Perfilagem
Perfilagem
CONCEITOS E APLICAES
COMPILADO POR:
VNIA SILVA CAMPINHO
AIMBER CARLOS CHINAPPI FLORES
LUIZ CARLOS FORBRIG
IVAN SERGIO SIQUEIRA DUPUY
E&P-BA/ GEXP/ GEAGEO
ABRIL/2000
NDICE
1.
PERFILAGEM..................................................................................................................................................... 1
1.1. HISTRICO ...................................................................................................................................................... 1
1.2. DEFINIES E CONCEITOS .............................................................................................................................. 2
1.3. PROPRIEDADES FSICAS DAS ROCHAS ........................................................................................................... 3
1.4. AMBIENTE DE PERFILAGEM ........................................................................................................................... 6
1.5. EQUIPAMENTO DE PERFILAGEM ..................................................................................................................... 7
2.
PERFIS BSICOS............................................................................................................................................... 9
2.1. POTENCIAL ESPONTNEO - SP ....................................................................................................................... 9
2.2. RAIOS G AMA - GR........................................................................................................................................ 13
3.
4.
PERFIS DE POROSIDADE............................................................................................................................. 30
4.1. PERFIS ACSTICOS ....................................................................................................................................... 30
4.1.1.
Snico - BCS/BHC............................................................................................................................... 30
4.1.2.
Snico Dipolar - DSI........................................................................................................................... 32
4.2. PERFIS R ADIOATIVOS ................................................................................................................................... 37
4.2.1.
Lithodensity Tool - LDT...................................................................................................................... 37
4.2.2.
Compensated Neutron Logging - CNL............................................................................................... 39
5.
6.
PERFIS SSMICOS........................................................................................................................................... 61
6.1. PERFIL SSMICO VERTICAL - VSP ................................................................................................................. 62
6.2. PERFIL DE REFERNCIA SSMICA - CHECK SHOT........................................................................................... 66
7.
BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................................ 86
1. PERFILAGEM
Uma perfilagem realizada com objetivo principal de fornecer um registro contnuo,
expedito e confivel das propriedades fsicas das rochas atravessadas pelo poo. Analisados
tais registros, definem-se atributos fundamentais para caracterizao da potencialidade de uma
acumulao de hidrocarbonetos.
fundamental se ter em mente que avaliao de formaes inicia-se nos primeiros
metros de perfurao de um poo, sendo necessrio identificar os vrios tipos litolgicos
atravessados pela broca, localizar os reservatrios mais promissores e avaliar a
comercialidade das ocorrncias de hidrocarbonetos.
A perfilagem um dos passos da avaliao de formao. Trabalha-se com dados
indiretos resultantes da interao de vrios fatores fsicos, mecnicos, qumicos e fsicoqumicos da rocha, fluido de perfurao e da prpria ferramenta de perfilagem.
Em uma perfilagem obtm-se uma grande quantidade de registros que devero ser
processados para definir as verdadeiras propriedades de um reservatrio. A cada dia surgem
novas ferramentas no mercado que prometem melhor caracterizar os reservatrios portadores
de hidrocarbonetos ou no, da forma mais realista possvel, mas a relatividade dos seus
registros deve ser sempre considerada.
Novas frmulas, tcnicas de aquisio, processamento e interpretao so aplicadas
aos novos dados. de fundamental importncia a correlao dos perfis com a rocha, uma vez
que somente a integrao de dados de amostras de calhas, amostras laterais e testemunhos
esclarecem de fato as propriedades fsicas de um reservatrio e os fatores que influenciam na
aquisio de um perfil.
Este trabalho deve ser contnuo e aplicado de forma a definir parmetros para um
determinado reservatrio, podendo ser decisivo para a avaliao de uma zona produtora de
hidrocarbonetos.
Esta apostila tem como objetivo descrever os princpios das ferramentas mais
utilizadas e disponveis hoje no mercado.
1.1. HISTRICO
Os primeiros registros de perfilagem de poo ocorreram em 1927, realizado pelos
irmos Schlumberger que trabalhavam em pesquisa geofsica de eletrorresistividade de
superfcie, em um poo no campo de Pechelbronn, na Frana, e consistia em uma nica curva
contnua de resistividade. Em 1930, o perfil de resistividade j era registrado comercialmente
em vrios pases.
