Apostila Canto Popular Nível Básico - Val Klay PDF

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Professora

Valria Klay
Apostila de

Canto Popular
Nvel Bsico
TEORIA E PRTICA

Grficos

Valria Klay

Reviso

J.G. Pinheiro
[email protected]
Novembro de 2005; 3 Edio
2004, Valria Klay.

Todos os direitos reservados e protegidos pela lei 5.988 de 14/12/73

Sumrio
APOSTILA TERICA..............................................................................
A TCNICA VOCAL HOJE......................................................................
O Aparelho Respiratrio...............................................................................
O Aparelho Fonador......................................................................................
O Aparelho Ressonador................................................................................
Classificao e Registros Vocais...................................................................
Como Trabalhar em Casa..............................................................................
Higiene Vocal..................................................................................................

Pg. 06
Pg. 07
Pg. 10
Pg. 11
Pg. 13
Pg. 14
Pg. 20
Pg. 20

NVEL BSICO I : APOSTILA PRTICA........................................


Objetivos do Nvel Bsico.............................................................................
Programa do Nvel Bsico I..........................................................................
EXERCCIOS DO NVEL BSICO I.................................................
CONSCINCIA CORPORAL...................................................................
RESPIRAO: A respirao Abdominal Simples...................................
DESENVOLVIMENTO TCNICO........................................................
Exerccio de Base I: Timbre Nasal...............................................................
Vocalize I: Teras da Escala de D Maior..................................................
Exerccio de Base II: Som Vibratrio com sirene.....................................
Vocalize II: Acordes da escala de D Maior..............................................
Exerccio de Base III: Vogais.......................................................................
Vocalize III: Escala de D Maior: Graus e Cadncias..............................
Exerccio de Base IV: Vogais com som de sirene.....................................
Vocalize IV: Intervalos Harmnicos, 3M e 6M.........................................
Exerccio de Base V: Teoria Musical ..........................................................
Trabalho com a Tbua...................................................................................
Intervalos..........................................................................................................
Intervalos Harmnicos..................................................................................
Escala de D Maior........................................................................................
Vocalize V: Escala de D Maior e suas trades..........................................

Pg. 22
Pg. 23
Pg. 23
Pg. 25
Pg. 25
Pg. 28
Pg. 32
Pg. 32
Pg. 33
Pg. 34
Pg. 35
Pg. 36
Pg. 36
Pg. 37
Pg. 37
Pg. 38
Pg. 38
Pg. 39
Pg. 40
Pg. 41
Pg. 43

NVEL BSICO II : APOSTILA PRTICA......................................


Programa do Nvel Bsico II........................................................................
EXERCCIOS DO NVEL BSICO II................................................
CONSCINCIA CORPORAL...................................................................
RESPIRAO: A respirao Intercostal Baixa com Apoio Simples....
DESENVOLVIMENTO TCNICO........................................................
Exerccio de Base I: Timbre Nasal...............................................................
Vocalize I: Teras da Escala de D Menor natural...................................
Exerccio de Base II: Som Vibratrio com sirene.....................................
Vocalize II: Acordes da Escala de D Menor natural..............................
Exerccio de Base III: Vogais........................................................................
Vocalize III: Escalas de D Menor Natural e Harmnica:
Graus e Cadncias...........................................................................................
Exerccio de Base IV: Slabas com Consoante e Vogal............................
Vocalize IV: Intervalos Harmnicos, 3m e 6m..........................................
Exerccio de Base V: Teoria Musical ..........................................................
Intervalos Harmnicos..................................................................................
Escala de D Menor Natural........................................................................
Escala de D Menor Harmnica..................................................................
Vocalize V: Escalas de D Menor Natural e Harmnica ........................

Pg. 44
Pg. 45
Pg. 47
Pg. 47
Pg. 48
Pg. 51
Pg. 51
Pg. 52
Pg. 53
Pg. 54
Pg. 55

NVEL BSICO III : APOSTILA PRTICA.....................................


Programa do Nvel Bsico III.......................................................................
EXERCCIOS DO NVEL BSICO III..............................................
CONSCINCIA CORPORAL...................................................................
RESPIRAO: O apoio Complexo abdominal e Intercostal................
DESENVOLVIMENTO TCNICO........................................................
Exerccio de Base I: Timbres Nasal e vibratrio.......................................
Vocalize I: Escala de D Maior, Graus e Intervalos de 5J.......................
Exerccio de Base II: Vogais.........................................................................
Vocalize II: Intervalos Justos........................................................................
Exerccio de Base III: Slabas com Consoante, Vogal e Consoante.......
Vocalize III: Cadncia Maior e Forma........................................................
Exerccio de Base IV: Slabas com Consoante, Vogal e Vogal................
Vocalize IV: Escala de D Pentatnica Maior...........................................
Exerccio de Base V: Teoria Musical ..........................................................
Intervalos Justos..............................................................................................
Escala de D Maior Pentatnica..................................................................
Vocalize V: Escala de D Maior Pentatnica............................................

Pg. 62
Pg. 63
Pg. 65
Pg. 65
Pg. 66
Pg. 68
Pg. 68
Pg. 69
Pg. 70
Pg. 70
Pg. 71
Pg. 71
Pg. 72
Pg. 72
Pg. 73
Pg. 73
Pg. 74
Pg. 75

Pg. 55
Pg. 56
Pg. 57
Pg. 58
Pg. 58
Pg. 59
Pg. 60
Pg. 61

NVEL BSICO IV : APOSTILA PRTICA.....................................


Programa do Nvel Bsico IV.......................................................................
EXERCCIOS DO NVEL BSICO IV..............................................
CONSCINCIA CORPORAL...................................................................
RESPIRAO: A respirao Mista e Dinmica.......................................
DESENVOLVIMENTO TCNICO........................................................
Exerccio de Base I: Timbres Nasal e vibratrio.......................................
Vocalize I: Intervalos de 8J...........................................................................
Exerccio de Base II: Slabas com Consoante e vogais.............................
Vocalize II: Cadncia menor e forma..........................................................
Exerccio de Base III: Todas as vogais........................................................
Vocalize III: Escala de D Pentatnica Menor.........................................
Exerccio de Base IV: Slabas diferentes com Consoante e Vogal..........
Vocalize IV: intervalos Tensos, 7M, 7m, 2M, 2m ....................................
Exerccio de Base V: Teoria Musical ..........................................................
Intervalos Tensos............................................................................................
Escala de D Menor Pentatnica.................................................................
Vocalize V: Escala de D Menor Pentatnica...........................................

Pg. 76
Pg. 77
Pg. 79
Pg. 79
Pg. 80
Pg. 82
Pg. 82
Pg. 83
Pg. 84
Pg. 84
Pg. 85
Pg. 85
Pg. 86
Pg. 87
Pg. 88
Pg. 88
Pg. 89
Pg. 90

APNDICE: descrio dos Sons............................................................... Pg. 92


BIBLIOGRAFIA.......................................................................................... Pg. 97

Canto Popular
Nvel Bsico
APOSTILA TERICA
Professora Valria Klay

Centro de Educao Profissional


Escola de Msica de Braslia
Secretaria de Educao de Estado
Governo do Distrito Federal

Canto Popular - Nvel Bsico


A TCNICA VOCAL HOJE
Introduo
Ao longo de sculos, tudo o que se procurava em um cantor, alm de uma
voz dentro dos rgidos padres clssicos, era boa projeo e bastante firmeza, para
que se fizesse ouvir sobre a orquestra. Porm, o desenvolvimento da msica popular
mudou bastante as regras, ampliando as possibilidades do canto.
Atualmente, as novas tcnicas vocais, em sintonia com novidades tais como a
indstria fonogrfica e o microfone, trabalham respirao, ressonncia, projeo e
firmeza com uma ateno diferente.
Tais tcnicas tambm desenvolvem outros interesses: flexibilidade, timbres
mais pessoais, dinmicas mais ousadas, uma gama mais generosa de colocaes,
ritmos complexos, a explorao da sincopa, o contratempo, o swing, enfim, sempre
buscando maior liberdade e conferindo novas ferramentas criatividade individual
dos cantores.
A voz
Comear a trabalhar a voz sempre uma experincia delicada. No
imaginamos a importncia da voz em nossas vidas, antes de lidarmos diretamente
com ela. Mais que um instrumento de comunicao, a voz parte integrante da
personalidade. Qualquer que seja o assunto da conversa, ela est sempre falando
sobre ns, expressando os nossos sentimentos, manifestando a nossa identidade.
A voz pode refletir os nossos aspectos mais profundos, mais esquecidos. E
companheira: soa bem quando nos sentimos bem e cai bastante quando vamos mal.
Ressentiu-se pessoalmente cada vez que nos mandaram calar a boca, engolir a
raiva ou simplesmente nos chamaram de desafinados. sempre ela quem acaba
sendo reprimida. A voz muito sensvel!
Trabalhar a voz trabalhar-se. Ao buscar desenvolv-la, preciso ter isso em
mente, esperando encontrar alguns entraves emocionais, inibies ocultas por trs
de uma garganta que insiste em fechar ou um som que est sempre preso. Tambm
so necessrios pacincia e confiana nos exerccios. Para ningum o ato de
caminhar pareceu natural e espontneo na primeira tentativa.
Como no caso da criana ensaiando seus primeiros passos, durante a prtica
de uma tcnica vocal, ns assimilamos diversos mecanismos com a inteno de vlos automatizados em nossa musculatura. Desse modo, apenas uma questo de
treino, repetio cuidadosa e paciente. No h erro, basta buscar o ponto onde o
exerccio transcorre de modo natural, suave e relaxado, depois observar os
resultados.
Tomando as devidas precaues, indo devagar, respeitando os tempos da
voz, logo as limitaes vo sendo reconhecidas e superadas, uma a uma.

O movimento da voz e seus problemas


A voz um movimento, uma trilha aberta no organismo. Esse movimento
tem incio no diafragma, uma membrana que preenche a base do pulmo. Como
uma bexiga, o diafragma pressiona o ar preso nos pulmes, gerando uma fora da
qual poucos tm conscincia ou sabem tirar proveito. Essa fora liberada como
um jato, quando a musculatura abdominal pressiona o diafragma, enviando o ar para
cima.
Esse jato corre pela laringe, onde se localizam as chamadas pregas vogais,
duas membranas finas que vibram com a passagem do ar. O jato se transforma num
som muito suave, que ressoa diretamente nos ossos do rosto. Estes funcionam
como uma caixa acstica, amplificando o som. Essa a trilha natural da nossa voz.
E tudo deveria funcionar corretamente, etapa por etapa. Mesmo assim, como ocorre
na maioria dos casos, nosso equipamento apresenta problemas e o movimento
no se d exatamente como descrito acima.
Vivemos uma existncia veloz. As obrigaes dirias no nos permitem
obedecer nossos ritmos naturais e saudveis. Por sua vez, a respirao, que deveria
descer tranqilamente at a base de nossos pulmes, reage a essa correria com um
movimento mais curto, que no abrange muito mais alm da parte superior dos
pulmes. Sem chegar base, perdemos o contato com o diafragma, e, por sua vez, o
controle da coluna de ar, essencial ao canto. Alm disso, ficamos com menos
capacidade pulmonar e fora inicial. Assim, as pregas vogais e toda a musculatura da
laringe precisam se esforar, s vezes at demais, para suprir tal falta.
Esse esforo desencadeia uma contrao desnecessria de vrios dos
msculos envolvidos na trilha da voz. O maxilar e a musculatura facial, que
deveriam estar soltos, flexveis, em plena dana de articulao do som, no
conseguem se mexer com agilidade apropriada. Uma vez que as pregas vocais no
esto preparadas para isso, o estresse muscular e a fadiga vocal aparecem. Na fase
inicial de uma das muitas patologias comuns hoje em dia (percebidas at mesmo em
atores de tev e apresentadores de jornal), as pregas vocais acabam feridas pelo
esforo, perdendo sua elasticidade. Frouxas, no conseguindo vibrar como antes.
O objetivo da tcnica vocal
O objetivo da tcnica vocal para musica popular restabelecer os
mecanismos naturais do corpo, cuidando da sade vocal, para s ento desenvolver
tanto a parte muscular quanto a artstica.
Assim como treinamos nosso corpo com ginstica, os cantores desenvolvem
a fisiologia do canto atravs de exerccios, adquirindo resistncia e maestria. Mais
uma boa voz aquela que forte sem ser um esforo. Tal qualidade s se adquire
reaprendendo-se os mecanismos naturais. Essa reeducao precisa ser lenta e
continua, para substituir hbitos nocivos, estimulando nossa memria mecnica a
assimilar os novos movimentos. Por isso, desaconselhvel trabalhar a voz muitas
horas seguidas. Sobretudo, quando tal prtica se repete vrios dias na semana. O
melhor nunca saturar. Praticar todo dia um pouco. Trabalhar com pequenos
intervalos, a cada poucos minutos, para bocejar, espreguiar e tomar goles de gua,
sempre temperatura ambiente.

