Análise Na Reta PDF
Análise Na Reta PDF
A descoberta de que ha diversos tipos de infinito deve-se a Georg ros cardinais, consulte:
Instituto de Matematica - UFF 1
2 J. Delgado - K. Frensel
Os numeros
naturais
1. Os numeros
naturais
Instituto de Matematica - UFF 3
Analise na Reta
1.1 A adicao
Proposicao de numeros
naturais possui as seguintes pro-
priedades:
(a) Associatividade: m + (n + p) = (m + n) + p .
(b) Comutatividade: m + n = n + m .
(c) Tricotomia: dados m, n N, exatamente uma das seguintes tres
alter-
nativas ocorre: ou m = n , ou existe p N tal que m = n + p, ou existe
q N tal que n = m + q.
(d) Lei de cancelamento: m + n = m + p = n = p .
Prova.
(a) Sejam m, n N numeros
naturais arbitrarios e seja
X = {p N | m + (n + p) = (m + n) + p} .
1 X e se p X, tem-se que
Entao
m + (n + s(p)) = m + s(n + p) = s(m + (n + p)) = s((m + n) + p)
= (m + n) + s(p) .
4 J. Delgado - K. Frensel
Os numeros
naturais
Instituto de Matematica - UFF 5
Analise na Reta
1.2 A relacao
Proposicao < possui as seguintes propriedades:
m < p.
(a) Transitividade: se m < n e n < p, entao
(b) Tricotomia: dados m, n N, ocorre exatamente uma das alternativas
seguintes:
m = n, ou m < n, ou n < m.
m + p < n + p para todo p N.
(c) Monotonicidade: se m < n entao
Prova.
(a) Se m < n e n < p, existem q1 N e q2 N tais que n = m + q1
e p = n + q2 .
Logo,
p = n + q2 = (m + q1 ) + q2 = m + (q1 + q2 ).
m < p.
Entao,
(b) Sejam m, n N. Entao,
ocorre exatamente uma das seguintes alter-
nativas:
6 J. Delgado - K. Frensel
Os numeros
naturais
ou m = n;
ou existe p N tal que m = n + p, ou seja n < m;
ou existe q N tal que n = m + q, ou seja m < n.
(c) Sejam m, n, p N. Se m < n, existe q N tal que n = m + q.
Logo,
n + p = (m + q) + p = m + (q + p) = m + (p + q) = (m + p) + q ,
ou seja, m + p < n + p.
de numeros
Definiremos, agora, a multiplicacao naturais.
Instituto de Matematica - UFF 7
Analise na Reta
1.3 A multiplicacao
Proposicao de numeros
naturais satisfaz as se-
guintes propriedades:
(a) Distributividade: m (n + p) = m n + m p e (m + n) p = m p + n p.
(b) Associatividade: m (n p) = (m n) p.
(c) Comutatividade: m n = n m.
(d) Monotonicidade: m < n = m p < n p.
(e) Lei de cancelamento: m p = n p = m = n.
Prova.
(a) Sejam m, n N e seja X = {p N | m (n + p) = m n + m p} .
Ja vimos que 1 X. Suponhamos que p X. Entao,
m (n + (p + 1) = m ((n + p) + 1) = m (n + p) + m 1
= (m n + m p) + m = m n + (m p + m)
= m n + m (p + 1) , ou seja, p + 1 X.
1 Y, pois (m + n) 1 = m + n = m 1 + n 1.
Se p Y, temos:
(m + n) (p + 1) = (m + n) p + (m + n) = m p + n p + m + n
= m p + m + n p + n = m (p + 1) + n (p + 1) ,
1 X, pois m (n 1) = m n = (m n) 1.
Se p X, temos
m (n (p + 1)) = m (n p + n) = m (n p) + m n
= (m n) p + m n = (m n) (p + 1) ,
ou seja, p + 1 X .
m(np) = (mn)p quaisquer que sejam m, n, p N.
Logo, X = N, isto e,
8 J. Delgado - K. Frensel
Os numeros
naturais
Se X N e 1 X, entao
1 e o menor elemento de X.
Existe X N sem menor ele-
O menor elemento de um conjunto X N, se existir, e unico.
De fato, se
mento?
p q e q p. Logo, p = q.
menores elementos de X, entao
p e q sao
Instituto de Matematica - UFF 9
Analise na Reta
Prova.
Seja X = {n N | {1, . . . , n} N A} .
Se 1 A, entao
1 e o menor elemento de A. Se 1 6 A, entao
1 X.
10 J. Delgado - K. Frensel
Os numeros
naturais
Prova.
obvio que 1 X, pois, caso contrario,
E existiria algum numero
natural
n 6 X tal que n < 1.
Suponha que n X. Vamos provar que n + 1 X.
De fato, se n + 1 6 X, existe p0 < n + 1 tal que p0 6 X.
Seja A = {q N | q < n + 1 e q 6 X}.
como A 6= , A possui um menor elemento q0 A, ou seja,
Entao,
q0 < n + 1 e q0 6 X.
Se p < q0 , temos que p X, ja que p < q0 < n + 1 e q0 e o menor
pertencente a X com esta propriedade.
elemento nao
Logo, como p < q0 implica que p X, temos, pela hipotese,
que q0 X,
o que e uma contradicao.
Instituto de Matematica - UFF 11
Analise na Reta
Para ver uma prova do Teorema Seja X um conjunto qualquer. Suponhamos que nos seja dado o valor
por Inducao,
de Definicao con-
uma regra que nos permite obter f(n) a partir do
f(1) e seja dada tambem
sulte Fundamentals of Abstract
Analysis de A.M. Gleason, p. 145. existe uma, e
conhecimento dos valores f(m), para todo m < n. Entao,
f : N X que toma esses valores.
somente uma funcao
12 J. Delgado - K. Frensel
Conjuntos finitos e infinitos
2.2
Observacao
Cada conjunto In e finito e possui n elementos.
Se f : X Y e uma bijecao,
entao
X e finito se, e so se, Y e finito.
Prova.
em n.
Provaremos o resultado por inducao
Se n = 1, I1 = {1} e A {1}.
Logo A = {1} = I1 .
Suponhamos que o teorema seja valido
para n e consideremos uma bijecao
f : In+1 A.
f 0 : In A {f(n + 1)}. Se
de f a In fornece uma bijecao
A restricao
A{f(n+1)} In , temos, pela hipotese
que A{f(n+1)} = In .
de inducao,
Instituto de Matematica - UFF 13
Analise na Reta
f(n + 1) = n + 1 e A = In+1 .
Entao,
A {f(n + 1)} 6 In , entao
Se, porem, n + 1 A {f(n + 1)}. Neste caso,
existe p In tal que f(p) = n + 1, e f(n + 1) = q In .
g : In+1 A pondo g(x) = f(x) se
uma nova bijecao
Definimos, entao,
x 6= p e x 6= n + 1, g(p) = q e g(n + 1) = n + 1.
g 0 : In A {n + 1}.
de g a In nos da uma bijecao
Agora, a restricao
Como A {n + 1} In , temos, pela hipotese
que A {n + 1} =
de inducao,
In , ou seja A = In+1 .
Corolario 2.1 Se existir uma bijecao
f : Im In entao
m = n. Con-
sequentemente,
se existem duas bijecoes : In X e : Im X
m = n.
entao
Prova.
Se n m, temos que In Im .
Logo, m = n, pelo teorema anterior.
Se n m, temos que f1 : In Im e uma bijecao
tal que Im In .
Portanto, Im = In .
Corolario 2.2 Nao f : X Y de um conjunto finito
existe uma bijecao
X sobre uma parte propria Y X.
Prova.
: In X para algum n N.
Sendo X finito, existe uma bijecao
Seja A = 1 (Y).
A e uma parte propria
Entao, de a A fornece uma
de In e a restricao
f 0 : A Y.
bijecao
X Y
f
x x
0
In A
g
14 J. Delgado - K. Frensel
Conjuntos finitos e infinitos
Prova.
Designaremos por #(A) o numero
e seja f 0 : A Y a restricao
Seja f : In X uma bijecao de f a
de elementos de um conjunto A.
A = f1 (Y) In .
Se provarmos que A e finito, que #(A) e menor do que ou igual a n e e
igual a n se, e somente se, A = In , teremos que Y e finito, que #(Y) = #(A)
e menor do que ou igual a #(In ) = #(X), e e igual se, e somente se A = In ,
ou seja, se, e somente se, Y = X.
provar o teorema no caso em que X = In .
Basta, entao,
Y = ou Y = {1}.
Se n = 1, entao
Assim, #(Y) 1 e #(Y) = 1 se, e so se, Y = {1} = I1 .
Suponhamos que o teorema seja valido para In e consideremos um sub-
conjunto Y In+1 .
Se n + 1 6 Y, entao
Y In . Logo, pela hipotese
Y e um
de inducao,
conjunto finito com #(Y) n e, portanto, #(Y) < n + 1.
n + 1 Y, temos que Y {n + 1} In . Logo, Y {n + 1} e um
Se, porem,
conjunto finito com p elementos, onde p n.
Se Y {n + 1} 6= , existe uma bijecao
: Ip Y {n + 1}.
: Ip+1 Y pondo (x) = (x) para x Ip
a bijecao
Definimos, entao,
e (p + 1) = n + 1.
Segue-se que Y e finito e que #(Y) = p + 1 n + 1.
Resta, agora, mostrar que se Y In tem n elementos entao
Y = In .
f : In Y.
Se #(Y) = n, existe uma bijecao
Como Y In temos, pelo Teorema 1.4, que Y = In .
Corolario 2.3 Seja f : X Y uma funcao
injetiva. Se Y e finito, entao
e finito, e o numero
X tambem excede o de Y.
de elementos de X nao
Prova.
Sendo f : X Y injetiva, temos que f : X f(X) e uma bijecao.
Instituto de Matematica - UFF 15
Analise na Reta
Corolario 2.4 Seja g : X Y uma funcao
sobrejetiva. Se X e finito,
Y e finito e o seu numero
entao excede o de X.
de elementos nao
16 J. Delgado - K. Frensel
Conjuntos finitos e infinitos
Prova.
(a)=(b) Seja X = {x1 , . . . , xn } e seja a = x1 + . . . + xn . Entao
a > xi
para todo i = 1, . . . , n, ou seja, X e limitado.
(b)=(c) Como X e limitado, existe a N tal que a n para todo n X.
o conjunto
Entao,
A = {p N | p n n X}
e nao-vazio.
existe p0 A que e o
Pelo Princpio da Boa Ordenacao,
menor elemento de A.
Se p0 6 X, temos que p0 > n n X e p0 > 1, pois X 6= .
Logo, existe q0 N tal que p0 = 1 + q0 .
Assim, p0 n + 1 n X, ou seja, q0 + 1 n + 1 n X. Entao
q0 n
n X, ou seja, q0 A, o que e absurdo, pois q0 < p0 e p0 e o menor
elemento de A.
Logo, p0 X e p0 n n X, ou seja, p0 e o maior elemento de X.
p X e p n n X.
(c)=(a) Seja p o maior elemento de X. Entao,
Logo, X Ip e e,
portanto, finito.
Instituto de Matematica - UFF 17
Analise na Reta
Prova.
Sejam f1 : Im X e f2 : In Y bijecoes.
f : Im+n X Y pondo
Definamos a funcao
f(x) = f1 (x) se 1 x m
f(m + x) = f2 (x) se 1 x n .
Como X Y = , e facil
verificar que f e uma bijecao.
Corolario 2.6 Sejam Y1 , . . . , Yk conjuntos finitos (nao
necessariamente
disjuntos) com n1 , . . . , nk elementos, respectivamente.
Y1 . . . Yk e finito e possui no maximo
Entao n1 + . . . + nk elementos.
Prova.
Para cada i = 1, . . . , k, seja Xi = {(x, i) | x Yi } e seja i : Yi Xi
definida por i (x) = (x, i).
a funcao
Como i e uma bijecao,
temos que Xi e finito e possui ni elementos,
disso, os conjuntos finitos X1 , . . . , Xk sao
i = 1, . . . , k. Alem disjuntos dois
a dois.
Logo, pelo corolario anterior, X1 . . . Xk e finito e possui n1 + . . . + nk
elementos.
Seja
f : X1 . . . Xk Y1 . . . Yk
definida por f(x, i) = x.
a funcao
Como f e sobrejetiva, X1 . . . Xk finito e possui n1 + . . . + nk elementos,
temos que Y1 . . .Yk e finito e possui no maximo
n1 +. . .+nk elementos.
18 J. Delgado - K. Frensel
Conjuntos finitos e infinitos
Corolario 2.7 Sejam X1 , . . . , Xk conjuntos finitos com n1 , . . . , nk elemen-
o produto cartesiano X1 . . . Xk e finito e
tos respectivamente. Entao
possui n1 . . . nk elementos.
Prova.
Basta provar o corolario
para k = 2, pois o caso geral segue por inducao
em k.
Sejam X e Y conjuntos finitos com m e n elementos, respectivamente.
Se Y = {y1 , . . . , yn }, entao
X Y = X1 . . . Xn , onde Xi = X {yi },
i = 1, . . . , n.
disjuntos dois a dois e todos possuem m elementos,
Como X1 , . . . , Xn sao
temos que X Y e finito e possui m n elementos.
Corolario 2.8 Sejam X e Y conjuntos finitos com m e n elementos res-
o conjunto F(X; Y) de todas as funcoes
pectivamente. Entao de X em Y e
finito e possui nm elementos.
Prova.
Seja : Im X uma bijecao.
Entao,
a funcao
H : F(X; Y) F(Im ; Y)
f 7 f
e uma bijecao.
De fato, a funcao
L : F(Im ; Y) F(X; Y)
g 7 g 1
e a inversa da funcao
H.
Instituto de Matematica - UFF 19
Analise na Reta
3.
Conjuntos enumeraveis
bijecoes.
sao
Prova.
f : N X injetiva, pois, assim,
Basta provar que existe uma funcao
f : N f(N) e uma bijecao,
sendo, portanto, f(N) um subconjunto infi-
nito enumeravel de X.
Para cada subconjunto A nao-vazio de X podemos escolher um elemento
xA A.
f : N X.
uma funcao
Vamos definir por inducao
Tome f(1) = xX e suponhamos que f(1), . . . , f(n) ja foram definidos.
Seja An = X {f(1), . . . , f(n)}.
20 J. Delgado - K. Frensel
Conjuntos enumeraveis
e finito, An nao
Como X nao e vazio.
f(n + 1) = xAn .
Defina, entao
f : N X e injetiva.
A funcao
f(m) {f(1), . . . , f(n 1)} e
Com efeito, se m 6= n, digamos m < n, entao
f(n) 6 {f(1), . . . , f(n 1)}. Logo, f(m) 6= f(n).
Corolario 3.1 Um conjunto X e infinito se, e somente se, existe uma
f : X Y de X sobre uma parte propria
bijecao Y X.
Prova.
existir, pelo corolario
Se uma tal bijecao e finito.
2.2, X nao
Reciprocamente, se X e infinito, X contem
um subconjunto infinito enu-
meravel A = {a1 , . . . , an , . . .}.
Seja Y = (X A) {a2 , a4 , . . . , a2n , . . .}.
Y e uma parte propria
Entao de X, pois
X Y = {a1 , a3 , . . . , a2n1 , . . .}.
f : X Y definida por f(x) = x se x X A e
disso, a funcao
Alem
f(an ) = a2n , n N, e uma bijecao
de X sobre Y.
Prova.
Se X e finito, entao
X e enumeravel,
por definicao.
Suponhamos que X e infinito.
f : N X.
uma bijecao
Vamos definir por inducao
Tome f(1) =menor elemento de X, e suponha que f(1), . . . , f(n) foram
definidos satisfazendo as seguintes condicoes:
Instituto de Matematica - UFF 21
Analise na Reta
Corolario 3.2 Dado um subconjunto X N infinito, existe uma bijecao
crescente : N X.
Corolario 3.3 Um subconjunto de um conjunto enumeravel
e enumeravel.
Corolario 3.4 Se f : X Y e uma funcao
injetiva e Y e enumeravel,
X e enumeravel.
entao
Prova.
Como f(X) Y e enumeravel
e f : X f(X) e uma bijecao,
temos
que X e enumeravel.
Corolario 3.5 Se f : X Y e uma funcao
sobrejetiva e X e enu-
meravel, Y e enumeravel.
entao
Prova.
Como f : X Y e sobrejetiva, f possui uma inversa a` direita, ou seja,
existe g : Y X tal que f g = IY . Entao,
g e injetiva. Logo, Y e
enumeravel.
22 J. Delgado - K. Frensel
Conjuntos nao-enumer
aveis
Prova.
Sendo X e Y finitos ou infinitos enumeraveis, f : X N
existem funcoes
e g : Y N injetivas.
Seja f g : X Y N N definida por f g(x, y) = (f(x), g(y)). Como
injetivas, f g tambem
f e g sao e injetiva.
provar que N N e enumeravel.
Basta, entao, Para isso, definimos a
h : N N N, pondo h(m, n) = 2m 3n . Pela unicidade da
funcao
em fatores primos, f e injetiva e, portanto, N N e enu-
decomposicao
meravel.
Corolario 3.6 O conjunto Q dos numeros
racionais e enumeravel.
Prova.
p Designamos Z? = Z {0} .
Sabemos que Q = p Z e q Z? , e que Z Z? e enumeravel.
q
p
f : Z Z? Q, definida por f(p, q) =
Como a funcao e sobrejetiva,
q
segue-se do corolario 3.5 que Q e enumeravel.
Corolario 3.7 Sejam X1 , X2 , . . . , Xn , . . . conjuntos enumeraveis.
a
Entao
[
X=
reuniao Xn e enumeravel.
enumeravel
Ou seja, uma reuniao de
n=1
conjuntos enumeraveis e enumeravel.
Prova.
Tomemos, para cada m N, uma funcao
fm : N Xm sobrejetiva, e
f : N N X pondo f(m, n) = fm (n). Como f e
definamos a funcao
sobrejetiva e N N e enumeravel,
tem-se que X e enumeravel.
3.3 Se X1 , . . . , Xk sao
Observacao conjuntos enumeraveis,
seu pro-
duto cartesiano X1 . . . Xk e enumeravel.
Y
Porem, nem sempre, o produto cartesiano X =
Xn de uma sequ encia
n=1
de conjuntos enumeraveis e enumeravel.
Instituto de Matematica - UFF 23
Analise na Reta
4.
Conjuntos nao-enumer
aveis
Veremos, agora, que existem conjuntos nao-enumer
aveis. Mais ge-
Ao lado, estamos designando ralmente, mostraremos que, dado qualquer conjunto X, existe sempre um
card(X) o numero
cardinal do
conjunto cujo numero
cardinal e maior do que o de X.
conjunto X. Quando X e um con-
junto finito, card(X) e o numero
Nao
vamos definir o que e o numero
cardinal de um conjunto. Diremos,
de elementos de X, que anterior-
mente designamos #(X).
apenas, que card(X) = card(Y) se, e somente se, existe uma bijecao
f : X Y.
Assim, dois conjuntos finitos tem
o mesmo numero
cardinal, se, e so-
o mesmo numero
mente se, tem de elementos. E se X e infinito enu-
meravel, card(X) = card(N) e card(Y) = card(X) se, e somente se,
entao
Y e infinito enumeravel.
Prova.
Seja : X F(X; Y) uma funcao
e seja x : X Y o valor da funcao
no ponto x X.
f : X Y tal que f 6= x para todo x X.
Construiremos uma funcao
24 J. Delgado - K. Frensel
Conjuntos nao-enumer
aveis
Para cada x X, seja f(x) Y tal que f(x) 6= x (x), o que e possvel, pois
Y tem pelo menos dois elementos.
Assim, f 6= x para todo x X, pois f(x) 6= x (x) para todo x X.
Logo, f 6 (X), ou seja, nao
e sobrejetiva.
Corolario 4.1 Sejam X1 , X2 , . . . , Xn , . . . conjuntos infinitos enumeraveis.
Y
o produto cartesiano
Entao, e enumeravel.
Xi nao
i=1
Prova.
iguais a N. De fato,
Basta considerar o caso em que todos os Xn sao
para cada n N, existe uma bijecao
fn : N Xn . Entao,
a funcao
Y Y
F: Ni Xi
i=1 i=1
(x1 , x2 , . . . , xn , . . .) 7 (f1 (x1 ), f2 (x2 ), . . . , fn (xn ), . . .) ,
e F(N; N) nao
e uma bijecao e enumeravel
pelo teorema anterior, o con-
Y
junto e enumeravel.
Ni nao
i=1
Instituto de Matematica - UFF 25
Analise na Reta
sequ encias
vemos (1) = s1 , (2) = s2 , . . . etc., onde s1 , s2 , . . . sao de
elementos de Y, ou seja,
s1 = (y11 , y12 , y13 , . . .)
s2 = (y21 , y22 , y23 , . . .)
s3 = (y31 , y32 , y33 , . . .)
.. ..
. .
A funcao
: P(A) F(A; {0, 1})
X 7 X
26 J. Delgado - K. Frensel
Conjuntos nao-enumer
aveis
Instituto de Matematica - UFF 27
28 J. Delgado - K. Frensel
Parte 2
Neste captulo, adotaremos o metodo
axiomatico para apresentar os
numeros
faremos uma lista dos axiomas que apresentam o
reais. Isto e,
conjunto R dos numeros
reais como um corpo ordenado completo.
Mas surge, naturalmente, uma pergunta: Existe um corpo ordenado
completo? Ou melhor: partindo dos numeros
naturais, seria possvel, por
sucessivas do conceito de numero,
meio de extensoes chegar a` construcao
dos numeros
reais? A resposta e afirmativa e a passagem crucial e dos
racionais para os reais. Por exemplo: Dedekind construiu o conjunto dos
numeros
reais por meio de cortes (de Dedekind), cujos elementos sao
de numeros
colecoes racionais; e Cantor obteve um corpo ordenado com-
as classes de equivalencia
pleto cujos elementos sao
de sequ encias de
Cauchy de numeros
racionais.
Provada a existencia, surge uma outra pergunta relevante: sera que
existem dois corpos ordenados completos com propriedades diferentes?
A resposta e negativa, ou seja, dois corpos ordenados completos diferem
pela maneira como os
apenas pela natureza de seus elementos, mas nao
elementos se comportam. A maneira adequada de responder a questao
da unicidade e a seguinte: Dados K e L corpos ordenados completos,
existe um unico
isomorfismo f : K L, ou seja, existe uma unica
bijecao
f : K L tal que f(x + y) = f(x) + f(y) e f(x y) = f(x) f(y). Como, alem
disso, o fato de f preservar a soma implica que x < y f(x) < f(y),
indistinguveis no que diz respeito as propriedades de corpos
K e L sao
ordenados completos (ver exerccios 55 e 56).
Instituto de Matematica - UFF 29
30 J. Delgado - K. Frensel
Corpos
1. Corpos
que satisfazem as seguintes condicoes, chamadas axiomas de corpo:
Axiomas de corpo para a adicao:
(1) Associatividade: (x + y) + z = x + (y + z) , para todos x, y, z K.
(2) Comutatividade: x + y = y + x , para todos x, y K.
(3) Elemento neutro: existe um elemento designado 0 K e chamado
zero, tal que x + 0 = x, para todo x K.
(4) Simetrico: para todo x K existe um elemento designado x K e
chamado o simetrico de x, tal que x + (x) = 0.
A soma x + (y) sera indicada
1.1
Observacao apenas por x y e chamada
a diferenca entre x e y. A
(x, y) 7 xy chama-
operacao
0+x=x e (x) + x = 0 , para todo x K.
se subtracao.
O zero e unico,
ou seja, se x + = x para todo x K, entao
= 0. De
fato,
x + = x = x x = 0 .
Todo x K possui apenas um simetrico.
De fato,
x + y = 0 = y = 0 + (x) = x .
(x) = x , pois (x) + x = 0 .
Lei de cancelamento: x + z = y + z = x = y. De fato,
x + z + (z) = y + z + (z) = x + 0 = y + 0 = x = y .
Axiomas de corpo para a multiplicacao:
(5) Associatividade: (x y) z = x (y z) , para todos x, y, z K.
(6) Comutatividade: x y = y x , para todos x, y K.
Instituto de Matematica - UFF 31
Analise na Reta
1.2
Observacao
x 1 = 1 x = x para todo x K.
x x1 = x1 x = 1 para todo x K {0}.
x
Dados x, y K, com y 6= 0, escrevemos x y1 =
. A operacao
y
x x
A multiplicacao de x por y 7 , x K, y K {0}, chama-se divisao
(x, y) e o numero
e o
sera designada, tambem,
pela y y
xy.
justaposicao
quociente de x por y.
x
Se y 6= 0, = z x = yz. De fato,
y
x
= z (xy1 )y = zy x(y1 y) = yz x 1 = yz x = yz .
y
de adicao
Por fim, as operacoes e multiplicacao
num corpo K acham-
se relacionadas pelo axioma:
(9) Distributividade: x(y+z) = xy+xz quaisquer que sejam x, y, z K.
1.3
Observacao
(x + y) z = x z + y z para todos x, y, z K.
x 0 = 0 para todo x K. De fato,
x 0 + x = x 0 + x 1 = x (0 + 1) = x 1 = x ,
32 J. Delgado - K. Frensel
Exemplos de corpos
logo, x 0 = 0.
se x y = 0 entao x1 (x y) =
x = 0 ou y = 0. De fato, se x 6= 0, entao
x1 0. Logo, y = 0.
Assim, se x 6= 0 e y 6= 0, entao
x y 6= 0.
2. Exemplos de corpos
p p0
De fato, lembrando que = 0 pq 0 = p 0 q, vamos provar primeiro
q q
de numeros
que a soma e a multiplicacao bem definidas.
racionais estao
p p p0 p0
Sejam = 1 e 0 = 10 . Entao
q q1 q q1
p p0 pp 0 p1 p10 p1 p10
0 = = = , pois
q q qq 0 q1 q10 q1 q10
(pp 0 )(q1 q10 ) = p1 qp10 q 0 = (p1 p10 )(qq 0 ) .
Instituto de Matematica - UFF 33
Analise na Reta
0
O elemento neutro da adicao
e , para todo p 0 6= 0, pois
p0
p 0 pp 0 + 0q 0 pp 0 p
+ 0 = 0
= 0
= .
q p qp qp q
1 p0
O elemento neutro da multiplicacao
e = 0 , p 0 Z? , pois
1 p
p 1 p1 p
= = .
q 1 q1 q
p p p
seja Q. Entao
e o simetrico
de , pois
q q q
p p p q + (p) q 0
+ = = = 0.
q q qq qq
p q p
Exerccio 1: Verificar as propri- Seja Q, com p 6= 0. Entao
e inverso de , pois
edades comutativa, associativa e
q p q
a distributividade das operacoes p q pq
= = 1.
definidas no exemplo 2.1 sobre os q p qp
numeros
racionais.
seguem-se direto
De fato, a comutatividade e a associatividade da adicao
do fato que Q e um corpo.
e (0, 0) e o simetrico
O elemento neutro da adicao de (x, y) e (x, y).
sai direto da definicao
A comutatividade da multiplicacao e da comutativi-
de numeros
dade da multiplicacao racionais.
34 J. Delgado - K. Frensel
Exemplos de corpos
p(t)
Exemplo 2.4 O conjunto Q(t) das funcoes
racionais r(t) = , onde
q(t)
polinomios
p e q sao identica-
com coeficientes racionais, sendo q(t) nao
de adicao
mente nulo, com as operacoes e multiplicacao
definidas abaixo
e um corpo.
p(t) p 0 (t) p(t) q 0 (t) + p 0 (t) q(t) p(t) p 0 (t) p(t) p 0 (t)
+ 0 = 0 = .
q(t) q (t) q(t) q 0 (t) q(t) q (t) q(t) q 0 (t)
Instituto de Matematica - UFF 35
Analise na Reta
3. Corpos ordenados
p
Exemplo 3.1 Q e um corpo ordenado no qual P = pq N .
q
p p0
De fato, se , pq, p 0 q 0 N e, portanto,
P, entao
q q0
p p0 pq 0 + p 0 q
+ 0 = P, pois
q q qq 0
(pq 0 + p 0 q)(qq 0 ) = (pq)q 02 + (p 0 q 0 )q2 N .
p p0 pp 0
0 = P, pois pp 0 qq 0 = (pq)(p 0 q 0 ) N.
q q qq 0
p p 0
Seja Q. Entao,
pq = 0 ou pq N ou (pq) N, ou seja, = = 0
q q q
p p p
ou P ou = P.
q q q
36 J. Delgado - K. Frensel
Corpos ordenados
De fato:
p(t) p 0 (t)
Se , P, entao
os coeficientes an e bm dos termos de maior
q(t) q 0 (t)
grau de pq e p 0 q 0 , respectivamente, sao
positivos.
Logo,
o coeficiente cj do termo de maior grau de (pq 0 + p 0 q)qq 0 =
pqq 02 + p 0 q 0 q2 e positivo, pois cj = an q 0 2i + bm q2i ou cj = an q 0 2i ou
cj = bm q2i , onde qi e qi0 sao
os coeficientes dos termos de maior grau
de q e q 0 , respectivamente.
o coeficiente do termo de maior grau de pp 0 qq 0 = (pq)(p 0 q 0 ) e
an bm > 0.
p(t)
Se Q(t), entao
ou pq = 0 (e, neste caso, p = 0) ou o coeficiente
q(t)
do termo de maior grau de pq e positivo ou o coeficiente do termo de
p(t) p(t) p(t)
maior grau de pq e negativo. Logo, ou = 0 ou P ou P
q(t) q(t) q(t)
3.1
Observacao
Em particular, x > 0 se, e so se, x P e x < 0 se, e so se, x P, ou
seja, x P.
Instituto de Matematica - UFF 37
Analise na Reta
3.1 A relacao
Proposicao de ordem x < y num corpo ordenado satis-
faz as seguintes propriedades:
(1) Transitividade: x < y e y < z = x < z ;
(2) Tricotomia: dados x, y K, ocorre exatamente uma das seguintes
alternativas:
ou x = y , ou x < y , ou y < x .
x + z < y + z para todo
Se x < y, entao
(3) Monotonicidade da adicao:
z K.
(4) Monotonicidade da multiplicacao: xz < yz para
Se x < y, entao
todo z > 0, e xz > yz para todo z < 0.
Prova.
y x P e z y P. Logo, (y x) + (z y) =
(1) Se x < y e y < z, entao
z x P, ou seja, x < z.
(2) Dados x, y K, ocorre exatamente uma das seguintes alternativas:
ou y x = 0 , ou y x P , ou y x P ,
ou seja,
ou x = y , ou x < y , ou y < x .
y x P. Logo, (y + z) (x + z) = y x P, ou seja
(3) Se x < y entao
x + z < y + z, para todo z K.
y x P e z P. Logo, (y x)z = yz xz P,
(4) Se x < y e z > 0, entao
ou seja xz < yz. Se, porem, y x P e z P,
x < y e z < 0, entao
donde (y x)(z) = xz yz P, ou seja, xz > yz.
Em particular, x < y e equivalente a x > y, pois (1)x > (1)y,ou
seja, x > y, ja que 1 P, ou seja 1 < 0.
Se x < x 0 e y < y 0 entao
x + y < x 0 + y 0.
38 J. Delgado - K. Frensel
Corpos ordenados
Reflexiva: x x,
Anti-simetrica: x y e y x x = y,
x<y
todas as outras propriedades acima demonstradas para a relacao
validas,
sao
tambem, x y.
para a relacao
Num corpo ordenado K, 0 < 1, logo 1 < 1 + 1 < 1 + 1 + 1 < . . ., e o
subconjunto de K formado por estes elementos e infinito, e se identifica
de maneira natural ao conjunto N dos numeros
naturais.
Indiquemos por 1 0 o elemento neutro da multiplicacao
de K e defina-
f : N K, pondo
a funcao
mos por inducao
f(1) = 1 0 e f(n + 1) = f(n) + 1 0 .
podemos verificar que f(m + n) = f(m) + f(n) e que se
Por inducao,
f(m) < f(n). De fato:
m < n entao
Seja m N e seja X = {n N | f(m + n) = f(m) + f(n)}.
Assim, 1 X e se n X, entao
f(m + (n + 1)) = f((m + n) + 1) = f(m + n) + 1 0
= f(m) + f(n) + 1 0 = f(m) + f(n + 1) .
Instituto de Matematica - UFF 39
Analise na Reta
ou seja, n + 1 X. Logo, X = N.
Seja Y = {n N | f(n) P} . Entao:
1 Y, pois f(1) = 1 0 P ,
n + 1 Y, pois f(n + 1) = f(n) + 1 0 P.
se n Y, entao
Logo, Y = N.
f(m) < f(n), pois, como existe
Temos, assim, que se m < n entao
Exerccio 4: Verifique que
f(mn) = f(m)f(n) , m, n N . p N tal que n = m + p, segue-se que f(n) = f(m) + f(p), ou seja,
f(n) f(m) = f(p) P.
Portanto, f : N f(N) = N 0 K e uma bijecao,
onde N 0 e o
subconjunto de K formado pelos elementos 1 0 , 1 0 + 1 0 , 1 0 + 1 0 + 1 0 , . . . que
de ordem. Podemos, entao,
preserva a soma, o produto e a relacao iden-
tificar N 0 com N e considerar N contido em K, voltando a escrever 1, em
vez de 1 0 .
Em particular, um corpo ordenado K e infinito e tem caracterstica
zero, ou seja, 1 + 1 + 1 + . . . + 1 6= 0 qualquer que seja o numero
de
parcelas 1.
Considere o conjunto Z 0 = N {0} (N), onde N = {n | n N}.
Z 0 e um subgrupo abeliano de K com respeito a` operacao
Entao, de
adicao.
De fato, 0 Z 0 e se x Z 0 entao
x Z 0 . Resta verificar que se
x, y Z 0 entao
x + y Z 0.
x + y N Z 0.
Se x, y N entao
(x)+(y) = (x+y) N, ou seja, x+y N Z 0 .
Se x, y N entao
Se x N e y N entao,
fazendo y = z, com z N, temos que, ou
Exerccio 5: Verifique que se
m, n N 0 e m n > 0 entao
x + y = x z = 0 Z 0 , ou x + y = x z > 0 e, portanto, x + y N, ou
m n N0 . x + y = x z < 0 e, portanto, x + y N.
40 J. Delgado - K. Frensel
Corpos ordenados
0, 1 Q 0 ,
m m m
se Q 0 entao
= Q 0.
n n n
m n
se Q 0 ? entao
Q 0.
n m
m m0 m m0
se , 0 Q 0 entao
+ 0 Q 0 . De fato, como
n n n n
0 m m0 mnn 0 m 0 nn 0
nn + 0 = + = mn 0 + m 0 n ,
n n n n0
temos que
m m0 mn 0 + m 0 n
+ 0 = Q0 ,
n n nn 0
pois, como ja vimos, mn 0 + m 0 n Z e nn 0 Z? .