A partir de 1931 seguiu-se uma srie novas aplicaes em perfilagem de poos,
iniciando-se pelo perfil de potencial espontneo (SP), teleclinmetro eletromagntico (1932)
para medir a inclinao do poo, medidor contnuo de temperatura (1933) e medidor de
mergulhos a partir do SP, em 1935 (Tabela 1).
Deste momento at os dias atuais, a evoluo dos processos e tecnologias de
perfilagem foi rpida e intensa, principalmente aps a digitalizao dos dados, resultando em
1
Tabela 1 - Marcos histricos da evoluo dos perfis e tcnicas de perfilagem. (modificado de E.J.B.Silva &
O.R.Souza).
PERODO
INICIAL
INTERMEDIRIO
DIGITAL
RECENTE
HISTRICO
ANOS
PERFIS / EVOLUO
1930 / 1940 Resistividade (uma curva)
Potencial Espontneo (SP)
Medidor de mergulho (Anisotrpico - SP)
1940 / 1960 Frmula de Archie (1941)
Primeiros perfis snicos (1950)
Medidor de mergulho (Resistividade)
Perfis Radioativos
Resistividade focalizada
Perfis Eletromagnticos (incipientes)
Frmula de Willie
Plote de leo mvel
1960 / 1980 Digitalizao (armazenamento, processamento e
teletransmisso)
Maior preciso dos parmetros medidos
Maior confiabilidade nas leituras
Interpretao mais confivel (Plotes cruzados)
1980 / 1998 Snico Amplitude (compressional e cisalhante)
Espectrometria com identificao de elementos
Teletransmisso com e sem cabo
Ressonncia Magntica
Perfis de Imagem Acstica e Resistiva
RESISTIVIDADE X TEMPERATURA
Em solues salinas, quanto maior a temperatura, maior a condutividade eltrica e, por
isso, menor a resistividade (Figura 2). A unidade de temperatura usualmente utilizada na
interpretao de perfis Farenheit.
o
F = 1,8 x oC + 32
RESISTIVIDADE X POROSIDADE
A porosidade determinada pela textura da rocha, grau de compactao, cimentao,
etc. A resistividade inversamente proporcional porosidade (Figura 3).
2. PERFIS BSICOS
2.1. POTENCIAL ESPONTNEO - SP
Esta ferramenta registra a diferena de potencial entre um eletrodo mvel colocado no
poo e outro eletrodo de referncia na superfcie. A condio essencial para ocorrer deflexo
na curva de SP o contraste de salinidade entre o filtrado da lama e a gua da formao, isto
porque as deflexes do SP (Spontaneous Potential) expressam uma diferena de potencial
dentro do poo, criada a partir de movimentaes inicas entre fluidos de diferentes
salinidades.
A movimentao de ions nas paredes do poo pode ser atribuda basicamente a dois
processos:
Potencial Eletrocintico ou de Filtrao - ocorre em formaes permeveis onde
houve formao de reboco. Portanto, existiu um diferencial de presso entre o poo e a
formao, que permitiu a filtrao e, conseqentemente, a movimentao de cargas eltricas
positivas (ctions) do filtrado, atravs do reboco e da zona lavada e nos folhelhos, causando
um desbalanceamento eltrico. A fora eletromotriz gerada na zona lavada ser muito
pequena porque a maior parte da presso diferencial dissipada no reboco. Frente a litologias
impermeveis, como folhelho, h filtrao de ions e a deflexo na curva SP uma resultante
do diferencial de presso entre a zona de folhelho e a zona permevel.
O Potencial Eletrocintico pouco contribui para a deflexo do SP, isto porque as foras
eletromotrizes que se desenvolvem frente aos folhelhos so compensadas por aquelas que
atuam no reboco.
Potencial Eletroqumico - a interao entre dois fluidos, o filtrado presente na rocha
permevel e a gua intersticial dos folhelhos adjacentes. Esta interao ocorre atravs de dois
processos:
CARACTERSTICAS DO PERFIL
A curva de SP apresentada no primeiro track (pista 1) do perfil, junto com as curvas
de Raios Gama, Cliper e Tenso, em combinao com os perfis de resistividade. As escalas
mais comuns so de 10 ou 20 mV por diviso da pista.
