Novas Tendencias para Embalagens de Alimentos
Novas Tendencias para Embalagens de Alimentos
Novas Tendencias para Embalagens de Alimentos
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1 INTRODUO
sabido que uma das principais funes da embalagem preservar ao mximo a qualidade
do produto, criando condies que minimizem as alteraes qumicas, bioqumicas e microbiolgicas
visando aumentar seu tempo de vida til (OLIVEIRA e OLIVEIRA, 2004). As embalagens convencionais
exercem quatro funes bsicas (Figura 1): conter, proteger, comunicar e conferir convenincia (YAM,
TAKHISTOV e MILTZ, 2005) com mnima interao entre a embalagem e o contedo durante as etapas
de armazenamento e distribuio. Contudo, as embalagens convencionais lentamente esto perdendo
espao para as embalagens ativas e inteligentes que interagem diretamente com o produto. Por
meio dessa interao, essas embalagens podem prolongar a vida-de-prateleira dos produtos, assegurar
sua qualidade e proporcionar maiores informaes aos consumidores sobre o estado final do produto
quando comparadas s embalagens convencionais.
Embalagem ativa, conceito inovador, pode ser definida como o tipo de embalagem que muda
as condies do ambiente que cerca o alimento para prolongar a sua vida til, manter as propriedades
sensoriais e de segurana, enquanto conserva a qualidade do alimento (VERMEIREN et al., 1999).
Podem ser classificadas em sistemas absorvedores e sistemas emissores (Tabela 1). Os sistemas
absorvedores removem compostos indesejveis que aceleram a degradao do produto alimentcio
como: oxignio, excesso de gua, etileno, dixido de carbono e outros compostos especficos. Os
sistemas emissores adicionam ativamente compostos ao produto embalado ou ao espao livre da
embalagem como: dixido de carbono, etanol, antioxidantes ou conservantes, entre outros (VERMEIREN
et al., 1999; KRUIJF et al., 2002).
Embalagem inteligente constitui sistema que monitora as condies do alimento em tempo
real, dando informaes sobre sua qualidade durante o transporte e armazenagem (KRUIJF et al.,
2002). Exemplos so os indicadores de temperatura, tempo-temperatura, frescor, microrganismos
patognicos, oxignio, alm de sensores e biossensores (Tabela 2) (AHVENAINEN, 2003). A
aplicao dessas embalagens em alimentos proporciona aumento significativo da quantidade de
informaes que o consumidor pode obter por meio da embalagem e tambm facilita a transmisso,
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pois a qualidade do produto pode ser informada apenas pela colorao da etiqueta presente na
embalagem.
Embalagens Ativas
Absorvedor de oxignio
Principais Componentes
Aplicaes
Produtos de panificao,
oxidase
Frutas e hortalias
slica gel, zelito, argila
Propilenoglicol, poli (lcool vinlico), slica
congelados e de panificao
Absorvedor de umidade
carbono
desidratados
slica gel
Produtos de panificao,
Emissores de etanol
Etanol
peixe
Sorbatos, benzoatos, propionatos, etanol,
secas e produtos de
panificao
Emissores de dixido de
carbono
haleto metlico
carnes e aves
Liberadores e conservantes
antimicrobianos
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Embalagens Inteligentes
Principais Componentes
Indicadores de crescimento de
microrganismos
Indicadores de oxignio
Indicadores patognicos
Aplicaes
Alimentos congelados e
refrigerados
Alimentos perecveis como
carnes, peixes e aves
2 EMBALAGENS ATIVAS
As embalagens ativas vm sendo utilizadas em produtos crneos, massas frescas e pes,
nozes e similares, queijos, frutas, hortalias frescas e sucos, entre outros (SARANTPOULOS et al.,
1996). Cada alimento tem seu prprio mecanismo de degradao, que varia em funo da sua
composio e processamento. Portanto, diversos processos podem ser observados no interior das
embalagens que vo depender das propriedades do alimento e da forma como ele interage com o
ambiente que o cerca. A fim de minimizar a degradao desses produtos, diversos mecanismos
podem ser utilizados, sendo uma das principais maneiras o controle da composio de gases e
vapores que cercam o produto.
