ONODERA, Iwi Mina. Estado e Violência - Um Estudo Sobre o Massacre Do Carandiru
ONODERA, Iwi Mina. Estado e Violência - Um Estudo Sobre o Massacre Do Carandiru
ONODERA, Iwi Mina. Estado e Violência - Um Estudo Sobre o Massacre Do Carandiru
HISTRIA SOCIAL
SO PAULO
2007
HISTRIA SOCIAL
PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DE SO PAULO
SO PAULO
2007
__________________________________
__________________________________
__________________________________
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
This project analyses the Carandiru Massacre and the historical context that
involves the episode. Through evidences here pointed we show the problematic of
the autocratical brazilian State and its repressive aparattus, which actuates in the
coercion of civil and individual freedom by the use of Military Police, Government
organs and its bureaucracy, or by its own social exclusion. We put in context the
episode by showing the historical of the brazilian institucional violence, the
inoperable penal laws, the problematic of the State of Rights, the failure of the
prison sytem and the frequent exposures of the organizations of Human Rights.
SUMRIO
INTRODUO
09
CAPTULO 01
ORDEM EXCLUDENTE
24
28
32
CAPTULO 02
OS QUE ESTO SOB CUSTDIA
67
77
86
90
91
CAPTULO 03
INQURITOS E INVESTIGAES
95
106
109
116
CONSIDERAES FINAIS
118
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
ANEXOS
121
SIGLAS
ABIN
AI
BNH
CDIH
CEI
CEJIL
COE
CPI
Copom
DSN
ESG
EUA
FIESP
GATE
IML
JK
LEP
OBAN
OEA
ONU
OEA
OPS
PCC
PDS
PM
PMDB
PSDB
PNB
PT
ROTA
SNI
USP
INTRODUO
Segurana para quem? Cientistas sociais e membros dos rgos de
direitos humanos tentam, a todo o momento, responder tal questionamento em
vo, e no chegam a concluso alguma. A dificuldade na pergunta est,
principalmente, porque na nossa histria, h muito, no sabemos mais quem nos
protege ou quem nos agride. No precisamos ir muito longe, quando pensamos
que desde a nossa colonizao os supostos colonizadores foram os principais
usurpadores de toda a riqueza de nossas terras.
Grande parte da Amrica Latina prova de tal afirmao, cuja histria de
extermnios perpassa pelo que se denomina processo de colonizao. Nosso
pas, especificamente, tambm traz na sua histria um marco de violncia desde
a chegada dos colonizadores portugueses at os dias de hoje. Nosso perodo
colonial marcado pelos massacres aos indgenas e negros, passando pelo
reinado e perodo imperial, pelos perodos militares e ditatoriais. A nossa histria
foi repleta de muita luta, seja desde a abolio da escravatura, proclamao da
repblica at atualmente com nossas lutas por um Estado mais democrtico.
De quem fugia a grande massa de trabalhadores e contestadores no
regime militar? Sim, deles mesmos, daqueles que teoricamente deveriam zelar
pela nossa segurana.
O episdio do dia 02 de Outubro de 1992, no qual 111 presos da Casa de
Deteno Flamnio Fvero, mais conhecida como Carandiru, foram mortos em
seu interior no s reflexo da falta de organizao de uma sociedade a beira de
um caos, como tambm da problemtica da Polcia Militar e do Estado na
segurana de seus cidados. Um conjunto de fatores, que aconteceu nesse dia,
analisados nesta dissertao, leva a crer que no foi um fator singular e factual,
mas sim uma exploso de acontecimentos e de problemticas, muitas das quais
j vinham sendo denunciadas e que culminaram no fatdico dia.
Vivenciava-se h pouco tempo um regime identificado como democrtico,
j que a ltima ditadura militar acabara poucos anos antes e os ecos deste regime
ainda se faziam presentes tanto nas aes policiais quanto na estrutura das
prises brasileiras, controladas por agentes penitencirios despreparados e por
10
Carandiru ficou famoso pela quantidade de presos mortos de uma vez e foi a
primeira vez que realmente a sociedade e os rgos institucionais vislumbraram o
que
acontecia
dentro
das
nossas
prises
brasileiras.
os
nmeros
11
12
permitiram
compreender
como
alguns
sujeitos
sociais
Assim,
concordaremos
com
Jorge
Eduardo
Aceves
Lozano,
considerando:
LOZANO, Jorge Eduardo Aceves. Prtica e estilos de pesquisa na histria oral contempornea.
Pg. 24 In: AMADO, J. (org.). Usos e abusos da histria oral. Rio de Janeiro, FGV: 1998.
10
Mesmo no utilizando as fontes orais como metodologia, conhecemos alguns autores que
tratam da Histria Oral: Alessandro Portelli, Jorge Eduardo Lozano, Yara Aun Khoury, Thompson.
Citaremos aqui uma pequena bibliografia sobre histria oral: Almeida, P. R. de e Khoury, Y. A.
Histria Oral e Memrias. Entrevista com Alessandro Portelli. Histria & Perspectivas. Uberlndia:
Edufu, 2001; Thompson, A. Aos cinqenta anos: uma perspectiva internacional da histria oral
13
In: Ferreira, M. de M. et al (orgs). Histria Oral. Desafios para o sculo XXI. Rio de Janeiro:
Fiocruz/FGV, 2000; Lozano, 1998, op. cit.; Portelli, A. A Filosofia e os fatos: Narrao,
interpretao e significado nas memrias e nas fontes orais. Tempo, Rio de Janeiro: 1996.
11
Vrios autores tm se debruado sobre a utilizao da imprensa enquanto fonte documental,
concordando em geral que se trata de um discurso que expressa um poder e como tal, tem a
ntida finalidade de criar uma realidade, quer que o ponto vista instaure o objeto (FIORIN, Jos
Luiz. O Regime de 1964. Discurso e Ideologia. So Paulo, Atual: 1988, p.1.).
14
12
15
CMARA, Heleusa Figueira. Alm dos Muros e das Grades (discursos prisionais). So Paulo:
EDUC, 2001, p. 42.
18
Martins denuncia que o reducionismo resultante do uso indiscriminado do termo leva a uma
interpretao da realidade, segundo a qual a dinmica social parece empurrar as pessoas, os
pobres, os fracos, para fora da sociedade, para fora de suas melhores e mais justas e corretas
relaes sociais, privando-os dos direitos que do sentido a essas relaes. Quando, de fato, esse
movimento as est empurrando para dentro, para a condio subalterna de reprodutores
mecnicos do sistema econmico, reprodutores que no reivindicam nem protestam em face de
privaes, injustias e carncias (MARTINS, J. de S. Excluso Social e a Nova Desigualdade.
So Paulo: Paulus Editora: 1997, p-16-17)
16
17
19
Princpios jurdicos dispostos no artigo 6, inc, I, combinado com o artigo 169 do C.P.P.
