Manifesto Dos Pioneiros - Libania Nacif Xavier PDF
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Manifesto Dos Pioneiros - Libania Nacif Xavier PDF
APRESENTAO
Elegemos o Manifesto como motivao para o debate que hoje se inicia porque
vemos este acontecimento como algo que merece ser conservado, muito provavelmente
porque a comunidade de educadores aqui reunida o v como um documento que retm do
passado as confirmaes de nossa unidade presente. A bandeira da educao pblica como
fator de construo de uma sociedade democrtica continua, hoje, exercendo uma fora
unificadora, atuando como elemento constitutivo da identidade dos educadores afinados
com esta perspectiva.
Abordar o Manifesto em sua historicidade ponto de partida da abordagem que
estamos propondo. Tal opo delimita o tipo de anlise que pretendemos desenvolver ao
mbito dos limites e possibilidades existentes naquele contexto especfico, o ano de 1932, a
partir da anlise de um documento que o qualifica, o Manifesto dos Pioneiros da Educao
Nova.
Nessas condies, nosso esforo ser orientado no sentido de procurar compreender
o teor das proposies que o grupo de signatrios do Manifesto autoriza, procurando
relacionar os aspectos positivos do mesmo, isto , aquilo que ele proclama e afirma,
observando, ainda, a interlocuo mais imediata e evidente que este mobilizou entre alguns
expoentes intelectuais ligados Igreja Catlica.
A pesquisa que estamos tomando como referncia para interveno que ora
apresentamos foi concluda h quase 10 anos atrs, mais precisamente em 1993, ano em
que ocorreu a defesa da dissertao de mestrado recentemente publicada em livro. 2 As
observaes que esta apresenta, assim como os aspectos que privilegia na construo de sua
anlise configuram uma iniciativa, dentre tantas outras, de esclarecer questes relevantes
acerca da montagem do sistema pblico de ensino no Brasil, da ao dos intelectuais e de
sua insero junto ao Estado Republicano que se consolidava.
A realizao de um Colquio sobre os 70 anos do Manifesto, bem como a
publicao dos estudos apresentados nesta oportunidade colocam em pauta no s a
interlocuo travada entre os agentes histricos de dcadas passadas, particularmente as
dcadas de 1920 e 1930, mas, sobretudo, permite que se realize o debate acadmico por
Trata-se do Colquio Nacional 70 Anos do Manifesto dos Pioneiros : um legado educacional em debate,
realizado em Belo Horizonte e Pedro Leopoldo, em agosto de 2002.
2
Ver: XAVIER, Libnia Nacif (2002). Para alm do campo educacional: um estudo sobre o Manifesto dos
Pioneiros da Escola Nova (1932). Bragana Paulista, EDUSF.
coerente se faz a atitude de permanente reavaliao dos marcos que apresentam-se como
expresso de tais mudanas.
Nesta seo, apresentaremos alguns pressupostos a partir dos quais o nosso estudo
foi desenvolvido. Em primeiro lugar, consideramos que o Manifesto um documento
histrico, mas tambm um texto literrio. Enquanto documento, ele pode ser tomado
como um veculo por meio do qual ns podemos reconstruir o contexto histrico no qual
ele foi gerado.
