Arquitetura Colonial Baiana - Roberto C. Smith
Arquitetura Colonial Baiana - Roberto C. Smith
Arquitetura Colonial Baiana - Roberto C. Smith
Bahia FIB/BA
C O L E O
N O R D E S T I N A
N O R D E S T I N A
ROBERT C. SMITH
C O L E O
ROBERT C. SMITH
ARQUITETURA COLONIAL
BAIANA
ALGUNS ASPECTOS DE SUA HISTRIA
ARQUITETURA COLONIAL
BAIANA
ALGUNS ASPECTOS DE SUA HISTRIA
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UNIVERSIDADE FEDERAL
DA
BAHIA
REITOR
EDUFBA
Rua Baro de Jeremoabo, s/n
Campus de Ondina
40170-115 Salvador-BA
Tel: (71) 3283-6160/6164
[email protected]
www.edufba.ufba.br
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ROBERT C. SMITH
ARQUITETURA COLONIAL
BAIANA
ALGUNS ASPECTOS DE SUA HISTRIA
Salvador
EDUFBA
2010
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Smith, Robert C.
Arquitetura colonial baiana : alguns aspectos de sua histria / Robert C. Smith. - Salvador :
EDUFBA, 2010.
70 p. : il.
ISBN 978-85-232-0701-4
1. Arquitetura colonial - Bahia - Histria. I Ttulo.
CDD - 724.1098142
Editora filiada :
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SUMRIO
PREFCIO
7
INTRODUO
11
ALFNDEGA DA BAHIA
13
IGREJA DA PALMA
23
FBRICA DE PLVORA
31
CONVENTO DA LAPA
39
VILA DE ABRANTES
57
NOTAS
63
PARECER DO RELATOR DO I CONGRESSO
DE HISTRIA DA BAHIA
69
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NDICES
DAS
ILUSTRAES
1..................................................................................ALFNDEGA DA BAHIA
2............................................................PLANTA DA ALFNDEGA DA BAHIA
3..................................................................MORGADO DE SANTA BRBARA
4.......................................................PLANTA DA IGREJA DE N.S. DA PALMA
5......................................................................CASA DA PLVORA DA BAHIA
6.....................................................PLANTA DO CONVENTO DE N. S. DA LAPA
7.......................................................................CONVENTO DE N. S. DA LAPA
8.......................................................................MAPA DA VILA DE ABRANTES
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PREFCIO
RECONHECENA
A REEDIO deste texto de Robert C. Smith, Arquitetura Colonial Bahiana: alguns aspectos da sua histria; (Salvador, Secretaria
da Educao e Cultura, 1951, Publicao do Museu do Estado n 14),
pela EDUFBA na Coleo Nordestina, vale como reconhecimento, pelos leitores e estudiosos atuais, de um trabalho se no indito, esgotado,
e como um tributo ao seu autor, um dos pioneiros das pesquisas sobre
os objetos culturais das nossas artes, tais como um Mrio de Andrade,
Godofredo Filho, D. Clemente Maria da Silva Nigra, Germain Bazin, dentre outros.
Como vemos, Jos Valadares (1917-1959), ainda diretor do
Museu do Estado da Bahia, antes do seu trgico falecimento, vai publicar este texto de Robert C. Smith, com quem travou conhecimento j
nos Estados Unidos da Amrica.
Aqui temos para leitura os primeiros apontamentos de Robert C. Smith sobre edificaes coloniais da Bahia, com a remisso para
os documentos que foram utilizados em suas investigaes preliminares, o que nos desvenda a sua metodologia.
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INTRODUO
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Torna ainda mais evidente a atribuio a esta poca, um documento arquivado no mesmo mao de papis. uma carta na qual o
Provedor da Real Fazenda, Pero de Gouveia de Melo, explica a Sua Majestade D. Felipe III a recusa dos oficiais da Cmara da Bahia de concorrerem
nas despesas da construo das Obras das Casas da Alfndega, contos e
almazem. O documento, que foi escrito em Salvador a 6 de agosto de
1618, menciona uma carta da Cmara a El-Rei dando explicao da recusa por motivo das obras da S, eu por ser obra sumptuosa no excusa
todo o que a dita imposio Rende. Segundo a carta do Provedor a
catedral estava meia derrubada e na outra a metade se no entretanto
celebrando os officios deuinos. Ao mesmo tempo, porm, a carta no
fecha absolutamente a porta possibilidade de uma futura ajuda, porque
termina com as palavras assim em q. durar a dita obra no h que tratar
da dita imposio. Atravs de uma comunicao dirigida a D. Pedro II
em 19 de abril de 1680 sabemos que entre outras despesas o povo da
Bahia ainda estava contribuindo para a construo da catedral.4
No possvel averiguar a origem do interessantssimo desenho com sua respectiva planta. Os prprios riscos no fornecem explicao alguma do problema. Ser o modelo um risco mandado da
metrpole para a Bahia, ou ser um desenho feito na capital da Amrica
Portuguesa por algum engenheiro? Ser talvez obras do prprio Nicolau de Frias,5 autor das fortificaes do Maranho em 1614, que delineou um esquema para a fachada de um seminrio durante o governo
de D. Luiz de Souza, segundo Conde do Prado, entre 1618 e 1620?
A publicao deste desenho e do texto do manuscrito de que ele faz
parte, prometida pelo Itamarati tornar possvel a comparao do modelo da obra da alfndega com o desenho do seminrio da Bahia. O
fato de quase todos os desenhos documentados de edifcios coloniais
brasileiros encontrados no Arquivo Histrico Colonial Portugus serem
feitos na Amrica indica a probabilidade da elevao e planta da Alfndega pertencerem tambm esta categoria.
Representa o modelo um edifcio de dois andares com
aproximadamente as seguintes dimenses: 48.36m. de comprimento;
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no lugar perto da Igreja do Corpo Santo, onde figura nas vistas de Caldas
e de Vilhena. Em 1699 estava ainda em construo. Reformada pelo
governador Conde das Glveas em 1746, passou a sofrer uma transformao total sob o Imprio.11
No ano de 1696 pediu o soberano que o Governador D. Joo
de Lencastro lhe remetesse a planta da obra da nova Alfndega que se
fazia. Infelizmente at agora no se encontrou este risco no Arquivo
Histrico Colonial Portugus, pelo que a forma do edifcio ordenado
em 1694 no conhecida. Ser, talvez, que o modelo da Alfndega
representa este prdio, e no um projeto bem anterior, de 1618?
O desenho no tem data e a nica ligao com essa poca a carta do
Provedor-mr. A extraordinria semelhana do desenho com o edifcio
de aproximadamente 1715, em Cachoeira, favorece esta interpretao.
Na ausncia de documentao mais slida, porm, a questo da data
do desenho e sua respectiva planta no pode ser resolvida.
O Modelo da obra, que se h de fazer na Alfndega da Bahia,
rarssima relquia da administrao baiana do sculo XVII, torna-se ainda mais preciosa pelas ligaes que possui com um monumento existente no Recncavo, e pelas caractersticas gerais da arquitetura seiscentista luso-brasileira, que abundantemente revela.
DOCUMENTO
A El Rey nosso sn. or no Cons.o de sua faz.a Lx.a a 2 uias. Do
Pued.or mor da faz.da do dito Estado do Brasil
Com os officiaes da camara desta cidade tratej o neg.co das
Obras das Casas da Alfandega contos e Almazem e lhe ppus a necessidade que dellas h (e elles a unem) e o quanto V.M.de lhe agradecia o uirem
em se fazerem Custa da imposio porpondo lhe para isso muitas
rezes, e no quissero uir nisso dandome por Resposta que j acerca
disso tinho escrito a V.M.de em reposta do que sobre o mesmo neg.co lhe
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da B.a pella pequenhs da dita Pouoaam no necessitar de mayor Igreja. No mesmo dia, ainda em Sta. Cruz, assinaram um termo, recomendando que na Bahia o Governador, sendo servido, mandasse fazer
a avaliao da igreja de N. S. da Palma.
Consequentemente, o Tenente General Engenheiro Miguel
Pereira da Costa,14 auxiliado pelo Capito Engenheiro Gaspar de Abreu,15
recm-chega praa da Bahia, tiraram, sob ordem do Governador, a
planta da igreja de N. S. da Palma. Na execuo desta tarefa, desempenhavam as funes de arquiteto civil, de que tantos casos se registraram nessa
poca no Brasil. Fizeram precisamente o que Joo de Macedo Corte Real
e Diogo da Silveira Veloso iam fazer no Aljube de Olinda em 1729,16 e o
mesmo que Nicolau de Abreu e Carvalho e Manuel Cardoso de Saldanha
faro mais tarde na Bahia em torno da nova fundao do convento de N.
