A Historia Da Mulher Na Escola Brasileira
A Historia Da Mulher Na Escola Brasileira
A Historia Da Mulher Na Escola Brasileira
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Sabemos que desde a chegada dos colonizadores o ensino concentrou-se nas mos da
Igreja, especialmente dos jesutas, mas igualmente outros religiosos como os franciscanos
tambm vieram ao pas. Este ensino ministrado pelas ordens religiosas nas misses e nos colgios
fundados por elas destinava-se fundamentalmente catequese e formao das elites no Brasil.
Desde a primeira escola de ler e escrever, erguida incipientemente l pelos idos de 1549, pelos
primeiros jesutas aqui aportados, a inteno da formao cultural da elite branca e masculina foi
ntida na obra jesutica. As mulheres logo ficaram exclusas do sistema escolar estabelecido na
colnia. Podiam, quando muito, educar-se na catequese. Estavam destinadas ao lar: casamento e
trabalhos domsticos, cantos e oraes, controle de pais e maridos.
Curiosamente, esta discriminao foi percebida pelos ndios brasileiros, que a achando
injusta, foram solicitar ao Pe. Manoel da Nbrega a entrada tambm das suas filhas na escola de
ler e escrever, fato que fez o jesuta enviar uma carta Rainha de Portugal solicitando a
permisso necessria para o ensino das moas. Alegavam que, se a presena e a assiduidade
feminina era maior nos cursos de catecismo, porque tambm elas no podiam aprender a ler e
escrever? (Ribeiro, 2000, p.80). Talvez tenham sido os ndios os primeiros defensores dos
direitos das mulheres em nossas terras...
Contudo, Dona Catarina, Rainha de Portugal, negou o pedido devido s conseqncias
nefastas que o acesso das mulheres indgenas cultura da poca pudesse representar.
Concluindo, a autora destes dados escreve:
No sculo XVI, na prpria metrpole no havia escolas para meninas. Educava-se
em casa. As portuguesas eram, na sua maioria, analfabetas. Mesmo as mulheres que
viviam na Corte possuam pouca leitura, destinada apenas ao livro de rezas. Por que
ento oferecer educao para mulheres selvagens, em uma colnia to distante e que s
existia para o lucro portugus? (Ribeiro, 2000, p.81).
Assim, no perodo colonial, as mulheres tiveram acesso restrito ou nulo escolarizao,
podendo em alguns casos estudar em casa, com preceptores, ou em alguns conventos visando a
vida religiosa.
enclausuramento das mulheres foi utilizada, durante todo o perodo colonial, como dispositivo
da dominao masculina sobre as mulheres (1993, p.61). Se a mulher era destinada ao
casamento e ao lar, o que fazer com as que no se casavam? Segundo dados de MARCILIO, que
estudou a populao da cidade de So Paulo entre 1750 e 1850, a proporo de mulheres
solteiras , sobretudo at os quarenta anos, muito mais elevada que os homens solteiros
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(Marclio apud Algranti, 2000, p.82). A preocupao com a honra, que na concepo da poca
dependia da castidade feminina tanto para a mulher como para o homem que a guardava, fez
dos conventos e casas de recolhimento femininas uma prtica para as mulheres desamparadas ou
solteiras.
Portanto, algumas destas instituies foram fundadas no Brasil, mas nem sempre as
mulheres que ali estudaram seguiram a carreira religiosa. A autora, em seus estudos, aponta para
cinco casas deste tipo instaladas a partir de 1720: Recolhimento de Santa Tereza (1730, So
Paulo), Recolhimento da Luz (1774, So Paulo), Convento de Santa Tereza (1742, Rio de
Janeiro), Convento da Ajuda (1750, Rio de Janeiro) e Recolhimento das Macabas (1720, Minas
Gerais). Existiram mais algumas destas casas em outras provncias. As educandas aprendiam,
alm das normas religiosas, a ler, escrever e noes de matemtica. Permitia-se contar com
servios de escravas, ainda que no se possa avaliar a proporo entre estas e as reclusas, isto
indicava a existncia de diferenas de classe no interior dos conventos. De qualquer forma,
considera a autora que a funo primordial das mulheres da Colnia era serem boas mes e
esposas, sendo estes estabelecimentos religiosos a nica forma institucional de educao
permitida ao sexo feminino mesmo que a instruo no fosse algo pelo qual se batiam, nem
parece ter sido uma preocupao das mulheres da elite (Algranti, 2000, p.252). Podemos
considerar, com estas informaes, que a escolarizao no foi percebida como um instrumento
de insero feminina em uma atividade pblica, j que a sociedade na poca concebia a mulher
para o casamento, ou para a vida religiosa, ou para o trabalho domstico e escravo, prticas que
precisavam de pouca ou nenhuma educao escolar.
