Teosofia Explicada-P T Pavri
Teosofia Explicada-P T Pavri
Teosofia Explicada-P T Pavri
Observao:
Foram suprimidos pequenos trechos datados e substitudos alguns termos por
outros mais apropriados poca atual.
Traduo a partir de
Ediciones de la FRATERNIDAD UNIVERSAL, A.C.
Mxico - DF
EM SEU NOME
APRESENTAO
teve xito completo, como podero julgar aqueles que passarem os olhos pelas
pginas do livro, convenientemente organizado tanto para ser til a uma leitura
contnua como para o leitor que prefere repassar ligeiramente uma ou outra
pgina.
Eu recomendaria esse livro, tambm, aos grupos de estudos teosficos,
seja em Lojas ou em outros locais, particularmente como um Dicionrio
Teosfico ou um companheiro que se consulta quando surgem dificuldades e
dvidas. obra moderna e cheia de detalhes teis.
Ernest Wood
PREFCIO
P. Pavri
SUMRIO
CAPTULO I
Pg. 16
O QUE TEOSOFIA
1. Se a Teosofia uma religio
2. As questes mais profundas e perenes da vida
3. Crena geral de que as questes relativas ao homem, Deus, fortuna ou fado,
vida e morte, etc., encontram-se alm do conhecimento humano
4. Se conhecimentos no apresentados nas Escrituras Sagradas podem ser
considerados, por seus seguidores, como verdadeiros
5. Razes pelas quais tanta gente no s menospreza a Teosofia como,
tambm, a combate
6. Princpios fundamentais da Teosofia
7. Esboo dos ensinamentos teosficos
8. A Teosofia e a Sociedade Teosfica; fundao da Sociedade Teosfica
9. Utilidade da Teosofia
10. Necessidade da criao da Sociedade Teosfica
11. Se qualquer um pode estudar Teosofia
12. Vantagens da difuso da Teosofia
13. Primeiro objetivo da Sociedade Teosfica: a fraternidade universal da
humanidade
14. Segundo objetivo da Sociedade Teosfica: fomentar o estudo comparativo
das religies, filosofias e cincias
15. Vantagens desse estudo comparativo
16. As religies so essencialmente iguais, por mais que os sistemas religiosos
difiram entre si
17. Identidade dos pontos essenciais de todas as religies; razo pela qual a
Verdade, embora se encontre em todas as religies, aparece nelas de formas
to distintas
18. Ideias centrais ou notas-chave das diferentes religies
19. Se pode chamar-se a Teosofia de religio
20. Se a Sociedade Teosfica se ope a que seus membros sigam qualquer
religio particular
21. Diferenas entre a Teosofia e o que normalmente se considera uma religio
22. Terceiro objetivo da Sociedade Teosfica: Investigar as leis no explicadas
da natureza e os poderes latentes no homem
23. Se a cincia moderna antagnica Teosofia
24. Se a Teosofia uma cincia
25. O que a Teosofia ensina sobre filosofia
CAPTULO II
Pg. 46
CAPTULO III
Pg. 58
A CONSTITUIO DO HOMEM
66. O que diz a Teosofia a respeito da constituio do homem, em adio ao
que conhece a cincia ocidental
67. Como explica a Teosofia a constituio do homem
68. Como a Mnada, o verdadeiro ser, se manifesta a si mesma nos mundos
inferiores, mesmo permanecendo sempre no mundo Mondico ou Anupadaka;
os trs elementais
69. Elementais mental e astral
70. Elemental fsico, suas funes e carter
71. Por que o homem real necessita de tantos corpos ou veculos; se pode
trabalhar sem esses envoltrios ou revestimentos
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CAPTULO IV
Pg. 91
REENCARNAO
104. Significado da reencarnao
105. O que reencarna; objetivo da reencarnao
106. Razo para as repetidas reencarnaes, por mais que por causa delas
tenhamos que sofrer uma vez ou outra
107. Se injusto que sejamos castigados por ms aes esquecidas,
perpetradas em vidas anteriores; e por que dever sofrer um homem por aquilo
que no consciente de ter feito
108. Por que no temos recordao de vidas passadas
109. Razo pela qual um homem de idade nem sempre mais sbio e mais
inteligente que um rapaz
110. Se a reencarnao ignora a lei da hereditariedade, que assegura que as
peculiaridades fsicas, mentais e morais das crianas procedem dos pais
111. Trs explicaes para as desigualdades humanas em faculdades,
oportunidades e circunstncias: a lei da hereditariedade; a criao especial por
Deus; a Reencarnao
112. Como pode ser explicado o aumento da populao no mundo sem a teoria
da criao especial e com um nmero fixo de Egos humanos que regressam
Terra uma e outra vez
113. Necessidade da reencarnao
114. Argumento a favor da reencarnao segundo a lgica
115. Necessidade cientfica para a reencarnao
116. Necessidade moral para a reencarnao
117. Como se explica o aparentemente intil nascimento de uma criana que
morre imediatamente depois de nascer
118. Crena na reencarnao encontrada nas religies e filosofias, antigas e
modernas; nmero aproximado de pessoas que sustentam a ideia da
reencarnao como parte de seus credos religiosos
119. Se a reencarnao desconhecida no Cristianismo
120. Razo pela qual a reencarnao, enquanto doutrina crist, desapareceu
do Cristianismo moderno
121. Trs fatores principais que determinam o prximo nascimento de um
homem
122. Se numa nova vida voltamos a estar em contato com as pessoas que
amamos nesta existncia
123. Como se formam os novos veculos mental, astral e fsico para uma nova
vida
124. Por que algumas pessoas nascem disformes, ans ou aleijadas
125. Se o destino da deformidade do corpo fsico seria aceitvel, tratando-se
de pessoa que foi cruel ao agir visando ao bem final de outro
126. Se sempre acontece de uma criana ser semelhante aos pais em sua
moral e desenvolvimento
9
CAPTULO V
Pg. 124
CARMA
132. Se existe algo como o fado ou destino; a lei do carma
133. Duas explicaes para o destino humano: a Vontade de Deus e o acaso
134. Terceira explicao do destino humano: a lei do carma
135. Quando principia o carma
136. Como chega um homem a ser dono de seu prprio destino; os trs fios da
corda do destino
137. Primeiro fio da corda do destino: como o pensamento constri o carter
138. Segundo fio da corda do destino: como o desejo cria oportunidades e atrai
objetos
139. Terceiro fio da corda do destino: como a ao proporciona o ambiente
fsico
140. Se o conceito do destino controlado pela lei do carma elimina Deus do
mundo
141. Significado do pecado
142. Perdo dos pecados
143. Se o arrependimento dos pecados serve para algo
144. Se o carma pode ser transferido de uma pessoa para outra; a ideia
subjacente na doutrina crist da expiao feita por outro
145. Se somos escravos irredimveis do destino; se o carma uma doutrina de
fatalismo
146. Como guiado um homem para seu ambiente de nacionalidade e famlia
147. Se o motivo de uma ao particular afeta o resultado
148. Por que algumas pessoas bem intencionadas, desejosas de ajudar a
outras, encontram seu caminho obstaculizado por falta de poder, capacidade
suficiente ou oportunidade
149. Por que um homem tem uma m hereditariedade ou enfermidade
congnita
150. O inevitvel e o livre arbtrio
151. Se correta a Astrologia e como pode conciliar-se com o livre arbtrio
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11
171. De que modo pode um homem cessar de gerar novo carma e esgotar todo
o passado, a fim de alcanar a liberao
172. O que liga os Mestres Terra, por mais que Eles no tenham desejos que
possam atra-los de novo; por que Eles abandonam a indescritvel felicidade do
Nirvana pelos nveis inferiores do mundo dos homens
CAPTULO VI
Pg. 155
195. O mundo astral habitado por outros seres alm dos mortos
196. Destino dos cadveres astrais depois que o homem passa ao Devachan
(cu)
197. O que acontece a um homem no Devachan
198. Nem todos tm a mesma classe de Devachan, ou a mesma intensidade
de bem-aventurana nele
199. O que acontece s crianas no mundo celestial
200. Como encontramos nossos amigos e seres queridos no mundo celestial
201. Se pode um defunto, desde o cu, observar e esperar seus amigos e
seres queridos da Terra
202. Oportunidades de desenvolvimento para a alma durante sua longa
permanncia no Devachan, entre duas encarnaes
203. Sete cus diferentes; se um homem passa por todos eles sucessivamente
como no caso do plano astral
204. O que acontece a um homem no mundo mental superior, ao fim de sua
vida celestial no mundo mental inferior
CAPTULO VII
Pg.186
O PODER DO PENSAMENTO
Sua Ao e seu Uso
205. O que o pensamento; como se manifesta
206. O que dizem sobre o pensamento as escrituras das diferentes religies do
mundo
207. Efeitos do pensamento sobre o prprio homem e externamente ao homem
208. Efeitos do pensamento sobre o prprio homem
209. Primeiro efeito do pensamento externamente ao homem: vibrao
radiante
210. A que se assemelha o corpo astral de um homem ordinrio quando ele
visto clarividentemente
211. Segundo efeito do pensamento externamente ao homem: formapensamento flutuante
212. Classificao das formas do pensamento
213. Como usar o conhecimento da ao ou efeitos do pensamento
214. Como impulsionar nossa prpria evoluo mediante o conhecimento do
poder do pensamento
215. Como manter sob controle nossa mente e nossas emoes
216. Como construir o carter pelo poder do pensamento
217. Como evitar o desperdcio da nossa energia
218. Outras vantagens de controlar a mente e as emoes e de economizar
energia
219. O que deve fazer um homem que constantemente tenha falhado em
controlar seu pensamento ou suas paixes
220. Como utilizar o poder do pensamento para ajudar os outros
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CAPTULO VIII
Pg. 206
A EVOLUO DA VIDA
225. Significado da evoluo da vida
226. Poder motor da evoluo
227. Significado das Trs grandes emanaes
228. Razo pela qual o imperfeito procede do perfeito e da retorna perfeio
da qual veio; meta e propsito da evoluo da vida
229. Como a Vida Divina desenvolveu na vida germinal o poder de responder
na primeira etapa ascendente de evoluo nos reinos mineral, vegetal e animal
230. Se o homem descende do animal irracional, como afirma a teoria
Darwiniana
231. Se cada planta e cada animal uma alma separada como o homem
232. Destino do animal, ou da planta, depois da morte
233. Nmeros de corpos fsicos atribudos a cada alma-grupo
234. Se a vida que evolui principia nas nfimas manifestaes em cada reino e
termina nas superiores
235. Sete raios ou tipos fundamentais da vida
236. Mtodo de individualizao desde o reino animal
237. Diferena entre os animais superiores e os homens mais atrasados
238. Mtodo de evoluo humana
239. Raa raiz e sub-raa
240. Rondas, cadeias de globos e esquemas de evoluo
241. Primeira etapa da conscincia que se desenvolve no homem desde seus
primrdios
242. Lei dos quatro passos sucessivos para uma evoluo ordenada no
crescimento posterior da humanidade
243. Origem e uso do mal
244. Significado e uso da dor
CAPTULO IX
Pg. 234
FRATERNIDADE
245. Razo pela qual a Fraternidade da Humanidade constitui o nico objetivo
obrigatrio da Sociedade Teosfica
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CAPTULO X
OS MESTRES E O CAMINHO PARA ELES
OBSERVAO:
O essencial deste Captulo X encontra-se fundamentalmente em dois livros:
OS MESTRES E A SENDA C.W. LEADBEATER
e
AOS PS DO MESTRE KRISHNAMURTI (ALCIONE)
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CAPITULO I
O QUE TEOSOFIA
PERGUNTA 1 (P 1): a Teosofia uma religio?
RESPOSTA (R): A Teosofia no uma religio em si, mas a verdade que
subjaz por igual em todas as religies, a raiz oculta da qual brotaram todas as
diferentes religies. o mesmo que a Gnose dos cristos, a Brahma-Vidya dos
hindus e o Sufismo dos maometanos. Teosofia deriva de duas palavras
gregas: Theos, um Deus, e Sophia, sabedoria; e significa Sabedoria Divina,
sem ajuda da qual para o homem impossvel conhecer algo acerca das mais
profundas e perenes questes da vida.
P 2: Quais so as questes mais profundas e perenes da vida?
R: Por que, de onde, como e com que finalidade foi criado o Universo; quem
sou e qual o propsito da minha existncia; que Deus e onde est; de que
maneira estou conectado com Ele e com o universo; qual a explicao das
aparentes injustias da vida; qual o significado e a necessidade do sofrimento
e da dor; o que a boa sorte, o fado ou destino; o que so os sonhos e qual
sua causa; o que a vida, o que a morte, etc.? Essas e muitas questes
semelhantes, que o ignorante tem considerado inexplicveis, podem ser
compreendidas somente com a ajuda da Teosofia.
P 3: No crena geral que tais coisas no podem ser entendidas pelo
homem?
R: Nada h no mundo que o homem no possa conhecer e compreender. A
razo da sua ignorncia sobre tais assuntos seu orgulho, a inrcia mental e o
intelecto no desenvolvido.
P 4: No objetam alguns que os conhecimentos no contemplados nas
Escrituras religiosas no deveriam ser considerados como verdadeiros?
R: O fato de algumas Escrituras no apresentarem certos conhecimentos no
prova a falsidade deles; portanto, intil dizer que o estudo de ensinamentos
teosficos, no compreendidos nas Escrituras de religies particulares, seja
contrrio verdade ou contrrio quela religio. De fato, muitas das cincias
modernas no so mencionadas nas Escrituras religiosas; seria lgico, por
isso, dizer que no devemos estud-las?
No livro Theosophy for Youths (Teosofia para Jovens), pg. 1, do autor do presente trabalho, se l:
Como a Teosofia no tem cerimnias nem est aos cuidados de sacerdotes, no uma religio.
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Por existir uma Vida, uma Conscincia em todas as coisas, com Deus
imanente em cada uma, ento, como corolrio inevitvel a esta suprema
verdade, deriva o fato da solidariedade de tudo o que tem vida, de tudo que
existe, uma fraternidade universal. Assim, foi estabelecido como segundo
princpio fundamental da Teosofia a solidariedade do Homem.
A imanncia de Deus e a solidariedade do Homem: estas so as
verdades bsicas da Teosofia.
P 7: Poderia apresentar um esboo de seus ensinamentos?
R: Seus ensinamentos podem ser esboados assim:
I. H uma Realidade eterna e infinita, uma Existncia real, incognoscvel.
II. DAquilo procede o Deus manifestado e cognoscvel, revelando-se de
unidade dualidade e de dualidade trindade.
III. Todo o Universo, com todas as coisas compreendidas dentro dele,
uma manifestao da vida de Deus.
IV. Existem muitas e poderosas inteligncias, denominadas Arcanjos,
Anjos, Devas, que procederam do Deus manifestado e que so Seus agentes
para efetuar Seu pensamento e vontade.
V. O homem, como seu Pai Celestial, divino em essncia, seu Ser
ntimo eterno.
VI. Desenvolve-se e evolui mediante repetidas encarnaes, s quais
impelido pelo desejo sob a lei do carma nos trs mundos, o fsico, o astral e o
mental, dos quais se libera pelo conhecimento e o sacrifcio; chegando a ser
divino em potncia como sempre havia sido divino em latncia.
VII. Existem Mestres de Sabedoria, Homens Perfeitos, seres que
completaram sua evoluo humana, que alcanaram perfeio humana e j
no tem mais nada que aprender no que se refere etapa humana.
P 8: Qual a relao da Teosofia com a Sociedade Teosfica, e quando esta
foi fundada?
R: A Teosofia, em seus ensinamentos e tica, embora no no nome, to
antiga quanto o homem, porm se sabe que a palavra Teosofia data do
sculo terceiro de nossa era, quando o Sistema Teosfico Ecltico, que depois
floresceu no Neoplatonismo, foi estabelecido por Ammonio Saccas e seus
discpulos em Alexandria; apesar de Digenes Larcio atribuir aquele sistema a
um sacerdote egpcio nos primeiros dias da dinastia Ptolomeica.
A Sociedade Teosfica, como tal, foi fundada por Madame H. P.
Blavatsky e o coronel H. S. Olcott em Nova York, em 17 de novembro de l875.
Em seus primrdios, o mundo no s no valorizou, como at se ops a esse
movimento realmente til, voltado para o progresso espiritual da humanidade.
P 9: Mas como se pode demonstrar a utilidade da Teosofia?
R: A utilidade da Teosofia radica-se no verdadeiro conceito do plano de Deus,
na exata compreenso do objetivo da vida; uma confiana segura na Justia
Divina; no consolo mental e emocional; na absoluta liberao do desamparo e
da desesperana; na completa ausncia do temor e da pena; assim como na
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Assim como uma luz branca inclui em si mesma todas as cores, assim
tambm as diferentes religies representam vrias cores que, em seu conjunto,
formam um nico raio branco da Verdade. E assim como a gua envasilhada
em garrafas de cristal de cores distintas aparece diferente, ainda que em
realidade no tenha cor; e assim como o mesmo Sol visto atravs de vidros de
matizes diversos aparece de cor diferente, de igual maneira a mesma Verdade
tomar aparncia distinta conforme os revestimentos das distintas religies que
forem necessrios para sua expresso, e sua cor variar de acordo com as
necessidades e capacidades dos povos para os quais se destinar.
Cada religio marca um passo adiante na civilizao, mostrando, no
prprio tempo, alguma caracterstica til humanidade, acerca da qual os
Instrutores precedentes no haviam colocado nfase. A Humanidade deve
aprender muitas lies e desenvolver diferentes qualidades que lhe so
transmitidas por religies especiais, adaptadas para destacar alguns
ensinamentos particulares. Esses ensinamentos personificam-se nas
civilizaes, e a humanidade, desenvolvendo as qualidades que delas derivam
e aprendendo as progressivas lies distribudas por Instrutores do Mundo,
incorporadas nas Religies, gradualmente mostra um adiantamento rumo
perfeio e a melhores qualidades. Em suma: ainda que todas as grandes
verdades se encontrem em cada F, existe algo que predomina em cada uma
sua ideia central ou nota-chave , comunicando-lhe sua cor especfica e
contendo o grmen de caractersticas peculiares.
P 18: Quais so as ideias centrais, as notas-chave das antigas Religies
conhecidas?
R: Embora seja certo que cada religio contm algum ensinamento universal,
em cada uma predomina certo esprito peculiar dela. Cada uma soa sua prpria
nota, preconiza uma qualidade dominante, como se tivesse escolhido uma
virtude ou verdade sobre a qual insistir em especial; e todas essas notas, ao
combinarem-se, no produzem monotonia, mas um acorde esplndido.
Segundo o Dr. Miller, bem conhecido presbiteriano fundador do Colgio
Cristo de Madras, a contribuio, por assim dizer, do Hindusmo grande
Religio Universal, a doutrina da imanncia de Deus e da solidariedade do
Homem. Admitindo que a Vida universal palpite na humanidade inteira, a
fraternidade dos Homens vem a ser to somente o aspecto terrestre daquela
grande realidade espiritual; e desse reconhecimento da unidade dos homens
surge a nota dominante das obrigaes sociais, (o Dharma), ou seja, o DEVER,
um sentido do dever entre membros de uma comunidade, o dever do homem
para com o homem.
O ensinamento do Instrutor Mundial, como Tehuti, at Toth (ou Hermes,
segundo os gregos), que predominou na civilizao do Egito, o da CINCIA,
o estudo do homem e dos mundos que o rodeiam; e porque sua ideia central
foi a Luz, teve o Egito, como chave de sua f, o Conhecimento Cientfico, num
grau tal que o epteto Sabedoria do Egito tem perdurado atravs das idades,
e o prprio nome da Qumica deriva-se de Chem ou Khem, o nome primitivo do
Egito, a terra da cincia no passado. Portanto, a contribuio do Egito
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procedendo isso dos lbios do Instrutor Mundial a fim de que a raa humana
seja capaz de ascender um passo mais pela encosta da verdade e do amor.
Um cientista ingls, Huxley, proclama a grande frase de um Mestre de
Sabedoria e Compaixo: A lei da sobrevivncia do mais apto a lei de
evoluo para o bruto; porm a lei de autossacrifcio a lei de evoluo para o
homem. O sacrifcio de si mesmo, rasgo principal da vida do Senhor da
Compaixo - o Cristo -, no poder ser claramente compreendido, mesmo por
Seus mais fervorosos fiis, a menos que eles mesmos tenham desenvolvido
fortaleza individual de nimo e personalidade. O discpulo Pedro fornece um
exemplo disso, quando anegou a seu Senhor. Com uma maior compreenso
vem o reconhecimento do dever de autossacrifcio, e o dever individual comea
a ocupar o lugar dos direitos individuais.
O Islamismo ou maometanismo fala de RESIGNAO vontade de
Deus e ensina que no h mais que um caminho para a Divindade, que o da
Resignao Vontade Divina.