S. da Lapa.17 Traando plantas, delineando prospectos e dirigindo obras
civis, foram os engenheiros militares os principais arquitetos profissionais
da Amrica Portuguesa nesse perodo do sculo XVIII.
Chamou Miguel Pereira da Costa aos mestres pedreiros e carpinteiros da cidade do Salvador, ordenando-lhes que avaliassem a construo do velho templo baiano. Eles depois passaram duas certides,
datadas de 18 e 24 de maio de 1712. Conservadas no arquivo portugus, revelam a identidade dos ofcios mecnicos, que as firmaram, assim
como alguns dos preos a nessa poca correntes. Os mestres carpinteiros, juzes do ofcio neste ano, Antonio da Silva Reis e Baltazar Coelho
Barros, que tambm entendiam de ferragens, estabeleceram um preo total de 416$000 ris. Mais minuciosa foi a certido dos mestres
pedreiros Joo Antonio dos Reis e Manuel Antunes Lima, ambos juzes
do ofcio de Pedreiro, e Manuel Gomes da Silva, escrivo do mesmo
ofcio. Falam em braas de alvenaria a 7$000 ris. O fato de que o preo
se manteve com pouca diferena por mais de uma dcada indica a
declarao do mesmo pedreiro Manuel Antunes Lima, mestre das obras
da fonte de Gravat na Bahia, em 1724, que calculou cada braa de
alvenaria a sette mil e quinhentos.19 Valia em 1712, segundo a certido
dos mestres pedreiros, a braa de reboque guarnecido 1$500 ris. Cada
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braa de ladrilho e telhada valiam nesse ano 3$500 e 2$500 ris. Avaliaram a cantaria de N. S. da Palma em 600$000 ris, e oraram hu
alpendre q. se h de fazer na porta principal em trinta mil rs. A referncia a este prtico rstico, destinado provavelmente igreja de Sta. Cruz,
tambm elemento to caracterstico das igrejas e conventos do Brasil e
Portugal no sculo XVII, reveste-se do maior interesse.20
Poucos dias depois, o Governador Pedro de Vasconcelos21
comunicou a D. Joo V os resultados da vistoria e das certides, enviando a Sua Majestade, ao mesmo tempo, a planta que mandara fazer.
Calculou a importncia da igreja nova de Sta. Cruz do Porto Seguro em
9.500 cruzados, prometendo que, com o abatimento da cal e madeira
que os moradores j se encarregaram de prover, se El-Rei desse 6.000
cruzados, ficaria em trs anos a dita Igreja acabada na sua ltima
perfeio. o Procurador da Fazenda Real, numa rara exibio de generosidade oficial, aconselhou que, dada a extrema pobreza do povo de
Sta. Cruz, sua obrigao fosse deferida. E assim pareceu ao Conselho
Ultramarino na sua sesso de 16 de novembro de 1712.
No se sabe precisamente quando a igreja foi edificada.
provvel que as obras tenham comeado logo aps a declarao do
Conselho, e seguiram com as demoras comuns no perodo colonial.
Muitos anos depois, em abri de 1773, o Ouvidor de Porto Seguro, Jos
Xavier Machado Monteiro, fundador das povoaes de Vila Viosa, Alcobaa, Belmonte e Prado, mencionou num seu ofcio a reedificao do
frontispcio deste templo de Sta. Cruz.22
A planta que o Governador Pedro de Vasconcelos mandou
Corte encontra-se no grupo de documentos aqui citados. Intitula-se
Planta da Igreja de Nossa Senhor da Palma da Cidade da Bahia e leva a
firma dos dois engenheiros, a de Miguel Pereira da Costa escrita com
tinta e a de Gaspar de Abreu a lpis. (Figura 4)
Traz o desenho muitos pormenores relativos construo e
servios do edifcio. De pequenas dimenses, aproximadamente
20.426m por 8.6m, formando sua planta a letra T, representa o desenho o antigo templo fundado em 163023 segundo uma lpide da pr25
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DOCUMENTOS
Snr.
Requerendo a V. Mag.de os moradores da Pouoao da Santa
Cruz termo da Villa de Porto Seguro hau ajuda de custo para a reedificao de sua Igreja Matriz, por se achar de todo arruinada, ordenou V.
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Aos quartoze dias do ms de Setembro do anno de mil e settecentos e onze, em uirtude e comprimento da Ordem do Gouernador e
Capp.am Geral do Estado do Brasil, D. Loureno de Almada, nacida de
outra que tiuera de S. Mag.de que Deus g.de, foro o Capp.am Mayor desta
Villa de Porto Seguro Gonallo de Antas Pr.a, o Ouuidor o Capp.am Francisco
de Lyra, e o Senado da Camara della, a Pouoao de S. Cruz, termo e
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de madeiram to, athe se por a d Igreja em sua ultima perfeio p.a V. Ex.a
informar a S. Mag.de q. Ds. G.de, sobre o requerim.to dos moradores da
Pouoao de Santa Cruz da Capitania do Porto Seguro.
Em observa.a da d.a portaria levei em minha comp.a a Igreja de
Nossa Senhora da Palma o d.o Cap.am Engenhr.o p.a effeito de tirar a planta e os
juzes dos offcios de pedreiro, e carpinteiro, aquelles p.a verem, e aualiarem
toda a obra pertencente a pedra, a cal e esses p.a aualiarem o feitio do
mandeiram.to da dita Igreja; e pello oram.to q. fiz, seg.do os pressos q. de suas
certides consta, importar a d.a Igreja nove mil e quinhentos cruzados
acabada de toda a obra de alluanaria, ladrilho, reboque, cantaria, e telhado,
pondo o pedreiro todos os materiaes, entrando o feitio do madeiram.to, os
d.os presos so os por q. se fazem nessa Cid.e semelh.tes obras no sitio em que
est a Igreja de Nossa Senhora da Palma, a hunlado do alto da Cid.e q he
muita distancia da praya, e por essa cauza sem mayor presso as d.as obras,
a respeito da conduo dos materiaes, q. transportaro por mar h a praya
e como no sei se na nova Igraje haver to larga conduo, no se pode
formar discuro rigurozam.te verdadr.o sobre a importncia de sua despeza,
porm no ser grd.e o excesso ou diminuio, porq. se houver diferena p.a
menos em hum dos materiaes, havelah p.a mais em outro, e assim poder
importar a d.a Igreja aquella qantia posta em sua ultima perfeio: he o q.
posso informar a V. Ex.a q. mandar o q. for servido. B.a e Mayo 26 de 712.
Miguel Pr. da Costa; Gaspar de Abreu.
V.E.
Dizemos nos abaixo assignados Antonio da Silua Reis Baltezar
Coelho Barros que nos fomos a Igreja de Nossa Senhora da Palma em
prezena do tenente general emg.ro Miguel Pr.a da Costa p.a tomarmos a
rol toda a obra que toque ao oficio de carpintr.o e ferreiro que achamos
valle coatro sentos e dezaseiz mil reiz e declaramos que faz este custo
sendo no sitio em que est a dita Igreja de Nossa Senhora da Palma e por
assim ser uerdade passamos esta sertido por nos assignada. B.a 18 de
maio de 1712. Antonio da Silua Reis; Baltazar Coelho Barros.
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V.E.
Dizemos nos abaixo assignados Juizes e Escrivo do officio
de pedreiro q. nos fomos a Igreja e N. S. da Palma desta Cid.e em qual
pello Tenente engenheiro Miguel Per.a da Costa nos foi dito dissemos o
presso da obra de pedreiro e no mesmo lugar donde est a d.a igreja
anualuamos a Brassa de aluenaria a sete milrs., e a Brassa de reboque
goarnedico a mil e quinhentos rs. e a Brassa de ladrilho a ter mil e
quinhentos rs. sendo embocado em cal, e a Brassa de Beira e sobreira
a dous mil e seis centos e corenta rs., e orssamos hu alpendre q. se ha de
fazer na porta principal em trinta mil rs.; e por nos ser pedida a prezente a passamos por nos reportamos aos ditos pressos. Bahia em 24 de
Mayo de 1712 annos. Joo Antunes do sic Reis; Manoel Antunes Lima;
Manoel Gomes da Silva.
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DOCUMENTOS
Senhor,
Pella Proviso da Copia junta de vinte e dous de Abril de mil
setecentos e dous mandou V. Mag.e edificar nesta praa huma caza para
fabrica da polvora pella planta que foi servido remeter, com o mais pertencente a dita lavoura em cujo comprimento se edificou a dita casa, que
importou de pedreiros, e carapina, vinte quatro mil cruzados, cento e trinta
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a e oito mil, nove centos, e noventa e oito reis e assistio o Mestre que veyo da
dita fabrica athe dezaseis de Agosto de mil sete centos e quinze e entrou a
refinar a polvora intil Affonso Luis pella ordem da copa junta de doze de
Julho de mil sete centos, e catorze, e assistio athe quinze de Novembro de mil
setecentos e trinta, e de anto entregue tudo, que havia recebido pertencente a dita fabrica athe o prezente no tem servido a dita caza, mais que para se
guardarem as taes pertenas, e alguns materiais, como informa o Escrivo
da fazenda e mando junta a planta da dita caza feita pello Sargento mor
Engenheiro e comtudo informe a Proviso de vinte do ms de Maro do
prezente anno de mil sete centos e cincoenta e hum como V. Mag.e me
ordena. B.a 6 de Agosto de 1751. Manoel da Cunha de Sotto Mayor.
