Manual de Proteção Escolar e Promoção Da Cidadania e Normas Gerais de Conduta Escolar
Manual de Proteção Escolar e Promoção Da Cidadania e Normas Gerais de Conduta Escolar
Manual de Proteção Escolar e Promoção Da Cidadania e Normas Gerais de Conduta Escolar
PROTEO ESCOLAR
E PROMOO
DA CIDADANIA
SISTEMA DE PROTEO ESCOLAR
Secretaria da
Educao
GOVERNO DO ESTADO DE SO PAULO
Governador
Jos Serra
Vice-Governador
Alberto Goldman
Secretrio da Educao
Paulo Renato Souza
Secretrio-Adjunto
Guilherme Bueno de Camargo
Chefe de Gabinete
Fernando Padula
MANUAL DE
PROTEO ESCOLAR E
PROMOO DA CIDADANIA
SISTEMA DE PROTEO ESCOLAR
So Paulo,
2009
Este manual foi elaborado com base no Manual aos Gestores das Instituies Edu-
cacionais da Secretaria da Educao do Governo do Distrito Federal ano de 2008, cujo
uso foi gentilmente autorizado pelo Exmo. Secretrio de Estado de Educao, Jos Luiz
da Silva Valente.
COLABORADORES:
Aida Iris de Oliveira
Airton Lugarinho de Lima Cmara
Ana Flvia M. A. Alves
Anna Lcia Cunha
Atlio Mazzoleni
Dalmo Vieira Santos
Ellen Paiva
Francisco Cludio Martins
Jorge Luiz Alcntara Andrade
Lucola Juvenal Marques
Mara Gomes
Maria Jos Moreira
Marta Avancini
Martha Paiva Scrdua
Mauro Gleisson de Castro Evangelista
Miriam Abramovay
Miriam Lcia Herrera Masotti Dusi
Priscila Pinto Calaf
Rafael Castelo Branco Rodrigues
Relcytam Lago Caribe
SUMRIO
APRESENTAO.......................................................................................................... 7
I O que o qu....................................................................................................... 9
1) O que cidadania?.................................................................................................... 9
2) O que paz?.............................................................................................................. 9
3) O que Cultura de Paz?............................................................................................ 9
4) O que so direitos da criana e do adolescente?.................................................... 10
5) O que so conflitos?................................................................................................. 11
6) O que violncia?..................................................................................................... 11
7) Quais so os tipos de violncia?.............................................................................. 12
8) Qual a natureza dos atos violentos?..................................................................... 12
9) O que violncia escolar?........................................................................................ 13
10) O que abuso contra criana ou adolescente?.................................................... 13
11) O que explorao sexual da criana ou do adolescente?.................................. 13
12) O que violncia de gnero?................................................................................. 13
13) O que so violncia intrafamiliar e violncia domstica?..................................... 14
14) O que crime, contraveno e ato infracional?.................................................... 14
15) Qual a diferena entre crime e violncia?.............................................................. 14
16) Qual a diferena entre furto e roubo?.................................................................... 15
17) O que caracteriza as agresses verbais de calnia, difamao e injria?........... 15
18) Quais so os crimes mais comuns na escola?...................................................... 15
19) Quais so as contravenes penais mais comuns nas escolas?......................... 16
20) O que bullying?.................................................................................................... 16
21) O que preconceito?.............................................................................................. 17
22) O que discriminao?.......................................................................................... 17
23) O que racismo?.................................................................................................... 18
24) O que droga?........................................................................................................ 18
25) O que vcio?.......................................................................................................... 18
II Quem quem....................................................................................................... 19
26) Vara Especial da Infncia e da Juventude............................................................. 19
27) Ministrio Pblico Promotoria da Infncia e da Juventude............................... 19
28) Conselho Estadual dos Direitos da Criana e do Adolescente CONDECA....... 19
29) Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do Adolescente CMDCA......... 19