Assim, pois, revisando essas religies mundiais, descobrimos que suas
ideias centrais so como peas de um grande mosaico e devem justapor-se
antes que possamos apreciar a grandeza do conjunto; que cada f tem sua
prpria nota musical e no devemos perder nenhuma das tnicas ou
dominantes, nenhuma das joias de cada credo; e que todas as sucessivas
religies do mundo so apresentaes intelectuais da nica Grande Verdade
espiritual, as diferentes cores da nica luz branca do Sol espiritual da verdade.
Lemos numa das escrituras orientais, o Bhagavad Gita dos hindus: A
Humanidade vem at Mim ao longo de muitos caminhos e por qualquer deles
que o homem se acercar de Mim, por essa senda o recebo, pois todas as
sendas so Minhas. Esta uma grande verdade: Deus o centro, as religies
todas se encontram na circunferncia e como todos os raios conduzem ao
centro, assim todas as religies levam a Deus. O que se precisa que cada um
de ns aprofunde-se na sua prpria religio e a espiritualize, e descubra a
identidade essencial em todas elas atravs de um estudo comparativo, ajudado
pelas mais profundas verdades e ensinamentos esotricos da Teosofia.
P 19: No fim das contas, a Teosofia no poderia ser considerada uma
Religio?
R: A Teosofia a base de todas as Religies, embora sob certo ponto de vista
possamos pensar nela como se fosse uma religio em si, por levar a seus
estudantes uma regra de conduta (fundamentada no em mandamentos, mas
no pleno senso comum e comprovada por fatos). Os tesofos regulam sua
conduta de acordo com a Vontade Divina expressa nas leis da natureza,
evitando transgredi-las, no para escapar da clera de alguma deidade
imaginria ofendida, mas para evitar danos a si mesmos.
Poderia tambm ser chamada de religio no sentido de que nos
demonstra o curso ordinrio de evoluo e no prprio tempo nos assinala o
caminho mais curto para a meta da vida humana, mediante um progresso mais
rpido baseado em esforo consciente. Alm do mais, porque a Teosofia
demonstra pelo estudo comparativo das religies que todas so idnticas em
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caf e acar parecem ser os favoritos, e logo se abusa deles. O corpo comea
a acumular gordura, s vezes adoece, em quase todos os casos h distrbios
digestivos mais ou menos srios, cujos efeitos no aparecem durante um longo
tempo.
Outras pessoas que tinham vivido principalmente de carne com batatas
e repolho, pensam que basta suprimir aquela e viver destes. Como as batatas
so amido e o repolho quase pura gua, no podendo ditas pessoas viver s
de amido e gua, tero de ingerir outros alimentos, que produzam tecido
carnoso. Os livros modernos informam detalhadamente sobre que quantidade e
proporo das diferentes classes de alimentos so necessrias; quanto dos
alimentos que formam tecidos e msculo; quanto dos que formam osso,
sangue, etc.; quais produzem carboidratos, protenas, etc. Do tambm longas
listas de bons alimentos, embora somente alguns deles possam ser
convenientes a certos corpos; e aqueles que desejarem viver base de dieta
vegetariana devero provar e encontrar por si mesmos quais os
recomendveis. Se tiverem transtornos digestivos, porque esto confundindo
a classe requerida de alimento. Devero experimentar outros e acabaro
encontrando os mais apropriados, a menos que seus rgos se achem
irremediavelmente enfermos. Os vegetais crus e as frutas so os mais
indicados. H que se evitar o aumento do consumo de substncias com amido,
bem como de acar, ch e caf, suprimindo estes dois ltimos, se possvel.
As saladas de vegetais no cozidos devero substituir a carne; e comer tanta
fruta sem cozimento quanto possvel. E deve ser usado somente po de trigo
integral.
P 37: Se um homem sofre de enfermidade fatal ou crnica e o nico
remdio um alimento de carne, ele pode ser ingerido sob prescrio mdica?
R: Essa pergunta se baseia numa suposio sem sentido. Seria como
perguntar: Se um quadrado fosse redondo, quantas quinas teria? No existe
enfermidade alguma para a qual comer carne seja o nico remdio. De fato, a
dieta de carne nunca receitada para curar males. Quando os mdicos
ocidentais permitem que o enfermo coma carne, geralmente sinal de que ele
comea a melhorar. Mesmo supondo a possibilidade do caso proposto na
pergunta, a pessoa aludida dever tomar em considerao seus deveres e seu
grau de evoluo espiritual. Um sanyasi de alma espiritualmente evoluda,
diante das duas alternativas, deixaria morrer seu corpo, enquanto que um
homem vulgar tentar conserv-lo por todos os meios.
No caso de uma enfermidade sria ou crnica, se a prescrio mdica
for comer carne, o paciente dever mudar de mdico e no de dieta. Os
considerados doutos diferem tanto de opinio como os incultos, e devemos
sempre buscar um mdico cujas opinies sobre esses assuntos no se
oponham s nossas. Muitos mdicos proeminentes, em todo o mundo, esto
chegando concluso de que comer carne a raiz da maior parte das
enfermidades e esto substituindo tal dieta pela vegetariana. Conforme j se
disse, a carne produz grandes quantidades de cido rico e este origina a
tuberculose, a gota e muitas outras enfermidades srias.
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princpios da Teosofia e podero estar contentes com tal crena, mas assim
como belo o que faz beleza, tesofo quem faz Teosofia. Os membros da
Sociedade, tendo se dedicado a cumprir o primeiro objetivo A Fraternidade
Universal da Humanidade , devem tratar de converter-se em instrumentos de
ajuda impessoal em todos os departamentos da vida, devem figurar na
primeira fila de todos os movimentos voltados a espalhar fraternidade, chegar a
ser fontes de felicidade espiritual para seus semelhantes e trazer iluminao s
suas vidas. Em suma, devem esforar-se por capacitar-se a si mesmos para o
servio contnuo, para serem instrumentos nas mos dos reais Fundadores da
Sociedade, os Mestres de Sabedoria. E desse modo sua filiao Sociedade
os proteger contra uma parte de sua natureza, livrando-os do tdio ou
indolncia no trabalho pela fraternidade prtica e pelo bem-estar da
Humanidade.
Em todo o mundo os membros da Sociedade tm os mesmos ideais e
crenas; isso, naturalmente, os une em estreita amizade. De tal amizade nasce
uma grande cooperao e com esta vem a realizao de sua fora. Pois a
Sociedade como uma enorme planta eltrica que gera grande fora, tanto
espiritual como temporal, para a ajuda e guia da Humanidade; e nossa filiao
Sociedade nos confere o privilgio de manejar aquele poder e de ser uma
das foras diretoras e espirituais do mundo.
Uns poucos membros da Sociedade agrupados em harmonia formam
um centro atravs do qual trabalha o Mestre, pois um dos maiores entre Eles
disse: Onde dois ou trs se renem em Meu nome, estou no meio deles.
Portanto, Eles se encontram sempre dispostos a dar de Seu poder e fora onde
quer que se estabelea um canal puro; e nossa associao com outros
membros serve para proporcionar tal instrumento de Sua benfica influncia e
nos oferece a oportunidade de fazer-lhes um verdadeiro e louvvel servio, se
estivermos sempre dispostos a ser em Suas mos um instrumento,
autoconsciente, certo, mas facilmente adaptvel homens que se
consideram partes integrantes de uma unidade e aos quais Eles podem utilizar
em Sua excelsa obra da regenerao espiritual da Humanidade.
Finalmente, se um membro deveras fervoroso, mediante sua purificao
interna e aes altrustas, anseia qualificar-se para ser discpulo de um dos
Grandes Mestres de Sabedoria, ser eficazmente ajudado em seus esforos se
primeiramente filiar-se Sociedade Teosfica externa e, depois de certo
perodo prescrito, sua Escola Esotrica, que ensina aos homens como
apressar seu progresso na senda para elaborar, numas poucas vidas, a
evoluo que, de outra maneira, requereria muitos milhares de anos, conforme
se explica no Captulo X.
Os Grandes Seres necessitam de trabalhadores e alguns devem ser
Seus agentes e colaboradores nos planos inferiores do mundo. Por que no
seramos voc e eu que os serviramos em Sua grande e gloriosa obra do
progresso espiritual e social do mundo, da evoluo da Humanidade?
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CAPITULO II
DEUS E O SISTEMA SOLAR
P 46: O senhor cr em Deus?
R: Caso esteja se referindo a um Deus extracsmico e com forma
humana (antropomorfo), ou se pensa que a relao entre Deus e o universo
(ou nosso mundo) como aquela que existe entre o oleiro e o vaso, ns
negamos absolutamente tal Deus, por vrias razes. Em primeiro lugar, ele
chamado por seus devotos de infinito e absoluto. Ora, a forma implica
limitao, um princpio e um fim; e se Deus infinito, ilimitado e absoluto, como
podemos pensar Nele como limitado a uma forma? Em segundo lugar, se
ilimitado, deve estar em todas as partes e se est em todas as partes no pode
criar um universo externo, pois onde est o espao para a criao? Em terceiro
lugar, pensar e planejar so antecedentes necessrios para uma criao; e
como pode o Absoluto pensar, quando isso implica relao com algo acerca do
qual se pensa, algo limitado e finito? Alm do mais, um criador deve fazer
algum movimento no espao para criar um universo, o que parece impossvel
para o Infinito, que j est em tudo. Por ltimo, se Deus se encontra separado
de Seu universo, ou seja, se Deus uma coisa e o Universo outra coisa
parte, como o oleiro e o jarro, de onde trouxe Deus o material para a criao,
se acredita-se que no princpio nada havia, exceto Deus? Portanto, no
podemos crer em tal Deus, extracsmico.
Igualmente, Deus chamado, por um lado, de todo justia e todo
misericrdia, e, por outro, o dispensador de glria e condenao, de felicidade
e sofrimento para a humanidade. Mas se uma pessoa leva uma vida feliz desde
o bero at a tumba, e outra dever sofrer por toda sua vida a cincia e
pacincia de Deus, tal Deus poder ser somente todo poderoso (sem ser justo)
ou todo justiceiro (sem ser poderoso).
Do mesmo modo, muita gente que professa a crena de que Deus
todo poderoso cr, tambm, que Sat deve ser a causa de toda misria e dor
no mundo. Mas se fosse assim, implicaria que tal Deus impotente contra
Satans e, portanto, no todo poderoso.
Alm disso, chama-se Deus de onisciente, isto , conhecedor de
passado, presente e futuro; e em seguida nos dizem que seu prprio anjo se
rebelou contra Ele e se converteu em Satans. Coisa que sugere que Deus
no teve a prescincia de conhecer que Seu prprio anjo se rebelaria contra
Ele, e, por conseguinte, no se lhe pode chamar de onisciente.
Mais ainda, considera-se a Deus como infinito e onipresente, mas no
se espera encontr-lo e olh-lo exceto no cu. Ambas as coisas parecem
incompatveis. Se for infinito, ou sem forma nem limite, como pode estar to
somente no Cu, ou sentado ou de p, em qualquer lugar especial? Tal Deus
parece ser, simplesmente, produto de uma imaginao pueril ou de um
pensamento oco, pois filosfica e logicamente um absurdo.
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de certa maneira, expresses de Sua vida, como Eles, por sua vez, so
expresses da Vida Una do Logos Csmico.
Na Existncia Una existem inumerveis universos; em cada universo,
incontveis sistemas solares. Cada sistema solar recebe energia e controlado
por um poderoso Ser, Ishvara, ou Logos Solar, ou Deidade Solar. Como um
Astro, o Senhor de um sistema entre as mirades de estrelas vive, se move e
tem Seu ser em seu Astro Paterno, um dos Sete Grandes; contudo, Ele reflete
diretamente a Vida, Luz e Glria do Um sem Segundo. Para Seu sistema Ele
tudo o que os homens entendem por Deus. Ele o impregna, no h coisa
alguma que no seja Ele. Ele se acha imanente em cada tomo do sistema,
interpenetrando-o todo, sustentando-o todo, e fazendo com que todo o sistema
evolua. Ele est em todas as coisas e todas as coisas esto Nele. De Si
Mesmo, o Logos solar trouxe existncia nosso sistema e ns, que Nele nos
encontramos, somos fragmentos, em evoluo, de Sua Vida; Dele todos
viemos; a Ele todos retornaremos.
Contudo, Ele existe por sobre Seu sistema, vivendo Sua prpria e
estupenda vida entre Seus Iguais, outros Logos Solares, Astros-Irmos em Sua
Companhia. Havendo penetrado todo o Universo com um fragmento de Mim
Mesmo, Eu permaneo. Daquela mais alta vida Dele, nada se pode saber;
mas quando ele se limita, descendo a condies tais que chegue a nosso
alcance, Sua manifestao sempre assume trs aspectos. Na evoluo de
qualquer sistema solar, trs dos mais elevados princpios do Logos do sistema
(geralmente chamados os trs Logos do sistema) correspondem e exercem as
funes dos trs Grandes Logos da Evoluo Csmica. E assim, a
manifestao do Logos de nosso sistema tripla; trs e, fundamentalmente,
uma; trs Pessoas (pessoa/persona significa mscara), mas um Deus
mostrando-se nesses trs aspectos, que to somente so facetas Dele. H,
portanto, um significado muito real na insistncia com que a Igreja Crist diz
adoramos um Deus na Trindade e a Trindade na Unidade, sem confundir as
Pessoas nem dividir a substncia; ou seja, sem confundir jamais em nossa
mente a ao e as funes das trs separadas Pessoas, ou Mscaras, ou
Manifestaes, cada uma seguindo Seu prprio plano; porm sem esquecer
por um momento a Eterna Unidade da Substncia, que se encontra atrs de
tudo no plano mais elevado.
O aspecto de Ishvara no qual cria os mundos chamado Brahma pelos
hindus e Esprito Santo pelos cristos. Aquele aspecto sob o qual Ishvara
preserva e mantm os mundos chamado Vishnu pelos hindus e O Filho
pelos cristos. E o aspecto no qual Ele dissolve os mundos, quando j esto
gastos e para nada servem, chamado Shiva ou Mahadeva pelos hindus e O
Pai pelos cristos.
Imediatamente abaixo da Deidade Solar e, entretanto, de maneira
misteriosa tambm parte Dele (como o Logos Csmico e suas sete
personificaes, os Sete Logos Planetrios), vem Seus sete ministros, as sete
expresses de Sua natureza, os sete canais de sua Vida inextinguvel,
chamados os Sete Logos Planetrios Solares ou os Espritos Planetrios. No
Hindusmo so denominados os Sete Prajapatis (Senhores das Criaturas); no
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Mas a prova direta e ltima radica-se dentro do Ser; sua nica prova a
conscincia no Ser. Cada um de ns est completamente seguro de que
existe; e assim, temos muitas existncias, cada uma segura de si mesma; mas
elas no podem surgir separada e independentemente, do mesmo modo que
uma fonte, se no tiver gua, no poder lanar seu jorro pelos ares; esses
seres surgiram do Ser Uno, so partes do nico Ser e tal Ser Deus. Da que
a convico do Ser Sua nica prova, a realizao do Divino em ns, nosso
verdadeiro Ser que reconhece o Divino Ser fora de ns, por identidade da
natureza. Portanto, apenas realizando a Divindade em ns mesmos poderemos
conhecer a Divindade fora de ns mesmos: aquele Ser em que vivemos, nos
movemos e temos o nosso ser.
P 50: Qual foi o objetivo de Deus ao criar o universo?
R: A palavra criao se usa popularmente, nos tempos atuais, com o
significado de fazer algo a partir do nada, o que impossvel. O irreal no
tem ser, o real nunca deixa de ser, diz Shri Krishna na mais famosa joia da
literatura ria, o Bhagavad Gita. A ideia de criao nasceu entre gente
ignorante, numa idade sem filosofia. Mas em tempos remotos, o que hoje se
chama criao se interpretava como um novo acerto, um reajuste em formas
novas da matria j existente, e, em vez do termo Criador, eram usados
outros, como o Construtor Celestial, o Grande Arquiteto, o Fazedor, o Artfice, o
Modelador. A palavra criao ainda se usa no sentido de dar nova forma ou
arranjo a algo que j existe, como, por exemplo, quando dizemos que um
artista cria um quadro ou uma esttua.
Aquela emanao, no criao, uma manifestao da Vida Divina; a
expresso natural de outra fase da divina natureza. A pergunta Qual o
objetivo de tal emanao? foi respondida de vrias maneiras; h muitas
razes possveis, mas o certo que, por exemplo, um gato no pode
compreender por que um homem emprega seu tempo em ler um livro e no em
sair correndo, perseguindo uma folha sobre o cho; a conscincia do gato
ainda no est suficientemente desenvolvida para ler um livro. E todos ns nos
encontramos mais prximos do gato do que de Deus, num sentido, isto , em
nossa compreenso de Sua natureza.
No obstante, alguns dizem que Deus, que Amor, necessitava levar
plenitude de conscincia muitos seres capazes de compartilhar Sua bemaventurana e Amor; outros dizem que Ele, sendo Amor, desejou ser amado.
Os cristos dizem que o objetivo que Ele demonstre Sua glria. O sufi diz:
Era Ele um tesouro oculto e desejou manifestar-se. Os Upanishads dizem:
Ele pensou: Eu me multiplicarei. A resposta final parece ser que no
Universal, no Todo, existem eternamente todos os universos, tudo o que foi,
e pode ser; mas, no tempo e no espao, aparece um ou outro universo e logo
desaparece. Deus o manifestado, o Saguna Brahman, ou seja, Ishvara, o
Senhor de um Universo, e da existncia objetiva, dentro do tempo e espao,
parte do que Ele sempre na Eternidade. O que parece certo que o objetivo
do homem ao estar aqui desenvolver suas capacidades e refletir a perfeio
Divina, isto , alcanar a medida da estatura do Cristo.
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circundam um corpo central, corpo que mais tarde veio a ser o do nosso Sol. A
Deidade estabelece ento, em cada anel, um vrtice subsidirio acumulando ali
grande quantidade da matria do anel para formar um planeta ao redor do
corpo Central. A coliso dos fragmentos acumulados ocasionou um aumento
de calor e o planeta resultante foi, por muito tempo, uma massa de gs
incandescente que gradualmente se esfriou, at que por fim chegou a ser
apropriado para dar habitao a seres humanos.
Cada um dos planetas de nosso Sistema Solar se compe, pois, de sete
tipos de tomos, cujas agregaes fornecem os sete tipos fundamentais de
matria que se encontram no sistema, sendo cada um mais denso que seu
predecessor. Esses sete tipos de matria, de diferentes densidades,
constituem os denominados planos da natureza.
P 52: Normalmente so conhecidos apenas trs estados da matria:
slido, lquido e gasoso. O que so esses sete tipos e o que o senhor quer
dizer com planos da natureza?
R: O que usualmente denominado de slido, lquido e gasoso so
apenas os subestados ou subdivises da classe inferior da matria, a fsica.
Toda a matria do Sistema Solar est composta de sete tipos de tomos de
vrias densidades, desde a mais concentrada at a mais sutil; e cada regio,
com matria composta de um tipo particular de tomo, est relacionada com
uma etapa distinta de conscincia, e se considera um plano ou mundo; por
isso reconhecemos sete de tais planos no sistema solar.
P 53: O que tm a ver esses planos com a Terra, e como esta se
formou?
R: Esses sete tipos de matria que se interpenetram, agregam-se em
planetas, mundos ou globos, e no se acham espalhados por igual sobre toda
a rea do sistema solar. Os trs tipos mais finos invadem tudo, sendo portanto
comuns a todo o sistema; porm as quatro classes mais densas compem e
rodeiam os planetas. A Terra, como um dos tais planetas, contm as sete
classes de matria.
P 54: Ento a Terra no est formada somente de matria fsica?
R: Nossa Terra no est construda somente de matria do plano ou
mundo inferior ou stimo, mas contm ao mesmo tempo uma proviso
abundante de matria do sexto, do quinto e dos outros mundos. Segundo foi
amplamente demonstrado pelos homens de cincia, as partculas de matria,
mesmo das substncias mais duras, nunca se tocam umas s outras. Os
tomos so extremamente diminutos em proporo aos espaos
compreendidos entre eles, sendo cada um como uma solitria mancha de
poeira num grande salo. Igualmente, todas as classes de tomos de todos
aqueles outros planos mais sutis contam com amplo espao, no somente para
estar entre os tomos da matria mais densa como, tambm, para mover-se
livremente ao redor deles e entre eles. Por conseguinte, o globo sobre o qual
vivemos no um mundo composto de matria de um s tipo, mas sete globos
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CAPTULO III
A CONSTITUIO DO HOMEM
P 66: J que a constituio do homem to bem conhecida pela cincia
ocidental, o que mais tem a dizer a Teosofia sobre este particular?
R: A cincia ocidental descreve somente o corpo fsico do homem, que
no o homem real, mas o veculo do EU real interno. Considerar o corpo
fsico como o homem real to equivocado como considerar a casa como o
habitante dela.
P 67: Como explica, pois, a Teosofia a constituio do homem?