Copia
Governado, e Cap.m g. do Estado do Brazil. Eu El Rey voz envio
muito saudar por ser conveniente que nessa Cidade da Bahia haja fabrica
de polvora pra nella se reduzir polvora o salitre que ha nesse Estado e se
espera haver cada vs maiz abundancia. Fui servido resolver, que se
edifique nella caza para a d.a fabrica, e p.a esse effeito, Me pareceo dizervoz
que se voz remete a planta incluza p.a. por ella se obrar o que for necessrio, como tambm tudo o mais conducente p.a se lavrar a d.ta polvora e p.a
assistir ao trabalho della, vay tambem nesta ocazio, Manoel da Costa
Mestre perito na arte de a fabricar com o qual se ajustou o darselhe tres
tostoens nessa praa porque nesta corte se ha de assistir com dous tostoens por dia pelo meu concelhos ultramarino p.a sustento de sua mulher,
e famlia, de que voz avizo para que assim o tenhaes entendido e faaes
executar o que por esta ordeno. Escrita em Lx.a a vinte, e dous de Abril de
mil sette centos e dous. Rey Para o Governador g. do Est.o do Brazil.
Copia
Dom Joam por graa de Deoz Ray de Portugal, etc. Fao saber
a voz Prov.or mor da Faz.a do Est. do Brazil, que por ter rezoluto que
Afono Luis da S.a tome por assento o refino da Polvora que se acha
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neste Est.o para se refinar, e p.a esse effeito necessitar da fabrica que se
acha nestapraa, vozordeno lhe mandeis entregar a fabrica da Polvora
com todas as suas pertenas e miudezas por inventario, e por elle ser
obrigado o mesmo Afonso Luiz a restituir tudo sem deminuio algu.
El Rey nosso Snr o mandou por Miguel Carloz Conde de Sam Vicente,
Gr. da Armada do mar oceano doz seoz concelhoz do Estado e Guerra
e Presidente do ultramarino Miguel de Macedo Rib.ro a fez em Lx.a a
dous de Junho de mil sette centoz, e quartoze.
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a fundao. Ocupava o convento principalmente os terrenos do testamentado, com a exceo de 39 braas do lote concedido pelo Vicerei. Uma vez terminado o convento, resolveu Manuel de Miranda
Ribeiro na parte restante da doao fazer mayor Igreja, por ser m.to
pequena Ermida a dita Capela, a que se encostou o Convento... e hoje
no ser capaz do concurso, que ocorre a assistir aos Offcios Divinos...
e carecer ainda o Convento de algumas Cazas para accomodao dos
serventes delle, e outras Officinas. Pediu ento confirmao rgia
dessas 71 braas ainda no utilizadas mas, como nesses terrenos
existiam certas trincheiras, 43 que faziam parte das antigas fortificaes da cidade, resolveu D. Jos I reservar sua merc enquanto no
recebesse declaraes favorveis da parte do Brigadeiro Jos da Silva
Pais,44 um dos principais engenheiros militares portugueses na Amrica. Preocupado com a fortificao da Ilha de Sta. Catarina, voltou o
militar a Lisboa sem poder cumprir as reais ordens a respeito dos
terrenos do convento, ordens, que alis negou ter recebido antes de
1743, quando j se encontrava em Portugal.
Depois, a obra de Joo de Miranda Ribeiro ficou embargada
muitos anos. Finalmente, em 1751, por Provises de 5 de outubro,
mandou El-Rei dois engenheiros da praa da Bahia, o Tenente General Nicolau de Abreu e Carvalho,45 e o Sargento-mr Manuel Cardoso
de Saldanha, j nosso conhecido, visitar e examinar os ditos terrenos
para averiguar se as trincheiras eram necessrias defesa da cidade,
fazendo, ao mesmo tempo, uma planta do stio e das construes
que o ocupavam.
Respondeu Manuel Cardoso de Saldanha em 10 de maio de
1752 que as trincheiras no serviam para defender a Bahia e que outro
engenheiro, o Brigadeiro Joo Mass,46 [que visitou a cidade em 1712]
j as achara inteis, e que segundo este parecer o Conde de Sabugosa
tinha feito a sua doao. Corroborou as suas declaraes Nicolau de
Abreu e Carvalho em uma carta de 30 de janeiro de 1754. No entanto,
por uma Real Resoluo de 28 de setembro de 1753, entraram as
primeiras religiosas no novo convento de N. S da Lapa. Dois anos depois
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(Figura7) Depois o muro alto que encerra o ptio externo (B), do qual
se passa para o interior do convento em baixo do elevado e magnfico
mirante de trs pavimentos, cada um com suas janelas ainda tapadas
de grades de ferro.l Em seguida aparece o convento com o claustro
interior das freiras (A), donde se comunica com a igreja da Conceio e
Lapa (E), cuja sacristia termina o grandioso conjunto. De forma mais
impressionante do que o convento de Sta. Clara, o da Lapa demonstra
talvez melhor de que qualquer outro do Brasil, a disposio tpica das
maiores fundaes deste gnero de Portugal, como o Real Convento de
Sta. Clara-o-Novo de Coimbra.
Quem eram os dois fundadores da capela e convento de N. S.
da Lapa? Conhecem-se seus nomes sem se saber nada das suas vidas.
O nome de Manuel Antunes Lima lembra o indivduo que tomou parte
na avaliao da obra de pedraria da igreja de N. S. da Palma em 1712.
Por um daqueles achados inesperados, que tornam fascinante pesquisar em velhos arquivos, apareceu o nome de Joo de Miranda Ribeiro
em um documento de 15 de setembro de 1753. Acompanha duas
plantas de Terrenos da Cidade da Bahia e dos Quartis q. nelles se
projectaram construir, para Alojamento das Tropas pagas. Foram desenhadas por Jos Antonio Caldas e medem .45m. x .27m. Estas plantas, representando uns quartis a serem edificados perto de N. S. da
Piedade so firmados por Nicolau de Abreu e Carvalho e Manuel Cardoso de Saldanha e so talvez os mesmos mencionados na documentao da Casa da Plvora. Foram orados os quartis em 80.000 cruzados
pelos medidores e avaliadores do Cons.o o Mestre Pedreiro Felipe de
Oliveira Mendez51 e o M.e Carpinteiro Joo de Miranda Ribr.o Existe
sempre a possibilidade de ter havido dois homens do mesmo nome
nessa poca, na Bahia. Mas a circunstncia do carpinteiro Joo de
Miranda Ribeiro ter avaliado os quartis projetados justamente no perodo da atividade do fundador da Lapa em prol da aquisio das 71
braas de terra e ter exercido uma profisso semelhante do segundo
fundador, Manuel Antunes Lima, torna muito atrativa, a possibilidade
de ambos terem sido oficiais mecnicos da Bahia.
