A Formação Do Caráter Cristão
A Formação Do Caráter Cristão
A Formação Do Caráter Cristão
Jorge Himitian
INTRODUO GERAL
Estamos nos ltimos anos deste sculo e deste milnio.
notrio,neste sculo, observar o crescimento numrico do povo
evanglicoem quase todos os pases da Amrica Latina. Tambm
animador ver que nas ltimas dcadas foi em geral dado uma maior
abertura para a ao e para os dons do Esprito Santo, uma
renovao na liturgia, uma melhor disposio para a unidade da
igreja, o despertar da conscincia missionria, e existem outros sinais
positivos semelhantes.
Mas longe de cair em um enganoso triunfalismo, serena e
objetivamente devemos viver nossos pontos fracos para super-los.
Existem algumas coisas que nos preocupam. As estatsticas sobre o
crescimento da igreja s levam em conta a quantidade, mas no a
qualidade dos crentes evanglicos. Hoje em dia, existe em todas as
partes uma espcie de febre pela quantidade, mas no pela
unidade, e menos ainda pela qualidade. Precisamos viver algumas
coisas bsicas. Por acaso nosso objetivo meramente conseguir que
a Amrica Latina se converta em um continente com maioria
evanglica?
Qual a qualidade de vida? Por que h tanta mediocridade no
CARTER e na conduta de muitos cristos? Quais as mudanas
morais e sociais que o evangelho deve produzir nas vidas como
produziu na de Zaqueu? Onde esto os homens e mulheres que esto
sendo transformada a imagem de Cristo? Porque to fraca a
influncia da igreja na sociedade? E como estas poderamos fazer
muitas outras perguntas. Basicamente desenvolverei o tema em trs
partes principais:
I - O carter Cristo.
II - Os principais fatores na formao do carter
III - Os perigos que existem no ministrio.
I - O CARTER CRISTO.
1. O povo que Deus planejou ter:
Fomos escolhidos no meramente para sermos salvos e sim para
sermos santos (Ef 1:4).
Fomos chamados no apenas para ter a Deus como Pai, e sim ara
ser perfeitos como Ele. Mt 5:48 (teleis = maduros completos).
O importante no somente nascer e sim crescer at chegar a
medida da estatura da plenitude de Cristo (Ef 4:13-15).
Deus no quer apenas quantidade e sim qualidade. A igreja deve
ser edificada (construda), com ouro, prata e pedras preciosas, e no
com madeira, feno e palha (1 Co 3:12).
Fomos predestinados no apenas para sermos filhos de Deus, mas
sim para sermos feitos conforme a imagem de seu Filho (Rm 8:29).
O objetivo de nosso ministrio no apenas salvar almas, mas sim
apresentar todo homem perfeito em Cristo (Cl1:28)
Em termos prticos, isto significa uma igreja integrada por famlias
que vivem em paz e harmonia. Maridos ternos, sbios e amveis.
Esposas submissas de carter meigo e pacfico. Filhos
respeitadores e obedientes. Rapazes e moas que chegam virgens ao
casamento.
Ancios honrados e respeitados pelos mais jovens. Crianas felizes
criadas no amor e temor de Deus. Homens trabalhadores,
responsveis, diligentes, cuidadosos, fiis. Mulheres virtuosas,
alegres, cheias de boas obras. Um povo diferente, formado por
discpulos que aprendem a ser humildes, pacientes, mansos, justos,
generosos, sinceros, bons, felizes, honrados, ntegros.
Discpulos cujo estilo de vida amar, perdoar, servir, confessar
seus pecados, obedecer, cumprir, sujeitar-se as autoridades, pagar
seus impostos, ser sempre verdadeiro, confiar em Deus, amar o seu
prximo, ajudar, dividir com os necessitados, chorar com os que
choram, rir com os que riem, ser um com seus irmos, pagar o mal
com o bem, sofrer a injustia, dar graas sempre por tudo, vencer
tentaes, viver no gozo do Senhor, orar sem cessar, testemunhar a
Cristo, ganhar outros para Cristo, Fazer (formar) discpulos, colocar
seu dinheiro e seus bens a disposio de seu irmo, e sobre todas as
coisas, amar a Deus com todo o seu ser, e ser assim o sal da terra e
a luz do mundo.
2. Carter e Conduta
Carter a maneira de ser de uma pessoa que avaliado pela sua
conduta. a soma de suas qualidades e defeitos morais integrados
na sua personalidade. CARTER uma palavra grega que aparece
no Novo Testamento uma nica vez, em Hebreus 1.3 e est traduzida
por imagem (Edio Revista e Corrigida). Cristo a mesma
imagem de sua essncia, quer dizer que tem o carter idntico do
Pai.