R: Segundo o ensinamento teosfico, o homem , em essncia, uma
Mnada, um fragmento da Divindade, uma centelha de Deus, uma chispa do
divino Fogo residindo perenemente no plano Mondico, ou Anupadaka, da
natureza. Ele uma individualidade, um filho que vai crescer e evoluir, at a
semelhana de seu Divino Pai. Sendo essa Mnada um fragmento do Divino,
contm em si mesma, em potncia, toda perfeio, toda bondade. Em tal
estado, e embora seja divina, parece incapaz de exercer suas energias em
planos inferiores e no possui o poder de dominar detalhes fsicos ou de atuar
na matria fsica de uma maneira definida ou precisa. O que tem de fazer no
transcurso da evoluo pela qual deve passar desenvolver todos seus
poderes latentes. Para os propsitos da evoluo humana, o verdadeiro Ser, a
Mnada, manifesta-se a si mesma nos mundos inferiores. Envolve-se a si
mesma numa e noutra vestimenta, cada qual feita de matria pertencente a
uma regio definida do universo; e assim se capacita o Ser para por-se em
contato com cada regio e adquirir, por conseguinte, o conhecimento dela. Na
atual etapa do desenvolvimento humano, a evoluo humana tem lugar to
somente em cinco dos sete planos da natureza.
P 68: Mas se a Mnada reside continuamente no mundo Mondico ou
Anupadaka, como pode manifestar-se nos Mundos inferiores?
R: Quando a Mnada desce de seu plano e entra no mundo espiritual,
mostra-se em trs aspectos, dos quais o primeiro, que permanece sempre
naquele mundo, denomina-se Atma, ou o Esprito no homem. O segundo, que
se manifesta no plano da Intuio ou Bdico, denominado Buddhi, ou a
Intuio no Homem; enquanto que o terceiro, que se mostra no plano mental
superior, chamado Manas, a Inteligncia no homem. Essa tripla manifestao
da Mnada, em trs diferentes nveis, como Atma-Buddhi-Manas, ou EspritoIntuio-Intelecto, chama-se Ego ou a individualidade. Esse Ego o homem
durante a etapa de evoluo humana no mundo de manifestao, ou universo
quntuplo, e descrito como uma semente, um grmen da Vida Divina,
contendo as potencialidades de seu prprio Pai Celestial, sua Mnada, que
deve transmutar em poderes no curso da evoluo. De fato, esse seria o
equivalente mais aproximado do conceito ordinrio de alma. O Ego toma sobre
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inumerveis clulas, cada uma com sua vida prpria; e a vida conjunta de
todas elas integra a vida ou conscincia corporal de todo o veculo fsico, a qual
pode ser o elemental fsico de que antes se falou. Tudo o que ocorre depois
da morte que a conscincia EU, que estava se manifestando mediante o
corpo durante a vida do homem no plano fsico, meramente evade-se daquele
corpo; no pode morrer porque o verdadeiro homem imortal. A morte do
corpo fsico ocorre quando, ao retirar-se a energia vital, as mltiplas e
minsculas vidas (micrbios), tidas sob controle nas formas do dito corpo por
aquela energia vital, prosseguem seus caminhos separadamente assim como
os soldados de um exrcito abandonado pelo general tomam, cada um, sua
prpria rota , e ento surge o que chamado de putrefao.
O corpo acha-se com igual vida nos dois casos, que chamamos de vida
e morte. Quando se considera como vivente, tem uma forma organizada de
modo particular e controlada pela energia vital ou Prana; quando dizemos que
morreu, acha-se igualmente vivo na forma de micro vidas separadas, embora,
devido a ter-se a energia vital se retirado, j no persiste sua aparncia
externa. Nossa ordinria comprovao de que alguma coisa tem sua vida, ou
no, o movimento; e se o corpo estivesse realmente morto, no haveria o
movimento de putrefao, nem o crescimento do cabelo na pele, depois de ter
sido aquele veculo finalmente abandonado pelo homem.
P 86: O que o duplo etrico?
R: O duplo etrico chama-se assim por estar formado de matria dos
quatro teres (quatro subplanos mais finos que o fsico) e por ser uma rplica,
uma duplicata exata, a contraparte do corpo fsico denso, partcula por
partcula, digamos ,uma sombra. Por conta disso, algumas vezes chamado
de Chay Sharira (corpo-sombra). Tambm se pode aludir a ele como o
fantasma, o corpo fludico ou simplesmente o duplo. fracamente luminoso
e de cor cinza violeta; interpenetra o corpo fsico e se estende um centmetro
alm de sua periferia. Seus quatro teres podem misturar-se em combinaes
finas ou toscas, como as que constituem sua contraparte densa; mas o corpo
denso e seu duplo modificam igualmente sua qualidade, de tal sorte que, se um
homem refina e purifica seu veculo fsico mediante bebida e alimentos puros, o
duplo etrico se purifica por sua vez sem mais esforo.
Essa parte invisvel do corpo fsico o veculo mediante o qual fluem as
correntes de Prana, ou vitalidade, que conserva o corpo com vida; e sem essa
ponte que leva as ondulaes de pensamento e sentimento, desde o astral at
a matria fsica visvel ou densa, o Ego no poderia fazer uso das clulas do
crebro.
Da forma e material do duplo etrico dependem a forma e material do
corpo fsico; portanto, aquele o molde para este. Qualquer alterao no corpo
fsico, desde a juventude at a velhice, ocorre primeiro no duplo etrico antes
de passar ao corpo fsico; e, se algum duplo etrico for defeituoso, ou de certa
forma constitudo por teres finos ou toscos, o corpo fsico ser edificado sobre
aquele molde etrico, com similares defeitos e forma, composto de partculas
densas, tambm delicadas ou grosseiras.
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irradiando fora e vitalidade ao seu redor. Por outro lado, quando por
debilidade ou outras causas um homem incapaz de cultivar uma quantidade
suficiente dessa fora para seu prprio uso, atua inconscientemente como uma
esponja, apropriando-se da vitalidade j cultivada de alguma pessoa sensitiva
que tiver a m sorte de encontrar-se muito perto dele, e ela logo sentir uma
fraqueza e languidez incompreensveis.
A se encontra o perigo de que crianas cheias de sade durmam ao
lado de pessoas fracas e ancis; e de igual modo se explica a fadiga
experimentada por aqueles que assistem a sesses espritas sem precaver-se
contra a suco de sua fora vital durante as manifestaes.
Quando aquele Prana especializado (cultivado) circula no corpo com
mais rapidez que o necessrio, as pessoas tornam-se histricas e excitveis.
Por outro lado, quando dita fora vital no cultivada em quantidade suficiente
ou circula pelo corpo com muita lentido, o homem sente languidez e fadiga.
Prana no pode separar-se do veculo fsico e seu duplo etrico durante
a vida; os trs permanecem continuamente juntos, quer se encontre o homem
dormindo ou desperto. Quando o Prana deixa de circular em alguma parte do
corpo, aquela parte morre (frequentemente assim que se produz a cegueira,
a surdez, etc.); e do mesmo modo, quando se separa de todo o corpo, sofre
este a morte geral. Esse Prana no deve ser confundido com o que se chama
comumente vitalidade fsica, medida pelas aes qumicas no corpo. Tais so
os efeitos de Prana, que em si mesmo mais anlogo s condies eltricas e
a causa dos efeitos qumicos e outros.
P 91: um homem o mesmo quando se encontra dormindo ou desperto;
ou existe alguma mudana durante o sono?
R: Enquanto o homem se acha desperto e vive no mundo fsico,
encontra-se limitado por seu corpo fsico, pois usa de seus corpos astral e
mental somente como pontes para conectar-se com o fsico. Este ltimo cansase logo e necessita descanso peridico; por isso, deixando o homem todas as
noites tal corpo com seu duplo etrico e Prana, refugia-se no corpo astral que,
at onde sabemos, no se cansa nem requer repouso.
Liberado assim o homem de seu corpo fsico durante o sono, pode
mover-se pelo mundo astral em seu corpo astral. O homem primitivo no se
afasta para muito longe de seu corpo adormecido e praticamente no tem
conscincia durante o sono, segundo j se explicou. Toda pessoa culta, que
pertena s raas mais adiantadas do mundo, tem atualmente seus sentidos
astrais um tanto desenvolvidos, de tal sorte que se estiver j suficientemente
desperta para examinar as realidades que a rodeia durante o sono pode
observ-las e aprender muito com elas. Na vasta maioria dos casos, porm,
tais sentidos no alcanaram suficiente agudeza, conforme se disse antes, e as
pessoas passam muitas de suas noites numa espcie de estudo confuso, que
gira ao redor de qualquer pensamento que predomine em suas mentes no
momento em que adormecem. Possuem as faculdades astrais, mas raramente
as usam; sem dvida, acham-se despertas no plano astral e, entretanto, no
do a mnima para o plano astral; em consequncia, so conscientes do meio
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1. O MECANISMO
(a) Fsico
H no corpo um grande eixo central de matria nervosa que termina no
crebro; dele se irradia em todas as direes, atravs do corpo, uma rede de
fios nervosos. Segundo a moderna teoria cientfica, so esses filamentos
nervosos que, por suas vibraes, transmitem ao crebro toda impresso de
fora; e o crebro, ao receber tais impresses, as traduz em sensaes ou
percepes; de tal maneira que, se um homem coloca sua mo sobre algum
objeto e o acha quente, em realidade no sua mo que assim o sente, mas
seu crebro que se encontra atuando sob a informao que lhe transmitida
pelas vibraes que correm ao longo de seus fios telegrficos, os fios
nervosos. Todos os fios nervosos do corpo os da mo ou do p ou antes,
os feixes deles que se chamam o nervo tico, o auditivo, o olfativo, so da
mesma constituio, se bem que alguns deles tenham se especializado,
mediante longas idades de evoluo, em receber e transmitir mais facilmente
ao crebro um jogo particular de vibraes rpidas.
O crebro, que o grande centro do sistema nervoso, muito propenso
a ser afetado pela menor variao na sade geral de um homem; e, mais
particularmente, por qualquer coisa que produza uma mudana na circulao
do sangue atravs dele. Se for ministrado muito sangue ao crebro, tem lugar a
congesto dos vasos; se muito pouco, o crebro, e por consequncia o sistema
nervoso, sofrem de irritabilidade e depois de letargia. O sangue, medida que
circula pelo corpo, tem duas funes principais a cumprir: fornecer oxignio e
prover nutrio aos diferentes rgos do corpo. Se o abastecimento de
oxignio ao crebro deficiente, este chega a sobrecarregar-se de dixido de
carbono e logo sobrevm sensao de peso e letargia, como ocorre num local
cheio de gente e mal ventilado. Por outro lado, se demasiado grande a
velocidade com a qual o sangue flui atravs dos vasos, se produz febre; se
demasiado lenta, novamente se apresenta a letargia.
Por conseguinte, bvio que o crebro, atravs do qual devem passar
todas as impresses fsicas, pode ser facilmente perturbado no devido
cumprimento de suas funes por causas aparentemente triviais, s quais um
homem no prestaria ateno durante as horas do dia, e das quais estar
completamente ignorante durante o sono.
Uma particularidade do mecanismo fsico sua notvel tendncia a
repetir automaticamente aquelas vibraes s quais se acostumou a
responder. Essa propriedade do crebro a que d origem a todos aqueles
hbitos e manias corporais que so inteiramente independentes da vontade e,
com frequncia, to difceis de afastar; e tal propriedade desempenha um papel
mais importante ainda durante o sono que durante a viglia.
(b) Etrico
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3. CONDIO DO SONO
Num sono profundo, o corpo fsico de um homem, com seu duplo etrico
e Prana, descansa tranquilamente no leito, enquanto o Ego, no corpo astral,
flutua com igual tranquilidade justamente sobre ele.
a) O Crebro
Quando o Ego deixa de controlar temporariamente seu crebro, nem por
isso tal crebro se acha inteiramente inconsciente, pois o corpo fsico tem certa
conscincia rudimentar prpria, provavelmente o elemental fsico de que j se
falou, inteiramente parte da conscincia do ser real, e parte tambm do
mero agregado da conscincia de suas clulas individuais. O domnio daquela
conscincia sobre o crebro fsico muitssimo mais fraco que o obtido pelo
homem mesmo, e, por conseguinte, todas as causas (quantidade, qualidade e
circulao do sangue), que se mencionaram antes como capazes de afetar a
ao do crebro, so agora capazes de influenci-lo em maior grau. Por isso
que a indigesto, afetando a circulao do sangue, ocasiona to
frequentemente pesadelos e um dormir inquieto.
Porm, mesmo quando no perturbada, essa obscura e estranha
conscincia possui muitas peculiaridades notveis. Sua ao parece ser
automtica em sua maior parte e os resultados so geralmente incoerentes,
sem sentido e irremediavelmente confusos.
Parece incapaz de perceber qualquer ideia, exceto na forma de uma
cena na qual ela mesma seja um ator, e, por conseguinte, todos os estmulos,
sejam de dentro ou de fora, so imediatamente traduzidos em imagens.
incapaz de reter ideias abstratas ou recordaes como tais: imediatamente as
transforma em percepes imaginrias. Por exemplo, a ideia de glria sugerida
quela conscincia poderia tomar a forma de uma viso de um ser glorioso,
que aparecesse diante dela num sonho.
Ao mesmo tempo, na ausncia do Ego discernidor que regule as
impresses mais cruas, qualquer pensamento passageiro que sugira Roma ou
Bombaim, por exemplo, poderia ser imaginado como um real e instantneo
deslocamento a ditos lugares, e o sonhador se encontraria ali, subitamente,
sem sentir surpresa alguma por evento desse tipo.
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que exigiria muitas palavras para ser expressa, perfeitamente sugerida a ele
por uma nica imagem simblica. Tal pensamento ou smbolo, quando
recordado na conscincia de viglia, necessita, naturalmente, ser traduzido.
Frequentemente a mente desempenha muito bem essa funo, mas s vezes o
smbolo recordado sem sua chave e ento surge a confuso. Muitos
sonhadores esto de acordo em que sonhar em guas profundas significa um
prximo transtorno; e que as prolas so um sinal de lgrimas.
4. SONHOS
Vimos, pois, que os fatores para a produo dos sonhos podem ser:
1. O Ego, em qualquer estado de conscincia, desde a completa
insensibilidade at o perfeito domnio de suas faculdades, possuindo, neste
ltimo caso, certos poderes que transcendem, em muito, aqueles que
apresenta no estado ordinrio de viglia.
2. O corpo astral, constantemente palpitando sob os apetites grosseiros
de emoo e desejo.
3. O crebro etrico, com uma incessante procisso de cenas
incoerentes fluindo atravs dele.
4. O crebro fsico, com sua infantil semiconscincia e o costume de
expressar todo estmulo em forma pictrica ou grfica.
Naturalmente, os sonhos reais so experincias verdadeiras que
ocorreram ao Ego no plano astral ou em outros mais elevados, quando se
achava viajando para longe do seu corpo fsico adormecido.
a) A Viso Verdadeira
Esta se d quando o Ego olha, por si mesmo, algum fato num dos
planos elevados da natureza, ou ento quando ele foi conduzido por alguma
entidade mais avanada. Faz com que observe algum fato que lhe interessa
conhecer ou tem por acaso alguma viso gloriosa que o estimula e conforta.
b) O Sonho Proftico
Este tambm pode ser atribudo exclusivamente ao do Ego, que ou
prev por si mesmo ou informado sobre algum acontecimento futuro para o
qual deseja preparar sua conscincia inferior. H ocasies em que o
acontecimento muito srio, como a morte ou um desastre; enquanto que
outras vezes a profecia somente uma advertncia.
c) O Sonho Simblico
Tambm este obra do Ego e pode ser considerado uma variante
menos afortunada da classe precedente, porque um esforo imperfeito de
sua parte para transmitir informao acerca do futuro.
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R: Todo ser humano est rodeado por uma nuvem luminosa chamada
aura, uma poro sutil de matria fina que se estende ao redor do corpo fsico
a uma distncia de 50 a 75 centmetros. de forma ovalada e por isso,
comumente, chamado o ovo urico; no tem contornos bem definidos, e se
esfuma gradualmente at desaparecer no nada. Parte daquela aura, mais
desenvolvida num santo, mostra-se como um crculo de raios ao redor da
cabea do retrato e se chama aurola ou glria. No somente ao redor do
corpo humano, mas tambm ao redor de animais, rvores e at minerais, podese ver a aura como uma nuvem de luz, circundando-os ou emanando deles,
ainda que menos extensa e complexa do que a do homem.
A aura humana consta de matria de diferentes estados; e cinco de suas
partes componentes so visveis para o olho do clarividente, sendo cada uma,
digamos assim, uma aura por si mesma, que ocuparia todo o espao se as
outras quatro fossem retiradas.
A primeira, chamada de aura da sade devido ao fato de que sua
condio afetada grandemente pela sade do homem fsico, est composta
puramente de matria fsica muito fina; de um branco azulado fraco, quase
sem cor, e, num homem cheio de sade, apresenta aparncia estriada com
numerosas linhas retas irradiando do corpo em todas as direes. Essas
linhas, rgidas e paralelas em tempos de sade, devido constante irradiao
de fora vital abundante procedente de um corpo so, deformam-se durante
enfermidades, parecendo confusas e lnguidas como os pistilos de flores
murchas.
A segunda se chama aura prnica, porque se compe de matria do
Prana especializada, irradiando-se constantemente do corpo em todas as
direes, e possui um matiz azulado plido, apesar de o Prana que circula pelo
corpo ter uma cor rosa. radiao da aura prnica se deve o paralelismo das
linhas da aura da sade. A aura prnica mencionada frequentemente como a
aura magntica e usada na produo de muitos dos fenmenos de
magnetismo.
A terceira aura aquela que expressa Kama ou desejo, ou seja, o
campo de manifestao de Kama. Dela se forma o corpo astral para que o
homem viaje no mundo astral durante o sono do corpo fsico. H muito pouca
permanncia em suas manifestaes, j que suas cores, seu brilho e tipo de
vibrao esto mudando a cada momento. Por exemplo, um arrebatamento de
paixo carregar toda a aura de profundas labaredas vermelhas sobre um
fundo preto fuliginoso, enquanto que o medo repentino a converter numa
lvida e palpitante massa cinzenta.
A quarta a aura do Manas inferior, a manifestao da personalidade.
Dessa aura se forma o corpo mental do homem comum. usada, tambm,
para se fazer o mayavirupa, um corpo que funciona no plano mental, mas que
permite a seu ocupante por-se em contato ao mesmo tempo com o astral. Uma
pessoa capaz de viajar constantemente em seu corpo mental deixa atrs de si
seu corpo astral, juntamente com o fsico, e se por alguma razo desejar
mostrar-se no mundo astral no necessitar de seu prprio veculo astral,
materializando, por deliberada ao de sua vontade, outro para uso temporrio.
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CAPTULO IV
REENCARNAO
P 104: O que Reencarnao?
R: o renascimento, a descida da alma humana a sucessivos corpos
fsicos. Cada ser dever passar por muitas vidas, voltando Terra uma e outra
vez e habitando, em cada ocasio, num diferente corpo terreno, de acordo com
a lei do carma, segundo a qual cada um colhe o que tiver semeado em vidas
anteriores.
P 105: Mas o que que reencarna e qual o objetivo da reencarnao?
R: Pela etimologia da palavra (re, outra vez; in, em; caro-carnis, carne),
reencarnar significa repetidas entradas em envolturas carnais ou fsicas e
implica a existncia de algo relativamente permanente que entra em algo
relativamente impermanente. O homem uma inteligncia espiritual revestida
de corpos de matria. Essa inteligncia, que deve por em prtica todos os seus
poderes e capacidades divinas, desenvolve-se por descidas at a matria
tosca, ascendendo depois com os resultados das experincias assim obtidas.
o Ego, ou seja, o terceiro princpio (Manas ou Inteligncia), com os dois
princpios superiores (o segundo, Buddhi ou Intuio, e o primeiro, Atma ou
Vontade), que toma diferentes corpos, embora sua residncia natural sejam as
regies mais elevadas e espirituais. Ainda no manifesta a divindade e deve
aprender a dominar a matria, mediante longas experincias e muitas lies.
Tal como a ave marinha revoluteando pelos ares precipita-se na gua
para pegar sua presa, e se eleva de novo ao seu prprio elemento, assim
ocorre com o homem real, o ser espiritual que pertence aos mundos
superiores, que desce Terra para obter a experincia, que o alimento para
o desenvolvimento do Esprito, e a qual leva consigo a seu lugar para assimilla em capacidades inatas e poderes mentais e morais. Depois de assimilada a
experincia de uma vida, regressa Terra para outra vida a fim de progredir
mais.