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DOCUMENTOS
NOS PROV.OR E MAIS OFFICIAES DA ALF.A DA CID.E DA BA.A
DE TODOS OS SANCTOS
Certificamos q. Joo de Miranda Ribr.o mor. Nesta Cid.e da Bahia
tem fabricado, e feito com summa perfeyo e muy consideravel despeza
hum vistozo e grandiozo Convento p.a Religiozas na Capella q. tinha edificado a Nossa Sr. da Lapa (celebrandose nella todos os dias o Sancto Sacrifcio
da missa e no anno expondo com grande festividade, e aparato tres vezes o
Sm.o Sacramento da Eucaristia pouco distante do Convento dos Religiosos
Capuxinhos de Nossa Sra. da Piedade, e se acha quaze acabado com admiravel planta, e singularez commodoz para o recolhimento das Religiozaz,
e segura observancia das obrigaez do seo estado de cuja obra nenhum
prejuizo pode resultar a fortificao desta Cidade sem embargo de se haver
fundado em parte de hua antiga trinxeyra por no ser j esta defensiva da
mesma Cidade, no s por se achar j desbaratada, e por varias partes aberta
em caminhoz publicoz e povoada de Cazas contiguaz ao referido Convento,
e a dos d.oz Religiozoz Capuxinhos da Piedade, mas tambem por se averem
erigido variaz Fortalezas nos lugares mais arriscadoz da mesma Cidade, por
onde se podia recear a invadisse o inimigo, o que nunca poderia prudentemente fazer por aquelle stio da Lapa, pello ter maiz efficazmente premunido a natureza com hum extenso Dique cujas margez no permittem a
alojao de m.ta gente, nem commodo embarque, ou desembarquez por
serem de hu e outra parte em vasta distancia imtupidaz de juncos,
e atoleyroz, em que s canaz, e jangadaz podem entrar com dificuldade, as
quaes embarcaes por serem razaz, e pequenas apenaz podem conduzir
quatro, ou seiz pessoaz, e pello contgr.o he notrio, e muy attendvel a utilidade que rezulta a esta Cidade a sua Comarca da subsistencia, e conservao
do dito Conv.to da Sra. da Lapa, no s pello decorar e fermozear grandemente, e dar vallor as Propriedadez, e terraz contiguaz, mas tambem pello
augmento q. lhe acresce, na exteno e povoasso de novoz habitadorez e
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Cazas naquelle Stio, qu. Por ficar distante era pouco frequentado, e ainda
para os navegantez serve de demonstrao de terra, por avistar muytaz
legoaz ao mar o elevado e magnfico mirante do dito Convento sobre a
eminencia do sitio da sua fundao que he dos maiz proporcionadoz que
p.a hisso h nesta Cidade, onde he geralmente aplaudido e louvado do d
Joo de Miranda Ribr.o pello acerto da sua eleyo e constante zello e fervou
que comessou, proseguio e tem quazi concludo a referida obra sem embr.o
de lhe faltar o Compamhr.o q. com elle a tinha empreendido que foy M.el
Antunez Lima e pella acomodao que no dito Convento podem ter as
filhaz dos moradorez da mesma Cidade, e sua Comarca, por ser muy populoza carecia de maiz Conv.tos e por ho haver maiz q. o de S. Clara do Desterro
se embarcavo m.tas em quazi todaz as frotas p.a o Reyno, hindo alguaz
contra sua vontade por fazerem a de seus Paez. E por ser tudo verdade e nos
ser esta pedida a mandamoz passar e assignamoz afirmado o relata.do debayxo do juramento dos Sanctos Evangelhos. B.a e de Junho 19 de 1941
annoz. Domingo da Costa Almada et. al.
Senhor,
Por avizo do Secretrio de Estado Diogo de Mendona Corte
Real de vinte, e sette de Maro de mil settecentos, sincoenta, e hum ao
Marques de Penalva, Presidente deste Cons.o foi V. Mag.de servido que vendose nelle a petio, que baixava incluza, de Joam de Miranda Ribeiro, se
lhe consultasse o que parecesse, em a qual diz o Supp.te, que movido do
bem espiritual das Almas pela grande necessidade que tinho os Moradores do Bairro do Toror [Toror] da Cidade da Bahia de Igreja para ouvirem Missa, fez edificar sua custa huma pequena capella, ou Ermda
dedicada a Nossa Senhora da Lapa, e mostrando Deos com repetidos
prodgios a acceitao que fizera desta fundao, pertendeo o Supp. te para
mayor cloria do mesmo Senhor erigir no mesmo sitio hum convento de
Religiosas recoletas, de sorte que a dita Capella lhe ficasse servindo de
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Igreja e recorrendo a V. Mag.de juntam.te com Manoel Antunes Lima, morador na mesma Cidade para lhe dar Licena para a dita fundao foi V.
Mag.de servidor por sua Real Provisam, precedendo as informaes necessrias do Arcebispo Vice Rey daquele Estado, e do Procurador da Fazenda
Real delle, conceder-lhe licena para naquelle sitio se fazer a dita fundao
na area que para ella fosse preciza, e em virtude da dita Provizam comeou o Supp.te a dita obra, sem embargo resilir do ajustado concurso para
Ella o dito Manoel Antunes Lima, aproveitando-se das terras, q. lhe deixou
o Capelam Joam Pinto Brando no Testam.to com que faleceo, e porque
estas no bastavo para a fundao do dito Convento, e naquelle stio se
achavo huns brutos fundamentos sem pedra, nem tijolo, a que se d o
nome de Trincheiras, todos desbaratados, e abertos em caminhos publicos, de sorte que j no podia ter o efeito para que antigamente se comearo a fabricar por haverse extendido por elles a Cidade, enchendose de
Cazas, povoandose de moradores, e dividendose em ruas the a Fortaleza
de S. Pedro, que he a que cobre em as suas Muralhas e diques a Cidade,
alm de outras Fortalezas com que se acha presumida lhe deo o V. Rey
Conde de Sabugosa em virtude de licena, que j tinho de V. Mag.de para
a d.a fundao, cento e dez braas do dictos chos, ou Trincheiras, despois
de se proceder a nova vestoria pelo Provedor-mr da Fazenda Real com o
Dez.or Procurador da Coroa, e o Engen.ro daquella Praa, e se averiguar na
dita vestoria no pdoer a dita Trincheira de defensas Cidade, pela situao e estado em que se achava; e porq. da referida data de ocupao com
a fbrica do dito Convento s trinta, e nove braas para a parte do Sul em
frente da Capella por se edificar a mayor parte do Convento nas terras
deixadas pelo dito Joam Pinto Brando fora da sobredita Trincheira requerero os Supp.tes a V. Mag.de a confirmao das settenta, e hum braas,
que restavo para mayor desafogo do Convento, e poder accrescentarse
pelo tempo futuro se necessrio fosse; mas no foi V. Mag.de servido deferirlhe, antes se mandou suspender em toda a obra, que j se achava
acabada, at vir a informao que sobre este particular se mandou pedir
ao Brigadeiro Joze da Silva Paes, quando finda a fortificao da Ilha de Sta.
Catharina passasse Cidade da Bahia, e ficando assim embargado mais de
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concorre para esta despeza, que por sua morte ficara caducando por
depender da agencia com que se aplica a conseguir os meyos para ella,
pelo que pede a V. Mag.de que em considerao do referido, que tudo se
certifica pelos documentos, que se acho na Secretaria deste Cons.o affectos aos mencionados requerimentos, e no ter effeito a dita informao
pedida ao Brigadeiro Jos da Silva Paes, q. se achava j recolhido nesta
Corte, lhe faa merc confirmarlhe as ditas settenta, e huma braas de
chos para extenso da dita Igreja, e mais Officinas precizas do Convento
das Religiozas, attendendo a ser certo no poder ter serventia para defeza
da cidade a dita chamada Trincheira pela extenso, em que hoje se acha
aquella povoao, cazo que se queira novamente fortificar se h de delinear sem duvida a fortificar a fortificao della por outra planta, vista a
situao referida. Para satisfazer a esta Real Ordem de V. Mag.de se mandaro juntas a referida petio, os papeis de qie ella faz meno, e dandose
vista ao Procurador da Fazenda respondeo, lhe parecia que se devia por na
Real prezena de V. Mag.de este requerim.to, e as resolues das Consultas,
que nelle se referem, para que V. Mag.de se servisse mandar algum Engen.ro,
que fizesse o mesmo para que se destinava Jos da Silva Paes, e que este
fizesse o exame na necessidade, e utilid.e deste citio e que no havendo a
que se considerava, assim a informasse ao V. Rey para se mandar cumprir
a doao, que delle se achava feita.
Sobre esta resposta se ordenou ao Sarg.to mor de Batalha Jos
da Silva Paes informasse com seu parecer sobre este requerim.to, declarando tambem se recebera a ordem para ir delinear as fortificaes da
Cidade da Bahia, na forma que V. Mag.de ordenou por resoluo de vinte
e nove de Outubro de mil, sette centos, e quarenta posta em Consulta
deste Cons.o, que tambm se lhe remeteo para este efeito; ao que satisfez, dizendo, que no recebeo esta ordem de que faz meno a referida
Consulta, e s na frotta de mil, sette centos quarenta, e dous o mandou
este Cons.o informar por Proviza de vinte e nove de Dezembro de mil,
sette Centos quarenta, e hum sobre o requerim.to que fez a V. Mg.de o
dito Joam de Miranda Ribeiro para que se lhe houvesse de confirmar a
data que o V. Rey Conde de Sabugoza lhe tinha feito do terreno que
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taro as Cazas pela Sucesso dos annos, e tambm se fez hum hospcio
de Franciscanos Italianos Barbadinhos, e varias ruas de cazas em algumas partes por fora das Trincheiras, e a vista do estado, e utilidade dellas
foi de parecer, indo aquella Cidade o Brigadeiro Joam Mass que as ditas
Trincheiras estavo inteis, por que para o seu reparo era necessario
grandissimo cabedal com a demora de m.tos annos; sendo para isto
preciza a demolio de muitas cazas feitas, e tambem do mesmo Hospicio; e recorreo aquellas partes que offerecem entradas (seno o terrno
montuozo) por onde podia ser acommettida aquella Cidade, que estavo fortificadas da parte do Nordeste com dous fortes de Santo Antonio
alem do Carmo, e de S. Jose, que vulgarmente chamo do Barbalho,
e pela do Suoeste com o forte de S. Pedro que sendo todos de terra so
hoje de pedra e cal: Que aceite este parecer concedeo o V. Rey Conde de
Sabugoza em o anno de mil, settecentos, vinte, e hum o fazer Joam de
Miranda Ribeiro huma Capella a Nossa S.ra. da Lapa, e despois com
Provizam de V. Mag.de em vinte e oito de Maro de mil, sette centos trinta,
e sinco precedendo vistoria do Provedor mr, Procurador Rgio, Engen.ro,
e Mestres Pedreiros permittio o V. Rey Conde das Galveas fizesse hum
Convento para Religiozas recoletas, de que esto de posse, e se servem
da sobredita capelinha, m.to pequena, e pouco capas de celebrarem os
Offcios Divinos com assistencia do povo: Que na planta se v o Convento com a capella que tem servido de Igreja, a Igreja nova, e o mais
terreno pertendido sobre hum pedao de Trincheira antiga.