APLICAES
Correlao;
10
Folhelho
Zona de transio
Folhelho
Anexo 1- Perfil de SP, mostrando gua doce/gua salgada e Zona de transio.
11
Folhelho
Anexo 2- Perfil de SP, mostrando gua salgada e linha base dos folhelhos.
12
Figura 7 Princpio da ferramenta raios gama, onde a radioatividade natural passa por um cintilmetro
capaz de emitir fton, que detectado por um fotomultiplicador produzindo um impulso eltrico e
transformado em uma curva.
13
APLICAES
Identificao litolgica;
Correlao geolgica;
Folhelho
14
Folhelho
Arenito c/leo
Folhelho
Anexo 4- Perfil de GR, mostrando folhelhos, arenito c/leo e arenito c/gua salgada.
15
3. PERFIS DE RESISTIVIDADE
Os perfis de resistividade so fundamentais na avaliao de formaes, pois possuem
as seguintes aplicaes:
3.2. INDUO
Os perfis de induo apresentam uma grande vantagem em relao aos eltricos, pois
podem ser corridos em lamas no condutivas (base leo). So mais indicados para formaes
com baixas resistividades e no apresentam boa resoluo em lamas muito condutivas (acima
de 100.000 ppm de NaCl).
PRINCPIO
As ferramentas de induo emitem uma corrente alternada de alta freqncia e
intensidade constante atravs de uma bobina transmissora. O campo magntico criado, atravs
16
desta corrente alternada, induz correntes secundrias na formao, que, por sua vez, geram
campos magnticos que induzem sinais na bobina receptora (Figura 8). A voltagem induzida
na bobina receptora proporcional condutividade da formao.
17
IEL/SP/GR
SP
GR
ILD
0
0
20
200
18
Observaes:
As curvas ILD e SFL, quando comparadas, podem fornecer informaes quanto
permeabilidade ou quanto extenso da zona invadida. Por exemplo, uma separao entre as
duas curvas frente a um intervalo pode caracterizar uma zona com boa permeabilidade,
enquanto que a coincidncia entre estas curvas pode indicar baixa permeabilidade.
19
ISF/GR/SP
SP
SFL
GR
ILD
0,2
20
2000
DIL/GR
0,2
2000
21
22
Altas resistividades.
PRINCPIO
A ferramenta emite uma corrente eltrica constante atravs de um eletrodo central Ao.
Simetricamente a este, existem eletrodos compensadores (A1 e A2) que enviam correntes
ajustveis com o objetivo de focaliz-la perpendicularmente ao poo para dentro da formao.
A ferramenta registra a diferena de potencial entre um eletrodo monitor localizado na
ferramenta e outro na superfcie. Esta diferena de potencial proporcional resistividade da
formao (Figura 10).
Foram desenvolvidos vrios tipos de equipamentos com mesmo princpio, sempre com
objetivo de melhor focalizar as correntes na formao, buscando atingir a zona virgem. Entre
as ferramentas historicamente mais utilizadas esto o LL-3 e o LL-7.
23
24
DLL/GR
0,2
2000
25
26
27
Figura 15 Exemplo esquemtico de um reservatrio com gua doce e leo. Utilizando-se as duas
curvas de resistividade possvel diferenciar reservatrios com gua doce e salgada.
27
DLL/MSFL/SP/GR
SP
0,2
2000
GR
O
A
28
FERRAMENTA
IES
(INDUAO ELTRICO)
ISF
(INDUO ESFRICO
FOCALIZADO)
PRINCPIO
* Emite corrente de alta
freqncia
e
intensidade
constante,
gerando
campo
magntico.
* Princpio idntico ao IES, mas
trabalha
com
correntes
focalizadas, gerando superfcies
eqipotenciais.
DIT
(DUPLO INDUO)
AIT
(ARRAY INDUTION
IMAGER TOOL
DLL
(DUAL LATEROLOG)
MSFL
MICRORESISTIVIDADE
APRESENTAO
APLICAES
29
OBSERVAES
* Ferramenta fora de uso.
4. PERFIS DE POROSIDADE
4.1. PERFIS ACSTICOS
PRINCPIO
A ferramenta emite uma onda sonora que viaja pela formao e detectada pelos
receptores. O que se mede o tempo decorrido entre a emisso da onda e a deteco do
primeiro sinal, que denominado de tempo de trnsito ou t.