Primeiramente vem Terra e toma um corpo que lhe foi preparado,
geralmente o corpo de um homem primitivo, para aprender as primeiras lies
da experincia humana. Passa logo ao outro lado da morte e, mediante as
lies de dor, aprende os erros que cometeu, assim como das lies de gozo
deduz quais foram os pensamentos e sentimentos retos que teve; ao passo
que, durante a ltima parte de sua vida post-mortem, assimila o que pde
coletar na Terra. Uma vez assimilada tal experincia, volta de novo Terra e
ocupa um corpo melhor, adequado sua condio j mais adiantada. Sua vida
real requer, pois, milhes de anos, e o que comumente consideramos como
sua vida to s um dia de sua vida, j que uma existncia de uns sessenta
anos neste mundo comumente seguida nos mundos superiores por um
perodo de duas a vinte vezes aquela durao, de acordo com o
desenvolvimento. Cada vida um dia na escola, e cada vez que voltamos
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progressos; enquanto que outra pessoa que a estuda pela primeira vez nesta
vida, no progride muita coisa.
Igualmente, quando nos encontramos como em famlia com um
estrangeiro que acabamos de conhecer, ou quando dois seres se enamoram
primeira vista, a recordao atua ali, o reconhecimento que o Esprito faz de
um amigo de encarnaes anteriores; o chamado do Ego a outro Ego,
antigos camaradas que apertam suas mos em perfeita confiana e mtua
compreenso. E de modo semelhante est presente a recordao quando nos
surpreendemos com um sentimento de repulso ao vermos um ser
aparentemente estranho a ns: no mais que o reconhecimento de um antigo
inimigo.
Por outro lado, a lembrana de vidas passadas se manifesta, em certas
ocasies, em crianas que tm vises fugazes de sua vida anterior e que
rememoram, algumas vezes, muitos detalhes, especialmente se morreram de
morte violenta em sua ltima encarnao. Sem dvida alguma tal recordao
pode ser conseguida, mas isso requer firme esforo e prolongada meditao
para controlar a sempre inquieta mente e torn-la sensitiva e fiel ao chamado
do Esprito, manifestado como um Ego nico que armazena todas as
lembranas do passado; ento se recordam as cenas de vidas anteriores,
reconhecem-se os antigos amigos, veem-se os antigos laos. O fato que o
Ego passou por todos esses eventos e, no mundo celeste, depois da morte,
elaborou, a partir de suas experincias, faculdades e carter, intelecto e
conscincia. Mas somente quando um homem alcanar a memria do Ego e
chegar a unificar-se com ele conscientemente, poder recordar tudo em seu
novo crebro.
Nenhum crebro pode conservar com todos os detalhes a lembrana de
acontecimentos de numerosas vidas passadas, e, ainda que pudesse, sendo
meros detalhes, no valeria a pena serem levados em considerao por quem
tem de atuar sob o acicate do momento. Se cada vez que nos aproximamos do
fogo tivssemos de recordar todos os sofrimentos de queimaduras anteriores,
voltaramos a nos queimar muitas vezes antes de passar por todos os detalhes
de recordaes passadas e deduzir delas uma linha de conduta. Mas quando
aqueles acontecimentos esto sintetizados em juzos morais e mentais, achamse prontos para uso imediato. A lembrana de numerosos assassinatos
cometidos seria uma carga intil, enquanto que o instinto da santidade da vida
humana uma recordao efetiva daqueles.
Um homem de idade mais sbio e mais inteligente que um jovenzinho
porque ganhou maior experincia. Igualmente, um homem civilizado mais
sbio que um homem primitivo, porque passou por mais encarnaes.
P 109: Mas, um homem de idade sempre mais sbio e mais inteligente
do que um rapaz? Pode um jovem contemporneo, de vinte anos, ser mais
inteligente que um homem primitivo, de cinquenta?
R: Essa questo s vem reforar a teoria da reencarnao. Um garoto
de dez anos e dez dias mais sbio do que outro de cinco anos e cinquenta
dias, pois os dias nada significam diante dos anos. Igualmente, visto que os
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anos nada significam diante das vidas, um jovem de vinte anos e, digamos, mil
vidas atrs dele, deve ser mais sbio que um homem primitivo de cinquenta e,
talvez, cem vidas pretritas. Agora, se no aceitamos a reencarnao, todas as
criaturas deveriam nascer com a mesma inteligncia, o que no assim.
Somente a reencarnao explica a diferena entre elas, decorrente das
diferentes idades das almas.
P 110: Sabe-se que as peculiaridades fsicas e mentais das crianas
procedem dos pais pela lei da hereditariedade. Acaso a reencarnao ignora
tal lei?
R: No. Pelo contrrio, a ratifica no plano fsico. Ao fornecer corpos
fsicos, os pais estampam neles sua marca de fbrica, e assim as molculas do
corpinho infantil trazem consigo o hbito de vibrar de certo modo. Dessa
maneira como se transmitem criana as enfermidades hereditrias, assim
como as pequenas manias ou extravagncias.
Mas a transmisso de semelhanas e peculiaridades mentais
verdadeira at certo limite e nunca at a extenso que se supe. Os pais
fornecem os tomos fsicos assim como os etricos e os elementos kmicos
(estes especialmente trazidos pela me), os quais, atuando sobre as molculas
do crebro, conferem criana as caractersticas passionais dos pais,
modificando em parte as manifestaes do Ego da criana. Embora a
reencarnao admita todas essas influncias paternais na criatura, vai-se mais
longe ao afirmar que existe uma ao do Ego totalmente independente, a
tendncia inerente sua natureza, dando assim uma explicao plena das
diferenas, assim como das semelhanas. A herana pode explicar somente as
semelhanas e no as diferenas.
Alm do mais, embora a lei da hereditariedade explique a evoluo dos
corpos, no lana luz sobre a evoluo da inteligncia e da conscincia, e as
ltimas dedues demonstram que as qualidades adquiridas no so
transmissveis e que o gnio frequentemente estril.
Existem circunstncias importantes que se opem lei da
hereditariedade e que so facilmente explicadas pela reencarnao, como os
seguintes casos que demonstram o inadequado da reduo exclusivamente a
influncias hereditrias:
1. Filhos dos mesmos pais que no so igualmente inteligentes nem de
mesmas tendncias morais.
2. Comparando as vidas dos gmeos se observa que dois indivduos
nascidos sob condies exatamente idnticas, e tendo precisamente a mesma
herana, costumam diferir grandemente no fsico, no intelecto e no carter.
3. As grandes diferenas de carter e de inteligncias que podem existir
entre pai e filho apesar de seu fsico parecido.
4. O nascimento de gnios em circunstncias humildes e at vulgares, o
que prova irrefutavelmente que a alma individual ultrapassa as sujeies do
nascimento fsico.
5. Filhos medocres nascem de pais muito cultos, o que demonstra a
falta de influncia hereditria nas capacidades e poderes mentais e morais.
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verificamos que quanto mais fino o organismo, maior sua tendncia para a
esterilidade ou grande limitao no nmero de descendentes. De fato, j um
aforismo entre os cientistas que o gnio estril, significando isso, em
primeiro lugar, que um ser genial no tende a aumentar a raa e, em segundo
lugar, que, ainda que um homem genial tenha um filho, este no demonstra
possuir as qualidades do gnio, geralmente um ser comum e at com
tendncia a atuar abaixo do nvel mdio de seu tempo.
H dois tipos especiais de gnio: o do intelecto puro ou da virtude, e o
da arte, que requer a cooperao do corpo fsico. Pouco ou nada exige o
primeiro da herana fsica; mas no poderamos ter um grande gnio musical a
menos que levasse aparelhado um corpo fsico especializado, com delicada
organizao nervosa, finura de tato e agudeza de ouvido. Esses fatores fsicos
so requeridos a fim de que o gnio musical possa expressar sua fase mais
elevada; a se necessita da cooperao da herana fsica. Quando lemos a
biografia de um gnio musical, geralmente descobrimos que nasceu no seio de
uma famlia de msicos; que durante duas ou trs geraes antes da apario
do gnio, a famlia na qual nasceu havia-se distinguido por seu talento musical;
e que, quando o gnio aparece, o talento musical morre e a famlia se esfuma
na marca comum da gente vulgar. A florao da famlia o gnio, mas este
no transmite-se posteridade.
Esses problemas e enigmas da hereditariedade encontram explicao
razovel no ensinamento da reencarnao. Um gnio musical necessita de um
corpo especializado, que nasa numa famlia musical sob as leis da
hereditariedade; mas, como j se explicou, tal lei surte efeitos somente para o
corpo fsico, pois o carter mental e o carter moral no so transmissveis. E o
gnio no vem ao mundo criado repentinamente por Deus, ou como um mero
jogo da natureza ou resultado de algum acidente afortunado; vem com as
qualidades que gradualmente desenvolveu lutando no passado. Na base da
escala de progresso est o nfimo homem primitivo; no topo de tal escala
encontram-se o maior santo e o intelecto mais nobre, gnios lentamente
criados por etapas, produzidos fora de inumerveis lutas, por seus fracassos
e suas vitrias, pelo mal e pelo bem. Os males do passado so os degraus
pelos quais o homem ascende at a virtude, de tal modo que, mesmo no
criminoso mais degradado contemplamos a promessa da divindade. Tambm
ele ascender at onde se encontra o santo, e em todos os filhos dos homens
Deus se revelar no fim.
Isso explica por que deve haver progredido o homem, embora
Weissmann tenha razo ao dizer que as qualidades adquiridas no so
transmissveis, pois estas qualidades mentais e morais no constituem um dom
do pai. So os trofus de vitrias duramente conquistadas pela alma individual.
E cada alma volta a novo nascimento num corpo novo, com os resultados de
suas existncias anteriores como base de seu trabalho na vida presente.
E assim, a reencarnao com suas lies no curso da evoluo da vida
preenche os vazios que a teoria cientfica deixa, e torna compreensvel o
progresso do carter e da inteligncia paralelamente ao da evoluo da forma.
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outra alma de mais experincia, com muitas vidas atrs de si; que ambos so o
resultado de seu passado e que as diferenas entre eles so to somente de
idade e crescimento.
Entre outros muitos problemas, a reencarnao resolve estes:
I. Explica as atuais desigualdades de condio e de privilgios sociais.
II. Afasta a necessidade metafsica de ter de atribuir um aspecto de
injustia Suprema Justia.
III. Introduz nos mundos morais e espirituais a mesma ordem que a
observao e a cincia descobriram no fsico.
IV. Explica a apario de homens geniais em famlias cujos outros
membros carecem de habilidades extraordinrias.
V. Explica a frequente ocorrncia de casos de ambiente hostil, que
costuma amargar a boa disposio e paralisar o esforo.
VI. Justifica a violenta anttese entre o carter e a condio,
demonstrando que aquele resultado do crescimento e no de um divino
faa-se.
VII. Explica as variaes do sentido moral da humanidade, isto , os
problemas de conscincia.
VIII. Explica por que ocorrem os acidentes, desgraas e a morte prematura
ou repentina.
IX. Explica-nos por que alguns indivduos possuem poderes psquicos.
X. Mostra a razo de ser e esclarece a evoluo Darwiniana.
XI. Fornece a soluo razovel do problema de qual ser o futuro dos
homens que, tendo Deus lhes outorgado o dom da existncia fsica, jamais
aprenderam a estim-la; por exemplo, o avarento, cujo nico gozo contar
certo nmero de moedas de metal amarelo; ou o sensual, que no possui outro
conceito da vida que no a bestialidade.
XII. Explica a tremenda contradio que frequentemente surge entre
nossos desejos e nossa vontade, nosso carter segundo ns o conhecemos e
nossas aes conforme so olhadas pelos demais.
XIII. Soluciona a dificuldade de conciliar o Amor de Deus com Seu Poder.
XIV. Explica o capricho, aparentemente sem significado, da morte.
P 117: E a respeito de uma criana que morre pouco depois de nascer,
como o senhor poder explicar esse nascimento intil?
R: Um dos fatores sob os quais tem lugar a reencarnao a lei do
carma ou lei de causa e efeito (Ver o Captulo V). s vezes um Ego tem
dvidas sobre tal lei, por haver ocasionado, sem malcia ou inteno, a morte
de alguma pessoa, matando meramente por descuido, como, por exemplo, ao
acender um charuto com um fsforo e lan-lo inadvertidamente sobre um
monte de palha, comunicando o fogo a uma casa e queimando mortalmente
seu ocupante. Tal Ego dever pagar seu descuido, no sua criminalidade, com
uma breve demora em ocupar um corpo novo. Pagar sua conta mediante a
perda prematura de um corpo infantil e a consequente demora; mas logo
ocupar outro, geralmente da a uns poucos meses.
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merecido aquele privilgio por uma vida anterior de retido, ou tivesse escalado
essa bendita elevao como resultado de meritrias aes em seu passado.
Em seguida temos a bem definida afirmao em Malaquias (iv, 5) de que Elias
regressaria. Existe outra passagem interessante no livro Sabedoria de
Salomo, na qual este diz: Eu fui uma criana de aguda vivacidade e tive um
esprito bom. Em verdade, por ser bom, vim a um corpo imaculado... (ix, 5).
Eis a a afirmao explcita de que, j que Salomo era j um esprito bom, veio
a um corpo sem marcas. O famoso historiador judeu Josefo acrescenta
afirmaes precisas com relao aos judeus de seu tempo. Em sua obra De
Bello Judaico (ii, 8) diz, referindo-se aos fariseus: ...Afirmam eles que todas
as almas so incorruptveis; que somente as almas das pessoas boas passam
a outros corpos, mas que as almas dos maus sofrero castigo eterno... H
todavia outra citao melhor em Josefo, aludindo crena geral de seu prprio
tempo com respeito reencarnao da alma. Havendo defendido a fortaleza de
Jotapata e buscado refgio numa caverna, com uns quarenta soldados que
planejavam matar-se uns aos outros para evitar carem em mos dos romanos,
o prprio Josefo lhes falou da seguinte maneira: No recordais que todos os
espritos puros, que viveram de acordo com a vontade divina, residiro na mais
bela das moradas celestiais, e a seu devido tempo sero enviados outra vez ao
mundo para habitar corpos imaculados; enquanto que as almas daqueles que
se suicidaram so condenadas regio das trevas nos mundos inferiores?
Agora, com toda justia argui o professor Victor Rydber com relao a essas
palavras, que o fato de que Josefo fizera consideraes dessa classe a
soldados rudes, a homens carentes de instruo, e no a filsofos que por
seus escritos se sabe que acreditavam na reencarnao e a ensinavam
naqueles tempos, demonstra que a doutrina era coisa corrente entre os judeus
de sua poca. A mesma se encontra claramente definida nos escritos de Philo,
como uma das bases da grande Escola Judia Alexandrina. Portanto, no que
tange aos judeus, tal doutrina era geralmente admitida entre eles, e til
recordar as palavras dos discpulos de Jesus e suas perguntas acerca do
pecado daquele homem que havia nascido cego, j que parece que somente
se referiam a uma crena comum e corrente em seus dias.
Folheando o Novo Testamento, a primeira coisa interessante que se
encontra sobre esse particular o famoso cumprimento da profecia de
Malaquias acerca do retorno de Elias, o Profeta. perfeitamente certo que,
quando se perguntou a So Joo Batista s tu Elias?, ele respondeu No.
Mas o prprio Jesus afirmou exatamente o contrrio e disse: Este Elias. A
negao do Batista se explica facilmente pelo fato de que somente em casos
muito raros, conforme j se explicou antes, subsiste a recordao de uma vida
anterior, atravs da morte e do renascimento, motivo pelo qual a ausncia de
tal conhecimento na mente dele no prova contra a realidade da
reencarnao; enquanto que a dupla afirmao do Cristo Mesmo, de que So
Joo Batista era Elias (S. Mateus, xi, 14 e xvii, 12-13), falando como o fez com
conhecimento do passado, seguramente contrabalana muito a negao do
Batista. Chama tambm a ateno a semelhana de carter (exatamente o que
se poderia esperar), pois ambos predicaram a retido, foram ascetas por
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esta resposta: Por que me fazeis esta pergunta louca sobre se um homem
nasce cego por causa de seu pecado? Como pde pecar antes de nascer?
Igualmente, a frase em So Joo (XIV, 2), Na casa de meu Pai h
muitas moradas, muito significativa. A palavra erroneamente traduzida por
moradas ou manses, a que se usava para designar as pousadas ou casas
gratuitas de descanso ao longo dos caminhos do Imprio. E essa uma aluso
muito sugestiva aos muitos descansos que a alma humana, ou Ego, desfruta
na Casa do Pai, entre vidas de esforo na Terra durante as quais cresce sua
estatura espiritual. Sede perfeitos, teria sido um mandamento intil da parte
do Cristo, se tivesse sido dirigido a uma humanidade vacilante e pobre, com
poucos anos para sua vida, ou a brios ociosos cujos pensamentos estivessem
concentrados no prostbulo mais prximo. Porm foi uma gloriosa promessa
para aqueles que teriam tempo de crescer at a medida da estatura da
plenitude do Cristo. Diz o Prprio Cristo: No superior o discpulo a seu
Mestre, mas cada um, quando chegar perfeio, ser como seu Mestre
(Lucas, vi, 40).
H outro texto na Revelao que tambm traz implcita a doutrina da
reencarnao. aquele versculo no qual o Filho do Homem, ao dirigir-se a
uma das sete Igrejas da sia, faz afirmao a respeito daquele que vencer:
Farei dele uma coluna no Templo de meu Deus e j no ir mais. Esse ir de
novo, que finda com a vitria final, refere-se s repetidas ausncias da alma
dos mundos celestiais, que terminam quando a alma tiver se aperfeioado e
chegado a ser Uma coluna no templo de Meu Deus, Vigilantes e Santos,
pilares do Templo de Deus, que dali no voltaro a sair (Rev. 3, 12).
Muitos dos padres cristos se referiram pr-existncia e ao
renascimento, que eram doutrinas fundamentais entre os gnsticos e que
representaram, durante muitos sculos, a mais pura corrente do ensinamento
espiritual e filosfico do Cristo.
Nos escritos de Orgenes, o discpulo mais clebre de So Clemente de
Alexandria e talvez o mais brilhante e instrudo de todos os padres
eclesisticos, e particularmente em seu grande tratado De principiis, h uma
mina de informao acerca dos ensinamentos dos primitivos cristos no sculo
segundo.
Seu ponto de vista era o da evoluo. Referindo-se a ter sido So Joo,
o Batista, preenchido com o Esprito Santo no ventre materno (I, vii, 4), diz ele
que alguns podero pensar que Deus preenche os indivduos com seu Santo
Esprito e lhes confere a santificao, no com base na justia e de acordo com
seus merecimentos, mas arbitrariamente. E como evitaramos ento a
pergunta: Existe falta de retido em Deus? Deus impede? Ou ento esta: H
preferncia de Deus por pessoas? Pois tal a defesa dos que sustentam que
as almas vm existncia com os corpos. So Joo Batista foi preenchido
com o Esprito Santo no ventre materno somente porque em vidas anteriores
de retido havia ganhado tal beno. Orgenes acrescenta que Deus dispe
todas as coisas de acordo com os merecimentos e progresso moral de cada
indivduo, e que isso necessrio para demonstrar a imparcialidade e reta
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chama-se por causa dessa distino, segundo creio, o inferno inferior. Por
conseguinte, cada um dos que descem Terra, e de acordo com seus
merecimentos, ou com a posio que ocupou antes aqui, levado a nascer,
neste mundo, num pas diferente; ou entre homens de outra raa ou diferente
modo de vida; ou com o grmen de enfermidades de diferentes tipos; pode
nascer de pais religiosos, ou de quem no o seja; de tal sorte que
frequentemente nasce um israelita entre os sntios, ou um pobre egpcio na
Judeia... (IV, i, 23). Dificilmente se poderia encontrar algo mais claro e definido
que isso acerca do renascimento das almas.
Se possvel fazer-se uma alma boa, fazer uma alma m impossvel
para um Deus de Justia e de Amor. Isso no pode acontecer. No existe
justificao alguma para tal. E desde o momento em que se reconhece que
alguns homens j nasceram criminosos, conforme s vezes ocorre, nos
sentimos forados ou a blasfemar, dizendo que um Deus perfeito e amoroso
cria uma alma arruinada e logo a castiga por ser o que Ele a fez ser, ou ento
compreendemos que Ele trata com almas que esto crescendo e
desenvolvendo-se, criaturas a quem Ele treina para a perfeio ultimada; e
que, se em alguma vida nasce um ser malvado e vicioso porque ele se
perverteu e ter de colher em sofrimentos o resultado dos males que cometeu,
a fim de que possa aprender a sabedoria e retornar ao bom caminho. Cabe aos
cristos dar-se conta de quanto ilumina a vida, e a faz razovel, aquela ardente
esperana do apstolo: Que Cristo nasa em vs; esperana que no
possvel realizar nem mesmo para o melhor homem numa nica vida;
esperana ridiculamente impossvel e vazia se colocada diante da massa
abjeta que povoa os arrabaldes do vcio e da criminalidade, gente, entretanto,
contra a qual se peca mais do que ela peca.
Portanto, a reencarnao uma doutrina crist, e se um cristo a aceita
pelo exerccio de sua razo e de seu pensamento, e chega concluso de que
a reencarnao certa, no dever consider-la como doutrina extica
procedente das religies hindu ou budista, egpcia, grega, romana, etc., mas
tom-la como parte da sua prpria por direito de nascimento, como parte da f
que antigamente fora entregue aos santos.