18
de
indivduos
considerados
ou
suspeitos
de
serem
20
Os quatro diplomas internacionais que probem a prtica de tortura podem ser identificados na
Declarao Internacional dos Direitos do Homem (1948), o Pacto Internacional dos Direitos Civis e
Polticos (1966), na Conveno das Naes Unidas Contra a Tortura e outros Tratamentos ou
Penas Cruis (1984), Desumanos ou Degradantes e na Conveno Interamericana para Prevenir
e Punir a Tortura (1985).
21
A Assemblia Geral das Naes Unidas, em sua XL Sesso, realizada em Nova York, adotou a
10 de dezembro de 1984, a Conveno Contra a tortura e outros Tratamentos ou penas Cruis,
Desumanas ou Degradantes, em 23 de maio de 1989, o Congresso Nacional aprovou a referida
Conveno por meio do Decreto Legislativo n 04, em 28 de setembro de 1989, a carta de
Ratificao da Conveno foi depositada e a Conveno entrou em vigor para o Brasil em 28 de
outubro de 1989, na forma de seu artigo 27, inciso 2. Em 6 de fevereiro de 1991, o governo
brasileiro promulgou a Conveno Contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruis,
Desumanos ou Degradantes. Finalmente, em abril de 1997, o pas promulga a Lei 9.455 que
define e tipifica a conduta delituosa da tortura. (BRASIL. Decreto n 40, de 15 de fevereiro de
1991. Conveno Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou penas Cruis. Declarao Universal
de Direitos Humanos, Braslia, 1991)
19
20
no
acontece
em
termos
de
condies
mnimas
humanas
do
24
Idem ibidem
Para Carlos Nelson Coutinho, no contexto da luta contra a ditadura, sociedade civil era
sinnimo de tudo que se contrapunha ao Estado ditatorial, o que era facilitado pelo fato de civil
significar tambm, no Brasil, o contrrio de militar. Disso resultou uma leitura do conceito: o par
conceitual sociedade civil / Estado, que forma em Gramsci uma unidade na diversidade, assumiu
os traos de uma dicotomia radical. Nessa nova leitura, ao contrrio do que dito por Gramsci,
tudo o que provinha da sociedade civil era visto de modo positivo, enquanto tudo o que dizia
respeito ao Estado aparecia marcado com sinal fortemente negativo. Para Gramsci, a sociedade
civil pertence ao momento da superestrutura: podem ser fixados (...) dois grandes planos
superestruturais: o que pode ser chamado de sociedade civil, ou seja, o conjunto de organismos
habitualmente ditos privados e o da sociedade poltica ou Estado, e ainda representa o momento
ativo e positivo do desenvolvimento histrico(...) in RAMOS, Andressa M. V. A Liberdade
25
21
O
limite
da
emancipao
poltica
manifesta-se
imediatamente no fato de que o Estado pode livrar-se de um
limite sem que o homem dele se liberte realmente, no fato
de que o Estado pode ser um Estado livre sem que o
homem seja um homem livre.27
Resgata-se assim aspectos da condio do indivduo encarcerado,
submetido a uma dupla excludncia28, ou seja, dentro e fora do presdio. Fora
porque esses indivduos so provenientes de uma realidade excludente,
desempregados, subempregados, cujas relaes sociais j se encontram
desestruturadas, particularmente considerando-se os padres vigentes em uma
sociedade que prima pela desigualdade. Dentro porque, quando a pessoa entra
Permitida. Contradies, Limites e Conquistas do Movimento pela Anistia: 1975-1980. 2002. 166
pgs. Dissertao (Mestrado em Histria Social). Pontifcia Universidade Catlica, So Paulo, p.
33.
26
LUKCS, Georg. Histria e Conscincia de Classe: Estudos da Dialtica Marxista. Porto:
Publicaes Escorpio, 1974. Embora Luckcs tenha feito auto-crticas a este texto, reconhecendo
sua debilidade em face sua produo posterior, na qual aprofunda suas reflexes sobre a
ontologia, a citao se refere a uma dada noo da histria que nos auxilia a situar a dinmica
social enquanto ao de indivduos.
27
MARX, Karl. A Questo Judaica. Rio de Janeiro: Editora Laemmert, 1969.
28
Michelle Perrot a este respeito diz As sociedades industriais, intensificando as relaes entre os
grupos, multiplicam normas e interdies, sob muitos aspectos constrangedores e repressivos,
elas codificam tudo, e ao mesmo tempo, fabricam delinquentes (PERROT, Michelle. Os Excludos
da Histria: Operrios, Mulheres e Prisioneiros. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992, p. 237).
22
no presdio, ainda no faz parte do grupo que j est estabelecido, com uma
ordenao social especfica, que vivencia normas e valores institudos no interior
da penitenciria, ou seja, as leis da priso29.
O resgate da vida das pessoas encarceradas nas celas do Carandiru
naquele dia 02 de Outubro de 1992 nos possibilita revelar como este Estado atua
no sentido de levar as pessoas condio de suspeio. Esta anlise vem sendo
possvel graas ao acesso lista oficial dos mortos no massacre, que
comparamos com uma outra, no oficial obtida nos arquivos do Ncleo de
Violncias da USP. Alm de reportagens da poca dos principais veculos de
comunicao como os jornais Estado de So Paulo e Folha de S. Paulo e atravs
do banco de dados da Comisso Teotnio Vilela30.
J no terceiro captulo, o Embate Social, analisamos os inquritos e
investigaes decorrentes do Massacre do Carandiru. exatamente neste
captulo final que mostramos as conseqncias, que culminaram do episdio, e as
denncias feitas pelas organizaes de direitos humanos. Alm da problemtica
existente na juno de sujeitos sociais, tanto os que esto sob custdia, quanto a
Ordem Excludente, antagnicos que, ao se defrontarem, resultam no conflito em
que a fora de um abate-se sobre a fragilidade de outro.
29
O cientista social Jos Ricardo Ramalho em seu livro A Ordem pelo Avesso descreve: assim
como a direo da cadeia tem suas regras de funcionamento e as impem com rigor os presos,
estes tambm dispem de um conjunto prprio de regras que tem vigncia entre eles e so
aplicveis por uns presos sobre os outros, somente. As regras da cadeia, assim como as leis de
um pas, tm autoridades reconhecidas como tais as quais atribudo o poder de aplic-las, poder
que paira acima das partes envolvidas. (RAMALHO, Jos Ricardo. Mundo do Crime: A Ordem
pelo Avesso. Rio de Janeiro: Graal, 1979, p 41).
30
Op. cit. Cf. nota 10.
23
31
24
32
FURTADO, Jos Luiz. Notas sobre o Jovem Marx e o conceito Feuerbachiano de essncia
genrica humana. 2004.
25
Sublinhado no texto, traduo K. Freund, em Le Savant et le Politique, Plon, Paris, 1959, p 113.
Pode-se preferir a traduo americana de Gerth & Mills: A human community that [sucessfully]
claims the monopoly of the legitimate use of physical force..., em From Max Weber, 1946 e 1958,
p. 78.
34
MONJARDET, Dominique. O que faz a Polcia. So Paulo: Editora da Universidade de So
Paulo, 2003, p. 13.