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de ensinar a ler e escrever: uma para os meninos e outra para as meninas. Originalmente esta lei
era restrita ao Norte do pas, entretanto, em 1758, pelo alvar de 17 de agosto estas normas foram
estendidas a todo territrio brasileiro. Em 1772, a administrao pombalina empreendeu a
reforma dos Estudos Menores, criando a Diretoria Geral de Estudos, subordinada ao rei,
proibindo o ensino particular sem permisso desta Diretoria, controlando o contedo do ensino e
os livros didticos, atravs da Real Mesa Censria, e criando as famosas aulas rgias, pagas pelo
subsdio literrio - imposto tambm criado nesta reforma - especialmente destinado ao pagamento
do magistrio. Surgia a figura do professor / professora pblico(a).
Teriam funcionado no Brasil estas medidas legais? Sabemos que o subsdio literrio foi
cobrado em diversas capitanias e provncias e temos indicaes de algumas escolas que
funcionavam no sculo XIX tendo como data da fundao desde a poca dos jesutas, ou seja,
no cessaram de funcionar mesmo com a expulso destes (Almeida, 1989, p.66 e seg).
MENEZES nos informa que em Caucia (Cear) uma escola foi aberta, em 9 de junho de 1759,
com 142 alunos de ambos os sexos e outra em Paiacus com 29 meninos e 34 meninas (1944,
p.355). Entretanto, no devemos nos iludir, esta reforma no representou um ensino extensivo a
toda populao, muito menos s mulheres, podemos apenas inferir que algumas tentativas
pontuais ocorreram ocasionalmente, com sucesso.
Alm da escola pblica, h indcios igualmente de particulares ensinando em suas casas
os mais diversos cursos destinados clientela feminina, de todo o tipo como: costura, bordados,
flores, rendas, bolos, enfeites etc... (Silva, 1974) E DIAS apresenta em seu livro a gravura de uma
escola de ensinar escravas a fazer rendas (1995, p.139).
Com a chegada da Corte ao Brasil, em 1808, o maior interesse do governo recm
instalado no Rio de Janeiro, em relao ao ensino, foi com a formao de quadros para a
administrao e o exrcito. Na esteira da forada urbanizao da Capital, abriram-se inmeros
cursos de ensino superior, para homens, na Corte e em alguns outros lugares do pas. Para o
ensino elementar, o nmero de escolas de ler e escrever, pagas com o errio real foi aumentado
em todas as provncias, sem isto caracterizar escolarizao para a maior parte da populao. Eram
algumas dezenas de escolas abertas tanto para o sexo masculino, em sua maioria, como tambm
para o sexo feminino.
Com D. Joo VI veio tambm a preocupao com a formao dos mestres e seu mtodo
de ensino. Assim, importava-se da Europa um mtodo que estava fazendo sucesso no momento
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Mtodo Bell-Lancaster monitoral ou ensino mtuo. As primeiras notcias deste mtodo nos
chegaram com a Misso Francesa. Uma das medidas iniciais do governo brasileiro recm
independente foi abrir, atravs do decreto de 1 de maro de 1823, o que seria talvez a primeira
escola Normal do pas, com este mtodo, para instruo das corporaes militares e professores
que quisessem aprend-lo. Em 1825, o decreto de 22 de agosto o estendia s provncias do
Imprio. A formao do professor em nosso pas comeava exclusivamente direcionada aos
homens e totalmente ligada ao exrcito.
