Max Luxado - O Aplauso Do Céu
Max Luxado - O Aplauso Do Céu
Max Luxado - O Aplauso Do Céu
O APLAUSO DO CU
UNITED PRESS
2009
A Stanley Shipp, meu pai na f
Sumrio
Prefcio
Antes de comear
1.Jbilo sagrado
Bem-aventurados...
2.Seu chamado
Vendo as multides, subiu ao monte; e, tendo Ele
se assentado...
3.O pobre enriquecido
Bem-aventurados os humildes de esprito...
4.O reino do absurdo
...porque deles o reino dos cus.
5.A priso do orgulho
Bem-aventurados os que choram...
6.Toques de ternura
...porque eles sero consolados.
Prefcio
Antes de Comear
UM
Jbilo Sagrado
ELA
TEM TODOS
RANCOROSA.
OS
MOTIVOS
DO
MUNDO
PARA
SER
muscular
e
a
mobilidade
se
deterioram
gradualmente,
deixando
apenas
a
mente
funcionando. E a f.
E foi a juno da f e da mente saudvel de Glyn
que me levaram a compreender que eu estava
fazendo mais do que os preparativos de um
funeral. Eu contemplava as jias sagradas que
aquela mulher havia garimpado da mina do
desespero.
- Podemos usar qualquer tragdia como pedra de
tropeo ou como degrau para atingir um objetivo...
- dizia Glyn.
- Espero que isso no torne minha famlia
amargurada. Quero ser um exemplo ao mostrar
que Deus quer que sejamos fiis tanto nos bons
momentos quanto na adversidade. Se no
confiarmos nele em tempos difceis, no
confiaremos jamais.
Don segurou as mos dela e limpou-lhe as
lgrimas. Depois, enxugou suas prprias lgrimas.
- Quem so esses dois? - perguntei a mim mesmo
ao ver Don tocar o rosto de Glyn com um leno de
papel. - Quem so esses que, na margem do rio da
vida, podem olhar para o outro lado com tanta f?
O momento era doce e solene. Falei pouco.
Ningum ousado na presena do sagrado.
- Eu tenho tudo de que preciso para ser alegre disse Robert Reed.
"Que maravilha!", pensei.
Suas mos so deformadas e seus ps, inteis. Ele
no consegue tomar banho nem se alimentar
sozinho. No d para escovar os dentes, pentear
DOIS
Seu Chamado
SE
ESTE
CAPTULO,
refeies
semiprontas
e
processadores
de
alimentos facilitaro enormemente o trabalho
domstico, deixando tempo de sobra. E no
escritrio? Lembra-se daquele velho mimegrafo?
Pois , ser substitudo por uma copiadora. E os
arquivos? Os computadores sero os arquivos do
futuro. E a mquina de escrever eltrica? No se
apegue muito a ela; um computador a substituir
tambm.
E agora, anos depois, vemos tudo o que o relatrio
prometeu
realizado.
Os
computadores,
as
impressoras e o fax. Mesmo assim, os relgios
continuam seu tique-taque frentico e as pessoas
correm como nunca. A verdade que a mdia do
tempo de lazer diminuiu 37% desde 1973. A mdia
da semana de trabalho aumentou de 41 para 47
horas e, para muitas pessoas, 47 horas
representariam uma semana calma.
Por que no se cumpriu a previso? O que a
comisso do Senado deixou de levar em conta? Ela
no avaliou adequadamente o apetite do
consumidor. Assim como o individualismo da
dcada de 1960 levou ao materialismo da dcada
de 1980, o tempo que ganhamos com a tecnologia
no nos levou ao lazer; ele nos fez correr mais!
Modernos equipamentos produziram mais tempo;
mais tempo significa maior potencial econmico;
maior potencial econmico significa a necessidade
de mais tempo; e assim se estabeleceu um crculo
vicioso. A vida falava mais alto medida que as
demandas se tornavam maiores. E, medida que
as demandas se tornaram maiores, a vida se
tornava mais vazia...
TRS
O Pobre Enriquecido
PODERAMOS COMEAR COM A RISADA DE SARA, A MULHER
DE ABRAO. A face enrugada, escondida pelas mos
esquelticas. Os pulmes ofegantes. Ela sabia que
no podia rir: no correto rir daquilo que Deus
diz. Mas, enquanto recobra a respirao e enxuga
as lgrimas, reflete de novo sobre a situao, e
uma onda de alegria a domina.
Poderamos comear com Pedro. Ele traz
estampado no rosto o espanto. Seus olhos esto do
tamanho de um pires... Ele se esquece dos peixes
amontoados a seus ps e da gua que chega
borda do barco. Pedro fica mudo e absorto em um
s pensamento, por demais absurdo para ser
verbalizado.
Poderamos comear com o repouso de Paulo. Ele
havia lutado durante trs dias; agora descansa.
Sentado no cho, num canto do quarto, seu rosto
est desfigurado. O estmago est vazio. Os
lbios, ressequidos. Bolsas pendem debaixo de
seus olhos cegos. Mas h um leve sorriso nos seus
QUATRO
O Reino do Absurdo
O REINO
DOS CUS.
