um Plano de Gerenciamento de Residuos Lava A Jato
A Gesto dos Processos de Produo e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentvel dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
ELABORAO DE UM PLANO DE
GERENCIAMENTO DE RESDUOS:
ESTUDO DE CASO EM UM LAVA JATO
Larissa Rodrigues Cortez (UFRN )
[email protected]
Fernanda Kivia Agra Fernandes (UFRN )
[email protected]
Natalia Pereira Franca Vieira (UFRN )
[email protected]
Ranieri Bezerra de Oliveira (UFRN )
[email protected]
Joyce Elanne Mateus Celestino (UFRN )
[email protected]
A Gesto dos Processos de Produo e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentvel dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
1. Introduo
A preocupao com o meio ambiente est em constante crescimento, dessa forma, a
populao tem passado a dar mais ateno para os resduos gerados. Alguns empreendedores
os veem como fonte de riquezas, e o seu gerenciamento como forma de reduo de custos.
Essas oportunidades podem ser facilmente encontradas em um lava jato, o qual gera
resduos slidos e, principalmente, lquidos. Caso esses no recebam o acondicionamento,
transporte, tratamento e destinao corretos, causam riscos natureza e sade humana por
apresentarem substncias prejudiciais, alm de aumentar os custos da empresa.
Tendo em vista os impactos e benefcios supracitados, imprescindvel a presena,
nesses estabelecimentos, de um Plano de Gerenciamento de Resduos (PGR), bem como sua
melhoria contnua. Nesse sentido, este trabalho objetiva estruturar a gesto de resduos em um
lava jato localizado no municpio de Natal/RN.
Para isso, realizou-se uma reviso terica, que possibilitou fundamentar a elaborao
do estudo de caso, cujos dados foram levantados in loco, no perodo de uma semana. A partir
disso, os resduos gerados foram caracterizados para auxiliar na determinao de novas
formas de acondicionamento, segregao, tratamento, transporte e destinao. Essas podem
ser aplicadas a outras empresas do mesmo ramo que geram resduos com caractersticas
semelhantes. Os resultados obtidos mostram que, alm dos ganhos ambientais e de sade
pblica, essas medidas adotadas trazem benefcios financeiros para os proprietrios dessas
instituies.
2. Fundamentao terica
2.1.
Os lava-jatos so, de acordo com o Sebrae (2004), microempresas que colaboram para
o desenvolvimento de cidades, uma vez que participam da distribuio de renda, emprega
pessoas e atende outros setores da economia, alm do pblico geral. Porm, tambm precisam
se adequar sustentabilidade ambiental, no desperdiando gua, nem insumos, tratando seus
efluentes e reutilizando a gua residuria.
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Assim, eles devem ser implantados em locais adequados, obedecendo legislao, que
tem como objetivo reduzir e prevenir a poluio (Poltica Nacional do Meio Ambiente. Lei
6.938, 1981).
importante ressaltar ainda que os resduos gerados por esse estabelecimento podem
ser classificados quanto ao estado fsico. O CONAMA N 313/2002 classifica-os assim como
resduos lquidos ou resduos slidos.
2.2 Resduos slidos
Segundo a Norma Brasileira, NBR 10.004 da Associao Brasileira de Normas
Tcnicas (ABNT) de 2004,
resduos slidos so resduos nos estados slidos e semi-slidos, que resultam de
atividades da comunidade, de origem: industrial, domstica, de servios de sade,
comercial, agrcola, de servios e de varrio. Consideram-se tambm resduos
slidos os lodos provenientes de sistemas de tratamento de gua, aqueles gerados em
equipamentos e instalaes de controle de poluio, bem como determinados
lquidos, cujas particularidades tornem invivel o seu lanamento na rede pblica de
esgotos ou corpo d'gua, ou exijam para isso solues tcnicas e economicamente
inviveis em face melhor tecnologia disponvel. (ABNT, 2004, p.1)
Resduos lquidos
Segundo Costa (2006, apud REIS; ANDRADE; SANTOS, 2010), a gua torna-se
resduo aps ser utilizada, uma vez que est contaminada com produtos qumicos utilizados
na lavagem dos automveis, sendo dessa forma inapropriada para o consumo.
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A captao desse bem natural para a utilizao na lavagem oriunda da rede pblica
de abastecimento, de poos ou crregos, sendo essa gua, por sua vez potvel (TEIXEIRA,
2003, apud MAGALHES, 2005).
Os efluentes gerados da atividade de lavagem de automveis, segundo U.S.EPA
(1999, apud MAGALHES, 2005), contm, na maioria das vezes, apenas sabo, gua de
exangue e cera, apresentando agentes desengraxantes, solventes e metais pesados, geralmente,
quando h lavagem do motor e da parte inferior do veculo.
De acordo com Kuroda (2002, apud MAGALHES, 2005), entende-se que a escolha
de determinada alternativa de tratamento est atrelada as caractersticas da gua em sua forma
bruta, dependendo, tambm, do padro de qualidade que se deseja alcanar aps o tratamento.
2.3.
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3. Metodologia
A elaborao deste artigo foi pautada em duas principais vertentes. Em primeira
instncia, realizou-se uma reviso bibliogrfica, a qual buscou elencar as principais definies
relevantes aos conceitos aqui abordadas, bem como embasar o desenvolvimento do plano de
gerenciamento de resduos, visando adequ-lo realidade da empresa.
Alm disso, desenvolveu-se um estudo de caso em um lava jato com o intuito de
elaborar um PGR. Isso se deu atravs de visitas dirias, in loco, durante uma semana
(15/10/12 a 20/10/12), na qual foram feitas as coletas dos resduos slidos juntamente com o
controle (medio do volume) dos efluentes gerados nesse perodo, a composio
gravimtrica e a caracterizao desses resduos, quanto natureza fsica, composio qumica,
origem, periculosidade, estado fsico e grau de degradabilidade.