A reconstruo do contexto histrico no qual situa-se o Manifesto permite-nos
qualific-lo, tambm, como uma arma de combate, uma estratgia poltica por meio da qual
se buscou reafirmar a identidade do grupo que o assinava, fundamentado-a em torno dos
atributos relacionados competncia tcnica, e ao sentido de misso.3
Concebendo o Manifesto como um texto literrio, nossa anlise tambm privilegiar
a apreenso dos sentidos das metforas presentes no seu texto, buscando captar neste os
elementos simblicos que do fora e legitimidade s idias nele enunciadas;
Finalmente, cruzando os atributos que lhe conferem o status de
documento
histrico com as qualidades que fazem deste um texto literrio embebido em imagens e
smbolos, chegamos a perceber de que maneira
histrico, em uma espcie de
o Manifesto
Em estudo no qual aborda a gnese de uma intelligentsia no Brasil, Luciano Martins (1987), remete-se aos
acontecimentos da virada do sculo XIX para o XX, quando a abolio da escravatura e a proclamao da
Repblica exigem uma tomada de posio dos intelectuais brasileiros frente a misria do povo e
organizao do pas. Como observa o autor, a dificuldade de se acomodar ao real, frente aos problemas
advindos de sculos de escravido, somada ao sentimento de isolamento provocado pelo fato de viverem em
um pas de analfabetos, levar a que os intelectuais das dcadas de 1920 / 1930 se engajem na dupla tarefa de
interpretar a sociedade brasileira ( a partir de referenciais que no os de raa ou de meio tropical ) e, ao
mesmo tempo, estruturar um campo cultural no Brasil, alimentando a idia de reforma da sociedade por meio
da reforma do ensino.
nos perodos posteriores ao ano de sua publicao, como estamos vendo na presente
ocasio.
Tendo sido lanado em 1932, o Manifesto encontra-se impregnado pelo debate
intelectual da poca. Uma poca de grande expectativa de renovao, de esperana por
parte da elite intelectual de interferir na organizao da sociedade por ocasio do rearranjo
poltico decorrente da Revoluo de 30.
Assinado por 26 intelectuais,4 o Manifesto deu origem a esse personagem coletivo:
os Pioneiros da Educao Nova. No entanto, como assinalou Jamil Cury (1984), os
pioneiros no constituam um grupo homogneo e a adeso ao Manifesto registra um
momento de compromisso no qual intelectuais de diferentes posies ideolgicas selaram
uma aliana em torno de alguns princpios gerais que confluam para a modernizao da
educao e da sociedade brasileiras.
Mas, talvez, o aspecto mais importante a destacar seja o fato do Manifesto ter sido
criado para se erigir em monumento de nossa memria educacional, e como tal parece ter
sido aceito. Funcionando como estratgia de legitimao do grupo de educadores mais
afeitos ao projeto de modernizao da sociedade brasileira, o Manifesto surge carregado de
um verdadeiro arsenal simblico que atua no imaginrio social, construindo uma memria
educacional que tem no prprio Manifesto o marco da renovao educacional no Brasil.
Alm disso, atribui aos pioneiros o papel herico de salvar a nao pela organizao
da cultura. Essa fora simblica foi conferida ao Manifesto, tanto por seu redator, Fernando
de Azevedo, que considerou o projeto proposto no documento como a nica via de salvao
nacional, quanto pela reao catlica que o tomou como prova de um crime contra a
nacionalidade. As citaes abaixo so exemplares dos dois sentido emblemticos atribudos
ao Manifesto:
O primeiro aspecto do processo por meio do qual o campo educacional foi tomando
um novo contorno est relacionado reorganizao do Estado brasileiro aps a Revoluo
de 1930, quando se d a definio de uma rea especfica de poltica pblica setorial, com a
criao do Ministrio da Educao e Sade, em 1931, e de um conjunto de medidas
governamentais, como a valorizao pblica dos congressos da ABE e o incentivo s
reformas educacionais implantadas pelo Governo Vargas.
O segundo aspecto corresponde redefinio de posies adquiridas no interior da
ABE em funo do acirramento das disputas entre educadores filiados a diferentes
concepes ideolgicas e agrupados em dois grandes blocos opostos: o bloco dos
conservadores no qual predominavam os catlicos e o bloco dos renovadores que reunia
educadores de perfil liberal.
A luta pela hegemonia no interior da ABE teve o seu ponto culminante na IV
Conferncia Nacional de Educao, e seu resultado mais imediato foi a publicao do
Manifesto dos Pioneiros da Educao Nova. Este Manifesto expressa , ao nosso ver, um
momento significativo do processo de especializao e autonomizao do campo
educacional.
Interligando os dois aspectos anteriormente mencionados,
delineava-se uma
aproximao cada vez mais estreita entre os intelectuais envolvidos com a questo
educacional e o Estado. O prprio Manifesto resultou de uma solicitao do Governo aos
educadores reunidos na IV Conferncia Nacional de Educao para que eles fornecessem
as bases da poltica educacional da Revoluo de 30.
