Proteção Radiológica em Mamografia
Proteção Radiológica em Mamografia
Proteção Radiológica em Mamografia
Grau de Mestre
em
Ramo de Especializao
Orientador (es):
Jri:
Lisboa, 2012
Proteo Radiolgica em Mamografia
III
Proteo Radiolgica em Mamografia
Agradecimentos
Este espao dedicado queles que deram a sua contribuio para que esta
dissertao fosse realizada. O meu profundo e sentido agradecimento a todas
as pessoas que contriburam para a concretizao desta dissertao,
estimulando-me intelectual e emocionalmente.
Em primeiro lugar agradeo aos meus orientadores, Professor Doutor Nuno
Teixeira, diretor do mestrado, pela competncia cientfica e acompanhamento
ao longo do trabalho, disponibilidade e generosidade reveladas durante toda a
dissertao, assim como pelas crticas, correes e sugestes relevantes feitas
durante a orientao. Em especial ao Mestre Pedro Carvoeiras pela forma
como me orientou ao longo do trabalho, todas as notas dominantes da sua
orientao foram da maior utilidade, a disponibilidade com que sempre me
recebeu foi decisiva no desenvolvimento deste trabalho.
Em segundo lugar, agradeo ao Engenheiro Joo Schiappa de Azevedo pela
disponibilidade, sabedoria e ensinamentos prticos em todo o processo
cientfico.
Gostaria ainda de agradecer ao Professor Doutor Lus Freire a partilha do seu
saber e as valiosas contribuies ao longo da realizao do trabalho.
V
Proteo Radiolgica em Mamografia
Resumo
Palavras-chave
VII
Proteo Radiolgica em Mamografia
Abstract
Breast cancer is the most common type of cancer among women, apart from
skin cancer, and corresponds to the second cause of death by cancer in
women. Currently, in Portugal, with a female population of 5 million, there are
4,500 new cases of breast cancer per year, in other words 11 new cases per
day, dying 3 women per day with this disease.
The goal of this study was to check which combinations of Kv, mAs and
anode/filter comply with the criteria for image quality, according to European
guidelines and also to measure the entrance surface air kerma of the skin and
subsequent determination of the mean glandular dose.
We used the direct digital mammography system, which allowed to observe
which of possible combinations is the more beneficial in terms of image quality,
according to quality criteria already defined for the Leeds, DMAM model
phantom Skin Entrance Surface Dose was later determined. It dose of skin
entry performed using a direct read detector, Unfors Xi.
The results show that for one acceptable contrast level a considerable reduction
in exposure to nearly half of the one normally employed can be achieved.
From measuring the input surface, Air Kerma and mean glandular dose,
checked which of the combinations provides smaller doses we found that the
combination is the optimal anode/filter W/Rh operating 30kV, with an exposure
of 63mAs to combination dose of lowest with at acceptable level of image
contrast. This dose reduction in a radio-sensitive organ such as the breast is a
great advantage in this type of exams.