Em si, o trabalho tcnico se divide em duas partes. Primeiro preciso cuidar


do contexto muscular. Aqui esto compreendidos os exerccios dirios que nos
desenvolvem e mantm em forma. Psicologicamente, o aluno deve sempre trabalhar
com a conscincia leve. Sem juzos estticos, nem necessidade de perfeio. Os
exerccios so feitos para serem utilizados diariamente, como uma pratica saudvel.
A segunda parte o desenvolvimento artstico, onde se trabalha dinmicas,
ritmos, repertrios, improviso ou estilos tmbricos.
Na segunda parte no h necessidade de se pensar nos exerccios de base. O
momento de interpretar uma msica, por exemplo, no o adequado para se
preocupar com a tcnica, que deve estar incorporada a nossa memria mecnica.
Assim como aprendemos a dirigir, nosso corpo aprender a respirar, gerar e projetar
o som, por si s (lembremos que no basta entender como se dirige, preciso ter
isso automatizado).

O APARELHO RESPIRATRIO: A Fora do Som


O aparelho respiratrio nos proporciona o combustvel necessrio para
cantar. Para isso ele conta com o diafragma, msculo situado entre o abdome e os
pulmes que funciona como um mbolo de injeo, ajudando no controle do ar. O
diafragma um msculo bobo, que no consegue se mexer sozinho, precisando
da fora da musculatura abdominal para impulsionar o ar.
Os msculos intercostais tambm ajudam no processo da respirao, abrindo
as costelas flutuantes e deixando espao para a dilatao dos pulmes.

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O APARELHO FONADOR: A Qualidade do Som


A laringe um cone oco, situada embaixo da faringe e encima da traquia,
composta de tecidos flexvel: cartilagens, msculos, membranas e ligamentos. Serve
de passagem para o ar e de proteo das vias respiratrias. E s.
Ao longo de sua evoluo, no entanto, o ser humano foi adaptando essa
parte de sua fisiologia para emitir os sons da fala. Assim, de um certo modo, as
cordas vocais no foram feitas para falar! Cantar, menos ainda. Isso explica o quanto
so comuns problemas originados por estresse vocal.
por isso que esta apostila estar sempre repetindo a importncia dos
cuidados com o aparelho fonador.
Dentro da laringe, as duas pregas vocais podem fechar em plano horizontal,
vibrando com a passagem de ar e produzindo som. Estas pregas esto constitudas
de duas musculaturas: uma grosa, que ajuda na abertura e fechadura das mesmas,
assim como na produo de sons mas potentes e profundos, e uma fina membrana,
que cumpre a funo de vibrar, produzindo os sons mais utilizados no canto,
suaves, acusticamente ricos e muito mais saudveis.
Para executar as diversas alturas, a laringe sobe nos agudos, ficando alongada
e fina, e desce nos graves, tornando-se curta e larga.

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O APARELHO RESSONADOR: A Projeo do Som


O som que chega da laringe muito suave. As pregas vocais no esto
preparadas para fazer dinmica. Para ganhar volume sem apertar a laringe,
precisamos enviar o som s cavidades de ressonncia do rosto, onde ser
amplificado.
Estas cavidades possuem a forma de uma F, formada pela laringe, boca e
fossas nasais. A Faringe, feita de musculatura flexvel, produz diferentes
harmnicos, ajudando na criao da qualidade do som. Na tcnica vocal popular
desenvolvida nesta apostila, o foco da voz se situa no centro do rosto, com o uso
pronunciado da ressonncia nasal. (nos Ressonadores centrais do rosto). O foco
nas cavidades farngeas muito utilizado em culturas rabes, enquanto nas tcnicas
eruditas (o bel canto), o som focalizando no palato mole.
A escolha da projeo atravs das diferentes cavidades de ressonncia fazem
a singularidade do cantor.

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CLASSIFICAO E REGISTROS VOCAIS


Classificao
A classificao vocal at o dia de hoje tema de controvrsia quando se trata
de canto popular, j que sempre foi feita sobre registros eruditos.
Para entender isto, precisamos entender primeiro a grande diferencia entre os
dois estilos. Enquanto o canto erudito se especializa na projeo e na repetio
perfeita dos moldes de colocao preestabelecidos pela esttica do estilo, obrigando
o cantor a privilegiar uma determinada colocao larngea com as notas mais
intensas e brilhantes de seu registro, na msica popular o cantor busca por uma
interpretao o mais diferenciada e criativa possvel, muitas vezes valendo-se de
todo seu registro, obrigando-se assim a um desenvolvimento menos rgido da
laringe, capaz de transitar por todas as colocaes possveis.
Esta diferencia faz que, por exemplo, a voz feminina mais aguda na
classificao erudita, a Soprano Ligeira, deva comear seu registro no Mi-3, uma vez
que estar privilegiando a colocao aguda (de cabea) s demais. Enquanto no
canto popular, onde tambm se utiliza a voz grave (de peito), mesmo no caso de
cantoras sopranos, possvel comear num L-2, talvez at mais grave.
O registro
O limite de notas que um instrumento tem a capacidade de gerar
denominado de registro. Num piano, por exemplo, o registro comea na nota mais
grave e termina na mais aguda.
Nos cantores, o registro se assemelha a isso, embora compreenda parmetros
mais complexos: no se estabelece o registro de um cantor s pela extenso da voz,
do contrrio, um estudante de canto, que ainda no foi desenvolvido, seria
classificado erroneamente. O modo mais eficiente de faz-lo pelo timbre, a
qualidade da voz, durante um trabalho prolongado.
No canto erudito preciso determinar o registro do aluno desde o princpio,
j que isso determinar as caractersticas do trabalho a ser realizado com ele.
A historia da cantora erudita Maria Callas ilustra esse tema um pouco melhor.
Quando comeou os estudos de canto, Callas foi imediatamente classificada como
soprano ligeira, a mais leve e aguda das classificaes. Respeitando isso, suas
primeiras aulas foram dirigidas a desenvolver leveza e agilidade vocal, assim como a
colocao alta da laringe.
Callas teve muita sorte: seu registro era de soprano lrica , e mesmo tendo
uma voz forte e profunda, aprendeu a atingir a rapidez e leveza caracterstica das
cantoras ligeiras. Muitos cantores saem frustrados de anos de tcnica vocal,
simplesmente por terem sido classificados erroneamente, mas esse erro, que poderia
ter acabado com a laringe e a carreira da cantora, fez dela um sucesso no mundo
inteiro.
No canto popular, entretanto, difcil isso acontecer: a individualidade
artstica do cantor sempre mais importante que um molde de valores
preestabelecido.

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melhor deixar a voz se desenvolver divagar, no registro mais cmodo e


saudvel, sem forar uma definio antecipada. O caminho inverso: enquanto em
canto erudito sabemos onde queremos chegar e nos preparamos para assumir esse
modelo, em canto popular, o prprio caminho no revelado seno por meio do
trabalho, no qual o cantor ir descobrindo e aperfeioando suas caractersticas mais
pessoais.
Timbres e acsticas
Os princpios de acstica rezam que o som mais grave sempre aquele do
corpo sonoro maior. Assim podemos entender que o registro se tornar mais grave
medida que as pregas vocais aumentarem. Em conseqncia, os homens, dotados
de laringe maior, so mais graves que as mulheres.
Uma voz que soa mais aguda mais aguda, e no uma voz que consegue
fazer agudos, j que todas as vozes tem, dentro do prprio registro, uma regio
aguda.
H uma experincia que pode demonstrar isso: se pedirmos a uma dupla de
cantores de registros diferentes (soprano e mezzo, ou tenor e bartono) que cante
uma exata nota, ouviremos o mesmo som soando mais agudo no cantor de registro
mais agudo.
Sub-registros: Grave (peito) e Agudo (cabea)
Cada registro vocal, por sua vez, se divide em dois sub-registros, grave e
agudo. O sub-registro grave foi chamado originalmente de voz de peito ou
registro de peito, e o agudo, de voz de cabea ou registro de cabea, uma vez
que, no canto erudito, so esses seus pontos de maior ressonncia.
A passagem principal da voz
Na medida em que um cantor prova todo o registro que possui, sua laringe,
em alguns momentos, se reacomoda, para atingir as diferentes notas de seu alcance.
Por isso, para os cantores, comum a impresso de que a laringe sobe para as
notas agudas e desce, para as graves.
Na verdade, h um certo ponto, exatamente onde termina o registro grave e
comea o agudo, em que a laringe no consegue mais esticar, precisando de um total
reajuste na musculatura. Este movimento denominado passagem principal da
voz. Dentro de cada sub-registro existem duas passagens, mais suaves que a
principal, dividindo pela metade as vozes de peito e cabea. Quase imperceptveis,
costumamos not-las somente na prtica da vocalize. (Em vista disso, sero
abordadas diretamente nos exerccios deste curso.)
A passagem da voz, algo natural e instintivo, o que mais sai prejudicado
quando o cantor apresenta rigidez e tenso. Nesse casso, a laringe costuma se fixar a
um dos registros. Em vista disso, a rigidez larngea explorada em diversos estilos
de canto por todo o mundo. Como na msica flamenca, em que o cantor acomoda
com fora a laringe s no registro grave, quebrada no limite agudo da voz de peito,
conseguindo assim a voz peculiar do estilo. Assim mesmo, importante ter em

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mente que a rigidez larngea pode (e costuma) ser prejudicial aos rgos da fisiologia
do canto. Sabe-se que cantores de flamenco tm curtas carreiras.
Uma maneira simples de procurar a prpria passagem fazer um som muito
relaxado (por exemplo, o da letra U), numa sirene que comea na nota mais grave
possvel e vai at a mais aguda que se consiga emitir sem esforo. Mais ou menos na
metade do caminho, ser possvel ouvir um lapso... Um ponto em que o som
contnuo da sirene falha, sendo rapidamente interrompido.
A est sua passagem!
O falsete
Muito foi escrito sobre a proibida voz de falsete, entendida como uma
falsa entonao s vezes usada comicamente. A verdade que, de falso, o falsete
no tem nada. Ele mesmo a voz aguda, ou de cabea, dos homens.
As necessidades do canto erudito, que dependia dos sub-registros mais
poderosos, fizeram com que as cantoras se especializassem na voz de cabea ou
aguda e os cantores personificassem a voz de peito ou grave. Assim se estabeleceu
a noo equivocada de que a voz aguda, nos homens, no passa de uma imitao.
Uma falsa voz de mulher. Um falsete. A verdade que, em ambos os gneros, a voz
humana apresenta graves e agudos.
Mais aberto s caractersticas individuais dos intrprete, o canto popular tem
utilizado a voz de falsete muito mais, podendo-se encontrar exemplos tanto entre os
inmeros estilos regionais, quanto entre os maiores nomes da cultura de massa, tais
como Caetano Veloso, Ney Matogrosso, os Bee-Gees, Fredy Mercury, Prince e
tantos pelo mundo. Outro cantor que rompeu as regras ao utilizar amplamente o
falsete, mesmo dentro de padres eruditos, Edson Cordeiro.
Vale ressaltar, tambm, que o uso do falsete nos primeiros estgios das
vocalizes altamente benfico. Desse modo, o exerccio tem incio com a execuo
de um som mais relaxado.
A classificao vocal
Na classificao tradicional h trs vozes femininas (soprano, mezzo-soprano
e contralto) e trs masculinas (tenor, bartono e baixo). As vozes masculinas so
relativamente iguais s femininas, embora uma oitava embaixo.
Para uma classificao precisa, as oitavas utilizadas so numeradas a partir da
primeira nota na qual, geralmente, possvel emitir voz cantada. Como o parmetro
utilizado a escala de D, ser a partir dessa nota que se definir a ordem.
Em conseqncia, o D central e todas as notas seguintes at o prximo D,
so chamadas de terceira escala, sendo as notas denominadas de D 3, R 3, Mi 3
e assim por diante.