Q 0 e o menor subcorpo de K.
Com efeito, todo subcorpo de K deve conter pelo menos 0 e 1; por
sucessivas de 1, todo subcorpo de K deve conter N; tomando os
adicoes
simetricos, em Z, deve conter o conjunto das
deve conter Z e por divisoes
m
fracoes , m Z e n Z? .
n
Este menor subcorpo de K se identifica, de maneira natural, com o
corpo Q dos numeros
racionais.
Assim, dado um corpo ordenado K, podemos considerar, de modo
natural, as inclusoes
N Z Q K.
(1 + x)n 1 + nx
Prova.
por inducao
Faremos a demonstracao em n.
Johann Bernoulli
(1667-1748) Suca.
Instituto de Matematica - UFF 41
Analise na Reta
Mas, se um conjunto nao-vazio X Z e limitado inferiormente, entao
X possui um menor elemento.
Seja a Z tal que a < x para todo x X. Entao,
x a > 0 para todo
x X, ou seja x a N para todo x X.
Seja A = {(x a) | x X}.
Como A N, temos, pelo Princpio da Boa Ordenacao,
que existe
n0 A tal que n0 x a para todo x X.
42 J. Delgado - K. Frensel
Intervalos
4. Intervalos
de intervalo.
Num corpo ordenado, existe a importante nocao
Intervalos limitados: Dados a, b K, a < b, definimos os intervalos
limitados de extremos a e b como sendo os conjuntos:
Intervalo fechado: [a, b] = {x K | a x b} ;
Intervalo fechado a` esquerda: [a, b) = {x K | a x < b} ;
Intervalo fechado a` direita: (a, b] = {x K | a < x b} ;
Intervalo aberto: (a, b) = {x K | a < x < b} ;
Intervalos ilimitados: Dado a K, definimos os intervalos ilimitados
de origem a como sendo os conjuntos:
Semi-reta esquerda fechada de origem a: (, a] = {x K | x a} ;
Semi-reta esquerda aberta de origem a: (, a) = {x K | x < a} ;
Semi-reta direita fechada de origem a: [a, +) = {x K | a x} ;
Semi-reta direita aberta de origem a: (a, +) = {x K | a < x} ;
(, +) = K , este intervalo pode ser considerado aberto ou fechado.
Instituto de Matematica - UFF 43
Analise na Reta
da sequencia
Fig. 1: Construcao x1 , x2 , . . . , xn , . . ..
4.3 Tem-se
Observacao
|x| = max{x, x} ,
e, portanto, |x| x e |x| x, ou seja, |x| x |x|.
(1) a x a ;
(2) x a e x a ;
(3) |x| a.
Prova.
Temos que
a x a a x e xa
a x e a x
a max {x, x} = |x| .
Corolario 4.1 Dados a, b, x K, tem-se
|x a| b se, e so se, a b x a + b .
44 J. Delgado - K. Frensel
Intervalos
Prova.
De fato, |x a| b se, e so se, b x a b, ou seja, a b x a + b
(somando a).
Prova.
(1) Como |x| x |x| e |y| y |y|, temos que
(|x| + |y|) x + y |x| + |y| .
Logo, |x + y| |x| + y|.
Instituto de Matematica - UFF 45
Analise na Reta
Assim,
|x y| |x| |y| |x y| .
4.1,
Logo, pela proposicao
| |x| |y| | |x y| .
A outra desigualdade, |x| |y| | |x| |y| | segue da definicao
de valor
absoluto.
(4) Por (1), |x y| = |x z + z y| |x z| + |z y| .
46 J. Delgado - K. Frensel
Numeros
reais
Prova.
(a)=(b) Como N e ilimitado superiormente, dados a, b K, com a > 0,
b b
existe n N tal que n > . Logo, na > a = b.
a a
(b)=(c) Dado a > 0, existe, por (b), n N tal que na > 1. Entao
1
0< < a.
n
(c)=(a) Seja b K. Se b 0, entao
b < 1 e, portanto, b nao
e cota
superior de N.
1 1
Se b > 0, existe, por (c), n N tal que 0 < e,
< . Logo, b < n e nao
n b
portanto, uma cota superior de N.
5. Numeros
reais
Instituto de Matematica - UFF 47
Analise na Reta
Exemplo 5.1
Se X K possui um elemento maximo
b X, entao
b = sup X. De fato:
48 J. Delgado - K. Frensel
Numeros
reais
Se b = sup X X, entao
sup X e o maior elemento de X, pois b x para
todo x X e b X.
Se a = inf X X, entao
inf X e o menor elemento de X, pois a x para
todo x X e a X.
Em particular, se
X e finito, entao
o sup X e o inf X existem e pertencem a X.
sup X = b e inf X = a.
X = [a, b], entao
sup X = b.
X = (, b], entao
inf X = a.
X = [a, +), entao
1
Exemplo 5.3 Seja Y Q o conjunto das fracoes
do tipo , n N.
2n
1
sup Y =
Entao, e inf Y = 0.
2
1 1 1 1
Como Y e n < para todo n > 1, n N, temos que e o maior
2 2 2 2
elemento de Y e, portanto, o supremo de Y.
1
Sendo 0 para todo n N, 0 e cota inferior de Y.
2n
Seja b > 0 em Q. Como Q e um corpo arquimediano, existe n0 N tal
1 1
que n0 > 1. Logo, n0 + 1 > .
b b
Pela desigualdade de Bernoulli, temos que
Instituto de Matematica - UFF 49
Analise na Reta
1
2n0 = (1 + 1)n0 1 + n0 > ,
b
1
ou seja, b > . Assim, 0 = inf X.
2n0
Prova.
p
Suponhamos, por absurdo, que existe Q tal que
q
2
p
= 2,
q
ou seja p2 = 2q2 .
O fator 2 aparece um numero
de p2 e de
par de vezes na decomposicao
q2 em fatores primos.
Como p2 possui um numero
par de fatores iguais a 2 e 2q2 possui um
numero
mpar de fatores iguais a 2, chegamos a uma contradicao.
2 b2
Seja b X, ou seja b 0 e b2 < 2. Como > 0 e Q e arquimediano,
1 + 2b
1 2 b2
existe n N tal que < .
n 1 + 2b
1
Faca r = 0<r<1e
. Entao
n
50 J. Delgado - K. Frensel
Numeros
reais
(3) Se x X e y Y, entao
x < y.
Instituto de Matematica - UFF 51
Analise na Reta
52 J. Delgado - K. Frensel
Numeros
reais
Exemplo 5.6
e completo, pois o conjunto X = {x | x 0 e x2 < 2} Q nao-vazio
Q nao
possui supremo em Q.
e limitado superiormente nao
Q(t) nao
e completo, pois Q(t) nao
e arquimediano.
Enunciaremos, agora, o axioma fundamental da Analise
Matematica.
Instituto de Matematica - UFF 53
Analise na Reta
Dado x X, mostremos que existe d > 0 tal que (x + d)n < a, ou seja,
x + d X e x + d > x.
Dado x > 0 existe, para cada n, um numero
Afirmacao: real positivo An ,
que depende de x, tal que (x + d)n xn + An d seja qual for 0 < d < 1.
por inducao
Vamos provar esta afirmacao em n.
Entao,
An (a xn )
(x + d)n xn + An d < xn + = a,
An
54 J. Delgado - K. Frensel
Numeros
reais
De fato, como xn < a < yn , x 0 e y > 0, temos que x < y, pois xn < yn
e, portanto,
yn xn = (y x)(yn1 + yn2 x + . . . + yxn2 + xn1 ) > 0 .
Como
yn1 + yn2 x + . . . + yxn2 + xn1 > 0, Exerccio 8: Prove que
yn xn = (y x) yn1 + yn2 x
`
bn = a.
Se bn < a, temos que b X, o que e absurdo, pois
b = sup X e, portanto, o elemento maximo de X, o que contradiz (1).
Se bn > a, entao
b Y, pois b > 0.
Exerccio 9: Mostrar que Y 6=
possui um elemento mnimo, existe c Y tal que
Como, por (2), Y nao e bn = a, onde b = inf Y .
c < b.
Exerccio 10: Mostrar que existe
um unico
b > 0 em R tal que
Por (3), x < c < b para todo x X, ou seja, c e uma cota superior de X
bn = a (ver observacao
5.9).
menor do que b = sup X, o que e absurdo. Logo, bn = a.
5.10 (Generalizacao
Observacao do Lema de Pitagoras)
Dado n N. Se um numero
possui uma raiz nesima
natural m nao
nao
natural, tambem possui uma raiz nesima
racional.
n
p
De fato, sejam p, q numeros
naturais primos entre si tais que = m.
q
pn = m qn .
Entao,
Instituto de Matematica - UFF 55
Analise na Reta
Como pn e qn sao
primos entre si e qn divide pn , temos que q = 1, ou
p
seja, N, o que e absurdo.
q
dados m, n N, se
Entao, n
m 6 N entao
n
m I = R Q, ou seja, n
m
e um numero
irracional.
Exemplo 5.9
2 I, pois 12 = 1 e 22 = 4 > 2, ou seja, 2 6 N.
3 3 I, pois 13 = 1 e 23 = 8 > 3, ou seja, 3 3 6 N.
3 6 I, pois 13 = 1 e 23 = 8 > 6, ou seja, 3 6 6 N.
Prova.
Seja (a, b), a < b, um intervalo aberto qualquer em R.
Afirmativa 1: Existe um numero
racional em (a, b).
1
Como b a > 0, existe p N tal que < b a.
p
m
Seja A = m Z b .
p
56 J. Delgado - K. Frensel
Numeros
reais
Instituto de Matematica - UFF 57
Analise na Reta
2(m0 1)
Logo, (R Q) (a, b).
p
Suponhamos, agora, que 0 (a, b). Neste caso, basta tomar p N tal
1 b 2
que < , ou seja, < b.
p 2 p
2 2
Como a < 0 < < b, temos que (R Q) (a, b).
p p
Prova.
Para cada n N, an an+1 bn+1 bn , pois In+1 = [an+1 , bn+1 ]
que
[an , bn ] = In . Segue-se, entao,
a1 a2 < . . . an . . . bm . . . b2 b1 ,
pois an bm quaisquer que sejam m, n N.
De fato, se m = n, an bn . Se n < m, an am bm , e se n > m,
an bn bm .
Sejam A = {an | n N} e B = {bn | n N}. Entao
A e B sao
subconjuntos
limitados de R, ja que: a1 e uma cota inferior e bm e uma cota superior de
A, para todo m N; e b1 e uma cota superior e am e uma cota inferior de
B, para todo m N.
Sejam a = sup A e b = inf B.
Como, para todo m N, bm e uma cota superior de A e am e uma cota
inferior de B, temos a bm e b am .
Logo, como a bm para todo m N, temos a b.
[a, b] In , pois an a b bn , para todo n N.
Entao,
58 J. Delgado - K. Frensel
Numeros
reais
\
Portanto, [a, b] In .
nN
\
Precisamos ainda provar que In [a, b]. Suponhamos que existe
nN
Prova.
Precisamos, antes, provar a seguinte:
Dados um intervalo limitado e fechado I = [a, b], a < b, e um
Afirmacao:
numero
real x0 , existe um intervalo limitado e fechado J = [c, d], c < d, tal
que J I e x0 6 J.
De fato:
se x0 6 I, tome J = I.
suponha que x0 I. Se
ha + b i
x0 = a, tome J = ,b ;
2
a+b
h i
x0 = b, tome J = a, ;
2
h a+x i
0
a < x0 < b, tome J = a, .
2
Seja X = {x1 , . . . , xn , . . .} um subconjunto enumeravel
de R.
Vamos mostrar que existe x R tal que x 6 X.
Seja I1 um intervalo limitado, fechado e nao-degenerado tal que x1 6 I1 .
Supondo que e possvel obter intervalos I1 I2 . . . In limitados,
fechados e nao-degenerados com xi 6 Ii para todo i = 1, . . . , n, podemos
Instituto de Matematica - UFF 59
Analise na Reta
obter um intervalo Ii+1 limitado, fechado e nao-degenerado tal que In+1
In e xn+1 6 In+1 .
Isto nos fornece uma sequ encia decrescente I1 I2 . . . In . . . de
intervalos fechados e limitados. Pelo teorema anterior, existe x In para
todo n N.
Como xn 6 In , para todo n N, temos que x 6= xn para todo n N.
Logo x R X, ou seja, R nao
e enumeravel.
Corolario 5.1 Todo intervalo nao-degenerado
de numeros
reais e nao-
enumeravel.
Prova.
[
Primeiro vamos provar que R = dado x R existe
(n, n + 1], isto e,
nN
60 J. Delgado - K. Frensel
enumeravel
dos conjuntos enumeraveis (n, n + 1].
Corolario 5.2 O conjunto dos numeros
e enumeravel.
irracionais nao
Prova.
Como Q e enumeravel
e R = Q (R Q), entao
R Q nao
e enu-
meravel,
pois, caso contrario,
R seria enumeravel de dois
por ser reuniao
conjuntos enumeraveis.
Instituto de Matematica - UFF 61
62 J. Delgado - K. Frensel
Parte 3
Sequencias
e series de numeros
reais
Instituto de Matematica - UFF 63
64 J. Delgado - K. Frensel
Sequ encias
1. Sequ encias
1.1
Observacao
Nao
se deve confundir a sequ encia
x com o conjunto de seus termos:
x(N) = {x1 , x2 , . . . , xn , . . .} ,
que pode ser finito, pois a sequ encia x : N R nao
e necessariamente
injetiva.
1.2
Observacao
Todo intervalo [a, b] esta contido num intervalo centrado em 0 da forma
[c, c] para algum c > 0. Basta tomar c = max{|a|, |b|}, pois c a < b
c, ja que c |b| b e c |a| a, ou seja c a.
Instituto de Matematica - UFF 65
Analise na Reta
Note que: Uma sequ encia cres-
1.5
Definicao
cente ou nao-decrescente e limi-
Uma sequ encia
(xn )nN e crescente quando xn < xn+1 para todo n N,
tada inferiormente pelo seu pri-
meiro termo. ou seja, x1 < x2 < . . . < xn < . . .. Se xn xn+1 para todo n N, a
sequ encia e nao-decrescente.
Note que: Uma sequ encia de-
crescente ou nao-crescente e li- Uma sequ encia
(xn )nN e decrescente quando xn > xn+1 para todo
mitada superiormente pelo seu n N, ou seja, x1 > x2 > . . . > xn > . . .. Se xn xn+1 para todo n N, a
primeiro termo.
sequ encia e nao-crescente.
As sequ encias
crescentes, nao-decrescentes,
decrescentes e nao-crescentes
chamadas sequ encias
sao
monotonas.
66 J. Delgado - K. Frensel
Sequ encias
Analisaremos agora alguns exemplos de sequ encias.
Exemplo 1.1 xn = 1 para todo n N, ou seja, (xn )nN e uma sequ encia
ela e limitada nao-decrescente
constante. Entao,
e nao-crescente.
1 1 1
Exemplo 1.4 Se xn = para todo n N, entao
x= 1, , . . . , , . . .
n 2 n
e uma sequ encia
limitada e decrescente, pois xn (0, 1] e xn+1 < xn para
todo n N.
n(1 + (1)n+1 )
Exemplo 1.5 Seja x = (xn )nN , onde xn = para todo
2
n N. Entao
xn = 0 para n par e xn = n para n mpar, ou seja, x =
(1, 0, 3, 0, 5, . . .). Ela e ilimitada superiormente, limitada inferiormente e
e monotona,
nao mas seus termos de ndice mpar x2n1 = 2n 1 formam
uma subsequ encia
monotona crescente ilimitada superiormente e seus
termos de ndice par x2n = 0 formam uma subsequ encia constante.
Instituto de Matematica - UFF 67
Analise na Reta
Se a = 1, entao
a sequ encia
(an )nN e (1, 1, 1, 1, . . .) e e,
portanto,
e monotona.
limitada, mas nao
Se a > 1, entao
a sequ encia
(an )nN e monotona
crescente e ilimitada
superiormente.
De fato:
Como a > 1 e an > 0, temos que aan > 1an , ou seja, an+1 > an
para todo n N.
Seja h > 0 tal que a = 1 + h. Entao,
pela desigualdade de Ber-
b1
noulli, an = (1+h)n 1+nh. Dado b R, existe n N, tal que n > .
h
Logo, an 1 + nh > b.
se a < 1, a sequ encia
e monotona,
nao al-
pois seus termos sao
e limitada superiormente nem
ternadamente positivos e negativos, e nao
inferiormente.
De fato:
Os termos de ordem par x2n = a2n = (a2 )n formam uma sub-
sequ encia
monotona crescente ilimitada superiormente pois a2 > 1.
a2n
Os termos de ordem mpar x2n1 = a2n1 = formam uma
a
subsequ encia decrescente ilimitada inferiormente, pois a < 0 e (a2n )nN
e uma sequ encia
crescente ilimitada superiormente.
68 J. Delgado - K. Frensel
Sequ encias
1 1 1
Exemplo 1.8 Seja an = 1 + + + . . . + , n N. A sequ encia
1! 2! n!
(an )nN e crescente e e limitada, pois
1 1 1
an < 1 + 1 + + + . . . + n1 < 1 + 2 = 3 ,
2 22 2
para todo n N.
1
n
Exemplo 1.9 Seja bn = 1 + , n N. A formula
do binomio de
n
nos da
Newton (que pode ser provada por inducao)
1
n
bn = 1+
n
1 n(n 1) 1 n(n 1)(n 2) 1
= 1+n + 2+ 3
n 2! n 3! n
n(n 1) . . . 2 1 1
+... + n,
n! n
ou seja,
1 1 1 1 2
bn = 1+1+ 1 + 1 1 + ...
2! n 3! n n
1 1 2 n1
+ 1 1 ... 1 .
n! n n n
j
Como 1 > 0, para 1 j n 1, temos que cada bn e uma
n
disso,cada parcela cresce com n, pois
soma de parcelas positivas. Alem
j j
1 > 1 , 1 j n 1, e, tambem,
o numero
de parcelas
n+1 n
cresce com n.
Logo, bn+1 > bn para todo n N, ou seja, (bn )nN e uma sequ encia
crescente.
Observe ainda que (bn )nN e uma sequ encia
limitada, pois
Importante: Provaremos depois
1 1 1
0 < bn < 1 + 1 + + + ... + < 3,
que as sequ encias (an )nN e
2! 3! n! (bn )nN dos exemplos 1.8 e 1.9
convergem para o numero
e.
para todo n N.
Instituto de Matematica - UFF 69
Analise na Reta
Segue-se que os termos desta sequ encia
sao:
x1 = 0 ,
x2 = 1 ,
1 1
x3 = 1 = ,
2 2
1 1 1
x4 = 1 + =1 ,
2 4 4
1 1 1 1 1 1 1
x5 = 1 + = + = 1+ ,
2 4 8 2 8 2 4
1 1 1 1 1 1
1 1
x6 = 1 + + =1 =1 + 2 ,
2 4 8 16 4 16 4 4
etc
Provaremos alguns fatos para obter a formula geral dos termos de ordem
par e de ordem mpar.
1
1: xn+1 xn = (1)n+1
Afirmacao , para todo n N.
2n1
De fato:
1
Se n = 1, x2 x1 = 1 0 = 1 = (1)2 .
20
Suponhamos que a afirmacao
seja valida
para n. Entao
1 1
xn+2 xn+1 = (xn + xn+1 ) xn+1 = (xn xn+1 )
2 2
1 1 1
= (xn+1 xn ) = (1)n+1 n1
2 2 2
1 1
= (1)n+2 n = (1)(n+1)+1 (n+1)1 .
2 2
Note que:
Se n e par, xn+1 < xn e, portanto, xn+1 < xn+2 < xn , pois
1
xn+1 xn = (1)n+1 < 0.
2n1
Se n e mpar, xn < xn+1 , e, portanto, xn < xn+2 < xn+1 , pois
1
xn+1 xn = (1)n+1 > 0.
2n1
Fig. 1: Posicionamento dos pontos da sequ encia (xn )nN .
70 J. Delgado - K. Frensel
Sequ encias
1 1 1
2: x2n+1 =
Afirmacao 1 + + . . . + n1 para todo n N.
2 4 4
De fato:
0+1 1 1
Se n = 1, x3 = = = 1.
2 2 2
verdadeira para n.
Suponhamos a afirmacao
como x2n+1 < x2n+3 < x2n+2 , temos que
Entao,
1
x2(n+1)+1 = x2n+3 = x2n+1 + (x2n+2 x2n+1 )
2
1
1 1
1 (1)2n+2
= 1 + + . . . + n1 +
2 4 4 2 22n
1 1 1 1 1
= 1 + + . . . + n1 + n
2 4 4 2 4
1 1 1 1
= 1 + + . . . + n1 + n .
2 4 4 4
1 1
3: x2n = 1
Afirmacao + ... + para todo n N, n 2.
4 4n1
De fato:
1
Se n = 2, x4 = 1 .
4
Suponhamos que a igualdade seja valida para n.
como x2n+1 < x2(n+1) < x2n , temos que
Entao,
1 1
x2n+2 = x2n (x2n x2n+1 ) = x2n + (x2n+1 x2n )
2 2
1 1
(1)2n+1 1 1
1
= 1 + . . . + n1 + 2n1
= 1 + . . . + n1
n
4 4 22 4 4 4
1 1 1
= 1 + . . . + n1 + n .
4 4 4
Assim, como
1
1 1 1 1 n+1 1 4
1 + + . . . + n1 + n = 4 < = ,
4 4 4 1 1 3
1 1
4 4
para todo n N, temos que
1 4 4
0 x2n+1 < = < 1,
2 3 6
para todo n 0, e
4 2
1 x2n >1+ 1 = , para todo n 1.
3 3
Instituto de Matematica - UFF 71
Analise na Reta
2.
Limite de uma sequ encia
ou seja,
a = lim > 0 n0 N ; xn (a , a + ) , n > n0
n
72 J. Delgado - K. Frensel
Limite de uma sequ encia
2.1
Observacao
Quando lim xn = a, dizemos que a sequ encia
(xn )nN converge para a
n
ou tende para a e escrevemos, tambem, xn a.
Uma sequ encia
que possui limite chama-se convergente. Caso contrario,
chama-se divergente, ou seja, uma sequ encia (xn )nN e divergente se,
para nenhum numero
real a, e verdade que lim xn = a.
n
lim xn 6= a se, e so se, existe 0 > 0 tal que para todo n0 N existe
n
Prova.
1
Suponhamos a 6= b e seja = |b a| > 0. Temos que:
2
(a , a + ) (b , b + ) = , pois se existisse x (a , a + )
(b , b + ), teramos que:
|b a| = |b x + x a| |b x| + |x a| < + = 2 = |b a| .
Existe n0 N tal que xn (a , a + ) para todo n > n0 .
Logo, xn 6 (b , b + ) para todo n > n0 . Entao
lim xn 6= b.
n
Prova.
Seja (xnk )kN uma subsequ encia de (xn )nN . Dado > 0, existe n0 N
tal que |xn a| < para todo n > n0 .
Como o conjunto N 0 = {n1 < n2 < . . . < nk < . . .} e ilimitado, existe k0 N
tal que nk0 > n0 .
Logo, nk > nk0 > n0 e |xnk a| < para todo k > k0 .
Corolario 2.1 Se lim xn = a entao,
para todo k N, lim xn+k = a.
n n
Instituto de Matematica - UFF 73
Analise na Reta
Prova.
De fato, ( x1+k , x2+k , . . . , xn+k , . . . ) e uma subsequ encia
de (xn )nN e,
portanto, converge para a.
2.2
Observacao
O limite de uma sequ encia
se altera quando dela se omite um
nao
numero
finito de termos. Ou melhor, pelo teorema 2.2, o limite se mantem
Exerccio 12: Se (xn+k )nN
converge para a, para algum k quando se omite um numero
infinito de termos desde que reste ainda um
xn a.
N, entao
numero
infinito de ndices.
Se (xn )nN possui duas subsequ encias
(xn )nN
com limites distintos entao
e divergente.
Se (xn )nN converge e a subsequ encia
(xnk )kN converge para a, entao
xn a.
Prova.
existe n0 N tal que xn
Seja a = lim xn e tome = 1. Entao,
n
Prova.
Suponhamos que (xn )nN e nao-decrescente,
xn xn+1 para todo
isto e,
n N.
Seja b R tal que xn b para todo n N e seja a = sup{xn | n N}.
74 J. Delgado - K. Frensel
Limite de uma sequ encia
De modo analogo, podemos provar que se (xn )nN e nao-crescente,
entao
lim xn = inf{xn | n N}.
n
Corolario 2.2 Se uma sequ encia
monotona (xn )nN possui uma sub-
sequ encia (xn )nN e convergente.
convergente, entao
Prova.
1.5, temos que a sequ encia
Pela observacao
monotona (xn )nN e limi-
tada porque possui uma subsequ encia convergente e, portanto limitada.
pelo teorema anterior, (xn )nN e convergente.
Entao,
1 + (1)n+1
Exemplo 2.3 A sequ encia
(1, 0, 1, 0, . . .), onde xn = , n N,
2
e divergente porque possui duas subsequ encias
(x2n )nN e (x2n1 )nN que
convergem para limites diferentes.
1
Exemplo 2.4 A sequ encia
tem limite zero.
n nN
1
De fato, dado > 0 existe n0 N tal que < .
n0
1 1
<
Entao, < < , para todo n > n0 .
n n0
Instituto de Matematica - UFF 75
Analise na Reta
Se a = 1 ou a = 0, a sequ encia
constante (an )nN converge e tem limite
1 e 0, respectivamente.
Se a = 1, a sequ encia
(1, 1, 1, 1, . . .) e divergente, pois possui duas
subsequ encias, (x2n )nN e (x2n1 )nN , que convergem para limites dife-
rentes.
Se a > 1, a sequ encia
(an )nN e divergente, pois e crescente e ilimitada
superiormente.
Se a < 1, a sequ encia
(an )nN e divergente, pois nao
e limitada supe-
riormente nem inferiormente.
Se 0 < a < 1, a sequ encia
(an )nN e decrescente e limitada, logo,
disso, lim an = 0.
convergente. Alem
n
1 1
Com efeito, dado > 0, existe n0 N tal que n > para todo n n0 ,
a
n
1
pois a sequ encia e crescente e ilimitada superiormente, ja
a nN
1
que > 1. Logo, < an < n n0 .
a
Se 1 < a < 0, lim an = 0, pois lim |an | = lim |a|n = 0, ja que
n n n
De fato, dado > 0, existe n0 N tal que |an | < (1 a) para todo n > n0 .
1 |an+1 |
Logo, xn = < para todo n n0 .
1a |1 a|
76 J. Delgado - K. Frensel
Limite de uma sequ encia
1
O mesmo vale para a tal que 0 |a| 1, ou seja, lim xn = , apesar
n 1a
ser monotona
de (xn )nN nao para 1 < a < 0.
1 1 1 1
n
Exemplo 2.8 Sejam an = 1 + + + . . . + + . . . e bn = 1 + ,
1! 2! n! n
para todo n N.
Como as sequ encias crescentes e limitadas, elas
(an )nN e (bn )nN sao
convergentes.
sao
Mostraremos depois que lim an = lim bn = e, onde e e a base dos
n n
logaritmos naturais.
e
1 1
1
1
x2n = 1 + . . . + n1 = 2 1 + + . . . + n1
4 4 4 4
1
1 4n 4 1
2 4 1
= 2 = 2 1 = + n.
1 n 3 4 3 3 4
1
4
a subsequ encia
Entao (x2n1 )nN e crescente limitada superiormente e a
subsequ encia (x2n )nN e decrescente limitada inferiormente.
2
1: lim x2n1 =
Afirmacao .
n 3
1
Com efeito, dado > 0, existe n0 N tal que < , para todo n > n0 ,
4n
1 1
pois lim = 0, ja que 0 < < 1 .
n 4n 4
2 2
1
Logo, x2n+1 = < para todo n > n0 .
3 n 3 4
2
2: lim x2n =
Afirmacao .
n 3
Instituto de Matematica - UFF 77
Analise na Reta
1 3
Dado > 0 , n0 N tal que n
< para todo n n0 .
4 4
2 4 1
Assim, x2n = n < para todo n n0 .
3 3 4
lim xn = a.
3: Se lim x2n+1 = lim x2n = a entao
Afirmacao
n n n
3.
Propriedades aritmeticas dos limites
Teorema 3.1 Se n
lim xn = 0 e (yn )nN e uma sequ encia
limitada, entao
lim (xn yn ) = 0.
n
Prova.
Seja c R, c > 0, tal que |yn | < c para todo n N.
Dado > 0 existe n0 N tal que |xn | < para todo n > n0 . Logo,
c
|xn yn | < c = para todo n > n0 .
c
Isso mostra que lim (xn yn ) = 0.
n
sen(nx)
Exemplo 3.1 Para todo x N, n
lim
= 0, pois a sequ encia
n
1
(sen(nx))nN e limitada ja que | sen(nx)| 1, e a sequ encia
con-
n nN
verge para zero.
78 J. Delgado - K. Frensel
Propriedades aritmeticas dos limites
xn
No item 3 do teorema abaixo, vamos considerar a sequ encia
yn nN
a partir de seu n0 esimo termo, onde n0 N e tal que yn 6= 0 se n n0 .
Teorema 3.2 Se n
lim xn = a e lim yn = b, entao:
n
xn a
(3) lim = , se b 6= 0.
yn b
Prova.
(1) Dado > 0 existem n1 , n2 N tais que
|xn a| < para n > n1 ,
2
|yn b| < para n > n2 .
2
Seja n0 = max{n1 , n2 }. Entao,
|(xn + yn ) (a + b)| = |(xn a) + (yn b)|
|xn a| + |yn b|
< + =
2 2
para todo n > n0 .
Se prova, de modo analogo, que (xn yn ) (a b) .
(2) Como xn yn ab = xn yn xn b + xn b ab = xn (yn b) + (xn a)b,
lim (xn a) = lim (yn b) = 0 e (xn )nN e limitada, por ser convergente,
n n
temos que lim xn (yn b) = lim (xn a)b = 0, pelo teorema 3.1.
n n
Instituto de Matematica - UFF 79
Analise na Reta
Assim, lim xn yn = ab .
n
b2
(3) Pelo item (2), lim yn b = b2 . Entao,
dado = , existe n0 N tal que
n 2
b2 b2
yn b > b2 = > 0 para todo n > n0 .
2 2
1 2
Segue-se que 0 < < para todo n > n0 .
yn b b2
1
Logo, a sequ encia e limitada.
yn b nN
Assim,
xn a xn b yn a
lim = lim =0
n yn b n yn b
a
Logo, lim xn yn = .
n b
1 1
Assim, lim sn 6= lim + . . . + lim = 0 + . . . + 0 = 0.
n n n n n
Exemplo 3.2 Seja a sequ encia
(xn )nN , onde xn = n
a , a > 0.
n
Se a = 1, n
a = 1 para todo n N, logo, lim a = 1.
n
Sejam b = n+1
aec= n
a, ou seja, bn+1 = cn = a .
80 J. Delgado - K. Frensel
Propriedades aritmeticas dos limites
Se a > 1, entao
n a e decrescente e limitada.
De fato, b = n+1 a > 1, pois bn+1 = a > 1, e bn < bn b = bn+1 = cn .
Logo, b < c, ou seja, n+1 a < n a, e n a > 1 para todo n N.
Se 0 < a < 1, entao
n a e crescente e limitada.
De fato, b = n+1 a < 1, pois bn+1 = a < 1, e bn > bn b = bn+1 = cn .
Logo, b > c, ou seja, n+1 a > n a e n a < 1 para todo n N.
Como, para todo a > 0, a sequ encia ( n a)nN e monotona
e limitada,
temos, pelo teorema 2.4, que existe lim n a = `.
n
n
Afirmacao: lim a = ` > 0.
n
Se a > 1, lim n
a = inf{ n a | n N} 1, pois ( n a)nN e decrescente e 1
n
1 1 1
Consideremos a subsequ encia (a n(n+1) )nN = (a n n+1 )nN . Pelo teorema
2.2 e pelo item (3) do teorema 3.2, obtemos:
1
1 1 1 an `
` = lim a n(n+1) = lim a n n+1 = lim 1 = = 1.
n n n a n+1 `
Exemplo 3.3 Podemos, agora, mostrar que n
lim n n = 1.
Como ( n n)nN e uma sequ encia
decrescente a partir de seu terceiro
termo e n n 1 para todo n N, temos que
` = limn n n = inf{ n n | n 3} 1 .
1
Tomando a subsequ encia ((2n) 2n )nN , obtemos que
h 1
i2 1
h 1 1
i
`2 = lim (2n) 2n = lim (2n) n = lim 2 n n n
n n n
1 1
= lim 2 lim n = 1 ` = ` .
n n
n n
Instituto de Matematica - UFF 81
Analise na Reta
lim xn = 0, pois
n
x
lim xn = lim yn n = 0.
n n yn
Portanto, se lim yn = 0 e a sequ encia (xn )nN diverge ou converge para
n
xn
a sequ encia
um limite diferente de zero, entao e divergente e
yn nN
ilimitada.
Suponhamos agora que lim xn = lim yn = 0. Neste caso, a sequ encia
n n
xn
Por exemplo:
pode ser convergente ou nao.
yn nN
1 1 xn
se xn = e yn = , a 6= 0, entao
= a a.
n an yn
(1)n 1 xn
se xn = a sequ encia
e yn = , entao e diver-
n n yn nN
xn
gente, pois = (1)n .
yn
1 1 xn
a sequ encia
se xn = e yn = 2 , entao converge,
nao
n n yn nN
x
pois n = n.
yn
Prova.
a a a
Dado = > 0, existe n0 N tal que a < xn < a + para todo
2 2 2
a a
n n0 . Logo, xn > a = > 0 para todo n n0 .
2 2
82 J. Delgado - K. Frensel
Propriedades aritmeticas dos limites
Corolario 3.1 Sejam (xn )nN e (yn )nN sequ encias
convergentes. Se
xn yn para todo n N, entao
lim xn lim yn
n n
Prova.
Suponhamos, por absurdo, que lim xn > lim yn .
n n
Entao, lim (xn yn ) = lim xn lim yn > 0. Logo, existe n0 N tal
n n n
1 1 1
Por exemplo, tome xn = 0 e yn = , ou xn = 2 e yn = .
n n n
Corolario 3.2 Se (xn )n uma sequ encia
convergente. Se xn a para
todo n N, entao
lim xn a .
n
lim zn = a.
n
Prova.
Dado > 0, existem n1 , n2 N tais que a < xn < a + para todo
n n1 e a < yn < a + para todo n n2 .
Seja n0 = max{n1 , n2 }. Entao,a
< xn zn yn < a + para todo
n n0 .
Logo, lim zn = a.
n
1 1 1 1
n
Exemplo 3.5 Sejam an = 1 + + + . . . + e bn = 1 + , n N.