30) Conselho Tutelar..................................................................................................... 19
31) Programa de Policiamento Escolar Ronda Escolar............................................ 20
32) Distrito Policial ou Delegacia de Polcia................................................................. 20
33) Defensoria Pblica 20
34) Conselho Comunitrio de Segurana CONSEG 21
35) Centro de Referncia Especializado de Assistncia Social CREAS 21
36) Centro de Referncia de Assistncia Social CRAS 21
37) Organizaes da Sociedade Civil 22
IV Sobre os alunos 33
59) O que fazer se um aluno agredir verbal ou fisicamente
um colega ou servidor? 33
60) O que fazer se for detectado um aluno com drogas na escola? 33
61) O que fazer se um aluno se apresentar alcoolizado nas aulas? 34
62) Como lidar com os casos de bullying na escola? 34
63) Como agir em uma situao de demonstrao explcita de
racismo entre alunos? 35
64) O que fazer se um aluno depredar o patrimnio escolar? 35
65) O que fazer diante de uma situao de furto ou roubo praticado por alunos? 35
66) O que fazer se for detectado um aluno armado na escola? 36
67) O que fazer se for percebido relacionamento amoroso entre alunos? 36
68) O que fazer se a escola tomar conhecimento de abuso sexual
envolvendo alunos crianas ou adolescentes? 36
69) O que fazer diante da denncia de assdio sexual praticado por aluno
contra servidor? 37
70) O que fazer se a escola perceber que um aluno sofre maus-tratos? 37
V Sobre os Servidores 38
71) Qual direito tem a servidora que estiver em situao de violncia
domstica e familiar? 38
72) Que providncias devem ser tomadas no caso de um servidor agredir,
verbal ou fisicamente, um aluno ou um colega de trabalho? 38
73) O que fazer com servidores que fumam na escola? 39
74) O que fazer se um servidor entrar com drogas na escola? 40
75) O que fazer se um servidor se apresentar para trabalhar sob efeito
de lcool e/ou outras drogas? 40
76) O que fazer quando a escola suspeitar que um servidor est abusando
de lcool e/ou outras drogas? 40
77) O que pode ser feito a fim de evitar futuras dificuldades com servidores
dependentes qumicos? 41
78) O que fazer se um servidor manifestar atitudes racistas? 41
79) O que fazer diante de um roubo ou furto cometido por um servidor? 42
80) O que fazer se um servidor entrar armado na escola? 42
81) O que fazer se um servidor estiver mantendo relacionamento amoroso
com aluno menor de 18 anos de idade? 42
82) O que fazer diante de uma denncia de assdio sexual por parte de
servidor contra aluno? 42
83) O que fazer diante da denncia de assdio sexual de servidor
contra servidor? 43
84) Pode existir assdio moral de um professor em relao a um aluno? 43
X Referncias Bibliogrficas......................................................................... 75
APRESENTAO
Dentre os desafios sociais atualmente postos ao mundo como um todo, e dos quais
nosso pas e estado no se excluem, um dos mais complexos diz respeito ao embate
tico onde se confrontam crenas e valores, na busca do pleno desenvolvimento hu-
mano, conciliado a uma convivncia pacfica entre as diversas naes e povos.
Nas sociedades democrticas, tal desafio se intensifica uma vez que, por princ-pio,
devemos garantir a cada um, indistintamente, a igualdade de direitos, para uma
vivncia social efetivamente justa, participativa, propositiva e, portanto, responsvel.
Garantir o direito de todos traz, na outra face, o correspondente respeito, tambm por
todos, ao direito do outro.
Desconsiderar, nos dias de hoje, em qualquer ambiente escolar, a interferncia das
mltiplas variveis socioculturais que podem comprometer o papel essencialmente pe-
daggico e formativo de que se reveste a funo de educar, se nos configura, no mni-
mo, como uma posio ingnua. Por outro lado, minimizar essa interferncia na escola
pblica , a nosso ver, ignorar o potencial transformador de seus profissionais, as ex-
pectativas da sociedade nela refletidas e, precipuamente, tolher da criana e do jovem o
direito a uma escola de qualidade, capaz de formar integralmente o indivduo.
Fundamentada na complexidade dessa realidade, na disponibilidade colaborativa de
nossos gestores, na confiana da clareza que nossos docentes possuem sobre o seu
papel e sobre a funo da escola antes e acima de tudo de natureza educativa e
inclusiva esta Pasta disponibiliza o Manual de Proteo Escolar e Promoo da
Cidadania.
Esta publicao tem como objetivo subsidiar a escola pblica com aprofundamen-tos
sobre conceitos de direitos civis e constitucionais, alm de fornecer informaes e
esclarecimentos relativos natureza das atribuies e competncias das diversas
instncias a serem mobilizadas no enfrentamento e mediao dos conflitos que com-
prometem e distorcem a convivncia no ambiente escolar e podem at, eventualmen-te,
extrapolar a dimenso pedaggica.