35
Utilizamos tal conceito baseado no autor Jos Chasin. CHASIN, J. A Misria Brasileira. 1964
1994: Do golpe militar crise social. Santo Andr, Ad Hominem, 2000.
26
36
27
39
28
ou
simplesmente
para
outras
prises;
autorizando
sadas
42
Constituio de 1988, art. 5, sec. XLIX. Dando eco a essas preocupaes, o Cdigo Penal
Brasileiro determina que aos presos "sero assegurados todos os direitos no atingidos pela
sentena ou pela lei", e que impe s autoridades a obrigao de respeitar "a integridade fsica e
moral dos [presos]". Cdigo Penal, art. 38.
43
Constituio do Estado de So Paulo, art. 143, sec. IV (sobre poltica prisional).
44
Mirabete, Execuo Penal, p. 34. Nesse primeiro artigo, a lei articula o objetivo de facilitar as
"condies para a harmnica integrao social" dos presos. Lei de Execuo Penal, art. 1.
45
Lei de Execuo Penal, art. 66.
46
Conselho Nacional de Poltica Criminal e Penitenciria, Resoluo No. 14, de 11 de novembro
de 1994.
29
medidas que definem as mesmas regras nos Estados Unidos e foram oficialmente
descritas como um "guia essencial para aqueles que militam na administrao de
prises".47
No entanto, o distanciamento entre o que prega a lei e a realidade que se
comprova cotidianamente no Brasil demonstra no apenas a inoperncia destas
intencionalidades legais, mas seu contrrio, isto , a lei que de fato vigora a que
se expressa nas aes do Estado atravs de seu aparato repressivo e
jurisdicional o que expressa sua autocracia. Pois se, em tese existem leis que no
se cumprem, a prtica adotada a legalidade restringida vigente de fato. E o que
se constata a legalidade do abuso, da impunidade, da arbitrariedade, que atesta
a inviabilidade da institucionalidade dos preceitos liberais em nosso pas e sua
correlata democracia ou Estado de Direito. Ou melhor, o Estado de Direito a
manuteno da autocracia burguesa que detm todos os direitos e que sustenta
tal Estado coercitivo nos mesmos moldes que no perodo ditatorial. Mudaram os
nmeros e os nomes das leis, mudou-se o foco da represso, mas a lgica da
violncia institucional se mantm, a julgar pelo aparato repressivo.
Soma-se a isto a questo scio-econmica do pas e, quando analisamos
as grandes cidades do pas, como So Paulo, temos, a partir dos anos 70, um
recrudescimento das desigualdades histricas acumuladas por quatro sculos de
um capitalismo hipertardio.
Habitantes de pequenas cidades rurais em todo o Brasil e at da Amrica
Latina migraram para as grandes cidades como So Paulo e nela encontraram
uma incipiente economia que vinha se implantando com a industrializao, e que,
no entanto, mantinha um parque industrial restringido e a venda de tal forma
concentrada que tornava impossvel a garantia de emprego, frustrando assim as
expectativas de esperana de uma vida melhor.
No entanto, essa esperana entrou em declnio a partir da crise dos anos
80, em que o capitalismo de hegemonia norte-americana atingiu em cheio a
economia do pas, principalmente So Paulo, a tentativa de desenvolver um
mercado interno foi se esboroando com uma inflao crescente, de origem nos
desequilbrios estruturais da sociedade e da economia.
47
30
32
51
PEDROSO, Regina Clia. Os Signos da Opresso: Histria e Violncia nas Prises Brasileiras.
So Paulo, Arquivo do Estado: 2003, p. 32.
52
Idem ibidem.
53
Socilogo, autor do livro Aspectos do trabalho policial. So Paulo: Editora da Universidade de
So Paulo, 2003.
54
BITTNER, Egon. Aspectos do trabalho policial. So Paulo: Editora da Universidade de So
Paulo, 2003.
33
34
ANDERSEN, Martin Edwin. La Polcia: Pasado, presente y propuestes para el futuro. Buenos
Aires: Editorial Sudamericana, 2002, p. 17.
58
A policia brasileira, desde o sculo XIX, j teve outras denominaes, como: Corpo de
Municipais Permanentes, Corpo de Municipais Provisrios, Guarda de Polcia, Brigada Policial,
Fora Policial e finalmente, Fora Pblica.
59
Dados
retirados
do
site
da
Polcia
Militar.
Disponvel
em:
<http://www.polmil.sp.gov.br/inicial.asp>.
35
Dados
retirados
do
site
da
Polcia
Militar.
Disponvel
em:
<http://www.polmil.sp.gov.br/inicial.asp>.
61
Antes do golpe militar de 1964, o comandante da polcia de cada Estado era escolhido pelo
governador do Estado, e os chefes de polcia das cidades eram indicados pelos prefeitos eleitos,
de modo que as prioridades municipais e estaduais tinham precedncia sobre as nacionais. A
nova lei, porm, submetia as foras policias regionais e municipais de cada estado ao secretrio
estadual de Segurana Pblica, que passou ento a ser indicado pelos militares, ainda que no
necessariamente ele prprio fosse militar. (HUGGINS, Martha. Polcia e Poltica: relaes EUA/
Amrica Latina. So Paulo: Cortez Editora, 1998, p. 151).
62
Ocorreu uma rivalidade enorme entre as duas entidades policiais e enquanto aumentava a
competio entre os rgos policiais e entre a polcia, os esquadres de morte comeavam a
proliferar. (HUGGINS, Martha. Polcia e Poltica: relaes EUA/ Amrica Latina. So Paulo:
Cortez Editora, 1998, p. 155).
36
[civis] violentos, como observou com aprovao a OPSBrasil, sem qualquer comentrio sobre a violncia
empregada para levar a cabo essa poltica.63
Nessa mesma poca, comeou a atuao de uma nova unidade policial.
Dan Mitrione, consultor da OPS, ajudou a organizar e selecionar integrantes para
uma unidade de choque da Polcia Militar a ser composta por 40 homens de mais
de um metro e oitenta de altura para trabalhar principalmente nas favelas.
Mitrione foi denunciado pelo grupo brasileiro de direitos humanos Brasil Nunca
Mais64, por utilizar mendigos apanhados na rua como cobaias no ensino aos
policiais de novos mtodos de tortura para a obteno de informaes 65 . A
autonomia dessa nova unidade policial chegou a ser comparada ao esquadro da
morte, pela sua prtica de atuao noturna e das ordens de atirar para matar.
O iderio que norteava ambas as corporaes, tanto a Civil quanto a
Militar, era a Doutrina de Segurana Nacional 66 cujo cerne, para o que nos
interessa destacar, era o combate ao inimigo interno e o zelo pela segurana
supostamente ameaada pelo comunismo67.
63
37
68
ALVES, Maria Helena Moreira. Estado e Oposio no Brasil. Petrpolis: Ed. Vozes, 1984, pg.33.
Conforme Manual Bsico da ESG, pg. 242.
70
Artigo 5 do AI-5.
71
CARVALHO, Hlio de Castro Contreiras de. Militares Confisses - Histrias Secretas do Brasil.