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Classificao das oitavas:

OS REGISTROS VOCAIS
Registros femininos
Soprano:
Trata-se da mais aguda das vozes femininas. A maioria das mulheres
apresenta este registro, uma vez que as laringes femininas tm facilidade para cantar
no registro de cabea. Como j foi explicado, a melhor maneira de classificar um
registro escutando a qualidade da voz: se a voz feminina soar aguda, soprano.
A extenso do registro soprano aproximadamente de um D-3 a um D-5. O
registro de soprano pode se dividir em trs.
Soprano Ligeiro ou leve:
Diz-se da cantora soprano que tem a voz leve e gil, com facilidade para os
registros agudos, e capaz de passar para a voz de cabea rpida e facilmente.
Soprano Lrico:
Uma cantora soprano dotada de ampla regio mdia, com agudos fortes e
brilhantes.
Soprano Dramtico:
Trata-se de uma cantora soprano com sonoridade obscura, soando quase
como uma mezzo-soprano. Tem facilidade para estender o registro de peito.
Mezzo-soprano:

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Esta a voz feminina intermediria. Com grande capacidade de extenso,


possibilita cantora atingir notas tanto de soprano, quanto de contralto. A
classificao simples: quando aguda, soprano, quando grave, mais ainda
feminina, mezzo-soprano. A extenso do registro mezzo-soprano
aproximadamente de um L-2 a um L-4.
Contralto:
A voz feminina mais grave est em vias de extino. A tendncia aos agudos
e a competio sonora na agitada e barulhenta vida moderna, tem forado as vozes
cada vez mais para o agudo. Devido falta de contraltos, encontramos hoje muitas
mezzo-sopranos classificadas erroneamente. No se enganem: uma voz de contralto
sempre parecer masculina. A extenso do registro contralto aproximadamente de
um F-2 a um F-4.
Registros masculinos
Tenor:
Trata-se da voz masculina mais aguda Como na voz das mulheres, tambm
se divide em tenor ligeiro, lrico e dramtico. A extenso do registro tenor localiza-se
aproximadamente uma oitava abaixo do soprano.
Tenor ligeiro ou leve:
o tenor com mais facilidade para agudos, para utilizar sua voz de cabea,
ou falsete.
Tenor lrico:
Como no caso da voz soprano-lrica, este registro ganha fora na voz mdia,
possuindo mais potncia que o tenor leve.
Tenor dramtico:
Chamam-se assim os tenores com mais facilidade para os graves, dotados de
voz mais firme que flexvel. O som profundo pode confundi-los com bartonos.
Bartono:
a voz intermediria dos homens, profunda e com facilidade na regio

mdia.
A extenso do registro bartono localiza-se aproximadamente uma oitava abaixo do
mezzo-soprano.

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Baixo:
A voz mais rara entre os homens, atinge tons extremamente graves. A
extenso do registro baixo localiza-se aproximadamente uma oitava abaixo do
contralto.
Contra-tenor:
Trata-se de uma voz masculina marcadamente aguda e com muita extenso
de falsete.

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COMO TRABALHAR EM CASA


A parte mais importante do desenvolvimento vocal o trabalho dirio. No
adianta apenas freqentar as aulas, os exerccios precisam ser incorporados.
Para tanto importante criar um espao agradvel, no qual cada exerccio possa ser
explorado e praticado. Sem presso, e sim cuidado e conscincia.
sempre til que se cultive uma prtica agradvel, divertida. Ouvir msica,
fazer auto-massagem, muitas coisas podem produzir um clima prazeroso, propcio
abordagem dos exerccios.
importante jamais atingir o ponto de saturao. Como estamos lidando
com repetio e memria mecnica, o ideal trabalharmos de 3 a 5 vezes dirias, em
sesses de 15 minutos, no mximo.
HIGIENE VOCAL
No adianta trabalhar nossa voz se no zelamos por sua sade. Uma voz
linda , em essncia, uma voz saudvel. Certos conhecimentos bsicos costumam
ajudar muito nesta questo:
1. Descanso: Precisamos dormir bem. Nada pior para a voz que falta de sono e
estresse.
2. Voz falada: Falar muito, e alto, cansa nossas pregas vocais. importante comear
a ter conscincia de nossa voz, a cada momento, para no abusar dela sem
necessidade.
3. Temperatura: Antes de ser exercitada, a voz deve ser aquecida, como a uma
musculatura. Faz mal tomar ou comer gelado durante o trabalho vocal. Tambm
importante alongar o pescoo e proteger a garganta nos dias frios. Vale ressaltar
que qualquer temperatura extrema altera nossas pregas vocais.
4. Alimentao: Aqui os conselhos so inmeros. No comer pesado antes de um
show. Estar sempre bem alimentado. Tomar muita gua (trs a cinco litros por
dia). Observar o xixi, que deve estar sempre transparente. Caf e chocolate
irritam, melhor no consumir antes e durante o trabalho vocal. Lacticnios
produzem um forte pigarro, sempre til suspend-los da dieta, dias antes de
cantar ou fazer esforo vocal.
5. Vestimenta: Para cantar bom estar com roupa cmoda. importante que a
barriga no esteja apertada, isso desestimularia a respirao fisiolgica.
6. Atividade fsica: Atividades fsicas mantm o corpo saudvel e flexvel. De
qualquer jeito, importante cuidar para no tencionar a musculatura das costas,
pescoo e ombros, acompanhando sempre os exerccios com uma boa srie de
alongamento.

20

7. Cigarro: Faz mal de maneiras diferentes, tanto em curto quanto em longo prazo.
A fumaa irrita a laringe, estressando e estimulando a produo de muco. Seu
calor, como qualquer temperatura extrema, no bom para as pregas vocais.
Com o tempo, a nicotina e outros sedimentos do cigarro se depositam nas pregas
vocais, que ficam pesadas, sem a agilidade necessria ao canto.
8. lcool: Tambm no bom para cantar. Apesar do que muitos acreditam, mesmo
sendo muito utilizada para soltar o cantor tmido, a bebida afeta o tnus das
pregas vocais. Tambm anestesia a laringe, levando o cantor a abusar da
musculatura por falta de sensibilidade.
9. Drogas: Em geral elas no so boas para a fisiologia envolvida no canto. A
fumaa quente danifica nossas pregas vocais, e as drogas qumicas produzem
estresse e adormecem a laringe.
10. Hormnios: Os hormnios esto muito ligados a nossa laringe, por isso as
mulheres devem saber que as pregas vocais se sensibilizam demais nos perodos
de menstruao, especialmente na fase da TPM. Nesses perodos aconselhado
evitar grandes esforos vocais.

21

Canto Popular
Nvel Bsico I
APOSTILA PRTICA
Professora Valria Klay

Centro de Educao Profissional


Escola de Msica de Braslia
Secretaria de Educao de Estado
Governo do Distrito Federal

22

OBJETIVOS DO NVEL BSICO DE CANTO POPULAR:


- Incorporar o hbito de trabalho dirio.
- Conhecer a anatomia dos aparelhos respiratrio, fonador e ressonador;
- Limpar possveis vcios; Incorporar a mecnica dos movimentos;
- Utilizar a respirao dinmica; Controlar a coluna de ar;
- Centralizar, afirmar e unificar a voz; Desenvolver ouvido tonal.

Programa do Nvel Bsico I


Objetivos: Conhecer e preparar os mecanismos da tcnica vocal.
Requisitos: Ser admitido em Canto Popular; Laringoscopia com laudo;
Conscincia Corporal:
- Desenvolver tcnicas de relaxamento e alongamento do corpo, pescoo,
rosto, boca e laringe; Desenvolver uma postura adequada ao canto;
- Fisiologia: Conhecer anatomia e cuidado do aparelho fonador; Conscientizar
a existncia de possveis patologias e vcios;
Respirao:
- Conhecer o aparelho respiratrio; Controlar a respirao abdominal e o
apoio abdominal simples (fisiolgico); Conhecer e controlar a coluna de ar;
Desenvolvimento vocal:
- Fonao: Aprender a cantar com aduo das pregas vogais; Reconhecer o
golpe de glote;
- Colocao larngea: deixar a laringe neutra (solta e centrada);
- Ressonncia: Focalizar o som nos ressonadores centrais do rosto: fossas
nasais, seios da face, palato;
- Articulao: Trabalhar o relaxamento e movimento dos articuladores: lngua,
lbios, orbiculares, masseter;
- Sons e slabas:
Consoantes nasais: Mmm... Nnn... NH... etc., com uso exclusivo e
continuo;
Vogais: U I A, com uso contnuo: (atacando sempre com U);
23

- Registro: Uma oitava a partir da nota mais grave facilmente timbrada; voz de
peito suave e centrada; explorao da voz de cabea (chamada de falsette no
homem);
Interpretao:
- Dinmica: Muito suave; ligado; deslizado; som regular; movimentos
ascendentes, descendentes e retos;
- Estilo: Conscientizar e limpar vcios; Aprender a fazer som central, limpo e
claro.
- Repertrio: uma pea simples.
Teoria Musical:
Percepo auditiva:
- Reconhecimento de centro tonal;
- Escala diatnica de Do maior (Arpejos e teras da escala maior, Arpejo
maior; Grau conjunto).
- Intervalos harmnicos: 3M e 6M
Ritmo:
- Andamento: lento.
- Figuras: mnima, semnima.
- Compasso: simples, 2/4 e 4/4

24

Exerccios do Nvel Bsico I


Conscincia Corporal
Assim como um esportista precisa alongar antes e depois da musculao, o cantor precisa
aquecer e desaquecer seu corpo e especialmente sua musculatura larngea com exerccios de
alongamento.
Quando o objetivo reeducar a musculatura, o relaxamento dela o que nos permite
assimilar novos movimentos a partir de um ponto zero. Segundo a fsica acstica, um corpo sonoro
tenso resiste em vibrar.
Exerccios Preparatrios:
Primeiro, necessrio saber preparar o corpo, fazer um relaxamento integral,
com alongamento, auto-massagem, espreguiar, movimentar suavemente as
articulaes etc. importante preparar adequadamente as musculaturas que sero
utilizadas, sempre com movimentos suaves. Vejamos alguns exemplos:
Coluna:
De p, flexionando um pouco os joelhos, deixar cair o trax para adiante,
soltar a cabea para que o peso dela alongue o pescoo. Respirar profundamente e
soltar o ar pela boca, repetidas vezes, sentindo que a tenso liberada a cada
expirao. Voltar a posio ereta lentamente, erguendo-se a partir do quadril,
deixando a cabea para o final.
Ombros:
Inspirar tencionando a regio dos ombros. Sustentar a teno e reter o ar. No
final, expirar buscando o mximo de relaxamento.
Pescoo:
Soltar a cabea e relaxar bem o pescoo. Fazer leves movimentos pendulares,
permitindo que o peso da cabea alongue o pescoo. Por ltimo, deixar a cabea
cair para trs, relaxando o pescoo e abrindo a boca. Acompanha com mais
movimentos pendulares.

25

Rosto:
importante aprender a deixar o rosto em branco, sem nenhuma tenso,
j que a musculatura do rosto ser muito utilizada. Para isso, til passar alguns
segundos tencionando-o muito e forando a lngua para fora. Com isso, aps o ato
de tenso, o relaxamento se acentua naturalmente.
Alongamento larngeo:
Como um complemento para o alongamento, muitos exerccios de
fonoaudiologia preparam nossa laringe para o canto. Alm do rosto e do pescoo,
aconselhvel dar ateno laringe, tomando a noz com a mo e mexendo-a
suavemente. Tanto para os lados, quanto de encima para abaixo.
Alguns Exemplos de Exerccios:
1. Bocejo Mudo - Tcnica de bocejar sem som, impedindo a ponta da lngua de recuar,
como ela faria naturalmente;
2. Sustinho Tragar o ar muito suavemente, com um pouquinho de som;
3. Flexo Vocal - Abrir e fechar a garganta (movendo as pregas vogais) muito
suavemente, sem respirar;
4. Navio - Soprar inflando as bochechas com som muito suave;
5. Careta Esticar a lngua para fora da boca, com fora, para depois relaxar;
6. Lbios de Peixe - Movimentar relaxadamente os orbiculares dos lbios, fazendo
uma articulao exagerada das vogais UAIUAI... sem som;
7. Careta com Lbios de Peixe (mastigado) - Fazer os ltimos dois movimentos (ou seja,
usar a lngua e orbiculares) simultaneamente, enquanto se conta, em voz suave, at
10;
8. Modulao Jota - Articular o som da letra J continuamente (JJJJJJJ...), enquanto
rpidas contraes abdominais acrescentam e diminuem a intensidade do som no
rosto;
9. Modulao Efev - Usar a articulao da letra F (FFFFF...) sem som, e ir
gradativamente transformando-a na letra V (VVV...), comeando ento o timbre
na vibrao dos dentes.

26

Postura correta:
Dentre as diferentes opes, a postura milenar de Tai Chi Chuan a que
melhor satisfaz as necessidades do cantor. Este precisa estar centrado no eixo da
coluna, com o quadril encaixado, construindo a base do equilbrio. As pernas
relaxadas, os joelhos flexveis, molas prontas para comear o movimento.