DO MARAVILHOSO!
SEUS
CINCO
A Priso do Orgulho
COMPARADA
SEIS
Toques de Ternura
SER PAI MELHOR DO QUE TER UM CURSO DE TEOLOGIA.
Ontem, dois garotos de dez anos avanaram
contra minha filha de cinco anos, quando saltava
conversa. Ela me explicou que, por volta da meianoite, havia faltado energia e que Andrea devia ter
acordado naquela hora em meio escurido. No
havia luz no abajur da cabeceira de sua cama. No
havia luz no corredor. Ela havia aberto os olhos e
no vira nada. Somente escurido.
Mesmo os coraes mais empedernidos seriam
tocados pela idia de uma criana acordar no
escuro e no poder encontrar a sada de seu
quarto.
Pulei da cama, peguei Andrea nos braos, apanhei
uma lanterna e a levei para sua cama. Ao mesmo
tempo, disse-lhe que papai e mame estavam ali e
que no precisava ter medo. Eu a coloquei na
cama e lhe dei um beijo.
E isso foi o suficiente para Andrea.
O sentimento de minha filha ferido. Eu lhe digo
que ela especial.
Minha filha magoada. Eu fao de tudo para ela se
sentir melhor.
Minha filha est com medo. No vou dormir at
que ela se sinta segura.
No sou nenhum heri. No sou um super-homem.
No sou diferente de ningum. Sou pai. Quando
uma criana se fere, o pai faz o que natural. Ele
ajuda.
E, depois que ajudo, no cobro pelos servios
prestados.
No peo um favor sequer como recompensa.
Quando minha filha chora, no lhe digo para calar
a boca, ser forte e manter os lbios cerrados.
Tambm no questiono sobre a lista de coisas que
SETE
A Glria do Comum
H
ELE
VEIO
- Eta!
Jesus cuspiu no cho, mexeu com o dedo a terra
molhada, e, assim que se formou uma espcie de
lodo, Ele o aplicou sobre os olhos do cego.
O mesmo que transformou uma vara num cetro e
um seixo num mssil, agora torna saliva e lama
num blsamo para o cego.
Mais uma vez, o comum torna-se sublime. Mais
uma vez, o inspido torna-se divino, e o prosaico,
sagrado. Mais uma vez, o poder de Deus visto
no por meio da habilidade do instrumento, mas
por meio de sua disponibilidade.
- "Bem-aventurados os mansos" - Jesus explica.
Bem-aventurados os disponveis. Bem-aventurados
os
canais,
os
tneis,
os
instrumentos.
Fantasticamente felizes so aqueles que acreditam
que, se Deus pode usar varas, pedras e saliva para
cumprir sua vontade, ento Ele pode tambm nos
usar para o cumprimento de seus propsitos.
muito proveitoso aprender a lio da vara, das
pedras e da saliva. No reclamaram. No
questionaram a sabedoria de Deus. No sugeriram
um plano alternativo. Talvez uma das razes por
que o Pai usou tantos objetos inanimados para o
cumprimento de seus propsitos que eles no lhe
dizem como realizar seu trabalho!
como a histria do barbeiro que se tornou artista.
Quando lhe perguntaram por que mudou de
profisso, ele respondeu:
- Uma tela no me diz como torn-la bonita.
O manso tambm no.
por isso que foi anunciado primeiramente aos
pastores. Eles no perguntaram a Deus se Ele
OITO
O Ladro da Alegria
ELE
NOVE
A Sede Satisfeita
- MAME, ESTOU COM MUITA SEDE. QUERO GUA!
Susanna Petroysan ouviu o pedido da filha, mas
no podia fazer nada. Ela e sua filha de quatro
anos, Gayaney, encontravam-se debaixo de
toneladas de ao e concreto. Ao seu lado, no
escuro, estava o corpo de sua nora, Karine, uma
das 55 mil vtimas do pior terremoto da histria da
Armnia.
A calamidade nunca bate antes de entrar, e desta
vez ela derrubou a porta.
Susanna tinha ido casa de Karine provar um
vestido. Era 7 de dezembro de 1988, llh30 da
manh. O tremor de terra ocorreu s llh41. Ela
havia tirado o vestido e estava apenas de meias e
angua, quando o quinto andar do edifcio comeou a tremer. Susanna agarrou sua filha e ensaiou
dar alguns passos, quando o piso se abriu e elas
afundaram. Susanna, Gayaney e Karine caram no
subsolo do prdio de nove andares, cercadas de
escombros.
- Mame, eu estou com muita sede. Por favor, me
d alguma coisa para beber!
No havia nada que Susanna pudesse fazer.
Ela estava deitada debaixo dos escombros. Uma
viga de concreto sobre sua cabea e um cano
DEZ
RECENTEMENTE,
ONZE
VINTE
E QUATRO DE MARO DE
COSTA DO ALASCA.
1989. UMA
NOITE FRIA NA
to
irracional.