MAUAD Consultoria e Planejamento Editorial Ltda. Rio de Janeiro 1998.
72
De acordo com as pesquisas feitas pelo projeto Brasil Nunca Mais, havia 7367 nomes de
pessoas que sofreram processos polticos formados na Justia Militar, em acusaes formalizadas
por subverso, 10 mil exilados, 4.877 cassados e aposentados compulsoriamente e cerca de 300
mortos e desaparecidos.
69
38
das
dvidas
nos
mesmos
moldes
preconizados)
preceitos
39
Entrevista dada por Elzira Vilela, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, de So Paulo, in:
Agncia Carta Maior, 02 de Abril de 2004. Disponvel em: http://agenciacartamaior.uol.com.br.
76
Pensando numa ao policial mais coordenada, a Operao Bandeirantes (OBAN) foi criada
secretamente no dia 02 de julho de 1969, em So Paulo. Seu objetivo geral era coordenar as
atividades das diversas organizaes policiais e facilitar a coleta rpida de informaes. Sua meta
mais objetiva era identificar, localizar e capturar grupos subversivos que operavam na Segunda
Regio Militar, especialmente em So Paulo, com o objetivo de destru-los ou pelo menos
neutraliz-los, a OPS Brasil, a sua maneira neutra e profissional, descreveu a OBAN como uma
operao policial-militar combinada que visava supresso de atividades terroristas e
apreenso de subversivos conhecidos e suspeitos (HUGGINS, op. Cit, p. 175)
77
Segundo o professor Hely Lopes Meirelles, secretrio de Segurana Pblica em So Paulo na
poca, em entrevista ao jornalista Antonio Carlos Fon, no livro "Tortura", anexado aos autos, as
ordens para a montagem de um organismo que reunisse elementos das Foras Armadas, da
Polcia Estadual - Civil e Militar - e da Polcia Federal para o trabalho especfico de combate
subverso, foram dadas ao final de 1968 (Meirelles, apud FON, 1979, p. 18). Teriam participado
do ato de lanamento viablizada por recursos estaduais, tanto em termos de efetivos como das
prprias instalaes da sede da Operao, como veremos a seguir. A criao da OBAN prepara
as condies para montagem de uma estrutura que seria oficializada em junho de 1970 atravs do
DOI-CODI. Nesse perodo, ainda segundo depoimento de Antonio Carlos Fon, um grande
contingente de policiais do Estado com prtica de tortura, especialmente da Diviso de Crimes
Contra o Patrimnio, ento chamada Delegacia de Roubos, teria sido transferida para o
Departamento de Ordem Poltica e Estadual da Polcia Civil, e do DOPS para a OBAN. Em
depoimento CPI o ex-governador Roberto Costa de Abreu Sodr negou qualquer envolvimento
com a OBAN. Foram juntados aos autos a pesquisa realizada pelo "Projeto Brasil: Nunca Mais"
com a informao que a OBAN nutria-se de verbas fornecidas por multinacionais como o Grupo
Ultra, Ford, General Motors e outras. (Desaparecidos Polticos: Brasil, 2000. Disponvel em:
http://www.desaparecidospoliticos.org.br).
78
Ver Observatrio de Violncias Policiais SP. www.ovp-sp.org;
40
rede
hierarquizada,
em
que
cada
policial
tm
poder
no
BARCELLOS, Caco. Rota 66: A Histria da Polcia que Mata. So Paulo: Editora Globo, 1992,
p. 75.
80
No obstante a passagem do poder aos civis, em 1985, boa parte do sistema repressivo
continuou agindo, como o Sistema Nacional de Informaes (SNI) que s seria extinto no governo
de Fernando Collor de Melo. A Agncia que o sucedeu, a Agncia Brasileira de Inteligncia
(ABIN), (...) no conta com mecanismos sociais de controle efetivo, atravs do congresso
nacional, de suas atividades, e, de tempos em tempos, temos notcias de atividades escusas de
espionagem do pas. (FICO, Carlos, Espionagem, polcia poltica, censura e propaganda: os
pilares bsicos da represso, in: FERREIRA, Jorge e NEVES, Lucilia de Almeida, O tempo da
ditadura: regime militar e movimentos sociais em fins de do sculo XX, Rio de Janeiro, Civ.
Brasileira, 2003).
81
PETRINI, Luciana Aparecida, Homicdio entre a classe trabalhadora pobre em So Paulo nos
anos de 1937 a 1945. (trabalho marginalizado) (mestrado em andamento) orientao Vera Lucia
Vieira. Integrante do CEHAL.
82
Dados retirados do Observatrio de Violncias Policiais. http://www.ovp-sp.org.
83
FOULCAULT, Michel. Microfsica do Poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.
41
84
FOULCAULT, Michel. Vigiar e Punir: Histria da Violncia nas Prises. Petrpolis: Vozes, 1987.
Matria publicada no jornal Folha de So Paulo, no Caderno Brasil em 06 de Outubro de 1992
86
Idem. ibidem., p. 49
85
42
87
43
44
91
45
carcerrias
no
Brasil
so
normalmente
assustadoras.
Vrios
estabelecimentos prisionais mantm entre duas e cinco vezes mais presos do que
suas capacidades comportam. Em alguns estabelecimentos, a superlotao
atingiu nveis desumanos com detentos amontoados em pequenas multides. As
celas lotadas e os dormitrios desses lugares mostram como os presos se
amarram pelas grades para atenuar a demanda por espao no cho ou so
forados a dormir em cima de buracos de esgoto94.
92
Dados retirados da Pastoral Carcerria, da matria: Situao Atual dos Presos no Brasil, de
Junho de 1998, p. 1.
93
Idem ibidem.
94
Dados retirados do relatrio da Human Rights Watch, de 1995, p. 05.
46
Foto tirada por autor desconhecido aps a rebelio. Folha de So Paulo, 1992.
Matria publicada no jornal O Estado de S. Paulo, pelo jornalista Renato Lombardi, no dia 06 de
Outubro de 1992.
96
Matria publicada no jornal O Estado de S. Paulo, pelo jornalista Renato Lombardi, no dia 06 de
Outubro de 1992.
97
Dados retirados do Laudo nmero 019267, do Instituto de Criminalstica, p. 35.
47
48
frente para trs e da direita para a esquerda, com atirador posicionado na soleira
da porta. Os detentos sobreviventes ocupantes da cela ainda entregaram ao
relator um lenol branco com manchas de sangue humano e resduos de plvora
combusta e elementos correlatos, apresentando solues de continuidade na
trama do tecido, indicando que a pessoa por ele envolta fra ferida por disparo de
arma de fogo a curta distncia. Em diversas celas foram observadas perfuraes
de baixo para cima no mezanino onde estavam instaladas as camas, muitas
delas, mostrando assim que o atirador matou presos que estavam deitados em
suas camas.
Em uma tabela feita pelos relatores do Laudo do Instituto de Criminalstica,
foram vistoriadas 21 celas. Dos 130 ocupantes, 85 foram mortos e trs destas
celas tiveram todos os seus moradores mortos.