A nossa primeira legislao especfica sobre o ensino primrio, aps a independncia, foi
a lei de 15 de outubro de 1827, conhecida como Lei Geral, que padronizou as escolas de
primeiras letras no pas, contemplando a discriminao da mulher. Elas no aprendiam todas as
matrias ensinadas aos meninos, principalmente as consideradas mais racionais como a
geometria, e em compensao deveriam aprender as artes do lar, as prendas domsticas. Em
relao ao pagamento, foi previsto na lei igualdade para os mestres e as mestras, contudo, a
prpria legislao posterior abriu brechas para que na prtica as professoras ganhassem menos
que os homens. O artigo 6 do decreto de 27 de agosto de 1831 determinava que os salrios
previsto em lei somente fossem percebidos por aqueles professores habilitados nas matrias de
ensino indicadas na Lei Geral, por concurso. Os governos provinciais tinham a autorizao de
contratar candidatos no aprovados caso no houvesse nenhum aprovado, condio de pag-los
com salrios menores. Ora, no havendo escolas de formao para as meninas e no sendo
ministradas todas as matrias nas escolas de primeiras letras femininas, podemos entrever que as
moas eram possivelmente as candidatas contratadas ganhando menos.
Fato curioso, a este respeito, nos informa HILSDORF sobre a contratao da primeira
professora da provncia de So Paulo, Benedita da Trindade e Lado de Cristo. Passou no
concurso estipulado pela legislao vigente, foi verificado se vivia com honestidade e bom
comportamento pblico, recebeu a proviso rgia para assumir em 29 de abril de 1828, e, para
espanto de todos, no ensinava prendas domsticas s meninas em suas aulas. Foi interpelada
pelas autoridades, mas continuou at aposentar-se sem preparar as meninas para os afazeres
domsticos. Em 1829, chegou Cmara Municipal uma reclamao de outra professora porque
recebia 76$800 ris anuais para administrar e dar educao econmica e religiosa, ensinar a
ler, escrever, contar, crivos, bordados, fiar e coser, fazer flores e puss, ao passo que Benedita
recebia 300$000 ris anuais de ordenado para ensinar a ler, escrever, e tinha frias todos os
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dias santos e as 5as. feiras (1998, p.521 e 522). Benedita havia passado em concurso perante o
Presidente da provncia e por isso, recebia integralmente os vencimentos estipulados em lei,
apesar de no cumpri-la na ntegra; a outra professora recebia bem menos do que a metade.
Quantas outras candidatas teriam sido capazes de passar no concurso? Quantas seriam
contratadas recebendo metade ou menos durante a vigncia destas leis?
A Lei Geral tambm solicitava que as mulheres fossem de reconhecida honestidade
(como o caso de Benedita) e os homens sem nota de regularidade na sua conduta. Com a
descentralizao do ensino levada a termo pela lei n.16 de 12 de agosto de 1834, a lei de 1827,
serviria como modelo para as primeiras legislaes provinciais a respeito do ensino primrio.
Os governos provncias legislaram igualmente sobre a formao dos professores.
TANURI aponta que as primeiras escolas normais, a de Niteri, Bahia, So Paulo, Pernambuco,
entre outras - foram destinadas exclusivamente aos elementos do sexo masculino, simplesmente
excluindo as mulheres ou prevendo-se a futura criao de escolas normais femininas (2000,
p.66). No entanto, FREIRE afirma que a da Bahia foi criada em 1836, s comeou a funcionar
em 1843 e dizia admitir mulheres em um curso especial. De 1842 a 1847, teve oitenta e trs
alunos 68 homens e 15 mulheres (1989, p.48). Talvez esta tenha sido a primeira escola de
formao para o magistrio feminino do pas.