A anlise documental relativa IV Conferncia Nacional de Educao demonstra
que, em 1931, as fronteiras entre a ABE e o Governo Federal eram de difcil demarcao.
As cartas que partiam do prprio Ministro Francisco Campos , dirigidas aos Interventores
dos estados, referiam-se IV Conferencia como evento convocado pela ABE, sob os
auspcios do Governo. Tambm em comunicados da comisso organizadora distribudos
aos jornais em 4.12.31, fala-se da IV Conferncia como evento que o governo resolvera
patrocinar.
Em discurso proferido na sesso inaugural, o Ministro Francisco Campos reafirmou
a primazia da Educao vista como o problema capital da verdadeira democracia e fator
de progresso. Mais direto em seu discurso, o Presidente Getlio Vargas solicitou aos
educao nacional sob a promessa de obterem todo o amparo da administrao sob sua
chefia.
Sem entrar no mrito das reais intenes do Governo, o fato que este no
conseguiu extrair da IV Conferncia o apoio necessrio para a legitimao de sua poltica
educacional. O recuo da ABE perante solicitao do Governo deveu-se, em grande parte ,
ao impasse gerado pela interveno de Nbrega da Cunha, futuro signatrio do Manifesto e
principal articulador de sua gnese.
O relato de Nbrega da Cunha sobre sua atuao na IV Conferncia Nacional de
Educao revela a habilidade com que ele se aproveitou dos dois discursos inaugurais
proferidos, pelo chefe do Governo Provisrio, Getlio Vargas e pelo Ministro da Educao
e Sade, Francisco Campos . Ele vai destacando as incongruncias dos discursos dos dois
lderes polticos a fim de consolidar o argumento de que seria impossvel definir as linhas
fundamentais da poltica educacional do Governo em uma Conferncia que reunia
educadores de todo o pas com o objetivo de trocar experincias e discutir teses sobre as
grandes diretrizes da educao popular, sobretudo porque este tema estava sendo
entendido no seu sentido restrito, ou seja como uma das fases da obra educacional - a
educao primria.
Em funo disso, Nbrega da Cunha colocava em dvida a capacidade dos
participantes da IV Conferncia de cumprir a contento uma solicitao de tal envergadura,
conferida apenas no momento de abertura dos trabalhos . Por outro lado, procurava afirmar
a autonomia da ABE (especialmente dos organizadores da IV Conferncia) frente ao poder
poltico.
A atuao de Nbrega da Cunha funcionou como uma estratgia que visava garantir
ao grupo de educadores afinados com a renovao educacional o monoplio da
interlocuo com o Governo, deslocando para aquele grupo em separado, a incumbncia de
dar resposta solicitao que havia sido dirigida a todos os educadores reunidos na IV
Conferncia Nacional de Educao.
Utilizando como ltimo recurso um requerimento encaminhado mesa e
Assemblia da IV CNE, Nbrega da Cunha conseguiu obter de seu Presidente, Fernando
renovao educacional. Sob tal bandeira, empunhada pelo Manifesto, que foi possvel
reunir aqueles 26 expoentes da intelectualidade brasileira da poca, conforme Fernando de
Azevedo qualificou os pioneiros. Eram intelectuais de formaes diversas mdicos,
advogados, jornalistas, professores - provenientes de diversos estados do pas,
especialmente do Rio de Janeiro, So Paulo, Bahia e Minas Gerais.
Entretanto, a aceitao do Manifesto no meio intelectual no foi unnime. Enquanto
Monteiro Lobato refutava o que talvez lhe parecesse um pseudovanguardismo retratado no
texto rebuscado de Fernando de Azevedo5, Carneiro Leo, responsvel pela Reforma da
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Instruo Pblica do Distrito Federal que antecedeu a de Fernando de Azevedo, recusava se a assin-lo.6 Por outro lado, Armanda Alvaro Alberto e Edgar Sussekind de Mendona,
mesmo com possveis restries ao papel centralizador que o Manifesto imprimia ao
Estado, assinaram o documento, provavelmente por que priorizaram, naquele momento, a
causa genrica da renovao educacional.7 A adeso ao Manifesto podia significar, ainda, a
possibilidade de ser visto como membro de um grupo de reconhecida competncia nos
assuntos da administrao da Instruo Pblica e, de forma mais ampla, no campo
intelectual.