O livro Histria de Um Massacre: Casa de Deteno, diz tambm que a
maioria dos 111 mortos estava ajoelhada, sentada ou deitada. Alguns presos
ainda foram mortos como se estivessem em posio de defesa.100 Um fator que
chama ateno no laudo criminalstico :
100
101
49
106
, chamado Rota
66, no qual que descreve um estudo realizado desde 1970, ano de fundao da
Polcia Militar, at 1992, visando investigar os assassinatos da Polcia Militar. Este
livro traz estudos dos mais notrios instantes de brutalidade, e ainda analisa
alguns histricos dos policiais militares mais violentos, e mostra inclusive que
algumas execues sumrias de presos, foram cometidos por policiais civis e
militares.
102
50
107
Tanto a Polcia Civil quanto a Militar estavam envolvidas nas mortes por sufocamento de
dezoito presos em 1989 num distrito policial em So Paulo, tambm esteve envolvida na
carnificina de oito presos em Joo Pessoa, em julho de 1997; no massacre de sete presos
fugitivos prximo a Fortaleza, em dezembro de 1997; e, em fevereiro de 1998, na morte de pelo
menos seis presos fugitivos em Natal. Muito mais freqente--at mesmo crnico--so os
incidentes de abusos que no chegam a implicar em morte, mas atingem nveis de tortura. Em
vrias ocasies, integrantes das polcias civil e militar espancaram detentos depois de dominar
rebelies e tentativas de fuga. Dada a reputao da polcia, em vrios estados, de conduzir suas
atividades regulares de policiamento com brutalidade, corrupo e abusos relacionados, no
surpresa que ao lidar com presos sejam igualmente truculentos. (Human Rights Watch, op. cit.,
1995)
51
Foto tirada por autor desconhecido aps a rebelio. Folha de So Paulo, 1992.
108
52
112
53
Cf anexos.
Dados retirados do Laudo nmero 019267, do Instituto de Criminalstica, p. 34.
119
Segundo o censo mais recente, aproximadamente 40% dos presos no receberam uma
sentena definitiva, mas este dado inclui alguns presos que foram condenados em primeira
instncia e esto recorrendo das sentenas. "Presos sem condenao somam quase 40%", Folha
de S. Paulo, 20 de maro de 1998.
120
Ver tambm Comentrio Geral No. 8 do Comit de Direitos Humanos sobre o Pacto
Internacional dos Direitos Civis e Polticos, Art. 9 (6a. Sess. 1982), U.N. Doc. A/40/40
(determinando que a deteno antes do julgamento deve ser uma exceo e o mais breve
possvel).
118
54
121
Hugo van Alphen v. the Netherlands (No. 305/1988) (23 de julho de 1990), Anais Oficiais da
Assemblia Geral, Quadragsima-quinta seo, Suplemento No.40 (A/45/40), vol. II., anex. IX,
sect. M., para. 5.8.
122
Lei dos Crimes Hediondos, art. 2(II).
123
Dados retirados do relatrio Brasil: massacre na Casa de Deteno em So Paulo, da
Americas Watch, de 1992.
55
Famlias em frente Casa de Deteno aps a rebelio procuram notcias de parentes. Folha de
S. Paulo, 1992.
124
PIET, Eli; Pereira, Justino. Pavilho 9: o massacre do Carandiru. So Paulo: Scritta, 1993, p.
185.
125
Matria publicada no jornal O Estado de S. Paulo, pelos jornalistas Marcelo Faria de Barros e
Marcelo Fag, intitulada: Parentes se desesperam em frente ao presdio, no dia 04 de outubro de
1992.
56
Em um episdio como esse, fica claro que para este Estado autocrtico, o
inimigo mesmo o povo:
126
57
58
132
59
Celina Silva, me do detento morto Mauro Batista Silva, era uma das mes
que estava na porta da Casa de Deteno: Fui para a porta na sexta-feira, dia
02. Fiquei sbado e s sa no domingo, quando consegui saber que ele estava
morto no IML, conta. Eu corria no IML, corria na porta de deteno e no
achava. Corria pra l e pra c. S o encontrei, no domingo s cinco horas da
tarde, conta a me138.
A maioria dos corpos foi identificada pelas impresses digitais j que
muitos estavam completamente desfigurados:(...) a polcia tentava identificar os
corpos atravs das impresses digitais. Esto to desfigurados que fica difcil
identific-los, disse o padre da Pastoral Carcerria Roberto Francisco Reardon
(...).139
O reconhecimento dos corpos no necrotrio do IML foi tambm difcil, pois
muitos dos parentes no compareciam para a identificao.
60
Corpos dos detentos mortos espalhados em caixes de madeira. Acervo Folha Imagem,
1992.
140
Matria publicada no jornal O Estado de S. Paulo, pela jornalista Marines Campos, intitulada
Identificao dos mortos desespera parentes, no dia 05 de Outubro de 1992.
141
Idem ibidem.
142
Matria publicada no jornal Folha de S. Paulo, pelas jornalistas Lcia Martins e Noely Russo,
intitulada Equipe do IML chora entre pilha de corpos, no dia 05 de outubro de 1992.
143
Matria publicada no jornal O Estado de S. Paulo, pela jornalista Marines Campos, intitulada
Identificao dos mortos desespera parentes, no dia 05 de Outubro de 1992.
144
Entrevista concedida pesquisadora em Maio de 2004.
61
Matria publicada no jornal O Estado de S. Paulo, pelo jornalista Renato Lombardi, intitulada:
PM executou presos na deteno, no dia 06 de Outubro de 1992..
146
Matria publicada no jornal O Estado de S. Paulo, pelos jornalistas Marcelo Faria de Barros e
Marcelo Fag, intitulada: Parentes se desesperam em frente ao presdio, no dia 04 de outubro de
1992
62
147
PIET, Eli; Pereira, Justino. Pavilho 9: o massacre do Carandiru. So Paulo: Scritta, 1993, p.
187.
148
Matria publicada no jornal O Estado de S. Paulo, pelo jornalista Renato Lombardi, intitulada:
PM executou presos na deteno, no dia 06 de Outubro de 1992.
63
sido usados, tenho certeza que no seria necessrio usar armas contra os
presos, comentou na poca.149
Segundo
relatrio
elaborado
pela
Comisso
Organizadora
de
Idem ibidem
PIET; Pereira, op. cit., 1993, p. 189.
64
VIEIRA, Vera Lucia, Criminalizao das lutas sociais em estados autocrticos burqueses, in:
PROJETO HISTRIA, revista Programa de Ps-graduao em Histria da PUC/SP n 31
AMRICAS. So Paulo: EDUC, 2 de 2005.
152
No caso brasileiro, situando a ltima ditadura, desde 1985, aps 2 anos de distenso, a
autocracia manifestava-se no somente pela composio entre os principais setores autocrticos,
governistas e oposicionistas, realizando politicamente uma verdadeira composio pelo alto, (...)
mas tambm por viabilizar o fim do cesarismo militar sem romper com a institucionalidade
autoritria que dava sustentao. FERNANDES, 1986, p. 22, apud MACIEL D. A argamassa da
ordem. Da ditadura Milita Nova Repblica (1974-1985). So Paulo, Xam, 2004, p. 319.