1! 2! n! n
Ja provamos antes que as sequ encias
crescentes
(an )nN e (bn )nN sao
e limitadas, e que bn < an para todo n N.
Entao, lim bn lim an = e. Por outro lado, fixando p N, temos, para
n n
todo n > p,
Instituto de Matematica - UFF 83
Analise na Reta
1 1 1 1 2
bn = 1+1+ 1 + 1 1 + ...
2! n 3! n n
1 1 2 n1
+ 1 1 ... 1
n! n n n
1 1 1 1 2
1+1+ 1 + 1 1 + ...
2! n 3! n n
1 1 p1
+ 1 ... 1 .
p! n n
que
Obtemos, entao,
1 n 1 1 1
no seguinte, escrevere-
Notacao: lim 1 + = lim 1 + + + . . . + = e.
n n n 1! 2! n!
mos as sequ encias na forma (xn )
mais simples do que (xn )nN e
os limites lim xn , tambem, na
n
forma mais simples lim xn , desde
surjam ambiguidades.
que nao
4.
Subsequ encias
O numero
real a e o limite da sequ encia
x = (xn ) se, e so se, para
todo > 0 o conjunto
x1 (a , a + ) = { n N | xn (a , a + ) }
tem complementar finito em N.
Para subsequ encias, temos o seguinte resultado:
Prova.
(=) Seja a = lim0 xn , onde N 0 = {n1 < n2 < . . . < nk < . . .}. Entao,
nN
para todo > 0, existe k0 N tal que xnk (a , a + ) para todo k > k0 .
Como o conjunto {nk | k > k0 } e infinito, existem infinitos n N tais que
xn (a , a + ).
(=) Para = 1, existe n1 N tal que xn1 (a 1, a + 1).
84 J. Delgado - K. Frensel
Subsequ encias
subsequ encia de (xn )nN .
4.1 Um numero
Definicao real a e valor de aderencia
da sequ encia Terminologia: na literatura,
(xn ) quando a e o limite de uma subsequ encia
de (xn ). ponto de acumulacao, valor de
acumulacao, valor limite, ponto
limite e ponto aderente sao
sinonimos
de valor de aderencia.
4.1 Como um subconjunto de N e infinito se, e so se, e
Observacao
sao
ilimitado, temos que as seguintes afirmacoes equivalentes:
a R e valor de aderencia
da sequ encia (xn ) ;
para todo > 0 e todo n0 N, existe n N, tal que n > n0 e
xn (a , a + ) ;
todo intervalo de centro a contem
termos xn com ndices arbitrariamente
grandes.
Instituto de Matematica - UFF 85
Analise na Reta
e
b = lim bn = inf bn = inf sup Xn .
nN nN
86 J. Delgado - K. Frensel
Subsequ encias
1 1
Exemplo 4.4 Seja a sequ encia
(xn ), onde x2n1 = e x2n = 1 + ,
n n
n N. Entao,
1 1 1 1
X2n2 = 1+ , ,1 + , ,... ,
n1 n n n+1
1 1 1 1
X2n1 = , 1 + , ,1 + ,... ,
n n n+1 n+1
1 1 1 1
X2n = 1 + , ,1 + , ,... ,
n n+1 n+1 n+2
1 1
Assim, inf X2n2 = inf X2n1 = e sup X2n1 = sup X2n = .
n 1+n
Logo, a = lim inf xn = sup inf Xn = 0 e b = lim sup xn = inf sup Xn = 1.
n n
subsequ encias
Como (x2n1 ) e (x2n ) sao convergentes de (xn ), e
lim x2n1 = 0 6= 1 = lim x2n , segue-se que 0 e 1 sao
seus unicos
valo-
res de aderencia.
Prova.
Vamos provar primeiro que a = lim inf xn e valor de aderencia
de (xn ).
Dados > 0 e n0 N, como a = lim an , existe n1 > n0 tal que
an1 (a , a + ). Sendo an1 = inf Xn1 e a + > an1 , existe n n1 tal
que a < an1 xn < a + .
que dados > 0 e n0 N, existe n > n0 tal que
Provamos, entao,
xn (a , a + ). Logo, pelo teorema 4.1, a e valor de aderencia
de (xn ).
Vamos, agora, provar que a e o menor valor de aderencia
de (xn ).
Seja c < a. Como a = lim an , existe n0 N, tal que c < an0 a. Ou seja,
c < an0 xn , para todo n n0 ,
pois an0 = inf{xn0 , xn0 +1 , . . .}.
Instituto de Matematica - UFF 87
Analise na Reta
Corolario 4.1 Toda sequ encia
limitada de numeros
reais possui uma
subsequ encia convergente.
Prova.
Como a = lim inf xn e valor de aderencia
de (xn ), (xn ) possui uma sub-
sequ encia que converge para a.
Corolario 4.2 Uma sequ encia
limitada de numeros
reais (xn ) e conver-
gente se, e so se, lim inf xn = lim sup xn , isto e,
se, e so se, (xn ) possui
um unico
valor de aderencia.
Prova.
(=) Se (xn ) e convergente e lim xn = c, entao
c e o unico
valor de
aderencia de (xn ).
Logo, lim inf xn = lim sup xn = lim xn .
(=) Suponhamos que a = lim inf xn = lim sup xn .
Como lim an = lim bn = a, dado > 0, existe n0 N tal que
a < an0 a bn0 < a + .
Mas, an0 xn bn0 para todo n n0 . Logo,
a < an0 xn bn0 < a + ,
para todo n n0 .
Assim, lim xn = a .
Teorema 4.3 Sejam a = lim inf xn e b = lim sup xn , onde (xn ) e uma
sequ encia limitada.
dado > 0, existe n0 N tal que a < xn < b + para
Entao,
disto, a e o maior e b e o menor numero
todo n > n0 . Alem com esta
propriedade.
88 J. Delgado - K. Frensel
Subsequ encias
Prova.
Seja > 0. Suponha que existe uma infinidade de ndices n tais que
xn < a . Estes ndices formam um subconjunto N 0 N infinito.
a subsequ encia
Entao,
(xn )nN 0 possui um valor de aderencia c a ,
pois xn < a para todo n N 0 , o que e absurdo, pois c < a e a e o
menor valor de aderencia de (xn ).
Logo, dado > 0, existe n1 N tal que xn > a para todo n > n2 .
De modo analogo, suponha que existe uma infinidade de ndices n tais
estes ndices formam um subconjunto N 0 N
que xn > b + . Entao
infinito. A subsequ encia
(xn )nN 0 possui um valor de aderencia c b + ,
ja que xn > b + para todo n N 0 , o que e absurdo, pois c b + > b
e b e o maior valor de aderencia
de (xn ). Logo, existe n2 N tal que
xn < b + para todo n > 1.
Seja n0 = max{n1 , n2 }. Entao
a < xn < b + para todo n > n0 .
1
Seja a < a 0 e tome = (a 0 a). Entao,
a + = a 0 .
2
Sendo a um valor de aderencia de (xn ), existe uma infinidade de ndices
n tais que a < xn < a + = a 0 . Logo, nenhum numero
real a 0 > a
goza da propriedade acima.
1
Seja b 0 < b e tome = b b 0 . Entao,
b 0 + = b .
2
Como b e valor de aderencia
de (xn ), existe uma infinidade de ndices n
tais que b 0 + = b < xn < b + . Logo, nenhum numero
real b 0 < b
goza da propriedade.
Corolario 4.3 Se c < lim inf xn , entao
existe n1 N tal que c < xn para
existe n2 N tal
todo n > n1 . Analogamente, se d > lim sup xn , entao
que xn < d para todo n > n2 .
Prova.
c = a , com = a c > 0. Entao,
Se c < a = lim inf xn , entao
pelo teorema 4.3, existe n1 N tal que xn > a = c para todo n > n1 .
De modo analogo, com respeito ao
podemos provar a afirmacao
lim sup xn = b, tomando = d b > 0.
Instituto de Matematica - UFF 89
Analise na Reta
Corolario 4.4 Dada uma sequ encia
limitada (xn ), sejam a e b numeros
reais com as seguintes propriedades:
existe n1 N tal que xn > c para todo n > n1 ;
se c < a, entao
existe n2 N tal que xn < d para todo n > 2.
se b < d, entao
a lim inf xn e lim sup xn b.
Nestas condicoes
Os corolarios acima apenas repetem, com outras palavras, as afir-
do teorema 4.3.
macoes
Sem usar as nocoes
de limites inferior e superior de uma sequ encia
limitada vamos provar que:
Toda sequ encia limitada de numeros
reais possui uma sub-
Veja, tambem, o exerccio 15.
sequ encia convergente.
Prova.
Suponhamos que xn [a, b] para todo n N. Seja
A = {t R | t xn para uma infinidade de ndices n} .
Como a xn b para todo n N, temos que a A e nenhum elemento
de A pode ser maior do que b.
Assim, A 6= e e limitado superiormente por b.
Portanto, existe c = sup A.
Vamos usar o teorema 4.1 para provar que c e valor de aderencia
da
sequ encia (xn ).
Dado > 0, existe t A tal que c < t c. Logo, ha uma infinidade de
ndices n tais que c < xn .
Por outro lado, como c + 6 A, existe apenas um numero
finito de ndices
n tais que xn c + .
Assim, existe um numero
infinito de ndices n tais que c < xn < c + .
90 J. Delgado - K. Frensel
Sequ encias de Cauchy
todo n N.
Assim, = bn = sup Xn para todo n n1 .
1
Tome = para todo n n1 , existe m > n tal que
( c) . Entao,
2
1
< xm , ou seja, xm > ( + c) > c .
2
1
Portanto, o conjunto dos ndices n tais que ( + c) < xn e ilimitado,
2
logo, infinito.
1 1
Entao ( + c) A e ( + c) > c = sup A , o que e uma contradicao.
2 2
Logo, c = sup A = = lim sup xn .
5.
Sequ encias de Cauchy
Prova.
Seja a = lim xn . Dado > 0, existe n0 N tal que |xm a| < e
2
|xn a| < , quaisquer que sejam m, n > n0 .
2
Logo, |xm xn | |xm a| + |xn a| < + = para todos m, n > n0 .
2 2
Instituto de Matematica - UFF 91
Analise na Reta
Prova.
existe n0 N tal que |xm xn | < 1, quaisquer
Seja = 1 > 0. Entao,
que sejam m, n n0 .
Em particular, |xm xn0 | < 1, ou seja, xn0 1 < xn < xn0 + 1 para todo
n n0 .
Sejam a o menor e b o maior elementos do conjunto
{xn0 1, xn0 + 1, xn1 , . . . , xn0 1 } .
a xn b para todo n N, ou seja, a sequ encia
Entao, (xn ) e limitada.
Prova.
Dado > 0, existe n0 N tal que |xm xn | quaisquer que sejam
2
m, n > n0 .
Como a e limite de uma subsequ encia
de (xn ), existe, pelo teorema 4.1,
n1 N, n1 > n0 , tal que |xn1 a| < .
2
Logo,
|xn a| |xn xn1 | + |xn1 a| < + = ,
2 2
para todo n > n0 .
Com isto, provamos que a = lim xn .
Prova.
Seja (xn ) uma sequ encia de Cauchy.
Pelo lema 5.1, (xn ) e limitada e, portanto, pelo corolario
4.1, (xn ) possui
uma subsequ encia pelo lema 5.2, (xn ) e conver-
convergente. Entao,
gente.
92 J. Delgado - K. Frensel
Sequ encias de Cauchy
5.1 (Metodo
Observacao
das aproximacoes sucessivas)
Seja 0 < 1 e suponhamos que a sequ encia
(xn ) satisfaz a seguinte
condicao:
|xn+2 xn+1 | |xn+1 xn | , para todo n N.
= n1 (p1 + p2 + . . . + + 1) |x2 x1 |
1 p n1
= n1 |x2 x1 | |x2 x1 | .
1 1
n1
Como lim |x2 x1 | = 0 , dado > 0 , existe n0 N tal que
n 1
n1
0 |x2 x1 | < para todo n > n0 .
1
Logo, |xn+p xn | < para todo p N e todo n > n0 , ou seja, |xm xn | <
quaisquer que sejam m, n > n0 .
(xn ) e de Cauchy e, portanto, converge.
Entao,
Aproximacoes
Aplicacao: sucessivas da raiz quadrada
Seja a > 0 e seja a sequ encia definida por x1 = c, onde c e um
1 a
numero
real positivo arbitrario, e xn+1 = xn + , para todo n N.
2 xn
Se provarmos que a sequ encia e convergente e lim xn = b > 0,
teremos que
entao
1 a 1 a
b = lim xn+1 = lim xn + = b+ .
2 xn 2 b
a
Logo, b = , ou seja, b2 = a.
b
Instituto de Matematica - UFF 93
Analise na Reta
Prova.
r
1 a a a 2 a a2
x+ > x + > x2 + 2a + 2 > 2a, o que e
2 x 2 x 2 x
a2
verdadeiro, pois x2 0 e 0.
x2
r
a a
Pelo lema, temos que xn > , para todo n > 1. Portanto, xn xn+1 > ,
2 2
a
ou seja, < 1 para todo n > 1 .
2 xn xn+1
1
|xn+2 xn+1 |
Afirmacao: |xn+1 xn | para todo n > 1.
2
De fato, como
1 a 1 a
xn+2 xn+1 = xn+1 + xn +
2 xn+1 2 xn
1 a 1 1
= (xn+1 xn ) +
2 2 xn+1 xn
1 a xn xn+1
= (xn+1 xn ) + ,
2 2 xn+1 xn
temos que
|xn+2 xn+2 | 1 a 1
,
=
|xn+1 xn | 2 2 xn xn+1 2
a
pois 0 < < 1.
2 xn xn+1
Pela observacao
5.1, (xn ) e de Cauchy e, portanto, convergente, e
r
a
lim xn = b > 0, pois xn > , para todo n > 1.
2
6. Limites infinitos
94 J. Delgado - K. Frensel
Limites infinitos
Exemplo 6.4 A sequ encia
( p n)nN , para todo p N, tende para +,
pois e crescente e ilimitada superiormente, ja que ( p np )nN = (n)nN e
uma subsequ encia
ilimitada superiormente da sequ encia ( p n)nN .
Instituto de Matematica - UFF 95
Analise na Reta
(4) Sejam (xn ) e (yn ) sequ encias de numeros
positivos. Entao:
(a) se existe c > 0 tal que xn > c para todo n N e se lim yn = 0,
xn
lim
entao = + .
yn
xn
(b) se (xn ) e limitada e lim yn = +, entao
lim = 0.
yn
Prova.
(1) Existe b < 0 tal que yn b para todo n N. Dado A > 0, temos
que A b > 0. Logo, existe n0 N tal que xn > A b para todo n > n0 .
Assim, xn + yn > A b + b = A para todo n > n0 e, portanto
lim(xn + yn ) = + .
A
(2) Dado A > 0 existe n0 N tal que xn > para todo n > n0 . Logo,
c
A
xn yn > c = A para todo n > n0 . Portanto, lim xn yn = + .
c
(3) Suponhamos que lim xn = 0 . Dado A > 0, existe n0 N tal que
1 1
0 < xn < para todo n > n0 . Logo, > A para todo n > n0 . Assim,
A xn
1
lim = +.
xn
96 J. Delgado - K. Frensel
Limites infinitos
1
Suponhamos, agora, que lim = + .
xn
1 1
Dado > 0 existe n0 N tal que > para todo n > n0 .
xn
(b) Seja b > 0 tal que 0 < xn < b para todo n N. Dado > 0, existe
b
n0 N tal que yn > para todo n > n0 .
xn b x
0<
Entao, < = para todo n > n0 e, portanto, lim n = 0 .
yn b/ yn
Exemplo 6.9 Se xn = lim xn = + e
n + 1 e yn = n, entao
lim yn = , mas
( n + 1 n)( n + 1 + n)
lim (xn + yn ) = lim ( n + 1 n) = lim
n n n n+1+ n
1
= lim = 0.
n n+1+ n
Instituto de Matematica - UFF 97
Analise na Reta
6.6
Observacao e indeterminado, ou seja, se lim xn = + e
xn
lim yn = + , nada se pode dizer sobre o limite da sequ encia .
yn
Pode ser que essa sequ encia
convirja, que tenha limite + ou que nao
tenha limite algum.
an
Exemplo 6.16 Se a > 1 , entao
lim = + , para todo p N .
np
Como a > 1, a = 1 + h, onde h > 0. Logo, para todo n p,
X n nj j X n j
n p+1
n n
a = (1 + h) = 1 h h
j=0
j j=0
j
n(n 1) 2 n(n 1) . . . (n p) p
= 1 + nh + h + ... + h .
2! p!
Da,
an 1 h 1 1 h2
+ + 1 + ...
np np np1 2 n np2
1 1 p1 n 1 p
p1
+ 1 ... 1 h + 1 ... 1 hp .
(p 1)! n n p! n n
98 J. Delgado - K. Frensel
Series
numericas
Como
2
1 h 1 1 h 1 1 p1
lim + p1 + 1 + ... + 1 ... 1 hp1
n np n 2 n np2 (p 1)! n n
n 1 p p
+ 1 ... 1 h = + ,
p! n n
an
temos que lim = + , qualquer que seja p N.
n np
Isto significa que as potencias an , a > 1, crescem com n mais rapida-
mente do que qualquer potencia de n de expoente fixo.
an
Exemplo 6.17 Mas, n
lim = 0, a > 0.
nn
a 1
De fato, seja n0 N tal que < .
n0 2
n
an
a n a 1
0< n =
Entao, < ; para todo n n0 .
n n n0 2n
an 1 an
Logo, 0 lim lim = 0 , ou seja, lim = 0.
nn 2n nn
n!
Exemplo 6.18 Para todo numero
real a > 0, tem-se lim = + .
an
n0
De fato, seja n0 N tal que > 2. Logo, para todo n > n0 , temos que
a
n! n ! n +1 n + (n n0 ) n !
n
= n00 0 ... 0 > 0n 2nn0 ,
a a a a a0
n! n0 ! n n n!
ou seja, n
> n
2 . Como lim 2 = +, temos que lim = + .
a (2a) 0 an
Isso significa que n! cresce mais rapido do que an , para a > 0 fixo.
7. Series
numericas
Instituto de Matematica - UFF 99
Analise na Reta
dizemos que a serie e convergente e que s e a soma da serie.
Escreve-
mos, entao,
X
s= an = a 1 + a2 + . . . + an + . . . .
n=1
Notacao: a
Usaremos tambem
Se a sequ encia converge, dizemos que a serie
das reduzidas nao
notacao
P
an para designar a P
an e divergente ou que diverge.
X
serie an .
n=1
7.1 Toda sequ encia
Observacao (xn ) pode ser considerada como a
sequ encia
das reduzidas de uma serie.
De fato, basta tomar a1 = x1 e an+1 = xn+1 xn , para todo n N, pois,
assim, teremos:
s1 = x1 ,
s2 = a1 + a2 = x1 + x2 x1 = x2 ,
.. ..
. .
sn = x1 + (x2 x1 ) + . . . + (xn xn1 ) = xn .
X
Assim, a serie x1 + (xn+1 xn ) converge se, e so se, a sequ encia
(xn )
n=1
converge. E, neste caso, a soma da serie e igual a lim xn .
P
Teorema 7.1 Se an e uma serie
lim an = 0.
convergente, entao,
Prova.
Seja s = lim sn , onde sn = a1 + . . . + an .
lim sn1 = s. Logo, como an = sn sn1 , temos que
Entao,
lim an = lim(sn sn1 ) = lim sn lim sn1 = 0.
tende para zero, mas a serie diverge.
Logo, a subsequ encia
(s2n ) tende a +. Como a sequ encia (sn ) e cres-
cente e ilimitada superiormente, temos que sn +, ou seja, a serie
X
harmonica diverge.
n=1
X
1 1 1
Como consequencia,
para 0 < r < 1, a serie diverge, pois >
nr n r n
n=1
Lembre que: nr = er log n <
para todo n > 1. elog n = n .
X
Exemplo 7.2 A serie
geometrica an e
n=0
1 X
1
que tende para
. Isto e, an = , se |a| < 1.
1a 1a
n=0
Instituto de Matematica - UFF 101
Analise na Reta
X
n X
n
Afirmacao: c` = ai bj , para todo n N.
`=1 i,j=1
X
1 X
1
Se n = 1, c` = c1 = a1 b1 = ai bj .
`=1 i,j=1
que
Suponhamos, por inducao,
X X X
n n
! n
!
c` = ai bj .
`=1 i=1 j=1
Entao,
X X X X
n+1 n n
! n
!
c` = c` + cn+1 = ai bj + cn+1
`=1 `=1 i=1 j=1
X X X X
n
! n
! n+1 n
= ai bj + ai bn+1 + an+1 bj
i=1 j=1 i=1 j=1
X X X X
n
! n
! n n
= ai bj + ai bn+1 + an+1 bn+1 + an+1 bj
i=1 j=1 i=1 j=1
X X X
n
! n+1
! n+1
= ai bj + an+1 bj
i=1 j=1 j=1
X X
n+1
! n+1
!
= ai bj .
i=1 j=1
X
1
Exemplo 7.3 A serie
e convergente e sua soma e 1.
n(n + 1)
n=1
1 1 1
De fato, como =
, a reduzida de ordem n da serie e
n(n + 1) n n+1
1
1 1 1 1
1
sn = 1 + + ... + =1 .
2 2 3 n n+1 n+1
P 1
Logo, = lim sn = 1.
n(n + 1)
P
Exemplo 7.4 A serie
(1)n+1 = 1 1 + 1 1 + . . . e divergente, pois
tende para zero. Suas reduzidas de ordem par sao
seu termo geral nao
iguais a um.
iguais a zero e as de ordem mpar sao
X
X
7.3 A serie
Observacao an converge se, e somente se, an
n=1 n=n0
P
Teorema 7.2 Seja an 0 para todo n N. A serie
an converge se, e
somente se, a sequ encia das reduzidas e limitada, ou seja, se, e somente
se, existe k > 0 tal que sn = a1 + . . . + an < k para todo n N.
Prova.
Como an 0 para todo n, a sequ encia
(sn ) e monotona
nao-decrescente.
Logo, (sn ) converte se, e somente se, (sn ) e limitada.
Corolario 7.1 (Criterio
de comparacao)
P P
Sejam an e
bn series
de termos nao-negativos. Se existem c > 0
e n0 N tais que an cbn para todo n n0 , entao
a convergencia
de
P P P
bn implica a convergencia de
an , enquanto a divergencia de an
P
acarreta a de bn .
Prova.
Sejam sn0 = an0 + . . . + an e tn0 = bn0 + . . . + bn para todo n n0 .
Instituto de Matematica - UFF 103
Analise na Reta
P
Se a serie bn converge, existe k > 0 tal que b1 + . . . + bn < k
para todo n N. Logo, a sequ encia
crescente (sn0 ) converge, pois sn0 < k
para todo n n0 .
X X
Assim, a serie an converge, e, portanto, an e uma serie
conver-
nn0 n=1
gente.
P
Se a serie
an diverge, a sequ encia (sn ) de suas reduzidas,
tende a . Como sn0 = sn sn0 1 , temos que a sequ encia
(sn0 ) tende a .
P 1
a serie
Entao bn diverge, pois tn tn0 sn0 , para todo n n0 , ja que
c
bn an c para todo n n0 .
X
1
Exemplo 7.5 Se r > 1, a serie
e convergente.
nr
n=1
1
Como os termos
da serie positivos, a sequ encia
sao (sn ) de suas re-
nr
duzidas e crescente.
para provar que (sn ) converge, basta mostrar que (sn ) possui uma
Entao,
subsequ encia limitada.
Para m = 2n 1,
1 1
1 1 1 1
s2n 1 = 1 + r + r + r + r + r + r + . . .
2 3 4 5 6 7
1 1
+ n1 r
+ ... + n r
(2 ) (2 1)
2 4 2n1
< 1+ + + . . . +
2r 4r (2n1 )r
X
n1
2 i
= ,
2r
i=0
1 1
pois = n1 .
(2n 1)r (2 + 2n1 1)r
2 X 2 n
Como r > 1, temos r < 1. Logo, a serie portanto,
converge e e,
2 2r
n=0
Prova.
P
Seja (sn ) a sequ encia
das reduzidas da serie an .
Como sn+p sn = an+1 + . . . + an+p , basta aplicar a` sequ encia
(sn ) o
criterio
de Cauchy para sequ encias.
P
7.1 Uma serie
Definicao an chama-se absolutamente convergente
P
quando a serie |an | e convergente.
P
Exemplo 7.7 Se 1 < a < 1, a serie
geometrica
an e absolutamente
convergente.
Mas nem toda serie convergente e absolutamente convergente.
X
(1)n+1
Exemplo 7.8 A serie
e convergente, mas nao
e absoluta-
n
n=1
mente convergente.
Ja provamos que a serie
X (1)n+1 X
1
n
= ,
n
n=1 n=1
P (1)n+1
e divergente. Vamos mostrar agora que a serie
e convergente.
n
Suas reduzidas de ordem par sao:
1 1
1 1
s2 = 1 ; s4 = 1 + ;...;
2 2 3 4
1
1 1 1 1
s2n = 1 + + ... + ;...
2 3 4 2n 1 2n
Instituto de Matematica - UFF 105
Analise na Reta
1 1
Como
> 0, para todo j > 1, temos que a subsequ encia (s2n )
j1 j
e crescente.
disso, (s2n ) e limitada superiormente.
Alem
Com efeito, existe c > 0 tal que
1 1 1
s2n = + + ... +
21 34 (2n 1) (2n)
1 1
< 1+ 2
+ ... + < c,
3 (2n 1)2
P 1
para todo n N, pois a serie
e convergente e, portanto, limitada.
n2
Logo, existe lim s2n = s 0 .
Suas reduzidas de ordem mpar sao:
1 1
s1 = 1 ; s3 = 1 ;...;
2
1 1 3 1 1
s2n1 = 1 + ... + ;...
2 3 2n 2 2n 1
a subsequ encia
Entao (s2n1 ) e decrescente.
disso, como, para todo n N,
Alem
1 1 1
s2n1 = 1 ...
23 45 (2n 2)(2n 1)
1 1 1
> 1 2
2 ...
2 4 (2n 1)2
1 1 1
> 1 1 + 2 + 2 + ... + .
2 3 (2n 1)2
P 1
e a serie e convergente, temos que a subsequ encia
(s2n1 ) con-
n2
verge, pois (s2n1 ) e limitada inferiormente.
Seja s 00 = lim s2n1 .
1
Como s2n+1 s2n = 0, temos que s 0 = s 00 . Logo, a sequ encia
2n + 1
X
(1)n
(sn ) converge, e s = s 0 = s 00 = .
n
n=1
P P
7.2 Se a serie
Definicao an e convergente, mas a serie
|an | e
P
divergente, dizemos que an e condicionalmente convergente.
Prova.
P
Se a serie |an | converge, dado > 0, existe n0 N tal que
|an+1 | + . . . + |an+p | < ,
quaisquer que sejam n > n0 e p N. Logo, como
|an+1 + . . . + an+p | |an+1 | + . . . + |an+p | < ,
P
temos, pelo criterio
de Cauchy para series, que a serie an converge.
P
Corolario 7.2 Seja
bn uma serie convergente com bm 0 para todo
n N.
Se existem k > 0 e n0 N tais que |an | kbn para todo n > n0 , entao
a
P
serie an e absolutamente convergente.
Prova.
Dado > 0, existe n1 N tal que
|bn+1 + . . . + bn+p | = bn+1 + . . . + bn+p < ,
k
quaisquer que sejam n > n1 e p N.
Tome n2 = max{n1 , n0 }. Entao,
|an+1 | + . . . + |an+p | k (bn+1 + . . . + bn+p ) < ,
quaisquer que sejam n > n0 e p N.
Corolario 7.3 Se, para todo n > n0 tem-se |an | kcn , onde 0 < c < 1
P
a serie
e k > 0, entao an e absolutamente convergente.
Prova.
P
Basta aplicar o corolario anterior, ja que a serie
geometrica cn con-
verge se 0 < c < 1.
Instituto de Matematica - UFF 107
Analise na Reta
pelo corolario
De fato, seja 0 < d < 1 tal que lim sup xn < d. Entao, ,
existe n0 N tal que n |an | < d < 1 para todo n > n0 .
p
Corolario 7.4 (Teste da raiz)
P
|an | c < 1 para todo n > n0 , entao
p
Se existe c tal que n
a serie
an
e absolutamente convergente. Ou seja, se lim sup xn < 1, entao
a serie
P
an e absolutamente convergente.
P
|an | < 1, entao
p
Corolario 7.5 Se lim n
a serie
an e absolutamente
convergente.
P
|an | = 1 e lim an = 0, a serie
p
7.6 Se lim
Observacao n
an pode
convergir ou nao.
P1 P 1
Por exemplo, para ambas as series e
temos que lim an = 0 e
n n2
r 2
1 1 1
lim |an | = 1, pois lim
p
n n
n
= 1 e, portanto lim 2
= lim n
= 1.
n n n
P1 P 1
No entanto, a serie
diverge e a serie converge.
n n2
X
Exemplo 7.9 Consideremos a serie
nr an , onde a, r R. Temos
n=1
r r
lim n |nr an | = lim n |a| = |a| lim n n = |a|.
p n
n n
Logo, a serie converge se |a| < 1.
Como |nr an | 1 para todo n N, se |a| 1 e r 0, o termo geral da
serie tende para zero.
nao
Exerccio 13: Determine quando
P r n P r n
a serie n a diverge ou con-
Logo, a serie n a diverge se |a| 1 e r 0.
verge, se |a| = 1 e r < 0.
an
Se |a| > 1 e r < 0, temos que lim r = +. Logo, neste caso, tambem,
n n
P r n
a serie n a diverge.
|a|
|b2n1 | = lim |a|2n2 = lim = |a| ,
2n1
p 2n1
p
lim
|a|
2n1
p
Prova.
Seja n > n0 . Entao,
|an0 +2 | b |an0 +3 | b |an | b
n0 +2 , n0 +3 , . . . , n .
|an0 +1 | bn0 +1 |an0 +2 | bn0 +2 |an1 | bn1
|a |
ou seja, |an | k bn , onde k = n0 +1 . Entao,
pelo corolario
-, a serie
bn0 +1
P
an e absolutamente convergente.
|an+1 |
Corolario 7.6 Se existe uma constante c tal que 0 < c < 1 e c
|an |
P
para todo n n0 , entao
a serie
an e absolutamente convergente.
Instituto de Matematica - UFF 109
Analise na Reta
|an+1 | P
Ou seja, se lim sup
< 1, a serie an converge absolutamente.
|an |
Prova.
P
Basta tomar bn = cn no teorema anterior, pois a serie
geometrica cn
converge se 0 < c < 1.
|an+1 | P
Corolario 7.7 Se lim a serie
< 1 entao an e absolutamente
|an |
convergente.
P
Exemplo 7.11 Seja a serie
nan . Como
|(n + 1)an+1 |
n + 1
lim = lim |a| = |a| ,
|na |n n
P
temos que a serie an converge.
levam ao mesmo resultado, pois,
Neste caso, o teste da raiz e da razao
como ja vimos, lim n nan = |a|.
|an+1 |
Logo, lim sup temos que a serie
= 2|a| e, pelo teste da razao, con-
|an |
1
verge se |a| < .
2
|an+1 |
lim n |an | e, mais ainda,
p
e, se existe lim existe tambem
, entao
|an |
esses limites coincidem.
X
xn
Exemplo 7.13 Seja a serie
, onde x R.
n!
n=0
|x|n+1 n! |x| X
xn
Como n = 0, temos que a serie
e absoluta-
(n + 1)! |x| n+1 n!
n=0
|an+1 |
7.7 Quando lim
Observacao = 1 nada se pode afirmar, ou seja,
|an |
P
a serie an pode convergir ou divergir. Por exemplo,
P1 |an+1 | n+1
a serie
harmonica diverge e lim = lim = 1;
n |an | n
P 1 |an+1 | n+1
2
a serie
converge e lim = lim = 1.
n2 |an | n
|an+1 | P
7.8 Quando
Observacao 1 para todo n n0 , a serie
an
|an |
tende para zero.
diverge, pois seu termo geral nao
P
Mas, ao contrario se pode concluir que a serie
do teste da raiz, nao an
|an+1 |
diverge apenas pelo fato de se ter 1 para uma infinidade de
|an |
valores de n.
P
Com efeito, se an e uma serie
convergente qualquer e an > 0 para todo
n N, a serie
a1 + a1 + a2 + a2 + . . . + an + an + . . . tambem
e convergente,
0 0
pois s2n = 2sn e s2n1 = 2sn an e, portanto,
0 0
P
lim s2n = lim s2n1 = 2s = 2 an ,
onde sn0 e sn sao as reduzidas de ordem n das series
a1 + a1 + a2 + a2 +
P
. . . + an + an + . . . e an , respectivamente.
Mas, se bn e o termo geral da serie
a1 + a1 + a2 + a2 + . . . + an + an + . . .,
bn+1
temos que = 1 para todo n mpar.
bn
Instituto de Matematica - UFF 111
Analise na Reta
iguais.
tes serao
Prova.
Vamos provar que
an+1
lim inf lim inf n an .
an
ap
ap
k= . Logo,
cp
inf { an+1 , . . . } inf c k, c
n n+1
n
an , n+1
k, . . .
pois,
n n+1 m
inf c k, c k, . . . c k < m am ,
n n+1
para todo m n e n > p. Ou seja, inf c k, c k, . . . e uma cota
inferior do conjunto { n an , n+1 an+1 , . . . }.
Assim, temos que
n
n
an lim inf c k = lim c k = c ,
lim inf n
o que e absurdo, pois estamos supondo que lim inf n an < c.
A desigualdade
an+1
lim sup n
an lim sup
an
prova-se de modo analogo.
Mas,
1
lim 2n1
x2n1 = lim(an bn1 ) 2n1
n n1
= lim a 2n1 b 2n1
1 1 1 1
= lim a 2 + 2(2n1) b 2 2(2n1)
1
1
= a lim a 2(2n1) b lim b 2(2n1)
= ab
2n
lim 2n
x2n = lim an bn = lim a b = a b
Logo, lim n
xn = a b .
Este exemplo mostra que pode existir o limite da raiz sem que exista
o limite da razao.
1 1
Exemplo 7.15 Seja xn =
n
xn = n yn .
. Tome yn = . Entao,
n! n!
Como
yn+1 1 1
lim = lim n! = lim = 0,
yn (n + 1)! n+1
temos que lim n
existe e
yn tambem
y
lim n yn = lim n+1 = 0 .
yn
Logo, lim xn = lim n
yn = 0.
n nn
Exemplo 7.16 Seja xn =
n
e considere yn = n yn = xn .
. Entao,
n! n!