As ferramentas BHC (BoreHole Compensated) / BCS (Borehole Compensated Sonic)
funcionam com dois transmissores e quatro receptores arranjados em pares, sendo dois
receptores para cada transmissor. Os transmissores so ativados alternadamente e as leituras
de t so feitas em pares de receptores tambm alternados, sendo computada uma mdia das
leituras ponto a ponto, automaticamente, visando eliminar problemas como irregularidades do
poo e inclinao da ferramenta. O prprio software utilizado fornece o que se denomina de
tempo de trnsito integrado (TTI), ficando registrado no lado esquerdo do track 2 em
milisegundos, permitindo calcular a velocidade de propagao da onda na rocha, diretamente
do perfil, em qualquer profundidade.
O tempo de trnsito (t) funo da litologia e da porosidade, podendo-se obter
indiretamente a porosidade total da rocha por meio da frmula de Willie (experimental).
s = t lido - t ma
t f - t ma
Onde:
s = porosidade snica;
t lido = tempo de trnsito lido no perfil;
t ma = tempo de trnsito da rocha matriz;
t f = tempo de trnsito no fluido, geralmente 189 sec/ft
30
O perfil snico muito afetado pela argilosidade, pois a presena de argila nos poros
da rocha aumenta o valor do t, fazendo com que a porosidade calculada seja maior do que a
real.
Com a evoluo eletrnica na dcada de 90, novas ferramenta acsticas foram
disponibilizadas, tais como as ferramentas LSS - snico de espaamento longo e SDT - snico
digital .
A ferramenta do snico de espaamento longo (LSS) possui 2 transmissores e 2
receptores, porm com maior espaamento entre os mesmos. Enquanto que na BHC/BCS o
espaamento transmissor/receptor de 3 e 5 ps, na LSS o espaamento de 10 e 12 ps
(Figura 16). A grande vantagem desta ferramenta fornecer t a uma profundidade de
investigao maior, minimizando o problema de leitura de lama em poos com grandes
dimetros ou cliper excessivo.
J a ferramenta snico digital (SDT) mais moderna, representando um
aperfeioamento da LSS atravs da utilizao de um arranjo de 8 receptores, possibilitando a
leitura de t com vrios espaamentos (3/5, 5/7, 8/10 e 10/12 ps). Este arranjo, somado
possibilidade de operao em duas freqncias (alta e baixa), permite o registro da forma da
onda completa, ou seja, ondas compressionais, cisalhantes e stoneley, porm apenas em
formaes com alta velocidades (t menor do que 100 sec/ft).
Figura 16 Comparao esquemtica entre as ferramentas BHC e LSS mostrando as diferenas entre
arranjos de transmissores e receptores.
31
Rudos - qualquer sinal detectado pelo receptor que chegue antes daquele emitido
pelo transmissor, produzindo um t menor do que o real. Tal problema ocorre
devido alta velocidade da perfilagem ou pelo atrito dos centralizadores com as
paredes do poo;
32
APLICAES
Identificao de fraturas.
33
Figura 18 Esquema de uma fonte dipolar que emite ondas direcionais, gerando uma onda flexural
que caminha nas paredes do poo.
34
ISF/BHC/GR
0,2
2000
40
240
Anexo 10 - Perfil Snico (BHC), mostrando contraste de velocidades acima e abaixo de 2100m.
35
AIT/BHC/GR
0,2
2000
240
40
Salto de
ciclo
2450
Embasamento
Anexo 11 - Perfil Snico (BHC), mostrando salto de ciclo e o contato com o embasamento.
36
Efeito Compton - ocorre quando um fton incidente colide com um eltron, sendo
sua energia dividida entre a energia cintica do eltron e um fton (raio gama)
dissipado. O Efeito Compton proporcional densidade eletrnica da formao,
gerando assim a curva de densidade (b) no perfil LDT;
Efeito Fotoeltrico - ocorre quando o raio gama incidente apresenta baixo nvel de
energia (devido ao Efeito Compton), sendo totalmente absorvido pelo tomo
durante a coliso, transmitindo sua energia para o tomo em forma de energia
cintica. Esta interao constitui a base do perfil litolgico ou fator fotoeltrico
(Pe), pois este fenmeno depende do elemento que interage. O fator fotoeltrico
(Pe) muito pouco afetado pelas variaes da porosidade, porm muito sensvel
a qualquer mudana litolgica.