65
153
66
67
destaque pelo nmero de presos mortos de uma s vez e pela violncia policial
utilizada nesta operao. Foi, principalmente, depois deste caso que a populao
teve conhecimento da situao do nosso sistema carcerrio e das condies de
sobrevivncia dessas pessoas.
Falar sobre este massacre nos obrigou a tangenciar vrios assuntos sobre
os
lugar,
revelador
das
contradies
inerentes
vigncia
da
Desde a
156
69
70
158
MARX, Karl. Crtica da Filosofia Dialtica e Geral de Hegel, Terceiro Manuscrito. Disponvel
em:
<http://www.geocities.com/autonomiabvr/man3.html#crit>; Sobre o carter ontolgico da
propriedade privada no mundo capitalista, Marx assim se expressa neste texto: Essa propriedade
privada material, diretamente perceptvel, a expresso material e sensria da vida humana
alienada. (...) A religio, a famlia, o Estado, o Direito, a moral, a cincia, a arte, etc., so apenas
formas particulares de produo e enquadram-se em sua lei geral. (...) alienao evidente no
s no fato de meu meio de vida pertencer a outrem, de meus desejos serem a posse inatingvel de
outrem, mas de tudo ser algo diferente de si mesmo, de minha atividade ser outra coisa qualquer,
e, por fim (e isso tambm ocorre com o capitalista), de um poder desumano mandar em tudo.
159
MARX, K, Nova Gazeta Renana, n 170, 16 de dezembro de 1848, in: A Burquesia e a contrarevoluo, So Paulo, Cadernos Ensaio, 1989, pg. 59.
160
MARX, Karl. A Questo Judaica. Rio de Janeiro: Editora Laemmert, 1969.
161
MARX, op. cit., 1989, p. 49.
71
Tal condio resulta em que ainda hoje, para manter seu controle sobre as
manifestaes da sociedade que espelham e que so frutos destas contradies
e desigualdades, se aplica o mesmo preceito que o Ministro da ao prussiana,
em 1848, declarava:
162
72
166
73
Informe del Secretario General sobre Derechos Humanos y Cincia Forense presentado de
conformidad con la Resolucin 1992/24 de la Comisin de Derechos Humanos , in:
http://www.unhchr.ch/huridocda/huridoca.nsf/8ce8951852ee031cc1256991003793c3/cf4dce1f3c7a
ccfa80256766003c9769?OpenDocumen;
171
LEAL, Csar Barros Alcances Y Perspectivas De La Prevencin Y Del Control Social
Como Instrumentos De Poltica Criminal, in: Congreso Internacional de Poltica Criminal y
Prevencin del Delito: Retos Y Perspectivas de la Seguridad Pblica, Mxico, Guanajuato,
19-20 de mayo de 2005.
74
75
76
174
77
Jnio Quadros, que elevou sua capacidade para 3.250 detentos (inicialmente era
para 1200 detentos), desfigurando totalmente o projeto original.
Para se ter uma idia da quantidade de presos que l viviam, o Carandiru
abrigava mais gente do que em 516 cidades brasileiras segundo censo do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) de 1992. A muralha que
cercava o presdio j demonstrava a sua grandiosidade: 1.185 metros de
extenso e 9 metros de altura onde circulavam policiais armados de fuzis, que se
revezavam dia e noite.
Fazendo uma metfora com as grandes cidades, o Carandiru tambm
possua bairros, ou os chamados pavilhes. Cada pavilho era composto de
cinco pavimentos e divididos da seguinte maneira: o pavilho 02 iam os presos
tidos, segundo os critrios da direo da cadeia, como bem comportados e
enquadrados em delitos considerados pouco perigosos, o Pavilho 04 era onde
ficavam os tuberculosos e os jurados de morte, o Pavilho 05 era o setor dos
doentes
mentais
presos,
tidos
pelos
funcionrios,
como
de
mau
175
Souza, Percival de. A Priso: Histria dos Homens que vivem no maior Presdio do Mundo. So
Paulo, Alfa mega: 1979, p. 24.
79
176
177
Idem Ibidem.
FOUCAULT, op. cit., 2004, p. 220-223.
80
Idem ibidem.
SOUZA, op. cit, 1979, p. 27.
81
82
83
183
84
184
185
Idem ibidem.
Idem ibidem, p. 63.
85
186
86
187
188
87
a entrada na cadeia e tambm aqueles que eram ameaados por outros e l eram
colocados por medidas de segurana.
O setor mdico tambm se situava l, alm do setor para doentes mentais.
Na verdade, os presos no consideravam um pavilho de alojamento e sim um
pavilho de castigos. O servio mdico central tambm ficava neste pavilho.
Entre tuberculosos e presos de alta periculosidade, estavam aqueles que pediram
seguro, que na linguagem da cadeia eram os presos que estavam ameaados
de morte por outros presos ou com medo de serem atacados e agredidos a
qualquer momento, era a garantia de sobrevivncia na priso daqueles que
tinham arranjado briga com outros presos. As celas eram individuais.
O fundo, ou os pavilhes 8 e 9 apresentavam caractersticas peculiares e
distintas entre eles. O Pavilho 08 era destinado aos reincidentes ou os cobracriada. A expresso se referia as pessoas que j faziam parte do mundo do crime
e estavam retornando priso. Curiosamente, segundo o jornalista Percival de
Souza, que passou algumas semanas na priso a fim de fazer um especial para o
Jornal da Tarde na dcada de 70, o maior nmero de incidentes no se registra
no Pavilho 8, onde esto os homens de maior permanncia no crcere, e sim no
pavilho dos primrios, o 9189.
Ramalho explica que os presos desse pavilho eram definidos comumente
como homens mais tranqilos porque as fronteiras do presdio j eram bem mais
conhecidas e bem delineadas, mas tambm eram considerados violentos porque
j conheciam o processo, alm de serem classificados como j tendo feito opo
pelo mundo do crime, os presos do pavilho 8 eram tambm identificados como
os maiores conhecedores desse mundo, especialmente em relao s
caractersticas da cadeia.
Ao mesmo tempo que o pavilho 08 era o mais calmo em termos
disciplinares era o mais radical no cumprimento das leis internas do presdio.
Os presos do pavilho 8 dificilmente conseguem chegar ao
pavilho 02. Esta constatao, feita pelos presos, no s
revela uma dificuldade real, j que eventuais passagens de
presos do pavilho 8 para outros pavilhes so rigidamente
controladas, como tambm revela uma discriminao da
administrao do sistema penitencirio com relao a
aqueles que, na sua acepo, fizeram opo pelo mundo do
189
88
190
89
2.3. Visitas
193
RAMALHO, Jos Ricardo. Mundo do Crime: A Ordem pelo Avesso. Rio de Janeiro: Graal, 1979:
153.