Como
yn+1 (n + 1)n+1 n! (n + 1)(n + 1)n n! 1
n
= n = n
= 1+ e ,
yn (n + 1)! n n!(n + 1)n n
temos que existe lim n
yn . Logo,
Instituto de Matematica - UFF 113
Analise na Reta
yn+1
lim xn = lim n
yn = lim = e.
yn
Prova.
que, para todo n 2,
Vamos mostrar, primeiro, por inducao,
X
n
a1 b1 + a2 b2 + a3 b3 + . . . + an bn = si1 (bi1 bi ) + sn bn ,
i=2
ou seja,
De fato
Se n = 2, a1 b1 + a2 b2 = a1 (b1 b2 ) + (a1 + a2 )b2 .
Suponhamos que a igualdade e verdadeira para n. Entao,
a1 b1 + a2 b2 + . . . + an bn + an+1 bn+1
X
n
= si1 (bi1 bi ) + sn bn + an+1 bn+1
i=2
Xn
= si1 (bi1 bi ) + sn (bn bn+1 ) + sn bn+1 + an+1 bn+1
i=2
X
n+1
= si1 (bi1 bi ) + sn+1 bn+1 .
i=2
Como a sequ encia (sn ) e limitada, existe k > 0 tal que |sn | k para todo
n N.
Temos tambem que a reduzida de ordem n da serie
de termos nao-
X
negativos (bn1 bn ) e b1 bn+1 , que converge para b1 .
n=2
X
X
Logo, a serie sn1 (bn1 bn ) e convergente, pois a serie
(bn1 bn )
n=2 n=2
converge e
|sn1 (bn1 bn )| k(bn1 bn ) , para todo n 2.
X
a serie
Entao an bn e convergente, pois lim sn bn = 0, ou seja, a redu-
n=1
X
n
P
zida
si1 (bi1 bi ) + sn bn de ordem n da serie an bn converge.
i=2
Corolario 7.8 (Criterio
de Abel)
P
Se a serie an e convergente e (bn ) e uma sequ encia
nao-crescente e
P
a serie
limitada inferiormente, entao an bn e convergente.
Prova.
Como a sequ encia (bn ) e nao-crescente
e limitada inferiormente, existe
lim bn = b e b bn para todo n N.
Logo, lim(bn b) = 0 e (bn b) e uma sequ encia
nao-crescente.
P
pelo teorema de Dirichlet, a serie
Entao, an (bn b) e convergente e,
P P
portanto, a serie e convergente, ja que a serie
an bn tambem bn an
converge.
Corolario 7.9 (Criterio
de Leibniz)
P
Se a sequ encia (bn ) e nao-crescente
a serie
e lim bn = 0, entao (1)n bn
e convergente.
Prova.
P
Pelo teorema de Dirichlet, a serie (1)n bn converge, pois as reduzidas
P
da serie (1)n sao
limitadas por 1.
P (1)n
Exemplo 7.17 A serie
e convergente para todo r > 0, pois a
nr
1
sequ encia e decrescente e tende para zero.
nr
P (1)n
Logo, a serie e condicionalmente convergente para 0 < r 1,
nr
P 1
pois ja provamos que a serie
converge quando r 1.
nao
nr
Instituto de Matematica - UFF 115
Analise na Reta
X
cos(nx) X sen(nx)
Exemplo 7.18 Se x 6= 2k , k Z, as series
e ,
n n
n=1
convergentes.
sao
1
Como a sequ encia e decrescente e tende para zero, basta mostrar
n
que as reduzidas sn = cos(x) + cos(2x) + . . . + cos(nx) e tn = sen(x) +
P P
sen(2x) + . . . + sen(nx) das series cos(nx) e sen(nx) sao limitadas.
respectivamente, a parte real e imaginaria
Temos que 1 + sn e tn sao, do
numero
complexo
1 (eix )n+1
1 + eix + . . . + einx = .
1 eix
P
7.9 Dada uma serie
Observacao an , definimos
an se an > 0
pn =
0 se an 0 .
O numero
pn e chamado parte positiva de an .
Analogamente, definimos a parte negativa de an como sendo o numero
0 se an 0
qn =
a se a < 0 . n n
X
mam sequ encias
nao-decrescentes limitadas superiormente por |an |.
n=1
P P
E, reciprocamente, se as series pn e convergentes, entao
qn sao a
P
serie an e absolutamente convergente.
P
Mas, se a serie
an e condicionalmente convergente, entao
as series
P P
pn e qn divergem. De fato, se pelo menos uma dessas series con-
P
verge, a serie an tambem converge.
P
Suponha, por exemplo, que a serie qn converge.
P
a serie
Entao, |an | converge, pois
X
k X
k X
k X
X
|an | = an + 2 qn an + 2 qn .
n=1 n=1 n=1 n=1 n=1
P P
O caso em que a serie
pn converge, prova-se que a serie |an | con-
verge de modo analogo |an | = 2pn an , para todo
usando a relacao
n N.
X
(1)n+1 1 1 1
Exemplo 7.19 Ja sabemos que a serie
= 1 + +. . . e
n 2 3 4
n=1
P
das partes positivas pn =
condicionalmente convergente. Logo, a serie
1 P 1 1
das partes negativas qn = 0 + + 0 + + . . .
1 + 0 + + 0 + . . . e a serie
3 2 4
divergem.
8.
Aritmetica
de series
Vamos investigar, agora, se as propriedades aritmeticas, tais como
associatividade e comutatividade, se estendem das somas finitas para as
series.
P
Associatividade: Dada uma serie
an convergente, ao inserirmos
parenteses
entre seus termos, formamos uma nova serie
cuja sequ encia
(tn ) das reduzidas e uma subsequ encia
da sequ encia (sn ) das reduzidas
P
da serie an .
Como (sn ) e uma sequ encia
o e,
convergente, (tn ) tambem ou seja,
Instituto de Matematica - UFF 117
Analise na Reta
X
a nova serie e convergente e sua soma e igual a s = an .
n=1
Por exemplo, a reduzida tn da serie
(a1 + a2 ) + (a3 + a4 ) + (a5 + a6 ) + . . .
e igual a s2n .
Dissociatividade: Ao dissociarmos os termos de uma serie
conver-
divergente, pois a serie
gente, podemos obter uma serie original pode ser
obtida da nova serie de seus termos. Logo, a sequ encia
por associacao
das reduzidas (sn ) da serie original e uma subsequ encia
das reduzidas
(tn ) da nova serie. Assim, (sn ) pode convergir sem que (tn ) convirja.
P
Por exemplo, dada a serie an convergente, podemos dissociar
a nova serie
seus termos da forma an = an + 1 1. Entao,
a1 + 1 1 + a2 + 1 1 + a3 + 1 1 + . . .
converge para zero.
diverge, pois seu termo geral nao
P
Mas, quando a serie an e absolutamente convergente e dissocia-
mos seus termos como somas finitas an = a1n + . . . + akn de parcelas com
o mesmo sinal, a nova serie obtida converge e converge para a mesma
soma.
Suponhamos, primeiro, que an 0 para todo n N. Se escre-
vermos cada an como uma soma finita de numeros
nao-negativos, obte-
P
mos uma nova serie bn , com bn 0, cuja sequ encia
das reduzidas
(tn ) e uma sequ encia
nao-decrescente,
que possui como subsequ encia a
P
sequ encia
(sn ) das reduzidas da serie an .
Como a subsequ encia (sn ) e limitada superiormente, por ser conver-
(tn ) e,
gente, entao tambem,
limitada superiormente. Logo, (tn ) converge
e converge para o mesmo limite da subsequ encia (sn ). Ou seja, a nova
P P P
serie bn converge e tem soma bn = an .
P
Seja, agora, uma serie an absolutamente convergente.
respectivamente, a parte positiva e a parte nega-
Se pn e qn sao,
P P
tiva de an , temos que as series pn e todos os termos nao-
qn tem
convergentes, e
negativos, sao
P P P
an = pn qn .
P P
Exemplo 8.1 Sejam an e
bn series convergentes com somas s e
P
t, respectivamente. Ja sabemos que a serie
(an + bn ) = (a1 + b1 ) +
(a2 + b2 ) + . . . converge para s + t.
Vamos provar que a serie
a1 + b1 + a2 + b2 + . . ., obtida pela dissociacao
P
dos termos da serie (an + bn ) converge e sua soma e s + t.
nao
Observamos primeiro, que esta afirmacao decorre do provado acima,
P P
estamos supondo que as series
pois nao an e bn sejam absoluta-
mente convergentes e nem que os seus termos an e bn tenham o mesmo
sinal.
P P
Sejam sn e tn as reduzidas das series an e bn respectivamente.
a serie
Entao, a1 +b1 +a2 +b2 +a3 +b3 +. . . tem como reduzidas de ordem
par r2n = sn +tn e como reduzidas de ordem mpar r2n1 = sn1 +tn1 +an .
Logo, lim rn = s + t , ou seja, a serie a1 + b1 + a2 + b2 + . . . e convergente
e tem soma s + t.
P
Comutatividade: Dada uma serie
an , mudar a ordem de seus termos
: N N para formar uma nova serie
significa considerar uma bijecao
P
bn , cujo termo geral e bn = a(n) , para todo n N.
P
8.1 Uma serie
Definicao an e comutativamente convergente quando,
P
: N N, a serie
para toda bijecao bn , cujo termo geral e bn = a(n) ,
P P
e convergente e an = bn .
X
(1)n+1 1 1 1
Exemplo 8.2 A serie
= 1 + + . . . e convergente,
n 2 3 4
n=1
Provaremos depois que a soma s
e absolutamente convergente.
mas nao
da serie do exemplo 8.2 e igual a
de Taylor da
log 2 , usando a serie
X
(1)n+1 1 logaritmo.
funcao
Seja s =
. Multiplicando os termos da serie por , obtemos
n 2
n=1
Instituto de Matematica - UFF 119
Analise na Reta
s X
(1)n+1 1 1 1 1 1
= = + + ...
2 2n 2 4 6 8 10
n=1
Entao,
s 1 1 1 1 1
=0+ +0 +0+ +0 +0+ ...,
2 2 4 6 8 10
pois, se incluirmos zeros entre os termos de uma serie, alteramos a
nao
sua convergencia e nem a sua soma.
P P
De fato, se sn e tn sao
as reduzidas da serie
an e da serie bn ,
obtida acrescentando zeros entre os seus termos an , temos que, dado
n0 N, existe m0 N tal que tm0 = sn0 .
Assim, se |sn s| < para todo n n0 , entao
|tn s| < para todo
m m0 , existe n n0 tal que m = n.
somando termo a termo as series
Entao,
s 1 1 1 1 1
=0+ +0 +0+ +0 +0+ ... ,
2 2 4 6 8 10
e
1 1 1 1 1 1 1 1 1
s=1 + + + + + ...,
2 3 4 5 6 7 8 9 10
obtemos a serie
3s 1 1 1 1 1 1 1 1
=1+0+ + +0+ + + + ...
2 3 2 5 7 4 9 11 6
Pela propriedade associativa, pois retiramos os termos zeros de uma serie
sem alterar sua convergencia nem a sua soma. Logo,
3s 1 1 1 1 1 1 1 1
=1+ + + + + + ...
2 3 2 5 7 4 9 11 6
P
Precisamos ainda provar que os termos da serie
(an + bn ), onde
P 1 1 1
an = 0 + + 0 + 0 + + . . .
2 4 6
e
P 1 1 1 1 1
bn = 1 + + + ...
2 3 4 5 6
P
os termos da serie
sao bn , depois de eliminarmos os zeros, so que
numa ordem diferente!
(1)n+1 (1)n+1
De fato, como a2n1 = 0, a2n = e bn = , temos:
2n n
a2n1 + b2n1 = b2n1
e
(1)n+1 (1)2n+1 (1)n+1 + (1)2n+1
a2n + b2n = + = .
2n n 2n
2 (1)n+1
Logo, a2n + b2n = = se n e par, e a2n + b2n = 0 se n e mpar.
2n n
Provamos, assim, que os termos da serie
1 1 1 1 1 1 1 1
1+ + + + + + ...
3 2 5 7 4 9 11 6
3s
cuja soma e os mesmos da serie
sao original, cuja soma e s, apenas
2
com uma mudanca de ordem.
dos termos de uma serie
Assim, uma reordenacao convergente pode al-
terar o valor da sua soma!
Prova.
P
Suponhamos, primeiro que an e uma serie
convergente com an 0
para todo n.
Seja : N N uma bijecao
e tomemos bn = a(n) .
P P P
Vamos provar que a serie bn e convergente e que bn = an .
Sejam sn = a1 + . . . + an e tn = a(1) + . . . + a(n) as reduzidas de ordem
P P
n das series an e bn , respectivamente.
Instituto de Matematica - UFF 121
Analise na Reta
Seja n = max 1 (1), . . . , 1 (m) . Entao,
1
(1), . . . , 1 (n) {1, 2, . . . , n} .
Logo,
X
m X
n
sm = b1 (i) = tn .
i=1 j=1
P
3: lim sn = lim tn = s , ou seja,
Afirmacao bn e convergente e
P P
bn = an .
De fato, como s = lim sm = sup sm e t = lim tn = sup tn , temos que
mN nN
4: Toda reordenacao
Afirmacao (bn ) dos termos an da serie
original da
(un ) para os pn e uma reordenacao
lugar a uma reordenacao (vn ) para
os qn , de tal modo que cada un e a parte positiva e cada vn e a parte
negativa de bn .
De fato, se bn = a(n) , sendo : N N uma bijecao,
temos que:
un = a(n) = p(n) = bn , se an = bn < 0
v = 0 = q , se a = b 0.
n (n) (n) n
P P
Pelo provado anteriormente, as series
un e vn convergem, sendo
P P P P
un = pn e vn = qn .
P P P P
Logo, a serie bn e absolutamente convergente e bn = un vn .
P P P P P P
disso,
Alem an = pn qn = un vn = bn .
P
Teorema 8.2 Seja condicionalmente convergente. Dado
an uma serie
P
qualquer numero
(bn ) dos termos de an ,
real c, existe uma reordenacao
P
de modo que bn = c.
Prova.
sejam pn a parte positiva e qn a parte negativa de an . Como a serie
P
an e condicionalmente convergente, temos que lim an = 0, e, portanto,
P P
lim pn = lim qn = 0, mas pn = + e qn = +.
P
Vamos reordenar os termos da serie an da seguinte maneira:
Sejam
n1 N o menor ndice tal que p1 + . . . + pn1 > c .
n2 N o menor ndice tal que
p1 + . . . + pn1 q1 . . . qn2 < c .
n3 N o menor ndice tal que
p1 + . . . + pn1 q1 . . . qn2 + pn1 +1 + . . . + pn3 > c .
n4 N o menor ndice tal que
p1 + . . . + pn1 q1 . . . qn2 + pn1 +1 + . . . + pn3 qn2 +1 . . . qn4 < c .
P P
Esses ndices existem, pois pn = + e qn = +.
da serie
Prosseguindo desta maneira, obtemos uma reordenacao tal que
as reduzidas tn da nova serie tendem para c.
De fato, para todo i 3 mpar, temos
X
ni X
ni+1
X
ni X
ni1
tni +ni+1 = pj q` < c < pj q` = tni1 +ni ,
j=1 `=1 j=1 `=1
0 < tni1 +ni c < pni , e 0 < c tni +ni+1 < qni+1 ,
X
ni X
ni1
pois ni e o menor inteiro tal que pn q` < c e ni+1 e o menor
j=1 `=1
X
ni X
ni1
inteiro tal que pj q` > c.
j=1 `=1
Sendo lim pni = lim qni+1 = 0, temos que lim tni +ni+1 = lim tni1 +ni = 0 .
disso, dado n N, existe i mpar, tal que
Alem
ni1 + ni < n < ni + ni+1 = tni +ni+1 tn tni1 +ni ,
ou
ni + ni+1 < n < ni+1 + ni+2 = tni +ni+1 tn tni+1 +ni+2 .
Logo, lim tn = c, ou seja, a nova serie tem soma c.
Instituto de Matematica - UFF 123
Analise na Reta
P
8.1 Podemos reordenar uma serie
Observacao an condicionalmente
convergente de modo que a serie reordenada tenha soma + ou .
De fato, sejam
n1 N tal que p1 + . . . + pn1 > 1 + q1 ,
n2 N tal que n2 > n1 e
p1 + . . . + pn1 q1 + pn1 +1 + . . . + pn2 > 2 + q2 ,
n3 N tal que n3 > n2 e
p1 + . . . + pn1 q1 + pn1 +1 + . . . + pn2 q2 + pn2 +1 + . . . + pn3 > 3 + q3 .
P
Prosseguindo desta maneira, obtemos uma reordenacao da serie
an ,
de modo que as reduzidas tn da nova serie satisfazem:
tni +(i1) > i + qi > i e tni +i > i , para todo i N .
Como, dado A > 0, existe i0 N, tal que i0 > A, temos que tn > i0 > A
para todo n ni0 +(i0 1)
Portanto, as reduzidas da nova serie tendem para +.
P
dos termos da serie
Para provar que existe uma reordenacao an de
modo que a nova serie tenha soma , basta trocar pi por qi no argu-
mento acima.
P
Corolario 8.1 Uma serie
an e absolutamente convergente se, e so-
mente se, e comutativamente convergente.
X X
Teorema 8.3 Se an e series
bn sao absolutamente convergen-
n0 n0
tes, entao
P P P
( an ) ( bn ) = cn ,
onde cn = a0 bn + a1 bn1 + . . . + an b0 para todo n 0.
Prova.
Ja sabemos que, para todo n 0,
onde
X
n X
n1
xn = ai bn + an bj
i=0 j=0
= a0 bn + a1 bn + . . . + an bn + an bn 1 + . . . + an b0 .
P P P
E, portanto, ( an ) ( bn ) = xn .
P
dos termos xn , obtemos a serie
Pela dissociacao ai bj , cujos termos
ordenados de modo que as parcelas de xn precedem as de xn + 1.
sao
P
Para cada k 0, a reduzida de ordem (k + 1)2 da serie
|ai bj | e
X X X X X
k k
! k
! ! !
|ai | |bj | = |ai | |bj | |an | |bn | ,
i,j=0 i=0 j=0 n0 n0
P
ou seja, a subsequ encia das reduzidas de ordem (k + 1)2 da serie
|ai bj |
e limitada.
P
Logo, a sequ encia
das reduzidas da serie |ai bj | e convergente, por ser
nao-decrescente e limitada, ja que possui uma subsequ encia
limitada.
P
Assim, a serie ai bj e absolutamente convergente.
P
Reordenando e depois associando os termos da serie ai bj , obtemos a
P X
nova serie cn , onde cn = a0 bn + . . . + an b0 = ai bj .
i+j=n
P
Como a serie ai bj e absolutamente convergente, temos que
X X X X X
! !
an bn = xn = ai bj = cn .
n0 n0 n0 n0
Instituto de Matematica - UFF 125
126 J. Delgado - K. Frensel
Conjuntos abertos
Parte 4
Topologia da reta
Nesta parte estudaremos as propriedades topologicas do conjunto
dos numeros
reais, de modo a estabelecer os conceitos de limite e conti-
reais de variavel
nuidade de funcoes real.
1. Conjuntos abertos
Instituto de Matematica - UFF 127
Analise na Reta
De fato,
|y x| < < y x < x < y < x + y (x , x + ).
1.3
Observacao
int X X.
X Y entao
int X int Y.
Se int X 6= , X contem
um intervalo aberto, sendo, portanto, infinito
nao-enumer
avel.
Logo, int X = , se X e finito ou infinito enumeravel.
Prova.
Sejam A1 , . . . , An R conjuntos abertos e seja
A = A1 . . . An .
Se x A, entao
x Ai para todo i = 1, . . . , n.
Instituto de Matematica - UFF 129
Analise na Reta
e um conjunto aberto.
Prova.
S
Se x A = L existe 0 L tal que x A0 .
A , entao
1.5 A intersecao
Observacao de uma infinidade de conjuntos abertos
ser um conjunto aberto.
pode nao
1 1
Por exemplo, considere, para cada n N, o conjunto aberto An = ,
n n
T
e seja A = nN An .
1 1
seja, x 6 An0 = , .
n0 n0
Logo, se x 6= 0, entao
x 6 A.
1 1
De fato, se x [a, b], entao
a a x b < b + para todo n N,
n n
1 1
\
ou seja, x a ,b + . Assim [a, b] A.
n n
n=1
1 1
Se x > b, existe n0 N tal que
< x b, ou seja, x > b + . Entao
n0 n0
1 1 1 1
\
x 6 a ,b + e, portanto, x 6 a ,b + .
n0 n0 n n
n=1
1
De modo analogo, se x < a, existe n0 N tal que < a x, ou seja,
n0
1 1 1
x < a . Logo, x 6 a , a + e, portanto, x 6 A.
n0 n0 n0
1 1 1 1
\ \
Entao, a ,b + [a, b]. Logo, a ,b + = [a, b].
n n n n
n=1 n=1
e uma reuniao
de conjuntos abertos.
Instituto de Matematica - UFF 131
Analise na Reta
Prova.
Para cada L, seja I = (a , b ). Entao,
a < b quaisquer que se-
jam , L, pois a < p < b .
Sejam a = inf{a | L} e b = sup{b | L}.
a a < p < b b, ou seja, a < b.
Entao,
Pode, ainda, ocorrer que seja a = ou b = +, ou seja, pode ocorrer
que o conjunto {a | L} seja ilimitado inferiormente ou que o conjunto
{b | L} seja ilimitado superiormente.
[
Afirmacao: (a, b) = I .
L
[
Como a a < b b para todo L, temos que I (a, b).
L
Prova.
Para cada x A, seja Ix a reuniao
de todos os intervalos abertos que
x e estao
contem contidos em A. Cada Ix , pelo lema anterior, e um inter-
valo aberto tal que x Ix A.
Se I e um intervalo aberto qualquer que contem
x e esta contido em A,
I Ix . Isto e,
entao, Ix e o maior intervalo aberto que contem
x e esta
contido em A.
1: Se x, y A, entao
Afirmacao Ix = Iy ou Ix Iy = .
se x, y L e x 6= y.
[
2: Se A =
Afirmacao J e uma uniao
de intervalos abertos dois a
L
L e enumeravel.
dois disjuntos, entao
Unicidade
[
Seja A = intervalos abertos dois a
Jm , onde os Jm = (am , bm ) sao
mN
dois disjuntos.
Instituto de Matematica - UFF 133
Analise na Reta
3: am e bm nao
Afirmacao pertencem a A.
Fig. 2: a am .
Fig. 3: bm b.
Corolario 1.1 Seja I um intervalo aberto. Se I = A B, onde A e B
conjuntos abertos disjuntos, entao
sao um desses conjuntos e igual a I e
o outro e vazio.
Prova.
Se A 6= e B 6= , as decomposicoes
de A e B em intervalos aber-
de I com pelo menos
tos disjuntos dariam origem a uma decomposicao
dois intervalos, o que e absurdo, pela unicidade da decomposicao,
ja que
I e um intervalo aberto.
2. Conjuntos fechados
2.1
Observacao
Todo ponto a X e aderente a X.
Basta tomar a sequ encia constante xn = a, n N.
Mas a R pode ser aderente a X sem pertencer a X.
1
Por exemplo, 0 e aderente ao conjunto X = (0, +), pois X, para todo
n
1
nNe 0.
n
Prova.
(=) Seja (xn ) uma sequ encia de pontos de X tal que xn a.
dado > 0, existe n0 N tal que xn (a , a + ) para todo
Entao,
n > n0 .
Assim, (a , a + ) X 6= para todo > 0.
1 1
(=) Para cada n N, seja xn X a , a + (xn ) e uma
. Entao
n n
1
sequ encia de pontos de X tal que xn a, pois |xn a| < para todo
n
1
n N, e 0.
n
Corolario 2.1 Um ponto a R e aderente a um conjunto X R se, e
so se, I X 6= para todo intervalo aberto I contendo a.
Prova.
Basta observar que para todo intervalo aberto contendo a existe > 0
tal que (a , a + ) I.
Instituto de Matematica - UFF 135
Analise na Reta
Corolario 2.2 Sejam X R um conjunto limitado inferiormente e Y R
a = inf X e aderente a X e
um conjunto limitado superiormente. Entao,
b = sup Y e aderente a Y.
Prova.
Dado > 0, existem x X e y Y tais que a x < a + e b < y b.
Logo, (a , a + ) X 6= e (b , b + ) Y = .
2.3
Observacao
X X.
Se X Y = X Y .
2.5
Observacao
De modo analogo,
podemos provar que
Prova.
De fato, F e fechado
Corolario 2.3 (a) R e o conjunto vazio sao
fechados.
F1 . . . Fn e fechado.
conjuntos fechados, entao
(b) Se F1 , . . . , Fn sao
(c) Se (F )L e uma famlia qualquer de conjuntos fechados, entao
a
\
F=
intersecao F e um conjunto fechado.
L
Instituto de Matematica - UFF 137
Analise na Reta
Prova.
conjuntos abertos, temos que
(a) Como R R = e R = R sao
conjuntos fechados.
R e sao
n
\
(b) Como R (F1 . . . Fn ) = (R Fi ) e um conjunto aberto, pois cada
i=1
junto fechado.
2.6 A reuniao
Observacao de uma famlia arbitraria
de conjuntos fe-
ser um conjunto fechado.
chados pode nao
De fato, como todo conjunto X e a reuniao de seus pontos, ou seja,
[
X = {x} , e os conjuntos {x} sao
fechados, basta considerar um con-
xX
e fechado.
junto X que nao
Prova.
Seja x R X, ou seja, x nao
e aderente a X. Entao,
existe um intervalo
I tal que x I e I X = , ou seja, x I R X.
[
Exemplo 2.4 Z e um conjunto fechado, pois R Z = (n, n + 1) e um
nZ
conjunto aberto.
do conjunto de Cantor.
Fig. 4: Construcao
[
Logo, K e um conjunto fechado, pois [0, 1] e R conjuntos fe-
In sao
n=1
Instituto de Matematica - UFF 139
Analise na Reta
sao
da construcao, retirados apenas pontos interiores dos intervalos res-
tantes da etapa anterior.
Esses pontos extremos dos intervalos omitidos formam um subconjunto
infinito enumeravel e enumeravel.
de K, mas, como veremos depois, K nao
contem
Vamos provar, agora, que K nao nenhum intervalo aberto, ou seja,
int K = .
De fato, na nesima retirados 2n1 in-
de K, sao
etapa da construcao
1
tervalos abertos de comprimento 3n
, restando 2n intervalos fechados de
1
comprimento 3n
.
Logo, existe k0 {1, . . . , 2n0 } (verifique!) tal que I Jk0 , o que e absurdo,
1
pois 3n0
< `.
2.11
Observacao
Prova.
Se X e finito, entao
X e denso em si mesmo, pois X = X.
h p p + 1
Se X , 6= , escolhemos um ponto xpn nessa intersecao.
n n
E e denso em X.
Afirmacao:
Seja I = (a, b) um intervalo aberto contendo algum ponto de X e seja
x I X.
Instituto de Matematica - UFF 141
Analise na Reta
1
Sejam n0 N tal que < max{d(a, x), d(b, x) } e p0 Z tal que
n0
p0 p0 + 1 p0 p0 + 1
x ,
. Entao, , I, pois, caso contrario,
teramos
n0 n0 n0 n0
1 1
que > d(a, x) ou > d(b, x).
n0 n0
h
p0 p0 +1
Fig. 5: x n0
, n (a, b) .
0
p0 p0 + 1
Logo, como x , X 6= , existe o ponto xp0 n0 E, que
n0 n0
p p +1
pertence a I, pois xp0 n0
tambem 0, 0 I.
n0 n0
h
p0 p0 +1
Fig. 6: xp0 n0 n0
, n I = (a, b) .
0
um ponto de
Mostramos, assim, que todo intervalo aberto I que contem
um ponto xpn E.
contem
X, tambem
Logo, E e denso em X.
Logo, y E [x, x + ) E (x , x + ).
Mostramos, assim, que (x , x + ) E 6= , para todo x K e > 0.
3.
Pontos de acumulacao
Prova.
(1) = (2) Seja x1 X tal que 0 < |x1 a| < 1.
Suponhamos que foi possvel determinar pontos x1 , x2 , . . . , xn X tais que
1
0 < |xj a| < |xj1 a| e 0 < |xj a| < , j = 2, . . . , n.
j
Instituto de Matematica - UFF 143
Analise na Reta
Com isso, construmos uma sequ encia (xn ) de pontos de X dois a dois
1
distintos que converge para a, pois |xn+1 a| < |xn a| e |xn a| < ,
n
para todo n N.
(2) = (3) Seja (xn ) uma sequ encia de pontos de X dois a dois distintos
a.
que converge para a e seja I um intervalo aberto que contem
existem > 0 tal que (a , a + ) I e n0 N tal que
Entao,
xn (a , a + ) para todo n n0 .
Logo, {xn | n n0 } I. Assim I contem
uma infinidade de pontos de X,
pois os termos xn da sequ encia dois a dois distintos.
sao
trivial verificar esta implicacao.
(3) = (1) E
Corolario 3.1 Se X 0 6= , entao
X e infinito.
Instituto de Matematica - UFF 145
Analise na Reta
3.1 X nao
Observacao possui ponto isolado se, e somente se, X X 0 .
possuem pontos isolados,
Em particular, Q e o conjunto de Cantor K nao
pois Q Q 0 = R e K K 0 .
Prova.
de ponto aderente e de ponto de acumulacao,
Pela definicao temos que
X X e X 0 X. Logo, X X 0 X.
a X ou a X 0 , isto e,
Assim, se a X, entao X X X 0 .
Corolario 3.2 X e fechado se, e somente se, X 0 X.
Prova.
X e fechado X = X X = X X 0 X 0 X.
K = K 0 , pois K e
Exemplo 3.6 Se K e o conjunto de Cantor, entao
fechado, ou seja, K 0 K, e tambem
K K 0 , pelo exemplo 3.2.
Corolario 3.3 Um conjunto X R e fechado sem pontos isolados se, e
somente se, X 0 = X.
Corolario 3.4 Se todos os pontos do conjunto X sao
isolados, entao
X
e enumeravel.
Prova.
Seja E X um subconjunto enumeravel
denso em X, ou seja, X E.
Instituto de Matematica - UFF 147
Analise na Reta
1
Logo, a < xn+1 < a + e xn+1 < a + xn a = xn .
n+1
por inducao,
Isto completa a definicao, da sequ encia
(xn ) decrescente de
1
pontos de X tal que a < xn < a + para todo n N.
n
Logo, lim xn = a.
Prova.
Como F 0 = F e F 6= , temos que F 0 6= . Logo, F = F 0 e infinito. Entao,
existe y F tal que y 6= x.
Seja [a, b] um intervalo fechado tal que x 6 [a, b] e y (a, b).
Seja G = (a, b) F. Entao,
G e limitado e nao-vazio,
pois y G. Alem
possui pontos isolados.
disso, G nao
De fato, se c e um ponto isolado de G, existe > 0 tal que
(c , c + ) (a, b) F = {c}.
para 0 = min{, b c, c a}, temos
Entao,
(c 0 , c + 0 ) (a, b) (c , c + )
e, portanto, (c 0 , c + 0 ) F = {c}, o que e absurdo, pois F nao
possui
pontos isolados.
Se G e fechado, basta tomar Fx = G, pois x 6 G.
e fechado.
Suponhamos que G nao
Instituto de Matematica - UFF 149
Analise na Reta
ou a G 0 ou b G 0 .
Como G [a, b] F, entao
esse(s) ponto(s) a G para obter Fx .
Acrescentamos, entao
a G 0 , e, portanto,
Suponhamos que a G e ponto isolado de G. Entao
de G, o que e absurdo.
a e ponto de acumulacao
De modo analogo, e ponto isolado de G, caso b G.
prova-se que b nao
Prova.
Seja X = {x1 , x2 , . . . , xn , . . .} um subconjunto enumeravel
de F.
Pelo lema anterior, existe um conjunto F1 nao-vazio, limitado, fechado, e
sem pontos isolados tal que x1 6 F1 F.
Suponhamos que existem subconjuntos F1 , F2 , . . . , Fn , nao-vazios, limita-
dos, fechados e sem pontos isolados tais que
Fn . . . F2 F1 F e xj 6 Fj , para todo j = 1, . . . , n.
pelo lema, existe Fn+1 nao-vazio,
Entao, limitado, fechado e sem pontos
isolados tal que xn+1 6 Fn+1 Fn .
Obtemos, assim, uma sequ encia
decrescente (Fn ) de conjuntos nao-vazios,
fechados, limitados e sem pontos isolados tais que xn 6 Fn para todo
n N.
Como Fn 6= , para todo n N, existe yn Fn . A sequ encia
(yn ) e
limitada, pois yn Fn F1 para todo n N e F1 e limitado.
Logo, a sequ encia
(yn )nN possui uma subsequ encia (ynk )kN conver-
gente.
Seja y = lim ynk .
k
Corolario 3.5 Todo conjunto fechado nao-vazio
enumeravel possui al-
gum ponto isolado.
Corolario 3.6 O conjunto de Cantor e nao-enumer
avel.
4. Conjuntos compactos
h1 3i
Exemplo 4.1 Seja X = , e seja C = {C1 , C2 , C3 } uma famlia de
3 4
subconjuntos de R, onde
2 1 1 9
C1 = 0, , C2 = ,1 e C3 = , .
3 3 2 10
C e uma cobertura de X, pois X C1 C2 C3 = (0, 1) e
Entao,
C 0 = {C1 , C2 } e uma subcobertura de C, pois X C1 C2 = (0, 1).
1 1
Exemplo 4.3 Seja X = 1, , . . . , , . . . . Entao
X e infinito e todos os
2 n
isolados, pois X = {0} e, portanto, X X 0 = .
seus pontos sao 0
Instituto de Matematica - UFF 151
Analise na Reta
[ [ [
Como X = {x} Ix X, temos que X = Ix , ou seja C = (Ix )xX e
xX xX xX
uma cobertura de X.
Mas C nao
possui uma subcobertura propria,
pois se x X, entao
x 6 Iy ,
para todo y 6= x, y X, ja que Iy X = {y}.
Prova.
Seja
X = {x [a, b] [a, x] pode ser coberto por um numero finito dos intervalos I } .
c X.
Afirmacao:
Como a x b para todo x X, temos que a c b, ou seja, c [a, b].
existe 0 L tal que c I0 = (, ).
Entao
Sendo < sup X = c, existe x X tal que < x c < . Como x X,
existem 1 , . . . , n L tais que [a, x] I1 . . . In .
[a, c] I1 . . . In I0 , pois [x, c] (, ) = I0 . Logo, c X.
Entao,
c = b.
Afirmacao:
existe c 0 I0 tal que c < c 0 < b.
Suponhamos que c < b. Entao
Assim, [a, c 0 ] I1 . . . In I0 , ou seja, c 0 X, o que e absurdo, pois
c 0 > c = sup X.
Logo, b X, ou seja, o intervalo [a, b] esta contido numa uniao
finita dos
I .