De acordo com SARANTPOULOS et al. (1996), a embalagem ativa deve atender aos seguintes
requisitos: (a) ser segura em termos de sade pblica; (b) absorver/emitir o gs ou vapor de interesse em
velocidade apropriada; (c) apresentar alta capacidade de absoro do gs ou vapor de interesse; (d) no
acarretar reaes paralelas desfavorveis; (e) no causar alteraes organolpticas no produto; (f) manterse estvel durante a estocagem; (g) ser compacta; e (h) apresentar custo compatvel com a aplicao.
Como apresentado na Tabela 1 existem diversos tipos de embalagens ativas que variam em
sua composio e forma de fabricao.
2.1 ABSORVEDOR DE OXIGNIO
Muitos produtos alimentcios so sensveis ao oxignio (O2) e a presena de altos nveis pode
facilitar o crescimento microbiano, desenvolvimento de sabores e odores indesejveis, mudanas na
cor e perda nutricional, causando reduo significativa na vida-de-prateleira do alimento (OZDEMIR e
FLOROS, 2004).
Para minimizar o contato do alimento com o oxignio, os mtodos de acondicionamento a
vcuo, inertizao e atmosfera modificada, entre outros, so aplicados na indstria de alimentos para
a excluso de O2 no espao livre da embalagem (SMITH, RAMASWAMY e SIMPSON, 1990). Porm,
72
esses mtodos fsicos de eliminao de O2 no tm demonstrado efeito satisfatrio para alguns produtos
porque deixam traos de 2 a 3% de oxignio que permanecem no interior da embalagem, alm de
implicarem em custo consideravelmente alto. A deteriorao de sabor, odor, cor e a proliferao de
fungos e bactrias ocorrem mesmo em baixas concentraes de oxignio (ABE e KONDOH, 1989).
A tecnologia que substitui ou complementa os mtodos fsicos de eliminao de O2 o uso do
absorvedor de oxignio (do ingls, oxygen scavenger), que reduz significativamente o teor de oxignio
no interior da embalagem para nveis inferiores a 0,01% (100 ppm) e, ainda, mantm esses nveis
durante a estocagem, o que conserva a qualidade original do produto embalado e prolonga sua vida-deprateleira (ABE e KONDOH, 1989; VERMEIREN et al., 1999).
Os absorvedores de oxignio podem, estruturalmente, ser encontrados nas formas de sachs,
etiquetas ou rtulos (labels), filmes, carto e vedantes para tampas (liners) (AHVENAINEN, 2003;
BRODY, 2001; ROONEY, 1995). Em geral, as tecnologias de absoro de oxignio existentes envolvem
um dos seguintes mecanismos: oxidao do cido ascrbico, do ferro em p, oxidao enzimtica de
cidos graxos insaturados (cido oleico e linoleico, por exemplo) e combinaes desses processos
(KRUIJF et al., 2002).
Na Tabela 3 so apresentadas algumas empresas que produzem absorvedores de oxignio de
uso comercial e em diferentes formatos. Nos casos em que o absorvedor de oxignio se encontra na
forma de carto, etiqueta ou sach, o absorvedor constitui componente individual que colocado com
o alimento dentro da embalagem. Nos casos em que o princpio ativo incorporado ao material de
embalagem, o absorvedor de oxignio faz parte da embalagem ou da barreira que separa o produto do
ambiente externo (propriamente dito).
Nome Comercial
Companhia
Carto
Ageless
Darex
PureSeal
Smartcap
Bioka
OS2000
Liners (vedantes)
para tampas
Filmes
ZERO2
Etiquetas
Sachs
TM
Ageless
FreshMax
ATCO
Ageless
Bioka
Freshilizer
Oxysorb
Vitalon
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(1)
(2)
(3)
(4)
(5)
(6)
importante observar que apesar das equaes qumicas de 1 a 6 serem simples, o processo
de absoro pode ser considerado complexo. Ele envolve a absoro de umidade pelos componentes
do sach, ao de eletrlitos que no so explcitos nessas equaes, reaes envolvendo as fases
slidas, lquidas e gasosas na superfcie dos componentes do sach, alm dos processos de difuso
do oxignio atravs da membrana que constitui o sach.
A velocidade da reao do oxignio pode ser classificada como de efeito imediato, geral ou lento,
conforme o tempo mdio de absoro de 0,5 - 1 dia, 1 - 4 dias e 4 - 6 dias, respectivamente. Exemplos de
tipos de absorvedores de oxignio e sua velocidade de absoro so apresentados na Tabela 4. O tempo
de reao depende da temperatura de armazenagem, da atividade de gua (aw) do alimento (SMITH,
HOSHINO e ABE, 1995), da concentrao de oxignio presente no espao livre da embalagem (HERNANDEZ
e GIACIN, 1998) e, tambm, do posicionamento adequado do sach no interior da embalagem.