90
91
descumprindo
os
valores
liberais
para
com
essas
pessoas
92
93
94
3 - INQURITOS E INVESTIGAES
O Massacre do Carandiru foi um dos episdios que alertou no s as
organizaes196 de direitos humanos com relao aos maus tratos que ocorriam
na priso, como tambm a imprensa 197
196
Organizaes como Comisso Teotnio Vilela, Justia Global, Comisso de Direitos Humanos
da Assemblia Legislativa de So Paulo, Comisso de Direitos Humanos da OAB/SP
197
Na tradicional historiografia identificada como historicista, a imprensa aparecia como fonte,
quando pensava-se nela como portadora dos "fatos" e da "verdade". Com a renovao dos
estudos histricos e a nfase numa abordagem que privilegiava o scio-econmico, a imprensa
passou a ser relegada condio subalterna, pois seria apenas "reflexo" superficial de idias que,
por sua vez, eram subordinadas estritamente por uma infra-estrutura scio-econmica. E a
subseqente renovao historiogrfica, com destaque s abordagens polticas e culturais,
redimensionou a importncia da imprensa, que passa a ser considerada como fonte documental
(na medida em que expressa discursos e expresses de protagonistas) e tambm como agente
histrico que intervm nos processos e episdios, no mero "reflexo".
198
Matria publicada no jornal Folha de S. Paulo, em Outubro de 1992.
199
Matria publicada no jornal O Estado de S. Paulo, em Outubro de 1992.
200
Para este trabalho, optamos em estudar a Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo.
201
Entrevista concedida pesquisadora no dia 10 de janeiro de 2005.
95
96
205
. Foi essa
205
97
O governador obrigado a
Este texto expressa bem a opo desta autora pelo apoio conquista da democracia, aps seu
rompimento com as prdicas luckacsianas.
209
apud LAFER, Celso. A reconstruo dos direitos humanos - um dilogo com o pensamento de
Hannah Arendt. So Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 150.
98
210
99
de proteo diplomtica dos direitos humanos por uma proteo internacional que
tutelasse os direitos dos indivduos independentemente de serem nacionais de
qualquer Estado213.
Em que pese a percepo eminentemente poltica dos dois autores, foi
com base nestes preceitos e normas que a Anistia Internacional, em Outubro de
1992, enviou a inglesa Alison Sutton para que ficasse responsvel pelas
investigaes do rgo sobre denncias de violaes dos direitos humanos no
Brasil. J a Americas Watch enviou, a ento diretora do setor penitencirio do
Human Rights Watch, Joanna Weschler, com as mesmas funes. A ONU
tambm enviou um representante ao pas para investigar os casos. Os dois
rgos entraram com um pedido para que a OEA investigasse o caso.
No dia 08 de Outubro de 1992, o Comit Internacional de Defesa dos
Direitos Humanos, entidade ligada Organizao dos Estados Americanos,
promoveu um julgamento das autoridades envolvidas no Massacre da Casa de
Deteno, em Washington (EUA). Foi a primeira vez na histria brasileira que um
governador e um secretrio da segurana pblica so investigados pela OEA. A
ao, no entanto, foi interrompida devido a uma interveno do ministro das
Relaes Exteriores, Fernando Henrique Cardoso. Em fevereiro de 1994, o
relatrio de direitos humanos dos Estados Unidos citou os atrasos no julgamento
do massacre do Carandiru como prova da incapacidade do governo brasileiro em
assegurar os direitos elementares de seus prprios cidados.
Devido tamanha repercusso e presso internacional, em 1996, durante
a gesto do ento presidente Fernando Henrique Cardoso, foi criado o Programa
Nacional de Direitos Humanos 214 . Nele havia planos de curto, mdio e longo
prazo. Entre os muitos planos de melhoria as condies de vida sociedade
estavam a desativao da Casa de Deteno, como consta no Programa
Nacional de Direitos Humanos: Incrementar a desativao da Casa de Deteno
de So Paulo (Carandiru), e de outros estabelecimentos penitencirios que
contrariem as normas mnimas penitencirias internacionais. (1996)
213
214
100
101
O Brasil ento foi acusado de ser responsvel pela violao dos artigos 8 e
25 (garantias e proteo judicial) em conformidade com o artigo 1(1) da
Conveno Americana, pela falta de investigao, processamento e punio sria
e eficaz dos responsveis e pela falta de indenizao efetiva das vtimas dessas
violaes e seus familiares. (2000: 16)
Embora em 2000 tenha sido criado o primeiro plano nacional e especfico
de Segurana Pblica, que retomava algumas metas do Programa Nacional de
Direitos Humanos como a Desativao do Carandiru217 (2003: 440), tal meta
comeou a ser somente em 2002, dez anos aps o episdio do dia 02 de
outubro de 1992, com a desativao deste presdio e a construo de
prises218.
102
103
104
224
225
106
226
107
108
A indenizao por dano moral tem como finalidade amenizar a dor sentida,
trazendo vtima uma sensao de conforto. A indenizao possui um carter
satisfativo-punitivo229.
228
109
No dia 07 de Outubro de 1992, o jornal Folha de S. Paulo, no Caderno Brasil, p. 12, divulgou
uma nota mostrando o procedimento para que as famlias pudessem entrar em contato com a
Procuradoria de Assistncia Judiciria.
233
No artigo 106, do relatrio oficial n 34/00, da Comisso Interamericana de Direitos Humanos
234
NUNES, Luiz Antonio Rizatto. O Dano Moral e sua interpretao jurisprudencial. So Paulo:
Saraiva, 1999, p. 04.
235
(...) aquele que afeta a paz interior de uma pessoa, atingindo-lhe o sentimento, o decoro, o
ego, a honra, enfim, tudo o que no tem valor econmico, mas que lhe causa dor e sofrimento (...).
A imagem denegrida, o nome manchado, a perda do ente querido, ou at mesmo a reduo da
capacidade laborativa em decorrncia de acidente, traduz-se numa dor ntima (
110
236
111
indenizao, que estava sendo paga a prestao, j que a lei prev que o
pagamento do dano moral no precisa ser feito todo de uma vez.237
A maioria das aes julgadas, em ltima instncia, favorveis aos
familiares foi fixada de 100 a 150 salrios mnimos por familiar, de acordo com
precedentes jurisprudenciais. Houve uma deciso que fixou a indenizao por
dano moral em 500 salrios mnimos para cada um dos pais do preso, e duas
decises que fixaram a indenizao em apenas 50 salrios mnimos. A menor
de um salrio mnimo para dividir entre os pais de um preso. Pedimos 500
salrios mnimos para todas as famlias que nos procuraram. A maioria conseguiu
entre 100 e 150 salrios mnimos", disse a procuradora.
Dezesseis aes ainda receberam indenizao por danos materiais. Foi
fixada uma pequena penso alimentcia mensal aos dependentes do detento
falecido - estas s foram obtidas se houvesse a apresentao da carteira de
trabalho ou prova de vnculo empregatcio. Tivemos que provar que o
reeducando trabalhava antes de ser detido. Alguns ns utilizamos provas
testemunhais. Muitos no tinham carteira de trabalho, mas tinham empregos
informais, ento nesse caso, tambm conseguimos provar, conta a procuradora
Maria Helena Daneluzzi, da Assistncia Judiciria.