Houve tambm, alm dos conventos, colgios particulares, escolas normais e primrias,
outras experincias para a escolarizao feminina durante o Imprio, destinadas formao
profissional das mulheres, como os asilos. Por exemplo, em 1857, o governo da provncia do Rio
Grande do Sul fundava o Asilo de Santa Leopoldina, para meninas desvalidas: rfs e expostas
da Santa Casa, pobres que no tivessem pai, de 5 a 13 anos. A direo, a princpio foi confiada s
religiosas do Sagrado Corao de Jesus e posteriormente para um Conselho de cinco pessoas
entre as quais mulheres da alta sociedade. Elas ministravam a educao geral e o ensino para o
trabalho domstico apropriado mulher. (Bakos et al. 1991, p.129 e 133). Foi extinto em 1880,
mas antes disto, de acordo com a pesquisa feita pelos autores, saram de suas portas 22 mulheres
para o magistrio e 39 para o casamento.
As legislaes provinciais esto repletas de restries ao exerccio do magistrio por parte
das mulheres. Alm da boa conduta, normalmente atestada pelo proco, a professora deveria ter
uma certa idade, solicitar autorizao do pai, ou do marido se fosse casada, apresentar a certido
de bito se viva, e, se separada, justificar sua separao comprovando comportamento honrado.
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As meninas continuaram sentando-se separadas dos meninos, e na prtica escolar da poca, a
imaginao correu solta para mant-las afastadas dos garotos. Assim, as aulas funcionavam em
horrios diferentes para um e outro sexo, em dias alternados, em prdios separados, mesmo sendo
o mesmo curso, at em salas separadas por muros, ou construo feita com a ala masculina
independente da ala feminina... Mas, elas freqentavam aulas, eram professoras cada vez em
maior nmero.
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contava com dois representantes (um deles o diretor da Escola Normal do Rio de Janeiro
Menezes Vieira) discutiu-se qual a parte que convinha s mulheres no ensino, chegando-se a
concluso de que a aptido das moas para o ensino de crianas era incontestvel, possuam as
mesmas capacidades de ensinar que os homens, mas no eram habilitadas para outros tipos de
cargo como o de direo e inspeo de ensino (Congrs, 1889, p.103).
Apesar da construo socialmente feita deste imaginrio da profisso mulher
professorinha permanecia o lar a funo principal feminina. Em 11 de junho de 1882, foi
recriada a Escola Normal, no Piau, cujo currculo oferecia, ao lado de disciplinas como
Gramtica, Geografia, Pedagogia, Metodologia, etc... outras disciplinas como Costura,
Trabalho de Agulha, Corte de Roupa Branca e Bordados Brancos de L que bem demonstram o
tipo de formao para os mestres direcionada especificamente para as mulheres. O Colgio
Nossa Senhora das Dores, fundado tambm neste mesmo ano, recebia clientela masculina e
feminina, sendo que o diretor atendia os meninos entre 6 e 18 anos e sua filha, as meninas entre 6
e 12 anos (Ferro, 1996, p.71-73).
J em 1923, MONTEIRO escreveu sobre o Instituto Profissional Feminino fundado em
1897, no Distrito Federal, e fechado, poucos anos depois, para pena das pobres creaturas essas
meninas, por no lhes ter sorrido o destino, no tem direito de maiores ambies profissionaes,
do que a cozinha, engommado, costura e bordados (1923, p.169). No fez referncias que
outras profisses estas meninas estavam sendo preparadas quando a escola funcionava,
entretanto, com a inaugurao, em 1913, de duas outras escolas profissionais femininas (a Bento
Ribeiro e a Rivadvia Corra), contando com um corpo docente e administrativo com primorosas
capacidades femininas, reportou-se apenas ao curso de Artes Domsticas, curso de real valor,
pois que, prepara as jovens para a vida da famlia.