onde:
D = ma - b
ma - f
D = porosidade obtida a partir do perfil de densidade;
ma = densidade de matriz,
b= densidade lida no perfil;
f = densidade do fluido que satura a rocha
37
FERRAMENTA E PERFIL
A ferramenta LDT constituda por um patim que passa rente parede do poo, onde
se localiza uma fonte radioativa e um conjunto de 2 detectores de raios gama (Figura 19). O
perfil normalmente apresentado no track 4 com as curvas de b, Pe e Neutro, no track 3
com a curva de correo do densidade () e no track 1 com as curvas de Raios Gama e
Cliper.
FATORES QUE AFETAM AS LEITURAS DO LDT
Fraturas;
38
APLICAES
Litologia e correlao;
Figura 20 Esquema mostra como a energia emitida pela fonte dissipada na formao.
39
40
APLICAES
Avaliao de porosidade;
Indicao de argilosidade;
Deteco de gs;
Identificao de litologias;
Correlao;
41
COMPOSITE
(gs/leo)
42
COMPOSITE
43
COMPOSITE
(gs/leo)
44
COMPOSITE
45
0
6
GR
CAL
Bit size
GS/LEO/GUA
2
RHOB(g/cm3)
3
NPHI(%)
45
-15
0
20
DRHO
ILD
150
16
200
950
975
1000
46
RHOB( g/cm3)
3
NPHI(%)
-15
20
DRHO
2
0
6
GR
CAL
Bit size
45
150
16
0
0
200
950
975
1000
47
COMPOSITE
(leo/gua)
48
COMPOSITE
49
COMPOSITE
(leo/gua/gs)
50
COMPOSITE
51
COMPOSITE
(gs/leo/gua)
52
COMPOSITE
53
COMPOSITE
54
COMPOSITE
55
FATOR DE FORMAO
a relao entre a resistividade de uma rocha, com determinada porosidade,
totalmente saturada de gua (Ro) e a resistividade da gua que satura os poros da rocha (Rw).
Esta relao (Ro/Rw) fundamental para a avaliao de formaes.
Se a resistividade da gua da formao (Rw) diminui, ou seja, sua salinidade aumenta,
a resistividade da rocha (Ro) decresce. Foi demonstrado experimentalmente por Archie
(1941) que este decrscimo de Ro proporcional reduo do Rw, ou seja, para um dado
decrscimo de Rw, Ro decresce de um determinado valor, de modo que o fator de
proporcionalidade permanece constante. O Fator de Formao , portanto, uma propriedade
intrnseca da rocha.
Ro Rw
56
F = Ro / Rw
onde:
Ro = Resistividade da rocha 100% saturada de gua
Rw = Resistividade da gua de formao
F 1/ ou Ro 1/
Foi demonstrado em laboratrio que o Fator de Formao varia inversamente com a
porosidade segundo a equao abaixo:
F = a / m = 1 / 2
Onde:
= porosidade;
a = coeficiente litolgico que varia de 0,6 a 2 dependendo da rocha;
m = fator de cimentao ou tortuosidade. Varia de 1 a 3, de acordo com o tipo de
sedimento, geometria do poro, tipo de porosidade, sua distribuio e grau de compactao.
A obteno de a e m realizada atravs de grficos do tipo Ro/Rw x , mas a
PETROBRAS adota, genericamente, os seguintes procedimentos:
Arenitos
(a = 0,81 e m = 2):
F = 0,81 / 2
Calcrios
(a = 1 e m = 2):
F = 1 / 2
57
F = Ro / Rw
F = a / m
E igualando-as, temos:
Ro = a. Rw/ m
Ou seja, para uma rocha 100% saturada de gua, a resistividade da rocha (Ro) depende
de Rw, da porosidade e dos coeficientes litolgico (a) e de cimentao (m).
Caso certa quantidade de gua de uma rocha 100% saturada seja substituda por
hidrocarboneto, a resistividade da rocha aumentar e ser chamada, ento, Rt, que a
resistividade total da rocha independente do fluido. Archie realizou esta experincia em
laboratrio medindo Rt para vrios valores de saturao de gua e de leo e chegou a seguinte
relao:
Rt = Ro/Swn
sendo n aproximadamente igual a 2.