Keywords
IX
Proteo Radiolgica em Mamografia
XI
Proteo Radiolgica em Mamografia
ndice
Agradecimentos ................................................................................................. V
Palavras-chave................................................................................................. VII
Abstract ............................................................................................................. IX
Keywords........................................................................................................... IX
1. Introduo ...................................................................................................... 1
XIII
2.10 Efeitos da Radiao Ionizante .............................................................. 34
5. Concluso .................................................................................................... 61
6.Bibliografia..................................................................................................... 63
Anexos ............................................................................................................. 66
ndice de Tabelas
XV
Tabela 16 - Resultados das combinaes nodo/filtro Mo-Rh com as condies
registadas, a avaliao dos nveis de contraste foi efetuada por trs tcnicos
diferentes sendo os detalhes da imagem registados segundo Diretrizes
Europeias ......................................................................................................... 69
Tabela 17 - Resultados das combinaes nodo/filtro W-Rh com as condies
registadas, a avaliao dos nveis de contraste foi efetuada por trs tcnicos
diferentes sendo os detalhes da imagem registados segundo Diretrizes
Europeias ......................................................................................................... 71
Tabela 18 Resultados do dbito de dose no ar a 60cm para cada combinao
de kV, nodo/filtro e mAs ................................................................................. 73
Proteo Radiolgica em Mamografia
ndice de Figuras
XVII
Proteo Radiolgica em Mamografia
ndice de Grficos
XIX
Proteo Radiolgica em Mamografia
1. Introduo
1
parmetro influenciado pela qualidade da radiao, compresso da mama,
uso de grelha, sistema filme/ecr ou digital, e ao processamento dos filmes,
(4)
quando existem. A obteno de imagens com definio e contraste
satisfatrio exige, tambm, uma adequao da geometria do feixe de radiao
e tambm com a escolha correta do sistema recetor e do seu processamento
adequado. (5)
As condies de exposio devem ser as adequadas a cada tipo de paciente,
portanto o Tcnico de Radiologia deve conhecer a dose de diferentes
combinaes de exposio para cada paciente. (6) Para alm disto deve utilizar
o equipamento aplicando todo o seu conhecimento cientfico, certificando que
todos se encontram adequadamente protegidos contra a radiao. Deve ainda
respeitar o princpio ALARA o qual refere (mnimo de radiao para a obteno
(7)
de uma imagem diagnstica traduzido e adaptado) , uma vez que a
radiao ionizante causa danos biolgicos no paciente. Quando se trata de
uma mamografia de rastreio, o estudo da dose no paciente e uma avaliao
criteriosa da qualidade das imagens mamogrficas tornam-se de grande
(8)
interesse e maior relevncia. A otimizao necessria, e em relao
exposio do paciente, o importante a determinao de uma menor dose
glandular mdia, que produza um nvel suficiente de qualidade de imagem. (9)
A melhor maneira de controlar a dose do paciente na mamografia o
posicionamento cuidadoso e preciso, que minimiza a necessidade de
repeties. Uma das principais causas da repetio a falta de comunicao
entre o tcnico e o paciente, para evitar que isto acontea necessrio explicar
ao doente todo o procedimento em geral. O descuido no posicionamento e na
seleo incorreta dos fatores de exposio tambm so causas comuns de
repetio de exames. (6) A American College of Radiology recomenda uma taxa
de repetio menor que 5% para a mamografia. (9)
A proteo de reas
especficas necessria quando tecidos ou rgos radiossensveis esto muito
prximos do feixe de radiao.
A radiao ionizante apresenta caractersticas mutagnicas e carcinognicas,
estas derivam da sua capacidade de penetrar nas clulas e tecidos,
depositando a sua energia sob forma de ionizaes, ou seja, ejeo de eletres