Eles
so
dependentes de sua amargura. No querem abrir
mo de sua ira, porque isso significaria a perda do
seu motivo de viver.
Retire o fanatismo do racista e veja o que lhe
restar. Retire a vingana do corao do zelote e
sua vida ficar vazia. Retire os preconceitos do
machista ou da feminista, o que restar?
DOZE
O ESTADO DO CORAO
TREZE
Lindo Palcio, mas Nenhum Rei
AS
QUATORZE
Sementes de Paz
QUER VER UM MILAGRE? TENTE ESTE.
Pegue uma semente menor do que um gro de
arroz. Coloque a semente debaixo de alguns
centmetros de terra. D-lhe gua, luz e
fertilizante. E prepare-se. Uma montanha ser
removida. No importa se o cho bilhes de
vezes mais pesado do que a semente. A semente o
romper.
A cada primavera, sonhadores em todo o mundo
plantam
pequeninas
esperanas
em
solo
improdutivo. A cada primavera, suas esperanas
surgem em condies desfavorveis e brotam.
No devemos subestimar o poder de uma
semente.
At onde sei, Tiago, o autor da Epstola, no era
agricultor. Mas ele conhecia o poder de uma
semente plantada em solo frtil.
"Ora o fruto da justia semeia-se em paz para
aqueles que promovem a paz."
O princpio da paz igual ao das colheitas: nunca
se deve subestimar o poder de uma semente.
A histria de Heinz um bom exemplo. Europa,
1934. A praga do anti-semitismo de Hitler
infestava o continente. Alguns escapariam dele.
Outros morreriam em conseqncia dele. Mas
Heinz, um garoto de 11 anos, aprenderia com ele.
Ele aprenderia o poder de semear sementes de
paz.
Heinz era judeu.
em um supermercado. Sentei-me em um
banquinho e fiquei olhando para a parede.
Estou contando algo que voc conhece, mas de
que talvez tenha se esquecido? Certamente
algum no mundo j se sentiu como eu naquele
consultrio. Os puxes e empurres dirios do
mundo tm um jeito especial de nos fatigar.
Algum na sua galeria de pessoas est sentado no
banco frio de alumnio da insegurana, agarrandose bata de um hospital com medo de expor o que
ainda lhe resta de orgulho pessoal. Essa pessoa
precisa desesperadamente de uma palavra de paz.
Algum precisa que voc faa por ele o que o
doutor Jim fez por mim.
Jim um mdico do interior que se mudou para a
capital. Ele ainda se lembra dos nomes e guarda
em seu consultrio retratos dos bebs cujos partos
realizou. E, apesar de ocupadssimo, ele faz com
que voc se sinta como se fosse seu nico
paciente.
Depois de uma ligeira conversa e de algumas
perguntas sobre meu histrico mdico, ele deixou
de lado minha ficha e disse:
- Permita-me deixar o papel de mdico por alguns
instantes e falar com voc como amigo.
A conversa durou, talvez, cinco minutos. Ele
perguntou sobre minha famlia. Perguntou sobre o
volume de meu trabalho. Perguntou sobre meu
estresse. Ele me disse que achava que eu estava
fazendo um bom trabalho na igreja e que gostava
de ler meus livros.
Nada de misterioso, nada de profundo. Ele no foi
alm do que permiti. Mas tive a impresso de que
QUINZE
O PAU-DE-SEBO DO PODER
DEZESSEIS
O CALABOUO DA DVIDA
ELE
DEZESSETE
O Reino pelo Qual Vale a Pena Morrer
"IDE E ANUNCIAI A
os CEGOS vem,
purificados, os
ressuscitados, e
evangelho."
DEZOITO
O Aplauso do Cu
Estou quase em casa. Depois de cinco dias, quatro
camas de hotel, 11 restaurantes e 22 xcaras de
caf, estou quase em casa. Depois de oito
poltronas de avio, cinco aeroportos, dois atrasos,
um livro e 513 pacotes de amendoim, estou quase
em casa.
O avio ressoa. Uma criana chora no banco de
trs. Homens de negcios conversam ao meu
redor. Um sopro de ar frio me atinge, mas o que
importa o que est diante de mim: o lar.
O lar. Foi meu primeiro pensamento quando
acordei hoje pela manh. Foi meu primeiro
pensamento quando desci da ltima plataforma.
Foi meu primeiro pensamento quando me despedi
do meu ltimo hospedeiro no ltimo aeroporto.
No existe porta igual de sua casa. No h
melhor lugar para se colocar o p do que debaixo
de sua prpria mesa. No h melhor caf do que o
de seu bule. No h melhor refeio do que a de
sua prpria mesa. E no h melhor abrao do que
o de sua prpria famlia.
O lar. A parte mais longa de quando se vai para
casa a ltima: o avio taxiando para o fim da
pista. Eu sempre sou o cara a quem a comissria
de bordo manda sentar. Sou o cara com uma das
mos na maleta e outra no cinto de segurana.
Aprendi que h um segundo crtico em que posso
ficar no corredor da primeira classe antes que as