27

RESPIRAO
Antes de comear a trabalhar com qualquer tcnica de respirao sempre bom ter em
mente que:
- Nesta rea, qualquer exerccio precisa ser precedido de uma expirao total que esvazie os
pulmes do ar que j estiver l.
- O ar deve sempre entrar pelo nariz e sair pela boca, nesta ordem, a menos que o exerccio
especfico indique o contrrio.
- Nunca se faz uma respirao exagerada (at as clavculas). Excesso de ar mais prejudicial que
falta de ar.
- Nunca reter o ar entre inspirao e expirao. A idia imaginar o processo da respirao como
um movimento circular. Uma s ao, nica e contnua.
- Cada respirao formada de uma inspirao e uma expirao. No princpio, faa
sries curtas, de trs a cinco respiraes, sempre descansando entre elas. possvel
sentir falta de ar, pela dificuldade do crebro em reconhecer novas rotas de
absoro do oxignio, ou tonturas, devido oxigenao excessiva.
A Respirao Fisiolgica ou Respirao Abdominal Simples
H problemas no modo com que todos ns respiramos! Muitas
teorias
diferentes tentam explicar a causa disso. Umas apontam para uma evoluo
incompleta, onde o homem ainda no terminou de desenvolver o estar de p e
sofre com a nova postura. A culpa outras vezes recai sobre a vida moderna, veloz e
estressante. O tempo curto para tantas coisas, que, na pressa, at nosso flego se
habituou a deixar pela metade seu percurso natural.
Utilizada pelos outros animais, a respirao natural (chamada respirao
fisiolgica) s praticada por ns at a fase do engatinhar. Porm, mesmo aps
termos aprendido a andar, a respirao fisiolgica retorna automaticamente sempre
que abandonamos nosso corpo ao sono profundo. Re-educar nossa respirao para
funcionar corretamente, alm de ajudar no desenvolvimento da tcnica vocal,
construindo uma boa base para os exerccios mais avanados de respirao, tambm
devolve ao organismo seu funcionamento saudvel.
A respirao abdominal simples a primeira mudana de uma srie de
mecanismos que precisamos assimilar.

28

Descrio da Respirao Fisiolgica:


Nossos pulmes so como duas pirmides. Em sua base, o diafragma, semelhante a uma
plataforma elstica, consegue manipular o ar contido neles, como uma sanfona.
No modo como respiramos cotidianamente, o flego menor, chegando
somente at os pequenos vrtices das pirmides. O problema desta respirao
abreviada que ela diminui nossa capacidade pulmonar consideravelmente, alm
de nos fazer desperdiar a potncia do diafragma. Outro inconveniente que as
pregas vogais, em lugar de esperar relaxadamente pela coluna de ar para ento
vibrar, precisam se fechar, no tenso esforo de fre-lo.
Por outro lado, a respirao fisiolgica consiste em tomar ar suficiente para
encher a base dos pulmes, aproveitando o grande espao e o impulso do
diafragma, enquanto o trax fica vazio, tambm liberando as pregas vogais do
estresse de frear o ar.
O apoio abdominal simples:
Em qualquer tipo de apoio bom lembrar que este sempre avana
progressivamente no mesmo sentido, dosando a quantidade de ar. Alteraes na
fora acarretam quebra na coluna de ar. O diafragma, impulsionando o ar na base
dos pulmes, faz o apoio simples. Mas este um msculo que no sabe se mexer
sozinho. Para control-lo precisamos utilizar a musculatura abdominal baixa (a
mesma utilizada ao tossir).
Deitados, com um peso de um quilo ou dois na barriga, ou a fora das prprias mos,
podemos sentir os abdominais baixos, apertando o diafragma para dentro quando o ar sai, e
dilatando para fora, abrindo espao nos pulmes para a entrada do ar. Depois, podemos
conscientemente enviar o ar para a barriga, imaginando dentro dela um balo que enche com a
entrada do ar e esvazia com a sada.
importante aproveitar o peso na barriga ou as prprias mos para fazer
fora com a musculatura abdominal para fora no momento da inspirao, e
pressionar no momento da expirao, j que uma maneira eficiente de reconhecer
e comear a desenvolver o apoio diafragmtico, que logo estar operando apenas
com a fora da musculatura abdominal baixa.
preciso lembrar sempre de tomar apenas a quantidade de ar necessria para
encher o lugar que est sendo trabalhado (s mexer a barriga!). Nunca deixar a
respirao subir para a parte superior dos pulmes.

29

Os pontos de apoio da coluna de ar


A fora da respirao tem dois pontos de apoio: no seu comeo, com a
musculatura abdominal, e no final, quando essa fora bate no centro do rosto,
saindo pela boca, transformada em som.

30

Exerccios bsicos visando


abdominal com apoio simples:

desenvolvimento

da

respirao

- Srie de cinco respiraes sem timbre


Antes de cada exerccio em tempos preestabelecidos til se habituar
respirao que ser praticada, reconhecendo bem os movimentos a serem repetidos.
Utilizar quatro tempos para a inspirao e quatro para a expirao.
(Inspirao pelo nariz, expirao pela boca.) Manter a boca aberta durante a
expirao, com o rosto e a lngua relaxados. Identificar os dois pontos de apoio da
coluna de ar: a musculatura abdominal, e neste caso o cu da boca, onde se sentir
claramente o ar chegando em caso da boca no estar fechada ou o pescoo e a
laringe tensos.
- Srie de cinco respiraes sem timbre com contraes abdominais
Repetir o exerccio anterior incluindo trs batidas abdominais na expirao.
Para isso, a sada do ar se divide em trs vezes, sendo as primeiras duas em
stacatto, com um leve e seco golpe dos abdominais baixos, que logo relaxam para
bater novamente. Na terceira batida, o diafragma continua trabalhando at o final da
expirao.
- Srie de cinco respiraes com relaxamento da lngua
Repetir o primeiro exerccio em quanto se articula na sada de ar o som da
letra (ZZZZ) sem timbrar, mantendo a lngua relaxada, vibrando, contra os dentes.

31

Desenvolvimento Tcnico
Todos os exerccios de desenvolvimento tcnico tm uma introduo,
chamada Exerccio de base, com sries de respiraes e voz falada, para
desenvolver os mecanismos que a serem utilizados no vocalize.
Esses exerccios de base, junto aos de conscincia corporal e respirao,
devem integrar a rotina diria de trabalho do aluno, desenvolvendo e fixando o
trabalho em aula.
1. Exerccio de base: Timbre Nasal
Srie de cinco respiraes abdominais com timbre nasal
Utilizar quatro tempos para a inspirao e outros quatro para a expirao.
Escolher entre as consoantes nasais: MM...; NH...; NN...; GN.... Fazer o
som suave, leve e constante, se concentrando no seu foco, que devera se situar um
pouco embaixo do nariz, desenvolvendo os ressonadores centrais do rosto (nariz e
masseter). Utilizar apoio diafragmtico constante e progressivo.

32

1.2. Vocalize: Teras da Escala de D Maior


Em todos os exerccios de vocalize, deve-se utilizar os mesmos sons do
exerccio de base correspondente. A respirao pode ser feita de duas maneiras:
Respirao completa, esvaziando os pulmes de todo o ar antes de inspirar de
novo pelo nariz, e Respirao de auxlio, onde se faz uma rpida tomada pela
boca e nariz juntos, encima do ar que ainda tem nos pulmes. Esta ltima respirao
uma ajuda para chegar ao final da frase, e no precisa ser utilizada todas as vezes
que aparece na vocalize.
As vocalizes respeitam a amplitude de registro do programa, podendo ser
transpostas para corresponder tessitura especfica dos alunos.

33

2. Exerccio de base: Som Vibratrio com Sirene


Cinco respiraes abdominais com som vibratrio de sirene e movimento
Utilizar dois tempos para a inspirao e quatro tempos para a expirao.
Escolher entre os seguintes sons: TRR... e BRR....
O som deve ser como uma sirene, que sobe para o agudo e desce novamente.
Pode-se movimentar os orbiculares durante o trabalho com o som TRR....
Cuidar para o som sair muito suave, sem sustentar o agudo, sem afinar, sem
cantar. Utilizar mais de um registro, levemente, tratando de perceber o momento da
passagem para a voz de cabea.
Procure trabalhar de p, na posio de tai-chi-chuan, fazendo balanar os braos, para
frente e para trs. Os joelhos trabalham como molas, ajudando no vai-vem. Os braos se movem
como pndulos, no ritmo do som. As mos comeam atrs do corpo, na primeira nota, e vo at a
cima da cabea. Use o impulso de deslizar para adiante para ajudar na emisso do som mais
agudo.
Pratique o mesmo movimento na vocalize.

34

2.2. Vocalize: Acordes da Escala de D Maior

35

3. Exerccio de base: Vogais


Srie de cinco respiraes abdominais com vogais
Utilizar quatro tempos para a inspirao e oito tempos para a expirao.
O exerccio desenvolve duas possibilidades com vogais diferentes: i-i... ou
a-a....
Sempre acentuar a articulao da vogal U, utilizando os orbiculares, e relaxar
totalmente rosto e boca nas outras vogais.
Trabalhar a diferencia da I, vogal posterior e fechada, com a letra A,
vogal anterior e aberta, sempre comeando com o foco nos ressonadores centrais
do rosto da letra U, para depois passar lentamente outra vogal sem perder esse
foco.
Utilizar apoio diafragmtico constante e progressivo.
3.2. Vocalize: Escala de D Maior, Graus e Cadncias

36

4. Exerccio de base: Vogais com Som de Sirene


falado

Srie de cinco respiraes abdominais com movimento e som de sirene

Utilizar dois tempos para a inspirao e quatro tempos para a expirao.


Escolher entre as seguintes possibilidades: U U U; UA A A;
UI I I; UA U A; UI U I; U I U; U A U.
O som deve ser como uma sirene, que sobe para o agudo na segunda letra,
para descer novamente na terceira. Cuidar para o som sair muito suave, sem
sustentar o agudo, sem afinar, sem cantar. Utilizar mais de um registro, muito leve,
tratando de perceber o momento da passagem para a voz de cabea.
Procure fazer o mesmo movimento do exerccio 2. Pratique-o tambm na vocalize.

4.2. Vocalize: Intervalos Harmnicos, 3M e 6M

37

5. Exerccio de base: Teoria Musical


Percepo auditiva: trabalho com a tbua
Todos os trabalhos de percepo auditiva sero desenvolvidos atravs de
uma adaptao do mtodo de d mvel.
Para isso, cria-se uma tbua com os nveis da escala a ser trabalhada,
utilizando este apoio visual para ajudar a memria auditiva.
Nessa tbua podemos acomodar claramente o sistema tonal, com um
semitom por pauta e nomes especiais de duas letras para as doze notas,
transformando os finais dos nomes originais com uma vogal I, para os sustenidos,
e E para bemis. (Para evitar inconvenientes, a nota Si se transforma em Ti,
Sol em S, e Re b em R).
Como nas teclas do piano, utilizamos a escala de Do Maior como referencia.
Tbua:

b/#
D
Ti
Te /li
L
Le / Si
S
Se / Fi
F
Mi
Me / Ri
R
Ra / Di
D
38

Intervalos:
A distncia medida entre duas notas se chama intervalo. Os intervalos so
medidos com tons e semitons (meio tom). Um semitom o menor intervalo usado
na msica ocidental. Para medir o intervalo pulamos por notas conjuntas.
A quantidade de pulos vai definir o intervalo. Os pulos entre notas para medir
intervalos se fazem sempre entre os sete nomes das notas, sempre na mesma ordem,
sem saltear ou repetir.
Como a seguir:
Do Re MI Fa Sol La Si : Do Re: Intervalo de Segunda
1
2
Do Re MI Fa Sol La Si : Do Mi: Intervalo de tera
1
2
3
Do Re MI Fa Sol La Si : Re La: Intervalo de quinta
1
2 3 4
5
Do Re MI Fa Sol La Si : Fa Sol: Intervalo de Segunda
1
2
Do Re MI Fa Sol La Si : Mi La: Intervalo de quarta
1
2 3
4
As notas se repetem na mesma ordem, infinitamente, tanto para os agudos
quanto para os graves. Um intervalo de oitava a mesma nota numa freqncia
mais aguda ou mais grave Ele contm em si as sete notas conhecidas:
Do Re MI Fa Sol La Si Do : Intervalo de oitava
1
2 3 4
5 6 7 8
Do Re MI Fa Sol La Si Do Re : Intervalo de oitava
1
2 3
4 5 6 7 8
Classificao dos Intervalos:
Existem diferentes tipos de intervalos. Uma Segunda, por exemplo, pode ser
maior (2M), menor (2m), aumentada (2+) ou diminuta (2). Esta apostila trabalhar
apenas com os intervalos maiores, menores e justos.
Para fazer esta classificao voltamos a tomar a escala de D Maior Tpica
como referencia.
Usamos D central como eixo, e contamos uma Segunda para
cima e outra para baixo:

39

Como comprovamos, a Segunda formada para cima de D maior que a


formada para baixo de D. Chamamos a maior Segunda ( D - R ) de Maior: 2M,
e menor ( D - Si ) de menor: 2m.
Toda 2M mede um tom ou dois semitons. Toda 2m mede meio tom ou um
semitom. Isto serve para todos os intervalos de Segunda.
Para classificar uma Tera voltamos a tomar a escala de D como referencia,
partimos de D, medimos e comparamos os dois intervalos:

Sendo diferentes, as teras so: 3M e 3m. Quando comparamos as quartas do


mesmo jeito, descobrimos que elas so iguais. Por isso no existem quartas maiores
ou menores. Chamamos essas quartas de Justas: 4J. Com as quintas acontece a
mesma coisa: a partir de D central ganhamos duas quintas justas: 5J. Comparando
as duas sextas sabemos que a de cima maior, e outra menor: 6M e 6m. As duas
stimas tambm so diferentes: 7M e 7m, enquanto as duas oitavas so iguais: 8J
Intervalos Harmnicos: 6M e 3M
Numa classificao mais informal, na qual utilizamos como referncia a
sonoridade, podemos dividir todos os intervalos em trs grupos: os Intervalos
Harmnicos (Sextas e Ters), os Intervalos Justos (Quintas, Quartas e Oitavas) e
intervalos tensos (Stimas e Segundas).
Os Intervalos Harmnicos so os que tm mais afinidade entre suas duas
notas, sendo por isso pilares da harmonia ocidental. No Nvel Bsico I so
utilizados os intervalos harmnicos estudados (3M e 6M.)
Podemos reconhecer a 3M no comeo da msica Obladi, oblada, do grupo
The Beatles. A 6M pode ser facilmente reconhecida no comeo da msica
Aquarela do Brasil.