Ressaltamos que, em momento algum, defendemos um posicionamento admi-
nistrativo/jurdico que venha substituir o cerne pedaggico dos procedimentos que
rotineiramente devem presidir as unidades escolares em suas decises, quando
transgredidas as normas de convivncia. Ao contrrio, ser mediando as relaes
conflitantes com intervenes pedaggicas que as estratgias saneadoras
podero ser legitimadas, confirmando o verdadeiro contexto educativo que deve
caracteri-zar a instituio escolar.
Assim, nesse contexto que, aos gestores, cabe o fortalecimento das relaes
interpessoais nos ambientes escolares, revestindo-as com medidas preventivas que
no s minimizem eventuais conflitos como ampliem o espao para orientaes pe-
daggico-formativas, destacando, ainda, quo importante se constitui o papel da su-
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PROMOO DA CIDADANIA | 7
perviso de ensino na implementao dessa proposta, como efetiva desencadeadora
das aes locais.
Finalmente, a Secretaria est convicta de que, juntos, fortalecidos e minimamente
instrumentalizados, poderemos iniciar a construo de uma cultura de paz que nos
acene, em breve futuro, com uma realidade menos contraditria e conflituosa.
1) O que cidadania?
Cidadania o conjunto de direitos e deveres a que o indivduo est sujeito em rela-
o sociedade em que vive. Tradicionalmente, a ideia de cidadania est relacionada
aos direitos, em especial aos direitos polticos e civis.
Na democracia, os direitos pressupem deveres, visto que numa coletividade os
direitos de um indivduo dependem do cumprimento dos deveres por parte de outros.
Na atualidade, com a ampliao da concepo de direitos humanos que dizem
respeito no apenas aos direitos polticos e civis, mas tambm aos direitos sociais, eco-
nmicos e culturais o conceito de cidadania passou a ser associado a outros aspectos
da existncia, para alm da dimenso poltica/civil. por isso que se considera que a
excluso socioeconmica, as desigualdades, o preconceito, a falta de acesso cultura
e ao lazer, dentre outros processos, inviabilizam o pleno exerccio da cidadania.
2) O que paz?
A paz representa um fenmeno amplo e complexo que abrange a construo de uma
estrutura social e de relaes sociais caracterizadas pela presena da justia,
igualdade, respeito, liberdade, e pela ausncia de todo o tipo de violncia (Galtung,
1976). Nesse sentido, a paz reconhecida como um processo em construo articula-
do a conceitos como desenvolvimento, direitos humanos, diversidade e cooperao,
que implica na organizao e no planejamento de estratgias para sua efetivao nos
mbitos pessoal, interpessoal, intergrupal, nacional e internacional.
5) O que so conflitos?
Os conflitos originam-se da diferena de interesses, desejos, valores e aspiraes
evidenciados no convvio com a diversidade social (Chrispino & Chrispino, 2002). Os
conflitos no constituem obstculos paz, porm a resposta dada aos conflitos pode
torn-los negativos ou positivos, construtivos ou destrutivos, razo pela qual suas
formas de resoluo ou mediao tornam-se foco de ateno e interveno (Guima-
res, 2003). A violncia decorre da no mediao dos conflitos ou de sua resoluo de
forma inadequada.
6) O que violncia?
A Organizao Mundial da Sade (OMS) define no Relatrio Mundial sobre a Vio-
lncia e a Sade:
Dessa forma, a OMS adota um conceito amplo de violncia que abrange no so-
mente os danos materiais ou psicolgicos decorrentes dela, mas tambm a ameaa ou
a inteno de causar dano.
Cabe tambm ressaltar que, como definido pela OMS, a violncia no se resume a
atos praticados por indivduos, mas tambm abarca aes, ameaas e abuso de poder
exercidos no mbito da famlia, da comunidade e das instituies.
Art. 157. Subtrair coisa mvel alheia, para si ou para outrem, me-
diante grave ameaa ou violncia pessoa, ou depois de hav-la, por
qualquer meio, reduzido impossibilidade de resistncia.
41) A escola responsvel pelo aluno durante seu trajeto de casa para a escola
e vice-versa?
Essa responsabilidade existe apenas se os alunos estiverem em veculo oferecido
pela escola ou por terceiros, em seu nome. No h responsabilidade da instituio
educacional no caso do uso de transporte prprio, pblico ou a p.