em orbita de tomos ou molculas. A maioria dos agentes qumicos produzem
danos especficos para as bases de DNA, muitas vezes, provocando alteraes
Proteo Radiolgica em Mamografia
(10)
genticas. Existe um pequeno risco de cancro na mama associado
radiao ionizante induzida em exames mamogrficos. Alcanar a qualidade de
imagem, mantendo a dose to baixa quanto razoavelmente possvel um dos
objetivos finais na realizao de um exame mamogrfico. A implementao de
um protocolo bem definido de controlo de qualidade pode efetivamente
contribuir para a realizao deste objetivo. (11)
Por volta de 1970, foi postulado que o programa de rastreio por mamografia do
National Cancer Institute, nos Estados Unidos, induzia mais a formao do
cancro da mama do que detetava. Como este cancro surge quase sempre no
tecido glandular, foram realizadas anlises mais cuidadosas da dose de
radiao, isto , estudos de dose glandular ao invs de apenas estudo da dose
entrada da pele. As estimativas de riscos associados negaram esta hiptese,
porm as doses em mamografia so de grande interesse e devem ser
rotineiramente monitorizadas. Alguns mtodos de anlise foram estudados
principalmente na dcada de 1990. Alguns pesquisadores como D. R. Dance,
na Europa, e X. Wu e W. T. Sobol, nos Estados Unidos, desenvolveram formas
diferentes de obter os resultados de dose glandular mdia . (12)
Segundo Sechopoulos, I. et al, num exame mamogrfico os rgos que
recebem mais dose relativa alm da mama so o cristalino e o pulmo, 0.16%
e 0.12%, os pulmes num exame mamogrfico completo recebem cerca de
4.8Gy. Portanto na mamografia , a dose para os rgos e esqueleto fora do
feixe primrio de raio X, incluindo o feto e ovrios, mnima, se no
insignificante. (13)
Embora o risco de cancro associado radiao induzida nos exames
mamogrficos seja mnimo (11) muito importante falar em proteo radiolgica
e baixas doses quando nos deparamos com este exame. Os dois princpios
bsicos de proteo radiolgica do paciente, recomendados pela Comisso
Internacional de Proteo Radiolgica so a justificao da prtica e a
otimizao da proteo, incluindo a considerao de nveis de referncia. A
justificao o primeiro passo na proteo radiolgica, nenhuma exposio
para diagnstico justificvel sem uma indicao clnica vlida, cada exame
deve resultar num benefcio para o paciente. Uma vez que um exame de
diagnstico clinicamente justificado, a proteo radiolgica dos pacientes
3
deve ser otimizada, o que significa que as doses devem ser to baixas quanto
razoavelmente possvel, consistente com a obteno da qualidade adequada
da imagem. Na rea de otimizao de proteo contra radiaes em tcnicas
de diagnstico utilizando radiao, particularmente em mamografia h uma
margem considervel para uma melhoria da qualidade de imagem e redues
na dose. (14) Embora a exposio radiao induza efeitos biolgicos a verdade
que os benefcios da imagem, por diagnstico, so imensos e tm
revolucionado a prtica da medicina. A crescente sofisticao e eficcia clnica
de imagem resultou no seu crescimento no ltimo quarto de sculo. Embora
o uso crescente de exames de imagem que utiliza radiaes ionizantes,
eventualmente resultar num aumento da incidncia de cancro na populao
exposta (15), este problema pode ser minimizado atravs da preveno do uso
inadequado da radiao e otimizando os estudos realizados para obter uma
melhor qualidade de imagem com a menor dose de radiao. (15)
1.1 Objetivos
Existem vrios princpios bsicos e regras, que podem ser usados para
minimizar a exposio do paciente, mantendo a qualidade da imagem. Estes
incluem a correta seleo da tcnica, a utilizao adequada de filtros, a adoo
de um correto posicionamento para o paciente, a utilizao de amplificadores
de imagem, o cumprimento de prticas adequadas de blindagem e colimao
do feixe. Deve existir uma mnima repetio de exames, uma minimizao do
tempo de exposio, maximizao da distncia fonte, otimizao da
blindagem de proteo e otimizao da imagem. (2)
O trabalho encontra-se todo ele desenvolvido em torno destas questes de
otimizao e proteo radiolgica do doente, enquadra-se numa lgica de
implementao do princpio ALARA, medindo-se a dose recebida pelos
pacientes submetidos a exames mamogrficos e verificando se esta se
encontra to baixa quanto razoavelmente possvel.