Informou tambem o Tenente General Nicolao de Abreo,
e Carvalho em Carta de trinta de Janeiro de mil sette centos, sincoenta,
e quatro, disendo q. em companhia do Sargento mayor Manoel Cardoso de Saldanha vio, e examinou o terreno pertendido, e o em q. se acha
feito o Convento de Nossa Senhora da Lapa sobre huma poro das
antigas Trincheiras: Que aq.la Cidade da Bahia foi antigamente fortificada com fortificao de terra da parte do Nordeste the sua opposta,
a que vulgarmente chamavo Trincheiras, as quaes pelo decurso dos
annos se foro arruinando no so naturalmente mas tambem artificial
pelos caminhos, e serventias, que fasio por ellas: Que foi crescendo
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E tornando a ser ouvido o Procurador da Fasenda respondeo, que offerece o que ja disse, e so lhe parece mais se accrescente o
termo, que aponta o General de Batalha Informante, e se passem as
ordens aos Generaes na forma desta informao.
E dandose de tudo vista ao Procurador da Cora [Coroa] disse
que lhe parece o mesmo que ao Dez.or Procur.or da Fasenda, vistas as
informaes.
Ao Cons.o de tudo que o V. Rey no podia da estas braas de
terra, que deo, por estar naquelle tempo destinada para a fortificao,
que agora deve ser feita por outra parte na forma que dizem os Engenheiros nas suas Informaes, vistas as quaes entende o Cons.o que V.
Mag.de pode ser servido permitir que o Supp.te acabe a obra da sua Igreja,
e as mais Officinas do Convento, considerando o estado em que este se
acha, mas que sempre sera conveniente que elle faa o termo, que
aponta o Brigadeiro Jos da Silva Paes na sua informao. Lisboa vinte,
e sette de Fevereiro de mil sette centos sincoenta, e sinco.
Raphael Pires Pardinho
Thom Joaquim da Costa Corte R.al
Fran.co Lopes de Carvalho
Fernd.o Joz Marq.s Bacalhao
Diogo Rangel de Almeyda Castelobr.co
Antonio Lopes da Costa
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zvel, athe pellos excelentes e agradveis passeios que tem por fora da
povoao. O nmero do seus habitantes era muito diminuto e no
chegava a 100 ndios, no s pela diverso que tem feito para as aldas e
Misses de Natuba, serto muito distante e ainda para fora da Capitania,
mas principalmente para as visinhanas da Alda de Massaro-dupio,
o que tambm deu motivo ao Governador e Capito General para me
incumbir a diligncia de os fazer tornar as suas povoaes, alm da
principal que foi de Fazer levantar as cazas incendiadas na Misso de
Massarodpio, como se mostra no seu devido e competente logar. Os
Indios que achei nesta Villa he gente muito dada ao trabalho da lavoira,
sendo a sua principal fora a plantao da mandioca, de que fazem a
melhor farinha para seu sustento, e o muito que lhes sobra a reputao
na cidade. Alm disso, planto algodo, que produz muito de fina
felpa, porm no corresponde o lucro ao trabalho, porque no tempo
prprio da colheita lhe cae quasi sempre hum certo orvalho, que apodrece muitos cazulos. Os indios que no tem lavoira se emprego em
huma grande olaria, ali estabelecida de telha e tijolo, que eu achei em
alguma deteriorao e promovi do modo possivel o seu adiantamento
fazendo de novo salariar 2 homens, que mandei convidar das olarias da
villa de Jaguaripe para os ensinar tambm a fabricar louas para o uso
ordinrio das cozinhas. Observei tambm a docilidade e boa inclinao
dos pequenos Indios e a sua aptido para o estudo das primeiras lettras
e ainda para muitas sciencias, o que no podero conseguir, pela falta
de directores capazes, que a maior parte delles tem sido, como o actual
que ali reside, no s ignorante, mas de pessimos costumes. Desta
povoao os Indios que estavo fugidos pude fazer recolher as suas
antigas habitaes, ainda com insano trabalho, 22 cazaes e 9 Indios
solteiros, a saber: 8 cazaes e 6 Indios solteiros que estavo em cazas
de diversos parentes na Alda de Massaro-dupio e 14 cazaes e 3
ndios solteiros que os achei nas terras desde o rio Jacuipe athe os
campos do Bib.63
Assim era a vila de Abrantes quando o curioso viajante mandou tirar a planta do Arquivo Histrico Colonial Portugus. (Figura 8)
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genheiros militares. O mapa de Abrantes toca numa das maiores epopias da Amrica colonial, a civilizao dos ndios pelos padres da Companhia de Jesus. Reflete-se na singela residncia, com alpendre caracterstico na igreja slida e austera, nas modestas casas dispostas em ordem ao redor da vasta praa, com os smbolos dos dois poderes no
cruzeiro e no pelourinho que l esto. Estabelece relaes com outras
aldeias Jesuticas de terras longnquas, do Maranho e do Par, da Argentina e do Paraguai, formando ligaes tambm com a Amrica do
Norte, cujas misses primitivas so, por assim dizer, o primeiro enlace
arquitetnico dos dois continentes. Atravs deste, como de cada um
dos desenhos, respira-se a ordem, honesta e sincera, daquele grande
estilo da Renascena ibrica, que foi uma das mais slidas bases da
cultura baiana, que neste Congresso se estuda.
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NOTAS
1. Uma seleo de desenhos dessa coleo foi publicada pelo autor desta comunicao em Alguns
desenhos de arquitetura existentes no Arquivo histrico colonial portugus (Revista do Servio do
patrimnio histrico e artstico nacional), Rio de Janeiro, 4,1940, 209-49). Apresentando aqui uma
segunda coletnea de plantas, mapas e elevaes do mesmo Arquivo, deseja o autor agradecer profundamente aos funcionrios do Arquivo Histrico Colonial Portugus (AHCP). Dr. Alberto Iria, Diretor do
Arquivo , e D. Luiza da Fonseca, cuja generosssima ajuda e preciosos conselhos tornaram possvel a
colheita e interpretao deste novo material.
2. Biblioteca Nacional de Lisboa; Arquivo de Marinha e Ultramar. Catlogo de mapas, plantas, desenhos,
gravuras e aquarelas. Coimbra, 1908
3. Existe outra planta, do andar superior, das mesmas dimenses, mas sem legenda.
4. Arquivo Histrico da Prefeitura Municipal do Salvador (AHPMS), Cartas do senado da cmara a S.
Majestade, A-159.
5. Segundo Souza Viterbo (Dicionrio histrico e documental dos architectos, engenheiros e construtores portuguezes ou a servio de Porgual, Lisboa, I, 1898, 378-80). Nicolau de Frias estudava a
arquitetura em 1598 com outro Nicolau de Frias e a geometrica com o Cosmgrafo-mr de Portugal, Joo
Baptista Lavagna, recebendo uma penso de 20$000 ris por ano. Em 1603 foi ele nomeado para ir servir
no Brasil a fim de olhar pelas fortalezas daquelle estado. No ano de 1614 acompanhou Jernimo de
Albuquerque na expedio de Pernambuco contra os franceses do Maranho, voltando em 3 de dezembro para informar ao Governador em Olinda a respeito da vitria a alcanada. Regressou a Portugal em
1645.
6. A. J. de Melo Moraes, Cidade da Cachoeira, Brasil Histrico, 2 srie, Rio de Janeiro, 1866. 30.
Segundo um mapa topogrfico da cidade de Cachoeira na coleo George Arents, da New York Public
Library, possua este edifcio uma slida torre lateral. Esta vista, contudo, h ser interpretada com extremo
cuidado, porque um exame detalhado de seus pormenores indica a probabilidade de alguns elementos
fantsticos ( Robert C. Smith, Some views of colonial Bahia, a ser publicado no prximo nmero de Arte,
rgo da Academia Nacional de Belas Artes de Portugal).