Por fim, buscando atender a realidade da empresa, adaptou-se as etapas sugeridas no
Manual de Gerenciamento de Resduos/SEBRAE-RJ (2006) para elaborao do PGR,
resultando
nas
acondicionamento;
seguintes
etapas:
identificao
coleta/transporte interno;
do
gerador;
resduos
acondicionamento/estocagem
gerados;
temporria;
Identificao do gerador
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vivel, desenvolver a composio gravimtrica, a qual est descrita na Tabela 1 (os valores
so em Kg), a qual foi elaborada a partir da coleta de resduos slidos gerados pelo
empreendimento em uma semana (15/10/12 20/10/12).
Tabela 1 - Composio Gravimtrica
Alm disso, tornou-se possvel classificar os resduos gerados quanto ao estado fsico,
natureza fsica, composio qumica, e ao grau de degradabilidade, conforme a Tabela 2.
Isso tambm auxilia na elaborao de um plano de gerenciamento mais eficiente.
Tabela 2 - Classificao dos Resduos Slidos
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Alm dessas, os resduos gerados tambm podem ser classificados quanto sua
origem, se enquadrando, assim, como resduos de servios, provenientes de estabelecimentos
comerciais e prestadoras de servios.
Aps conhecer os resduos slidos gerados, imprescindvel descrever que eles so
armazenados, sem separao, em baldes de aproximadamente 100 litros. Estes so dispostos
em locais abertos e sem impermeabilizao. Alm disso, atualmente, no h transporte interno
de resduos slidos, uma vez que os resduos so transportados diretamente de onde so
gerados para o local da coleta pblica.
Tratando-se, ento, dos resduos lquidos, os quais representam a maior parte dos
resduos que o estabelecimento gera, eles so constitudos por produtos utilizados na lavagem
do carro (shampoo, gua, desengraxante, etc), leo e esgoto domstico (gerado do banheiro).
Na semana em anlise (15/10/12 20/10/12), observou-se que eles foram gerados nas
quantidades descritas no grfico da Figura 2.
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Acondicionamento
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reciclveis (cor cinza), com as devidas identificaes. Ambos fechados, com rodas e
recobertos por sacos resistentes, para facilitar manuseio e evitar vazamento ou ruptura.
Os recipientes seriam divididos apenas em reciclvel e no reciclvel devido a falta de
espao, pela praticidade e pelo fato da quantidade gerada de cada componente reciclvel no
ser suficientemente elevada para tornar necessria uma segregao mais especfica.
O resduo lquido oriundo de duas fontes: da prpria lavagem dos carros e do esgoto
domstico (banheiro). No primeiro caso, todo o resduo seria acondicionado no dique, com
capacidade aproximada de 4m, impermeabilizado para evitar contaminao do solo e
com sistema de bombeamento capaz de levar o resduo lquido para o incio do tratamento
interno.
Alm disso, uma manuteno semanal seria necessria para manter a higienizao do
dique e para a retirada dos excessos de incrustaes que venham a se acumular nele e nas
caixas de tratamento. Os EPIs necessrios para realizar essa atividade seriam: luvas que
cobrem os braos, macaco, avental, botas de borracha e mscara.
No caso dos efluentes sanitrios, o resduo no ter acondicionamento, ou seja, assim
que usado ser destinado diretamente para o esgotamento sanitrio.
4.3.
O transporte interno dos resduos slidos deve ser manual e realizado pelos
funcionrios. Quando os sacos (de 9 e 100 litros, citados anteriormente) atingirem sua
capacidade mxima, devem ser transportados para a sala de estocagem.
Para isso, torna-se necessrio que os colaboradores usem EPIs, como luvas, botas e
mscaras nos momentos de manuseio desses resduos.
J o transporte dos resduos lquidos se dar de forma mecnica, duas vezes ao dia (no
final de cada perodo manh e tarde), bombeando o lquido acondicionado no dique para as
caixas de tratamento, que ser abordado com mais detalhes no item 4.6.
O efluente tratado ser conduzido, tambm de maneira mecnica, para uma caixa de
reutilizao e, posteriormente, servir para a lavagem de partes especficas dos veculos (parte
inferior, rodas e motor).
4.4.
Acondicionamento/estocagem temporria
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os
resduos
lquidos, depois
de tratados, sero
acondicionados
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4.5.
Segregao
Como citado no item 4.2, os resduos slidos sero separados por meio de sacos de cor
azul para os resduos reciclveis e os de cor cinza para os rejeitos. J os resduos resultantes
do tratamento dos efluentes sero separados em resduos slidos grossos, leo e gua. Essa
segregao dos resduos possibilita no haver mistura daqueles incompatveis, fazendo com
que seja vivel uma reutilizao, reciclagem e a prpria segurana no manuseio.
4.6.
Pr-tratamento/tratamento interno
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Com esse sistema, torna-se possvel fazer a reutilizao da gua para lavagem de
motores, das partes inferiores, das rodas e dos pneus dos automveis. Mas no poderia ser
usada na lavagem da parte superior, visto que, como no foram retirados alguns componentes
qumicos, estes poderiam reagir e causar manchas na pintura do veculo.
4.7.
Coleta/transporte externo
No caso dos resduos reciclveis, a coleta externa seria feita uma vez na semana, de
modo a juntar uma quantidade considervel de resduo. Assim, estes seriam encaminhados at
os locais adequados, que recebem esses materiais. Esse transporte externo seria realizado
atravs do veculo do proprietrio.
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Destinao final
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