P 120: Se a Reencarnao , pois, uma doutrina crist, como que
desapareceu e hoje no mais se encontra no Cristianismo moderno?
R: No Novo Testamento no se encontra palavra alguma de antema,
crtica ou admoestao contra essa doutrina, a qual, como antes j vimos,
constitua uma poro considervel das filosofias e crenas dos judeus e
gentios. Pelo contrrio, as Escrituras contm numerosas passagens que s
podem ser iluminadas e compreendidas pela luz que sobre elas verte a
doutrina da Reencarnao. Mas tal doutrina foi condenada e excluda da
ortodoxia crist pelo Segundo Conclio de Constantinopla, no sculo VI (Ano
553). Essa a razo pela qual desapareceu do Cristianismo oficial
representado pela Igreja Catlica romana; mas no desapareceu da
cristandade. Persistiu e foi preservada nos ensinamentos de muitas seitas
msticas, chamadas hereges, e nos cantares de muitos trovadores errantes. A
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escola dos albigenses, que tantos mrtires produziu por causa de seu apego
verdade original do Evangelho, ensinou a reencarnao, doutrina que
reaparece de tempos em tempos na Igreja da maneira mais notvel. No sculo
XVII, o Rev. Mr. Glanville, capelo de Carlos II, era um homem de posio e
autoridade indiscutveis na Igreja; e, no entanto, em seu livro Lux Orientalis,
estabelece, passo a passo, exatamente a mesma doutrina da reencarnao
que se encontra nos primitivos padres e que familiar agora a todos os
estudantes de Teosofia. Tambm no sculo XVIII houve uma propaganda
regular dessa doutrina, pois apareceram vrios livros demonstrando que era
parte integral do Cristianismo.
E assim o ensinamento da reencarnao desapareceu somente por
pouco tempo, na mar de ignorncia que inundou a Europa depois da
decadncia do Imprio Romano; porm esse esplndido conceito est agora
invadindo firmemente o pensamento ocidental, por meio de livros, conferncias
ou artigos de filsofos, poetas e alguns clrigos.
P 121: Quais so os principais fatores que determinam o prximo
nascimento de um ser?
R: H trs fatores principais:
O primeiro a lei da evoluo, que impulsiona o homem para
circunstncias dentro das quais possa ele desenvolver mais facilmente as
qualidades que necessita. Cada ser tem de chegar perfeio pelo
desenvolvimento de todas as divinas possibilidades que se acham latentes
nele; pois o objetivo de todo o esquema esse desenvolvimento. Para tal
propsito guiado precisamente para aquela raa ou sub-raa que, mediante
suas condies e ambiente, seja a mais adequada para desenvolver dentro
dele as qualidades especiais que lhe faltem.
Todavia a ao dessa lei acha-se limitada pela lei do carma, ou seja, a
lei de causa e efeito. Se um homem criou carma para si, que lhe produza
limitaes, ter de avanar sem as melhores oportunidades possveis e
contentar-se com as que houver sua volta. Em tal caso, nossas prprias
aes passadas so as que restringem o livre jogo da lei de evoluo.
O terceiro fator, que limita ainda mais a ao da lei de evoluo, a
influncia do grupo de Egos com os quais tenha ele formado fortes laos de
afeto, ou de dio, em vidas anteriores. Sua relao com tais Egos, com os
quais ter de se encontrar devido s suas ligaes anteriores, um fator
importante, que atua para o bem ou para o mal na determinao de seu
nascimento seguinte.
A evoluo , para o homem, a Vontade de Deus; e a lei de evoluo
fornece a todo ser aquilo que lhe for mais conveniente, embora, conforme j se
falou, as melhores oportunidades ficam limitadas pelas aes passadas do
homem e por suas ligaes com outras almas. Pode um homem ser capaz de
aprender certas lies em cem diferentes circunstncias e posies, mas
poder ser afastado de mais da metade delas por seu carma passado; e
mesmo do resto se faz uma seleo, por causa, principalmente, da presena
113
em sua famlia, ou nas cercanias, de almas com as quais formou laos de amor
ou de dio no passado.
Filosoficamente certo dizer que um homem consegue sempre as
melhores oportunidades, j que obtm as condies mais apropriadas para seu
carter imperfeito, as necessrias para retirar-lhe defeitos. o mesmo que
ocorre nas escolas, onde no podemos dar a um aluno muito jovem o melhor
livro de texto, porque no poderia compreend-lo nem aproveitar-se dele, por
conter ensinamentos muito elevados para ele.
P 122: De acordo com isso, voltamos a estar novamente em contato,
numa nova vida, com pessoas a quem tenhamos amado ou odiado nesta?
R: Certamente. Em primeiro lugar, durante nossa longa vida no mundo
celestial passamos todo o tempo em companhia das pessoas que amamos na
Terra; e, quando a ela regressamos, trazemos a tendncia de faz-lo em
grupo, com os mesmos seres queridos.
O amor um lao formado entre os Egos; portanto, a morte no pode
romp-lo e os Egos que se amam se reconhecem, nos novos corpos, como
velhos amigos que usam trajes diferentes. Entretanto, disso no se segue que
os Egos tero de possuir as mesmas relaes terrenas que tiveram na vida
passada. O lao de um amor puro subsiste, porm o marido e a mulher de uma
vida podem renascer como dois irmos, ou irms, ou irmo e irm; ou ento
podem ter a relao de pai e filho, de av e neto, ou qualquer outro lao de
consanguinidade. Porm, se por razes crmicas nascem em famlias
diferentes, na mesma regio ou em pases muito distantes, chegaro a
encontrar-se e se sentiro fortemente atrados um pelo outro, como amigos
ntimos, ou bem-amados, j que nada h nos cus ou na Terra que possa
destruir o amor ou romper seus laos.
Sendo os laos s vezes de dio ou de maldades, acontece que antigos
inimigos so atrados para uma mesma famlia para arrepender-se, seja por um
msero sofrimento ou, tendo havido alguma dessas espantosas tragdias
familiares, pelos maus resultados de um passado comum.
s vezes, primeira vista sentimos repulsa por alguma pessoa, que a
voz de alerta que nos d o Ego de inimigo frente. Os laos forjados pelo
dio somente podem fundir-se no fogo do amor, j que O dio jamais termina
pelo dio; o dio cessa somente pelo amor. E assim que regressamos,
juntos, aos antigos amigos, e juntos, tambm, aos antigos inimigos, ainda que
revestidos de novos trajes carnais, com novos veculos em cada vida.
No volume dezoito e ltimo das obras de Max Mller aparece uma
passagem notvel que demonstra claramente sua crena na reencarnao:
No posso impedir o pensamento de que as almas para as quais nos
sentimos atrados nesta vida so as mesmas almas que conhecemos e
amamos em vidas anteriores; e que as almas que nos repelem aqui e agora,
sem saber por que, so as almas que mereceram nossa reprovao, aquelas
das quais nos afastamos numa vida anterior.
114
O destino do cruel h de cair tambm sobre todo aquele que sai a matar
intencionalmente as criaturas de Deus, e chama a isso esporte. O mesmo se
aplica a determinados artigos exigidos para atender a moda. Existe certo tipo
de plumas, arminho e outros adornos, que s podem ser obtidos custa de
terrveis perdas para a vida animal, no somente pela morte dos que so
sacrificados para tal fim, como tambm pela morte das crias, que geralmente
dependem da me para sobreviver. As pessoas que usam essas coisas
suprfluas, apesar de no serem intencionalmente cruis, so criminalmente
falhas nos cuidados. Simplesmente fazem o que outros fazem, e tentam
desculpar sua brutalidade dizendo que esse o costume; mas um crime no
deixa de ser um crime porque muitos o cometem. O destino do cruel alcana a
todos que o merecem, mais cedo ou mais tarde.
P 126: E regra fixa que uma criana nascida de pais de baixo tipo
moral seja um ser atrasado, e que de pais de elevado tipo de desenvolvimento
nasam filhos altamente evoludos?
R: Normalmente os semelhantes atraem os semelhantes; e um Ego
guiado para pais de desenvolvimento similar ao seu, para que conte com um
corpo fsico adequado ao que necessita, e tambm para liquidar contas
pendentes com os pais ou com os futuros parentes, com quem, provavelmente,
teve a ver em vidas anteriores. Porm existem excees ou casos anormais.
s vezes entre tipo de gente degradada, em alguma cercania, encontramos
alguma criana pura e santa, crescendo como flor imaculada entre o lodaal da
vida de crime; e tambm s vezes, no seio de alguma famlia nobre,
encontramos almas ms. Esses casos podem ser explicados pela lei do
carma, pelo lao criado com outros Egos no passado. A alma m, por alguma
ao benfica em qualquer vida anterior, pde ter-se ligado com o Ego mais
nobre e est cobrando agora, em sua nova vida, a antiga dvida de gratido, na
forma das vantagens que um ambiente favorvel proporciona.
Em certas ocasies, uma grande alma, movida pelo esprito de
autossacrifcio, nasce entre gente de baixa condio social, simplesmente para
elevar os degradados e para alent-los, por seu exemplo, a aspirar a um nvel
superior. Exemplos disso se v em muitos dos grandes Santos do Sul da ndia,
que nasceram entre os prias; assim como o bem conhecido caso do negro
Booker T. Washington.
P 127: So contnuas as encarnaes no mesmo sexo, ou algum que
nasceu como homem numa encarnao pode nascer como mulher em outra?
R: Homens e mulheres so antes complementos que duplicados. H
diferenas importantes entre os dois sexos, tanto sociais quanto biolgicas. O
professor Edward Lee Thorndike, famoso psiclogo e educador da
Universidade de Colmbia, classificou as diferenas especficas na
mentalidade de ambos os sexos. As mulheres, diz, sobressaem no ensino
das primeiras letras, no ingls, em idiomas estrangeiros, na memria imediata
e retentiva. Os homens superam em histria, engenhosidade, fsica, qumica e
preciso de movimento.
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um esprito humano residir num corpo animal como o seria para um litro caber
numa medida de decilitro.
No entanto, quando um Ego, uma alma humana, por seus apetites
viciosos cria um forte lao de apego a um tipo particular de animal, o corpo
astral de tal pessoa, depois que a alma abandonou o corpo fsico, pode
assumir uma forma semelhante do animal que representou suas paixes
sobre a Terra, e a alma pode assim personificar-se no envoltrio daquele
animal. Quer seja nessa etapa, ou quando estiver retornando reencarnao e
se achar de novo no mundo astral, pode a alma, em casos extremos,
permanecer ligada por afinidade magntica ao corpo astral de um animal de
apetites viciosos semelhantes, e acorrentada como prisioneira ao corpo fsico
daquele animal por meio de seu astral. Caso se ache assim presa no mundo
astral, justamente depois da morte, ela no poder ir ao mundo celestial, nem
poder renascer como homem se o aprisionamento tiver lugar quando a alma
estiver descendo vida fsica. Tal entidade humana tem todas as suas
faculdades e conscincia no mundo astral; porm no pode expressar-se a si
mesma, porque, em primeiro lugar, o corpo animal no serve para a
autoexpresso humana, e em segundo lugar porque o animal controla ainda
seu prprio corpo. Todavia, tal obsesso animal, isto , o suportar a abjeta
servido e estar preso a um animal e privado temporalmente de todo progresso
e autoexpresso, no reencarnao, j que reencarnao significa entrar
num veculo fsico que pertena ao, e seja controlado pelo, Ego. E assim
compreendemos que a alma de um homem no chega a ser a alma de um
animal, mas que se acha presa alma de um animal e arrastada na
organizao animal, permanecendo totalmente impedidas todas as energias
daquela alma racional.
Em casos raros, livre j de semelhante priso, pode o Ego tomar
nascimento humano, mas o corpo fsico ficar impresso com as caractersticas
do animal, por exemplo, o rosto parecido com o de um porco ou de um
cachorro.
P 129: Ento, como se explica a afirmao feita em A Luz da sia de
que o Buda podia recordar uma encarnao dele numa forma de tigre?
R: Para entender isso, no se tem que dar por admitido nem o
nascimento de almas humanas em corpos animais, nem a teoria de uma
conscincia individual persistente nos animais. Em primeiro lugar, aquela
afirmao meramente a repetio de uma lenda exotrica, que pode ou no
ser correta. E mesmo supondo que seja correta, devemos recordar que os
Adeptos podem retroceder at Suas reencarnaes passadas, at os
princpios, quando eles se individualizaram para chegar a serem homens. E o
Buda um Ser cujos poderes so, em muito, superiores aos de um Adepto. Ele
pode olhar o passado e ler os registros aksicos de um Manvntara*, quando,
da essncia mondica que ento se encontrava evoluindo por meio da forma
de um tigre, individualizou-se o ser humano, isto , quando a essncia
*
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mondica, que hoje Ele Mesmo, formava parte de uma poro dessa
essncia que animava os corpos de muitos tigres.
P 130: Em que etapa termina a reencarnao para um Ego, e como?
R: O Ego tem que descer aos mundos inferiores e trabalhar neles
revestido de diferentes veculos, at alcanar a Meta que lhe foi assinalada
pela lei da evoluo, adquirindo conhecimento e fora suficientes para ser
capaz de funcionar constantemente nos cinco planos da natureza at o
Nirvana, com um domnio completo da matria deles.
O que novamente o atrai para a Terra , em primeiro lugar, seu carma,
e em segundo Trishna (em pali, Tanha), a sede, o desejo pela existncia
senciente no plano fsico. O desejo til enquanto nos falta a experincia, e
como a sede por ela fica insatisfeita, o Ego regressa Terra uma e outra vez.
Porm, o desejo pessoal e, portanto, Egosta, e sendo a condio do
Arhatado de uma atividade incessante sem nenhuma recompensa pessoal, o
Ego ao ascender em seu caminho deve libertar-se de seus desejos, um aps o
outro: do desejo de gozo pessoal, de prazer pessoal, de benefcio ou logro
pessoal, e do ltimo e mais sutil de todos, do desejo de perfeio pessoal. No
deve cessar a ao, mas continuar ininterruptamente na atividade, sem desejar
recompensa alguma pelo fruto da ao. E assim, para liberarmo-nos da cadeia
de nascimentos e mortes, necessrio esgotarmos todo o carma e destruir
todo desejo pela existncia senciente. Todavia, no se pode matar o desejo
enquanto no se tenha adquirido o conhecimento, pois no se pode obter a
liberao sem o conhecimento. De fato a liberao no algo por adquirir:
todos somos livres, mas a fim de saber, de dar-nos conta de que estamos livres
e no acorrentados, preciso o autoconhecimento. Por isso lemos em A Voz
do Silncio: Te absters da ao? No assim que tua alma ganhar a
liberdade. Para alcanar o Nirvana, deve-se adquirir o conhecimento de si; e
autoconhecer-se o fruto das aes amorosas. No mesmo livro se l: A
inao numa obra de misericrdia chega a ser ao num pecado mortal. O
fracasso em dar-se conta dessa distino, entre a ao e o desejo pelos frutos
da ao, levou as naes orientais a sua paralisia e passividade
caractersticas. O Egosmo espiritual e a indiferena tm produzido sua
decadncia.
P 131: Qual o intervalo entre as vidas, o tempo que transcorre entre
as encarnaes do mesmo indivduo?
R: O perodo entre as encarnaes, ou seja, entre a morte e o prximo
nascimento fsico, transcorre em sua maior parte no mundo celestial inferior
(Devachan), e a durao da permanncia ali depende da quantidade e
intensidade das aspiraes durante a vida terrestre. Tal perodo varia
amplamente em extenso, segundo as diferentes pessoas.
Trs fatos principais devem ser levados em considerao: I. A classe a
que pertence um Ego, que depende da poca na qual o dito Ego alcanou a
individualizao, quer dizer, quando passou da etapa animal etapa humana;
II. O modo como ele tenha se individualizado, se foi por alguma das maneiras
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123
CAPTULO V
CARMA
P 132: Existe algo que poderia se chamar sorte, fado ou destino; ou
ento existe uma lei que guia as inumerveis vidas para a felicidade ou a
desgraa, para o nascimento e a morte?
R: No seria correta a crena somente na sorte ou predestinao, pois
se bem que um fato que existe o fado ou destino, o homem que consciente
ou inconscientemente forja esse destino; ele o senhor de sua prpria sorte, e
obtm felicidade ou misria, nascimento ou morte, etc., de acordo com a lei do
carma, colhendo em cada vida o que tiver semeado em vidas passadas.
Por que alguns nascem ricos e outros pobres; alguns cheios de riqueza
que s empregam para corromper, degradar e depravar a outros; enquanto que
pessoas pobres, porm muito dignas, lutam sem conseguir ajuda? Por que
alguns nascem dotados de beleza e de sade corporal e mental, enquanto
outros, infelizes, carecem desses dons; alguns com um carter pleno de
nobreza, e outros brutais, com propenso ao crime; alguns que atravessam
esta vida por uma senda coberta de rosas, e outros vo por um caminho
escarpado, de fracassos e desgraas, com o corao sangrando e cheio de
desespero? Por que alguns chegam a uma plcida velhice e outros apenas
vivem uns momentos, pois morrem na infncia? Essas e outras perplexidades
semelhantes s podem ser esclarecidas mediante a compreenso da lei do
carma.
P 133. O senhor mencionou a lei do carma, mas no existem outras
duas explicaes acerca do destino humano, a saber: a vontade de Deus e o
acaso?
R: Naturalmente, existe a teoria de que o destino a vontade de Deus;
de que, por ordem dele so conferidos ou negados os bens; de que somos
como marionetes manejadas por Sua mo, e nenhum esforo poderia mudar
nosso destino. Mas se aplicssemos consequentemente essa doutrina,
resultaria que Deus priva da vista as crianas e quebranta o corao dos mais
denodados; permite que sofra o inocente no lugar do culpado, e cria um mundo
em que nascem seres disformes, invlidos, idiotas ou enfermos por culpa de
outros. E com que propsito? No sabemos por que viemos ao mundo, nem
para onde vamos, nem por que somos tratados injustamente enquanto
estamos aqui. E assim essa teoria para explicar o destino humano mostra que
Deus injusto e caprichoso.
Por outro lado, se o destino fosse o resultado da casualidade, a vida
seria to somente uma miscelnea de circunstncias. E se existe Deus, Ele
no se ocuparia em nada com o mundo que criou. Os corpos humanos seriam
procriados ou por pais brios de paixo, num cortio, ou ento na rgia manso
de pessoas refinadas, sem lei alguma que governasse os nascimentos, sem
124
mundo mental superior, as aspiraes sero fonte de ideais a seguir, vida aps
vida.
Agora, devemos compreender em primeiro lugar que a lei do carma
uma lei natural e no uma regulao artificial estabelecida por alguma
autoridade externa. Uma lei artificial tem sanes determinadas, as quais so
locais e mutveis, e que podem evitar-se com artifcios. Um ladro poder
escapar de ser preso, ou poder ser leve ou gravemente castigado se o
prenderem. Mas uma lei natural no um mandamento como as leis artificiais;
simplesmente a expresso de consequncias ou sequncias. Que o fogo
queima, que se voc colocar a mo no fogo, esta se queimar, so
enunciados de uma lei natural. No um mandamento para que no sejam
postas as mos no fogo, nem assinala pena alguma pela sua transgresso;
estabelece apenas uma sequncia invarivel de condies: dada certa
condio, invariavelmente se seguir outra condio, e a consequncia jamais
varia. A primeira condio chamada de causa, a segunda de efeito.
Se introduzida uma nova condio, a subsequente condio se altera,
sendo ento o efeito a resultante de ambas. No tem, uma lei natural, carter
de mandato; nos deixa em liberdade para escolher, mas assinala tais ou quais
resultados que inevitavelmente sucedero como consequncia de nossa
escolha; e qualquer que seja a condio que tivermos escolhido, devemos
aceit-la com sua inevitvel sequela. Para se produzir gua pela unio do
oxignio com o hidrognio, requer-se certa temperatura que podemos derivar
da chispa eltrica. Se insistirmos em manter a temperatura a zero ou em
substituir o hidrognio por nitrognio, jamais poderemos produzir gua. A
natureza nem oferece nem nega a gua, unicamente estabelece condies
para sua produo. Temos liberdade para cumpri-las ou no. Se necessitarmos
criar gua, teremos de justapor certos elementos e estabelecer assim as
condies. Sem essas condies no se formar a gua; com essas
condies, inevitavelmente se produzir. Somos livres ou estamos sujeitos?
Livres para criar as condies; sujeitos aos resultados, uma vez que as
tenhamos criado.
Essa lei invarivel, e a invariabilidade da lei no prende, libera. A
cincia demonstra que o conhecimento condio de liberdade, e que
somente na medida de seu conhecimento pode o homem alcanar predomnio:
a natureza se conquista pela obedincia. O aforismo cientfico dessa lei : A
ao e a reao so iguais e opostas. E no se pode encontrar melhor verso
religiosa desse aforismo que aquele bem conhecido versculo da Bblia: No
vos enganeis; a Deus ningum ilude; o que um homem semear, isso tambm
colher. E acrescentamos: O que um homem colhe, isso semeou ele no
passado.