O trabalho realizado tendo como ponto focal o parmetro referente
otimizao de imagem, perante isto, o objetivo deste documento encontrar
uma combinao nodo/filtro considerada ideal tendo em considerao a
Proteo Radiolgica em Mamografia
5
Proteo Radiolgica em Mamografia
2. Conceitos Fundamentais
7
interior do lbulo, os canais ramificam-se e tornam-se mais pequenos. Na
mama em fase de secreo, as terminaes destes canais dilatam-se em
sacos secretores, designados por alvolos que, no seu conjunto, apresentam
forma de cinos. (2)
As mamas so suportadas e mantidas na sua posio por um grupo de
ligamentos suspensores da mama, os ligamentos de Cooper. Estes ligamentos
estendem-se da fscia superficial do msculo grande peitoral at pele que
cobre as glndulas mamrias, impedindo a ptose mamria excessiva. Contudo,
nas mulheres mais idosas estes ligamentos enfraquecem e alongam-se, o que
torna as suas mamas mais descadas comparando com as mais jovens. (2)
Num corte sagital da mama, numa mulher adulta, demonstrada a relao
entre a glndula mamria e as estruturas subjacentes da parede torcica. O
msculo grande peitoral observado envolvendo a caixa torcica ssea. Uma
camada de tecido fibroso envolve a mama sob a superfcie da pele. Uma
camada similar de tecido cobre o msculo grande peitoral. Estes dois tecidos
fibrosos encontram-se numa rea chamada de espao retro mamrio. Este
espao deve ser visvel em pelo menos uma das incidncias realizadas no
estudo radiolgico da glndula mamria. A juno da parte inferior da mama
com a parede torcica anterior chamada prega inframamria. O
prolongamento axilar a faixa de tecido que envolve o msculo peitoral
lateralmente. (2)
A largura da mama, chamada de dimetro mdio-lateral, na maioria das
mulheres maior que a medida vertical. A medida vertical, tambm designada
como dimetro crnio-caudal, varia entre 12 e 15cm da parede torcica. (2)
Existem dois mtodos utilizados para fins de localizao da mama,
subdividindo-a em reas menores. O mais utilizado o sistema dos
quadrantes, usando-se o mamilo como referncia, dividindo a mama em quatro
quadrantes, estes quadrantes so o Quadrante Superior Externo (QSE), o
Quadrante Superior Interno (QSI), o Quadrante Inferior Externo (QIE),
Quadrante Inferior Interno (QII). (2)
Proteo Radiolgica em Mamografia
2.2 Mamografia
9
2.3 Produo de Radiao X
11
pelo ncleo o eletro reduz a sua velocidade levando diminuio da energia
cintica e alterao da sua direo. A energia cintica perdida reaparece em
forma de um foto de raio X, estes tipos de raios X so conhecidos como
radiao de travagem, tambm conhecida como bremsstrahlung. (17)
(17)
Figura 5: Produo do Efeito de Compton, in Bushong
13
Os raios X de interesse para o diagnstico tambm podem experimentar a
interao de ionizao com os eletres das camadas internas dos tomos do
alvo. Nestas interaes o foto no se dispersa, absorvido totalmente pelo
tomo retirando-lhe um eletro, este processo chama-se efeito fotoeltrico,
representado na figura 6, em que o eletro eliminado do tomo, denominado
fotoeletro, abandona-o segundo uma direo definida e com uma energia
cintica igual diferena entre a energia do foto incidente e a energia de
ligao do eletro ao tomo. (18)
(17)
Figura 6: Produo do Efeito Fotoeltrico, in Bushong
Proteo Radiolgica em Mamografia
Os equipamentos em mamografia so
especialmente desenhados de modo a
permitirem uma certa flexibilidade no
posicionamento do paciente, a figura 8 permite
visualizar um destes equipamentos. Tal como
acontece com os tubos de raio X
convencionais, o nodo formado por uma
pea metlica de Mo, Rh e W onde o ngulo
eficaz definido em relao montagem do
tubo horizontal, em mamografia o tubo
17
que permite controlar a exposio. O sensor consiste numa cmara de
ionizao simples ou em srie de 3 ou mais dodos semicondutores, medindo
os fotes de raio X transmitidos atravs da mama, da grelha anti-difusora, se
(19)
existir, e do recetor de imagem. Para alm disto permitem estimar a
qualidade do feixe de radiao X que atravessa a mama, atravs do uso de
diferentes filtros existentes. Desta forma, possvel estimar a composio da
mama e selecionar a combinao nodo/filtro mais adequada, programas j
pr-definidos. (18)
Estudos mostram que a energia dos raios X ideal para alcanar o melhor