7.Ilustrada em Relquias da Bahia de Edgard de Cerqueira Falco (S. Paulo, 1940, fig. 441)
8. Esta aquarela (num. cat. 31.65) mede .36m x .68m). Uma larga descrio dela figura em Some views
of colonial Bahia. Publica-se aqui graas licena to amavelmente com cedida pelo Museu do Estado
da Bahia.
9. Jos Antonio Caldas. Notcia geral de toda esta capitania da Bahia desde o seu descobrimento at o
prezente anno de 1759 (Revista do Instituto Geogrphico e Histrido da Bahia, Salvador, 57, 1931,
51).
10. Luis dos Santos Vilhena. Notcias soteropolitanas e braslicas contidas em XX cartas, Bahia, 1921,
119-21
11. Ibid.
12. Governou o Brasil desde 1710 at 1711.
13. As Igrejas Matrizes e Capellas do Serto pela maior parte so de adobe ou terra com seo rebco de
cal, aonde a ha, tudo por falta de pedra e desta materia no pode ser duravel edifcio algum. Os que tem
nos seus districtos madeiras mais seguras, uzo dellas para mais segurana e durao... Carta do Arcebispo da Bahia, D.Joaquim Borges de Figueroa (1773-80) para Martinho de Melo e Castro, Secretrio de
Estado da Marinha e Ultramar, Bahia, 8 de novembro de 1774 (Inventrio dos documentos relativos
ao Brasil existentes no Archivo de marinha e ultramar, organizado por Eduardo de Castro e Almeida
(Annaes da Biblioteca nacional do Rio de Janeiro, [A.B.N.R] Rio de Janeiro, 32, 1910, 284).
14. Miguel Pereira da Costa, engenheiro militar mencionado na consulta do Conselho Ultramarino de 18
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de junho de 1709 sobre a nomeao de engenheiros praa da Bahia, chegou a um ano depois. Foi autor
de vrios discursos sobre as fortificaes de Salvador conservados em manuscrito na Biblioteca da Ajuda
de Lisboa. Tendo servido na Bahia em o posto de thenente de mestre de campo general engenheiro com
grande trabalho e contnuo exerccio nas fortificaes e ser necessrio ao meu real servio foi promovido
a Mestre de campo com os soldos e prerogatiuas que costumo ter semelhantes officiaes em 17 de
junho de 1714 (Souza Viterbo, op. cit. 2, 252-53).
15. Este engenheiro com patente de Capito de infantaria com o exerccio de engenheiro, foi nomeado
para a praa da Bahia em 1711. Cinco anos depois passou a ser Sargento-mr. Exrcitou o seu posto em
Salvador com bom procedimento, ensinando na aulla a fortificao militar(ibid., 2, 1-3)
16. AHCP, Papeis avulsos de Pernambuco, no catalogados.
17. V. a seo desta comunicao sobre o convento de N. S. da Lapa.
18.Uma apreciao sobre o papel do engenheiro militar portugus na vida brasileira do sculo XVIII foi
publicada recentemente pelo autor (Robert C. Smith, Jesuit buildings in Brasil, Art Bulletin, XXX, 3
setembro, 1948, 207-13)
19. AHPMS. Arrematao 3, 5 de agosto de 1724. V. Robert C. Smith, Documentos baianos a ser
publicado no prximo nmero da Revista da Diretoria do patrimnio histrico e artstico nacional.
20. O alpendre servia de prtico em numerosas capelas de engenho e igrejinhas rurais da primeira metade
do sculo XVII, como mostram as pintura de Frans Post ( 1612-80) e Zacarias Wagner. Diversos desses
quadros so reproduzidos na belssima nova monografia do erudito Joaquim de Souza-Leo, filho (Frans
Post, S. Paulo, 1948. 27. 60, 64 VII, VIII, IX, XII, XVII, XXI, XXVIII, XXX, XXXI, XXXII).
Sobrevivem poucos exemplos no Brasil, entre eles, na Bahia, N. S. da Escada; S. Jos do Genipapo (Castro
Alves); Sto. Antnio dos Veslasques (Itaparica). V. Falco, op. cit, 420, 430, 494, 499. Em Pernambuco
existem as capelas de S. Roque de Serinhem e S. Miguel de Garap, perto da Cidade do Cabo. Outras so
S. Miguel, s portas de S. Paulo, e Columband no estado do Rio de Janeiro.
21. Pedro de Vasconcelos de Sousa, terceiro Conde de Castelo Melhor governou o Brasil de 1711 a 1714.
22. ABNR, 32 267.
23. Quando no ano de 1693 chegou Bahia Frei Alpio da Purificao, comissrios geral dos missionrios
agostinhos descalos, acompanhado de mais trs frades, para estabelecer um convento de sua ordem
,obtiveram, a cesso da igreja de N.S. da Palma com doao de terreno contguo a ela, onde principiaram
a construo de um hospcio para receber seus missionrios que chegassem de Portugal com destino
ilha de S. Tom. Reedificou-o, e provavelmente a igreja tambm, Frei Bento da Trindade depois de 1778
(Francisco Vicente, Memria sobre o estado da Bahia, p. 313; Incio Accioli, Memrias histricas e
polticas da provncia da Bahia, Salvador, 5, 239-41).
24. Ilustradas em Falco, op. cit., 98, 272, 283.
25. Ministrio da Educao e Sade, Publicaes do Servio do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional,
n 7, Rio de Janeiro, 1940, 269-71.
26. Este engenheiro militar chegou Bahia em 1749 com a patente de Sargento-mr (Sousa-Viterbo, op.
cit., 1, 162-63) por um perodo de 8 anos. Embora ao fim deste prazo quisesse voltar a Portugal, foi-lhe
dado a tarefa de visitar as minas de Montes Altos no serto baiano, onde se tinha descoberto salitre. Ficou
promovido a Tenente Coronel em 1761. Morreu em Salvador em 1767 (ABNR, 32, 161).
27. Jos Antonio Caldas, grande desenhista e ativssimo engenheiro da praa da Bahia, nasceu na cidade
do Salvador, de que seu pai era natural. Assentou praa de soldado em 25 de maro de 1745, sendo
promovido a Cabo de esquadra em 2 de maro de 1750. Entrou na Aula Militar da cidade, e como
partidista dessa firmou a planta e elevao do seminrio de N. S. da Conceio no lugar da Sade, que os
Jesuitas pretendiam levantar em Salvador (desenho atualmente no Arquivo Militar do Rio de Janeiro). Em
1755 se lhe concedeu licena para ir passar um ano em Lisboa. J, nesse ano, porm, foi escolhido pelo
Vice-rei Conde dos Arcos, D. Marcos de Noronha (1754-60) para delinear as fortificaes das ilhas de S.
Tom e Prncipe (alguns desenhos no AHPMS). Regressou a Salvador antes de agosto de 1757 e trabalhou
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com Manuel Cardoso de Saldanha na preparao da Elevao e Faxada que mostra em Prospeto pela
Marinha a Cidade do Salvador, Bahia de todos os Santos, Metrpolo do Brazil aos 13 graos de
latitude p.a a parte do Sul, e 345 gr.s e 36 min.tos de longitude, Bahia e de Abril 13 de 1758 (.19m x
1.22m). O panorama junto com o texto descrevendo a Bahia, da autoria de Caldas (nota 9) so guardados no AHPMS. Aos 3 de abril de 1761, Caldas foi nomeado Capito de infantaria com exerccio de
engenheiro e lente da Aula Militar da Bahia. Dirigiu a obra da reconstruo da S catedral. Existem diversas
referncias s atividades do engenheiro durante esta dcada. Em 1763, inspecionava caladas da cidade.
Quatro anos depois, com Manuel Cardoso de Saldanha visitou as fortificaes do Espirito Santo. Nesse
mesmo ano, tratou do encanamento da fonte de gua dos Meninos. Em 1768 Jos Antonio Caldas
recebeu a patente de Sargento-mr, sendo nessa poca o nico engenheiro da praa da Bahia. Foi de novo
ao Esprito Santo em 1766 e, regressando a Salvador, procurou nova promoo. No ano de 1782, agora
cavaleiro professo na Ordem de Cristo, firmou seus ltimos desenhos, representando o antigo colgio da
Companhia de Jesus do Salvador com sua respectiva igreja. Caldas morreu aos 31 de outubro de 1782 (R.
C. Smith, Jesuit Buildings, 211-13). O grandioso panorama de Caldas e Saldanha faz parte da mesma
srie de vistas da cidade, executadas no sculo XVIII e espalhadas nos arquivos de Portugal e do Brasil,
qual pertencem as seguintes peas.