40

Os intervalos maiores so, se comparados com os menores, mais alegres e


firmes. Sempre os encontramos na escala de D Maior ascendente, enquanto os
mesmos se transformam em menores na escala maior descendente.
Podemos reconhec-los e cant-los na tbua:
b/#
D
Ti
(Te /li)
L: 6M
(Le / Si)
S
(Se / Fi)
F
Mi: 3M
(Me / Ri)
R
(Ra / Di)
D

A Escala de Do Maior:
Uma escala um conjunto de notas unidas por um centro tonal.
Este centro tonal pode ser entendido como uma nota-mestre, que atrai s demais,
criando uma tenso que perdura at que se volta a ouvi-la.
A estrutura da escala maior irregular, conseguindo desse modo a tenso
necessria para resolver em tnica (ou seja, o cetro tonal da escala, ou outras notas
que cumpram a mesma funo).
Na escala maior a tenso criada por duas notas, chamadas de sensveis,
que so o stimo grau (Ti, em Do Maior), que puxado para resolver no D
superior, ficando s a um semitom de distncia dele, e o quarto grau (F na escala de

41

Do Maior), que puxado pelo terceiro grau, que tambm fica s a um semitom de
distncia.
O terceiro grau cumpre a funo de tnica (repouso), junto ao primeiro grau,
dando o modo da escala.
Esses dois sensveis, posicionados nos nicos dois intervalos de semitom da
escala, formam o famoso Tri-tom (trs tons), a grande tenso da escala maior, que
cumpre a funo harmnica de Dominante.
Todas as escalas maiores tm a mesma estrutura de tons e semitons.
Por conveno, utilizamos a escala de Do maior como referencia.
Desenvolvimento:
- Antes de todos os exerccios com escalas, recomenda-se brincar com a tbua, apontando diferentes
graus para seguir com a vista e cantar.
O primeiro exerccio com a tbua ser cantar a escala de D Maior, em
quanto se sobe e desce com a vista pela tbua. Prestar especial ateno na passagem
das notas sensveis, e a resoluo nas tnicas, utilizando dois tempos para cada nota.
A voz deve soar suave e com uma articulao clara (no se deve esquecer de
abrir a boca para as notas mais agudas). A respirao deve ser abdominal,
precisando se fazer uma boa inspirao no comeo (depois de esvaziar os pulmes),
e uma tomada de auxilio na metade.
Escala de D Maior na Tbua:
b/#
D
Ti
(Te /li)
L
(Le / Si)
S
(Se / Fi)
F
Mi
(Me / Ri)
R
(Ra / Di)
D

42

Exemplo na pauta:

5. Vocalize: Escala de D Maior e suas Trades


A vocalize que acompanha o exerccio de percepo auditiva pode ser feito com qualquer dos sons
deste nvel ou os nomes das notas.

43

Canto Popular
Nvel Bsico II
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44

Programa do Nvel Bsico II

Objetivo: Corrigir possveis vcios. Melhorar os mecanismos da tcnica vocal.


Requisitos: Aprovar Bsico I.
Conscincia Corporal:
- Incorporar tcnicas de relaxamento e alongamento do corpo, pescoo, rosto,
boca e laringe; Incorporar uma postura adequada ao canto;
- Fisiologia: Corrigir possveis vcios e patologias;
Respirao:
- Controlar e administrar a coluna de ar; Controlar a respirao intercostal
baixa e o apoio intercostal simples;
Desenvolvimento vocal:
- Fonao: Cantar com aduo das pregas vogais; suavizar o golpe de glotes;
- Colocao larngea: Trabalhar com a laringe neutra; Identificar o movimento
larngeo; explorar a elevao relaxada da laringe;
- Ressonncia: Utilizar os ressonadores centrais do rosto;
- Articulao: Controlar o relaxamento e movimento dos articuladores: lngua,
lbios, palato, orbiculares; massetter.
- Sons e slabas:
Consoantes nasais: Mmm... Nnn... NH... etc., com uso exclusivo e
continuo;
- Vogais: U I A, com uso contnuo: (atacando sempre com U);
- Slabas com ataque de consoantes nasais: Maa..., Nhaa..., etc.
- Registro: Uma oitava a partir da nota mais grave com colocao larngea
neutra; voz de peito suave e centrada; Aprofundar a explorao da voz de
cabea; Descobrir e explorar a passagem principal (peito-cabea)

45

Interpretao:
- Dinmica: Som regular; Muito suave; Suave; Ligado; Deslizando;
- Estilo: Voz livre de vcios; som e estilo central, limpo e claro.
- Repertrio: uma pea simples.
Teoria Musical:
Percepo auditiva:
- Escala de Do Menor Natural e Harmnica (Arpejos e teras da escala
menor; Arpejo menor).
- Intervalos harmnicos: 3m e 6m
Ritmo:
- Andamento: Andante
- Figuras: Mnima, Semnima,
- Compasso: Simples, 2/4 e 4/4

46

Exerccios do Nvel Bsico II


Conscincia Corporal
Os exerccios de conscincia corporal podem ser os mesmos durante o nvel bsico completo,
ficando aberta, para o professor ou fonoaudilogo, a possibilidade de acrescentar qualquer exerccio
que ache necessrio.
O importante nunca esquecer de aquecer e alongar tanto o corpo como o aparelho fonador
antes da prtica vocal, e cuidar da postura e do relaxamento.
Os cuidados bsicos de conscincia corporal se encontram no comeo da Apostila Prtica do
Nvel Bsico I.

47

RESPIRAO
Respirao intercostal-baixa com apoio simples (reconhecimento e
desenvolvimento):
Quando o ar entra nos pulmes, estes se dilatam. Desenvolvendo a musculatura intercostal
e abrindo as costelas flutuantes, podemos adquirir mais capacidade pulmonar e ajudar o diafragma
com o apoio.
A respirao intercostal ocupa os pulmes inteiros, sendo dividida em baixa, mdia e
alta. A princpio, trabalha-se somente a parte baixa dos pulmes. Na respirao intercostal, o ar
entra de uma vez, mas no que diz respeito ao desenvolvimento do mecanismo, dividimos o
movimento do ar em trs tempos, ou superfcies: Respirao Intercostal Anterior, Respirao
Intercostal Media e Respirao Intercostal Posterior.
Recomenda-se tocar a superfcie a ser trabalhada com as mos, buscando
uma prtica mais consciente com um desenvolvimento maior.

48

Apoio intercostal-simples:
Durante o exerccio de apoio intercostal simples, as costelas se contraem ao
longo da expirao. Essa contrao pode receber, especialmente, uma dose a mais
de fora, no final do movimento, atravs da musculatura intercostal. Tal
procedimento deve ser aplicado aos diferentes tipos de respirao intercostal com
apoio simples.

Respirao intercostal-baixa-anterior:
Para localizar esta respirao, basta apoiarmos nossas mos na boca do
estmago, no oco triangular que as costelas flutuantes deixam livre. Ento, inspirase, imaginando que o ar se dirige direto s mos, pousadas sobre o ventre,
empurrando-as. Tentar vrias vezes at reconhecer e estimular o lugar.
Uma vez reconhecido, fazer uma srie de trs respiraes, com quatro
tempos para inspirar pelo nariz e outros quatro para soltar o ar fazendo ZZZZ.
Respirao intercostal-baixa-media:
Apoiar as mos ao corpo, acima da cintura, sobre as costelas flutuantes.
Espirar imaginando que o ar invade o corpo em direo s mos, empurrando-as.
Tentar seguidamente, at reconhecer e estimular o lugar correto. Trata-se do ponto
de maior movimento. Desenvolve-se melhor a musculatura intercostal, fazendo
fora para as costelas abrirem, na inspirao, e para fecharem, na expirao.
Uma vez reconhecido o lugar, fazer uma serie de trs respiraes, com
quatro tempos para inspirar pelo nariz e outros quatro para soltar o ar fazendo
ZZZZ.

49

Respirao intercostal-baixa-posterior:
Apoiar as mos nas costas, no lugar onde as costelas flutuantes se ligam
coluna. Puxar o ar imaginando que ele se dirige direto s mos, empurrando-as.
Provar vrias vezes at reconhecer e estimular o lugar. Dos trs pontos, este o
com menor movimento, uma vez que as costelas esto presas.
Com o lugar devidamente reconhecido, fazer uma srie de trs respiraes,
com quatro tempos para inspirar pelo nariz e outros quatro para soltar o ar fazendo
ZZZZ.
Respirao intercostal-baixa-completa
Nesta respirao, o flego completo deve ser tomado em trs parcelas.
Primeiro no intercostal anterior, com a ajuda das mos. Tome um pouco de ar e
retenha a respirao. Em seguida, apie as mos no intercostal mdio e inspire mais
um pouco. Retenha. Depois apie as mos no intercostal posterior e complete a
inspirao.
Solte um pouco de ar no intercostal posterior, outro no intercostal mdio,
terminando de esvaziar no intercostal anterior. Acompanhe com as mos cada um
dos pontos anatmicos trabalhados. Repita o procedimento trs vezes.
Os pontos de apoio da respirao intercostal:
Na respirao intercostal, o primeiro ponto de apoio se translada da
musculatura abdominal para as costelas flutuantes, j que nelas que a fora feita.
Exerccio: Cinco respiraes intercostais sem timbre
A partir desse exerccio, no mais necessrio preocupar-se com os trs
lugares da respirao intercostal-baixa. Eles j foram estimulados.
Agora basta pr as mos no intercostal-baixo-mdio e ajudar as costelas a se
abrirem, contraindo a musculatura intercostal. No caso de dificuldades para sentir
essa respirao, recomenda-se deitar de lado, botando a mo nas costelas que
ficaram voltadas para cima. Tambm se pode trabalhar com um elstico groso ao
redor das costelas flutuantes, para liberar as mos.
Utilize quatro tempos na inspirao e oito na expirao. Trabalhe com o som
ZZZZ (sem timbrar), mantendo a lngua relaxada, vibrando entre os dentes.

50

DESENVOLVIMENTO TCNICO
Todos os exerccios de desenvolvimento tcnico tm uma introduo,
chamada Exerccio de base, com sries de respiraes e voz falada, para
desenvolver os mecanismos que a serem utilizados no vocalize.
Esses exerccios de base, junto aos de conscincia corporal e respirao,
devem integrar a rotina diria de trabalho do aluno, desenvolvendo e fixando o
trabalho em aula.
1. Exerccio de base: Timbre Nasal
Srie de cinco respiraes intercostais com timbre nasal
Utilize quatro tempos para a inspirao e oito tempos para a expirao.
Escolha o som a ser emitido entre as consoantes nasais: MM...; NH...; NN...;
GN.... Faa-o com suavidade, de forma leve e constante, concentrando seu foco
nos ressonadores centrais do rosto.
Trabalhe com a respirao intercostal-baixa com apoio simples, constante e
progressivo.

51

1.2. Vocalize: Teras da Escala de D Menor Natural


Em todos os exerccios de vocalize, deve-se utilizar os mesmos sons do
exerccio de base correspondente. A respirao pode ser feita de duas maneiras:
Respirao completa, esvaziando os pulmes de todo o ar antes de inspirar de
novo pelo nariz, e Respirao de auxlio, onde se faz uma rpida tomada pela
boca e nariz juntos, encima do ar que ainda tem nos pulmes. Esta ltima respirao
uma ajuda para chegar ao final da frase, e no precisa ser utilizada todas as vezes
que aparece na vocalize. As vocalizes respeitam a amplitude de registro do
programa, podendo ser transpostas para corresponder tessitura especfica dos
alunos.