Contudo, incentiva-se que as escolas comuniquem s autoridades competentes a
presena de pessoas em atitudes suspeitas que possam colocar em risco a segurana
dos estudantes e da equipe escolar, bem como os trajetos potencialmente perigosos,
com iluminao precria, caladas avariadas, limpeza urbana comprometida, dentre
outras dificuldades, solicitando aos rgos competentes as reparaes e interven-es
necessrias.
42) Nos casos em que a escola dispensa os alunos antes do horrio formal de
trmino das aulas, existe responsabilidade?
A escola deve procurar conhecer e observar a rotina de organizao e as condies
da famlia no processo de recepo e entrega da criana nas atividades escolares. Se a
criana deixada no estabelecimento de ensino por seus pais ou responsveis, a
responsabilidade da escola cessa quando lhes for entregue o aluno ao trmino das
aulas ou das atividades complementares.
Se o aluno vai sozinho escola e retorna sozinho sua casa, a responsabilidade da ins-
tituio educacional cessa quando soa o sinal de sada e o aluno deixa o prdio escolar.
Contudo, quando houver a previso de dispensa dos alunos antes do horrio regu-lar
de trmino das aulas, a escola dever cientificar formalmente os pais ou respons-veis,
com a devida antecedncia, observada a rotina de chegada e sada dos alunos.
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PROMOO DA CIDADANIA
43) Se ocorrer um acidente com os estudantes, o professor pode ser
responsabi-lizado?
Em todos os acidentes que envolverem estudantes durante as atividades escola-res,
regulares ou ocasionais, a direo da escola ou a Secretaria da Educao, con-forme o
caso, devem instaurar os procedimentos averiguatrios previstos na legis-lao. No
caso da escola pblica, se comprovada a culpabilidade do professor ou de qualquer
outro membro da equipe escolar ou mesmo de terceiros que tenham agido em seu
nome, cabe ao Estado responder pelas aes ou omisses que resultaram no acidente.
A responsabilidade, ou no, do professor ser apurada em sindicncias e processos
disciplinares internos da Administrao, e, caso comprovada, a Secretaria da Educao
tomar as medidas cabveis.
44) O que fazer com os alunos que tm, reiteradamente, faltas injustificadas?
exigncia legal que, para sua aprovao, ao final do ano letivo, o aluno tenha
comprovadamente frequentado um mnimo de 75% das aulas. Caso a direo da escola
perceba que o aluno falta com frequncia sem as devidas justificativas, deve convocar
os pais ou responsveis para averiguar a causa das ausncias e buscar so-lues e
encaminhamentos para sanar o problema. Caso no consiga sensibilizar os pais ou
responsveis, a questo do absentesmo passa a configurar negligncia com a criana
ou o adolescente, e dever da direo escolar oficiar o Conselho Tutelar, conforme o
Estatuto da Criana e do Adolescente ECA:
DA GUARDA:
Art. 33. A guarda obriga a prestao de assistncia material, moral e
educacional criana ou adolescente conferindo a seu detentor o
direito de opor-se a terceiros, inclusive os pais.
Art. 35. A guarda poder ser revogada, a qualquer tempo, mediante
ato judicial fundamentado, ouvido o ministrio pblico.
DA TUTELA:
Art. 36. A tutela ser deferida nos termos da lei civil, a pessoa de at
21 anos incompletos.
Pargrafo nico: o deferimento da tutela pressupe a prvia decreta-
o da perda ou suspenso do ptrio poder e implica necessariamen-
te o dever de guarda.
49) Quais medidas disciplinares podem ser adotadas pela escola junto ao aluno?
As medidas disciplinares so aquelas previstas nas Normas Gerais de Conduta Es-
colar e no Regimento Escolar, que devem ser divulgados por todos os meios dispon-
veis e permanecero disposio de todos nas dependncias da escola para consulta
e reproduo, sempre que solicitado.
Todas as medidas disciplinares devem ser aplicadas de modo a privilegiar o senti-do
pedaggico da sano, o reforo das condutas positivas e a compreenso da ne-
cessidade de conteno dos comportamentos indevidos para preservar a segurana de
todos no ambiente escolar.
As sanes devem guardar coerncia com a gravidade da ocorrncia e com o com-
portamento habitual do autor, oferecendo-lhe sempre o direito de manifestar-se em sua
defesa, na presena dos pais ou responsveis, perante a direo e o Conselho de
Escola, se for o caso. As medidas disciplinares variam desde a advertncia verbal ao
50) Quais medidas disciplinares podem ser adotadas pela escola junto ao ser-
vidor?