Vistas manuscritas setecentistas da Cidade da Bahia
Topographia da Bahia de todos os Santos, na qual est situada a cidade de S. Salvador. Feita pelo Sargentomr Engenheiro Jos Antonio Caldas e copiada e reduzida pelo Ajudante dEngenheiro Jos Francisco de
Sousa em 1774 (.33m x .44m). Arquivo histrico Colonial Portugus, Lisboa.
Prospeto da Cidade da Bahia de Todos os Santos na Amrica Meridional aos 13 graos de latitude, e 345
graos e 36 minutos de longitude por Jos Francisco de Souza e Almeida, Capito de Artifices, 1782
(.21m x .385m). Arquivo da Direo da Arma da Engenharia do Exrcito Portugues, Lisboa.
La Baya de Tous Les Saints, Ancienne Capitale Du Brsil. Dessine sur les Lieux par Albert Dufourcq
(1783?, .34m x .735m). Instituto Geogrphico e Histrico da Bahia, Salvador.
Perspectiva de uma parte da Cidade da Bahia, na qual se mostram os Edifcios comprehendidos na parte
superior e inferior da Cidade, algumas Ruinas e o Projecto de um novo paredo. Pelo Ajudante dengenheiro,
Manuel Rodrigues Teixeira, 1786 (.46m x .30m).
Perspecto da Cid.e de S. Salvador, Bahia de Todos os Santos por Manuel Rodrigues Teixeira, Cap.m Engenh.
(.33m x 1.575m). Arquivo da Direo da Arma da Engenharia, Lisboa.
Topografia da Cidade capital de S. Salvador, Bahia de Todos os Santos por Joaquim Vieyra da Silva, Ajud.e
Engr.o, 1798 (.484m x .66m). Arquivo da Direo da Arma da Engenharia, Lisboa.
28. Governador do Brasil desde 1702 at 1705.
29. AHPMS, Cartas do senado da cmara a S. Majestade, A-436, 66 verso.
30. Christovam Ayres de Magalhes Seplveda. Histria Orgnica e Poltica do Exrcito Portugus. 15,
Coimbra, 1928, 119-24.
31. 1613-78. Sua principal obra sobre a fortificao o Methodo lusitnico de desenhar as fortificaes
das praas regulares e irregulares, Lisboa, 1680.
32. Dom Joam por graa de Deoz Rey de Portugal, etc. Fao saber a voz Prov.or mor da Faz.a do Est.o do
Brazil, que por ter rezoluto que Afono Luis da S.a tome por assento o refino da Plvora que se acha neste
Est.o para se refinar, e p.a esse effeito necessitar da fabrica que se acha nesta praa, voz ordeno lhe mandeis
entregar a fbrica da Polvora com todas as suas pertenas e miudezas por inventrio,e por elle ser
obrigado o mesmo Afono Luis a restituir tudo sem deminuio algu. El Rey nosso Snr.o mandou por
Miguel Carloz Conde de Sam Vicente, Gr. da Armada do mar oceano doz seoz concelhoz do Estado e
Guerra e Prezidente do ultramarino. Miguel de Macedo Ribeiro a fez em L.xa a dous de Junho de mil sette
centoz, e quatorze.
33. Planta, perfil, e fachada da Fabrica da Plvora da cidade da Bahia, edificada junto ao Forte de S. Pedro.
Desenho de Manoel Cardozo de Saldanha, 1751 (.42m x .25m).
34. Castro e Almeida, na sua descrio do desenho de Jordo, afirma que nesta poca se projetara adaptar
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a Casa da Plvora para a preparao do salitre que se explorava no serto (Catlogo de mappas etc., 21),
citando um ofcio de Wenceslau Pereira da Silva, dado da Bahia, 7 de julho de 1755, que no nos foi possvel
consultar na preparao deste estudo e nem o officio do Capito Engenheiro Bernardo Jos Jordo, para
o intendente geral do ouro, remettendo a planta da fbrica da refinao da plvora da Bahia fazendo a
preparao do salitre, que vinha do serto, Bahia, 6 de julho de 1755 (ABNRJ, 32, 1909, 127). No se
encontram informaes sobre a personalidade de Bernardo Jos Jordo nem em Sousa Viterbo nem no
livro de Seplveda.
35. Planta, perfil e fachada da casa onde se fabricava a plvora na cidade da Bahia situada junto do Forte
de S. Pedro. Desenhada por Igncio Lopes de Azevedo aluno partidista da Aula Militar. Bahia, 7 de maro
de 1756 (.435m x .285m).
36. Campos, op. cit., p. 91.
37. No que toca fbrica dos Portaes deve ser no aspecto exterior algum rude para que represente
austeridade, & horror significando assim ser a Praa invencvel, & formidvel a seus inimigos. Daqui veyo
que nos Portaes de alguas antigas cidades se punho Esttuas armadas, & esculpio as bandeiras, &
despejos dos inimigos vencidos, ou outros sinaes significativos de emprezas grandes representando
`cidade inexpregnavel, antiga & triunphal. Por esta razo convem que sua fbrica seja de ordem Tuscana
ou da Dorica das cinco, a que a Architectura Civil est reduzida: da Tuscana por ser muito de forte, &
robusta, apta a sustentar todo o peso grave (diz Vicenzo Scammozz) & que por tanto semelha o modo
agigantado: da Dorica por ser de corpo, partes & membros fortes, & galhardos, representando muito do
modo Herculeo, por cuja causa foi pellos antigos Architectos dedicada a Hercules (Serro, Methodo
Ilusitnico, 147).
O Sieur Frzier, engenheiro de Sua Majestade Cristianissima, que observou a Casa relativamente pouco
tempo depois de sua terminao, forneceu pormenores importantes acrca da construo. Cest um
quarr de mme escreveu o viajante francs bti de maonnerie & sans foss, ls bastions sont de six
toises de face, ls courtines en ont quartoze, & les flancs deux, Il contient huit corps de magazins, vouts
& couverts em pirmide, couronns dautant de globes: on dit qul peut bien contenir deux trois mille
barrils de poudre; mais on y en tient souvent moins de cent. (Relation du voyage de la mer du sud aux
ctes du Chily et du Prou fait pendant les anns 1712, 1713, & 1714, Paris, 1732, p. 274)
38. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, Seo de manuscritos: Luiz dos Santos Vilhena, manuscrito das
Cartas soteropolitanas: desenho 45.
39. Na Notcia geral de 1759 Jos Antonio Caldas informa que a Casa da Plvora serve... de hospedagem,
e hospital aoz Estrangeiroz que impelidos das vexasoens navaes vem surdir neste porto, naquel pondoselhe hua guarda na porta lhe impedem a comunicao, e comercio com os habitantes naquele pouco
tempo que rezidem em reparar as suas runas... (203). O engenheiro Tenente Coronel Manuel Rodrigues
Teixeira assinou, em 27 de agosto de 1809 um relatrio sobre o estado da Casa da Plvora (Arquivo
Pblico do Estado da Bahia, Ordens rgias, 1810, 155-58).
40. Em 1764 haviam no convento 84 religiosas franciscanas (Relao dos mosteiros de religiosas da
capitania da Bahia, ABNR, 32, 66)
41. Fundado em 1679 por Frei Giovanni Promeano e Frei Tommaso di Sosa (Caldas, op. cit., 11: Viana,
op. cit., edio inglesa, 1893, 316-17). Accioli, op. cit., 5, 231-34.
42. Vasco Fernandes Csar de Meneses, quarto Vice-rei do Brasil, 1720-35.
43. Ligadas com o dique ou fosso cavado pelos holandeses em 1624 (Campos, op. cit., 270). Figuram
A muralha e Dique com que os Holandeses a havio guarnecido pella parte da Campanha na planta da
cidade do engenheiro Joo Mass copiada por Luiz dos Santos Vilhena, que mostra tambm a posio do
forte de S. Pedro em relao com a Casa da Plvora (manuscrito citado).
44. Servia em 1720 nos Aores. Oito anos depois foi nomeado arquiteto do palcio de Vendas Novas, na
provncia do Alentejo, construdo na ocasiop das bodas do futuro D. Jos I de Portugal (Seplveda, op.
cit., 15, 298-99). Primeiro governador da ilha de Sta. Catarina, tomou posse a 7 de maro de 1739, ficando
a 10 anos. Em 1748 mandou a Lisboa desenhos dos quartis e casa do governo (Castro e Almeida,
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Catlogo dos mappas, etc., 379-83); j em 1739 tinha enviado um projeto dos canos das guas da
Carioca do Rio de Janeiro, quando servia de governador interino desta capitania na ausncia de Gomes
Freire de Andrada. (AHCP).