Conduta a maneira habitual de comportar-se, a maneira de viver.
A conduta de uma pessoa manifesta o seu carter. A meta do
Cristo ser como Jesus, quer dizer, ter carter de Cristo. Isto uma
sntese do que devemos chegar a ser, por isso nossa conduta deve
ser como a Sua. Aquele que diz que permanece Nele, esse deve
tambm andar assim como Ele andou (1 Jo 2:6). A anlise desta
definio consiste em descrever todas as qualidades morais de Cristo
revelados nas Escrituras, as quais so o projeto total do que Deus
quer formar em cada um de seus filhos.
3. A primeira descrio do carter de um cristo.
Est no sermo da montanha, nas bem-aventuranas. O sermo da
montanha o primeiro catecismo de transmisso oral e em seguida a
primeira parte escrita do evangelho. O verbo aqui SER (os que
Pgina so humildes, os que so mansos). Bem aventurados, felizes,
ditosos, afortunados. A felicidade no um objetivo sim uma
conseqncia, a conseqncia de ser como Deus quer e fazer Sua
vontade. Justamente Carter aquilo que somos e o que determina
nossa conduta. Jesus indica as oito qualidades de carter que deve
distinguir a seus discpulos. Na realidade estas bemaventuranas so
a descrio das virtudes do carter de Jesus e o que Deus quer
formar em ns.
OITO QUALIDADES DO
CARTER DE UM DISCPULO:
Humildade (5.3) - Os humildes; os pobre de esprito. A
humildade a primeira qualidade inerente condio humana. O
oposto o orgulho a soberba, a arrogncia, a auto-suficincia, etc.
Contrio (5.4) - Os que choram. No so os que choram por
raiva ou auto compaixo, e sim aqueles que ao conhecer-se diante de
Deus se quebrantam por sua condio, pecado e misria e mudam de
atitude, se humilham. Tambm choram diante do amor e da graa de
Deus. Alem disso, sensibilizados pelo amor de Deus, choram com os
que choram, com os que sofrem, pelos perdidos. Eles sero
consolados.
Mansido (5.5) - Os mansos obedecem com boa disposio so
submissos,
pacientes, tem domnio prprio. O contrario mansido a
rebeldia, que leve violncia, briga, gritos, insolncia, queixa,
impacincia, etc.
Justia (5.6) - Os que tm fome e sede de justia.
Pgina No so os que exigem que se lhes faa a justia, e sim
aqueles que tem como o maior desejo em suas vidas o de serem
justos, santos, retos, honrados, de boas obras.
Misericrdia (5.7) - Os misericordiosos. Significa ter corao
para aqueles que esto na misria. A misria tem duas expresses
principais: Amabilidade para com todos, ajuda e generosidade com o
que sofre.
Pureza de corao (5.8) - Os limpos de corao Significa
sinceridade, transparncia boa conscincia, desejos puros, intenes
corretas, motivaes santas, sem engano nem mentira sem
hipocrisia. Eles vero a Deus.
Paz (5.9) - Os pacificadores, perdoam, renunciam seus direitos,
cedem, no brigam, preferem perder, tem resposta branda. Tambm
pacificam a outros que esto com inimizades, so instrumentos de
reconciliao.
Alegria no sofrimento injusto (10-12) - Os que sofrem
perseguies por causa da justia So os que diante do sofrimento,
a perseguio e a calnia, ao invs de deprimir-se, se alegram e se
regozijam.
4. As virtudes que o Esprito Santo produz em ns.
Glatas 5.22-23: Amor, gozo, paz, pacincia, benignidade,
bondade, f, mansido, temperana. A funo do Esprito Santo
produzir em ns as qualidades morais de Cristo a fim de tornar-nos
como Ele.
5. Hbitos do novo homem Cl 3:10-15: Misericrdia, benignidade,
humildade, mansido, pacincia, o suportar, o perdoar, amor, paz.
6. Qualidade de carter e conduta que se requer de um lder.
1 Timteo 3.1-7 - Tito 1.5-8
irrepreensvel
marido de uma s mulher
sbrio
prudente
decoroso
hospitaleiro
no dado ao vinho
no tendencioso
no condizente com ganncias desonestas.
amvel
pacifico
no avarento
que governe bem a sua prpria casa
no seja nefito
justo
santo
no seja dado a ira
amante do bem
dono de si mesmo
7. Outras qualidades de carter que nos ensinam as Sagradas
Escrituras.