52

2. Exerccio de base: Som Vibratrio com Sirene


Cinco respiraes intercostais com som de sirene e movimento
Utilize dois tempos para a inspirao e quatro para a expirao. Escolha entre
as seguintes possibilidades: TRR...; BRR.... O som deve ser emitido como uma
sirene, que sobe para o agudo e depois volta para onde estava. Movimente os
orbiculares durante o trabalho com o som TRR.... Trate de que o som saia muito
suave, sem sustentar o agudo, sem afinar, sem cantar.
Utilize mais de um registro, muito leve, buscando perceber o momento exato
da passagem para a voz de cabea.
Procure trabalhar de p, na posio de tai-chi-chuan, fazendo balanar os braos, para
frente e para trs. Os joelhos trabalham como molas, ajudando no vai-vem. Os braos se movem
como pndulos, no ritmo do som. As mos comeam atrs do corpo, na primeira nota, e vo at a
cima da cabea. Use o impulso de deslizar para adiante para ajudar na emisso do som mais
agudo.
Pratique o mesmo movimento na vocalize.

53

2.2. Vocalize: Acordes da Escala de D Menor Natural

54

3. Exerccio de base: Vogais


Srie de cinco respiraes intercostais com som e movimento
Dois tempos para a inspirao e quatro para a sada do som, falando a
seqncia de vogais do exerccio. Escolha dentre estes dois grupos: UIA e U
AI. O som deve ser leve e constante, posicionado nos ressonadores centrais do
rosto. Utilize respirao intercostal-baixa com apoio simples, constante e
progressivo.
Procure trabalhar de p, na posio de tai-chi-chuan, descendo o quadril e
dobrando joelhos, quando estiver emitindo o som, e subindo quando estiver
inspirando.
Pratique o mesmo movimento na vocalize.

3.2. Vocalize: Escalas de D Menor Natural e Harmnico

55

4. Exerccio de base: Slabas com Consoante e Vogal


Srie de cinco respiraes
Utilize dois tempos para a inspirao e quatro tempos para a expirao com
som. Escolha primeiro uma consoante e depois uma vogal de cada grupo a seguir
para formar as slabas (consoantes: MM...; NH...; NN...; GN.... Vogais:
U, A, I.)
O som deve ser leve e constante, se posicionando sempre nos ressonadores
centrais do rosto. Utilizar respirao intercostal-baixa com apoio simples, constante
e progressivo.
Procure fazer o mesmo movimento do exerccio 2. Pratique-o tambm na
vocalize.

56

4.2. Vocalize: Intervalos Harmnicos, 3m e 6m

57

5. Exerccio de base: Teoria Musical


Percepo auditiva: Intervalos Harmnicos, 3m e 6m
Os Intervalos harmnicos so os que possuem maior afinidade entre suas
duas notas, sendo, por tanto, os pilares da harmonia ocidental.
No Nvel Bsico II so estudados os intervalos harmnicos 3m e 6m. A
Sexta menor descendente utilizada no comeo da msica Loves Story, e a Tera
menor no comeo do tango argentino Caminito.
Os intervalos menores soam, se comparados com os maiores, mais tristes e
romnticos. Sempre so encontrados na escala de D maior descendente.
Podemos reconhec-los na tbua, descendendo desde o d agudo:
Exemplo na tbua:
b/#
D
Ti
(Te /li)
L: 3m
(Le / Si)
S
(Se / Fi)
F
Mi: 6m
(Me / Ri)
R
(Ra / Di)
D

58

A Escala Menor Natural:


Se tomarmos as notas da Escala Maior, sem alterar a ordem ou os intervalos,
e trocarmos somente o centro tonal, comeando no sexto grau, descobrimos a
Escala Menor Natural.
Esta escala, ento, a filha da escala maior, razo pela qual chamada de
relativa. (Exemplo: a Escala de L menor Natural relativa de Do Maior). Todas
as escalas se dividem em dois grandes grupos: maiores e menores. Quando o
terceiro grau maior, a escala maior. Com o terceiro grau menor, como nessa
nova estrutura, a escala menor. A Escala Menor Natural no tem sensvel no
stimo grau, eliminando a dominante. Esta escala, ento, tem centro tonal, embora
no tenha tenso dominante. Por isso pertence ao grupo das escalas Modais, em
vez de Tonais.
Para o estudo da nova estrutura, acomodaremos a Escala Menor Natural a
partir do centro tonal D. Comparando-as, podemos afirmar que a Escala Menor
Natural igual Escala Maior com o terceiro, sexto e stimo graus descendidos.
Do menor Natural:
b/#
D
(Ti)
Te /(li)
(L)
Le / (Si)
S
(Se / Fi)
F
(Mi)
Me / (Ri)
R
(Ra / Di)
D

59

A Escala Menor Harmnica:


A Escala Menor Natural foi utilizada por muito tempo, quando a msica
ocidental ainda era polifnica, contando com um grande desenvolvimento de escalas
diferentes (as outras escalas, filhas da maior, os modos gregorianos).
Mas com o descobrimento da harmonia, e em conseqncia das funes
harmnicas, os compositores comearam a precisar de uma escala menor com
sensvel. Respondendo a isso, surgiu a primeira escala alterada da historia, a Escala
Menor Harmnica, que a mesma escala Menor natural, com o stimo grau
ascendido, caso seja transformada novamente em sensvel.
Podemos afirmar que: 1.) a Escala Menor Harmnica igual Escala Menor
Natural, com o stimo grau ascendido; e 2.) a Escala Menor Harmnica igual
Escala Maior, com o terceiro e sexto graus descendidos.
Do menor Harmnica:
b/#
D
Ti
(Te) /(li)
(L)
Le / (Si)
S
(Se / Fi)
F
(Mi)
Me / (Ri)
R
(Ra / Di)
D

60

Desenvolvimento:
O segundo exerccio com a tbua ser cantar as escalas de D Menor Natural
e Harmnica, enquanto se sobe e desce com a vista pelas pautas. Utilize, no
comeo, uma mnima para cada nota, dobrando para uma semnima depois.
No principio, trabalhe com cada escala por separado, para depois misturar as
duas. A voz deve estar suave, com uma articulao clara (no esquea de abrir
adequadamente a boca nas notas mais agudas). A respirao deve ser intercostalbaixa com apoio simples. Uma boa inspirao, no comeo, servir para toda a
ascenso pela escala, descartando a respirao de auxilio. O mesmo na descida.
5.2. Vocalize: Escalas de D Menor Natural e Harmnico

61

Canto Popular
Nvel Bsico III
APOSTILA PRTICA
Professora Valria Klay

Centro de Educao Profissional


Escola de Msica de Braslia
Secretaria de Educao de Estado
Governo do Distrito Federal

62

Programa do Nvel Bsico III


Objetivo: Desenvolver conhecimento a prtica.
Requisitos: Aprovar Bsico II.
Conscincia Corporal:
- Utilizar tcnicas de relaxamento e alongamento do corpo, pescoo, rosto,
boca e laringe; Utilizar uma postura adequada ao canto;
- Fisiologia: Voz saudvel e limpa; Naturalizar a mecnica dos movimentos.
Respirao:
- Dominar e administrar a coluna de ar; Controlar a respirao abdominal e
intercostal baixa complexas;
Desenvolvimento vocal:
- Fonao: Cantar com aduo das pregas vogais; Suavizar o golpe de glote;
- Colocao larngea: Trabalhar com a laringe neutra; Trabalhar com a
elevao relaxada da laringe;
- Ressonncia: Explorao da projeo nos ressonadores centrais do rosto.
- Articulao: Executar relaxadamente o movimento dos articuladores: lngua,
lbios, orbiculares, massatter, palato.
- Sons e slabas:
- Consoantes nasais: Mmm... Nnn... NH... etc., com uso exclusivo e
continuo;
- Todas as vogais;
- Slabas compostas com consoantes fricativas no final: Mimm..., Romm...,
Liamm..., Jom, Tom, etc.
- Slabas com ataque de consonantes nasais, com vogais compostas: Maai...,
Nhaai..., Mua, Mini, etc.
- Registro: Uma dcima a partir da nota mais grave com a laringe neutra;
Resolver a passagem principal (peito-cabea), respeitando a primeira
colocao natural (especialmente nos homens).

63

Interpretao:
- Dinmica: Som regular; Muito suave; Suave; Ligado; Deslizando;
- Estilo: Som central, limpo e claro.
- Repertorio: duas peas simples. Utilizar amplificao da voz
Teoria Musical:
Percepo auditiva:
- Escala pentatnica maior.
- Intervalos justos: 4J, 5J, 8J.
- Forma.
- Cadencia maior.
Ritmo:
- Andamento: Andante
- Figuras: Mnima, Semnima, Colcheia.
- Compasso: Simples, 2/4, 4/4 e 3/4.

64

Exerccios do Nvel Bsico III


Conscincia Corporal
Os exerccios de conscincia corporal podem ser os mesmos durante o nvel bsico completo,
ficando aberta, para o professor ou fonoaudilogo, a possibilidade de acrescentar qualquer exerccio
que ache necessrio.
O importante nunca esquecer de aquecer e alongar tanto o corpo como o aparelho fonador
antes da prtica vocal, e cuidar da postura e do relaxamento.
Os cuidados bsicos de conscincia corporal se encontram no comeo da Apostila Prtica do
Nvel Bsico I.

65

RESPIRAO
Apoio Complexo abdominal e intercostal (reconhecimento e
desenvolvimento)
Apoio Complexo:
O apoio simples, utilizado at agora nas respiraes abdominal e intercostalbaixa, nosso apoio fisiolgico. Ele funciona muito bem na fala e no registro de
peito, mais se o objetivo desenvolver todo o registro do cantor, subindo na voz de
cabea, ser necessrio outro tipo de apoio mais desenvolvido.
Nas notas agudas, precisamos mais presso de ar. Para isso foi feito este
novo apoio, no qual a musculatura abdominal faz presso para fora em vez de o
contrrio, invertendo o sentido da fora.
Este apoio mais intenso, embora possa interferir no relaxamento caso a
respirao simples ou a articulao no tiverem sido bem trabalhadas anteriormente.
O apoio complexo na respirao abdominal
importante destacar que, enquanto o apoio simples trabalha com muito
espao e uma grande movimentao da musculatura abdominal, no apoio complexo
chega-se rapidamente ao mximo da expanso. Ento, dose a fora com cuidado,
para no estourar antes do fim da frase.
No fazer fora para dentro (apoio simples) o mesmo que estar
trabalhando o apoio complexo, (sem deixar a barriga entrar). Mas cuidado: o
mximo de expanso do apoio complexo muita tenso, e em esse caso, o resultado
um som apertado, sem harmnicos. Evite chegar a esse ponto.
Este apoio precisa de uma dinmica artstica, na qual o cantor dever sentir,
medida que avana na frase musical, qual ser a dosagem de ar que necessria a cada
momento.
Exerccios - Cinco respiraes abdominais-complexas sem som
Utilize quatro tempos para a inspirao e oito para a expirao. Trabalhe com
ZZZZ (sem timbrar), mantendo a lngua relaxada e vibrando entre os dentes.
Lembre de no comear a fazer fora at no ser totalmente necessrio.
O apoio complexo na respirao intercostal-baixa
A musculatura intercostal de grande ajuda ao apoio, trabalhando junto ao
diafragma na respirao mista.
Na respirao intercostal, o apoio complexo faz fora com as costelas
flutuantes para fora, mantendo-as abertas em quanto se canta. A musculatura
intercostal pode ser amplamente desenvolvida, mas para isso, o cantor precisa
contra-la toda vez que pratica este apoio.
Assim como na outra respirao intercostal, pode ser usado um elstico
grosso nas costelas flutuantes para liberar as mos.

66

Exerccios - Cinco respiraes intercostais-complexas sem som


Utilize quatro tempos para a inspirao e oito para a expirao. Trabalhe com
ZZZZ (sem timbrar), mantendo a lngua relaxada, vibrando entre os dentes.
Inspire mandando o ar para o intercostal-baixo-mdio, fazendo fora para abrir as
costelas flutuantes.
Durante a expirao, mantenha as costelas abertas atravs da fora
intercostal.
O intercostal anterior e posterior j foram desenvolvidos com a respirao
intercostal-baixa-simples, e no precisam ser trabalhados por separado novamente.