45. No ano de 1723, j na Bahia, recebeu este engenheiro portugus a patente de Capito do Vice-rei Conde
de Sabugosa. Nove anos depois, foi promovido a Sargento-mr e em 1746 a Tenente de Mestre de Campo,
ficando Tenente Coronel em 1757. Nicolau de Abreu e Carvalho foi agraciado em 1747 com a ordem
militar de Cristo, em reconhecimento dos seus servios coroa em inspecionar minas, fortes e igrejas
arruinadas que careciam de reparos, suas atividades nas defezas da costa do Esprito Santo e Morro de S.
Paulo, e como lente na Aula Militar da Bahia. Em 1761, na idade de 73 anos, estava quase totalmente cego
(R. C. Smith, Jesuit buldings, 212, nota 244).
46. Tendo servido como Capito de engenheiros na companha portuguesa a favor da causa austrica na
Guerra da Sucesso de Espanha, e assistido rendio da praa de Albuquerque em 1705, veio Joo Mass
com o posto de brigadeiro examinar e reparar as fortificaes da Bahia. Talvez edificasse o forte de S.
Pedro. Em 1727 regressara a Lisboa, onde serviu de censor ao livro Engenheiro portugus de Manuel de
Azevedo Fortes, Engenheiro-mr de Portugal (Sousa Viterbo, 2, 154). Seplveda acha-o ingls (op. cit,
9, Coimbra, 1923, 277).
47. Lanou a primeira pedra desta capela a 19 de outubro de 1724 o Vice-rei Conde de Sabugosa (Falco,
op. cit., 272, 273).
48. Provincial e reitor, 1740-44 (Padre Serafim Leite, Histria da Companhia de Jesus no Brasil, 5 Rio
de Janeiro, 1945, 87).
49. Joo de Abreu e Carvalho, filho, e Nicolau de Abreu e Carvalho, foram designados em 1763 para assistir,
junto com o soldado Manuel de Oliveira Mendes, aos lanos das obras da Torre e Adro da S apesar dos
protestos de Jos Antonio Caldas por motivo do jovem no ter frequentado a Aula Militar da cidade. Diz
um documento do AHCP a respeito dele padeceu o defeito natividade de ter o lbio superior raxado
por duas partes com hua grande concavid.e, e lezo, de maneira q. no se lhe percebem as palavras. Era
bom desenhista, empregando no seu trabalho enfeites caligrficos de forma bastante original e agradvel
(R. C. Smith, some views of colonial Bahia).
50. Informa a Relao dos mosteiros de religiosas da capitania da Bahia de 1764 que o convento
possua 21 religiosas de vo preto, das quaes cada uma tem sua cella; pois ha no dito Mosteiro 34,
alm das precisas officinas do mesmo Mosteiro. A renda de que se sustento as Religiosas e 12 servas
da Communidade, que rezidem na clauzura so as congruas vitalcias de 100$000 rs., que tem annualmente cada huma das religiosas, as quaes fazem a quantia de 2:100$000 rs. E deste rendimento se
tiro 100$000 rs. para a despeza que faz a Igreja e sachristia, por no ter esta outro patrimnio mais
que 3 pequenas moradas de casas terreas, que tendo alugadores remdem annualmente 36$800 rs., as
quaes casas obtivero por esmola que se deo mesma Igreja e sachristia. E supposto que, conforme
a ordem do dito Senhor Rey D. Joo 5 se estabeleceo rendimento proporcionado para a fabrica da
sachristia em huma morada de casas de 2 sobrados, que rendia annualmente 100$00 rs., esta se
demoliu com huma grande poro de terra que cahiu sobre ella, movida de huma grande invernada. E
como a Capella que tinha o dito Mosteiro era improporcionada pela sua pequenez e situao e nem
tinha cro para se satisfazer commodamente aos officios divinos e mais funcoens religiosas, por
consentimento do dito Arcebispo e por haver 16 mil cruzados, que tinho sobrado das despezas feitas
com a sustentao das Religiosas dos annos pretritos e promessas de varias esmollas para a mesma
obra se resolvero a fazer nova Igreja, cro e sachristia, que tudo importou a quantia de 23:692$299
rs., do que resulta achar-se presentemente o dito Mosteiro devedor de 11:050$447 rs., que se ho de
satisfazes com as obras da sustentao das religiosas, por no ter outro rendimento, pois nem herda
os principaes das congruas, nem as legitimas das religiosas (ABNR, 32, 67). Viana afirma que a
Proviso Rgia de 20 de outubro de 1733 autorizou apenas 20 freiras e que o Cabido Sede vacante fez
a cada uma a doao de 1:600$000 (Op. cit., edio inglesa, 313).
51. Autor do risco da igreja matriz de S. Ana Salvador, que a partir de 15 de dezembro de 1754 construiu
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em companhia de seu filho Manuel de Oliveira Mendes. O contrato ser publicado integralmente com o
artigo Documentos baianos acima mencionado.
52. Entre as plantas mais interessantes e informativas figuram as das vilas de Alcobaa, Prado, Portalegre
e Vila Viosa na capitania do Porto Seguro, todas mandadas executar pelo Ouvidor, Jos Xavier Machado
Monteiro, entre 1769 e 1772 (Castro e Almeida, Catlogo de mappas etc., 230-233) e a planta de
Fortaleza, Cear, que acompanha um requerimento do Capito-mr Manuel Francs, de 3 de outubro de
1730 (reproduzida por S. Leite, op. cit., 3, Rio de Janeiro, 1943, 76-77).
53. Ibid., 5, 261-64.
54. ABNRJ 34, 328-31.
55. Ibid., 327.
56. Ibid., 409, 436.
57. Ibid., 33, 364.
58. Ibid., 333.
59. Ibid., 327-28.
60. Ibid.
61. Ibid.
62. Ibid., 333.
63. Ibid., 331.
64. Ibid., 333.
65. Os arquitetos da Companhia de Jesus, assim como os de outras ordens religiosas em Portugal na
segunda metade do sculo XVI e no perodo seguinte, colocavam os alpendres, alguns abobadados e
cobertos de azulejos s entradas dos conventos ilhargados s igrejas. Subsistem nas antigas fundaes
Jesuticas de Evora, Elvas, Portalegre e Ponta Delgada, no antigo convento de N. S. do Carmo de Evora e
catedral de Viseu. No Brasil nenhuma das velhas construes da Companhia que o autor conhece tem seu
alpendre conservado, embora o ex-colgio de Sto. Alexandre de Belm do Par mostre ainda uma parte
dele encostada na parede da fachada. Existem bons exemplares no convento de N. S. da Penha de Vila
Velha, Esprito Santo, talvez do sculo XVI, e no mosteiro de S. Bento do Rio de Janeiro (sculo XVII).
Vestgios de alpendres encontram-se s entradas do hospcio de N. S. do Carmo de Goiana (Pernambuco)
e do convento franciscano de N. S. das Neves de Olinda. Sabe-se, graas a uma extraordinria srie de
desenhos setecentistas no Arquivo Militar do Rio de Janeiro representando antigas propriedades dos
Jesuitas na Bahia que o colgio do Salvador e seminrios de N. S. da Sade e Belm da Cachoeira os
ostentavam no sculo XVIII (R. C. Smith, Jesuit buildings, figuras 1, 6, 10, 11).
66. Reproduzidas por Falco, op. cit., 424, 493.
67. Op. cit., 5, 262.
68. Nota 65. No conhece o autor o atual aspecto da matriz de Abrantes.
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A MEMRIA que apresenta o Prof. Robert C. Smith, da Universidade da Pennsylvania, um precioso documentrio, com excelentes
comentrios, e que constitui inestimvel contribuio aos estudos histricos, especialmente artsticos da Bahia. Recolheu no Arquivo Histrico Colonial Portugus, onde se encontram tantas peas da maior importncia relativas s construes brasileiras, em desenhos e riscos,
acompanhados dos documentos que lhes so referentes, uma srie
deles, os que se relacionam com a Bahia, a saber: Obras da Alfndega,
Igreja de N. S. da Palma, Fbrica para refinaria de plvora, Convento da
Lapa, e a Vila de Abrantes da Comarca do Norte, acompanhado de notas
e esclarecimentos da mais alta valia.
Em matria de documentrio ainda escasso, a contribuio
que traz a este Congresso o Prof. Robert C. Smith das mais importantes e preciosas, j pelo mrito do trabalho, pela apresentao das peas
e pelas notas bibliogrficas, permitindo que novas luzes esclaream o
captulo da arquitetura colonial em nosso Estado e no Brasil.
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C O L E O
N O R D E S T I N A
N O R D E S T I N A
ROBERT C. SMITH
C O L E O
ROBERT C. SMITH
ARQUITETURA COLONIAL
BAIANA
ALGUNS ASPECTOS DE SUA HISTRIA