Substituindo Ro por (a.Rw / 2), obtm-se a frmula de Archie para clculo da
saturao de gua para arenitos no argilosos (limpos).
Sw2 = 0.81 x Rw
2 x Rt
para arenitos
Sw2 =
para calcrios
Rw
2 x Rt
58
59
Ro = a . Rw/ m onde Rw = Ro . m / a
Substituindo Ro por Rt, Rw equivaler a Rwa e obtm-se:
Rwa = Rt . m / a
Como o ponto escolhido para o clculo refere-se a uma zona saturada de gua, Rt =
Ro, ento Rwa = Rw.
Na prtica calculam-se vrios valores de Rwa e o menor deles, chamado Rwa mnimo,
definido como Rw.
60
6. PERFIS SSMICOS
A ssmica de poo uma tcnica na qual um pulso ssmico gerado prximo
superfcie e gravado por um sistema composto por unidade computadorizada, em superfcie, e
geofone posicionado por cabo em diferentes profundidades e alinhado com o eixo do poo
(Figura 24).
A ssmica de poo efetuada tanto em terra quanto no mar.
Os dados obtidos auxiliam a interpretao estrutural, estratigrfica e litolgica dos
registros ssmicos de superfcie e permitem ao geofsico determinar as velocidades ssmicas
com preciso, identificar camadas litolgicas nas sees ssmicas, controlar a qualidade dos
dados ssmicos de superfcie e prever as situaes geolgicas abaixo do fundo do poo.
Atualmente, no Brasil, aplicam-se duas tcnicas de ssmica de poo:
Figura 24 Esquema de aquisio do check shot. Observar que a fonte est prxima ao poo com um
geofone de referncia ao lado, que responsvel por medir o tempo e registrar o prprio sinal.
61
FERRAMENTA
As ferramentas usadas na aquisio de dados ssmicos de poo trabalham com dois
tipos de equipamentos:
62
Figura 25 Esquema simplificado de aquisio do VSP, onde se ressalta a presena de trs tipos de
ondas registrados em tempos distintos.
FUNCIONAMENTO E AQUISIO
So empregados vrios tipos de fontes ssmicas para aquisio dos perfis ssmicos,
sendo trs as principais caractersticas necessrias:
63
Figura 26 Formas mais comuns de arranjos para operaes em terra e no mar com e sem offset.
Fonte: Ssmica de Poo WEC Brasil, 1985.
A fonte ssmica mais verstil o canho de ar (air gun) que pode ser usado tanto no
mar quanto em terra, sendo que, neste caso, o canho fica posicionado dentro de um poo
escavado previamente e completado com lama (Figura 27). Este canho, alimentado por um
compressor de ar, acionado de forma a gerar um pulso ssmico, na superfcie, que ser
registrado pelo geofone posicionado, em profundidade, dentro do poo. O sinal tambm ser
captado por um geofone/hidrofone na superfcie, posicionado prximo a fonte, registrando o
que se denomina de tempo de referncia (tempo zero). Mede-se a partir da o tempo entre o
sinal de referncia e o geofone dentro do poo. Ambos os sinais so registrados em fita
magntica na unidade de perfilagem.
A fim de controlar a consistncia dos tempos registrados e de eliminar possveis rudos
so efetuados diversos disparos de canho com o geofone em uma mesma posio, em geral 5
ou 7.
64
65
66
7. PERFIS ESPECIAIS
7.1. ESPECTROMETRIA DE RAIOS GAMA
Ferramenta desenvolvida para suprir a necessidade de informaes no fornecidas pela
ferramenta de Raios Gama em determinadas reas.
PRINCPIOS
A ferramenta, denominada de NGT pela companhia Schlumberger, visa medir a
proporo relativa de cada um dos trs principais elementos produtores de radioatividade
(trio - Th), urnio - U) e potssio - K), j que a ferramenta de Raios Gama convencional
fornece somente a contagem de pulsos totais.
Os elementos Th, U e K, em seu decaimento at istopos estveis, passam por
istopos intermedirios e produzem raios gama com diferentes nveis de energia.
O espectro analisado pela ferramenta dividido em cinco janelas de energia onde so
medidas as contas (pulsos por segundo) em cada uma, sendo essa contagem proporcional s
concentraes destes elementos na formao.