Vrios signatrios tinham participao ativa em associaes de educadores
profissionais de diferentes nveis. Todos foram, em certa medida, intelectuais que
alcanaram alguma importncia no campo cultural. Muitos deles pertenciam a associaes
cientfico-acadmicas nacionais e internacionais. Quase todos j haviam publicado livros
sobre temas variados e principalmente sobre temas educacionais.8
As cartas enviadas por Fernando de Azevedo a Ansio Teixeira demonstram a preocupao do primeiro em
obter as assinaturas de Carneiro Leo e Afrnio Peixoto. Contudo, apenas Afrnio Peixoto figura como
signatrio do Manifesto. Cf: Cartas de Fernando de Azevedo a Ansio Teixeira ( SP,14/03/1932 e 12/03/1932;
Arquivo AT, CPDOC/FGV).
7
Em 1921, Edgar Sssekind de Mendona e Armanda lvaro Alberto fundaram a Escola Regional de Meriti,
cujo funcionamento tinha como base a experimentao e o regionalismo. Cf: Mignot, 2002.
8
Em 1932, Loureno Filho era membro da Academia Paulista de Letras; Afrnio Peixoto era membro da
Academia Brasileira de Letras, da Academia Brasileira de Cincias, da Academia de Medicina e do Instituto
Histrico e Geogrfico do Rio de Janeiro; Delgado de Carvalho era membro da Sociedade de Geografia do
Rio de Janeiro e da Academia Brasileira de Cincias; Noemy da Silveira atuava como colaboradora em
jornais e revistas tcnicas nacionais e estrangeiras.
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outras. Nesse sentido, o Manifesto teria introduzido um novo temrio ao debate educacional
a partir da defesa da escola pblica, obrigatria, gratuita e leiga, e da coeducao.
Sua proposta era a reconstruo educacional e seu objetivo a constituio de uma
escola democrtica que funcionasse como centro irradiador de uma nova forma de
organizar a sociedade. Ao delimitar um campo de atuao especfica a escola pblica
reivindicado pelo grupo que ento se lanava , o Manifesto procurava legitimar nomes e
propostas. Ao apresentar um grupo solidrio com um projeto de mudana, o Manifesto
procurava, ao mesmo tempo, valorizar as credenciais daquele grupo.
Retrocedendo ao ms de maro do ano de 1932, encontramos uma variedade de
jornais de diferentes estados que publicaram, parcialmente ou na ntegra, o texto deste
Manifesto Educacional. Alguns traziam comentrios favorveis, outros o criticavam,
outros, ainda, o aprovavam com ressalvas.
A repercusso negativa talvez tenha sido a mais intensa. Intelectuais ligados
hierarquia catlica desferiam violentos ataques que iam desde a condenao das idias
defendidas no documento at o ataque pessoal aos lderes do grupo, especialmente a
Fernando de Azevedo e a Ansio Teixeira. Tais crticas encontram-se reunidas na revista
catlica A Ordem, do Centro Dom Vital.9
Negativa ou positiva, a verdade que o Manifesto obteve ampla repercusso na
imprensa. Uma anlise dos comentrios publicados por intelectuais da poca nos revela os
diferentes significados atribudos ao Manifesto de acordo com o leitor e o tipo de leitura
que dele fosse feita.
Um bom exemplo pode ser extrado de uma manifestao de apoio escrita por
Azevedo Amaral, Em artigo d'O Jornal do Rio de Janeiro (27/03/32). Neste, Azevedo
Amaral apontava como nica restrio ao Manifesto o fato deste ser transigente demais
para com o esprito tradicionalista e os preconceitos do ambiente. Menotti Del Picchia,
indo mais longe, chegava a propor uma ditadura pedaggica til para garantir a aplicao
daquele programa no Brasil em funo da vastido territorial e da ignorncia do povo.