Prova.
Seja C = (A )L uma cobertura de [a, b], onde cada A e aberto.
Seja x [a, b]. Entao
existe x L tal que x Ax . Sendo Ax aberto,
existe um intervalo aberto Ix tal que x Ix Ax .
[
Logo, [a, b] Ix . Pelo teorema anterior, existem x1 , . . . , xn [a, b]
x[a,b]
tais que [a, b] Ix1 Ix2 . . . Ixn . Assim, [a, b] Ax1 . . . Axn .
finita.
Prova.
Sejam A = R F e [a, b] um intervalo fechado e limitado tal que F [a, b].
!
[
Logo, [a, b] A A. Como A e aberto, temos, pelo teorema
L
4.1 As tres
Observacao formas do teorema de Borel-Lebesgue anteri-
equivalentes.
ores sao
1
Exemplo 4.5 O intervalo (0, 1] possui a cobertura aberta ,2
n nN
Instituto de Matematica - UFF 153
Analise na Reta
Prova.
(1) = (2) Segue do teorema de Borel-Lebesgue.
(2) = (3) Seja X K um conjunto sem pontos de acumulacao
em K.
Vamos provar que X e finito.
Seja x K. Como x 6 X 0 , existe um intervalo aberto Ix tal que Ix X = {x}
se x X, e Ix X = , se x 6 X.
[
Como K Ix , existem x1 , . . . , xn K, tais que K Ix1 . . .Ixn . Entao,
xK
Seja (xn )nN 0 uma subsequ encia de (xn ). Como N 0 N e ilimitado, para
todo n N existe n 0 N 0 tal que n 0 > n.
Logo, xn 0 > n 0 > n. Entao,
a subsequ encia
(xn )n N 0 nao
e limitada
e convergente.
superiormente e, portanto, nao
Assim, a sequ encia possui uma subsequ encia
(xn )nN de pontos de K nao
convergente, o que e absurdo. Logo, K e limitado superiormente.
De modo analogo, podemos provar que K e limitado inferiormente. Entao,
K e limitado.
Seja (xn ) uma sequ encia convergente de pontos de K com lim xn = x.
Como (xn ) possui uma subsequ encia (xnk )kN que converge para um
ponto de K e lim xnk = x, temos que x K.
k
Logo, K e fechado.
Corolario 4.1 Toda sequ encia
limitada de numeros
reais possui uma
subsequ encia convergente.
Prova.
Seja (xn ) uma sequ encia limitada de numeros
reais e seja
X = {x1 , x2 , . . . , xn , . . .}.
Como X e limitado, existem a, b R, a < b, tais que X [a, b].
Corolario 4.2 (Bolzano-Weierstrass)
Todo conjunto limitado e infinito de numeros
reais possui um ponto de
acumulacao.
Prova.
Seja X um conjunto limitado e infinito de numeros
existem
reais. Entao,
a, b R, a < b, tais que X [a, b].
Instituto de Matematica - UFF 155
Analise na Reta
Exemplo 4.6
1 1
O conjunto Y = 0, 1, , . . . , , . . . e compacto, pois Y = X = X X 0 ,
2 n
1 1
onde X = 1, , . . . , , . . . .
2 n
O conjunto de Cantor e compacto.
Os intervalos do tipo [a, b] sao
compactos.
R, Q e Z nao
sao
compactos porque nao
sao
limitados.
Q [0, 1] nao
e compacto, pois Q [0, 1] = [0, 1] e, portanto, Q [0, 1]
e fechado.
nao
compacto.
Prova.
O conjunto K e fechado, pois e intersecao
de uma famlia de conjuntos
fechados, e e limitado, pois K K1 e K1 e limitado (por ser compacto).
Logo, K e compacto.
Para cada n N, tome xn Kn . Entao,
xn Kj para todo n j. Em
particular, xn K1 para todo n N.
Como K1 e compacto, a sequ encia
(xn ) de pontos de K1 possui uma sub-
sequ encia convergente (xnk ). Seja x = lim xnk .
k
do Teorema de Borel-Lebesgue
Aplicacao
n
[ X
n
4.1 Se [a, b]
Proposicao ba<
(ai , bi ), entao (bi ai ).
i=1 i=1
Prova.
Podemos supor, sem perda de generalidade, que (ai , bi ) [a, b] 6= para
todo i.
Sejam c1 < c2 < . . . < ck os numeros
ai e bj ordenados de modo cres-
cente.
k1
[
{a1 , . . . , an , b1 , . . . , bn }
Entao (cj , cj+1 ) = , ou seja, ai 6 (cj , cj+1 ) e
j=1
cj < a
pode ser um dos bi , pois, caso contrario,
Neste caso, cj nao (ai , bi )
pode estar
[a, b] = . Logo, cj = ai para algum i = 1, . . . , n. Como bi nao
entre cj e cj+1 , temos que (cj , cj+1 ) (ai , bi )
cj > b
Instituto de Matematica - UFF 157
Analise na Reta
X
k1 X
n
Assim, b a < (cj+1 cj ) (bi ai ) .
j=1 i=1
[ X
4.2 Se [a, b]
Proposicao (b a) <
(an , bn ) entao (bn an ) .
n=1 n=1
Prova.
Pelo teorema de Borel-Lebesgue, existem n1 , . . . , nk N tais que
[a, b] (an1 , bn1 ) . . . (ank , bnk ) .
pela proposicao
Entao, anterior, b a < (bn1 an1 ) + . . . + (bnk ank ) .
X
Portanto, b a < (bn an ) .
n=1
X
4.3 Se
Proposicao o conjunto
(bn an ) < b a, entao
n=1
[
X = [a, b] (an , bn )
n=1
e nao-enumer
avel.
enumeravel.
c
Tome, para cada n N, um intervalo Jn de centro xn e raio n+2 . Logo,
2
! !
[ [
[a, b] (an , bn ) Jn . (?)
n=1 n=1
Mas,
X
X
X
X
1 cX 1
(bn an ) + |Jn | = (bn an ) + c = (b a) c +
2n+1 2 2n
n=1 n=1 n=1 n=1 n=1
c c
= (b a) c + = (b a) < b a ,
2 2
anterior.
o que contradiz (?), pela proposicao
Aplicacoes
de intervalos abertos cujos centros sao
(A) Existe uma colecao todos
os numeros
e uma cobertura de [a, b].
racionais do intervalo [a, b] que nao
Seja X = {r1 , r2 , . . . , rn , . . .} uma enumeracao
dos racionais contidos no
intervalo [a, b].
ba
Para cada n N, seja (an , bn ) o intervalo aberto de centro rn e raio .
2n+2
X
ba X
Entao, (bn an ) = < b a . Logo, [a, b]
(an , bn ) nao
2
n=1 n=1
[
e vazio, pois nao
e enumeravel,
ou seja, [a, b] 6 (an , bn ).
n=1
(B) Existe um conjunto fechado, nao-enumer
avel, formado apenas
por numeros
irracionais.
Com efeito, sejam (an , bn ), n N, os intervalos do exemplo anterior.
Entao
!
[ [
X = [a, b] (an , bn ) = [a, b] R (an , bn )
n=1 n=1
e fechado, nao
enumeravel
e formado apenas por numeros
irracionais.
Instituto de Matematica - UFF 159
160 J. Delgado - K. Frensel
e propriedades do limite
Definicao
Parte 5
Limites de funcoes
Voltaremos a` nocao
de limite sob uma forma mais ampla, conside-
reais de variavel
rando, agora, funcoes real, f : X R, com X R, em
vez de sequencias.
1. e propriedades do limite
Definicao
proximo de L, desde que se tome x X suficientemente proximo
de a e
diferente de a.
Instituto de Matematica - UFF 161
Analise na Reta
tal limite, quando existe, depende apenas dos valores f(x) para x proximo
e diferente de a.
E possvel ter-se lim f(x) 6= f(a).
xa
1 , se x R {0}
Por exemplo, se f : R R e a funcao
definida por f(x) =
0 , se x = 0 ,
Tem-se, tambem, que L f(V ), onde V = (a , a + ) (X {a}) e
> 0.
Prova.
Dado > 0, existem 1 > 0 e 2 > 0 tais que:
x X {a} e 0 < |x a| < 1 = |f(x) L1 | < ;
2
x X {a} e 0 < |x a| < 2 = |f(x) L2 | < .
2
Prova.
Dado > 0, existe > 0 tal que |f(x) L| < qualquer que seja
x (X {a}) (a , a + ) .
|g(x) L| = |f(x) L| < para todo x (Y {a}) (a , a + ).
Entao,
Logo, lim g(x) = L.
xa
Instituto de Matematica - UFF 163
Analise na Reta
Prova.
Seja L = limxa f(x). Dado = 1 > 0, existe > 0 tal que |f(x) L| < 1
para todo x (X {a}) (a , a + ).
|f(x)| |f(x) L| + |L| < 1 + |L| = A para todo x (X {a}) (a
Entao,
, a + ).
Prova.
Dado > 0, existem 1 > 0 e 2 > 0 tais que:
|f(x) L| < se x X e 0 < |x a| < 1 .
2
|h(x) L| < se x X e 0 < |x a| < 2 .
2
Tome = min{1 , 2 }. Entao,
L f(x) g(x) h(x) L + ,
para todo x (X {a}) (a , a + ). Logo, lim g(x) = L.
xa
Prova.
ML L+M
Seja = L+ =
> 0. Entao, = M e existe > 0
2 2
tal que L < f(x) < L + = M e M < g(x) < M + para todo
x (X {a}) (a , a + ).
M+L
Logo, f(x) < < g(x), ou seja, f(x) < g(x) para todo x (X {a})
2
(a , a + ).
Corolario 1.1 Se xa existe > 0 tal que x X,
lim f(x) = L > 0, entao
Corolario 1.2 Se xa
lim f(x) = L, lim g(x) = M e f(x) g(x) para todo
xa
x X {a}, entao
L M.
lim xn = a.
n
Prova.
Suponhamos que lim f(x) = L e que lim xn = a, com xn X {a}
xa n
Corolario 1.3 Existe xa
lim f(x)se, e so se, lim f(xn ) existe e independe
n
da sequ encia (xn ) X {a} com lim xn = a.
n
Corolario 1.4 Se existe n
lim f(xn ) para toda sequ encia (xn ) X {a}
Prova.
Basta provar que lim f(xn ) independe da sequ encia (xn ) X {a} com
n
lim xn = a.
n
Suponhamos, por aburdo, que existem duas sequ encias (xn ) e (yn ) de
pontos de X {a} tais que lim xn = lim yn = a, mas lim f(xn ) = L 6=
n n n
M = lim f(yn ).
n
Instituto de Matematica - UFF 165
Analise na Reta
a sequ encia
Entao, (zn ) X {a}, dada por z2n = xn e z2n1 = yn , e uma
sequ encia de pontos de X {a} que converge para a, mas que (f(zn )) nao
converge, porque possui duas subsequ encias (f(z2n )) e (f(z2n1 )) que
convergem para limites diferentes.
Logo, o valor de lim f(xn ) independe da sequ encia (xn ) com xn X {a}
n
pelo corolario
e lim xn = a. Entao, 1.3, existe lim f(x).
n xa
f(x) L
(3) lim = , se M 6= 0.
xa g(x) M
(4) Se lim f(x) = 0 e existe A > 0 tal que |g(x)| A para todo x X {a},
xa
Prova.
Seja (xn ) uma sequ encia de pontos de X {a} com lim xn = a.
n
Entao,
lim (f(xn ) g(xn )) = L M e lim (f(xn ) g(xn )) = L M, pois
n n
Se M 6= 0, temos, pelo teorema 1.6, que existe > 0 tal que g(x) 6= 0
para todo x (X {a}) (a , a + ). Como lim xn = a e xn X {a},
n
existe n0 N tal que 0 < |xn a| < para todo n > n0 . Logo, g(xn ) 6= 0
f(xn ) L
para todo n > n0 e lim = .
n g(xn ) M
f(x)
Assim, pelo teorema 1.7, tem sentido para todo x suficientemente
g(x)
f(x) L
proximo e diferente de a e lim = .
xa g(x) M
f(x) f(x)
1.4 Se lim g(x) = 0 e existe lim
Observacao ou o quociente
xa xa g(x) g(x)
e limitado numa vizinhanca de a, entao,
pelo teorema acima,
f(x)
lim f(x) = lim g(x) = 0.
xa xa g(x)
f(x)
ente e sequer limitado numa vizinhanca de a.
nao
g(x)
todo > 0 dado, existe > 0, tal que |f(x) f(y)| < quaisquer que sejam
x, y ( X {a} ) (a , a + ) .
Prova.
(=) Se xa dado > 0 existe > 0 tal que |f(x) L| <
lim f(x) = L, entao,
2
para todo x X, 0 < |x a| < .
Logo,
|f(x) f(y)| |f(x) L| + |f(y) L| < + = ,
2 2
quaisquer que sejam x, y X, 0 < |x a| < e 0 < |y a| < .
Dado > 0, existe > 0 tal que |f(x)f(y)| < para x, y X, 0 < |xa| <
e 0 < |y a| < .
Como lim xn = a e xn X {a}, existe n0 N tal que 0 < |xn a| <
n
Instituto de Matematica - UFF 167
Analise na Reta
para x proximo
Entao, de a, f(x) esta proximo
de b, mas pode ocor-
rer que f(x) = b para x arbitrariamente proximo de a. Neste caso, b Y e
lim (g f)(x) pode existir ou nao.
Caso exista, deve ser igual a g(b), que
xa
1.
Entao, existe lim g(f(x)), pois
lim f(x) = 0 e lim g(y) = 0, mas nao
x0 y0 x0
1 , se x Q
g f(x) =
0 , se x R Q .
Prova.
Dado > 0 existe > 0 tal que |g(y) g(b)| < para todo y Y,
|y b| < .
Sendo lim f(x) = b, existe > 0 tal que |f(x) b| < para todo x X,
xa
0 < |x a| < .
Logo, |g(f(x)) g(b)| < para todo x X, 0 < |x a| < .
2. Exemplos de limites
p(x)
Assim, se f(x) = e o quociente de dois polinomios,
ou seja, f e uma
q(x)
lim f(x) = f(a), se q(a) 6= 0.
racional, entao
funcao
xa
p1 (x)
lim f(x) nao
Se m > n, entao existe, pois f(x) = , onde o
xa (x a)mn q1 (x)
(ver observacao
denominador tem limite zero e o numerador nao 1.4).
Instituto de Matematica - UFF 169
Analise na Reta
De fato, existe uma sequ encia (xn ) de numeros
racionais, xn 6= a, tal que
xn a e existe uma sequ encia
(yn ), yn 6= a, de numeros
irracionais tal
que yn a. Entao,
lim f(xn ) = 0 e lim f(yn ) = 1. Logo, pelo corolario
n n
f e limitada.
1
Seja F = {q N | q } . Entao,
F e um conjunto fiinito. Para cada q F
m
fixo, as fracoes , m Z, decompoem
a reta em intervalos juxtapostos
q
1
de comprimento , pois
q
[ m m+1
R= , .
q q
mZ
mq m0
Para cada q F, seja mq Z o maior inteiro tal que < a. Seja q0 a
q q
mq
maior das fracoes , com q F, a qual existe, pois F e finito.
q
De modo analogo, para cada q F, seja nq Z o menor inteiro tal que
nq n 00
> a. Como F e finito, existe nq 00 Z tal que q00 e a menor das fracoes
q q
nq
, com q F.
q
mq 0
Assim, e a maior fracao
que tem denominador em F e e menor do que
q0
nq 00
a, e e a menor fracao
com denominador em F que e maior do que
q 00
salvo possvelmente a, nenhum numero
a. Entao, racional do intervalo
mq 0 nq 00
0
, 00 pode ter denominador em F.
q q
m 0 n 00
Seja = min a q0 , q00 a . Entao,
q q
p p p
0 < a < = a < < a + , 6= a
q q q
mq 0 p n 00 p
= 0
< < q00 , 6= a
q q q q
1 1
= q 6 F = q > = 0 < <
q
p
= f 0 < .
q
p
Logo, provamos que dado > 0, existe > 0 tal que f
0 < para
q
p p
todo Q, 0 < a < . Assim, lim f(x) = 0 para todo a R.
q q xa
x
Exemplo 2.4 Seja f : R {0} R definida por f(x) = x + , ou seja,
|x|
x + 1 , se x > 0
f(x) =
x 1 , se x < 0 .
nao
Entao, existe lim f(x), pois
x0
1 1 1 1 1
lim f = lim +1 =1 e lim f = 1 = 1 = 1 .
n n n n n n n n
Instituto de Matematica - UFF 171
Analise na Reta
1
Exemplo 2.5 Seja f : R {0} R a funcao
definida por f(x) = sen .
x
nao
Entao existe lim f(x).
x0
1
f e limitada, temos que lim g(x) sen
Mas, como a funcao = 0 para toda
x0 x
g : R {0} R tal que lim g(x) = 0.
funcao
x0
1
Em particular lim xn sen = 0 para todo n N.
x0 x
3. Limites laterais
quando, para todo > 0 dado, existe > 0 tal que |f(x) L| < para todo
x X, a < x < a +
Simbolicamente, temos:
lim f(x) = L " > 0 > 0 ; x X , a < x < a + = |f(x) L| < " .
xa+
ou
lim f(x) = L > 0 > 0 ; f(x) (L , L + ) x X (a, a + ) .
xa+
quando, para todo > 0 dado, existe > 0 tal que |f(x) L| < para todo
x X, a < x < a.
Simbolicamente, temos:
lim f(x) = L " > 0 > 0 ; x X , a < x < a = |f(x) L| < " ,
xa
ou
lim f(x) = L > 0 > 0 ; f(x) (L , L + ) x X (a , a) .
xa
Prova.
(=) Dado > 0, existe > 0 tal que f(x) (L , L + ) para todo
x X (a, a + ).
Como (Y {a}) (a , a + ) = X (a, a + ), temos que |g(x) L| <
para todo x (Y {a}) (a , a + ).
(=) Dado > 0, existe > 0 tal que |g(x) L| = |f(x) L| < para todo
x (Y {a}) (a , a + ) = X (a, a + ).
Prova.
(=) Suponhamos que L = lim f(x). Sejam Y = (a, +) X e g = f|Y .
xa
Instituto de Matematica - UFF 173
Analise na Reta
Como a Y 0 , pois a X+0 , temos, pelo teorema 1.2, que lim g(x) = L.
xa
De modo analogo, podemos provar que o lim f(x) existe e e igual a L.
xa
x
Exemplo 3.2 Seja f : R {0} R definida por f(x) = x + . Como
|x|
f(x) = x + 1 para x (0, +) e f(x) = x 1 para x (, 0), temos que
existe lim f(x).
lim f(x) = 1, lim f(x) = 1 e nao
x0+ x0 x0
1
Exemplo 3.3 Seja f : R {0} R definida por f(x) = .
x
0 (R {0})+0 (R {0})0 , mas nao
Entao, existem os limites laterais a`
direita e a` esquerda no ponto 0.
1
Exemplo 3.4 Seja f : R {0} R definida por f(x) = e x .
Entao, existe lim f(x), pois f(x) nao
lim+ f(x) = 0, mas nao e limitada
x0 x0
para x negativo proximo de 0.
monotona
quando f e de algum dos quatro tipos acima.
Prova.
Suponhamos que f : X R e nao-decrescente.
3.2 Se a X, entao
Observacao nao
e preciso supor que f e limitada,
pois, se f e nao
decrescente, por exemplo, f(a) e uma cota inferior para
o conjunto {f(x) | x X e x > a} e e uma cota superior para o conjunto
{f(x) | x X e x < a}.
Instituto de Matematica - UFF 175
Analise na Reta
4.
Limites no infinito, limites infinitos e expressoes
indeterminadas
quando
> 0 A > 0 ; x X , x > A = |f(x) L| < .
Se f e nao-crescente,
lim f(x) = L, onde L = inf{f(x) | x X}.
entao
x+
Se f e nao-crescente,
lim f(x) = L, onde L = sup{f(x) | x X}.
entao
x
1 1
Exemplo 4.1 x
lim = 0, pois dado > 0 existe A = > 0 tal que
x
1 1 1 1
0 < < , para todo x > = A, e < < 0, para todo x < A = .
x x
1 1
Exemplo 4.4 xa
lim = +, pois dado A > 0 existe = > 0
(x a)2 A
tal que
1 1
0 < |x a| < = 0 < (x a)2 < = > A.
A (x a)2
1
Exemplo 4.5 xa
lim = .
(x a)2
Instituto de Matematica - UFF 177
Analise na Reta
De modo analogo, podemos definir lim f(x) = + e lim f(x) = ,
xa xa
quando a X0 .
1 1
Exemplo 4.6 lim+ = + ; lim = ; lim ex = + ;
xa xa xa xa x+
k
lim x = + , k N.
x+
Modificacoes
que devem sofrer os teoremas provados para limites finitos
de modo a continuarem validos no caso de limites infinitos.
f e positiva e ilimitada supe-
(1) Unicidade. Se lim f(x) = +, entao
xa
vizinhanca de a.
(4) Se f(x) g(x) x X e lim f(x) = +, entao
lim g(x) = +.
xa xa
Sendo f(x) > c > 0 e g(x) > 0 para todo x (X{a})(a, a+),
f(x)
lim
temos que se lim g(x) = 0 entao = +.
xa xa g(x)
lim+ f(x) existe se, e so se, existe > 0 tal que f e limitada no
xa
conjunto X (a, a + ).
Instituto de Matematica - UFF 179
Analise na Reta
que ser crescente ou nao-decrescente.
indeterminadas do
Agora, vamos falar um pouco sobre expressoes
0 0
tipo , , 0 , , 0 , 0 , 1 .
0
0
Indeterminacao
do tipo .
0
Sejam X R, a X 0 , f, g : X R tais que lim f(x) = lim g(x) = 0.
xa xa
f(x)
Se a Y 0 , onde Y = {x X | g(x) 6= 0}, entao
o quociente esta
g(x)
f(x)
definido em Y e faz sentido indagar se existe lim . Mas nada se pode
xa g(x)
f e g, ele pode
afirmar sobre esse limite, pois, dependendo das funcoes
existir.
assumir qualquer valor ou nao
Por exemplo, se f(x) = cx e g(x) = x, temos
f(x)
lim f(x) = 0, lim g(x) = 0 e lim = c.
x0 x0 x0 g(x)
1
Por outro lado, se f(x) = x sen , x 6= 0, e g(x) = x, entao
lim f(x) =
x x0
f(x) 1
existe lim
lim g(x) = 0, mas nao = lim sen .
x0 x0 g(x) x0 x
pode ser um valor real c arbitrario existir.
ou pode nao
1
Por exemplo, se f, g : R {a} R sao
dados por f(x) = c +
(x a)2
1
e g(x) = lim f(x) = lim g(x) = + e lim (f(x) g(x)) = c.
, entao
(x a)2 xa xa xa
1 1 1
E se f(x) = sen + 2
e g(x) = , temos que
xa (x a) (x a)2
lim f(x) = lim g(x) = +,
xa xa
Podemos, tambem, escolher f e g de modo que o limite de f(x)g(x)
existe. Basta tomar, por exemplo, as funcoes
nao dadas por f(x) = x e
1
g(x) = log 1 + sen (log x)1 , x > 0, para termos
x
lim f(x) = lim g(x) = 0,
x0 x0
mas o limite
1
lim f(x)g(x) = lim eg(x) log f(x) = lim 1 + sen
x0 x0 x0 x
existe.
nao
Instituto de Matematica - UFF 181
Analise na Reta
5.
Valores de aderencia limsup
de uma funcao,
e liminf
Indicaremos por VA(f; a) o conjunto dos valores de aderencia de f no
ponto a.
e o unico
valor de aderencia de f no ponto a.
ponto a.
1 , se x Q
Exemplo 5.1 Seja f : R R a funcao f(x) = 1
.
, se x R Q
x
1 e o unico
Entao,
valor de aderencia existe
de f no ponto 0, mas nao
e limitada numa vizinhanca de 0.
lim f(x), pois f nao
x0
Prova.
(=) Seja c um valor de aderencia
de f no ponto a e seja (xn ) uma
sequ encia de pontos de X {a} tal que xn a e f(xn ) c.
Como xn a, dado > 0, existe n0 N tal que xn V para todo
n > n0 . Logo, f(xn ) f(V ) para todo n > n0 , ou seja, (f(xn ))n>n0 e uma
sequ encia de pontos de V que converge para c.
c f(V ) .
Entao,
1
Assim, para todo n N, existe xn V 1 tal que |f(xn ) c| < .
n n
1 1
Como xn X, 0 < |xn a| < e |f(xn ) c| < para todo n N,
n n
temos que (xn ) e uma sequ encia
de pontos de X {a} tal que xn a e
f(xn ) c. Logo, c e um valor de aderencia
de f no ponto a.
\
Corolario 5.1 VA(f; a) = f(V ) .
>0
\
Corolario 5.2 VA(f; a) = f(V 1 ) .
n
nN
Prova.
\
Se c c f(V ) para todo > 0. Em particular, c f(V 1 )
f(V ), entao
n
>0
\
para todo n N. Logo, c f(V 1 ) .
n
nN
\
Suponhamos, agora, que c f(V 1 ).
n
nN
1
Dado > 0, existe n N, tal que < . Logo, V 1 V e, portanto,
n n
Como c f(V 1 ) para todo n N, temos que c f(V ) para todo > 0.
n
Portanto,
Instituto de Matematica - UFF 183
Analise na Reta
\
c f(V ) = VA(f; a) ,
>0
Corolario 5.3 O conjunto dos valores de aderencia
de f num ponto a
X 0 e fechado. Se f e limitada numa vizinhanca de a, entao
VA(f; a) e
compacto e nao-vazio.
Prova.
Como VA(f; a) e uma intersecao
de conjuntos fechados, temos que VA(f; a)
e fechado.
existe n0 N
Suponhamos que f e limitada numa vizinhanca de a. Entao
tal que f(V 1 ) e limitado. Logo, f(V 1 ) e fechado e limitado e, portanto,
n0 n0
compacto.
1 1
Exemplo 5.2 Se f : R{0} R e a funcao
definida por f(x) = sen ,
x x
f e ilimitada em toda vizinhanca de 0 e VA(f; 0) = R, que nao
entao e
compacto, pois e ilimitado.
1
De fato, 0 VA(f; 0), pois xn = 0 e
2n
f(xn ) = 2n sen(2n) = 0 0.
Seja, agora, c > 0.
1 1
Dado n N, existe xn > 0 tal que xn <
Afirmacao: e sen = xn c .
n xn
1 1 c
De fato, como c sen(n) = c0= >0 e
n n n
1 c
c sen(2n + (4kn 3) 2 ) = 1<0
2n + (4kn 3) 2 2n + (4kn 3) 2
1
Logo, 0 < xn < e f(xn ) = c para todo n N. Assim, xn 0 e
n
f(xn ) c, ou seja, c VA(f; 0).
De modo analogo, se c < 0, dado n N, temos que
1 c
c sen(n) = <0
n n
e
1 c
c sen 2n + (4kn + 3) = +1>0
2n + (4kn + 3) 2 2 2n + (4k + 3) 2
para algum kn N.
Logo, pelo teorema do valor intermediario contnuas, existe
para funcoes
1 1 1
xn , tal que xn c sen = 0.
2n + (4kn + 3) 2 n xn
5.3 Tambem
Observacao pode ocorrer que VA(f; a) seja vazio quando
f e ilimitada em toda vizinhanca de a. Por exemplo, se f : R {0} R e
1
definida por f(x) = , entao
a funcao VA(f; a) = .
x
Chamamos limite inferior de f no ponto a ao menor valor de aderencia `
de f no ponto a, e escrevemos:
lim inf f(x) = ` .
xa
Instituto de Matematica - UFF 185
Analise na Reta
1
Exemplo 5.3 Seja f : R {0} R a funcao
definida por f(x) = sen .
x
pelo visto no exemplo 2.5, VA(f; 0) = [1, 1].
Entao,
Logo, lim sup f(x) = +1 e lim inf f(x) = 1 .
x0 x0
Tambem, quando lim f(x) = , teramos
xa
Consideraremos, agora, o valor de aderencia de f quando x +
ou x .
Dizemos que c VA(f; +), ou seja, que c e um valor de aderencia
de f em +, quando existe uma sequ encia (xn ) de pontos de X tal que
xn + e f(xn ) c.
Dizemos que c VA(f; ), ou seja, que c e um valor de aderencia
de f em , quando existe uma sequ encia (xn ) de pontos de X tal que
xn e f(xn ) c.
Seja V = X (, +), > 0, e W = X (, ), < 0. Entao,
\ \ \ \
VA(f; +) = f(V ) = f(Vn ) e VA(f; ) = f(W ) = f(Wn ) .
>0 nN <0 nN
Prova.
Sejam L = lim sup f(x) e L0 = lim L . Como L e valor de aderencia
de
xa 0
Instituto de Matematica - UFF 187
1
que L 1 < f(xn ) L 1 .
n n n
Prova.
dado > 0,
Pelo teorema anterior, ` = lim ` e L = lim L . Entao,
0 0
Corolario 5.4 Seja f limitada numa vizinhanca de a. Entao
existe lim f(x)
xa
Prova.
(=) Se lim f(x) = L entao
L e o unico
valor de aderencia de f no ponto
xa
Instituto de Matematica - UFF 189
190 J. Delgado - K. Frensel
de funcao
A nocao contnua
Parte 6
Funcoes contnuas
1. de funcao
A nocao contnua
Instituto de Matematica - UFF 191
Analise na Reta
dado > 0, existe = 0 > 0, tal que |f(x) f(a)| < para todo
Entao,
x X (a 0 , a + 0 ) = {a}.
isolados, entao
Em particular, se todos os pontos de X sao toda funcao
f : X R e contnua.
e contnua no ponto a.
Os resultados enunciados abaixo decorrem dos fatos analogos ja
1.2 e 1.3
demonstrados para limites na parte anterior e das observacoes
acima.
Corolario 1.1 Sejam K R e f : X R uma funcao
contnua no
ponto a X. Se f(a) < K, entao
existe > 0 tal que f(x) < K para todo
x X (a , a + ).
Prova.
Dado = K f(a) > 0, existe > 0 tal que f(a) < f(x) < f(a) + = K
para todo x X (a , a + ).
se f(a) 6= K, entao
existe > 0 tal que f(x) 6= K x X (a , a + ).
A U X.
Em particular, se X e aberto, entao
A e aberto.
Instituto de Matematica - UFF 193
Analise na Reta
Corolario 1.2 Uma funcao
f : X R e contnua no ponto a X se,
e so se, lim f(xn ) existe e independe da sequ encia
(xn ) de pontos de X
x
com lim xn = a.
n
Corolario 1.3 Uma funcao
f : X R e contnua no ponto a X se,
e so se, existe lim f(xn ) para toda sequ encia
(xn ) de pontos de X com
n
lim xn = a.
n
contnuas e contnua no
Em particular, a composta de duas funcoes
seu domnio de definicao.
1.8 A restricao
Observacao f : X R a um subcon-
de uma funcao
junto Y X e um caso particular de funcao
composta, pois f|Y = f i :
Y R, onde i : Y R e a inclusao,
ou seja, i(y) = y para todo y Y.
p(x)
f(x) = funcoes
, onde p e q sao polinomiais, e contnua nos pontos
q(x)
se anula.
onde o denominador q nao
x + 1, se x 5
Exemplo 1.2 Seja f : R R dada por f(x) =
16 2x, se x < 5
Prova.
Sejam a X e > 0 dados. Precisamos analisar tres
casos:
(1) a F1 F2
contnuas no ponto a, existem 1 > 0 e 2 > 0
Como f|XF1 e f|XF2 sao
tais que:
Instituto de Matematica - UFF 195
Analise na Reta
ja que (X F2 ) (a , a + ) = .
(3) a F2 e a 6 F1 .
Este caso prova-se de modo analogo ao anterior.
Corolario 1.4 Sejam f : X R e X = F1 F2 , onde F1 e F2 sao
conjun-
contnuas entao
tos fechados. Se f|F1 e f|F2 sao f e contnua.
[
x0 X, temos X = {x}, com {x} fechado, e f|{x} contnua em x, para
xX
todo x X.
Prova.
Sejam a X e > 0 dados. Entao
existe 0 L tal que a A0 .
Instituto de Matematica - UFF 197
Analise na Reta
2. Descontinuidades
o ponto 0 e o unico
Entao ponto de descontinuidade de f.
de primeira especie.
Neste exemplo, os limites laterais nos pontos de descontinuidade existem
iguais, mas sao
e sao diferentes do valor da funcao
nesses pontos.
Instituto de Matematica - UFF 199
Analise na Reta
De fato:
se a e a extremidade superior de um dos intervalos abertos retirados na
do conjunto de Cantor K, temos que a K+0 e a A+0 , pois
construcao
existem sequencias
int K = (lembre que A = [0, 1] K), entao, (xn ) e
(yn ) tais que xn K, xn > a, yn [0, 1] K = A, yn > a, xn a e
yn a.
Logo, f(xn ) 0 e f(yn ) 1. Portanto, nao
existe lim+ f(x), apesar
xa
aberto contido em A.
se a = 0, nao
existe o limite lim+ f(x) pelo mesmo motivo exposto acima,
x0
se a nao
e extremidade de intervalo algum retirado na construcao
de K,
a K0 K+0 e a A0 A+0 , pois int K = .
entao
existem lim+ f(x) e lim f(x).
Logo, nao
xa xa
0 e o unico
Entao, ponto de descontinuidade de f e e de primeira especie,
pois lim+ f(x) = 0 = f(0) e lim f(x) = sen 1 6= f(0).
x0 x0
1
sen( x1) , se x 6= 0
Exemplo 2.11 Seja f : R R a funcao
f(x) = 1 + ex
0, se x = 0 .
0 e a unica
Entao, descontinuidade de f e e de segunda especie,
pois
1
existe, ja que f
lim f(x) = 0 = f(0), mas lim f(x) nao 0 e
x0+ x0 2n
1
f 1 .
2n + 2
de descontinuidade de segunda especie, no qual um dos limites laterais
existe.
Prova.
f e contnua em a. Seja a X X 0 .
Se a X e um ponto isolado, entao
Se a X X+0 , entao
existe > 0 tal que a + X. Logo, f|X[a,a+] e
limitada e monotona e, portanto, existe lim+ f(x).
xa
Instituto de Matematica - UFF 201
Analise na Reta
Se a X X0 , entao
existe > 0 tal que a X. Logo f|X[a,a] e
limitada e monotona e, portanto, existe lim f(x).
xa
Prova.
Se a e ponto isolado de X, entao
f e contnua em a.
Nesse caso, f(a+ ) = inf{f(x) | x > a}. Como f(a) f(x) para todo x > a,
x X, temos que f(a) f(a+ ).
Vamos supor, por absurdo, que f(a) < f(a+ ).
f(X), ou seja, f(X) I.