contraste do objeto em estudo com a menor dose de radiao seria um feixe
monoenergtico entre 15 a 25 keV, dependendo tambm da composio e
espessura da mama. As componentes de menor energia que compem o
espectro contribuem apenas para um aumento da dose na mama, no
contribuindo assim para o melhoramento da qualidade na imagem, sendo que a
alta energia dos raios X provoca uma diminuio no contraste da imagem. A
energia dos raios X ideal obtida atravs da utilizao de materiais especficos
que permitem gerar radiao X caracterstica e filtros de raios X especficos
que removem o indesejvel de baixa e alta energia no espectro de travagem
(bremsstrahlung). (19)
O Molibdnio (Mo), Rutnio (Ru), o Rdio (Rh), o Paldio (Pd), a Prata (Ag) e o
Tungstnio (W) geram raios X caractersticos desejveis para a mamografia. O
Mo e o Rh so bastante utilizados em mamografia, isto porque produzem picos
de radiao X caracterstica de 17,5 19,6 keV no caso do Mo e 20,2
22,7keV quando se trata do Rh. Utilizando um filtro apropriado, as
caractersticas do espectro podem ser modificadas adequando-se s
caractersticas da mama de cada paciente. O intervalo de energia mais
adequado est compreendido entre 14 e 25 keV. (19)
A escolha da combinao nodo/filtro representa um papel fundamental na
formao do espectro de mamografia. Esta combinao mesmo que o
elemento do alvo reduza a componente de baixa e alta energia do espectro de
raio X permite a transmisso da radiao X caracterstica. Existem diversas
combinaes nodo/filtro, as mais comuns so Mo/Mo, Mo/Rh, Rh/Rh e W/Rh,
o filtro apropriado escolhido de forma a obter o espectro adequado de
Proteo Radiolgica em Mamografia
19
(18)
penetrao, utilizado em mamas volumosas e densas. Esta combinao
gera uma energia de radiao X caracterstica mais elevada de 20,2 e 22,7
keV, como se pode visualizar na figura 11. (19)
Como se pode tambm visualizar atravs da figura 11, um filtro de Mo com um
alvo de Rh (Rh/Mo) nunca deve ser utilizado, uma vez que a alta atenuao da
camada K do filtro de Mo ocorre na energia caracterstica do Rh.
(19)
Tabela 1 - Valor de HVL recomendado para estas combinaes, in Bushberg
21
do ponto focal, ainda necessrio ter em ateno a sua forma. Geralmente, as
imagens com a melhor resoluo espacial so obtidas com pontos focais de
(18)
forma circular. A colimao em muitos equipamentos automtica e
apresenta o tamanho do recetor de imagem. O campo de luz visvel deve
estender-se desde o bordo da parede torcica, sem cortes, no campo de
imagem do recetor. (19)
O dispositivo de compresso para alm de imobilizar a mama evitando os
artefactos de movimento, permite tambm aumentar a uniformidade da sua
espessura levando formao de imagens com melhor densidade tica e
maximizao da resoluo espacial devido distncia objeto-detetor, sem falar
na reduo da dose recebida pelo paciente devido diminuio da radiao
difusa. (18)
O uso de grelhas anti-difusoras em mamografia permite maximizar o contraste,
fazendo no entanto com que seja necessrio aumentar a dose recebida pelo
paciente. As grelhas anti-difusoras utilizadas em mamografia podem ser feitas
de outros materiais sem ser de chumbo, por exemplo, cobre, deixando os
interceptos com ar, ao invs de os preencher com alumnio ou material plstico.
(18)
Proteo Radiolgica em Mamografia
27
2.8 Nveis de Referncia da Dose em Mamografia
29
2.9 Grandezas Dosimtricas
31
as mesmas condies e as medidas so realizadas posicionando o sensor
semicondutor no simulador de mama padro de espessura de 4,5cm ou
utilizando uma cmara de ionizao posicionada no suporte de mama ao lado
do simulador de mama padro para a leitura da ESAK no ar incidente. O
sensor deve ser previamente calibrado para energias representativas em
termos de ESAK no ar. O compressor deve ser utilizado para reproduzir com
maior fidelidade as condies de exames. A imagem radiogrfica obtida para
verificar se todo o sistema se encontra ajustado de modo a produzir imagens
com o contraste adequado. (26)
Existe mais de um mtodo que permite medir a dose glandular mdia (MGD)
neste trabalho foi utilizado o mtodo de Dance, este partiu do princpio que,
apesar da dificuldade de se medir a dose glandular na mama diretamente, era
importante faz-lo. Para isto, seria necessrio utilizar fatores de converso que
relacionassem a kerma no ar incidente na mama em dose absorvida.