Na matria to fina dos mundos superiores, a reao de maneira
nenhuma instantnea; geralmente transcorrem longos perodos de tempo,
mas se apresentar de forma inevitvel e exata.
Embora os moinhos de Deus moam lentamente,
Trabalham com precisa exatido;
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128
suas malfeitorias, sendo essa a nica maneira em que to pobre alma pode
aprender algo. Ele causa males por sua estupidez e cabea ruim, mas tudo
est dentro do conhecimento divino, tudo parte dEle. Sua mente, apesar de
fazer mau uso dela, , no entanto, parte da mente divina; e mesmo que v pelo
mau caminho, do mal que faa lhe resultar algum bem, j que aprender, por
meio disso e por conta de seus fracassos, a caminhar pelo bom caminho. ,
por assim dizer, um ltimo recurso, mas um recurso, e, portanto, acha-se
dentro do plano divino. O homem de que falamos teve sua disposio ambas
as coisas: o preceito e o exemplo; e se tivesse escolhido retamente, teria
evitado todo mal e sofrimento. Por conseguinte, se no h outro modo de ele
aprender, ento, pelo efeito da lei divina, aprender mediante o mal que fizer e
mediante o sofrimento que se segue a esse mal. E assim, pois, existe certo
sentido sob o qual tudo, absolutamente, Deus.
P 141: O que o pecado?
R: Popularmente supe-se que o pecado seja uma contraveno da Lei
Divina, a execuo de um ato que o autor sabe que mau. Porm, em quase
todos os casos, o homem infringe a lei por ignorncia, estouvamento ou falta
de experincia, e no com inteno deliberada. Quando um homem conhece
realmente a Inteno Divina, inevitavelmente se pe em harmonia com ela, por
duas razes: numa etapa primitiva, porque v a inutilidade completa de
proceder de outra maneira, e depois, ao ver a glria e a beleza do plano,
porque no pode seno ser impulsionado a cooperar para sua execuo, com
todos os poderes de sua alma e de seu corao.
Poderia objetar-se que, na vida diria, vemos constantemente pessoas
fazendo coisas que sem dvida sabem que so erradas. Entretanto, essa
uma afirmao equivocada (ou pelo menos uma m compreenso) do caso.
Elas fazem o que lhes foi dito que mau, o que inteiramente diferente. Se um
homem sabe realmente que uma ao errada, e que inevitavelmente ser
seguida de ms consequncias, com cuidado ter de evit-la. Todo mundo
sabe realmente que o fogo queima, por isso se abstm de colocar a mo nele.
Ao homem foi dito que o fogo do inferno o queimar como resultado de certas
aes suas, mas ele no conhece isso em realidade, e, por conseguinte,
quando sente a inclinao ou quando tentado a cometer certa ao, a pratica,
apesar das consequncias com as quais foi ameaado. Sabe-se tambm que
todo aquele que age mal justifica para si mesmo sua m ao, antes de
comet-la (o que demonstra falta de conhecimento real), e depois, j calmo,
pensa de outra maneira. E essa falta de experincia subsiste ainda naqueles
que pela primeira vez aprendem que uma ao pecaminosa; pois o
sofrimento que se segue m ao no causou ainda impresso
suficientemente profunda, e sempre, at que tal ocorra, o homem se afastar
da retido devido ignorncia.
Portanto, o pecado no uma perversidade que deva ser castigada com
rigor desmedido, mas o resultado de uma condio de ignorncia, ou de falta
de experincia, que necessita de um tratamento educativo e de iluminao.
Naturalmente, por causa da ao Egosta que se chama pecado, o homem
131
irmos no implica uma substituio deles por Ele (vicria), mas identidade de
natureza pela unidade de uma vida comum a todos. Ele pecador neles, e Sua
pureza a que os limpa; Ele o Homem de Sofrimento neles. E assim a
identidade de natureza foi equivocadamente tomada por uma substituio
pessoal, e de tal doutrina, estreitamente considerada, surgiu a ideia de uma
expiao vicria maneira de uma transao legal entre o homem e Deus, na
qual o Cristo tomara o lugar do pecador.
O carma de um homem sua identidade pessoal, o que ele fez de si
mesmo. Ningum pode tomar o alimento por ele, ou viver sua vida por ele, ou
suportar seu carma por ele, sem aniquil-lo. Com certeza, pode um homem
ajudar outro a superar seu prprio carma, mas no pode afastar dele os meios
de adiantamento que lhe foram assinalados para seu progresso mediante um
duro esforo. Consequentemente, irracional e imoral a expiao vicria
(substituio penal do indivduo pelo Cristo), ao premiar a negligncia do
homem (pecados de omisso) e suas ms aes (pecados de comisso).
P 145: Mas se tudo funcionamento da Lei e de uma fora compelente
(do verbo compelir), no somos por acaso escravos desvalidos do destino? A
doutrina do carma no uma doutrina de fatalismo?
R: Fatalismo implica que estamos de tal maneira dominados pelas
circunstncias que nenhum esforo nosso pode libertar-nos. A ignorncia da
natureza a fonte de todo sofrimento; e no existe ignorncia mais fatal nem
desastrosa que o conhecimento parcial. Um conhecimento exguo dessa Lei ,
amide, claramente perigoso, e produz efeito paralisante, pois um dos
resultados de saber pouco acerca dela a tendncia que alguns tm de
suprimir todo esforo e dizer: Bem, este meu carma. Seria o mesmo que um
homem, que conhecesse algo acerca da lei da gravidade, se sentasse
desolado ao p de uma escada e dissesse: Como eu gravito para o centro da
Terra, no posso subir por estes degraus.
A lei do carma como toda outra lei da natureza: prende o ignorante e
d poder ao sbio; no uma fora compelente, mas habilitante; e estabelece
que, embora estejamos ligados ao que j fizemos no passado, podemos, em
qualquer momento, modificar e modelar o futuro pela escolha que fizermos; e
que o esforo diligente no agora superior ao destino ou aos resultados de
nosso passado, conforme explicou tambm Bhishma, o Mestre do Dharma.
Nosso carma de natureza mista, no uma corrente que nos envolve,
mas algo constitudo por pequenas correntes que vo a diferentes direes,
neutralizando-se s vezes umas s outras, com um resultado lquido
extremamente pequeno. E assim, como na balana do carma no esto todos
os pesos num s prato, e como tais pesos se encontram quase balanceados, a
presso de um dedo pode fazer oscilar a escala; e embora alguns de nossos
antigos pensamentos, desejos e aes estejam do nosso lado e outros contra
ns, pelo esforo atual que fizermos podemos inclinar a balana para o lado
que quisermos e vencer, assim, nosso passado.
Por isso, quando se apresenta uma oportunidade qualquer, no
devemos vacilar em aproveit-la, deixando de lado o temor de que nossas
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3. Aquele que age mal poder, alguma vez, ler um livro, ouvir um
discurso ou encontrar uma pessoa que suscite nele um reconhecimento do
errado em seu proceder, fazendo-o abrir seus olhos ao sofrimento que est
criando para si, e isso poder motivar um esforo para mudar.
4. As repreenses daqueles a quem ama e respeita, e o desejo de
ganhar seu afeto, podero atuar sobre ele como um incentivo para uma vida
melhor.
5. O mero fato de seu prprio crescimento moral, o desenvolvimento, por
mais lento que seja, do Esprito Divino dentro de si, inevitavelmente acelera a
tendncia inata para o bem e ocasiona uma luta contra o mal.
P 163: Se o carma a lei da Justia, por que um homem bom fracassa
nos negcios, enquanto um malvado tem xito?
R: No existe relao causal entre a bondade e o ganhar dinheiro. Seria
o mesmo que perguntar: Sou um homem bom, por que no posso voar pelos
ares? A bondade no uma causa que produza a faculdade de voar, assim
como tampouco nos traz dinheiro. A virtude sua prpria recompensa, e, se
somos verdadeiros, nossa recompensa consiste na felicidade que advm do
aumento da veracidade em nosso carter. Se um homem atua em harmonia
com a Lei Divina, a felicidade ser o resultado de tal harmonia. Essa pergunta
formulada com frequncia devido ao erro de identificar o xito mundano com
a felicidade, e de no se levar em conta o fator tempo.
Se um homem de negcios, que tenha resolvido ser verdico a todo
custo, no se desanima ao ver como lhe ganham a dianteira pessoas pouco
escrupulosas, mas permanece firme e trabalha em harmonia com a Lei Divina,
sem importar-lhe o xito comercial imediato, obter a Paz interna e a
Felicidade, por mais que os triunfos financeiros no se acumulem em suas
mos. E at possvel que, no decorrer do tempo, estes lhe cheguem tambm,
quando sua reputao j estiver bem estabelecida e ele desfrute da boa
vontade e da confiana do pblico.
Por outro lado, a prosperidade material , muito amide, o pior inimigo
da virtude; e se costuma ser recebida como bom carma, muitas vezes o
contrrio em seus resultados. Todo mundo ter podido observar o caso
frequente de pessoas que, tendo sido boas durante a adversidade,
transformam-se sob o influxo da riqueza e das honrarias mundanas e afastamse de seu antigo caminho de virtudes.
Por conseguinte, no deveramos pensar que as recompensas do carma
consistem somente de objetos materiais. As oportunidades para o
desenvolvimento espiritual, que numa vida qualquer possam tocar, por sorte, a
um pobre, e at a uma pessoa oprimida por seus pesares, podero de repente
beneficiar-lhes de tal modo que neutralizem os males da pobreza e das
angstias transitrias. s vezes, um bom carma pode produzir uma vida cujas
molstias so meramente externas, porm, por sermos demasiado
impacientes, poderemos converter em mau carma. Do mesmo modo, um mau
carma pode, na forma de prosperidade material, disfarar temporariamente
seus efeitos, e trazer consigo grandes sofrimentos, proporcionando ao
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CAPTULO VI
A VIDA DEPOIS DA MORTE
P 173: Qual a vantagem de se conhecerem, durante a vida, as
condies existentes alm da morte? Por que deveria um homem preocupar
sua mente com esse assunto, se est seguro de encontrar a verdade dos fatos
logo que morrer?
R: Esse argumento defeituoso, por vrias razes. No leva em
considerao o sofrimento que, devido ignorncia, ensombrece as vidas de
tantos que morrem cheios de pavor; nem as tristezas da separao; nem a
ansiedade que sentem os vivos sobre a sorte dos seres falecidos que lhes
so queridos. O temor inspirado no tanto pela expectativa definida de algo
aterrorizante, mas por um confuso sentimento de incerteza, e pelo horror a um
abismo de ociosidade. Quem assim pergunta, ignora tambm o fato de que o
homem, depois da morte, no se d conta imediatamente de seus erros, e que,
devido sua falta de capacidade para corrigi-los luz da verdade,
frequentemente haver de sofrer muito. O homem comum, carente de
conhecimentos, est ligado no astral pelo elemental desejo, do qual logo se
falar; no compreende as possibilidades da vida depois da morte, e perde
assim muitas oportunidades de servio e de progresso.
Embora as leis da natureza estejam sempre se impondo a ns,
saibamos disso ou no, se o sabemos podemos cooperar com elas com
grande vantagem. Entretanto, no podemos fazer isso estando nas trevas da
ignorncia. Saber como caminhar em plena luz; e compreender as leis da
natureza adquirir o poder de acelerar nossa evoluo, aproveitando-nos
daquelas leis que apressam nosso crescimento e evitando a ao daquelas
que o retardam.
Alm disso, j com o conhecimento da existncia alm da morte, um
homem se d conta da verdadeira proporo que existe entre o fragmento
fsico da vida e o resto dela, razo pela qual no perde seu tempo em trabalhar
somente para o perodo fsico, que como a dcima ou vigsima parte de toda
uma vida entre duas encarnaes. Igualmente, quando o homem chega depois
da morte ao que se chama o mundo astral, no se sente alarmado, j que
compreende as condies de seu ambiente e sabe qual a melhor maneira de
trabalhar nelas, e assim o faz com determinao e confiana. Mesmo o homem
que tiver escutado as verdades teosficas to somente numa conferncia, ao
encontrar-se no mundo alm da morte se dar conta da exatido geral dos
ensinamentos, e tentar recordar as recomendaes que ouviu acerca da
conduta que deve ser seguida, e, tendo pelo menos alguma informao sobre
essa realidade, pode evitar muito do mal-estar, perturbao e temor que outros
sentem, por se acharem em completa ignorncia. Porm, a maior das
vantagens de tal conhecimento que ele se sente com fora suficiente para
prestar ajuda a outros e gerar, assim, bom carma para ele.
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vitalidade que fluem atravs de ambos; porm, na hora de morrer, ele retira
tambm consigo o duplo etrico, e como tal duplo no um veculo, o homem,
preso nele, geralmente permanece inconsciente, pelo menos por uns
momentos, e no pode funcionar nem no mundo fsico nem no astral.
Depois de algum tempo, que varia desde uns poucos momentos at
umas tantas horas, dias e at semanas normalmente umas trinta e seis horas
, os cinco princpios superiores se desenlaam do duplo etrico, sacudindo-o
como antes fora sacudido o corpo denso, deixando-o insensvel como um
cadver. Prana, tendo perdido assim seu veculo, regressa ao grande
repositrio de vida universal, de modo semelhante ao da gua contida numa
vasilha que se quebrou: lanada ao mar, se mistura com a gua do oceano. O
homem fica agora residindo no seu corpo astral, pronto para a vida astral.
P 176: O senhor fala de submergir numa pacfica inconscincia, mas
por acaso no existem muitos seres que sofrem terrivelmente no momento de
morrer?
R: As agonias da morte e as lutas finais geralmente so apenas
movimentos espasmdicos do corpo fsico, depois que o Ego consciente o tiver
deixado. Em quase todos os casos, o instante de morrer perfeitamente
indolor, mesmo quando tenha havido longos e tremendos sofrimentos durante
a enfermidade. E isso se demonstra pela aprazvel expresso que amide
aparece sobre a face depois da morte, assim como pelo testemunho direto de
muitos daqueles a quem essa pergunta foi feita, imediatamente depois que
morreram.
P 177: O que ocorre com o duplo etrico j separado depois da morte?
R: O corpo fsico, abandonado agitao das inumerveis vidas que
previamente estavam mantidas em coeso pelo Prana, que atuava atravs do
duplo etrico, comea a decair e suas partculas passam a formar outras
combinaes medida que suas clulas e molculas se desintegram.
Permanece o duplo etrico prximo de sua contraparte fsica, participando do
mesmo destino por poucas semanas ou meses, precisamente pela mesma
razo, a saber, que a fora coordenadora do Prana est se retirando dele.
Entretanto, no se deve supor que essas duas desintegraes dependem uma
da outra. Os clarividentes veem nos cemitrios estes espectros etricos
flutuando sobre as tumbas onde foram enterrados os corpos fsicos,
apresentando s vezes muita semelhana com o corpo denso, e em outras
ocasies uma aparncia de neblina ou luzes violceas. conveniente, por
muitas razes, queimar os cadveres e no sepult-los.
P 178: Por que prefervel a cremao ao sepultamento?
R: H vrias razes para isso:
I. Nada do que comumente se faz ao cadver fsico deve causar
incmodo algum ao homem real, que j vive no plano astral, embora isso s
vezes ocorra devido sua ignorncia e insensatez. A durao da estada de um
homem no mundo astral depois da morte depende de dois fatores: a natureza
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de sua vida passada e sua atitude mental depois da morte. Durante sua vida
terrena ele afetou a construo de seu corpo astral, diretamente por suas
paixes e emoes, e indiretamente, desde a parte superior, pela ao reflexa
de seus pensamentos, e desde a parte inferior, pelas aes relacionadas com
todos os aspectos de sua vida fsica (sua continncia ou libertinagem, sua
alimentao e sua bebida, etc.). Se houver persistido nas ms paixes e
desejos durante a vida terrestre, criou para si um tosco veculo astral, e
encontrar-se-, depois da morte, atado ao plano astral durante o dilatado e
gradual processo da desintegrao daquele corpo. Por outro lado, se por ter
vivido decentemente construiu um veculo composto em sua maior parte de
materiais finos, ter muito poucos pesares depois da morte e passar com
suma rapidez atravs do plano astral. Isso geralmente entendido, mas parece
que se esquece, frequentemente, do segundo grande fator: a atitude mental
depois da morte.
O importante dar-se conta de que, nessa etapa, est-se afastando
firmemente em direo ao mundo do verdadeiro Ego, e que sua preocupao
deve ser desprender seus pensamentos, o mximo possvel, das coisas fsicas
e fixar sua ateno cada vez mais nos assuntos espirituais, que posteriormente
o ocuparo nos nveis devachnicos. Agindo assim, facilitar sobremaneira a
natural desintegrao astral e evitar o erro comum de deter-se
desnecessariamente nos nveis inferiores daquele plano.
Entretanto, muitos seres simplesmente se recusam a voltar seus
pensamentos para o mais elevado; os assuntos terrenos foram os nicos pelos
quais tiveram interesse vital, e assim aferram-se a eles com desesperada
tenacidade, mesmo depois da morte. Naturalmente, a fora impetuosa da
evoluo demasiado potente para eles e veem-se envolvidos por sua
corrente benfica; todavia, lutam a cada passo e resistem, causando para si
no s incmodos e sofrimentos desnecessrios, como tambm uma sria
demora em seu progresso ascendente. Agora, nessa ignorante oposio
vontade csmica, um homem se ajuda muito pela posse de seu cadver fsico,
como se este fosse uma espcie de ponto de apoio no plano fsico. Encontrase, naturalmente, em ntima relao com ele, e se for to ignorante para
desejar fazer isso, pode usar seu cadver como uma ncora que o retenha
aderido aos nveis inferiores, at que a decomposio chegue a ser muito
avanada.
E assim, embora nem o sepultamento nem o embalsamamento de um
cadver possam forar o Ego, ao qual pertenceu, a prolongar sua estada no
mundo astral, contra sua vontade, qualquer desses mtodos consiste numa
tentao para o Ego deter-se, o que seria ainda mais facilitado se ele, por
ignorncia, o desejasse. Portanto, a incinerao livra o homem de si mesmo
nesse assunto, pois se o corpo tiver sido desintegrado, sua nave ter sido
literalmente queimada atrs de si, e seu poder de retrocesso diminudo
grandemente.
II. Quer o corpo denso seja queimado, ou lhe seja permitido esgotar-se
lentamente na repulsiva maneira habitual, ou, ainda, preservado
indefinidamente como uma mmia egpcia, o duplo etrico prossegue seu
158
164
estudos, a parte mais difcil, assinalada para o fim do ano, motivo pelo qual ter
de esperar at que, no prximo ano escolar, outro grupo de crianas inicie os
mesmos estudos que ele no pde seguir. Unindo-se a eles e percorrendo o
mesmo caminho anterior, poder agora superar com xito as dificuldades das
sendas s quais anteriormente sucumbira. Eis a tudo o que o assunto significa:
poderamos cham-la uma condenao aenica, pois tal a verdadeira
traduo das palavras, que foram to mal interpretadas como condenao
eterna. De modo nenhum uma danao, nem mesmo uma condenao em
algum mau sentido; simplesmente uma suspenso pelo presente aen * ou
dispensao**. A mrbida imaginao dos monges medievais, sempre em
busca de oportunidades para introduzir em seu credo horrores, a fim de
aterrorizar uma parquia incrivelmente ignorante, com o objetivo de extrair
maiores bolos para a manuteno da Santa Madre Igreja, distorceu essa
ideia, perfeitamente simples, de uma suspenso aenica por uma
condenao eterna.
Contudo, se um homem viver loucamente, poder preparar para si um
purgatrio desagradvel e de longa durao, se bem que nem o cu nem o
inferno podem ser eternos, j que uma causa finita s pode produzir um
resultado finito.
P 185: Segundo isso, no Kamaloka ou mundo astral, quais seriam as
condies de um ser muito mau, de um ser comum e de um ser que j tivesse
adquirido alguns interesses racionais?
R: As condies da vida post-mortem so quase infinitas em sua
variedade. Todo ser comum que tenha permitido o reajuste de seu corpo astral
depois da morte ter de atravessar as sete subdivises, embora nem todos
estejam conscientes em todas elas. Uma pessoa ordinariamente boa no ter
em seu corpo suficiente matria do subplano inferior para que se forme uma
grossa envoltura; geralmente tem matria do sexto subplano mesclada com
pouca do stimo; e assim, depois da morte, em geral s lhe interessa a
contraparte do mundo fsico.