67

DESENVOLVIMENTO TCNICO
Todos os exerccios de desenvolvimento tcnico tm uma introduo,
chamada Exerccio de base, com sries de respiraes e voz falada, para
desenvolver os mecanismos que a serem utilizados no vocalize.
Esses exerccios de base, junto aos de conscincia corporal e respirao,
devem integrar a rotina diria de trabalho do aluno, desenvolvendo e fixando o
trabalho em aula.
1. Exerccio de base: Timbres Nasal e Vibratrio
Srie de sete respiraes com apoio complexo e som
Utilize quatro tempos para a inspirao e oito tempos para a expirao.
Escolha entre as consoantes nasais: MM...; NH...; NN...; GN...., ou os sons
TRRR, BRRR.
Faa o som mdio-suave e leve, focalizando-o nos ressonadores centrais do
rosto, enquanto desenha subidas e decidas irregulares com a voz. Use os dois
registros principais, passando do peito cabea, levemente.
Respirao abdominal com apoio complexo, constante e progressivo.

68

1.2. Vocalize: Escala de D Maior, Graus e Intervalos de 5J


Em todos os exerccios de vocalize, deve-se utilizar os mesmos sons do
exerccio de base correspondente. A respirao pode ser feita de duas maneiras:
Respirao completa, esvaziando os pulmes de todo o ar antes de inspirar de
novo pelo nariz, e Respirao de auxlio, onde se faz uma rpida tomada pela
boca e nariz juntos, encima do ar que ainda tem nos pulmes. Esta ltima respirao
uma ajuda para chegar ao final da frase, e no precisa ser utilizada todas as vezes
que aparece na vocalize. As vocalizes respeitam a amplitude de registro do
programa, podendo ser transpostas para corresponder tessitura especfica dos
alunos.

69

2. Exerccio de base: Vogais


Srie de sete repiraes intercostais-baixas com apoio complexo e uso de vocais
Utilize dois tempos para a inspirao e oito tempos para a expirao. Quatro
tempos para a sada do som, falando as vogais interligadas. Desenvolva o exerccio,
escolhendo entre os diferentes grupos voclicos:
UIE; UIO; UAO; UAE
O som deve ser firme e uniforme, sempre posicionado nos ressonadores
centrais do rosto. Aproveite o foco da letra U para traslad-lo s vogais seguintes.
A vogal E se articula de modo semelhante vogal I, um pouco mais
aberta. Para fazer o som da E podemos utilizar o som da letra I como
preparao, mudando aos poucos, atravs da abertura da mandbula.
A letra O como uma letra A adicionando o uso dos orbiculares. Assim
o som da letra A serve como preparao para a letra O.
Utilizar respirao intercostal-baixa com apoio complexo, constante e
progressivo.
2.1. Vocalize: Intervalos Justos

70

3. Exerccio de base: Slabas com Consoante, vogal e consoante


Srie de sete respiraes com respirao abdominal-complexa e som
Utilize dois tempos para a inspirao e oito tempos para a expirao com a
slaba escolhida. Monte a slaba com uma consoante do primeiro grupo, qualquer
vogal no meio e uma consoante do segundo grupo:
1 grupo: M; N; R; L; K, T, P, J.
2 grupo: M, N.
O som deve ser firme e uniforme, posicionado nos ressonadores centrais do
rosto. No final, deixe o som crescer, sem perder a leveza, empenhando para isso
apenas o apoio diafragmtico. Utilize respirao abdominal com apoio complexo,
constante e progressivo.
Procure trabalhar de p, na posio de tai-chi-chuan, descendo o quadril e
dobrando joelhos, quando estiver emitindo o som, e subindo quando estiver
inspirando.
Pratique o mesmo movimento na vocalize.
3.1. Vocalize: Cadncia Maior e Forma

71

4. Exerccio de base: Slabas com Consoante, Vogal e Vogal


Srie de sete respiraes intercostaes-baixas-complexas e som
Utilize dois tempos para a inspirao e oito tempos para a expirao com o
som escolhido. Monte o exerccio escolhendo uma consoante para o ataque e um
grupo de vogais para o desenvolvimento:
Ataque: M; N; R; L; C, T, P, J.
Desenvolvimento: IE, IO, AO, AE.
O som deve ser firme e uniforme, posicionado sempre nos ressonadores
centrais do rosto. No final, mantenha firme o apoio complexo e no deixe cair a
colocao ou a altura. Para uma melhor projeo, imagine o som sempre saindo para
o adiante. Utilize respirao intercostal-baixa com apoio complexo, constante e
progressivo.
Procure trabalhar de p, na posio de tai-chi-chuan, descendo o quadril e
dobrando joelhos, quando estiver emitindo o som, e subindo quando estiver
inspirando.
Pratique o mesmo movimento na vocalize.
4.1. Vocalize: Escala de D Pentatnica Maior

72

5. Exerccio de base: Teoria Musical


Intervalos Justos:
Os 3 intervalos justos que encontramos na escala maior possuem uma
sonoridade firme e metlica. Eles so muito utilizados para descrever herosmo e
espaos siderais, como no filme Superman, onde uma 5J abre a trilha sonora.
Exemplo na tbua:
b/#
8J - D - 1
(Ti)
(Te) /(li)
(L)
Le / (Si)
5J - S 4J
(Se / Fi)
4J - F 5J
(Mi)
Me / (Ri)
(R)
(Ra / Di)
1 D 8J

73

Do Maior Pentatnica:
A escala Pentatnica muito antiga. Ela, como o nome indica, est composta
de cinco notas que, partindo de D, so: D, R, Mi, F, L. Foi a nica escala
conhecida, at Pitgoras descobrir as notas F e Si (as duas sensveis da escala
maior), enquanto estudava as leis da acstica.
Simples e musical, foi muito utilizada por tribos indgenas, tendo originado
diferentes ritmos folclricos, como a Vaguala, do norte de Argentina, e at por
tribos africanas, dando origem ao blues, ao cruzar o Oceano Atlntico com nos
navios negreiros.
Exemplo na tbua:
b/#
D
(Ti)
(Te) /(li)
L
(L) / (Si)
S
(Se / Fi)
(F)
Mi
(Me) / (Ri)
R
(Ra / Di)
D

74

Desenvolvimento:
O exerccio realizado enquanto se canta, com a tbua, a escala de D Maior
Pentatnica.
Utilize, no comeo, uma mnima para cada nota, dobrando depois para uma
semnima. A voz deve ser suave e com uma articulao clara (no se deve esquecer
de abrir a boca para as notas mais agudas).
A respirao deve ser abdominal-complexa. Faa uma boa inspirao, no
comeo, que dever servir para toda a ascenso pela escala. Faa o mesmo na
descida.
5.1. Vocalize: Escala de D Maior Pentatnica

75

Canto Popular
Nvel Bsico IV
APOSTILA PRTICA
Professora Valria Klay

Centro de Educao Profissional


Escola de Msica de Braslia
Secretaria de Educao de Estado
Governo do Distrito Federal

76

Programa do Nvel Bsico IV


Objetivo: Afirmar o conhecimento e prtica da tcnica vocal.
Requisitos: Aprovar Bsico III.
Conscincia Corporal:
- Utilizar tcnicas de relaxamento e alongamento do corpo, pescoo, rosto,
boca e laringe; Utilizar uma postura adequada ao canto;
- Fisiologia: Voz saudvel, flexvel e limpa; Afirmar a mecnica dos
movimentos.
Respirao:
- Dominar e administrar a coluna de ar; Realizar respirao e apoios mistos e
dinmicos;
Desenvolvimento vocal:
- Fonao: Cantar com aduo das pregas vogais; Articulao gltica;
- Colocao larngea: Trabalhar com a laringe neutra; Trabalhar com a
elevao relaxada da laringe; Dominar o movimento larngeo.
- Ressonncia: Projeo nos ressonadores centrais do rosto; abertura da
ressonncia no rosto todo a partir dos ressonadores centrais;
- Articulao: Executar relaxadamente o movimento dos articuladores: lngua,
lbios, orbiculares; massetter, palato.
- Sons e slabas:
- Consoantes nasais: Mmm... Nnn... NH... etc., com uso exclusivo e
continuo;
- Todas as vogais;
- Slabas com ataque de consoantes e vogais compostas: Maai..., Nia..., Rioo...,
lioo..., etc.
- Slabas compostas com consoantes fricativas no final (Mimm..., Romm...,
Liamm..., etc).
- Combinao de slabas: TROPO LILIA LULIA etc.
- Registro: Uma dcima a partir da nota mais grave com colocao larngea
central; Uniformizar os registros de peito e cabea; afirmar a voz toda.

77

Interpretao:
- Dinmica: Suave, mdio suave, mdio forte; som regular; ligado; deslizando;
(stacatto, filatto);
- Estilo: Voz firme e uniforme.
- Repertorio: duas peas de estilos diferentes. Utilizar amplificao da voz
Teoria Musical:
Percepo auditiva:
- Escala pentatnica menor.
- Intervalos tensos: 7M, 7m, 2 M, 2m;
- Forma.
- Cadencia menor.
Ritmo:
-Andamento: Quase rpido
-Figuras: Mnima, Semnima, Colcheia.
Clulas rtmicas com sincopas simples e contratempos;
-Compasso: Simples, 2/4, 4/4 e 3/4

78

Exerccios do Nvel Bsico IV


Conscincia Corporal
Os exerccios de conscincia corporal podem ser os mesmos durante o nvel bsico completo,
ficando aberta, para o professor ou fonoaudilogo, a possibilidade de acrescentar qualquer exerccio
que ache necessrio.
O importante nunca esquecer de aquecer e alongar tanto o corpo como o aparelho fonador
antes da prtica vocal, e cuidar da postura e do relaxamento.
Os cuidados bsicos de conscincia corporal se encontram no comeo da Apostila Prtica do
Nvel Bsico I.

79

RESPIRAO
Reconhecimento e desenvolvimento da respirao Mista e Dinmica

A respirao mista
Esta tcnica consiste em utilizar as respiraes abdominal e intercostal
simultaneamente, ou seja, aproveitar ao mesmo tempo as capacidades e qualidades
de ambas.
Para isto, necessrio unificar o ponto de apoio da fora num s lugar
comum, localizado na cintura. Ajuda bastante apoiar as mos na cintura para
identificar o movimento.
A respirao mista pode ser utilizada com apoio simples ou complexo.
Exerccios com respirao mista-simples: Srie de nove respiraes
mistas-simples
Utilize quatro tempos para a inspirao e doze para a expirao. Trabalhe
com ZZZZ (sem timbrar), mantendo a lngua relaxada, vibrando entre os dentes.
Inspire utilizando simultaneamente as duas respiraes, e expire fazendo fora
abdominal e intercostal para adentro (simples).
Exerccios com respirao mista-complexa: Srie de nove respiraes
mistas-complexas
Utilize quatro tempos para a inspirao e doze para a expirao. Trabalhe
com ZZZZ (sem timbrar), mantendo a lngua relaxada, vibrando entre os dentes.
Inspire utilizando simultaneamente as duas respiraes, e expire fazendo fora
abdominal e intercostal para afora (complexa).
A respirao dinmica
Cada tipo de respirao se dirige a um estilo especfico de voz. Por isso, no
basta conhecer todas elas, preciso ser capaz de utilizar, dinamicamente, cada
uma no momento certo.
No existe um procedimento comum para o uso da
respirao dinmica. Trata-se de uma capacidade a ser adquirida, no de mais uma
tcnica. Ao exercitar todo o repertrio de tcnicas, o cantor naturalmente aprende a
se valer de todas elas, adequadamente.
A respirao dinmica uma tcnica que possibilita o uso conjunto de todas
as respiraes estudas. O eixo ser sempre a respirao mista, inspirando com o
ponto de apoio intermedirio (localizado na cintura). O que faz essa respirao ser
dinmica sua flexibilidade, podendo tender para abdominal, intercostal, complexo
ou simples, dependendo da necessidade do momento.
Generalizando, pode-se dizer que a respirao simples funciona melhor no
registro mais grave (peito), e a complexa no agudo (cabea). Do mesmo modo, a
respirao abdominal funciona melhor no registro grave e a intercostal no agudo.
Em frases ascendentes melhor utilizar a respirao intercostal-complexa, em

80

quanto que em frases descendentes, a respirao-abdominal simples funcionar


melhor.
O mais importante incorporar todas as respiraes, j que a memria
mecnica capaz de selecionar a respirao mais efetiva a cada momento.
Exerccios com respirao mista-dinmica: Srie de doze respiraes
com respirao dinmica e som nasal.
Sempre utilize a respirao mista como eixo, especialmente na inspirao.
Sempre inspire em quatro tempos e expire em doze.
- Primeira srie de trs respiraes:
Inspire priorizando a respirao abdominal-simples. Expire com apoio
abdominal-simples, fazendo uma nota de peito grave, com consoante nasal.
- Segunda srie de trs respiraes:
Inspire priorizando a respirao intercostal-simples. Expire com apoio
intercostal-simples, fazendo uma nota de peito-aguda com consoante nasal.
-Terceira srie de trs respiraes:
Inspire priorizando a respirao intercostal-complexa. Expire com apoio
intercostal-complexo, fazendo uma nota de cabea-grave com consoante nasal.
- Quarta srie de trs respiraes:
Inspire priorizando a respirao intercostal-simples. Expire com apoio
intercostal-simples, fazendo uma nota de peito aguda, com consoante nasal.