Utilizando o clculo de Monte Carlo, obteve-se os fatores de converso para
uma grande faixa de espectros de raios X, incluindo o espectro filtrado da
camada K, tanto para alvos de tungstnio como para os de molibdnio.
Considerando uma mama padro de 4,5cm de espessura em formato semi-
circular, com raio de 8cm, uma composio de 50% de tecido adiposo / 50%
glandular e 0,5cm de tecido adiposo externo. As medidas de Kerma foram
consideradas sem retro-disperso, com o compressor, e a espessura hemi-
redutora. (27)
A dose glandular mdia a dose mdia absorvida pelo tecido mamrio,
calculada recorrendo seguinte expresso, aquando da utilizao
de simuladores de mama PMMA com espessura de 4,5cm. Em que o fator k
a kerma na superfcie de entrada, com ausncia de disperso. O fator g o
fator de converso do kerma incidente na mama, em dose glandular mdia,
para 50% de glandularidade. O fator c o fator de correo para diferentes
composies da mama com glandularidades diferentes de 50%. O fator s o
fator que corrige para diferenas no espectro. Na sua publicao Dance et al.
so visualizados valores de g, c e s para algumas espessuras de mama,
Proteo Radiolgica em Mamografia
33
2.10 Efeitos da Radiao Ionizante
35
2.11 Proteo Radiolgica
Figura 13: ESAK e MGD nas duas incidncias bsicas de mamografia, in Bushong (17)
37
Proteo Radiolgica em Mamografia
3. Metodologia e Materiais
39
Figura 14: Limiar de Contraste do Leeds Test Object, in Quality
Determinants of Mammography Guideline (35)
(35)
Tabela 2 - Valores de Contraste do detalhe visualizado para o fantoma DMAM
41
De seguida, no segundo objetivo mediu-
se a kerma na superfcie de entrada do
paciente durante as exposies utilizando
um detetor eletrnico semicondutor,
Unfors Xi, a ESAK um importante
parmetro na avaliao da dose recebida
pelo paciente durante o exame
radiogrfico. A kerma foi identificada pela
Unio Europeia como sendo a grandeza
qual deveria fazer-se corresponder um
nvel de referncia de diagnstico, no
sentido da otimizao da exposio do
paciente. O detetor permite medir Figura 16: Detetor eletrnico semicondutor,
Unfors Xi
simultaneamente kVp, dose, taxa de
dose, HVL, frequncia de pulso, dose/pulso e forma de onda. Os valores de
kVp e ESAK medidos so corrigidos automaticamente,
utilizando Compensao Ativa, para fornecer um valor exato. Usando vrios
sensores e algoritmos avanados, o Unfors Xi determina automaticamente a
(25)
qualidade do feixe e corrige qualquer filtrao num tempo mnimo. As
exposies foram realizadas sempre de modo a reproduzir as mesmas
condies clnicas em incidncia Crnio-Caudal, e as medidas realizadas
posicionando o detetor no fantoma de simulao da mama com espessura de
4,5cm, utilizando compresso da mesma, como pode visualizar a partir da
figura 16.