Todavia um brio, ou um sensual, que durante a vida fsica tiver sido
presa do vinho ou da luxria, a ponto de sujeitar aos seus vcios toda razo e
sentimentos de decncia ou afetos de famlia, encontrar-se- depois da morte
nas mais baixas subdivises do mundo astral, pois seus anelos foram tais que
exigiram um corpo fsico para sua satisfao. Essas nsias manifestam-se
como vibrao no corpo astral, e embora o homem tenha vivido no mundo
fsico, a maior parte de sua fora foi usada para colocar em movimento as
pesadas partculas fsicas. Porm, achando-se no mundo astral sem corpo
fsico para amortecer e retardar a fora das vibraes do desejo, sente os
apetites multiplicados em seu poder, e, no entanto, v-se completamente
incapaz de satisfaz-los por falta do organismo fsico; e assim sua vida um
*
**
166
enforcado, ento aquilo tem lugar em rpida sequncia. A est um dos modos
de o homem primitivo aprender que um mal assassinar. No caso dele, no se
poderia dizer que o assassinato chegou a ser crime, porque ele mata sem
pensar; contudo, deve aprender a abster-se do homicdio. E assim, na vida
post-mortem, ele tem um breve sofrimento desse tipo, breve porque houve
muito pouco esforo mental por trs do ato e porque apenas foi uma emoo
sbita que o levou a comet-lo. Isso parte da instruo que leva um homem
primitivo evoluo; aprende que assassinar um mal porque descobre que
resulta doloroso para ele. E, obviamente, os que esto mais evoludos sofrero
por um perodo muito maior se cometerem um dano semelhante.
A ignorncia que envolve o suicdio consiste em que o suicida,
erroneamente, espera escapar da vida, porm permanece vivo. A est a
futilidade de seu ato. O suicdio depende principalmente da ignorncia. Se as
pessoas estivessem convencidas de que no podem escapar, de que o
resultado de suas aes inevitvel, esse conhecimento atuaria sobre suas
mentes na ocasio de um sbito impulso de suicdio, motivado pelo desejo de
escapar de um mal. No podem faz-lo, e, pelo contrrio, caem, por assim
dizer, da frigideira ao fogo; tero que sofrer ali mais do que no plano fsico,
visto que atuam agora em matria mais sutil, na qual, devido menor
resistncia da tnue matria astral, o impacto do sentimento muito mais forte
sobre a conscincia do que no mundo fsico.
O suicida tem muita propenso a apresentar-se nas reunies espritas.
Pode ser induzido por aqueles que tentam ajud-lo, no outro lado da morte, a
aceitar quieta e pacientemente os inevitveis resultados de sua ao; porm,
frequentemente rechaa todo conselho e pretende agarrar-se de novo vida
material por meios reprovveis. Tal ser (assim como algum vtima de morte
repentina, cuja vida terrestre tiver sido a de um bruto, sensual ou Egosta),
inflamado por toda classe de horrveis apetites, que j no pode saciar por falta
do corpo fsico, tenta repetidas vezes satisfazer suas nsias materiais e suas
paixes repugnantes de modo vicrio, por meio de um apoderado vivente (um
mdium ou alguma pessoa sensitiva) a quem possa obsedar.
Desgraadamente, se consegue fazer isso, capacita-se a prolongar
enormemente sua tenebrosa vida astral e a renovar, talvez por perodo
indefinido, seu poder de gerar mau carma, preparando para si uma futura
encarnao do gnero mais degradado possvel, parte correr o risco de
perder uma grande poro do poder mental que tenha sido capaz de acumular.
Entretanto, se tem a sorte de no encontrar-se com algum sensitivo, por meio
do qual possa saciar vicariamente suas paixes, os desejos no satisfeitos iro
se consumindo gradualmente e o sofrimento causado no processo poder
servir, provavelmente, para redimi-lo do mau carma da vida passada.
No entanto, deve recordar-se que a culpabilidade do suicida varia
consideravelmente, de acordo com as circunstncias: desde o ato moralmente
impecvel de um Sneca ou de um Scrates; passando pelo suicdio cometido
por motivos nobres ou num mpeto de amor maternal e de autossacrifcio; at o
atroz crime do malvado que corta sua prpria vida a fim de escapar das
170
outro lado, se ele aprende a fazer bom uso daquela Vida, pode gerar muito
melhor carma do que teria sido capaz de criar em igual tempo no plano fsico.
Ademais, quando sentimentos de terror e agitao mental precedem a
morte, comumente os mesmos persistem depois dela, o que no uma
preparao favorvel para a vida astral. Em nossa atual etapa de evoluo,
frequentemente de noite passamos muito tempo considerando e
reconsiderando o ltimo pensamento claro e preciso que ocupou nossa mente,
antes de nos entregarmos ao sono. Da mesma maneira, importante o ltimo
pensamento presente na mente antes da morte, especialmente tratando-se de
uma pessoa de pouco desenvolvimento, cuja conscincia astral seja vaga e
catica, j que seu ltimo pensamento ocupar sua mente por longo tempo e,
at certo ponto, estabelecer a chave que dar o tom grande parte de sua
vida astral. Por isso, valeria a pena cuidar para que tal pensamento fosse de
um bom tipo, o que no possvel no caso de uma morte sbita. Naturalmente,
tratando-se de gente regularmente desenvolvida e inteligente, a atitude
costumeira de sua mente, a tendncia geral de seus pensamentos durante a
vida terrestre, daria o tom ao seu provvel trabalho durante a vida astral, e a
ideia particular que ocupasse seu pensamento, no momento da transio de
um estado a outro, no significaria muito.
P 195: Existem outros habitantes no mundo astral alm dos mortos?
R: O mundo astral habitado no s pelos mortos, mas tambm por
uma tera parte dos vivos, que temporariamente deixaram seus corpos fsicos
durante o sono. Como a matria astral muito plstica sob a influncia do
pensamento, um homem no mundo astral parece semelhante a si mesmo,
usando os trajes nos quais pensa. Igualmente, ali o lugar de residncia dos
Adeptos e Seus discpulos; de pessoas que se desenvolveram psiquicamente
sem a orientao de um Mestre; e de magos negros e seus alunos.
Naquele mundo encontra-se, tambm, um grande nmero de seres
humanos de outro tipo, sem corpos fsicos; alguns muito acima do nvel
humano, como os Nirmanakayas; os discpulos dos Mestres espera de
reencarnao, etc. Alm desses, h outros de nvel abaixo, como os despojos
astrais e os casces dos mortos; os casces vitalizados para a Magia Negra;
os magos negros mortos e os discpulos deles, etc.
Residem nesse plano, ademais, seres no humanos, como a essncia
elemental de nossa evoluo, e os corpos astrais dos animais; e grande parte
da populao do mundo astral formada de espritos da natureza, de vrias
classes, que se chamam fadas, duendes, gnomos, faunos, stiros, espritos
chocarreiros, etc., os quais tm uma linha diferente de evoluo e geralmente
usam uma forma diminuta; assim como, tambm, Devas ou Anjos muito mais
adiantados na evoluo que o homem. Essa , igualmente, a residncia de
entidades artificiais, os elementais inconscientemente formados por homens
comuns e conscientemente formados por Adeptos e magos negros; bem como
de elementais artificiais humanos empregados nas sesses espritas.
Portanto, ns no somos os nicos nem os principais habitantes do
mundo astral, j que tal mundo est povoado em sua maior parte por seres
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inferno, a maior parte tem tanto uma etapa de purgatrio como uma etapa de
cu, que diferem somente em suas propores relativas.
Pensar pensamentos amorosos ou nobres, apreciar obra prima literria
ou adorvel obra de arte no mundo fsico, abrir uma janela no mundo
celestial; acostumar-se a pensamentos elevados e altrustas manter aquela
janela sempre aberta. Porm, a condio de um homem no mundo celestial
principalmente receptiva, e sua viso de algo fora de sua prpria concha de
pensamentos muito limitada; no pode ele construir novas janelas ao longo
de novas linhas de atividade se no teve interesse nestas durante sua vida
fsica. Os pensamentos superiores podem seguir muitas direes, algumas
delas pessoais, como o afeto por uma pessoa ou a devoo a uma deidade
pessoal, e outras delas impessoais, como a arte, a msica e a filosofia. Um ser,
cujo interesse tenha girado ao redor de certas linhas, encontra prazer
incomensurvel e instruo ilimitada, isto , a quantidade de jbilo e de
conhecimentos ficar limitada to somente por seu poder de percepo. Assim
como um trabalhador que regressa ao lar com seu salrio do dia, o homem
extrai do Devachan tanto quanto tenha se preparado para obter por seus
esforos durante a vida terrena.
Nesse plano existe a infinita plenitude da Mente Divina, aberta em todo
seu ilimitado influxo para todas as almas, justamente na proporo em que
cada alma tiver se qualificado para receber. um mundo cujo poder de
resposta s aspiraes do homem est limitado apenas pela capacidade deste
para aspirar. No Oriente se diz que cada ser traz consigo sua prpria taa; que
algumas so grandes e outras pequenas; mas que cada taa, grande ou
pequena, ser enchida at o mximo de sua capacidade. Aquele oceano de
bem-aventurana contm muito mais do que o necessrio para todos.
P 198: As pessoas no tm a mesma classe de cu, ou a mesma
intensidade de bem-aventurana nele?
R: As imagens mentais (ou formas de pensamento) no Egostas, que
tenham existido como sementes no corpo mental, comeam a manifestar-se
como rvores no Devachan. Quando um homem tiver formado muitas imagens
mentais, seja por sua aspirao ou conhecimento, ou por desejo altrusta de
ajudar a humanidade (por mais que tais imaginaes tenham sido
consideradas no mundo como castelos no ar), vo materializar-se na matria
mais fina do mundo mental, e o homem vai encontrar-se fazendo cada coisa de
acordo com seus desejos.
Sendo a matria astral mais sutil que a matria fsica, os pensamentos
so coisas no mundo mental ou celestial e, atravs do poder do pensamento,
cada um cria nos cus seu prprio mundo de acordo com seus desejos. Tal
como so os pensamentos de um homem, assim seu Devachan, e como no
so iguais os pensamentos nem de duas pessoas, seus cus devem ser, por
conseguinte, diferentes. Todavia, como cada um encontra-se ali, a cada
momento, exatamente de acordo com seu desejo, todos so extremamente
felizes, embora desfrutando de grau diferente de felicidade.
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R: I. Por causa das qualidades que desenvolveu em si, tal ser abriu as
correspondentes janelas no mundo celestial, e pelo exerccio continuado
dessas qualidades durante longo tempo, as reforar sobremaneira e voltar
Terra ricamente equipado. Como os pensamentos se intensificam pelo uso
reiterado, um homem que tiver empregado centenas de anos em verter afeto
desinteressado saber, certamente, amar mais e melhor. A vida no Devachan
de assimilao e as formas pensamento das aspiraes ou de experincias
mentais e morais, acumuladas na Terra, so entretecidas no carter da alma
como faculdades mentais e morais, e vm a ser os poderes e as qualidades, as
capacidades e as tendncias para sua prxima vida sobre a Terra.
II. Devido s suas aspiraes, se por em contato com alguma das
grandes hierarquias de espritos e aprender muito. Por exemplo, dos
Gandharvas, uma grande Ordem Anglica que se dedica especialmente
msica, poder aprender combinaes novas e maravilhosas de tons musicais.
III. Obter informao adicional e maior instruo mediante as imagens
mentais feitas por outros, se estes estiverem suficientemente desenvolvidos
para instru-lo. Algum que estiver diante de uma forte imagem do Mestre,
obter por intermdio dela ensinamento e ajuda precisos.
P 203: Existem sete classes diferentes de cus como geralmente se cr,
e passa um ser atravs de todas elas sucessivamente, conforme ocorre no
plano astral?
R: Conforme j se explicou no Captulo II, existem sete subdivises no
mundo mental, assim como no astral. As trs superiores, os nveis Arupa Loka
ou Sem Forma, so a residncia do Ego no corpo causal, enquanto que os
quatro nveis inferiores, os Rupa Loka, formam o cu onde os seres passam
sua vida celestial no corpo mental. Como no corpo mental nada existe que
corresponda redistribuio da matria astral, um ser no passa atravs das
sucessivas etapas ou regies do mundo celestial uma aps a outra, como
ocorre no mundo astral, mas atrado at o nvel que corresponda mais
intimamente ao grau de seu desenvolvimento, e passa ali toda sua vida no
corpo mental.
A caracterstica dominante da subdiviso inferior, ou seja, a stima, o
afeto no Egosta pela famlia, pois toda tintura de Egosmo precisa ser
esgotada no plano astral. A sexta tem a caracterstica da devoo religiosa
antropomrfica, enquanto que a quinta tem a caracterstica da devoo que se
expressa a si mesma em trabalho de qualquer classe. Todas essas trs
subdivises se referem ao prpria de uma devoo a personalidades,
sejam elas famlia, amigos ou deidade pessoal.
A quarta subdiviso tem como nota dominante a mais extensa devoo
pela humanidade, que inclui aquelas atividades relacionadas com propsitos
altrustas, de conhecimento espiritual, alta filosofia ou pensamento cientfico,
habilidade artstica ou literria desprovida de Egosmo, e em geral o servio por
amor ao servio.
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CAPTULO VII
O PODER DO PENSAMENTO, SUA AO E SEU USO
P 205: O que o pensamento e como se manifesta?
R: O pensamento uma mudana na conscincia, que corresponde a
uma modalidade de movimento na matria do plano astral. J falamos de
Manas, o Pensador, que pensa ou conhece, e a Mente to s um instrumento
seu para obter conhecimento, um rgo de conscincia em seu aspecto como
conhecedor. Vemos os objetos quando a luz-ter atua em ondulaes entre
eles e nossos olhos; quando pensamos em algum objeto, o pensamento-ter,
isto , a matria do mundo mental, atua em ondulaes entre aquele objeto e
nossa mente. Sempre que pensamos, as ondas correspondentes aos mesmos
repercutem em nosso corpo mental e modificam o arranjo de sua matria. Tem
o mesmo efeito as ondas de pensamento criadas por outros.
Vimos no Captulo III que o homem possui um veculo correspondente a
cada um dos mundos interpenetrantes de nosso Sistema Solar; que seu corpo
astral o veculo de seus desejos, paixes e emoes; e que, de igual modo,
seu corpo mental o veculo para a expresso de seu pensamento. Na matria
do corpo mental onde surge primeiro o pensamento como uma vibrao
visvel ao olho do clarividente, vibrao que produz vrios efeitos, to definidos
em sua ao sobre o tipo fino de matria que o compe como o poder do vapor
ou da eletricidade sobre a matria fsica.
Apenas umas poucas pessoas ricas podem dispor de vapor ou de fora
eltrica para algum trabalho til; porm, cada ser humano, rico ou pobre, jovem
ou velho, tem sua disposio uma considervel proporo das foras dos
mais finos tipos de matria, que respondem s influncias do pensamento e da
emoo humanos. Esse poder, embora comum a todos, inteligentemente
usado hoje somente por alguns. Sua posse traz consigo responsabilidade; mas
a maior parte dos homens est fazendo mau uso desse poder por causa de
sua ignorncia, e em vez de utilizar em sua plenitude essas magnficas
possibilidades, inconscientemente est causando danos, tanto a si como aos
demais.
P 206: O que dizem sobre o pensamento as escrituras das diferentes
religies do mundo?
R: To s os pensamentos originam a roda de nascimentos, diz uma
Escritura Hindu, e ainda Que cada homem trate de purificar seus
pensamentos; naquilo que um homem pensa, nisso se converter. Tal como
um homem pensa em seu corao, assim , disse o Sbio Rei de Israel. Tudo
o que somos est constitudo por nossos pensamentos, declarou o Buda. A
Pureza (de pensamentos, palavras e obras) a chave da religio zorostrica:
A Pureza a maior bem-aventurana e A pureza em palavras e obras
depende evidentemente da pureza do pensamento. Quem quer que olhe
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efetuar boas obras, as quais, estando muito acima de seu poder normal, lhe
parecero t-las feito com a ajuda dos anjos, embora ambos os exemplos
mencionados sejam, meramente, casos de reao natural dos respectivos
sentimentos e pensamentos habituais do homem.
3) Pensamentos no dirigidos a outra pessoa ou pessoas, nem
concentrados no prprio pensador
Uma forma-pensamento gerada por essa classe de pensamentos nem
revoluteia ao redor da pessoa, seguindo-a aonde ela v, nem dispara para
longe em busca de um objetivo definido, mas simplesmente permanece
flutuando ociosamente na atmosfera em que foi criada, irradiando vibraes
similares s que originariamente seu criador emitiu. Se no tomar contato com
algum outro corpo mental, seu depsito de energia se esgota gradualmente,
consumido pela radiao, e a forma se desintegra por completo; porm, se
aquela forma-pensamento consegue despertar vibraes simpticas em
qualquer corpo mental prximo, atrada e geralmente absorvida por esse
corpo mental. Um homem comum tem numerosos pensamentos dessa classe e
os deixa atrs de si como uma espcie de estrela que marca a rota de seu
criador.
Toda a atmosfera est assim cheia de pensamentos vagos desse ltimo
tipo; assim, enquanto caminhamos ao largo, abrindo passagem, por assim
dizer, atravs desses fragmentos vagos e errantes dos pensamentos de outras
pessoas, nossas mentes, quando no decididamente ocupadas, so
seriamente afetadas por eles. A maioria de tais formas, ao passar por uma
mente ociosa, no desperta nenhum interesse especial, embora
esporadicamente surja uma que atraia a ateno, e ento a mente, fixando-se
nela, a alimenta por um momento ou dois, e a libera um pouco mais forte do
que estava na chegada. Nem a quarta parte de nossos pensamentos so
nossos: so simplesmente fragmentos tomados da atmosfera, na maior parte
dos casos, sem valor algum e com uma tendncia geral mais claramente
marcada para o mal do que para o bem.
Cada homem ordinrio produz as trs classes de formas de
pensamentos mencionadas, durante toda sua vida. Estamos, pois, povoando
nossa atmosfera com anjos de beleza e de virtude, ou ento com demnios
repugnantes de fealdade e de vcio, isto , purificando ou sujando as mentes
de nossa gerao. Se alguma vez pudssemos v-los, sua viso nos faria
meditar e ser sempre cuidadosos, para pr de lado todo pensamento mau ou
impuro. E assim, j no podemos afirmar que nossos pensamentos so coisa
exclusivamente nossa, ou que no importa quais so nossos pensamentos, e
que devemos ser cuidadosos apenas com nossas palavras e aes. De fato,
nossos pensamentos so menos nossos que nossas palavras e aes, em
razo de alcanarem uma distncia muito maior de ns do que o conseguem
palavras e aes, e porque a influncia deles, ao se exercer diretamente sobre
as mentes dos demais, mais poderosa e tem maior expresso.
Tal o poder de ao dos pensamentos sobre ns mesmos e sobre os
demais. No s nos afetamos grandemente ao formar nossos hbitos de
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trabalho, porque no existe ento a pesada matria fsica para ser colocada em
vibrao, como necessrio fazer no caso de um ser vivo antes que o
pensamento possa chegar sua conscincia desperta; portanto, podemos
ajudar, consolar, alegrar e at aconselhar aos mortos mediantes nossos fortes
pensamentos ou atravs de nossas oraes, conforme j se explicou no
Captulo VI.
Por outro lado, tem-se o poder do pensamento combinado ou da orao
coletiva em prol de um objetivo comum; e as Ordens contemplativas da Igreja
Catlica Romana, assim como os monges das religies hindusta ou budista,
difundem atravs do mundo pensamentos elevados e nobres, prestando um
imenso servio humanidade em geral.
P 223: Podemos ajudar com o pensamento, mesmo que nos
encontremos fora do corpo fsico durante o sono?
R: Podemos realizar um trabalho muito eficaz enquanto nossos corpos
esto descansando pacificamente durante o sono. Livres da carga dos corpos
fsicos, somos em realidade mais poderosos para produzir efeitos com nosso
pensamento. Durante o sono, um homem comum geralmente est absorto nos
assuntos que lhe interessaram quando se achava desperto, e muitas vezes
quando dormimos antes de decidir uma coisa o travesseiro nos d conselhos
e ajuda para uma deciso importante. Ao nos entregarmos ao sono devemos
manter com toda tranquilidade em nossa mente o problema que precisa de
soluo; no devemos discuti-lo nem argumentar sobre ele, mas simplesmente
enunci-lo e deix-lo. O Pensador o tomar a seu cargo quando j se encontrar
fora do corpo e o imprimir no crebro; por isso aconselha-se ter papel e lpis
perto do leito para anotar a impresso imediatamente ao despertar.
Da mesma maneira podemos, durante nosso sono, ajudar a qualquer
amigo, esteja vivo ou morto. Com nossa mente, devemos imaginar o amigo
antes de dormir e determinarmo-nos a encontr-lo e ajud-lo. A imagem mental
o atrair at ns e nos comunicaremos com ele no mundo astral. Durante as
horas do dia podemos ajudar a qualquer conhecido que saibamos ser presa da
tristeza ou de algum sofrimento, sentando-nos calmamente e formando uma
forte imagem mental daquele que sofre, verter nela correntes de compaixo, de
afeto e de fora; porm, durante a noite podemos ns mesmos ir no corpo
astral at o lado daquele que sofre e, em vez de oferecer-lhe simplesmente um
consolo geral, ajudar-lhe com muito maior eficcia ao ver exatamente o que
seu caso requer. Entretanto, devemos permanecer perfeitamente calmos antes
de nos entregarmos ao sono, e no permitir que alguma emoo surja em ns
ao pensarmos no amigo, j que isso pode causar um redemoinho em nosso
corpo astral, o qual pode ou atemorizar aquele que sofre ou impossibilitar a
passagem de nossas vibraes mentais. Dessa forma podemos realizar um
trabalho muito bom como protetor astral, por mais que no recordemos nada
disso em nossa conscincia de viglia.