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DESENVOLVIMENTO TCNICO
Todos os exerccios de desenvolvimento tcnico tm uma introduo,
chamada Exerccio de base, com sries de respiraes e voz falada, para
desenvolver os mecanismos que a serem utilizados no vocalize.
Esses exerccios de base, junto aos de conscincia corporal e respirao,
devem integrar a rotina diria de trabalho do aluno, desenvolvendo e fixando o
trabalho em aula.
1. Exerccio de base: Timbres Nasal e Vibratrio
srie de nove respiraes mistas-dinamicas com som
Utilize dois tempos para a inspirao e doze tempos para a expirao.
Escolha entre os sons: MM...; NH...; NN...; GN...., TRRR, BRRR.
Faa o som mdio-forte, concentrando-se seu foco nos ressonadores centrais do
rosto, separando subida de descida.
Comece no registro agudo (cabea) para deslizar, terminando no grave
(peito). Depois inverta o exerccio, comeando no registro grave. Utilize respirao
mista-dinmica.

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1.2. Vocalize: Intervalos de 8J


Em todos os exerccios de vocalize, deve-se utilizar os mesmos sons do
exerccio de base correspondente. A respirao pode ser feita de duas maneiras:
Respirao completa, esvaziando os pulmes de todo o ar antes de inspirar de
novo pelo nariz, e Respirao de auxlio, onde se faz uma rpida tomada pela
boca e nariz juntos, encima do ar que ainda tem nos pulmes. Esta ltima respirao
uma ajuda para chegar ao final da frase, e no precisa ser utilizada todas as vezes
que aparece na vocalize. As vocalizes respeitam a amplitude de registro do
programa, podendo ser transpostas para corresponder tessitura especfica dos
alunos.

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2. Exerccio de base: Slabas com Consoante e Vogais


nove respiraes mistas-dinamicas com som
Utilize dois tempos para a inspirao e doze tempos para a expirao com o
som escolhido. Monte o exerccio escolhendo uma consoante para o ataque e um
grupo de vocais para o desenvolvimento:
Ataque: M; N; R; L; K, T, P, J.
Desenvolvimento: IEO, IEA, IEI, IEU, IOU, IOI, IAO,
IAE, IAU, IAI, IUI.
O som deve ser firme e uniforme, se posicionando sempre nos ressonadores
centrais do rosto.
No final, mantenha firme o apoio complexo e no deixe cair a colocao ou altura.
Utilizar a respirao mista-dinmica.

2.1. Vocalize: Cadncia Menor e Forma

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3Exerccio de base: Todas as Vogais


srie de nove respiraes mistas-dinamicas com uso de vogais
Utilize dois tempos para a inspirao e doze tempos para a expirao.
Desenvolva este exerccio escolhendo entre os diferentes grupos de vogais, ou
mesmo criando novas combinaes: I-A-O-U, I-E-A-O, U-O-I-E, U-A-IE-O,
I-O-I-A-E.
O som deve ser firme e uniforme, se posicionando sempre nos ressonadores
centrais do rosto. Cuide do ataque, suavizando o golpe de glote. Utilize respirao
mista, constante e progressiva.
3.1. Vocalize: Escala de D Pentatnica Menor
Utilizar para este exerccio todas as vocais de forma libre.

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4. Exerccio de base: Slabas Diferentes com Consoante e Vogal


nove respiraes mistas-dinamicas com som
Utilize dois tempos para a inspirao e doze tempos para a expirao com o
som escolhido. Monte o exerccio somando duas slabas, iguais ou diferentes:
Ataque: M; N; R; L; K, T, P, J, TR.
Desenvolvimento: IA, IE, IO, ou uma vocal qualquer.
(exemplos possveis: Tro-po, Li-lia, etc.)
O som deve ser firme e uniforme, se posicionando sempre nos ressonadores
centrais do rosto. No final, mantenha firme o apoio complexo e no deixe cair a
colocao ou altura. Utilize a respirao mista-dinmica.

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4.1. Vocalize: Intervalos Tensos, 7M, 7m, 2M, 2m

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5. Exerccio de base: Teoria Musical


Intervalos Tensos
Os intervalos tensos so utilizados para criar tenso. Tal teso, s vezes, pode
ser resolvida, por meio de uma seqncia de tenso e repouso. Com estes intervalos,
podemos criar os acordes dominantes, cujas tenes sero resolvidas em acordes
de tnica, ou repouso, criando uma seqncia harmnica, ou cadncia.
As segundas maiores, quando cantadas uma depois da outra, so ideais para
criar melodias. No entanto, as segundas menores s intensificam a tenso quando
tocadas melodicamente, como na trilha do filme tubaro. As stimas menores atuam
como a caracterstica principal dos acordes tpicos dominantes, como no quinto
grau de D Maior, G7, com essa stima formando o tri-tom com a Quarta justa da
escala.
As stimas maiores soam to tensas quanto uma Segunda menor, j que o
ouvido escuta o primeiro harmnico da nota de baixo (uma oitava), batendo com a
nota de cima.
exemplo na tbua:
b/#
8J - D - 1
7M Ti 2m
7m Te 2M /(li)
(L)
Le / (Si)
(S)
(Se / Fi)
(F)
(Mi)
Me / (Ri)
2M R 7m
2m Ra 7M / (Di)
1 D 8J

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D Menor Pentatnica:
Assim como a Escala Menor Natural relativa Escala Maior, a Escala
Menor Pentatnica relativa Maior Pentatnica. Esta escala soa mais triste, e
tornou-se a estrutura da escala de Blues, ao ser absorvida pela msica americana.

Exemplo na Tbua:
b/#
D
(Ti)
Te /(li)
(L)
(L) / (Si)
S
(Se / Fi)
F
(Mi)
Me / (Ri)
(R)
(Ra / Di)
D

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Desenvolvimento:
O exerccio se desenvolver cantando com a tbua a escala de Do Menor
Pentatnica.
Utilize no comeo uma mnima para cada nota, dobrando para uma
semnima, que depois voltar a dobrar para colcheias. A voz deve soar suave e com
uma articulao clara (no se deve esquecer de abrir a boca para as notas mais
agudas).
A respirao deve ser mista-dinamica, com uma boa inspirao, no comeo,
que servir para toda a ascenso pela escala, sem utilizar respirao de auxilio.
Faa o mesmo na descida.
5.1. Vocalize: Escala de D Menor Pentatnica

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Apndice

Descrio dos sons


Obs.: Todas as descries de sons encontradas nesta apostila esto em
linguagem informal, para a rpida orientao da voz cantada. Informaes de nvel
formal podem ser encontradas em qualquer texto de fonoaudiologia.
1. Articulao de vogais simples:
Vocais com articulao de orbiculares (articulao anterior) :
U: O som muito leve se focaliza embaixo do nariz, enquanto os orbiculares do
forma de beijinho aos lbios, que se separam um pouco dos dentes. A lngua
preenche o fundo da boca, como uma colher, sem deixar de tocar os dentes
inferiores.
: igual letra U, a articulao feita inteiramente plos orbiculares, embora o
maxilar precise abrir verticalmente um pouco mais. Os lbios projetados em forma
circular separam-se dos dentes ligeiramente. A lngua est na mesma posio da
vogal U, mas o dorso se eleva, aproximando-se do palato mole.
: Igual letra , com o maxilar mais aberto.

Vocais com articulao da lngua (articulao posterior):


I: Com relaxamento total do rosto e o maxilar aberto s um poo, verticalmente.
O dorso da lngua sobe at tocar a parte posterior do palato, ponto da articulao.
No use as comissuras dos lbios, e sim as mas do rosto (fazendo uma careta de
mau cheiro), para ajudar a projetar o som, especialmente nos agudos. A ponta da
lngua precisa tocar os dentes inferiores.

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: Igual letra I, a articulao feita pela parte posterior da lngua, que eleva o
dorso at quase tocar o palato. O maxilar precisa abrir verticalmente, um pouco. Os
lbios entreabertos permitem que os dentes e lngua sejam vistos.
: Igual letra , com o maxilar mais aberto.

Vocais de articulao aberta:


A: Com relaxamento total do rosto, o maxilar aberto verticalmente e a lngua
relaxada, na base da boca. No use as comissuras dos lbios.

2. Articulao de consoantes:
Consoantes com articulao de lbios e/ou dentes:
B: Juntar os lbios, impedindo momentaneamente a passagem do som.
F: Apoiar os dentes superiores nos lbios inferiores, deixando escapar um pouco
de ar.
P: Igual que a letra B, com mais resistncia dos lbios para deixar o som sair.

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Consoantes com articulao de lngua anterior:


D: Encostar a ponta da lngua no comeo do palato, enquanto o resto da lngua
permanece relaxadamente no fundo da boca.
J: Tocar apenas com o final da ponta da lngua no comeo do palato, deixando-a
vibrar relaxadamente.
L: A lngua toca s com a borda da ponta no comeo do palato, descrevendo um
arco.
S: Como na letra J, sem encostar tanto no palato, para deixar sair mais
quantidade de ar, e sem fazer timbre.
T: Igual que a letra D, encostando uma maior parte da ponta da lngua, e
fazendo maior presso.
X: Fazer a letra S, com a ponta da lngua um pouco recuada e mais em ponta.

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Consoantes com articulao de lngua posterior:


K: Subir a parte posterior da lngua, encostando no final do palato. A ponta da
lngua desce, encostando nos dentes inferiores.
G(de gato): Igual a letra K, um pouco mais suave.

Consoantes com som nasal:


M: Emitindo o som contnuo, faa de conta que est mastigando alguma coisa,
mexendo o maxilar com os lbios fechados. Movimente tambm os orbiculares.
Quando o som utilizado como ataque, mantenha o maxilar fechado e a lngua
relaxada, encostada no palato, onde se sente a vibrao. Utilize a ma do rosto para
aprofundar o som nasal (faa careta de mau cheiro, retraindo os msculos
nasogenianos).
N: A ponta da lngua toca o comeo do palato (lugar onde se sentir a
ressonncia), perto dos dentes, que se entreabrem um pouco.

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NH: Mantendo o maxilar fechado e a lngua relaxada, encostada inteira no palato,


onde se sente a vibrao. Utilize a ma do rosto para aprofundar o som nasal (faa
careta de mau cheiro).

Consoantes com sons compostos:


BB: Com o rosto relaxado, deixe os lbios vibrando juntos, depois do ataque
com a letra B.
GN: A boca abre e a lngua relaxa, elevando a parte posterior-alta, perto da
laringe, impedindo a passagem do ar para o nariz.
RR...: A ponta da lngua vibra no comeo do palato.
TR: O som deve ser executado com o rosto relaxado, a consoante T comea,
batendo nos dentes, para instalar a vibrao leve e constante do som RRR, o mais
perto possvel dos dentes. Quando a lngua no consegue se manter vibrando por
causa da teno. Nesse caso se recomenda praticar esse som todo dia.

Bibliografia
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GIUSEPPE ROSSI DELLA RIVA. Aclaraciones sobre la Escuela Italiana del Bel
Canto. Trs Conferencias pronunciadas na sala RICORDI, Buenos Aires,
Argentina, 1955.
DR. JORGE PERELL, com a colaborao de MONTSERRAT CABALL
e ENRIQUE GUITART. Canto Diccin (Foniatra esttica). Editorial
Cientfico-Mdica, Barcelona, Espaa, 1975.
RAOUL HUSSON. El Canto. EUDEBA Editorial Universitaria de Buenos
Aires, Argentina. Ttulo Original da obra: Le Chant. Presses Universitaires de
France, Paris, 1962.
SERGIO TULIN. El Maestro de Canto Nuevas tcnicas para el fortalecimiento
larngeo. Editora Presencia ltda, Santaf de Bogot, Colmbia.
MADELEINE MANSION. El Estdio Del Canto Tcnica de la voz hablada y
cantada. Editora Ricordi Americana S.A.E.C. Buenos Aires, Argentina. Ttulo
Original da obra: LEtude du Chant.
MARA BEHLAU e PAULO PONTES. Higiene Vocal, Informaes Bsicas.
Editora Lovise Ltda, So Paulo, Brasil, 1993.
MURRAY SCHAFER. O Ouvido pensante. Editora UNESP, So Paulo,
Brasil, 1991. Ttulo Original da obra: The Thinking Ear, Arcana Editions,
Canad, 1986.
Os captulos de teoria musical desenvolvidos nesta apostila baseiam-se na
metodologia de D Mvel da BERKLEE - COLLEGE OF MUSIC, 1140
Boylston Street, Boston, Massachusetts, 02215-3693, U.S.A, (617) 266-1400,
www.berklee.edu

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