As medidas disciplinares aplicveis aos servidores so aquelas previstas no Regi-
mento Escolar e no Estatuto dos Funcionrios Pblicos Civis do Estado de So Paulo
(Lei Estadual n 10.261, de 28 de outubro de 1968). A Resoluo Conjunta CC/SE/SSP/
PGE n 1, de 5 de maro de 2009, estabelece os procedimentos relativos apurao
preliminar e aplicao de sanes administrativas para condutas que tenham por
objeto o trfico de drogas e a violncia fsica, psicolgica e sexual contra alunos da rede
estadual escolar, praticadas por servidores da Secretaria da Educao:
51) Por que a equipe escolar deve sempre registrar as ocorrncias escolares
nos sistemas apropriados?
A escola constitui um ambiente coletivo onde todas as leis vigentes no pas devem
ser observadas e aplicadas. Alm disso, h regras internas que se aplicam somente no
mbito da escola: as Normas de Conduta e o Regimento Escolar. Cabe direo fazer
cumprir esse conjunto de regras em benefcio dos alunos, pais e responsveis, da
equipe escolar e da comunidade.
A Secretaria da Educao desenvolveu sistemas especficos para registrar as ocor-
rncias escolares, de modo a facilitar sua formalizao e permitir o acompanhamento
da situao disciplinar em cada escola, visando a aperfeioar a proteo de todos.
Esses registros, combinados aos relatos das equipes escolares, permitiro ajustar o
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PROMOO DA CIDADANIA
planejamento das atividades preventivas desenvolvidas nas escolas, adequando-as s
necessidades identificadas.
As informaes contidas nos registros de ocorrncia escolar respaldaro a direo com
relao s ocorrncias que envolvem alunos, professores e servidores da instituio
educacional e subsidiaro a apurao dos fatos nos mbitos administrativo e penal.
Dessa forma, todas as informaes devem ser registradas com cuidado e ateno,
de modo a refletir exatamente o ocorrido: a descrio dos fatos, a identificao das
pessoas envolvidas (quando possvel), os danos eventualmente observados, os en-
caminhamentos s instncias competentes e as providncias tomadas para a soluo
do caso.
Ressalta-se que o registro de ocorrncias escolares nos sistemas da Secretaria da
Educao no substitui a lavratura de Boletim de Ocorrncia no Distrito Policial ou a
comunicao s autoridades administrativas, nem o encaminhamento aos servios de
proteo da criana e do adolescente, conforme previsto em lei.
Por fim, as escolas podero receber pessoas adultas apenadas com prestao de ser-
vios comunitrios, aplicadas aos casos de menor potencial ofensivo, em conformidade
com a Lei de Execues Penais LEP (Lei Federal n 7.210, de 11 de julho de 1984):
65) O que fazer diante de uma situao de furto ou roubo praticado por alunos?
A direo da escola deve solicitar a presena da Polcia Militar (190) para que sejam
tomadas as devidas providncias e convocar imediatamente os pais dos alunos en-
volvidos. Se forem menores de 18 anos de idade, a escola dever tambm comunicar
Abuso de incapazes
Art. 173. Abusar, em proveito prprio ou alheio, de necessidade, pai-
xo ou inexperincia de menor, ou da alienao ou debilidade mental
de outrem, induzindo qualquer deles prtica de ato suscetvel de
produzir efeito jurdico, em prejuzo prprio ou de terceiro.
Corrupo de menores
Art. 218. Corromper ou facilitar a corrupo de pessoa maior de 14
(catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, com ela praticando ato de libi-
dinagem, ou induzindo-a a pratic-lo ou presenci-lo.
Estupro
Art. 213. Constranger mulher conjuno carnal, mediante violncia
ou grave ameaa.
Atentado violento ao pudor
Art. 214. Constranger algum, mediante violncia ou grave ameaa, a
praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da
conjuno carnal.
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PROMOO DA CIDADANIA
69) O que fazer diante da denncia de assdio sexual praticado por aluno
contra servidor?