Outro bem que podemos fazer por meio do poder do pensamento, seja
de dentro ou de fora de nossos corpos fsicos, ajudar as boas causas e os
movimentos pblicos benficos humanidade.
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CAPTULO VIII
A EVOLUO DA VIDA
P 225: O que o senhor entende por Evoluo da Vida?
R: A palavra evoluo, do verbo latino evolvere (desenvolver), usado
para denotar o desenvolvimento de formas cada vez mais elevadas
procedentes de formas inferiores. Segundo Herbert Spencer, Evoluo o
passo do homogneo para o heterogneo, do simples para o complexo.
Conforme Darwin observou, toda a natureza acha-se em estado de evoluo,
as formas inferiores do lugar s superiores, as simples s mais complexas,
assim como o capulho cede lugar flor e a flor ao fruto.
Mas a doutrina da evoluo no teve de esperar at Darwin para que se
lhe desse expresso, embora ele seja merecedor do crdito de hav-la
proposto cientificamente. Cincia e Religio esto recapituladas no dito
daquele mstico persa: Deus dorme no mineral, sonha no vegetal, desperta a
conscincia no animal, a autoconscincia no homem, e despertar a
conscincia divina no homem j perfeito. Os que estiverem profundamente
versados nos ensinamentos esotricos de qualquer religio podem encontrar
antecipaes de muitas verdades que a cincia moderna no descobriu ainda;
e se a cincia tiver causa comum com a religio, o progresso da humanidade
se acelerar grandemente.
O aspecto mais denso da manifestao da Vida Una o que se
denomina matria. Contudo, h dois polos na manifestao: o lado-forma, ou
seja, o polo da matria, e o lado-vida, ou seja, o polo do esprito. Existem dois
aspectos opostos da Eterna Vida Una, e o processo da evoluo consiste em
que aquela vida se exteriorize em seu aspecto dual, ocasionando a
diversidade, e, quando tiver chegado ao limite da diversidade, se recolha para
reintegrar as diversas unidades separadas numa nica unidade poderosa e
enriquecida. A Vida extroversa vai busca da diversidade e, pode-se dizer,
tende para o polo da matria; a Vida introversa busca a Unidade e, pode-se
dizer, tende para o polo do esprito.
A lei da evoluo, conforme a enuncia a Escola Darwiniana, demonstra
com preciso cientfica o aperfeioamento gradual das formas, e tem por
fundamento a presena universal do protoplasma, a base fsica da Vida. Nas
formas inferiores da vida animal esse protoplasma permanece indiferenciado, e
existe simplesmente como uma massa homognea, gelatinosa; porm, nas
formas superiores aparece j educado para constituir clulas de diferentes
formas, tamanhos e funes; e o reino animal classificado em ordens,
gneros, etc., segundo a complexidade relativa das estruturas respectivas.
Essa classificao indica que quanto mais evoluda a Vida, mais elaborada a
forma mediante a qual funciona.
A prova da evoluo em si encontra-se nos detalhes da Embriologia, que
demonstra que todas as formas animais passaram, durante as etapas de seu
desenvolvimento, por toda a gama das espcies inferiores. No momento da
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N. do T. para o espanhol: Ishwara, em snscrito, O Senhor, uma Vida consciente cuja expresso o
Universo com seus milhes de astros. O princpio divino em sua condio ativa; o esprito divino no
homem. O LOGOS solar; o DEUS pessoal; Ahura-Mazda; Al.
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fez plstica no mineral, mas o homem que atua em sua forma resultado de
uma elaborao superior, e o grmen de sua vida jamais poderia ser
desenvolvido por meio de um animal. Desenvolve-se to somente no humano,
que contm vida multiplicada dentro de si, para que o grmen possa
desenvolver-se ao longo de uma linha direta de crescimento humano. a
Terceira Grande Emanao, a Terceira Onda de Vida, a que faz descer esses
espritos humanos, que estavam esperando para morar nas formas preparadas
para receb-los, e para animar e utilizar esses corpos.
P 231: Cada planta e cada animal possui uma alma separada, como o
homem?
R: No. Cada homem uma alma, mas no o cada animal ou cada
planta. Quando a Segunda Emanao procedeu da Deidade, pode ter sido
homognea, mas ao ter pela primeira vez conhecimento prtico no plano
Bdico, j no se v como uma imensa alma mundial, porm como muitas
almas. J no uma Mnada, mas muitas; nessa condio intermediria, a
alma mundial encontra-se j subdividida, ainda que no at seu extremo limite
de individualizao, como se observa no homem; na humanidade ela vista
dividida em milhes de pequenas almas de seres individualizados. Portanto, o
homem como alma manifesta-se mediante um corpo, em certo tempo, no
mundo fsico; enquanto uma alma animal manifesta-se por meio de certo
nmero de corpos animais. Disso excetuam-se os animais mais adiantados, j
em estado de domesticao, tendo cada um chegado a ser uma entidade
reencarnante separada, sem possuir, contudo um corpo causal, que a marca
do que geralmente se denomina individualizao.
P 232: O que acontece ento com o animal, ou a planta, depois da
morte?
R: Quando um homem morre ou abandona seu corpo fsico, ele, sendo
isoladamente uma alma, permanece como alma separada das outras almas;
porm, quando morre um animal, por exemplo, um tigre, como ainda no
uma alma permanentemente separada, aquilo que formou sua alma, depois de
um perodo de vida consciente no mundo astral, incorpora-se massa
chamada alma-grupo, da qual procedeu e que forneceu almas para muitos
outros tigres. O verdadeiro animal no o corpo, mas uma vida invisvel que
atua por intermdio da forma animal, assim como atua a alma do homem por
meio do corpo humano. Essa vida invisvel que energiza a forma animal
chama-se alma-grupo. Essa alma-grupo constituda por certa quantidade
definida de matria mental carregada com a energia do Logos; essa matria
mental contm uma vida definida no grau de evoluo animal. Uma alma-grupo
animal foi em ciclos prvios uma alma-grupo vegetal e, em ciclos anteriores
ainda, uma alma-grupo mineral, de modo que qualquer alma-grupo animal j
est altamente especializada como resultado de suas experincias na matria
vegetal e mineral.
Cada alma-grupo tem subordinado a si certo nmero de corpos animais,
digamos, cem corpos de tigres para uma alma-grupo particular.
214
215
humanas. Essa Mnada atraiu para si, h muito tempo, um tomo de cada um
dos planos como um centro neles, como um precursor ativo com vistas a seu
futuro trabalho. Esses tomos permanentes, dos quais se falou no Captulo IV,
foram enviados sucessivamente s almas-grupo elemental, mineral, vegetal e
animal, para obterem ali qualquer experincia possvel. Quando os tomos
permanentes estabelecem contato com uma parte altamente especializada da
alma-grupo animal, como a alma do co, ento a Mnada verte, desde seu
plano superior, certas influncias em resposta ao trabalho externo feito para a
alma do co por seus amigos humanos. Descendo at o plano Bdico, e no
mais, efetua uma unio, como se fosse a formao de algo semelhante a uma
tromba marinha, com a alma do animal domstico, que faz um esforo supremo
desde a parte inferior. A energia da Mnada vertida dentro da matria mental,
que serviu ao co como uma pequena alma; essa matria mental reajusta-se a
si mesma em forma de um corpo causal, para constituir o veculo desse Filho
no Seio do Pai, que desceu a fim de ser uma alma humana. E assim, a
matria anmica do co, a gua no recipiente mencionada antes, constitui-se
num veculo de algo muito mais elevado (a Terceira Grande Emanao), e em
vez de atuar como uma alma, toma uma alma. No h uma analogia exata para
isso no plano fsico, excetuando-se a de bombear ar dentro dgua, alta
presso, para fazer gua gasosa. Se aceito esse simbolismo, a alma que
previamente constituiu a alma animal agora o corpo causal de um homem, e
o ar comprimido dentro dela o Ego, a alma do homem que apenas uma
manifestao parcial da Mnada. O descenso do Ego era simbolizado na
antiga Mitologia grega pela ideia da cratera ou clice, e pela lenda medieval do
Santo Graal (o Graal ou clice o resultado aperfeioado de toda aquela vida
inferior), no qual derramado o Vinho da Vida Divina a fim de que a alma do
homem possa nascer. Portanto, o que previamente fora a alma-animal chega a
ser, tratando-se do homem, o que se chama o corpo causal, que existe na
parte superior do plano mental como o veculo permanente ocupado pelo Ego
ou alma humana.
O Ego jovem, a alma humana recm-formada, absorve dentro de si
todas as experincias que a matria de seu corpo causal teve, de maneira que
nada se perca, e durante as idades de sua existncia as traz consigo. E assim
se forma no mundo mental superior um Ego, uma individualidade permanente,
que perdura atravs de todas as encarnaes at que o homem,
transcendendo at aquela individualidade, alcana no regresso a Divina
Unidade, da qual procedeu.
Desde o momento em que a alma de um co se separa de sua alma*
grupo , o co cessou em realidade de s-lo, embora continue usando a forma
de co. Desde o ponto de separao existem vrias etapas de transformao,
at que, finalmente, como resultado da intensificao da emanao que a
Mnada faz a partir dos planos superiores, forma-se o corpo causal. Essas
etapas podem ser apressadas por uma compreenso adequada que os
*
219
Rumo eternidade?
No que se refere a ele, est entre sombras;
Mas enquanto as raas, sem cessar
Sucedem-se, florescem e se fundem,
Olhos profticos podero distinguir
Glorioso amanhecer que lentamente
Sobre todas as coisas triunfar!
Nosso mundo inconcebivelmente velho, como j o reconhece at a
prpria cincia; e a humanidade tem existido sobre ele durante milhes de
anos. Se os corpos humanos tm-se aperfeioado porque as almas, que
evoluem gradualmente at nveis mais e mais elevados, necessitam um tipo
melhor de veculos para expressar-se. Cada homem procede de Deus, e
quando tiver passado atravs de milhares de etapas diferentes, por toda classe
de forma, e chegar a ser perfeitamente sbio e perfeitamente amoroso, ter
completado sua evoluo humana e se reunir com Aquele que a Fonte de
toda Vida dentro de Seu Universo.
Como nove meses so necessrios
Para formar uma criatura que nasce,
Assim se passaro muitos milhes de idades
Para a feitura do homem.
No simples corao de cada religio, tecida com sua prpria urdidura e
trama, encontra-se a ideia da evoluo. Pois o que religio seno o
conhecimento de Deus, do Ser? E chega-se a tal conhecimento mediante a
evoluo. A Religio que um homem professe, a raa a que pertena, no so
coisas importantes; o nico que realmente importa este conhecimento, o
conhecimento do plano de Deus para os homens. Porque Deus tem um plano e
este plano a Evoluo. (Aos Ps do Mestre)
P 239: O que quer dizer uma raa raiz e uma sub-raa?
R: As raas razes so gigantescas divises da humanidade, como a
lemuriana, a atlante e a ariana; enquanto que as sub-raas so divises
daquelas, integradas, porm, por muitas geraes de humanos. Por sua vez,
as sub-raas se dividem em naes, e no que chamamos raas ramais. Na
histria de um planeta h ciclos recorrentes ou sucesses de eventos
(sombras, em nossos baixos mundos, de acontecimentos em planos elevados),
os quais se seguem em ordem definida, manifestando princpios mais
propriamente que detalhes, e que se repetem no curso da histria em escalas
maiores ou menores. Cada ciclo recorrente implica a formao e evoluo de
um novo tipo humano, personificando, como suas caractersticas dominantes,
uma das sete etapas de conscincia de nossa humanidade: 1., 2. e 3., a
Vitalidade, que se personifica na matria etrica e densa, as etapas trpliceembrinicas e de nascimento; 4., o passional (Kmico), elevando-se at o
221
completamente deste esquema de evoluo por algum dos sete caminhos que
se estendem diante do Adepto, conforme explicado no Captulo X. O que hoje
nosso reino animal, ter de alcanar a individualizao ao final desta cadeia
e, por conseguinte, estar preparado para prover a humanidade da prxima
cadeia, ou seja, a quinta de nosso esquema terrestre.
Sabemos, no entanto, que duas quintas partes de nossa humanidade
sero descartadas no perodo crtico, na metade da quinta ronda, o Dia do
Juzo, do qual se falou antes.
P 240: O que quer dizer uma ronda, uma cadeia de globos e
esquema de evoluo?
R: No momento atual, nosso sistema solar contm dez esquemas de
evoluo, compostos, cada um, de sete cadeias, e cada cadeia, de sete
globos; e essas cadeias esto todas evoluindo lado a lado, ainda que em
diferentes etapas.
Sobre cada uma dessas dez sries de cadeias, est operando um
esquema de evoluo e no curso de cada esquema suas cadeias de globos
passaram atravs de sete encarnaes. Os globos de cada cadeia apresentam
um pequeno ciclo de evoluo que desce at a matria mais densa e logo
ascende dela; e de maneira exatamente anloga, as encarnaes sucessivas
de uma cadeia descem tambm matria mais densa e ascendem logo dela.
Nossa prpria cadeia encontra-se agora em seu nvel mais baixo de
materialidade, de tal modo que, de seus sete planetas ou globos, trs se
acham no plano fsico, dois no astral e dois no mental inferior. A onda de Vida
Divina passa sucessivamente de um globo a outro da cadeia, principiando por
um dos superiores, descendo gradualmente at o inferior e ascendendo de
novo at seu prprio nvel de origem.
Podemos, pois, para fins de referncia, designar os sete globos com as
7 primeiras letras do alfabeto e enumerar suas encarnaes na mesma ordem;
e assim, como esta a quarta encarnao de nossa cadeia, o primeiro globo
nesta encarnao ser o 4-A, o segundo o 4-B, o terceiro, o 4-C e o quarto
(que nossa Terra), o 4-D, e assim sucessivamente.
O nmero de globos que uma cadeia possui, num dado momento, sobre
o mesmo plano, depende da etapa de sua evoluo, e esses globos no se
acham todos compostos de matria fsica. O 4-A contm matria no inferior
do mundo mental; tem sua contraparte em todos os mundos superiores a esse,
mas nada abaixo dele. O 4-B existe no mundo astral; mas o 4-C um globo
fsico, de fato o planeta que conhecemos como Marte. O globo D nossa
prpria Terra, na qual se acha atuando por ora a onda de vida da cadeia. O
globo E o planeta que chamamos de Mercrio, tambm no mundo fsico. O
globo F est no mundo astral, correspondendo, no arco ascendente, ao globo
4-B no descendente, enquanto que o globo 4-G corresponde ao globo 4-A, pois
tem sua mais baixa MANIFESTAO na parte inferior do mundo mental.
Temos, pois, uma cadeia de globos partindo do mundo mental inferior,
submergindo-se atravs do astral at o fsico e emergindo depois at o mental
inferior atravs do mundo astral.
223
224
1 Sub-raa
1 Raa raiz
1 Perodo Mundial
1 Ronda
1 Perodo Catenrio, ou encarnao de
uma Cadeia, ou Manvntara
1 Esquema de evoluo, ou Esquema
Planetrio, ou Mahmanvntara
Nosso Sistema Solar
226
233
CAPTULO IX
FRATERNIDADE
P 245: Por que a Fraternidade da Humanidade constitui o nico objetivo
obrigatrio da Sociedade Teosfica, o nico artigo de crena que liga todos
os seus membros?
R: O reconhecimento intelectual desse princpio de fraternidade e os
esforos por viv-la praticamente so muito estimulantes para a natureza mais
elevada do homem. Viver a fraternidade, mesmo em pequena dose, limpa o
corao e purifica a viso; viv-la perfeitamente equivale a arrancar pela raiz
todo sentimento de separao. Tal reconhecimento o primeiro passo para a
realizao da no separao, to necessria para o progresso de um
discpulo, fazendo-o sensvel s tristezas de todos e treinando-o para auto
identificar-se com toda a humanidade, a fim de que possa finalmente chegar a
ser um firme colaborador de Deus, dedicando inteiramente sua vida a laborar
em Seus propsitos.
P 246: Mas como poder se estabelecer a fraternidade da humanidade?
Se olhamos ao nosso redor, somente encontramos os homens, segundo a
grfica expresso de Lorenzo Oliphant, se matando uns aos outros em nome
da Fraternidade e brigando como diabos invocando o amor de Deus.
R: A fraternidade do homem no algo que necessite ser estabelecido.
A fraternidade . Constitui um fato na natureza; j existe, e unicamente requerse que a realizemos. Ningum pode fazer uma declarao mais simples ou
mais perfeita sobre ela do que a feita por Cristo quando disse: Um Vosso
Pai, ou seja, Deus, e todos vs sois Irmos.
As pessoas enganam e matam os outros porque esquecem a verdade
da fraternidade, mas a ignorncia dos homens no muda as leis da natureza,
nem faz variar sua marcha irresistvel. Suas leis aniquilam os que se opem a
ela. Nenhuma nao nem civilizao alguma que ultrajarem a fraternidade
pode perdurar; e temos que afinar nossas vidas em harmonia com essa Lei.
P 247: Qual a base da fraternidade do homem e por que no a
vivemos, mesmo reconhecendo-a intelectualmente?
R: A vida humana uma poro daquela Vida Paternal da qual todos
somos prole. J que participamos de uma s Vida, todos formam uma
fraternidade; por isso, conforme se explicou no Captulo I, a solidariedade do
homem uma das verdades bsicas da Teosofia.
O intelecto um princpio separativo, espontaneamente combativo e
afirmativo do Eu; sua verdadeira ndole o leva a afirmar-se como separado dos
demais; e no pode realizar-se a fraternidade nos planos inferiores devido a
seu senso de separao e o decorrente conflito de interesses.
P 248: Onde possvel realizar-se a fraternidade em sua plenitude?
234
seu dever, de acordo com seu estgio na vida, fomenta a evoluo da famlia
humana como um todo.
P 250: Ento no existe igualdade na configurao da sociedade?
R: Ao edificar a sociedade, o mximo que se pode pedir (por ser o
mximo possvel) que haja igualdade de ricos e pobres ante a Lei, de tal
sorte que nenhum homem possa, artificialmente, ser colocado em condio
desvantajosa por uma lei ou costume criado pelos homens. Ao mesmo tempo e
at onde seja possvel, a cada homem se deveriam dar oportunidades iguais,
as oportunidades de desenvolver cada faculdade que traga consigo ao mundo,
embora se deva ter presente que a desigualdade radical, que nenhuma
sociedade ou lei humana pode suprimir, radica no poder de aproveitar uma
oportunidade quando se apresente.
P 251: Qual o seu conceito de fraternidade no sistema social?
R: Devemos edificar um sistema social no qual possa ser requerido de
cada membro um servio de acordo com sua capacidade; um sistema que
preste ajuda social de acordo com as necessidades de cada homem, para que
tenha assim a oportunidade de desenvolver toda faculdade que traga consigo
ao vir ao mundo. E assim a lei brutal da luta pela existncia seria transmutada
na lei vital a lei social do autossacrifcio para acelerar a evoluo da
humanidade. J se citou antes a frase de um Mestre hindu, que diz: A lei da
sobrevivncia do mais apto a lei de evoluo para o animal; mas a lei do
prprio sacrifcio a lei de evoluo para o homem.
luz de ideal to elevado, podemos ver que a desigualdade de idades
significa desigualdade de capacidade e de poder, e, portanto, desigualdade de
deveres; e que o forte existe no para a tirania, mas para o servio, no para
ter o fraco sob os seus ps, mas para proteg-lo com a mais terna compaixo.
Ante o esprito da fraternidade, a fraqueza significa um pedido de ajuda e no
uma oportunidade para a opresso. Cada idade tem seu prprio dever; o dos
mais jovens aprender e servir, o dos mais velhos dirigir e proteger, todos
igualmente carinhosos e serviais dentro da grande famlia da humanidade.
P 252: Mas por que existe desigualdade entre pessoas e entre naes?
R: A desigualdade entre diferentes pessoas devida principalmente
idade da alma e, por conseguinte, etapa alcanada pela alma em sua
evoluo. Algumas comearam sua viagem muito mais cedo que outras, e,
tendo assim um perodo maior de tempo que seus irmos mais jovens,
desenvolveram mais poderes.
As naes se compem de almas, em sua maior parte, em certa etapa
de desenvolvimento, que nasceram juntas para adquirir determinadas
experincias de acordo com seu carma e com o grau de evoluo que
alcanaram.
No menosprezemos uma flor porque ainda no seja fruto; no
menosprezemos uma criana porque ainda no seja um homem; no nos
menosprezemos porque ainda no sejamos deuses. Da mesma maneira no
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