Servio - Mt 20:26-28
Laboriosidade - Pv 6:6-11 - 2 Ts 3:7-12
Diligncia - Pv 10:4 e 13:4
Constncia - 2 Tm 3:14
Autodisciplina - 1 Co 9:25-27 - Submisso disciplina
Responsabilidade - 1 Tm 3:4 e 1 Ts 4:11
Estabilidade - Ef 4:14
Firmeza - Ef 6:11
Valentia - Js 1.6-9
Sinceridade Hb 10.22
Honradez - 1 Ts 4.6
Integridade - Sl 15.02
Imparcialidade 1 Tm 5.21 Lv 19.15
Respeitador - 1 Pe 2.17
Nossa esperana e f. Estou plenamente certo de que aquele
que comeou a boa obra em nos h de complet-la at ao dia de
Cristo Jesus (Fp 1.6)
O que a Didaqu?
a palavra grega traduzida doutrina ou ensinamento. (Mt 7.28,
At 2:42). Seu sinnimo didaskalia (v.21) (Mc 7.7, Tt 2.1, 7).
Consiste em ensinamentos e instrues que revelam a vontade de
Deus para todos os homens. Geralmente so mandamentos (tom
imperativo), pois provm de nosso Mestre e Senhor, sob cuja
autoridade estamos. Exigem obedincia sujeio.
Abrange todas as reas de nossa vida, carter, atitudes,revelaes
e conduta.
clara, direta e prtica.
universal e imutvel para todos os homens de todas as geraes.
Seu objetivo final fazermos como Jesus, tanto em nosso carter,
conduta e servio.
A maior parte da Didaqu podemos encontr-la
resumidamente em 9 captulos do Novo Testamento, em Mt 5, 6, 7;
em Ef 4, 5, 6; em Rm 12, 13, 14.
um dos elementos indispensveis para formao do carter
cristo nos discpulos.
3. Estar cheios do poder (Dunamis) que transforma:
Os 12 apstolos tiveram o modelo e receberam a instruo, mas
no era suficiente, precisavam receber poder para serem
transformados e viver a Didaqu. A condio humana: A Bblia chama
a esta condio estar na carne o estado natural do homem
depois da
queda: fraco, pecador e incapaz de agradar a Deus. No melhor dos
casos procura fazer a vontade de Deus com seus prprios recursos
para fracassar uma vez atrs da outra. (Rm 7.14-25 e Gl 5.19-21).
A lei: Exige-nos fazer a vontade de Deus, mas no nos capacita a
cumpri-la. A obra de Cristo: Cristo na cruz no s levou nossos
pecados, como nos incluiu a ns mesmos. Nosso velho homem foi
crucificado juntamente com Ele (Rm 6.4) Sua morte nossa morte, e
sua ressurreio a nossa ressurreio. Mas esta realidade objetiva
se faz realidade subjetiva e experimental pela ao do Esprito em
ns (Rm 8.2)
A obra do Esprito: Cristo no envia apenas o Esprito Santo aos
nossos coraes, mas mediante o Esprito Ele mesmo vem habitar em
ns Joo 14.18. Ter o Esprito ter a Cristo em ns. (Jo 14.10-11,
1Jo 3.24). O Esprito nos comunica a eficcia da morte de Cristo
sobre nossa carne, e o poder da sua ressurreio (Gl 2.20). A funo
do Esprito nos transmitir a vida de Cristo, a glria de Cristo, suas
virtudes morais, seu amor, sua humildade, sua paz, sua mansido,
sua santidade. Receber do que meu, e vo-lo h de anunciar (Jo
16.14). A funo ao Esprito formar em ns a Cristo Jesus;
transformar-nos de glria na sua prpria imagem (2 Co 3.18). A
Kerigma: Estas so as verdades que proclama o Kerigma apostlico
orientando para edificao dos crentes.
4. Estar integrado a uma comunidade de f:
Atos 2.42-47. Cada discpulo para sua formao necessita:
Conteno: amor, relaes pessoais (relacionamento), afeto,
comunho, amizade, pastoreio, identidade, cobertura espiritual.
Discipulado de grupo e pessoal: relaes firmes e definidas,
modelos prximos, ensinamento, orao, instruo, animo,
correo fraternal, disciplina.
Capacitar para a misso: Instruo, treinamento, apoio,
espao para o exerccio dos dons e desenvolvimento de
novos ministrios.
Pgina 13
5. Assumir plenamente a responsabilidade pessoal
Este o fator decisivo na formao do carter cristo. O que