Na computao das concentraes destes elementos so usados os dados das 5 janelas,
visando minimizar os efeitos das variaes estatsticas.
FERRAMENTA
A ferramenta NGT composta por um cartucho com um detector que consiste em um
cristal de iodeto de sdio (NaI) ativado com tlio (Tl), acoplado a um fotomultiplicador
(cintilmetro), a um amplificador e a um analisador de mltiplos canais.
APLICAES
Identificao de fraturas.
67
68
Figura 28 Seo do patim da ferramenta (CMR) mostrando a antena e os dois magnetos permanentes
que foram o alinhamento dos protons de hidrognio na formao. Os plotes mostram que o tempo de
relaxao transversal (T2) funo do tamanho do poro.
APLICAES
Porosidade efetiva;
69
CURVAS DE MICRORESISTIVIDADE
REGISTRADAS POR 4 ELETRODOS
POO
PATIM 1
PATIM 2
PATIM 3
PATIM 4
TRAJETRIA
DOS
PATINS AO LONGO
DO POO
PONTOS DE
CORRELAO
QUE DEFINEM
O PLANO
PLANO
INCLINAD0
ATRAVESSANDO
O POO
PLANO NORMAL DOS ELETRODOS
EM RELAO AO EIXO DO POO
70
NGULO DE MERGULHO ()
INCLINAO
DO POO ()
71
APLICAES
72
73
CAL 3
10
20
CAL 2
10
20
Resistive
120
240
DINAMIC IMAGE
360
Condutive
CAL 1
10
20
GR
TRUE DIP
ANGLE & DIRECTION
RESISTIVE IMAGE
10
100 0
360
10
HOLE
DRIFT
20 30 40 50 60708090 0 10
Condutive Fracture
True Dip
Condutive Fracture
(Sinusoid)
Orientation North
0
Bed Boundary
(Sinusoid)
Orientation North
Deg
90
Bed Boundary
True Dip
9000
Deg
90
Deg
90
Deg
90
9100
9200
APLICAES
74
7.3.2.2.
Prof.
(M)
2290
2295
75
76
77
SEQNCIA OPERACIONAL
H uma seqncia de passos controlados da superfcie por um mecanismo eletrohidrulico, que deve ser seguida a fim de garantir a qualidade dos resultados e o sucesso da
operao:
1. Escolha das profundidades de tomada de presso e/ou amostragem utilizando-se os
perfis de porosidade, resistividade e cliper, verificando pontos onde o reservatrio
"limpo", poroso e o poo no apresenta rugosidades ou desmoronamentos.
2. Posicionamento da ferramenta em profundidade utilizando a curva de Raios Gama
para correlao.
3. Registro da presso hidrosttica inicial da lama.
4. Assentamento. A ferramenta fixada contra a parede do poo e o packer
expandido para isolar a influncia da presso hidrosttica.
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Assentamento
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K = 3300 x q x
p
em md
Ip = 15.5 x q
p
em BPD/psi.ft
onde:
p= presso esttica menos presso de fluxo final em psi
q= vazo de enchimento da cmara em cm3/seg
= viscosidade do filtrado (0,5 cp para lama base gua e 0,25 para lama base leo).
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Mdulo de anlise tica de fluido (OFA): deve ser utilizado em casos onde o
sensor de resistividade no capaz de discriminar o tipo de fluido, como no caso
da presena de gs, em poos de lama base leo e formaes com gua doce.
Utiliza tcnicas de medida do ndice de reflexo e de absoro tica para
caracterizar o fluido amostrado (Figura 41).
MEDIDOR DE
NDICE DE REFLEXO
(DETECO DE GS)
LINHA DE FLUXO
MEDIDOR DE
ABSORO TICA
(IDENTIFICADOR DE LQUIDO)
GS
GUA
LEO
Mdulo dual-packer: equipado com dois packers inflveis que permitem testar um
intervalo da formao ao invs de apenas um ponto. A distncia entre os packers
varivel, sendo no mnimo 93 cm (Figura 43).
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APLICAES
Determinao da litologia;
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Figura 46- O sistema Platform Express oferece duas opes de ferramentas de resistividade.
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8. BIBLIOGRAFIA
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DIVEN/SEN-BA, 1987 (Apostila).
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PETROBRAS/DEPEX/DEBAR, 1985.
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