Quando a concentrao inicial de oxignio no momento do acondicionamento e a
permeabilidade do material da embalagem ao oxignio so conhecidas, o absorvedor adequado
pode ser escolhido (sempre com capacidade maior do que a capacidade necessria estimada).
Dessa maneira, a ausncia de oxignio garantida durante a estocagem do produto (VERMEIREN
et al., 1999). Os absorvedores de O2 esto disponveis no mercado em vrios tamanhos e
capacidades nominais de absoro que podem variar de 20 a 2000 mL (ROBERTSON, 2006). A
escolha do tipo e tamanho mais adequado para cada produto sofre influncia de fatores, como: (a)
propriedades do alimento (ex. tamanho, forma, massa); (b) atividade da gua (aw) do alimento; (c)
quantidade de oxignio dissolvido no alimento; (d) estimativa da vida-de-prateleira do produto; (e)
nvel inicial de oxignio residual na embalagem; (f) permeabilidade do oxignio do material de
embalagem (SMITH, HOSHINO e ABE, 1995).
Em relao s vantagens de aplicao dos absorvedores de O2 pode-se destacar: (a) fcil
utilizao; (b) aprovados pelo Food and Drug Administration (FDA) (rgo norte-americano responsvel
pela regulamentao de produtos alimentcios, como aditivos, embalagens, conservantes e outros);
(c) previnem o crescimento de microrganismos aerbios; e (d) retardam a oxidao de lipdios. Entre
as desvantagens, podem ser mencionadas: (a) possibilidade de colapso da embalagem (que pode ser
evitada pelo uso de sistema absorvedor de O2 e gerador de CO2); (b) ingesto acidental do contedo
pelos consumidores; (c) possibilidade de ruptura do sach e contaminao do alimento; e (d) disparo
dos detectores de metais no caso do uso de sach baseado em reaes envolvendo metais
(SARANTPOULOS et al., 1996; SMITH, HOSHINO e ABE, 1995).
74
Aplicao
Velocidade de
absoro
Nome comercial
4 7 dias
Ageless Z-PK,
Produtos: aw <0,65
(Ex.: carne seca)
1 3 dias
Ageless Z
0,5 dias
Ageless S
Sequl CA
0,5 dias
Ageless FX
P de ferro +
clcio
Caf torrado
3 8 dias
Ageless E
cido
ascrbico
cido
ascrbico + p
de ferro
Funo
Reagente
O2
O2 e CO2
O2 e CO2
P de ferro
Toppan C
1 4 dias
Vitatlon GMA
aw = atividade de gua.
Fonte: SMITH, HOSHINO e ABE (1995).
A remoo do etileno, gradativamente produzido pelo produto, pode ser efetuada por embalagens
plsticas base de poliolefinas e poliamidas com minerais incorporados na matriz do polmero, que
atuam como adsorvedores de etileno. O bom desempenho dessas embalagens, quando aplicadas ao
acondicionamento de frutas e hortalias deve-se, provavelmente, sua capacidade de adsoro de
etileno e ao aumento das taxas de permeabilidade ao prprio etileno, ao oxignio, ao gs carbnico e
ao vapor dgua, comparativamente aos filmes convencionais. Portanto, alm de controlar a taxa de
respirao das frutas e hortalias embaladas, as embalagens ativas com incorporao de minerais
adsorvedores de etileno visam controlar o teor de etileno no espao livre da embalagem ao redor do
produto para reduzir seu metabolismo e aumentar sua vida til. Esse tipo de embalagem ativa pode ser
usado em complementao s embalagens com atmosfera modificada (ITAL, 2001).
Por ser muito reativo e apresentar dupla ligao em sua estrutura, o etileno pode ser degradado
e alterado de vrias maneiras. Isso possibilita a criao de diversas metodologias a serem aplicadas
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para a remoo do etileno. Exemplos de materiais usados como adsorvedores de etileno so:
aluminossilicatos cristalinos, slica gel, permanganato de potssio, xido de alumnio, argilas e zelitos.
Outros exemplos so os absorvedores recuperveis (propileno glicol, hexileno glicol, esqualeno, fenilmetil-silicone, polietileno e poliestireno) que tm mostrado capacidade de absoro de etileno e
apresentam o benefcio de serem recuperados aps remoo (VERMEIREN et al., 2003).