O assdio sexual somente caracterizado em situaes em que os autores esto
em condies de subordinao hierrquica, o que no o caso de um aluno em rela-
o a um servidor. Diante disso, a ao em questo no fica caracterizada como crime
de assdio, mas o ato est tipificado como importunao ofensiva ao pudor na Lei das
Contravenes Penais (Decreto-Lei n 3.688, de 3 de outubro de 1941):
71) Qual direito tem a servidora que estiver em situao de violncia domstica
e familiar?
A Lei Maria da Penha (Lei Federal n 11.340, de 7 de agosto de 2006) garante s
mulheres que estejam em situao de violncia domstica e familiar acesso priori-trio
remoo, por determinao do juiz, para preservar sua integridade fsica e
psicolgica.
75) O que fazer se um servidor se apresentar para trabalhar sob efeito de lcool
e/ou outras drogas?
Caso o servidor apresente-se sem condio de desempenho laborativo, eviden-
ciando sinais que indiquem estar sob efeito de substncias entorpecentes, como tre-
mores, hlito ou suor etlico, fala arrastada, perda de equilbrio, alterao de humor e de
comportamento, a direo da instituio educacional determinar o retorno do servidor
a sua residncia e o encaminhar para inspeo mdica. Se ele se recusar, a famlia
deve ser avisada e, em caso de resistncia, a Polcia Militar (190) poder ser acionada.
O servidor ser cientificado da instaurao de sindicncia ou processo ad-ministrativo
disciplinar junto Diretoria Regional de Ensino, pelo qual sero apuradas as
circunstncias da ocorrncia.
76) O que fazer quando a escola suspeitar que um servidor est abusando de
lcool e/ou outras drogas?
Diante da suspeita de abuso de lcool e/ou outras drogas, a direo da instituio
educacional poder encaminhar o servidor aos programas oferecidos pela Secretaria
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PROMOO DA CIDADANIA
Estadual da Sade e pelo Hospital do Servidor Pblico do Estado de So Paulo, bem
como s redes municipais de sade que possuem servios especializados no aten-
dimento a usurios de drogas. O tratamento da dependncia qumica complexo e
demorado e seu sucesso reside no comprometimento permanente do dependente e das
pessoas de sua convivncia profissional e familiar.
A Secretaria Estadual da Sade, por meio do Centro de Referncia de lcool, Taba-
co e Outras Drogas CRATOD, promove cursos de ateno a usurios de entorpecen-
tes e capacitao de cuidadores de pessoas em dependncia qumica, alm de ofere-
cer orientaes e materiais de apoio para a preveno do uso indevido de drogas.
77) O que pode ser feito a fim de evitar futuras dificuldades com servidores de-
pendentes qumicos?
2 Realize aes permanentes de esclarecimento e preveno ao uso e abuso de dro-
gas e substncias entorpecentes direcionadas aos servidores e seus familiares;
3 Assegure-se de que cada um de seus servidores compreende qual tipo de de-
sempenho, assiduidade e regras so exigidas no ambiente de trabalho;
4 Esteja alerta a mudanas adversas no desempenho e na conduta dos servidores;
5 Documente todas as ocorrncias de mau desempenho, falta ao trabalho e con-
dutas inaceitveis, utilizando estas anotaes quando for falar com o servidor;
6 Converse com o servidor sobre o declnio de seu desempenho e mantenha a
discusso baseada nos fatos. Opine apenas sobre o desempenho, no tente
diagnosticar o problema;
7 Avalie em conjunto com o servidor os prejuzos ao seu trabalho e ao contexto
laborativo e esclarea as consequncias;
8 Registre as faltas no justificadas na folha de ponto do servidor, sem negoci-las
por abonos, folgas ou frias. No aja com paternalismo, isso prejudica o usurio;
9 Encaminhe o servidor e seus familiares aos servios de atendimento sade e
aos programas oferecidos pela Secretaria Estadual da Sade e pelo Hospital do
Servidor Pblico do Estado de So Paulo, bem como s redes municipais de
sade que possuem servios especializados no atendimento a usurios de dro-
gas. Enfatize que a ajuda possvel e disponvel;
10 Caso o servidor apresente resistncia ao encaminhamento, lembre a ele sobre
as medidas disciplinares a que est sujeito se no cumprir com suas responsa-
bilidades funcionais;
11 Busque o envolvimento e a responsabilizao dos familiares e colegas de trabalho;
12 importante que a dependncia qumica do servidor seja abordada com tica,
em conformidade com os direitos humanos e respeitando sua dignidade e inte-
gridade pessoal.