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pedaggica
fenmeno social. Na falta de uma moral espiritual, denunciava, ainda, a idolatria da cincia,
tomada pelos pioneiros, segundo alguns de seus crticos catlicos, como o fundamento da
vida, como valor absoluto colocado no lugar de Deus .
Nesse sentido, os catlicos criticavam o que eles interpretavam como desprezo pela
tradio catlica do povo brasileiro, manifestado no s pela defesa da laicidade mas
tambm pelo transplante de teorias de pases estrangeiros. Por essa via, os pioneiros eram
tachados de desnacionalizadores
Alceu
Amoroso Lima previa como desfecho do projeto dos pioneiros, caso este vingasse, a
remoo das ltimas liberdades de ensino particular ou confessional e a hipertrofia do
Estado, transformado no poderoso Leviat.
Nas entrelinhas da crtica dos catlicos, podemos ver a reao contra a investida
dos pioneiros que, atravs do Manifesto, esperavam desencadear uma campanha
de
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apresenta um
conjunto de medidas prticas atravs das quais pretendia-se fundar um novo sistema
educacional nico, de base cientfica e sob a responsabilidade do Estado. O plano de
reconstruo educacional previa ainda a laicizaao do ensino e a co-educao introduzindo
dessa forma, valores realmente inditos em nossa estrutura educacional.
Informado por uma concepo iluminista da Histria, tratada enquanto expresso
de um processo linear e marcada pela noo de progresso, o texto do Manifesto traa uma
linha evolutiva que aponta o momento
modernizao do pas. O fim ltimo portanto, fundar uma sociedade civilizada desenvolvida econmica e materialmente, unificada em torno da conscincia de sua
prpria nacionalidade . Neste caso, a interveno racional nos problemas do presente,
projeta-se para o futuro considerado como meta final da ao proposta.
No Manifesto, a idia de progresso envolve a noo de mudana, de evoluo do
movimento social provocada por sucessivas e inevitveis transformaes econmicas,
polticas e culturais. De acordo com o Manifesto, estas transformaes poderiam ter efeito
negativo ou positivo em funo da capacidade dos homens de ao em canaliz-las no
sentido da melhoria constante e ininterrupta das condio de vida, direncionando-as rumo
ao progresso. Por essa via, chega-se concluso de que, no caso brasileiro, o progresso fica
condicionado aplicao prtica do programa de reforma educacional proposto no
Manifesto.
Contrapondo-se ao
individualismo dispersivo,
da escola nova na
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portanto, capaz
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escola do passado se prope a orientar todas as idias e iniciativas esparsas que, segundo a
viso de seu redator, at aquele momento apontavam para uma nova direo.
Dessa forma, o Manifesto situado como o ncleo a partir do qual sero datados
todos os demais acontecimentos considerados dignos de significado para a histria da
educao brasileira. Em funo disso, a cronologia estabelecida se refere a um tempo que
est sempre relacionado a esse acontecimento central
Pretendia-se assim, transformar o Manifesto em lugar de memria da educao
republicana. Da o empenho em reinterpretar o passado, diagnosticar o presente e projetar o
futuro, procurando valorizar o programa de reforma ali apresentado. Buscava-se promover
a reconstruo educacional do Brasil a fim de garantir-lhe um lugar na modernidade do
sculo XX.
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Em estudo clssico, Barrington Moore Jr. (1975:499) refere-se revoluo vinda de cima como sendo
uma segunda rota principal para o mundo da indstria moderna, exemplificada pelos processos
caractersticos da Alemanha e Japo, onde o desenvolvimento capitalista teria ocorrido sem a presena de
qualquer movimento revolucionrio. Ainda segundo o autor, os tipos especficos de transformao capitalista
ali verificados no lograram firmar as formas democrticas conquistadas nos pases cujo processo de
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