Apenas uma famlia conseguiu penso vitalcia (dada at a morte da
pessoa). As penses para as companheiras eram fixadas at os 65 anos, e para
os filhos at os 25 anos. Indenizao nunca uma regra geral, porque depende
da comprovao dos ganhos tambm do preso, antes da morte dele, ento
baseado no salrio, como qualquer outra penso, explica Daneluzzi. Em alguns
casos foram conseguidas ainda ajuda funerria.
As indenizaes por dano moral variaram bastante. Cada caso era
analisado individualmente, mas sua deciso ficava merc da interpretao de
cada juiz. Como para dano moral no existem critrios e valores prestabelecidos,
alguns
juzes
se
basearam
em
alguns
precedentes
112
113
114
245
115
Matria publicada no jornal Folha Online, pela jornalista Milena Buosi, intitulada: Julgamento de
coronel que comandou massacre comea hoje, no dia 20 de junho de 2001.
116
Fiquei no ar, sabe quando a pessoa est no mundo da lua? Dela para c, me
acabei uns vinte anos. Porque se eu relembrar disso, meu corao dispara, conta
Geralda.
Celina Silva, me do preso morto Mauro Batista Silva, condenado por
tentativa de homicdio, ficou com a guarda da filha de Mauro, Lineide Batista da
Silva. Acho que perder um filho em uma tragdia daquelas, ficar com a filha dele,
que est com 19 anos e no foi resolvido nada, conta Celina. A Lineide no
sabe ler, no sabe escrever. No entra nada na cabea dela. Ela perdeu o pai e
piorou mais. A vida dela chora, chora, chora, ressalta.
Celma de Oliveira, irm de Ailton Jlio de Oliveira, condenado por roubo,
conta revoltada o que mudou nesses onze anos. O que mudou foi que a gente
perdeu uma pessoa que amava. Era o nico irmo que eu tinha. S eu ia visit-lo.
A mulher dele praticamente o abandonou, conta. Ailton ainda tinha trs filhos,
que esto sob custdia de sua ex-mulher. Eu tento passar para as crianas que o
pai deles teve sua porcentagem de erro, mas no era um bandido. Simplesmente
caiu no erro de andar com quem no prestava, conta Celma.
Essas famlias so a prova mxima que um Estado considerado
democrtico descumpre seu dever, pois alm de no zelar pela guarda dos
cidados, que esto sob sua custdia, ele tambm exclui e violenta cidados.
117
CONSIDERAES FINAIS
Nosso trabalho teve como finalidade analisar a problemtica social que
culminou no Massacre do Carandiru. Analisamos o contexto histrico que
envolveu tal episdio denunciando as condies carcerrias, a violncia da polcia
e as evidncias da falncia do aparato institucional que expressa um Estado de
teor Autocrtico.
Vivemos em um Estado que as decises polticas, no s da ordem social,
mas tambm da econmica e cultural no conseguem atender as demandas
sociais, mas que, no entanto, as foras dominantes continuam no poder
mantendo muitas vezes resqucios dos enclaves ditatoriais, aos quais j vivemos
e lutamos para acabar.
O chamado Estado de Direito fica, portanto, restrito ao voto, em que esses
chamados governantes legalmente constitudos defendem interesses individuais
em detrimento do interesse pblico, no pode ser assim chamado de
democrtico, nem mesmo nos limites da ordem liberal.
Mostramos tambm que apesar das leis, feitas pelo chamado Estado de
Direito, alm de no serem cumpridas, a prtica adotada a do abuso, da
impunidade, da arbitrariedade, da violncia, que atesta a inviabilidade da
institucionalidade dos preceitos liberais em nosso pas e sua chamada
democracia. Assim este acaba se tornando a manuteno da autocracia
burguesa, pois mudaram os nmeros e os nomes das leis, mudou-se o foco da
represso, mas a lgica da violncia institucional se mantm, levando em conta o
aparato repressivo seja ele contra a populao encarcerada ou mais pobre.
Soma-se a isto a questo scio-econmica do pas, em especial as
grandes cidades, como So Paulo, quando mostramos que desde o incio do
sculo, os centros urbanos vm recebendo um grande contingente populacional
de pessoas, que procuram melhores condies de vida ou a procura de trabalho.
Tais centros passaram ento a reunir uma elite pequena e uma grande massa de
despossudos, transformando-se num espao social diversificado e complicado.
Com isso a violncia aumenta e a resposta da polcia vem cada vez mais
repressiva. O que nos mostra suas idiossincrasias, pois esta foi criada como um
meio para defender a populao, apesar dos diversos estudos dos tericos sobre
118
a sua funo, ela vem fazendo o contrrio, ela prpria, no decorrer da sua
histria, mata e violenta os cidados, que supostamente deveria vir a proteger.
Em meio a um emaranhado de erros e contradies aconteceu o Massacre
do Carandiru, no dia 02 de Outubro de 1992, onde o Estado s comprovou que se
d de forma ausente, no s pela morte de 111 presos, mas tambm pela sua
omisso e pela falta de assistncia aos parentes das vtimas, que ele mesmo fez,
como tambm pela cena grotesca protagonizada pelos seus representantes,
polcia e governantes, que alm de descumprirem todas as leis de direitos
humanos, violaram a cena do crime.
Adentrando no tema priso, vimos que a maioria dos estudos, que
analisam as pessoas que esto encarceradas, parte do pressuposto da evidncia
da criminalidade. Coloca-se sob a perspectiva da contraveno, que em tese,
teriam ferido as leis, seriam criminosos, no entanto, vimos que muitas delas, no
caso em estudo, tratavam-se de pessoas aprisionadas por suspeita de terem
cometido contravenes, muitas das quais sequer haviam sido julgadas ainda.
Alm disso, vimos que os fundamentos do Direito Penal no mundo
contemporneo ocidental esto calcados na sntese que o sculo XIX fez dos
preceitos do Iluminismo, da Revoluo Francesa e dos Direitos Humanos para a
implantao da ordem liberal que, como as evidncias comprovam, subordinou
tais preceitos de carter universal aos interesses dos segmentos burgueses que
assumem a conduo da organizao do Estado.
Sendo assim, a questo do Direito Penal e penitencirio adquire vida
prpria, autnoma em relao ao Estado e como que independente da correlao
das foras dominantes em cada especificidade histrica, no situa a questo mais
evidente, que a relao entre este direitos, seus fundamentos e finalidades e
sua real funo social no mundo capitalista, no qual est inserida esta definio.
Para estudar priso, criminalidade, alm de outras cincias que estudam
tal assunto, buscou-se situar tambm os estudos sobre criminologia. Seja por
onde passe a histria desta rea do conhecimento que assume nos dias de hoje
tons de cientificidade, a questo essencial que o prprio conceito de crime nos
ajuda na percepo das contradies da concretude social que se revela o
Estado.
Mostramos
ainda,
que
sua
falncia,
inerente
ao
sistema
de
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