A ESAK foi medida em exposies de 26kV, 28kV e 30kV utilizando as
mesmas combinaes nodo/filtro de Mo/Mo, Mo/Rh e W/Rh para cada
exposio. Posteriormente foi calculada a dose glandular mdia a partir de
medies da ESAK no ar e da aplicao de um fator de converso apropriado,
atravs da equao, . Em que o fator k a ESAK no ar, com
ausncia de disperso, na superfcie de entrada da mama. O fator g o fator
de converso da ESAK incidente na mama, em dose glandular mdia, para
50% de glandularidade, este fator estimado como a razo da energia
absorvida nos tecidos glandulares pelo produto da ESAK no ar incidente, sem
retro-disperso, e a massa do tecido glandular presente na regio central da
Proteo Radiolgica em Mamografia
Tabela 4 - HVL para diferentes combinaes nodo/filtro, in European Guidelines for quality
(16)
assurance in mammography screening
43
Tabela 5 - Fator s em funo do espectro, in European Guidelines for quality assurance in
(16)
mammography screening
45
Proteo Radiolgica em Mamografia
4. Resultados e Anlise
47
em modo semiautomtico a exposio foi de 178,8mAs, uma diferena
bastante significativa. Com 28kV pode-se chegar at um valor mnimo de
70mAs em comparao com os 109,4mAs iniciais e por fim uma combinao
deste nodo/filtro com 30kV, o nmero mnimo de mAs, sem perder a
qualidade de contraste aceitvel at 50mAs, sendo inicialmente adquiridos
67,3mAs. As imagens foram analisadas todas com um nvel de contraste
aproximadamente igual (w-1000; C-1500).
O detalhe com 1mm de dimetro deve ser visualizado com um contraste
inferior a 1,40%, como observado na tabela 3, porm a diferena de 0,067 foi
considerada por ns aceitvel pelo facto de existir uma discrepncia nos
valores de contraste do detalhe visualizado no fantoma de 0,978 para 1,465 ser
bastante significativa (tabela 2).
49
4.2 Medies da Kerma Superfcie de Entrada e da Dose Glandular
Mdia
Tabela 12- Valor de Kerma na superfcie de entrada para cada combinao (kV, nodo/filtro), sendo considerado um valor timo de exposio
51
A partir do grfico 1 podemos observar a informao acerca da medio da
Kerma superfcie de entrada para combinaes nodo/filtro Mo/Mo aplicando
uma tenso de 26, 28 e 30kV, o que nos permite perceber que existe um
aumento da ESAK conforme o aumento da tenso aplicada. Este aumento
pode ser explicado segundo a figura 17, adquirida atravs do software
MIQuaELa desenvolvido pelo SEFM, onde se conclui que embora ao aumentar
a tenso de 26kV para 30kV os espectros se prolonguem, dos 26keV aos
30keV, verificamos que o peso relativo do espectro na zona entre os 21 e
26keV no se altera substancialmente, no existindo portanto a quantidade de
fotes com energia elevada em nmero suficiente que permita uma reduo da
ESAK. Como se verificou uma perda significativa na resoluo de contraste
com o aumento da tenso, no foi possvel portanto reduzir a exposio
significativamente.
26kV
28 kV
30kV
Figura 17: Espectros da combinao nodo/filtro Mo/Mo com uma tenso de 26, 28 e 30kV, in
MIQuaELa (33)
Proteo Radiolgica em Mamografia
26kV
28 kV
30kV
Figura 18:Espectros da combinao nodo/filtro Mo/Rh com uma tenso de 26, 28 e 30kV, in
(33)
MIQuaELa
53
Segundo o grfico 3 podemos visualizar a informao adquirida da medio da
Kerma superfcie de entrada para combinaes nodo/filtro W/Rh aplicando
uma tenso de 26, 28 e 30kV, este grfico permite-nos perceber que existe
uma diminuio da ESAK conforme o aumento da tenso aplicada. Esta
diminuio pode ser explicada a partir da figura 19, adquirida atravs do
software MIQuaELa, onde se conclui que com o aumento da tenso de 26kV
para 30kV os espectros se prolongam, dos 26keV aos 30keV, verificando ainda
que o peso relativo do espectro a partir da zona dos 23keV aumenta
consideravelmente o nmero de fotes com elevada energia, existindo portanto
uma quantidade de fotes com feixes energticos suficientes que permitiu uma
reduo da ESAK. Em relao perda de contraste verifica-se o mesmo que
na situao anterior, sendo portanto possvel reduzir a exposio sem se
observar perda de contraste.