O sistema mais barato e extensamente usado na absoro de etileno baseado em
permanganato de potssio (KMnO4). Tipicamente, tais produtos contm de 4 a 6% de KMnO4 e no
podem ser colocados em contato direto com o alimento devido sua toxicidade e, portanto, esto
disponveis somente na forma de sach (OZDEMIR e FLOROS, 2004). A oxidao do etileno com
permanganato de potssio pode ser analisada como processo de duas etapas (VERMEIREN et al.,
2003), mostrado pelas equaes qumicas de 7 a 10:
(7)
(8)
(9)
(10)
76
77
78
(11)
(12)
Companhia
Ageless G
Freshlock ou
Ageless E
Freshilizer CV
FreshPax M
Vitalon G
Verifrais
Ao (agente ativo)
3 EMBALAGENS INTELIGENTES
A embalagem inteligente tem como funo proteger o produto, interagir com o mesmo e
responder a mudanas especficas do alimento ou do ambiente que o cerca (ROONEY, 1995), tendo
como componentes os sensores e indicadores que sinalizam o resultado dessa medio.
Os sensores so dispositivos capazes de fornecer continuamente informao qumica ou fsica
do sistema, convertendo-a em sinal eltrico de sada contnua (TREVISAN e POPPI, 2006). A maioria
dos sensores desempenha as funes de receptor e transdutor. No receptor, informaes fsicas e
qumicas so transformadas em energia, que pode ser medida pelo transdutor. Esse dispositivo
capaz de transformar a energia que contm a informao fsica ou qumica de uma amostra em sinal
analtico til, ou que pode ser interpretado mais facilmente.
O indicador pode ser definido como a substncia que indica a presena ou ausncia de outra
substncia (por exemplo: oxignio), ou o grau de reao entre duas ou mais substncias por meio de
mudanas das suas caractersticas, especialmente a cor. Em contraste com os sensores, no incluem
componentes como receptores e transdutores, as informaes ocorrem mediante mudana visual
direta (KERRY, OGRADY e HOGAN, 2006).
79
80
4 CONCLUSO
As embalagens ativas e inteligentes constituem novas tendncias no setor de embalagens
alimentcias. Essas inovaes tecnolgicas j so bem estabelecidas e aceitas pelos consumidores
em pases como Estados Unidos da Amrica, Japo e Austrlia. Porm, na Europa, apenas pequena
parcela desses sistemas est em desenvolvimento e aplicao devido s restries de
regulamentaes europeias para materiais de embalagem em contato direto com alimentos. No
Brasil, essas tecnologias emergentes esto em fase de estudo e desenvolvimento, sendo que
poucos trabalhos vm sendo realizados nessa rea. Os assuntos abordados representam pequena
parcela do conhecimento adquirido com as pesquisas e aplicaes j realizadas. No entanto, h
muitos estudos ainda a serem desenvolvidos, tanto na pesquisa de novos compostos e aditivos
que podem ser utilizados nessas embalagens, quanto na elucidao dos mecanismos que podem
ser empregados para diversas aplicaes. Com o desenvolvimento dessas pesquisas, espera-se
81
que os conceitos de embalagens ativas e inteligentes possam ser aceitos comercialmente e que
normas regulamentando seu uso sejam estabelecidas, conferindo benefcios conservao de
grande variedade de alimentos.
ABSTRACT
NEW TRENDS IN PACKAGING FOR FOODS: A REVIEW
The aim of this study was to describe a literature review on the latest trends in food packaging industry in the
national and international market. It was shown the concepts of active and intelligent packages, as well as
their functions, composition and the design of packaging, the chemical reactions involved, the particular
behavior of some types of packages, applications and benefits of their use in the food industry. These
packages are planned and allow interactions with food in a desirable way in order to maintain the quality,
integrity, freshness and safety of the packaged product. These technological innovations are already well
established and accepted in some countries, providing benefits to the conservation of a great variety of
foods. In Brazil they are emerging technologies that are being adapted to the national market and developed
through the research of new mechanisms that can be used for many applications.
KEY-WORDS: FOOD PACKAGING; ACTIVE PACKAGING; INTELLIGENT PACKAGING; SHELF-LIFE.
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AGRADECIMENTO
Os autores agradecem ao CNPq pela bolsa de estudo concedida ao primeiro autor.
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