A09 - Zimerman - Cap 10 - Fundamentos Básicos Das Grupoterapia
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LIDERANAS
Grupoterapias / 87
vir a ser expulso, o que, alis, comum. Nesses casos, o grupo sair em busca de
um novo bode... Decorre dai a enorme importncia de que o grupoterapeuta
reconhea e saiba manejar tais situaes. Outras vezes, o grupo modela um bode
expiatrio sob a forma de um bobo da corte" que diverte a todos e que, por isso
mesmo, ao contrrio de uma expulso, o grupo faz questo de conserv-lo.
A teoria sistmica denomina o membro de uma familia que assume esse
papel de "paciente identificado. Por outro lado, no contexto da macrossociologia,
a condio de bode expiatrio se manifesta nas minorias raciais, religiosas, pol
ticas, etc.
2) Porta-voz. Cabe ao portador deste papel mostrar mais manifestamente
aquilo que o restante do grupo pode estar, latentemente, pensando ou sentindo.
No entanto, essa comunicao do porta-voz no feita somente atravs da voz
(reivindicaes, protestos, verbalizao de emoes, etc.), mas tambm atravs da
linguagem extraverbal das dramatizaes, silncios, actings, etc.
Uma forma muito comum de porta-voz a funo do indivduo contestador.
Nesses casos, imprescindvel que o grupoterapeuta (da mesma forma que os
pais, numa familia) saiba discriminar quando a contestao , sistematicamente,
de ordem obstrutiva ou quando ela representa ser necessria, corajosa e construtiva.
3) Radar. Este papel cabe geralmente ao indivduo mais regressivo do grupo,
como o caso de um paciente borderline em um grupo de nvel neurtico, por
exemplo. Neste caso, esse paciente, antes que os demais, capta os primeiros
sinais das ansiedades que, ainda em estado larvrio, esto emergindo no grupo.
Esse papel tambm conhecido como caixa de ressonncia, em razo de que tal
paciente-radar, por no ter condies de poder processar simbolicamente o que
captou, pode vir a expressar essas ansiedades em sua prpria pessoa atravs de
somatizaes, ou abandono da terapia, ou de crises explosivas, etc.
4) Instigador. Apesar de no se encontrar na literatura uma referncia
explcita a este papel, ele muito comum e importante nos grupos. Consiste na
funo do indivduo em provocar uma perturbao no campo grupai, atravs de
um jogo de intrigas, por exemplo, assim mobilizando papis nos outros. Assim, o
instigador consegue dramatizar no mundo exterior a reproduo da mesma con
figurao que tem o seu grupo interior, bem como a dos demais que aderiram a
esse jogo.
5) Atuador pelos demais. uma modalidade de papel que consiste no fato
de a totalidade do grupo delegar a um determinado indivduo a funo de executar
aquilo que lhes proibido, como, por exemplo, infidelidade conjugal, aventuras
temerrias, hbitos extravagantes, seduo ao terapeuta, etc. Em tais casos, o
restante do grupo costuma emitir dupla mensagem: subjacente barragem de
crticas que eles dirigem s loucuras" desse membro, pode-se perceber um disfar
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ado estimulo, um gozo prazeiroso e uma admirao pelo seu delegado, executador de seus desejos proibidos.
6) Sabotador. Conforme este nome indica, o paciente que desempenha o
papel de sabotador, atravs de inmeros recursos resistenciais, procura obstaculizar o andamento exitoso da tarefa grupai. Em geral, o papel assumido pelo
indivduo que seja portador de uma excessiva inveja e defesas narcisisticas.
7) Vestal. Da mesma forma como regra nas instituies, tambm nos
pequenos grupos muito comum que algum assuma o papel de zelar pela ma
nuteno da "moral e dos bons costumes. Um exagero nesse papel constitui a
to conhecida figura do patrulheiro ideolgico" que obstrui qualquer movimento
no sentido de uma criatividade inovadora. H um srio risco nada incomum
de que o papel venha a ser assumido pelo prprio grupoterapeuta.
8) Lder. Nas grupoterapias, o papel de lder surge em dois planos. Um o
que, naturalmente, foi designado ao grupoterapeuta. O outro o que surge, es
pontaneamente, entre os membros do grupo. Neste caso, a liderana adquire
matizes muito diferenciadas, desde os lideres construtivos que exercem o impor
tante papel de integradores e de construtores do espirit de corps, at os lderes
negativos, nos quais prevalece um excessivo narcisismo destrutivo.
A natureza e a funo da liderana exigem um estudo mais detalhado.
LIDERANAS
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Grupoterapias I 91
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