26kV
28 kV
30kV
Figura 19: Espectros da combinao nodo/filtro W/Rh com uma tenso de 26, 28 e 30kV, in
(33)
MIQuaELa
Proteo Radiolgica em Mamografia
55
O clculo da Dose Glandular Mdia foi efetuado atravs da expresso, aplicou-se diretamente a equao que permite
o clculo da dose glandular mdia e os resultados podem visualizar-se na tabela 14.
Os resultados apresentados na tabela 14 permitem afirmar que a combinao ideal a escolha nodo/filtro de W/Rh a 30kV numa
exposio de 63mAs, onde se visualiza uma dose glandular mdia de 0,81mGy e seguidamente a combinao Mo/Rh a 30kV
numa exposio de 36mAs que apresenta uma DGM de 0,92mGy. Segundo as Directrizes Europeias os valores da dose glandular
mdia para 4,5cm de PMMA devem ser menores que 2,5mGy, perante isto pode-se afirmar que em todas as combinaes este
valor no ultrapassado.
Proteo Radiolgica em Mamografia
57
No grfico 7 pode visualizar-se a Dose Glandular Mdia para combinaes
nodo/filtro W/Rh aplicando uma tenso de 26, 28 e 30kV, onde se verifica uma
diminuio da mesma, conforme o aumento da tenso.
59
Proteo Radiolgica em Mamografia
5. Concluso
61
mnima ESAK e MGD com o nvel aceitvel de contraste da imagem esta
reduo de dose num rgo radiossensvel como a mama uma vantagem
fundamental neste tipo de exames.
Este trabalho possibilita-nos ento afirmar que em termos de proteo
radiolgica para o paciente a combinao mais adequada a utilizar W/Rh,
permitindo reduzir a ESAK e MGD consideravelmente, sensibilizando assim os
profissionais de sade a poder faz-lo, sendo que neste momento em Portugal
a maioria dos equipamentos mamogrficos digitais diretos e indiretos possuem
esta combinao. Tentando no entanto evitar a combinao Mo/Mo pois esta
foi a nica onde se verificou um aumento tanto da ESAK como da MGD
consoante o aumento da tenso aplicada.
A realizao deste trabalho contribuiu assim para consolidar os conhecimentos
apreendidos ao longo do mestrado, em complemento da licenciatura,
referentes aos aspetos que podem ser alterados em virtude da proteo
radiolgica do doente, permitindo-me igualmente desenvolver um
aperfeioamento na autonomia e desempenho individual das atitudes
profissionais relativamente a este assunto.
Proteo Radiolgica em Mamografia
6.Bibliografia
9. Svahn, tony, et al. Dose reduction and its influence on diagnostic accuracy
and radiation risk in digital mammography: an observer performance study
using an anthropomorphic breast phantom. Londres : Br J Radiol., 2007. Vol.
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12. Wu, X., Barnes, G.T. e Tucker, D.M. Spectral dependence of tissue
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[Online] 2010. [Citao: 15 de Junho de 2011.]
http://www.leedstestobjects.com.
65
Anexos
Proteo Radiolgica em Mamografia
67
0,25 mm 2,9 2,9 2,9 2,9
0,1 mm 20,28 20,28 20,28 20,28
69
30kV ; 45mAs 2 mm 0,978 0,978 0,978 0,978
1 mm 1,467 1,467 1,467 1,467
0,5 mm 1,95 1,95 1,95 1,95
0,25 mm 4 4 4 4
0,1 mm 20,28 20,28 20,28 20,28
71
30kV ; 80mAs 2 mm 0,733 0,733 0,733 0,733
1 mm 0,978 0,978 0,978 0,978
0,5 mm 1,95 1,95 1,95 1,95
0,25 mm 2,9 2,9 2,9 2,9
0,1 mm 20,28 20,28 20,28 20,28
Tabela 18 Resultados do dbito de dose no ar a 60cm para cada combinao de kV, nodo/filtro e
mAs
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