Seja I um intervalo que contem
Como a X+0 , existe x > a tal que x X. Sendo f(x) f(a+ ), temos que
( f(a), f(a+ ) ) I, pois ( f(a), f(a+ ) ) ( f(a), f(x) ) e f(a), f(x) f(X).
Mas ( f(a), f(a+ ) ) f(X) = , pois se x < a, f(x) f(a) e se x > a,
f(x) f(a+ ).
Corolario 2.1 Se f : X R e monotona
e f(X) e um intervalo, entao
f
e contnua.
Instituto de Matematica - UFF 203
Analise na Reta
Prova.
1
Para cada n N, seja Dn = x X (x) .
n
o conjunto dos pontos de descontinuidade de f e
Entao
[
D= Dn .
nN
Corolario 2.2 Seja f : X R uma funcao
monotona.
o conjunto
Entao
dos pontos de descontinuidade de f e enumeravel.
Prova.
de primeira especie.
Pelo teorema 2.1, todas as descontinuidades de f sao
3. Funcoes contnuas em intervalos
Prova.
Primeira demonstracao.
Como f e contnua no ponto a, dado = d f(a) > 0, existe > 0,
< b a, tal que f(x) < f(a) + = d para todo x [a, a + ).
A = { x (a, b) | f(x) < d } 6= , pois (a, a + ) A, e e aberto, pela
Entao
1.7.
observacao
e contnua no ponto b, dado = f(b)d > 0 existe > 0,
Como f tambem
< b a, tal que d = f(b) < f(x) para todo x (b , b]. Entao
o
conjunto B = {x (a, b) | f(x) > d} e nao-vazio,
pois (b , b) B, e e
1.7.
aberto, pela observacao
existir c (a, b) tal que f(c) = d, teramos (a, b) = A B, o que e
Se nao
de um aberto como reuniao
absurdo pela unicidade da decomposicao de
intervalos abertos dois a dois disjuntos, ja que A 6= , B 6= e (a, b) e
um intervalo aberto (ver corolario 1.1 da parte 4).
Segunda demonstracao.
Seja A = {x [a, b] | f(x) < d}. Entao,
A e limitado e nao-vazio,
ja que
f(a) < d. Seja c = sup A.
c 6 A.
Afirmacao:
Suponhamos, por absurdo, que c A, ou seja, que f(c) < d.
Como c b e f(b) > d, temos que a c < b. Sendo f contnua em c,
dado = d f(c) > 0, existe > 0, < b c, tal que f(x) < f(c) + = d
para todo x [c, c + ) [a, b), o que e absurdo, pois c e o supremo de
A e (c, c + ) A.
disso, como c e o limite de uma sequ encia
Alem de pontos xn A, temos
f(c) = lim f(xn ) d.
n
Instituto de Matematica - UFF 205
Analise na Reta
Corolario 3.1 Seja f : I R uma funcao
contnua num intervalo I
qualquer. Se a < b pertencem a I e f(a) < d < f(b) (ou f(b) < d < f(a)),
existe c (a, b) tal que f(c) = d.
entao
Prova.
Basta restringir f ao intervalo [a, b] e aplicar o teorema anterior.
Corolario 3.2 Seja f : I R uma funcao
contnua num intervalo I.
f(I) e um intervalo.
Entao
Prova.
Sejam = inf{f(x) | x I} e = sup{f(x) | x I}.
Podemos ter = se f e ilimitada inferiormente, e = + se f e
ilimitada superiormente.
3.2 No corolario
Observacao acima, podemos ter f(I) = [, ], f(I) =
(, ], f(I) = [, ) ou f(I) = (, ).
um polinomio p possui uma raz real, ou seja,
de grau n mpar. Entao,
existe c R tal que p(c) = 0.
Suponhamos que an > 0. Se a0 = 0, temos p(0) = 0. Caso contrario,
para todo x 6= 0, p(x) = an xn r(x), onde
an1 1 a 1 a 1
r(x) = 1 + + . . . + 1 n1 + 0 n .
an x an x an x
Prova.
Para verificar que f e monotona,
basta provar que f e monotona
em todo
intervalo limitado e fechado [a, b] I.
Como f e injetiva, temos f(a) 6= f(b).
Vamos supor que f(a) < f(b).
A funcao
Afirmacao: f e crescente.
Instituto de Matematica - UFF 207
Analise na Reta
pelo corolario
Entao, 2.1, f1 : J I e contnua, pois f1 e monotona
e
f1 (J) = I e um intervalo.
f e uma bijecao
Entao, contnua e crescente, mas a funcao
inversa
f1 : [1, 3] [0, 1) [2, 3] e descontnua no ponto 2. De fato, como
f1 (y) = y se y [2, 3) e f1 (y) = y 1 se y [1, 2), entao
f1 (2) = 2 e
lim f1 (y) = 1 6= f1 (2).
y2
4.
Funcoes contnuas em conjuntos compac-
tos
Prova.
Primeira demonstracao.
[
Seja (A ) L uma cobertura aberta de f(X), ou seja, f(X) A e
L
cada A , L, e aberto.
para todo x X, existe x L tal que f(x) Ax .
Entao,
Como f e contnua, para cada x I, existe um intervalo aberto Ix centrado
em x tal que f(Ix X) Ax .
[
Logo, como X Ix e X e compacto, existem x1 , . . . , xn X tais que
xX
X Ix1 . . . Ixn .
Assim, f(X) Ax1 . . . Axn , o que prova a compacidade de f(X).
Segunda demonstracao.
Seja (yn ) uma sequencia de pontos de f(X).
Para cada n N, existe xn X tal que f(xn ) = yn . Como X e compacto,
(xn ) possui uma subsequ encia (xnk )kN que converge para um ponto x
X.
pela continuidade de f, temos que ynk = f(xnk ) f(x), ou
Entao,
seja, (yn ) possui uma subsequ encia que converge para um ponto de f(X).
Logo, f(X) e compacto.
Instituto de Matematica - UFF 209
Analise na Reta
Corolario 4.1 (Weierstrass)
contnua f : X R definda num compacto X e limitada e
Toda funcao
atinge seus valores extremos, ou seja, existem x1 , x2 X tais que
f(x1 ) f(x) f(x2 ) ,
para todo x X.
Prova.
Pelo teorema acima, f(X) e compacto e, portanto, limitado e fechado.
inf f(X) e sup f(X) existem e pertencem a f(X), ou seja, existem
Entao,
x1 , x2 X tais que f(x1 ) = inf f(X) e f(x2 ) = sup f(X).
1
Exemplo 4.1 A funcao
f : (1, 1) R definida por f(x) = e
1 x2
e limitada, pois f((1, 1)) = [1, +). Isto e possvel,
contnua, mas nao
e compacto, pois, apesar de ser limitado,
porque o domnio (1, 1) nao
e fechado.
nao
1
Exemplo 4.3 A funcao
f : [0, +) R definida por f(x) =
1 + x2
e contnua e limitada, pois f([0, +)) = (0, 1]. A funcao
f assume seu
maximo existe x [0, +) tal que
1 no ponto zero, mas nao
f(x) = 0 = inf{f(x) | x [0, +)}.
Isto e possvel porque o domnio de f nao
e compacto, pois, apesar de ser
e limitado.
fechado, nao
4.2 Se F nao
Observacao e fechado e a F F, entao
inf{|a x| | x F} = 0.
Prova.
Seja b = f(a) f(X) = Y e seja yn b, onde yn = f(xn ) f(X).
xn = f1 (yn ) f1 (b) = a.
Afirmacao:
Como X e compacto e xn X para todo n N, a sequencia
(xn ) e
basta mostrar que a e o unico
limitada. Entao,
valor de aderencia da
sequencia (xn ).
Seja (xnk )kN uma subsequ encia de (xn ) que converge para a 0 R. Como
X e compacto, a 0 X. Logo, ynk = f(xnk ) b e ynk = f(xnk ) f(a 0 ),
pois f e contnua em a 0 . Entao,
b = f(a 0 ) = f(a) e, portanto, a 0 = a, pois
f e injetiva.
5. Continuidade Uniforme
Instituto de Matematica - UFF 211
Analise na Reta
Prova.
Dado > 0 existe > 0 tal que
x, y X, |x y| < = |f(x) f(y)| < .
Como (xn ) e de Cauchy, existe n0 N tal que |xm xn | < para m, n > n0 .
Logo, |f(xn ) f(xm )| < para m, n > n0 , ou seja, (f(xn )) e uma sequ encia
de Cauchy.
Corolario 5.1 Se f : X R e uniformemente contnua, entao
existe
lim f(x) para todo a X 0 .
xa
Prova.
Seja (xn ) uma sequ encia de pontos de X {a} tal que xn a. Entao,
pelo teorema anterior, (f(xn )) e de Cauchy e, portanto, convergente. Logo,
pelo corolario 1.4 da parte 5, existe lim f(x).
xa
Instituto de Matematica - UFF 213
Analise na Reta
1 1
Exemplo 5.4 As funcoes
f, g : (0, 1] R, f(x) = sen e g(x) = ,
x x
sao
nao uniformemente contnuas, pois nao
existem lim g(x) e lim f(x),
x0 x0
0
no ponto 0 (0, 1] .
Prova.
Primeira demonstracao.
Dado > 0. Para cada x X existe x > 0 tal que
y X, |y x| < 2x = |f(y) f(x)| <
2
[
a cobertura aberta X
Seja Ix = (x x , x + x ). Entao Ix admite uma
xX
Segunda demonstracao.
e uniformemente contnua.
Suponhamos que f nao
existe 0 > 0 tal que, para todo n N existem xn , yn X com
Entao
1
|xn yn | < e |f(xn ) f(yn )| 0 .
n
Como X e compacto, a sequ encia
(xn ) possui uma subsequ encia (xnk )kN
que converge para um ponto x X.
ynk x, pois (xnk ynk ) 0.
Entao
Sendo f contnua, temos que lim f(xnk ) = lim f(ynk ) = f(x), o que
k+ k+
Exemplo 5.6 A funcao
f : [0, 1] R, f(x) = x, e contnua e, portanto
uniformemente contnua, pois [0, 1] e compacto.
| x y| 1
e lipschitziana, pois o quociente
Mas, f nao = e
nao
|x y| x+ y
1
limitado, ja que lim+ = +.
x0 x+ y
g : [0, +) R, g(x) =
Por outro lado, a funcao x, da qual f e uma
e uniformemente contnua, embora seu domnio [0, +) nao
restricao,
seja compacto.
De fato, g|[1,+) e lipschitziana, pois
|x y| 1
|g(x) g(y)| = |x y|, para x, y [1, +) .
x+ y 2
Instituto de Matematica - UFF 215
Analise na Reta
Prova.
Vamos definir no conjunto X = X X 0 .
Como f e uniformemente contnua, pelo Corolario
5.1, existe lim0 f(x) para
xx
0 0
todo x X .
da seguinte maneira:
Definimos, entao,
(x 0 ) = lim0 f(x) se x X 0 e (x) = f(x) se x X.
xx
: X R e uniformemente contnua.
Afirmacao:
Instituto de Matematica - UFF 217
Analise na Reta
Logo,
(x) = lim (xn ) = lim f(xn ) = lim (xn ) = (x) .
n+ n+ n+
Corolario 5.2 Seja f : X R uniformemente contnua. Se X e limi-
f(X) e limitado, ou seja, f e limitada.
tado, entao
Prova.
Seja : X R a extensao
contnua de f.
Parte 7
Derivadas
1.
A derivada de uma funcao
f(x) f(a)
1.1 Seja q : X {a} R definida por q(x) =
Observacao .
xa
1.2 A inclinacao
Observacao da reta tangente e,
portanto, o limite,
quando x a, das inclinacoes
das retas secantes que passam pelos
pontos (a, f(a)) e (x, f(x))
f(a + h) f(a)
f 0 (a) = lim
h0 h
Instituto de Matematica - UFF 217
Analise na Reta
f(a + h) f(a)
h 7
onde a funcao esta definida no conjunto
h
Y = {h R {0} | a + h X} ,
que tem o zero como ponto de acumulacao.
para qualquer sequ encia (xn ) de pontos de X {a} com lim xn = a.
n
y 6= b, temos que
f(g(y)) f(a)
f 0 (a) = lim .
yb g(y) a
Logo,
X
n2
!
f(a + h) f(a) n
lim = lim aj hnj1 + nan1
h0 h h0 j
j=0
n1
= na , pois n j 1 1 para 0 j n 2 .
Instituto de Matematica - UFF 219
Analise na Reta
Exemplo 1.6 Seja f : [0, +) R definida por f(x) =
x. Entao,
para a [0, +), h 6= 0 e a + h 0, temos
a+h a h 1
= = .
h h a+h+ a a+h+ a
1
Logo, f e derivavel
em todo ponto a > 0 e f 0 (a) = e
, mas f nao
2 a
derivavel no ponto zero, pois o quociente
0+h 0 h 1
= =
h h h
1
e ilimitado numa vizinhanca de zero e, portanto, nao
existe lim+ .
h0 h
1
f e derivavel
A funcao em todo x R, x 6= n, x 6= n + , n Z, sendo
2
1 1
se x n, n +
f 0 (x) = 2
1 se x n + 1 , n + 1 .
2
1
e derivavel
Mas f nao nos pontos n e n + , n N, porque f 0 (n+ ) = 1 6=
2
+
1 1
0 0 0
f (n ) = 1 e f n+ = 1 6= f n+ = 1 .
2 2
r(h)
f(a + h) = f(a) + f 0 (a) h + r(h) , com lim = 0. (1)
h0 h
r(h)
Sendo lim = 0, dizemos que o resto r(h) tende para zero mais rapi-
h0 h
f e derivavel
entao no ponto a X X 0 e f 0 (a) = L, pois
f(a + h) f(a) r(h)
lim = lim L + = L.
h0 h h0 h
A condicao
(1) pode ser escrita sob a forma
Instituto de Matematica - UFF 221
Analise na Reta
1.9 As condicoes
Observacao sao
(1), (2) e (3) tambem validas
para
as derivadas laterais, supondo h > 0 para a derivada a` direita e h < 0
para a derivada a` esquerda.
Usando a formula da trigonometria
sen(a + h) = sen a cos h + sen h cos a ,
obtemos que
r(h) = sen a cos h + sen h cos a sen a h cos a
= sen a(cos h 1) + cos a(sen h h) .
r(h)
Isto confirma que lim = 0, pois
h0 h
cos h 1
lim = cos 0 (0) = sen(0) = 0 ,
h0 h
e
sen h h sen h sen 0
lim = lim 1 = cos 0 1 = 0 .
h0 h h0 h0
Prova.
f(x) f(a)
Como o limite lim existe e lim (x a) = 0, temos que
xa xa xa
f(x) f(a)
lim ( f(x) f(a) ) = lim (x a)
xa xa xa
f(x) f(a)
= lim lim (x a) = 0 ,
xa xa xa
1.10
Observacao
Se a X X+0 e f : X R e derivavel
a` direita no ponto a, entao
f e
contnua a` direita no ponto a, ou seja, lim+ f(x) = f(a) .
xa
E se a XX0 e f e derivavel
a` esquerda no ponto a, entao
f e contnua
a` esquerda no ponto a, ou seja, lim f(x) = f(a) .
xa
Estes resultados demonstram-se de modo analogo quando f e derivavel
no ponto a.
Entao,
f e contnua no ponto a, se f possui derivada a` direita e a` es-
querda no ponto a, mesmo sendo diferentes.
1 se x 0
Exemplo 1.10 Seja f : R R dada por f(x) =
1 se x < 0 .
Exemplo 1.11 Os exemplos 1.5, 1.6 e 1.7, mostram que uma funcao
ser derivavel
pode ser contnua em toda a reta e nao em alguns pontos.
Na realidade, a maioria das funcoes possuem de-
contnuas em R nao
rivada em ponto algum (ver E. Lima, Espacos Metricos, exemplo 33 do
captulo 7).
Instituto de Matematica - UFF 223
Analise na Reta
Prova.
Vamos demonstrar a formula do quociente, deixando as ou-
de derivacao
tras como exerccio.
Sendo g(x) 6= 0 para todo x (X {a}) (a , a + ), para algum > 0,
f
a funcao esta definida nesta vizinhanca de a.
g
temos que
f(x) f(a)
g(x) g(a) f(x) f(a) g(x) g(a) 1
lim = g(a) lim f(a) lim lim
xa xa xa xa xa xa xa g(x)g(a)
1
= ( g(a) f 0 (a) f(a) g 0 (a) ) .
( g(a) )2
Corolario 1.1
Se c R entao (c f) 0 (a) = c f 0 (a) .
1 0 f 0 (a)
Se f(a) 6= 0 entao
(a) = 2
.
f f(a)
Prova.
definidas numa vizinhanca de 0, tais que
Sejam e funcoes
f(a + h) = f(a) + ( f 0 (a) + (h) ) h , onde lim (h) = 0 ,
h0
g(b + k) = g(b) + ( g 0 (b) + (k) ) k , onde lim (k) = 0 .
k0
Logo, g f e derivavel
no ponto a e (g f) 0 (a) = g 0 (b) f 0 (a) .
Corolario 1.2 (Derivada da inversa de uma funcao)
que possui inversa g = f1 : Y X. Se f e
Seja f : X Y uma funcao
derivavel no ponto a X X 0 e g e contnua no ponto b = f(a), entao
g e
derivavel no ponto b se, e so se, f 0 (a) 6= 0. Neste caso,
1
g 0 (b) =
f 0 (a)
Prova.
Como g e contnua no ponto b = f(a) e e injetiva, temos que
lim g(y) = g(b) = a ,
yb
Instituto de Matematica - UFF 225
Analise na Reta
1
ou seja, g e derivavel
no ponto b e g 0 (b) = .
f 0 (a)
Reciprocamente, se g e derivavel
pela regra da cadeia,
no ponto b, entao,
g f = idX e derivavel
no ponto a e g 0 (b) f 0 (a) = 1, ou seja, f 0 (a) 6= 0 e
1
g 0 (b) = .
f 0 (a)
1 se x 0
Exemplo 1.16 A funcao
h : R R, dada por h(x) =
1 se x < 0 ,
possui um maximo
local nao-estrito no ponto 0.
1
Exemplo 1.17 A funcao : R R, (x) = x 1 + sen se x 6= 0
2
x
e (0) = 0, e contnua em toda a reta e possui um mnimo local nao
estrito no ponto 0, pois (x) 0 = (0) para todo x R e, em toda
1
vizinhanca de 0, ha pontos x tais que (x) = 0, ja que 0 e
(4k 1)
2
1 = 0 para todo k Z.
(4k 1)
2
1.11 Se f : X R e nao-decrescente
Observacao
e derivavel no
f(x) f(a)
ponto a XX 0 , entao
f 0 (a) 0, pois 0 para todo x X{a}.
xa
Analogamente, se f : X R e nao-crescente
e derivavel no ponto
a X X 0 , entao
f 0 (a) 0.
Prova.
f(x) f(a) f(x) f(a)
Como lim + = f 0 (a+ ) > 0, existe > 0 tal que >0
xa xa xa
para todo x X (a, a + ), ou seja, f(x) > f(a) x X (a, a + ).
Instituto de Matematica - UFF 227
Analise na Reta
Corolario 1.3 Seja a X X+0 X0 . Se f : X R possui no ponto
a derivada f 0 (a) > 0 (f 0 (a) < 0), entao
existe > 0 tal que x, y X,
a < x < a < y < a + = f(x) < f(a) < f(y) (f(y) < f(a) < f(x)).
Corolario 1.4 Seja a X X+0 X0 . Se f : X R e derivavel
no ponto
a e possui um maximo f 0 (a) = 0.
ou um mnimo local nesse ponto, entao
Prova.
Se f 0 (a) > 0 ou f 0 (a) < 0, temos, pelo corolario
e
anterior, que a nao
ponto de maximo nem de mnimo local.
Exemplo 1.18
Antes de dar o exemplo de uma funcao
que ilustre a observacao
acima,
faremos o estudo de algumas funcoes.
1
A funcao
f : R R, f(x) = x sen se x 6= 0 e f(0) = 0, e contnua
x
1 1 1
em toda a reta e possui derivada f 0 (x) = sen cos em todo x 6= 0,
x x x
f(x) f(0)
e derivavel
mas nao existe o limite de
no ponto zero, pois nao =
x0
1
sen quando x 0.
x
1
g : R R, g(x) = x2 sen
A funcao se x 6= 0 e g(0) = 0, e contnua
x
1 1
em toda a reta e possui derivada g 0 (x) = 2x sen cos em todo ponto
x x
g(x) g(0) 1
6 0. Alem
x= disso, como lim = lim x sen = 0, temos que g e
x0 x0 x0 x
derivavel no ponto 0 e g 0 (0) = 0.
Assim, g : R R possui derivadas em todos os pontos da reta, mas
g 0 : R R nao existe lim g 0 (x) =
e contnua no ponto zero, pois nao
x0
1 1
lim 2x sen cos .
x0 x x
1 x
: R R definida por (x) = x2 sen
Seja a funcao + se x = 6 0e
x 2
1
(0) = 0. Como e contnua e derivavel
em toda a reta, e 0 (0) = > 0,
2
temos, pelo corolario 1.3, que existe > 0 tal que 0 < x < = (x) > 0
e < x < 0 = (x) < 0.
e crescente em vizinhanca alguma do ponto 0, pois, como
Mas, nao
1 1 1
0 (x) = 2x sen cos + , para x 6= 0,
x x 2
1 1
dado > 0 existe n0 N tal que
< . Entao, (0, ) e
2n0 2n0
0 1 1 0 1 1
< 0, (, 0), e < 0, (0, ) e
2n0 2n0 2n0 4n0 + 2
1 1 1
0 > 0, (, 0) e 0 > 0.
4n0 + 2 4n0 + 2 4n0 + 2
1.14
Observacao
A recproca do corolario
e verdadeira.
1.4 nao
f : R R, f(x) = x3 , apesar de ter derivada zero
Por exemplo, a funcao
Instituto de Matematica - UFF 229
Analise na Reta
e de maximo
no ponto 0, tal ponto nao nem de mnimo local, pois f e uma
crescente em toda a reta.
funcao
No corolario
basta que f possua derivadas laterais no ponto de
1.4, nao
maximo ou de mnimo para podermos concluir que as derivadas laterais
g : R R, g(x) = |x|,
nulas nesse ponto. Por exemplo, a funcao
sao
possui um mnimo no ponto 0, mas as derivadas laterais neste ponto
g 0 (0+ ) = 1 e g 0 (0 ) = 1 nao
sao
nulas.
2.
Funcoes
derivaveis num intervalo
1 1
e derivavel
em todos os pontos da reta, com f 0 (x) = 2x sen cos se
x x
x 6= 0 e f 0 (0) = 0.
Mas f 0 : R R nao
e contnua no ponto zero e, portanto, f nao
e de
classe C1 em toda a reta.
Prova.
Suponhamos, primeiro, que d = 0, ou seja, f 0 (a) < 0 < f 0 (b). Como
f 0 (a) < 0, existe > 0 tal que f(x) < f(a) para todo x (a, a + ), e como
f 0 (b) > 0, existe 0 > 0 tal que f(y) < f(b) para todo y (b 0 , b).
disso, como f e contnua no compacto [a, b], temos, pelo teorema
Alem
de Weierstrass, que f possui um ponto de mnimo e um ponto de maximo
no intervalo [a, b].
Logo, o ponto de mnimo c pertence ao intervalo (a, b), pois, pelo visto
sao
acima, a e b nao pontos de mnimo.
1.4, f 0 (c) = 0, pois c (a, b) e ponto de acumulacao
Assim, pelo corolario
a` direita e a` esquerda do conjunto [a, b].
g(x) = f(x) dx, x [a, b].
No caso geral, basta considerar a funcao
g 0 (x) = f 0 (x) d e f 0 (a) < d < f 0 (b) se, e so se, g 0 (a) < 0 < g 0 (b).
Entao,
Logo, se f 0 (a) < d < f 0 (b), existe c (a, b) tal que g 0 (c) = 0, ou seja,
f 0 (c) = d.
Corolario 2.1 Se f : I R e derivavel
f 0 nao
no intervalo I, entao tem
descontinuidade de primeira especie em I.
Instituto de Matematica - UFF 231
Analise na Reta
Prova.
Seja c I um ponto de acumulacao
a` direita de I, isto e,
c nao
e a
extremidade superior de I.
0 se x Q
Exemplo 2.2 A funcao
: R R, dada por (x) =
1 se x R Q ,
: R R, pois, embora suas descon-
e a derivada de uma funcao
nao
tinuidades sejam todas de segunda especie, satisfaz ao teorema
ela nao
do valor intermediario derivaveis.
para funcoes
Prova.
f 0 (c) = 0 para todo c (a, b).
Se f e constante em [a, b], entao
que f nao
Suponhamos, entao, e constante em [a, b]. Como f e contnua
no compacto [a, b], o maximo atingidos em pontos do
e o mnimo de f sao
existe c (a, b) tal que f(c) = M ou f(c) = m, pois
intervalo [a, b]. Entao,
se o maximo M e o mnimo m fossem ambos atingidos nas extremidades,
teramos M = m, pois f(a) = f(b), e f seria, portanto, constante.
Logo, pelo corolario 1.4, f 0 (c) = 0, pois c e um ponto de acumulacao
a`
direita e a` esquerda do intervalo [a, b] e f e derivavel
no ponto c.
1
Exemplo 2.5 Seja h : [1, 1] R definida por h(x) = (1x2 ) sen
1 x2
se x 6= 1 e h(1) = 0. Entao,
h e contnua em [1, 1] e derivavel
apenas
no intervalo aberto (1, 1). Neste exemplo, podemos aplicar o teorema de
Rolle para garantir que existe c (1, 1) tal que f 0 (c) = 0. Na realidade,
1 2x 1
f 0 (0) = 0, pois f 0 (x) = 2x sen 2
+ 2
cos para x 6= 1.
1x 1x 1 x2
Instituto de Matematica - UFF 233
Analise na Reta
Corolario 2.2 Se uma funcao
contnua f : [a, b] R possui derivada
nula em todos os pontos x (a, b), entao
f e constante.
Prova.
Seja x (a, b). Entao
existe cx (a, b) tal que
f(x) f(a)
0 = f 0 (cx ) = .
xa
Assim, f(x) = f(a) para todo x [a, b], ou seja, f e constante em [a, b].
Corolario 2.3 Se f, g : [a, b] R sao
contnuas em [a, b], derivaveis
em (a, b) e f 0 (x) = g 0 (x) para todo x (a, b), entao
existe c R tal que
g(x) = f(x) + c para todo x [a, b].
Prova.
g f : [a, b] R e contnua em [a, b], derivavel
Como a funcao em
(a, b) e (g f) 0 (x) = g 0 (x) f 0 (x) = 0 para todo x (a, b), temos, pelo
corolario anterior, que g f e constante em [a, b], ou seja, existe c R tal
que g(x) f(x) = c para todo x [a, b].
x
Observacao f : R {0} R, definida por f(x) =
2.4 A funcao
, nao
|x|
e constante, apesar de f 0 (x) = 0 para todo x R {0}. Isto ocorre porque
e um intervalo.
o domnio de f nao
Corolario 2.4 Seja f : I R derivavel
no intervalo aberto I. Se existe
k R tal que |f 0 (x)| k para todo I I, entao
|f(x) f(y)| k|x y| ,
quaisquer que sejam x, y I.
Prova.
Sejam x, y I, x < y. Como f e contnua em [x, y] e derivavel
em (x, y),
existe z (x, y) tal que
f(x) f(y) = f 0 (z)(x y) .
Logo, |f(x) f(y)| = |f 0 (z)| |x y| k|x y| .
O mesmo vale se y < x.
lim f(x).
xa+
1
f : (0, +) R, definida por f(x) = sen , nao
Por exemplo, a funcao
x
Instituto de Matematica - UFF 235
Analise na Reta
Corolario 2.5 Seja f contnua em [a, b] e derivavel
em (a, b). Se existe
lim f 0 (x) = L, entao
existe f 0 (a+ ) e L = f 0 (a+ ).
xa+
Prova.
f(xn ) f(a)
Basta provar que lim
= L , para toda sequ encia (xn ) de pon-
n+ xn a
tos de (a, b) com lim xn = a.
n+
Pelo teorema do valor medio, para todo n N, existe yn (a, xn ) tal que
f(xn ) f(a)
f 0 (yn ) = .
xn a
f(xn ) f(a)
lim = L.
n+ xn a
Logo, f e derivavel
a` direita no ponto a e f 0 (a+ ) = L.
Corolario 2.6 Seja f : (a, b) R derivavel,
exceto, possivelmente,
num ponto c (a, b), onde f e contnua. Se existe lim f 0 (x) = L, entao
f e
xc
0
derivavel no ponto c e f (c) = L.
Prova.
Seja > 0 tal que [c , c + ] (a, b).
f e contnua em [c , c], derivavel
Como a funcao em (c , c) e existe
lim f 0 (x) = L, entao
f e derivavel
a` esquerda no ponto c e f 0 (c ) = L.
xc
Logo, f e derivavel
no ponto c e f 0 (c) = L.
Corolario 2.7 Seja f : I R derivavel
f 0 (x) 0
no intervalo I. Entao,
para todo x I se, e so se, f e nao-decrescente
em I.
E se f 0 (x) > 0 para todo x I, entao
f e crescente. Neste caso, f possui
uma inversa, definida no intervalo J = f(I), que e derivavel
no intervalo J
1
com (f1 ) 0 (y) = , para todo y J.
f 0 (f1 (y))
Prova.
(=) Sejam x, y I, x < y. Pelo teorema do valor medio,
existe
f(y) f(x)
z (x, y) tal que = f 0 (z). Como f 0 (z) 0 e y x > 0, te-
yx
mos que f(y) f(x).
(=) Se f e nao-decrescente
e derivavel f 0 (a) 0, pois
em a I, entao
f(a + h) f(a)
0 , para todo h 6= 0 tal que a + h I.
h
Se f 0 (x) > 0 para todo x I, temos que se a < b, a, b I, entao
existe,
Note que: a recproca deste re-
pelo teorema do valor medio, c (a, b) tal que f(b) f(a) = f 0 (c)(b a). e verdadeira, pois
sultado nao
Logo, f(b) > f(a), ja que f 0 (c)(b a) > 0. f(x) = x3 e crescente e derivavel
em toda a reta, mas f 0 (0) = 0.
Instituto de Matematica - UFF 237
Analise na Reta
ex x xn A
Entao, n
> , ou seja, 0 < x
< para todo x > 0, onde A = (n+1)n+1 .
x A e x
xn
Logo, lim = 0.
x+ ex
p(x)
Mais geralmente: x+
lim
= 0 para todo polinomio p(x) = an xn +
ex
an1 xn1 + . . . + a1 x + a0 .
an1 a
De fato, como p(x) = an xn q(x), onde q(x) = 1 + + . . . + 0 n , temos
an x an x
p(x)
que lim = an e, portanto,
n+ xn
p(x) p(x) xn p(x) xn
lim = lim = lim lim = an 0 = 0 .
x+ ex x+ xn ex x+ xn x+ ex
1
Exemplo 2.8 Seja f : R R definida por f(x) = e x2 se x 6= 0 e
1
f(0) = 0. Como lim e x2 = 0, f e contnua em R. Alem
disso, f e derivavel
x0
2 12
em R {0}, com f 0 (x) = e x para x 6= 0.
x3
3
1 2y 2
Pondo y = 2 , temos, pelo exemplo acima, que lim |f 0 (x)| = lim =
x x0 y+ ey
3
y y2 y2 y y2
0, ja que y < y < y , para todo y > 1, e lim y = lim y = 0.
e e e y+ e y+ e
Logo, pelo corolario 2.6, f e derivavel
no ponto 0 e f 0 (0) = 0.
e x1 se x 6= 0
Exemplo 2.9 Seja f : R R a funcao
f(x) = .
0 se x = 0
1 1
Como lim+ e x = 0 = f(0) e lim e x = +, f nao
e contnua no ponto
x0 x0
1
y=
, temos, pelo corolario 2.5, que f e derivavel
a` direita no ponto 0 e
x
f 0 (0+ ) = 0.
1
Observe que lim f 0 (x) = lim 1 = +.
x0 x0 x2 e x
f(b) f(a)
existe c (a, b) tal que f 0 (c) =
existe, entao .
ba
Instituto de Matematica - UFF 239
Analise na Reta
corolario 2.4, que f 0 nao
e limitada em (a, b).
absurdo, pois isto implicaria na existencia de lim+ f(x).
xa
De modo analogo, podemos provar que f 0 nao
e limitada superiormente
em (a, b).
f(b) f(a)
Seja d = existem pontos x1 , x2 (a, b) tais que f 0 (x1 ) <
. Entao
ba
d < f 0 (x2 ). Logo, pelo teorema do valor intermediario
para a derivada,
f(b) f(a)
existe c (a, b) tal que f 0 (c) = d = .
ba
Prova.
(=) Suponhamos que f e de classe C1 em [a, b], ou seja, f e derivavel
em [a, b] e f 0 e contnua em [a, b]. Entao,
f 0 e uniformemente contnua em
[a, b], ja que [a, b] e compacto.
> 0 , > 0 tal que x, y [a, b], |x y| < = |f 0 (x) f 0 (y)| < .
f(x + h) f(x)
g : [a, x0 + h] R definida por g(x) =
Como a funcao e
h
contnua em x0 , existe 0 < 00 < h tal que
|x x0 | < 00 = |g(x) g(x0 )| < .
3
Instituto de Matematica - UFF 241
Analise na Reta
|f 0 (x) f 0 (x0 )| <
Entao, + + = para todo x (x0 00 , x0 + 00 ).
3 3 3
Mostraremos, agora, que f 0 e contnua no ponto a.
ba
Dado > 0, existe 0 < < tal que
2
f(x + h) f(x)
x, x + h [a, b] e 0 < |h| < = 0
f (x) < 3.
h
Seja h > 0 fixo tal que h < . Entao,
f(x + h) f(x) 0
f (x) < 3 ,
h
h a + bi a+b a+b ba
para todo x a, , pois a < +h< + = b.
2 2 2 2
h a + bi f(x + h) f(x)
g : a,
Como a funcao R definida por g(x) = e
2 h
00
contnua no ponto a, existe 0 < < h tal que
a x < a + 00 = |g(x) g(a)| < .
3
Logo,
|f 0 (x) f 0 (a)| |f 0 (x) g(x)| + |g(x) g(a)| + |g(a) f 0 (a)|
< + + = ,
3 3 3
para todo x [a, a + 00 ).
Assim, f 0 e contnua no ponto a.
Finalmente, mostraremos que f 0 e contnua no ponto b.
ba
Seja 0 < < tal que
2
f(x + h) f(x)
x, x + h [a, b] e 0 < |h| < =
0
f (x) < .
h 3
a+b
h i
|g(x) g(b)| < para todo x (b 00 , b] ,b .