Em 1910 estavam institucionalizados em todo o pas os grupos escolares, com novidades
em termos de ensino, direo e superviso escolar, havendo se no superioridade, igualdade
numrica dos efetivos femininos nas escolas. Todavia, ao que parece, pelos relatos acima, os
costumes e as prticas cotidianas ainda amarravam as mulheres a velhos hbitos. FERRO chega
mesma concluso, neste perodo, as mulheres comeam a dominar o mercado de trabalho do
ensino elementar, enquanto o professorado masculino continua dominando o nvel secundrio,
mas mesmo para as primeiras dcadas do sculo XX:
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A exigncia do celibato para que as mulheres pudessem exercer a funo de
professoras do ensino pblico estava proposta no Estatuto da Instruo Pblica nos seus
artigos de 22 a 25, apresentada pelo diretor Ansio Brito. Segundo aquela proposta, as
professoras tinham que ser solteiras ou vivas e caso viessem a contrair matrimnio
perderiam imediatamente o cargo para o qual tinham sido nomeadas (1996, p.92-94).
Percebemos que o lugar social da mulher continuava sendo o matrimnio, sendo o
magistrio primrio visto como uma alternativa decente para as no casadas, ainda que sob a
tutela masculina. Algumas se deram conta da importncia da escolarizao como uma via de
autonomia para suas vidas. Ambrosina de Magalhes, por exemplo, foi a primeira mulher a
freqentar o curso de Medicina, em 1881, da Faculdade de Medicina no Rio de Janeiro. Em 1883,
este mesmo curso, acolhia quatro alunas, uma freqentava as aulas acompanhada pelo pai,
outra por uma velha dama, as restantes dispensavam proteo e todas eram interditadas a certas
aulas como anatomia e fisiologia (Freire, 1989, p.104). Portanto, muitas daquelas que entendiam
os estudos como uma possibilidade profissional, ainda incorporavam discriminaes sexuais.
Benevuta Ribeiro Carneiro Monteiro, diretora do Instituto Profissional Feminino, da Capital,
professando entre aquellas que luctam pelo progresso feminino, sem ser feminista, afirmava que
a cultura era a porta da independncia soaial, ainda to mal comprhendida. Todavia, ao
apresentar trabalho de sua autoria, num congresso feminino, iniciava com as seguintes palavras:
Recahindo na minha humilde pessoa a escolha do S.r. Director Geral de
Instrucao Pblica, para representar o Ensino Technico Proffissional Feminino da
Prefeitura do Districto Federal, neste Congresso, antecipo-vos as minhas desculpas pela
deficincia da palavra, sem pretenso(sic) outra, que no seja a de dar fiel cumprimento
ordem de S. Ex. (...) (Monteiro, 1923, p.158).
Ainda haveria um longo caminho a percorrer, no qual a mulher poderia se colocar como
uma profissional, sem estar sombra de um homem.
Consideraes Finais
Ressaltamos ento que no Brasil seguiu-se a tendncia do mundo ocidental, no sculo
XIX, da mulher entrar na escola como aluna e professora, tornando-se o magistrio uma profisso
feminina. Do ponto de vista conceitual, a mentalidade gerada pela sociedade do sculo XIX,
concebeu o ensino adaptado natureza feminina e constitudo como uma preparao ideal de seu
futuro papel de me de famlia. Este processo realizou-se de forma semelhante em outros pases,
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como na Inglaterra, nos Estados Unidos, em Portugal na Frana, no Canad (Stamatto, 1998;
Louro, 1997, p.479 ).
A relao entre a organizao do processo escolar pelo Estado, em detrimento da Igreja,
derrubou muitos obstculos escolarizao das meninas, mas ao mesmo tempo, enquadrou a
fora trabalho docente, especialmente a feminina, em parmetros restritos, ainda controlados por
homens. No entanto, percebemos que a relao gnero perpassada tambm por questes tnicas
e sociais. Fazia diferena se a mulher fosse branca, ndia ou negra; livre, liberta ou escrava; rica,
pobre ou desvalida.
No Brasil, a feminizao da profisso ocorre no momento em que o Estado conseguiu
tomar a si a organizao e o controle do ensino, atravs de uma legislao a princpio provincial e
posteriormente estadual, e atravs da organizao da rede escolar pblica em estabelecimentos
prprios em forma dos grupos escolares. Entretanto, neste processo a mulher ficar fora dos
postos de comando, nenhuma ser nomeada supervisora, diretora (casos raros) ou para cargos
equivalentes ao de secretrio de educao: comando masculino, trabalho feminino.
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