O Quarto Mandamento
O Quarto Mandamento
O Quarto Mandamento
O QUARTO MANDAMENTO
Lembra-te do dia de sbado para o santificar
INTRODUO
De todo o Declogo, o quarto mandamento talvez seja o mais controverso. Faa o teste.
Cristos de diferentes denominaes concordam que errado cultuar dolos, blasfemar,
desrespeitar os pais ou cometer assassinato. Quando o assunto a guarda do Dia do
Senhor, o entendimento comum desaparece.
Alguns defendem que necessrio guardar, literalmente, o stimo dia. Outros afirmam
que, devido nova aliana e uma vez que todos os dias so santos, o crente no deve se
preocupar com guardar qualquer dia em particular. E mesmo entre os que creem que o
Dia do Senhor, aps a ressurreio, o domingo, nem todos assumem este dia como um
santo repouso. De fato, cada vez mais comum crentes desfrutarem do domingo de
modo muito semelhante aos no convertidos.
Alm disso, aqueles que destacam a necessidade de guarda desse dia so facilmente
considerados ultraconservadores.
I. OS TERMOS DO MANDAMENTO
Vejamos o que consta no quarto mandamento. O sbado deve ser lembrado (v. 8). O
vocbulo usado por Moiss na Bblia Hebraica tem um sentido muito mais extenso do
que meramente recordar esporadicamente. Trata-se de estabelecer um memorial ou
manter na lembrana algo que no podemos esquecer.
O sbado deve ser santificado (v. 8). A ideia da Escritura separar, consagrar ou tratar
como sagrado. A base para essa santificao o registro da Criao; Deus trabalhou seis
dias e descansou no stimo (v. 11). Entendamos que essa e outras passagens (por
exemplo, Gn 2.3; x 31.17) utilizam antropomorfismo, ou seja, atribuem a Deus
caractersticas humanas. Ns no podemos entender essas descries literalmente. Pelo
contrrio, como ser divino Todo-Poderoso, Deus no fica inativo, muito menos se cansa
(Sl 121.3-4; Is 40.28). O foco do texto destacar Deus como modelo. Se o prprio
Criador guardou o stimo dia, ns tambm temos de guard-lo.
Em xodo 23.12 (cf. Lv 23.3), a ordem para guardar o sbado ratificada com uma
nota importante: tanto pessoas quanto animais precisam de um dia para tomar alento,
ou seja, revigorar-se para uma nova semana de trabalho.
xodo 31.12-18 apresenta o sbado como sinal da relao do povo com o Deus que
santifica (v. 13). A solenidade desse repouso grande; quem desconsider-lo deve
morrer (v. 14-15). O sbado deve ser guardado como aliana perptua em cada
gerao (v. 16). Em outro lugar, o preceito repetido; a quebra do sbado deve ser
punida com morte e sequer os foges podem funcionar no dia de descanso (x 35.2-3).
Um exemplo de aplicao da pena de morte pela violao do sbado registrado em
Nmeros 15.32-36.
Toda essa revelao divina acerca do sbado recebida com ao de graas pelos
israelitas piedosos. Os lderes do culto no segundo templo, na poca de Neemias,
louvaram a Deus, que lhes havia feito conhecer o santo sbado (Ne 9.4-6,14). Em
Neemias 10.31, o povo fiel a Deus assumiu o compromisso de nada comprar dos
comerciantes pagos neste dia. Em um ato corajoso, em sua segunda fase de liderana
em Jerusalm, Neemias restabeleceu a guarda da folga sabtica (Ne 13.15-22).
Se na era do AT Deus falou de diversas maneiras aos pais, pelos profetas, nestes
ltimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo
qual tambm fez o universo (Hb 1.1-2). Realiza-se em Jesus a expectativa de Ezequiel
46, de um novo templo com ordenanas modificadas.
Em todos os seus ditos e feitos, o Senhor Jesus jamais levantou a bandeira de revogao
do quarto mandamento. Cristo tanto cumpriu quanto atualizou as promessas do AT (Mt
5.17-18; 2Co 1.20). Ele trouxe a novidade do reino, que no foi crida nem abraada por
alguns religiosos de seu tempo (Mc 2.18- 22). De modo enigmtico, utilizando uma
designao da profecia de Daniel 7.13-14, o Redentor declarou: Porque o Filho do
Homem senhor do sbado (Mt 12.8 grifo meu). Aos judeus, que talvez se
apegassem a uma interpretao literal de xodo 31.17, ele ensinou que Deus trabalha
todos os dias (Jo 5.16-18 grifo meu). Alm disso, Jesus acentuou que a guarda do Dia
do Senhor bem como todos os regulamentos religiosos de Israel deve ir muito alm
do apego a regras legalistas; o sbado para abenoar o prximo; instituio divina
para benefcio do homem (Mt 12.1-14; Mc 2.27). Por fim, o sbado para se aproximar
de Deus (nosso Senhor ia sinagoga aos sbados para prestar culto, alm de ler e
ensinar as Sagradas Escrituras Mc 1.21; Lc 4.16).
As ordenanas do AT so sombra do que haveria em Cristo (Cl 2.17). Uma vez que os
cristos desfrutam diretamente de Cristo, eles no podem mais ser julgados por causa
de comida ou bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sbados (Cl 2.16). A entrada no
descanso da Terra Prometida, na poca do xodo, exigiu f (Hb 3.1-19). Do mesmo
modo, necessitamos confiar em Deus hoje, para entrarmos em seu descanso (Hb 4.1-
13). Isso possvel somente por causa de Jesus Cristo, o Filho de Deus que nos ajuda
como sumo sacerdote que penetrou os cus (Hb 4.14-16).
O NT define Jesus como a pessoa e o significado apontados pelo sbado. Nesses termos,
o sbado na Criao sinalizava o descanso disponvel em Cristo, Senhor da nova
criao. Esse descanso anunciado no evangelho, assegurado na morte do Redentor na
cruz, antecipado em sua ressurreio, no primeiro dia da semana, e aguardado como
realizao plena na glorificao dos crentes e na consumao (Ap 14.13; 21.1-4; 22.1-
5).
Como que os cristos especialmente aqueles que assumem a Bblia como nica regra
de f e prtica e so apegados herana da Reforma Protestante do sculo 16
entendem o quarto mandamento? A resposta pode ser resumida em duas afirmaes:
nenhum legalismo e nenhum antinomianismo.
O legalismo a noo equivocada de que obtemos a aprovao de Deus por meio da
prtica de boas obras. O legalista entende que ganha o favor divino obedecendo lei ou
regras da religio. Quanto mais bonzinhos ou encaixados s exigncias religiosas,
mais dignos ns somos das bnos do Senhor. Por outro lado, qualquer imperfeio de
nossa parte nos coloca sob castigo do alto. A relao com Deus deixa de basear-se na
graa divina e se torna troca (Rm 4.4-5). Ao invs de libertar e trazer descanso, o
legalismo aprisiona a conscincia a preceitos humanos (Cl 2.20-22).
O antinomianismo, por sua vez, outra ideia contrria s Escrituras. Neste caso,
apregoa-se que, diante da graa, a lei perde toda utilidade. Desse modo, o cristo salvo
pela graa no precisa se preocupar em obedecer ao quarto mandamento. A esse respeito
a Confisso de F de Westminster declara:
CONCLUSO
APLICAO
Quais tm sido suas prioridades aos domingos? Obedecer lei do Senhor importante
ou algo pelo que se pode passar por cima? O que voc pode fazer para organizar suas
atividades de modo a ter o domingo dedicado a Deus?