3 2
Logo,
|f 0 (x) f 0 (b)| |f 0 (x) g(x)| + |g(x) g(b)| + |g(b) f 0 (b)| Para uma demonstracao mais
< + + = ,
sintetica,
veja Curso de Analise,
3 3 3 Vol. I de Elon Lima
3. Formula de Taylor
Seja n N. A nesima
derivada, ou derivada de ordem n, da
f no ponto a e indicada por f(n) (a) e e definida por inducao
funcao da
seguinte maneira:
f 00 (a) = f(2) (a) = [f 0 ] 0 (a) ,
f 000 (a) = f(3) (a) = [f 00 ] 0 (a) ,
(n) (n1) 0
f (a) = [f ] (a) .
Instituto de Matematica - UFF 243
Analise na Reta
(n)
Afirmacao: n (x) = (n + 1)! 0 (x) para todo x R.
para todo x R.
Como 0 (x) = |x|, x R, e contnua, mas nao
e derivavel
no ponto zero,
temos que Cn , mas nao
e (n + 1)vezes derivavel
no ponto zero.
6 Cn+1 .
Entao,
Exemplo 3.2
Sejam as funcoes
fn , hn : R R definidas por:
x2n sen 1 , se x 6= 0 x2n cos 1 , se x 6= 0
fn (x) = x e hn (x) = x
0 se x = 0 0 se x = 0 .
(n) (n)
fn e hn sao
Entao nvezes derivaveis
sao
em R, mas fn e hn nao
contnuas no ponto zero. Logo, fn 6 Cn e hn 6 Cn .
sao
Em particular, fn e hn nao (n + 1)vezes derivaveis.
Sejam as funcoes
gn , n : R R definidas por:
x2n+1 sen 1 se x 6= 0 x2n+1 cos 1 se x 6= 0
gn (x) = x e n (x) = x
0 se x = 0 , 0 se x = 0 .
gn Cn e n Cn , mas nao
Entao, sao
(n + 1)vezes derivaveis
no
ponto zero.
feitas acima por inducao
Vamos provar as afirmacoes sobre n.
Caso n = 1: Como
1 1
f10 (x) = 2x sen cos se x 6= 0 e f10 (0) = 0 ,
x x
1 1
h10 (x) = 2x cos + sen se x 6= 0 e h10 (0) = 0 ,
x x
derivaveis
temos que f1 e h1 sao em R, mas f10 e h10 nao
sao
contnuas no
ponto zero.
Como
1 2
g10 (x) = 3x2 sen x cos , x 6= 0 e g10 (0) = 0,
x x
1 1 1 1
g100 (x) = 6x sen 4 cos + sen , x 6= 0,
x x x x
1 1
10 (x) = 3x2 cos + x sen , x 6= 0 , e 10 (0) = 0,
x x
1 1 1 1
100 (x) = 6x cos + 4 sen cos , x 6= 0 ,
x x x x
Instituto de Matematica - UFF 245
Analise na Reta
Exemplo 3.3
Todo polinomio
C em R.
e uma funcao
Uma funcao
racional, quociente de dois polinomios,
e de classe C em
todo intervalo onde e definida.
As funcoes
trigonometricas,
logaritmica e a funcao
a funcao exponencial
de classe C em cada intervalo onde sao
sao definidas.
1
e x2 se x 6= 0
Exemplo 3.4 A funcao
f : R R, f(x) = e de
0 se x = 0
classe C .
claro que existem as derivadas de todas as ordens num ponto x 6= 0.
E
Instituto de Matematica - UFF 247
Analise na Reta
Quando f e derivavel
num ponto a,
r(h)
f(a + h) = f(a) + f 0 (a) h + r(h) , onde lim = 0,
h0 h
necessaria
e suficiente para que f seja derivavel no ponto a.
Mas, quando n > 1, a existencia
de um polinomio p(h) de grau
r(h)
n tal que lim = 0, onde r(h) = f(a + h) p(h), decorre de f ser
h0 hn
nvezes derivavel e suficiente para garantir que f
no ponto a, mas nao
seja nvezes derivavel no ponto a.
Entao,
1
f(a + h) = 1 + a + h + h2 + h3 sen , h 6= 0 ,
h
ou seja,
f(a + h) = p(h) + r(h) ,
3.2 Um polinomio
Observacao de grau n
p(x) = b0 + b1 x + . . . + bn xn
fica determinado quando se conhecem o seu valor e o de suas derivadas
ate a ordem n no ponto 0, ou seja, o conhecimento de p(0), p 0 (0),. . .,p(n) (0)
determina os valores de b0 , b1 , . . . , bn .
De fato, p(0) = b0 , p 0 (0) = b1 , p 00 (0) = 2 ! b2 ,. . .,p(n) (0) = n ! bn , ou seja,
p(j)
bj = , j = 0, 1, . . . , n.
j!
e o polinomio
de Taylor de ordem n de f no ponto a.
Instituto de Matematica - UFF 249
Analise na Reta
3.3 O polinomio
Observacao de Taylor de ordem n de f no ponto a
e o unico
polinomio p de grau n cujas derivadas p(0), p 0 (0),. . .,p(n) (0)
no ponto 0 coincidem com as derivadas correspondentes de f no ponto
p(j) (0) f(j) (a)
a, pois, nesse caso o coeficiente de ordem j de p e = ,
j! j!
j = 0, 1, . . . , n.
Prova.
(=) Mostraremos, por inducao
sobre n, que se r e nvezes derivavel,
r(x)
n 1, no ponto 0 I e r(0) = r 0 (0) = . . . = r(n) (0) = 0, entao
lim = 0.
x0 xn
Caso geral: Suponhamos o resultado valido para n 1, n 2.
Seja r : I R nvezes derivavel
no ponto 0 I com r(0) = r 0 (0) =
. . . = r(n) (0) = 0.
r 0 (x)
a hipotese
Entao, aplicada a r 0 , nos da que lim
de inducao, = 0.
x0 xn1
r(x)
Logo, lim = 0.
x0 xn
r(x) r(x)
r(0) = lim r(x) = lim x = lim lim x = 0 ,
x0 x0 x x0 x x0
Caso geral: Suponhamos o resultado valido para n 1, n 2, e conside-
r : I R nvezes derivavel
remos uma funcao no ponto 0 I tal que
r(x)
lim = 0.
x0 xn
r(n) (0) n
Seja : I R definida por (x) = r(x) x .
n!
e nvezes derivavel
Entao, no ponto 0 I e
(x) r(x) r(n) (0)
lim n1 = lim n
x x = 0.
x0 x x0 x n!
Pela hipotese temos que
de inducao,
(0) = 0 (0) = . . . = (n1) (0) = 0 .
r(0) = 0 e como
Entao,
r(n) (0)
(k) (x) = r(k) (x) n (n 1) . . . (n (k 1)) xnk ,
n!
Instituto de Matematica - UFF 251
Analise na Reta
r(x)
como lim
Entao, = 0, temos que
x0 xn
r(n) (0) r(n) (0) xn r(x) (x) r(x) (x)
= lim = lim n = lim lim n = 0 ,
n! x0 n ! xn x0 xn x x0 x n x0 x
r(h)
lim = 0 se, e so se, f(j) (a) = p(j) (0), para todo j = 0, 1, . . . , n.
h0 hn
r(h)
disso, impusermos que grau(p) n, temos que lim
Se, alem =
h0 hn
f(n) (a) n
f(a + h) = f(a) + f 0 (a) h + . . . + h + r(h)
n!
r(h)
onde lim = 0.
h0 hn
X
n
f(j) (a)
disso, p(h) =
Alem hj e o unico
polinomio de grau n tal que
j!
j=0
r(h)
f(a + h) = p(h) + r(h) , com lim =0
h0 hn
Como r e um polinomio
de grau n e r(j) (0) = 0, 0 j n, temos que
r = 0, ou seja,
p(n) (a) n
p(a + h) = p(a) + p 0 (a)h + . . . + h ,
n!
quaisquer que sejam a, h R.
chegar ao mesmo resultado observando que q(h) =
Poderamos, tambem,
p(a + h) e um polinomio
de grau n tal que r(h) = p(a + h) q(h) = 0
r(h)
lim
satisfaz, trivialmente, a condicao pela unicidade do
= 0. Entao,
h0 hn
polinomio de Taylor, temos que
p(n) (a) n
p(a + h) = q(h) = p(a) + p 0 (a)h + . . . + h .
n!
4.
Aplicacoes
da formula de Taylor
4.1
Maximos e mnimos locais
Instituto de Matematica - UFF 253
Analise na Reta
r(h)
onde (0) = 0 e (h) = se h 6= 0, a + h I.
hn
se n e par e f(n) (a) > 0, temos que f(a + h) > f(a) para todo
Entao,
h 6= 0 pertencente a uma vizinhanca do ponto zero, pois hn > 0 para todo
h 6= 0. Ou seja, a e um ponto de mnimo local estrito.
E, se n e par e f(n) (a) < 0, temos que f(a + h) < f(a) para todo
h 6= 0 suficientemente pequeno, ja que hn > 0 para todo h 6= 0. Ou seja,
a e um ponto de maximo
local estrito.
Agora, se n e mpar e f(n) (a) > 0, como existe > 0 tal que
f(n) (a)
(a , a + ) I e + (h) > 0 h (, ) {0}, temos que
n!
f(n) (a)
f(a + h) f(a) = + (h) hn < 0 , se < h < 0 ,
n!
f(n) (a)
e f(a + h) f(a) = + (h) hn > 0 , se 0 < h < .
n!
e ponto de maximo
Ou seja, a nao nem de mnimo local de f.
De modo analogo, podemos provar que se n e mpar e f(n) (a) < 0,
a nao
entao e ponto de maximo
nem de mnimo local de f.
Em particular, temos que se f : I R e nvezes derivavel
no ponto
a int I, f 0 (a) = . . . = f(n1) (a) = 0 e f(n) (a) 6= 0, entao
existe > 0 tal
que f(a + h) 6= f(a) para todo h (, ) , h 6= 0.
Como consequ encia, temos que se (xn ) e uma sequ encia
de pontos
de X {a} tal que lim xn = a e f(xn ) = f(a) para todo n N, entao
n+
nulas.
todas as derivadas de f que existam no ponto a sao
0
4.2 do tipo .
Indeterminacao
0
Sejam f, g : I R funcoes
nvezes derivaveis
no ponto a I. Su-
ponhamos que f(a) = f 0 (a) = . . . = f(n1) (a) = 0 e g(a) = g 0 (a) = . . . =
g(n1) (a) = 0, mas f(n) (a) 6= 0 ou g(n) (a) 6= 0. Alem
disso, suponhamos
que g(x) 6= 0 para todo x 6= a suficientemente proximo
de a. Entao,
f(x) f(n) (a)
lim = (n) , se g(n) (a) 6= 0 ,
xa g(x) g (a)
e
f(x)
lim = + , se g(n) (a) = 0 ,
xa g(x)
Instituto de Matematica - UFF 255
Analise na Reta
Prova.
Seja : [a, b] R definida por
f(n1) (x) k
(x) = f(b) f(x) f 0 (x) (b x) . . . (b x)n1 (b x)n ,
(n 1) ! n!
k
+ (b x)n1
(n 1) !
X
n1 (j+1)
f (x) X
n2 (j+1)
f (x) (b x)n1
j
= f (x) 0
(b x) + (b x)j + k
j! j! (n 1) !
j=1 j=0
k f(n) (x)
= (b x)n1 .
(n 1) !
4.3
Funcoes convexas
Prova.
(=) Suponhamos que f 00 (x) 0 para todo x I.
Sejam a, a + h I, h 6= 0. Entao,
pelo teorema anterior, existe c I entre
f 00 (c) 2
a e a + h tal que f(a + h) = f(a) + f 0 (a)h + h .
2!
Como f 00 (a) 0, temos que
f(a + h) f(a)
f 0 (a) se h > 0,
h
e
f(a + h) f(a)
f 0 (a) se h < 0.
h
Logo, se a < x < b, a, b, x I, temos que
f(a) f(x) f(b) f(x)
f 0 (x) ,
ax bx
f(x) f(a) f(b) f(x)
isto e, .
xa bx
Instituto de Matematica - UFF 257
Analise na Reta
obtemos que
(f(x) f(a))(b a) (f(b) f(a))(x a) ,
ou seja,
f(x) f(a) f(b) f(a)
,
xa ba
4.4
Serie
de Taylor funcoes analticas
f(n) (a + n h) n
onde rn (h) = h , com 0 < n < 1.
n!
A serie
X
f(n) (a)
hn
n!
n=0
chama-se serie f em torno do ponto a.
de Taylor da funcao
f : I R de classe C no
4.1 Dizemos que uma funcao
Definicao
intervalo aberto I e analtica quando, para cada a I existe a > 0 tal
X
f(n) (a) n
que a serie de Taylor h converge para f(a + h) para todo
n!
n=0
h (a , a ).
X
f(n) (a)
4.3 A serie
Observacao de Taylor hn converge para f(a+h)
n!
n=0
Instituto de Matematica - UFF 259
Analise na Reta
ou seja,
1 yn
= 1 + y + . . . + yn1 + ,
1y 1y
(1)n x2n
Sejam p(x) = 1 x2 + x4 x6 + . . . + (1)n1 x2n2 e r(x) = .
1 + x2
r(x) (1)n x
Como p e um polinomio
de grau 2n 1 e lim 2n1 = lim = 0,
x0 x x0 1 + x2
(1)n x2n
disso, como r2n1 (x) = r2n (x) =
Alem , e lim rn (x) = 0 se, e so
1 + x2 n0
se, lim rn (x) = 0 se, e so se, lim r2n1 (x) = lim r2n (x) = 0 temos
n+ n+ n+
X
a serie
Entao de Taylor de f em torno de zero, (1)n x2n , converge
n=0
para f(x) se |x| < 1 e diverge se |x| 1, pois, neste caso, o termo geral
tende a zero quando n .
(1)n x2n nao
Apesar disto, como veremos depois, f e analtica em toda a reta. O que
acontece e que a serie
de Taylor de f em torno de um ponto a 6= 0 e
diferente da serie acima.
e1/x2 se x 6= 0
Exemplo 4.5 Seja f : R R a funcao
f(x) =
0 se x = 0 .
sen(n) (c) n
onde rn (x) = x e |c| < |x|.
n!
|x|n
Logo, |rn (x)| para x R e n N.
n!
|x|n
como lim
Entao, = 0, temos que lim rn (x) = 0 para todo x R.
n+ n ! n+
Ou seja, a serie seno em torno do ponto 0 converge
de Taylor da funcao
para sen x, para todo x R.
De modo analogo,
podemos provar que a serie de Taylor
h2 h3 h4
sen a + h cos a sen a cos a + sen a + . . .
2! 3! 4!
seno em torno de um ponto a R tambem
da funcao converge para
sen(n) (c) n
sen(a + h) para todo h R, pois o resto rn (h) = h , onde c esta
n!
entre a e a + h, da formula
de Taylor com resto de Lagrange da funcao
converge para zero quando n +
seno em torno do ponto a tambem
para todo h R.
seno e analtica em toda a reta e sua serie
Assim, a funcao de Taylor em
torno de qualquer ponto a converge para sen(a + h) para todo h R.
Instituto de Matematica - UFF 261
De modo analogo, cos-
podemos provar que o mesmo vale para a funcao
seno.
X
ea hn
de Taylor
Logo, a serie exponencial em torno do ponto
da funcao
n!
n=0
a+h
a converge para e para todo h R.
exponencial e analtica em toda a reta e
Assim, a funcao
X
ea
x
e = (x a)n
n!
n=0
Instituto de Matematica - UFF 263
264 J. Delgado - K. Frensel
Integral superior e integral inferior
Parte 8
Integral de Riemann
1.2 Os numeros
Definicao reais
X
n X
n
s(f; P) = mi (ti ti1 ) e S(f; P) = Mi (ti ti1 )
i=1 i=1
Instituto de Matematica - UFF 265
Analise na Reta
r (ti1 , ti ) a` particao
P.
Sejam
mi = inf{f(x) | x [ti1 , ti ]}
m 0 = inf{f(x) | x [ti1 , r]}
m 00 = inf{f(x) | x [r, ti ]} .
mi m 0 e mi m 00 .
Entao,
Assim,
s(f; Q) s(f; P) = m 00 (ti r) + m 0 (r ti+1 ) mi (ti ti1 )
= m 0 (ti r) + m 00 (r ti1 ) mi (ti r) mi (r ti1 )
= (m 0 mi )(ti r) + (m 00 mi )(r ti1 ) 0 ,
Corolario 1.1 Seja f : [a, b] R uma funcao
limitada.
s(f; P) S(f; Q) quaisquer que sejam P e Q particoes
Entao de [a, b].
Prova.
Como P Q refina P e Q, temos
s(f; P) s(f; P Q) S(f; P Q) S(f; Q) .
Instituto de Matematica - UFF 267
Analise na Reta
Zb
f(x) dx = inf S(f; P)
a P
Zb Zb
Ou seja, f(x) dx e caracterizados pelas proprieda-
f(x) dx sao
a a
des abaixo:
Zb
(1) f(x) dx s(f; P) para qualquer particao
P de [a, b]
a
Zb
(1) f(x) dx S(f; P) para qualquer particao
P de [a, b]
a
pois
m(b a) s(f; P) S(f; Q) M(b a) ,
P e Q de [a, b].
quaisquer que sejam as particoes
Em particular, se |f(x)| K, ou seja, K f(x) K, para todo
x [a, b], entao
Z Z
b b
f(x) dx K(b a) e f(x) dx K(b a) .
a a
1 se x Q
Exemplo 1.1 Seja f : [a, b] R definida por f(x) =
0 se x R Q .
e
Zb Zc Zb
f(x) dx = f(x) dx + f(x) dx
a a c
Prova.
P de [a, b], seja P 0 = P {c}. Entao,
Dada uma particao s(f; P) s(f; P 0 ) .
Zb
Como f(x) dx s(f; P) para toda particao P de [a, b], temos que
a
Zb
f(x) dx s(f; Q) ,
a
Instituto de Matematica - UFF 269
Analise na Reta
Zb
Assim, f(x) dx = sup { s(f; Q) | Q particao
de [a, b] com c Q} .
a
De modo analogo, podemos provar a outra igualdade.
Prova.
Como x sup A para todo x A e y sup B para todo y B, te-
mos x + y supA + sup B. Logo, sup A + sup B e uma cota superior do
conjunto A + B.
disso, dado > 0, existem x A e y B tais que x sup A
Alem e
2
y > sup B .
2
x + y > (sup A + sup B) . Logo, sup A + sup B e a menor cota
Entao,
superior de A + B, ou seja,
sup(A + B) = sup A + sup B .
De modo analogo, podemos provar que inf(A + B) = inf A + inf B.
Corolario 1.2 Sejam f, g : [a, b] R funcoes
limitadas. Entao,
sup(f + g) sup f + sup g e inf(f + g) inf f + inf g.
Prova.
Sejam A = { f(x) | x [a, b] } , B = { g(y) | y [a, b] } e C = { f(x) +
g(x) | x [a, b] }. Como C A + B, temos, pelo lema anterior, que
sup(f + g) = sup C sup(A + B) = sup A + sup B = sup f + sup g ,
e
inf(f + g) = inf C inf(A + B) = inf A + inf B = inf f + inf g.
A + B = {s(f; P) | P e particao
Entao, de [a, b] com c P } .
De modo analogo, temos que
Zb Zc Zb
0 0 0 0
f(x) dx = inf(A + B ) = inf A + inf B = f(x) dx + f(x) dx ,
a a c
onde
A 0 = {S(f|[a,c] ; P) | P e particao
de [a, c] }
e B 0 = {S(f|[c,b] ; P) | P e particao
de [c, b] } .
Entao,
Zb Zb
f(x) dx = f(x) dx = (c a) + (b c) .
a a
Instituto de Matematica - UFF 271
Analise na Reta
e
Zb Zc Zb Zc
f(x) dx = f(x) dx + f(x) dx = f(x) dx + (b c) .
a a c a
Suponhamos, para fixar as ideias, que . Entao,
f(x) para
todo x [a, b].
Zc
Logo, para todo > 0 tal que a < c < c, temos que f(x) dx
c
e, portanto,
Zc Z c Zc
(c a) f(x) dx = f(x) dx + f(x) dx
a a c
(c a) +
= (c a) + ( ) ,
Zb
e, portanto, f(x) dx = (c a) + (b c) .
a
Alem, disso, como s(f|[a, c] ; P) = (c a) para toda particao
P de [a, c],
Zc
pois , temos que f(x) dx = (c a) e, portanto,
a
Zb
f(x) dx = (c a) + (b c) .
a
De modo analogo, podemos povar que
Zc Zc Zc Zc
f(x) dx = h(x) dx e f(x) dx = h(x) dx
a a a a
, se x (a, c]
onde h(x) = e M R e um numero
qualquer.
M , se x = a ,
Zc Zc
Logo, f(x) dx = (c a) e f(x) dx = (c a) quaisquer que sejam os
a a
Prova.
Seja c > 0. Como x sup A para todo x A, temos que cx c sup A
para todo cx cA. Logo, c sup A e uma cota superior de cA.
disso, dado > 0, existe x A tal que x > sup A . Logo,
Alem
c
sup A e a menor cota superior de cA, ou seja,
cx > c sup A . Entao
c sup A = sup cA.
Seja, agora, c < 0. Como x sup A para todo x A, temos cx c sup A
para todo cx cA. Logo, c sup A e uma cota inferior de cA.
Instituto de Matematica - UFF 273
Analise na Reta
disso, dado > 0, existe x A tal que x > sup A + , pois
Alem < 0.
c c
Logo, cx < c sup A + . Portanto, c sup A e a maior cota inferior de cA, ou
seja, inf cA = c sup A.
De modo analogo, podemos provar que
inf cA = c inf A se c > 0 e sup cA = c inf A se c < 0.
Zb Zb Zb Zb
(1) f(x) dx + g(x) dx (f(x) + g(x)) dx (f(x) + g(x)) dx
a a a a
Zb Zb
f(x) dx + g(x) dx .
a a
Zb Zb Zb Zb
(2) Quando c > 0, c f(x) dx = c f(x) dx e c f(x) dx = c f(x) dx .
a a a a
Zb Zb Zb Zb
Quando c < 0, c f(x) dx = c f(x) dx e c f(x) dx = c f(x) dx .
a a a a
Zb Zb Zb Zb
Em particular, f(x) dx = f(x) dx e f(x) dx = f(x) dx .
a a a a
Prova.
Zb Zb
(1) Ja sabemos que (f(x) + g(x)) dx (f(x) + g(x)) dx .
a a
Zb Zb Zb
Vamos provar que f(x) dx + g(x) dx (f(x) + g(x)) dx .
a a a
Logo,
Zb
(f(x) + g(x)) dx s(f; P) + s(g; P) ,
a
P de [a, b].
para toda particao
Entao, P e Q arbitrarias
dadas particoes de [a, b], temos que
Zb
s(f; P) + s(g; Q) s(f; P Q) + s(g; P Q) (f(x) + g(x)) dx
a
A ultima
desigualdade de (1) mostra-se de modo analogo.
(2) Pelo lema 1.3, mi (c f) = c mi (f) e Mi (c f) = c Mi (f) se c > 0 , e
mi (c f) = c Mi (f) e Mi (c f) = c mi (f) se c < 0 .
pelo lema 1.3, novamente, temos
Entao,
Zb
c f(x) dx = sup s(c f; P) = sup c s(f; P)
P P
a
Zb
= c sup s(f; P) = c f(x) dx , se c > 0 ,
P a
Zb
c f(x) dx = inf S(c f; P) = inf c S(f; P)
P P
a
Zb
= c inf S(f; P) = c f(x) dx , se c > 0 ,
P a
Zb
c f(x) dx = sup s(c f; P) = sup c S(f; P)
a P P
Zb
= c inf S(f; P) = c f(x) dx , se c < 0 ,
P a
Zb
c f(x) dx = inf S(c f; P) = inf c s(f; P)
P P
a Zb
= c sup s(f; P) = c f(x) dx , se c < 0 ,
P a
(3) Como f(x) g(x) para todo x [a, b], temos que
Instituto de Matematica - UFF 275
Analise na Reta
Corolario 1.3 Se f(x) 0 para todo x [a, b], entao
Zb Zb
f(x) dx 0 e f(x) dx 0 .
a a
2.
Funcoes
integraveis
Zb Zb
Este valor comum, indicado por f(x) dx ou f , e chamado a integral
a a
de f.
0 , x [a, b] (R Q)
Exemplo 2.3 A funcao
f : [a, b] R, f(x) =
1 , x [a, b] Q
Zb Zb
e integravel,
nao pois f(x) dx = 0 6= 1 = f(x) dx .
a a
que f e integravel,
Dizer, entao,
significa que a area
interna e a area ex-
Zb
terna de A sao iguais, ou seja, que A possui uma area
igual a f(x) dx.
a
que f e integravel,
Dizer, entao, significa afirmar que sup = inf .
Instituto de Matematica - UFF 277
Analise na Reta
Prova.
Ja sabemos que sup inf .
(=) Suponhamos que sup < inf e tomemos = inf sup > 0.
Como s sup inf S quaisquer que sejam s e S , temos
que S s inf sup = para todo S e todo s , o que contradiz
a hipotese.
existem s e
(=) Suponhamos que sup = inf . Seja > 0. Entao
S tais que s > sup e S < inf + .
2 2
Logo, S s < inf + sup = .
2 2
Prova.
Seja A = { |x y| | x, y Y }. Dados x, y Y, podemos supor que x y.
Entao,
|x y| = x y M m ,
ou seja, M m e uma cota superior de A.
disso, dado > 0, existem x, y Y tais que x > M
Alem e y < m+ .
2 2
Logo,
|x y| x y > M m = M m ,
2 2
ou seja, M m e a menor cota superior de A. Entao,
M m = sup A.
Corolario 2.1 Seja f : [a, b] R limitada. Entao,
para todo X [a, b]
nao-vazio tem-se
(f; X) = sup{ |f(x) f(y)| | x, y Y } .
Prova.
Pelo lema 2.1, temos que (1)(2). E (3)(4), pois, pelo corolario
2.1,
X
n
S(f; P) s(f; P) = i (ti ti1 ).
i=1
E obvio
que (3)=(2), e (2)=(3), pois se S(f; Q) s(f; P) < , entao
S(f; P Q) s(f; P Q) < , ja que
s(f; P) s(f; P Q) S(f; P Q) S(f; Q) .
Instituto de Matematica - UFF 279
Analise na Reta
integraveis,
Reciprocamente, se f|[a,c] e f|[c,b] sao f e integravel
entao e
vale a igualdade acima.
(2) Para cada c R, cf e integravel
e
Zb Zb
(cf(x)) dx = c f(x) dx .
a a
(3) f + g e integravel
e
Zb Zb Zb
(f(x) + g(x)) dx = f(x) dx + g(x) dx .
a a a
Segue-se de (4) e (5) que se |f(x)| K para todo x [a, b], entao
Zb
f(x) dx k(b a) .
a
Prova.
(1) Sejam
Zc Zb Zc Zb
= f(x) dx, = f(x) dx, A = f(x) dx, e B = f(x) dx.
a c a c
Zb Zb
Como f(x) dx = + , f(x) dx = A + B, A e B, temos que f
a a
e integravel,
ou seja, + = A + B, se, e so se, = A e = B, ou seja,
se, e so se, f|[a,c] e f|[c,b] sao
integraveis.
E, neste caso,
Zb Zb Zc Zb Zc Zb
f(x) dx = f(x) dx = f(x) dx + f(x) dx = f(x) dx + f(x) dx .
a a a c a c
De modo analogo, se c < 0, temos que
Zb Zb Zb
cf(x) dx = c f(x) dx = c f(x) dx
a a a
Zb Zb Zb
e cf(x) dx = c f(x) dx = c f(x) dx .
a a a
Zb Zb
Logo, cf e integravel
e cf(x) dx = c f(x) dx .
a a
O caso c = 0 e trivial.
(3) Pelo teorema 1.3, temos que
Zb Zb Zb Zb Zb
f(x) dx + g(x) dx = f(x) dx + g(x) dx ( f(x) + g(x) ) dx
a a a a a
Zb Zb Zb
( f(x) + g(x) ) dx f(x) dx + g(x) dx
a a a
Zb Zb
= f(x) dx + g(x) dx .
a a
Logo,
Zb Zb Zb Zb
f(x) dx + g(x) dx = ( f(x) + g(x) ) dx = ( f(x) + g(x) ) dx ,
a a a a
Zb Zb Zb
ou seja, f + g e integravel
e ( f(x) + g(x) ) dx = f(x) dx + g(x) dx.
a a a
Instituto de Matematica - UFF 281
Analise na Reta
Zb Zb Zb Zb
f(x) dx = f(x) dx g(x) dx = g(x) dx ,
a a a a
Zb Zb
ou seja, f(x) dx g(x) dx .
a a
X
n X
n
i (|f|)(ti ti1 ) i (f)(ti ti1 ) < .
i=1 i=1
ou seja,
Zb Zb
f(x) dx |f(x) dx .
a a
e, portanto,
i (f + g) K ( i (f) + i (g) ) ,
as oscilacoes
onde i (f+g), i (f), i (g) sao dessas funcoes
no intervalo
[ti1 , ti ].
integraveis,
Logo, como f e g sao P e Q de
dado > 0, existem particoes
[a, b], tais que
S(f; P) s(f; P) < e S(g; Q) s(g; Q) < .
2K 2k
sendo P 0 = P Q, temos que
Entao,
S(f; P 0 ) s(f; P 0 ) < e S(g; P 0 ) s(g; P 0 ) < .
2K 2K
P 0 = {t0 , t1 , . . . , tn },
Da, para a particao
X
n X
n X
n
i (f + g)(ti ti1 ) K i (f)(ti ti1 ) + K i (g)(ti ti1 )
i=1 i=1 i=1
Com essas convencoes, f integravel,
vale, para toda funcao a igualdade:
Zb Zc Zb
f(x) dx = f(x) dx + f(x) dx , a, b, c Dom(f) R
a a c
Instituto de Matematica - UFF 283
Analise na Reta
Ha seis possibilidades:
a b c; a c b; b c a;
b a c; c a b; c b a.
Logo,
Zb Zc Zc Zc Zb
f(x) dx = f(x) dx f(x) dx = f(x) dx + f(x) dx .
a a b a c
De modo analogo, podemos verificar a igualdade nos outros casos.
Prova.
Como [a, b] e compacto, f e limitada e uniformemente contnua no in-
dado > 0, existe > 0 tal que
tervalo [a, b]. Entao,
x, y [a, b], |x y| < = |f(x) f(y)| < .
ba
ba
Seja n N tal que P = {t0 , t1 , . . . , tn },
< e considere a particao
n
i(b a)
onde ti = a + , i = 0, . . . , n.
n
ba
Para x, y [ti1 , ti ], temos |x y| |ti ti1 | = < .
n
Logo, |f(x) f(y)| < , para x, y [ti1 , ti ].
ba
Assim,
i (f) = sup { |f(x) f(y)| | x, y [ti1 , ti ] } , i = 1, . . . , n,
ba
X
n
e, portanto, i (f)(ti ti1 ) .
i=1
Teorema 2.4 Seja f : [a, b] R limitada. Se, para todo c [a, b),
f|[a,c] e integravel,
f e integravel.
entao
Prova.
Seja K > 0 tal que |f(x)| K para todo x [a, b].
Dado > 0, tome c (a, b) tal que b c < .
4K
Como f|[a,c] e integravel,
{t0 , t1 , . . . , tn } de [a, c] tal que
existe uma particao
X
n
i (f)(ti ti1 ) < .
2
i=1
Corolario 2.2 Seja f : [a, b] R limitada. Se, para a < c < d < b
quaisquer, f|[c,d] e integravel,
f e integravel.
entao
Prova.
Seja p (a, b) fixo. Como f|[q,p] e integravel
para todo q (a, p] e f|[p,r] e
integravel para todo r [p, b), temos, pela observacao
2.6 e pelo teorema
integraveis.
2.4, que f|[a,p] e f|[p,b] sao
Corolario 2.3 Seja f : [a, b] R limitada com um numero
finito de
f e integravel.
descontinuidades. Entao,
Prova.
Seja {t0 , t1 , . . . , tn } = X {a, b}, onde t0 = a, tn = b e X e o conjunto
dos pontos de [a, b] onde f e descontnua.
pelo corolario
Entao, acima, f|[ti1 ,ti ] e integravel
para cada i = 1, . . . , n,
pois f e contnua e, portanto, integravel
em todo intervalo [c, d], com
ti1 < c < d < ti . Logo, pelo teorema 2.2, f e integravel
em [a, b].
Instituto de Matematica - UFF 285
Analise na Reta
sen 1 , se x 6= 0
Exemplo 2.4 A funcao
f : [1, 1] R , f(x) = x
0 , se x = 0 ,
e integravel,
pois f e limitada e descontnua apenas no ponto 0.
2.7 A observacao
Observacao 2.4 nao
contem
o corolario
2.3, pois
pode ser descontnua num numero
uma funcao finito de pontos sem coin-
contnua fora desses pontos.
cidir com uma funcao
X
n
podemos decompor a soma superior S(f; P) =
Entao, Mi (ti ti1 )
i=1
P em duas parcelas:
relativa a` particao
X
n X X
S(f; P) = Mi (ti ti1 ) = Mi0 (ti0 ti1
0
)+ Mi00 (ti00 ti1
00
)
i=1
0
onde [ti1 , ti0 ] sao
os intervalos de P que contem
algum ponto de F e
00
[ti1 , ti00 ] sao
os intervalos de P disjuntos de F.
X X
Como, Mi0 (ti0 ti1
0
) (ti0 ti1
0
) < , pois Mi0 1 e
2
X
Mi00 (ti00 ti1
00
) (b a) ,
2(b a) 2
disso,
Alem
Zb Zb
0 f(x) dx f(x) dx = 0 .
a a
Zb
Logo, f e integravel
e f(x) dx = 0.
a
3. O teorema fundamental do Calculo
Seja K > 0 tal que |f(x)| K para todo x [a, b]. Entao,
Zy
|F(y) F(x)| = f(t) dt K|y x| .
x
Instituto de Matematica - UFF 287
Analise na Reta
Zx
Note que: o processo de passar
de f para F melhora, ou amacia,
3.1 A funcao
Definicao F(x) = f(t) dt chama-se uma integral indefi-
a
f.
as qualidades da funcao
nida de f.
Prova.
Sendo f contnua no ponto c, dado > 0 existe > 0 tal que
t [a, b], |t c| < = |f(t) f(c)| < .
se 0 < h < e c + h [a, b], temos
Entao,
Z c+h
F(c + h) F(c) 1
f(c) = f(t) dt h f(c)
h h c
Z c+h
1
= (f(t) f(c)) dt
h c
Z c+h
1 1
|f(t) f(c)| dt h = ,
h c h
Logo, F e derivavel
a` esquerda no ponto c e F 0 (c ) = f(c).