82) O que fazer diante de uma denncia de assdio sexual por parte de servidor
contra aluno?
Assdio sexual crime previsto no Cdigo Penal. Se o aluno for menor de 18 anos
de idade, presumida a corrupo de menores.
83) O que fazer diante da denncia de assdio sexual de servidor contra servi-
dor?
Da mesma forma, o servidor molestado deve acionar as autoridades, procurando o
Distrito Policial para registrar Boletim de Ocorrncia ou fazendo queixa-crime (re-
presentao) ao Poder Judicirio. A direo escolar dever comunicar a ocorrncia
Diretoria Regional de Ensino para adoo das medidas administrativas cabveis.
91) Como abordar a criana ou o adolescente que relata sofrer abuso sexual?
A forma de abordagem fundamental para quebrar a barreira que a criana ou o
adolescente constri em situaes de abuso. Para realizar a abordagem, a escola pode
procurar ajuda de instituies que desenvolvam trabalhos de proteo criana, assim
como profissionais capacitados, como os psiclogos escolares ou os orienta-dores
educacionais. Nos hospitais e postos de sade h profissionais especializados que
podem dar suporte e orientaes.
MANUAL DE PROTEO ESCOLAR E
PROMOO DA CIDADANIA | 45
Os passos que devem ser seguidos na abordagem criana ou adolescente que
relata abuso:
1 Busque um ambiente tranquilo e seguro. A privacidade da criana deve ser pre-
servada;
2 Dedique toda a ateno criana. Oua-a sem permitir que interrupes exter-nas
fragmentem o processo de descontrao e de confiana;
3 Leve a srio tudo que for dito. O abuso sexual envolve medo, culpa e vergonha.
No critique nem duvide da criana, mas demonstre interesse por ela;
4 Aja calmamente, sobretudo se forem reveladas situaes delicadas, pois rea-es
impulsivas podem aumentar a sensao de culpa. Aborde o assunto dire-tamente
sem demonstrar ansiedade ou insegurana;
5 No demonstre aflio nem curiosidade. No entre em detalhes sobre a violn-cia
sofrida e no faa a criana repetir inmeras vezes a sua histria;
6 Pergunte o mnimo possvel e no conduza a conversa com perguntas sugesti-
vas. Deixe-a expressar-se com suas prprias palavras;
7 A linguagem deve ser simples e clara para que a criana ou o adolescente enten-
da o que est sendo falado ou perguntado;
8 Reitere que a criana ou o adolescente no tem culpa do ocorrido e que realizar o
relato a coisa certa a ser feita;
9 A transmisso de apoio e de solidariedade por meio de contato fsico somente
deve ser feita se a criana ou adolescente assim o permitir;
10 No trate a criana ou o adolescente como coitadinho. Eles so vtimas, mas
devem ser tratados com dignidade e respeito;
11 Proteja, sempre, a identidade da criana ou do adolescente. Este um compro-
misso tico profissional.
93) O que a escola pode fazer para prevenir a violncia sexual e orientar as
crian-as e adolescentes?
A abordagem pedaggica de temas relacionados ao assunto mostra-se fundamen-tal
aprendizagem da dimenso tica que o tema contempla. A abordagem do tema
Orientao Sexual, previsto nos Parmetros Curriculares Nacionais (1997), de modo
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PROMOO DA CIDADANIA
transversal e interdisciplinar, favorece a transmisso de informaes e a problemati-
zao de questes relacionadas sexualidade, incluindo posturas, crenas, tabus e
valores a ela associados, enfocando-se a dimenso sociolgica, psicolgica e fisiol-
gica da sexualidade.
95) Por que se deve registrar Boletim de Ocorrncia Policial quando forem
cons-tatados ilcitos na escola?
Atos infracionais, contravenes e crimes devem ser apurados pelas autoridades
competentes para que haja a responsabilizao dos culpados. As investigaes crimi-
nais e o julgamento no so funes da escola, mas a direo deve tomar as medidas
administrativas cabveis, de acordo com as Normas Gerais de Convivncia Escolar, o
Regimento Escolar e a legislao aplicvel aos servidores, quando for o caso. As
apuraes e sanes decorrentes dos registros diminuem a sensao de impunidade e
contribuem para inibir novos casos de violncia no mbito da escola. No caso de
violncia contra a criana ou o adolescente, o registro do Boletim de Ocorrncia pode
contribuir para interromper o ciclo da violncia contra as vtimas.