Assim, F e derivavel
no ponto c e F 0 (c) = f(c).
Corolario 3.1 Dada f : [a, b] R contnua, existe F : [a, b] R
derivavel tal que F 0 = f.
Prova.
Zx
Basta tomar F(x) = f(t) dt.
a
1
Exemplo 3.3 A funcao
f : [1, 1] R, definida por f(x) = 2x sen
x
1 1
cos se x 6= 0 e f(0) = 0, possui a primitiva F(x) = x2 sen se x 6= 0 e
x x
F(0) = 0 e uma descontinuidade de segunda especie no ponto 0.
Instituto de Matematica - UFF 289
Analise na Reta
Como (a) = 0, temos que F(a) = c, ou seja, (x) = F(x) F(a) para
todo x [a, b]. Em particular, para x = b,
Zb
(b) = F 0 (t) dt = F(b) F(a) .
a
Prova.
Seja P = {t0 , t1 , . . . , tn } uma particao
de [a, b]. Pelo teorema do valor
medio, para todo i = 1, . . . , n, existe i (ti1 , ti ) tal que
F(ti ) F(ti1 ) = F 0 (i )(ti ti1 ).
Entao,
X
n X
n
F(b) F(a) = [ F(ti ) F(ti1 ) ] = F 0 (i )(ti ti1 ) .
i=1 i=1
Sendo
mi = inf { F 0 (x) | x [ti1 , ti ] } e Mi = sup { F 0 (x) | x [ti1 , ti ] } ,
temos que mi F 0 (i ) Mi para todo i = 1, . . . , n e, portanto,
s(F 0 ; P) F(b) F(a) S(F 0 ; P)
Logo,
Zb Zb
0
F (t) dt F(b) F(a) F 0 (t) dt ,
a a
ou seja,
Zb
F 0 (t) dt = F(b) F(a).
a
1 ti+1
Como log(1 + t) e uma primitiva de e e uma primitiva de ti ,
1+t i+1
1
sendo e ti , i N , integraveis,
por serem contnuas, temos que:
1+t
Zx
1
log(1 + t) = dt
0 1+t
Zx
2 n1 n1 (1)n tn
= 1 t + t . . . + (1) t + dt
0 1+t
Zx
x2 x3 xn tn
= x + + . . . + (1)n1 + (1)n dt ,
2 3 n 0 1+t
Instituto de Matematica - UFF 291
Analise na Reta
rn (x)
pois 0 < 1 + x 1 + t para t [x, 0]. Logo lim = 0.
x0 xn
x2 x3 xn
Entao, pn (x) = x + . . . + (1)n1 e o polinomio
de Taylor
2 3 n
log(1 + x) em torno do ponto zero, ou, fazendo
de ordem n para a funcao
a mudanca de variavel
u = 1 + x, o polinomio p n (u) = pn (u 1), e o
polinomio log u em torno do ponto
de Taylor de ordem n para a funcao
1.
disso, como lim rn (x) = 0 para todo x (1, 1], o desenvolvimento
Alem
n
de Taylor
x2 x3 xn
log(1 + x) = x + . . . + (1)n1 + . . .
2 3 n
vale para todo x (1, 1].
Em particular, para x = 1, obtemos que:
1 1 (1)n1 X
(1)n1
log 2 = log(1 + 1) = 1 + . . . + +... = .
2 3 n n
n=1
4.
Formulas
classicas
do Calculo Integral
Prova.
Como f e contnua, f possui uma primitiva F : [a, b] R. Entao,
pelo
teorema fundamental do Calculo, temos:
Z g(d)
f(x) dx = F(g(d)) F(g(c)) .
g(c)
Zb Zb
4.2 A notacao
Observacao f(x) dx, em vez de f, encontra uma
a a
boa justificativa no teorema anterior, pois se tomarmos x = g(t), teremos
dx = g 0 (t) dt, x = g(c) e x = g(d) quando t assume os valores c e d,
respectivamente.
nos dao,
Essas substituicoes entao,
a formula
de mudanca de variavel.
b
onde f ga = f(b)g(b) f(a)g(a).
Instituto de Matematica - UFF 293
Analise na Reta
Prova.
Como (f g) 0 (t) = f 0 (t) g(t) + f(t) g 0 (t) para todo t [a, b], temos que
f g e uma primitiva de f 0 g + f g 0 . Alem
disso, como f 0 g e g 0 f, e, portanto,
f 0 g + fg 0 , sao
integraveis,
temos, pelo teorema fundamental do Calculo,
que
Zb
( f 0 (t) g(t) + f(t) g 0 (t) ) dt = (f g)(b) (f g)(a) .
a
Logo,
Zb Zb
0
b
f (t) g(t) dt + f(t) g 0 (t) dt = (f g)a .
a a
B. Se p e integravel
muda de sinal, existe c [a, b] tal que
e nao
Zb Zb
f(x) p(x) dx = f(c) p(x) dx.
a a
Prova.
A. Como f e contnua, f possui uma primitiva F. Entao,
pelo teorema
do valor medio, existe c (a, b) tal que
Zb
f(x) dx = F(b) F(a) = F 0 (c)(b a) = f(c)(b a) .
a
Zb Zb Zb
m p(x) dx p(x) f(x) dx M p(x) dx .
a a a
Zb Zb Zb
Se p(x) dx = 0, temos p(x) f(x) dx = 0, e se p(x) dx > 0, temos
a a a
Zb
f(x) p(x) dx
a
m Zb M.
p(x) dx
a
F 0 = f e F(a) = 0.
Entao,
Integrando por partes, obtemos
Zb Zb Zb
f(x) p(x) dx = F (x) p(x) dx = F(b) p(b) F(x) p 0 (x) dx .
0
a a a
Logo,
Zb Zb
f(x) p(x) dx = F(b) p(b) F() p 0 (x) dx
a a
Instituto de Matematica - UFF 295
Analise na Reta
F() e
Como F() + F(b) pertence ao intervalo cujos extremos sao
F(b) , temos, pela continuidade de F, que existe c [, b] [a, b] tal que
F() + F(b) = F(c) .
que existe c [a, b] tal que
Provamos, entao,
Zb Zc
f(x) p(x) dx = p(a) F(c) = p(a) f(x) dx.
a a
Logo,
Zb Z a+ Z b Zb
L = p(x) dx = p(x) dx + p(x) dx + p(x) dx
a a a+ b
Z b
L
< + p(x) dx .
2 a+
Entao,
Z b
L
p(x) dx > .
a+ 2
Sejam
m = f(x0 ) = inf{ f(x) | x [a, b] } e M = f(y0 ) = sup{ f(x) | x [a, b] } ,
onde x0 , y0 [a, b].
Seja
Zb
f(x) p(x) dx
a
d= Zb .
p(x) dx
a
ou seja,
Zb
(f(x) m) p(x) dx = 0 .
a
Mas, como f e contnua em [a, b] e f(x) > m para x (a, b), existe K > 0
tal que f(x) K + m para todo x [a + , b ].
Logo,
Z b Z b
KL
(f(x) m) p(x) dx K p(x) dx > > 0.
a+ a+ 2
o que e um absurdo.
Suponhamos, agora, que d = M e f(x) 6= M para todo x (a, b), ou
seja, f(x) < M para todo x (a, b).
Instituto de Matematica - UFF 297
Analise na Reta
Logo,
Zb Zb
f(x) p(x) dx = M p(x) dx ,
a a
e, portanto,
Zb
(M f(x))p(x) dx = 0 .
a
Como f e contnua em [a, b] e f(x) < M para todo x (a, b), existe K > 0
tal que f(x) < M K para todo x [a + , b ].
Z b
KL
Assim, (M f(x))p(x) dx > 0 e, portanto,
a+ 2
Zb Z a+
0 = (M f(x))p(x) dx = (M f(x))p(x) dx
a a
Z b Zb
+ (M f(x))p(x) dx + (M f(x))p(x) dx > 0 ,
a+ b
o que e um absurdo.
Deduziremos, agora, a Formula
de Taylor com resto integral, usando
por partes.
integracao
Prova.
sobre n.
Provaremos este lema por inducao
Caso n = 1: Seja : [0, 1] R uma funcao
que possui derivada de
ordem 2 integravel em [0, 1].
Z1
0
Como e contnua, temos que (1) = (0) + 0 (t) dt .
0
ou seja,
Z1
(1) = (0) + (0) + 0
(1 t) 00 (t) dt
0
(1 t)n+1 (1 t)n
Sejam f(t) = e g(t) = (n+1) (t) . Entao,
f 0 (t) = e
(n + 1) ! n!
g 0 (t) = (n+2) (t) , para todo t [0, 1].
Como f 0 e g 0 sao
integraveis,
temos
Z1 Z1 Z1
(1 t)n (n+1) 0
(t) dt = f (t) g(t) dt = f g 1 + f(t) g 0 (t) dt
0
0 n ! 0 0
Z1
(n+1) (0) (1 t)n+1 (n+2)
= + (t) dt .
(n + 1) ! 0 (n + 1) !
Logo,
Z1
0 (n) (0) (n+1) (0) (1 t)n+1 (n+2)
(1) = (0)+ (0)+. . .+ + + (t) dt .
n! (n + 1) ! 0 (n + 1) !
Prova.
Seja : [0, 1] R definida por (t) = f(a + th), t [0, 1].
Instituto de Matematica - UFF 299
Analise na Reta
ou seja,
como queramos.
f(n) (a)
f(b) = f(a) + f 0 (a)(b a) + . . . + (b a)n
n!
Zb
(b x)n (n+1)
+ f (x) dx ,
a n!
ja que
Zb Z1
(b x)n (n+1) (b a th)n (n+1)
f (x) dx = f (a + th) h dt
a n! 0 n!
Z1
(h th)n (n+1)
= f (a + th) h dt
0 n!
Z1
(1 t)n (n+1)
= f (a + th) hn+1 dt .
0 n!
Mostraremos que
Zb
f(x) dx = lim S(f; P),
a |P|0
Prova.
Suponhamos, primeiro, que f(x) > 0, para todo x [a, b].
Seja M = sup { f(x) | x [a, b] } > 0.
P0 = { t0 , t1 , . . . , tn } de [a, b] tal que
Dado > 0, existe uma particao
Zb Zb
f(x) dx S(f; P0 ) < f(x) dx + .
a a 2
Tome 0 < < e seja P uma particao
arbitraria
de [a, b] com |P| < .
2Mn
Indiquemos por [r1 , r ] os intervalos de P contidos em algum intervalo
[ti1 , t1 ] de P0 , e escrevemos i para indicar que [r1 , r ] [ti1 , t1 ] .
Chamemos [r1 , r ] os intervalos restantes. Como cada um destes in-
pelo menos um ponto ti em seu interior, ha,
tervalos contem no maximo,
n 1 intervalos do tipo [r1 , r ].
X
Se i, entao
M Mi e (r r1 ) ti ti1 , onde
i
Portanto,
Instituto de Matematica - UFF 301
Analise na Reta
X
M (r r1 ) Mi (ti ti1 ) .
i
No caso geral, como f e limitada, existe c R tal que f(x) + c > 0 para
todo x [a, b].
Tomando g(x) = f(x) + c, temos que g(x) > 0 para todo x [a, b],
Mi (g) = Mi (f) + c , S(g; P) = S(f; P) + c(b a) ,
e, portanto,
Zb Zb
g(x) dx = f(x) dx + c(b a) .
a a
ou seja,
Zb
S(f; P) + c(b a) < f(x) + c(b a) + .
a
Entao,
Zb Zb
f(x) dx S(f; P) < f(x) dx + .
a a
Zb
Corolario 5.1 Seja f : [a, b] R limitada. Entao,
f(x) dx = lim s(f, P),
a |P|0
Prova.
Pelo teorema anterior, dado > 0, existe > 0 tal que |P| < , entao
Zb Zb
f(x) dx S(f; P) < f(x) dx + .
a a
Logo,
Zb Zb
f(x) dx < s(f; P) f(x) dx ,
a a
Zb Zb
pois S(f; P) = s(f; P) e f(x) dx = f(x) dx .
a a
I = lim (f; P ? )
|P|0
quando, para tdo > 0, existe > 0, tal que |(f; P ? ) I| < , seja qual
pontilhada P ? de [a, b], com |P| < .
for a particao
Instituto de Matematica - UFF 303
Analise na Reta
Prova.
(=) Seja f integravel.
Pelo teorema 5.1 e pelo corolario 5.1, temos:
Zb
f(x) dx = lim S(f; P) = lim s(f; P) .
a |P|0 |P|0
Logo,
(f; P ? ) < s(f; P) S(f; P) < (f; P # ) + .
4 4
Mas, como (f; P ? ) e (f; P # ) pertencem ao intervalo I ,I + ,
4 4
temos que
I < s(f; P) S(f; P) < I + ,
2 2
e, portanto, S(f; P) s(f; P) < .
f e integravel
Entao, e, pela parte ja provada do teorema,
Zb
f(x) dx = lim (f; P ? ) .
a |P|0
1
f : [1, 2] R dada por f(x) =
Consideremos, por exemplo, a funcao .
x
f e integravel,
Entao, pois f e de classe C , e, como veremos depois,
Z2
dx
= log 2.
1 x
n+1 n+2 n+n
Para cada n N, seja Pn = 1, , ,..., que
a particao
n n n
subdivide o intervalo [1, 2] em n intervalos, cada um com comprimento
1
hn + i 1 n + ii
. Pontilhemos Pn tomando em cada intervalo , o ponto
n n n
n+i
i = , i = 1, . . . , n.
n
n + i n 1
Como f(i ) = f = , temos que f(i )(ti ti1 ) = e,
n n+i n+i
portanto,
1 1 1
(f; Pn? ) = + + ... +
n+1 n+2 2n
pontilhada Pn? .
e a soma de Riemann da particao
Logo,
Z2
dx 1 1 1
log 2 = = lim (f; Pn? ) = lim = lim + + ... + .
1 x n n n n + 1 n+2 2n
Instituto de Matematica - UFF 305
Analise na Reta
A media
aritmetica dos n numeros
f(a + h), f(a + 2h), . . .,f(a + nh) = f(b)
1X
n
e indicada pela notacao
M(f; n) = f(a + ih). E definimos o valor
n
i=1
medio de f no intervalo [a, b] como sendo o limite
ou seja,
1
M(f; n) = (f; Pn? ) .
ba
Logo,
Zb
1 1
M(f; [a, b]) = lim (f; Pn? ) = f(x) dx .
n b a ba a
6. das funcoes
Caracterizacao
integraveis
X
k
X I1 I2 . . . Ik e |Ij | <
j=1
6.1 Na definicao
Observacao acima, nao
foi exigido que os intervalos
abertos Ii , . . . , Ik sejam disjuntos.
[
Como, para todo j = 1, . . . , k, Ij = Ij Jn e Ij Jn e vazio ou e um
n=1
Prova.
Seja X : R R a funcao
caracterstica de um conjunto X R, ou
1 se x X
seja X (x) =
0 se x
6 X.
Instituto de Matematica - UFF 307
Analise na Reta
X
k
Y
1: Se Y = X1 . . . Xk , entao
Afirmacao X , ocorrendo a
j
j=1
X
k
Logo, Y (x) = 1 = Xj (x) X (x), pois X (y) 0 para todo y R.
i i
i=1
X
n
Suponhamos que Y = X . j
os conjuntos Xj sao
Entao, disjuntos,
j=1
o que e absurdo.
No caso em que X e um intervalo contido no intervalo [a, b], temos que
X : [a, b] R e uma funcao
escada e, portanto,
Zb
X(x) dx = |X|
a
e, portanto,
X
r r Zb
X Z X
r Zb X
k k Zb
X X
k
|Ji | = J i
= J i
I j
= I j
= |Ij | .
i=1 i=1 a a i=1 a j=1 j=1 a j=1
X
k X
k
Logo, Y (x) < I (x) para todo x I0, ou seja,
`
I (x) Y (x) 1
`
`=1 `=1
para todo x I0 .
Assim,
X
k X
` Zb X
k X
r
!
|I` | |Js | = I (x)
`
J (x)
s
dx
`=1 s=1 a `=1 s=1
Zb X
k
! Zc X
k
!
= I (x) Y (x)
`
dx = I (x) Y (x)
`
dx
a `=1 a `=1
Zd X
k
! Zb X
k
!
+ I (x) Y (x)
`
dx + I (x) Y (x)
`
dx
c `=1 d `=1
Zd
1 dx = d c = |I0 | > 0 .
c
Corolario 6.1 Seja X [a, b] um conjunto de conteudo
nulo. Entao,
P de [a, b] tal que a soma dos compri-
dado > 0, existe uma particao
mentos dos intervalos de P que contem
algum ponto de X e < .
Prova.
Dado > 0, existem intervalos abertos I1 , . . . , Ik tais que X I1 . . . Ik
X
k
e |Ij | < . Pela observacao
6.1 e pelo lema 6.1, existem intervalos
j=1
Instituto de Matematica - UFF 309
Analise na Reta
ou
ti1 6= a e ti 6= b = (ti1 , ti ) = J` .
ou
Em qualquer caso, temos que ti ti1 |J` |. Entao,
X X
r
|ti ti1 | |Js | < .
X[ti1 ,ti ]6= s=1
X
jk
Xk Ik1 ... Ikjk e |Iki | < .
n
i=1
Logo,
jk
n [
[ X
n X
jk
X1 . . . Xn Iki e |Iki | < n = .
n
k=1 i=1 k=1 i=1
X
k+r
Logo, X I1 . . . Ik Ik+1 . . . Ik+r e |Ij | < + = .
2 2
j=1
Instituto de Matematica - UFF 311
Analise na Reta
X
k
X F I1 . . . Ik e
Entao, |Ii | < . Logo, pela propriedade 4,
i=1
c(X) = 0.
Em particular, vale a recproca do corolario
6.1: Se X [a, b] e, para
P de [a, b] tal que a soma dos comprimen-
cada > 0 existe uma particao
tos dos intervalos de P que contem
pontos de X e < , entao
c(X) = 0.
conteudo
nulo.
de f no ponto x .
que chamamos a oscilacao
Instituto de Matematica - UFF 313
Analise na Reta
Lx : (0, 0 ) R
7 Lx = sup(0,0 ) f(V ) ,
monotonas
sao
nao-crescente
e nao-decrescente, respectivamente,
L(x) = lim Lx e o limite superior de f no ponto x e `(x) = lim `x e o
0 0
Prova.
(=) Suponhamos f contnua no ponto x0 [a, b]. Dado > 0, existe
> 0 tal que
x [a, b] , |x x0 | < = f(x0 ) < f(x) < f(x0 ) + .
2 2
|f(x) f(y)| < quaisquer que sejam x, y [a, b] (x0 , x0 + )
Entao,
e, portanto, 0 .
Logo, (f; x0 ) = lim+ = 0.
0
Dado > 0, existe > 0 tal que 0 < , ou seja, |f(x) f(y)| <
quaisquer que sejam x, y (x0 , x0 + ) [a, b].
Em particular,
x [a, b] , |x x0 | < = |f(x) f(x0 )| < .
Logo, f e contnua no ponto x0 .
O proximo
x 7 (f; x) e uma funcao
teorema diz que a oscilacao se-
micontnua superiormente no intervalo [a, b], e os corolarios estabelecem
semicontnuas superiormente.
propriedades gerais das funcoes
Teorema 6.2 Seja f : [a, b] R limitada. Dado x0 [a, b], para todo
> 0, existe > 0, tal que
x [a, b] , |x x0 | < = (f; x) < (f; x0 ) + .
Prova.
Dado > 0 existe > 0 tal que x0 () < (f; x0 ) + , pois
lim x0 () = (f; x0 ).
0
Instituto de Matematica - UFF 315
Analise na Reta
Como
x0 () = (f; (x0 , x0 + ) [a, b]),
temos que para todo x X = (x0 , x0 + ) [a, b] , existe x > 0 tal
que (x x , x + x ) [a, b] X .
Logo,
(f; (x x , x + x ) [a, b]) (f; X) = x0 () < (f; x0 ) + .
Mas, como
(f; x) (f; (x x , x + x ) [a, b]),
ja que
(f; x) = lim x 0 = inf { x ( 0 ) | 0 > 0 },
0 0
onde x ( 0 ) = (f; (x 0 , x+ 0 )[a, b]), temos que (f; x) < (f; x0 )+.
Corolario 6.2 Se (f; x0 ) < entao
existe > 0 tal que
x [a, b] , |x x0 | < = (f; x) < .
Prova.
Pelo teorema acima, dado = (f; x0 ) > 0, existe > 0 tal que
x [a, b] , |x x0 | < = (f; x) < (f; x0 ) + = .
Corolario 6.3 Para todo > 0, o conjunto
E = { x [a, b] | (f; x) }
e compacto.
Prova.
Seja
A = [a, b] E = { x [a, b] | (f; x) < } .
Pelo corolario anterior, para todo x A , existe x > 0, tal que (x x , x +
x ) [a, b] A .
Logo,
[
A = [a, b] (x x , x + x ) = [a, b] U ,
xA
[
onde U = (x x , x + x ) e aberto.
xA
Corolario 6.4 Seja (xn ) uma sequ encia
de pontos de [a, b] que con-
L (f; x), ou seja
verge para x. Se o lim (f; xn ) = L existe, entao
n
Prova.
L (f; x)
Suponhamos, por absurdo, que (f; x) < L e seja = > 0,
2
(f; x) + = L . Pelo teorema 6.2, existe > 0 tal que
isto e,
y [a, b] (x , x + ) = (f; y) < (f; x) + = L .
Mas, como xn x, existe n0 N tal que xn [a, b] (x , x + ) para
todo n n0 .
Logo, (f; xn ) < L para todo n n0 , o que e um absurdo, pois
lim (f; xn ) = L.
n
x
Exemplo 6.5 Seja a funcao
f : R R dada por f(x) = , x 6= 0, e
|x|
(f; x) = 0 para todo x 6= 0, pois f e contnua nesses
f(0) = 0. Entao,
pontos, e (f; 0) = 2, pois 0 = sup { |f(x) f(y)| | x, y (, ) } = 2,
para todo > 0.
Instituto de Matematica - UFF 317
Analise na Reta
Prova.
Como (f; x) = lim+ x () = inf {x () | > 0 } < , para todo x [a, b],
0
tura aberta do compacto [a, b], existem x1 , . . . , xn [a, b], pelo teorema
de Borel-Lebesgue, tais que [a, b] Ix1 . . . Ixn .
Os pontos a, b, juntamente com as extremidades dos intervalos Ixj que
P = {t0 , t1 , . . . , tn } de [a, b].
pertencem a [a, b], deterrminam uma particao
Prova.
(=) Sejam f integravel
e > 0. Dado > 0, existe uma particao
X
n
P = {t0 , . . . , tn } de [a, b] tal que i (ti ti1 ) < .
i=1
Isto e,
X
(ti ti1 ) < ,
iI
Instituto de Matematica - UFF 319
Analise na Reta
onde o primeiro somatorio refere-se aos intervalos de P que contem
um
ponto de E0 .
Entao,
X
i0 M m e (ti0 ti1
0
)< .
2(M m)
X
Logo, i0 (ti0 ti1
0
)< .
2
O segundo somatorio corresponde aos intervalos de P que nao
contem
pontos de E0 . Logo, i00 < 0 e, portanto,
X
i00 (ti00 ti1
00
) < 0 (b a) = .
2
X
Assim, i (ti ti1 ) < e f e integravel.
Vamos introduzir agora a nocao
de conjunto de medida nula para obter-
integraveis.
mos a forma definitiva de caracterizar as funcoes
X
n X
Logo, |Iki | |Ij | < e, portanto, c(X) = 0.
i=1 j=1
XX X
|In,j | < = .
2n
n j n=1
Assim, m(Y) = 0.
Em particular, como um conjunto formado por um unico
ponto tem me-
dida nula, todo conjunto enumeravel tem medida nula.
Assim, m(Q) = 0 e, portanto m(Q [a, b]) = 0, mas, como ja vimos,
Q [a, b] nao
tem conteudo
nulo.
4. Se, para cada > 0, existem intervalos abertos I1 , . . . , In , . . . e
[ X
um subconjunto enumeravel E X tais que X E In e |In | < ,
nN nN
m(X) = 0.
entao
De fato, dado > 0, existem intervalos abertos I1 , . . . , In , . . . e E X
[ X
enumeravel tais que X E In e |In | < .
2
nN nN
Mas, como E tem medida nula (por ser enumeravel), existem inter-
[ X
valos abertos J1 , . . . , Jn , . . . tais que E Jn e |Jn | < .
2
nN nN
[ [ X X
Logo, X In Jk e |In | + |Jk | < e, portanto, X tem
nN kN nN kN
medida nula.
5. m(x) = 0 para todo > 0, existe uma colecao enumeravel
de
[ X
intervalos fechados F1 , F2 , . . . , Fn , . . . tal que X Fn e |Fn | < .
nN nN
Instituto de Matematica - UFF 321
Analise na Reta
(In )nN de
De fato, se m(X) = 0, dado > 0, existe uma colecao
intervalos abertos tal que
[ X
X In e |In | < .
nN nN
Prova.
Para cada > 0, seja E = {x [a, b] | (f; x) }.
[ [
D=
Entao, E = E1/n , ja que f e contnua num ponto x [a, b] se,
>0 nN
e so se, (f; x) = 0.
(=) Se f e integravel,
pelo teorema 6.4, para todo n N,
entao,
c(E1/n ) = 0 e, portanto, m(E1/n ) = 0.
[
Logo, D tem medida nula, pois D = E1/n e uma reuniao
enumeravel
nN
Corolario 6.5 Se f, g : [a, b] R sao
integraveis,
o produto f g
entao
1
e integravel.
disso, f(x) 6= 0 para todo x [a, b] e
Se, alem e limitada,
f
1
entao e integravel.
f
Prova.
limitadas, existem K > 0 e M > 0 tais que |f(x)| K e
Se f e g sao
|g(x)| M para todo x [a, b] e, portanto, |f(x) g(x)| KM para todo
x [a, b], ou seja, f g e limitada.
disso, como D(f g) D(f) D(g), temos que m(D(f g)) = 0, pois
Alem
m(D(f)) = m(D(g)) = 0.
Logo, f g e integravel.
1 1
Se f(x) 6= 0 para todo x [a, b] e e limitada, temos que e integravel,
f f
ja que D(1/f) = D(f) e m(D(f)) = 0.
Corolario 6.6 Seja f : [a, b] R limitada. Se o conjunto dos seus
pontos de descontinuidade e enumeravel,
f e integravel.
entao
Corolario 6.7 Seja f : [a, b] R limitada. Se existem os limites laterais
de f em todos os pontos de [a, b], ou seja, se f so possui decontinuidades
de primeira especie, f e integravel.
entao
Prova.
de primeira especie,
Se todas as descontinuidades de f sao D e
entao
enumeravel e, portanto, tem medida nula.
Corolario 6.8 Se f : [a, b] R e monotona,
f e integravel.
entao
Prova.
Se f e monotona
f e limitada e todas as suas descon-
em [a, b], entao
de primeira especie.
tinuidades sao
Logo, pelo corolario anterior, f e in-
tegravel.
Instituto de Matematica - UFF 323
Analise na Reta
7. Logartmos e exponenciais
O numero
log x e chamado o logartmo natural de x ou o logartmo de x.
Zx
1 x1
7.1 log x =
Observacao dt > 0 para todo x > 1, ja que,
1 t x
1 1
para todo t [1, x].
t x
Z1
1
7.2 log 1 =
Observacao dt = 0 e
1 t
Zx Z1
1 1
log x = dt = dt (1 x) = x 1 < 0 ,
1 t x t
1
para todo 0 < x < 1, pois 1 para todo t [x, 1].
t
1
7.3 Como (log) 0 (x) =
Observacao
> 0 para todo x > 0, a funcao
x
log : R+ R e monotona
crescente.
1
disso, log C , ja que a funcao
Alem x 7 e de classe C .
x
1
Fig. 1: Area Hx
1 delimitada pelo grafico de x
no intervalo [1, x] .
Prova.
Temos
Z xy Zx Z xy
1 dt dt
log xy = dt = +
1 t 1 t x t
Zy Zy
x ds
= log x + ds = log x +
1 xs 1 s
= log x + log y ,
Z xy
dt
onde, na integral
, realizamos a mudanca de variavel t = xs.
x t
Corolario 7.1 Seja x > 0. Entao,
log(xr ) = r log x para todo r Q.
Prova.
Seja n N. Entao,
podemos provar, por inducao,
usando o teorema
acima, que log(xn ) = n log x , ja que log x = log(x1 ) = 1 log x e, se
log(xn ) = n log x , entao
log(xn+1 ) = log(xn x) = log(xn ) + log x = n log x + log x = (n + 1) log x .
Como xn xn = x0 = 1, temos
0 = log 1 = log(xn xn ) = log(xn ) + log(xn ) ,
e, portanto, log(xn ) = log(xn ) = n log x.
Provamos, assim, que log(xr ) = r log x para todo r Z.
Instituto de Matematica - UFF 325
Analise na Reta
p
No caso geral, r = , p Z e q Z? . Como por definicao,
(xp/q )q = xp ,
q
temos que
p log x = log(xp ) = log((xp/q )q ) = q log(xp/q ) .
p
Assim, log(xp/q ) = log x .
q
Corolario 7.2 A funcao
log : R+ R e um homeomorfismo de R+
sobre R .
Prova.
Ja sabemos que a funcao
log e contnua e crescente, donde injetiva.
Como, pelo corolario 3.2 da parte 6, log(R+ ) e um intervalo, para provar
que log(R+ ) = R, basta mostrar que
lim log x = + e lim log x = .
x x0+
que limx log x = +, ja que dado A > 0 existe B = 2n0 > 0, onde
A
n0 > , tal que
log 2
x > B = log x > log(2n0 ) = n0 log 2 > A .
Temos, tambem, que lim+ log x = , pois, dado A > 0, existe
x0
A
= 2n0 > 0, onde n0 > , tal que
log 2
0 < x < = log x < log(2n0 ) = n0 log 2 < A .
disso, como log : R+ R e uma bijecao
Alem contnua definida no
intervalo R+ = (0, ), temos, pelo teorema 3.2 da parte 6, que sua funcao
inversa log1 : R R+ e contnua em R.
7.2 A funcao
Definicao exponencial exp : R R+ e,
por definicao,
a
logartmo, ou seja,
inversa da funcao
exp(x) = y log y = x .
Em particular, exp(log y) = y e log(exp x) = x .
Prova.
exp : R R+ e uma bijecao
A funcao contnua crescente de R sobre
R+ , pois ela e a inversa de uma bijecao
contnua crescente de R+ sobre
R.
disso, pela regra de derivacao
Alem da funcao
inversa, temos que exp e
1
derivavel, exp e contnua e (log) 0 (y) =
ja que a funcao 6= 0 para todo
y
y > 0, e
1 1
(exp) 0 (x) = 0 = = exp(x) , x R .
log (exp x) 1
exp(x)
de classe C .
Logo, exp e uma funcao
Sejam x, y R e x 0 = exp(x), y 0 = exp(y). Entao,
log(x 0 ) = x e log(y 0 ) = y.
Assim
exp(x + y) = exp(log(x 0 ) + log(y 0 )) = exp(log(x 0 y 0 )) = x 0 y 0 = exp(x) exp(y) .
Seja, agora, r Q. Entao,
pelo corolario
7.2,
exp(rx) = exp(r log(x 0 )) = exp(log((x 0 )r )) = (x 0 )r = (exp(x))r .
Em particular, se x = 1, temos que exp(r) = exp(r 1) = (exp(1))r = er .
Instituto de Matematica - UFF 327
Analise na Reta
7.7
Observacao
lim exp x = + .
x
Fig. 2: Simetria entre os graficos de y = ex e y = log x em relacao
a` diagonal y = x .
Pelos graficos, ex tende mais rapida-
podemos observar que a funcao
x 7 x, e que a
mente para +, quando x +, do que a funcao
log x tende mais lentamente para +, quando x +, do que
funcao
x 7 x.
a funcao
p(x)
De fato, ja provamos, na parte 7, exemplo 2.7, que lim = 0 para
x+ ex
todo polinomio p(x). E provaremos, agora, o seguinte resultado com res-
peito ao crescimento logartmico.
log x
Teorema 7.3 x+
lim = 0.
x
Prova.
Pelo teorema do valor medio, para todo x > 1, existe cx (1, x) tal que
x1
log x = log x log 1 = log 0 (cx ) (x 1) = .
cx
1 1
Logo, log x < x para todo x > 1 e, portanto, 0 < log(x 2 ) < x 2 para todo
x > 1.
1 1
Assim, como log(x 2 ) = 2
log x , temos, elevando ao quadrado a ultima
(log x)2 log x 4
desigualdade, que 0 < < x , ou seja, 0 < < para todo
4 x log x
x > 1.
log x 4
Logo, lim = 0, pois lim = 0.
x+ x x+ log x
Corolario 7.3 lim+ (x log x) = 0 .
x0
Prova.
1
Fazendo x = , temos
y
log(1/y) log y
lim+ x log x = lim = lim = 0.
x0 y+ y y+ y
7.10 Se c, k R, a funcao
Observacao f(x) = c ekx tem como deri-
vada f 0 (x) = k c ekx = k f(x) para todo x R, ou seja, a derivada de f e
proporcional a si propria.
Mostraremos, agora, que tal propriedade e exclusiva das funcoes
do tipo
acima.
Instituto de Matematica - UFF 329
Analise na Reta
Prova.
Seja : R R definida por (x) = f(x) ek(xx0 ) .
Entao
0 (x) = f 0 (x)ek(xx0 ) kf(x)ek(xx0 ) = kf(x)ek(xx0 ) kf(x)ek(xx0 ) = 0
para todo x R.
Logo, como (x) e constante e (x0 ) = c, temos que (x) = c para todo
x R , ou seja, f(x) = cek(xx0 ) para todo x R.
ax = ex log a
ou seja, ax e o unico
numero
real cujo logartmo e x log a.
De modo analogo,
podemos provar que lim ax = 0 e lim ax = +
x+ x
7.4 A funcao
Definicao f : R R+ , f(x) = ax ,
inversa da funcao
a 6= 1, indica-se com loga : R+ R e o seu valor num ponto x > 0
chama-se o logartmo de x na base a.
Assim, loga x = y ay = x.
Instituto de Matematica - UFF 331
Analise na Reta
1
De fato, como log 0 (x) = log no ponto 1 e igual a
, a derivada da funcao
x
1, ou seja,
log(1 + x) log 1 log(1 + x)
lim = lim = 1.
x0 x x0 x
Entao,
lim log(1 + x)1/x = 1 ,
x0
e, portanto,
lim (1 + x)1/x = lim exp(log(1 + x)1/x ) = e .
x0 x0
1
Fazendo y = , temos
x
y
1
lim 1+ =e
y+ y
e, em particular, se n N, temos
1 n
lim 1 + =e
n+ n