Homo Faber - Livro Mondin Capítulo 8
Homo Faber - Livro Mondin Capítulo 8
Homo Faber - Livro Mondin Capítulo 8
Hcje temos conscincia de que o trabalho uma atividade to importante para o estudo do
homem como o conhecimento, a liber-dade e a linguagem. Hoje com.preendeu-se que "o
homem essen-cialmente artifex, criador de formas, fazedor de obras. . . que a na-tureza do
homem o operador" 1
Por esse motivo, tambm ns tomaremos atentamente em exa-me essa atividade, procurando
antes de tudo compreender as suas caractersticas e natureza, depois examinando as
implicaes relativas ao ser do homem.
- Histria do trabalho
opinio dos estudiosos que a descoberta que mais contribuiu para elevar o homem ao
estgio de homo f aber tenha sido a descober-ta do fogo. De foto, "o fogo a fonte em que
est concentrada a energia. A quantidade de energia que nos col0ca disposio to grande,
comparando-a com a de um corpo humano, que podemos consider-la ilimitada. Por essa
razo, a descoberta do fogo , sem dvida, a conquista singularmente maior da humanidade.
Ela sozinha libertou o homem da restrio de sua limitada reserva de energia, substituindo a
dos animais domsticos. . . Aqui temos uma con-quista fsica inequvoca no modo de utilizar a
energia, que distingue o homem dos outros animais quando os comparamos. Nenhuma outra
espcie que possua inteligncia faz a menor tentativa de utilizar o fogo; enquanto isso, no se
conhece nenhuma tribo humana, por mais primitiva que seja, que no se utilize do fogo" 2
Com a descoberta do fogo, o homem passou do trabalho "manual" para o "artesanal". Desse
momento em diante, o homem no se con-tentou mais em colher aquilo que a natureza lhe
colocava disposio, mas comeou a produzir coisas por conta prpria, primeiramente as de
que realmente necessitava para sobreviver, e depois tambm coi-sas confortveis de tcdos os
gneros '.
Aristteles define como vil todo o trabalho porquanto ele oprime a inteligncia 6.
- Ccero e Sneca exaltam o cio como sendo superior ao trabalho. Essa desvalorizao do
trabalho devida a diversos motivos.
- a f na cincia;
- Definio do trabalho:
- Segundo a Enciclopdia Filosfica 11, o trabalho "toda atividade de material e espiritual que
procura um resultado til.
- Mais precisa-mente podemos dizer que o trabalho uma atividade cansativa com a inteno
de modificar as coisas mediante o uso do corpo e de ins-trumentos.
Os elementos mais importantes que contribuem para distinguir o trabalho das outras
atividades so quatro:
-uso do corpo para transmitir energia ( para distinguir a ati-vidade do trabalho da reflexiva,
pedaggica, litrgica, etc., nas quais tambm ocorre o uso do corpo) ;
"Ela o instrumento vivente. Enquanto os outros rgos sub-traem-se minha vontade -ccmo
os rgos internos -ou mesmo no exercem nada alm de uma estereotipada ao -como os
ps -a mo oferece minha liberdade uma disponibilidade total para transformar o mundo;
ela prevalece sobre todos os instrumentos se-parados do meu corpo, inertes, mesmo quando
so muito "manejveis". A minha mo completamente minha, solidria cem o todo de meu
ser corporal e espiritual, eu mesmo. As minhas intenes alcanam imediatamente as
extremidades de meus dedos; neste mesmo instante sinto a resistncia das coisas. Cada rgo
de meu corpo, cada instru-mento da minha oficina referese minha mo como ao arqutico
que o mistura e supera" 14
inteligncia manual conduz-me a conceber e depois a realizar meis artificiais que prolongam
meu esforo, aumentando o campo de aph-
e o meu poder, entre a minha palavra e a minha mo: o _instrum:n tos. Cada um deles
provido, per sua vez, de uma espec1e de mao, como nos sgere a etimologia: manicum (cabo),
empunhadura, que atua como liame entre a mo do homem e o instrumento. E, todavia, no
se trata de nada alm de uma mo por analogia; mo da coisa, inerte, desprovida de toda e
qualquer iniciativa e movimento, intei-ra_ente submissa minha mo, esperando pela sua
complacente utilizao. O instrumento Tigorosamente definido, determinado para uma ao
bem precisa. A serra no bate nem tira, o martelo no aperta nem empurra; em cada
instrumento o poder da minha mo desapareceu, especificou-se, estendeu-se, mui ti plicou-
se" 15
Diviso do trabalho
Aristteles chama a qualquer atividade com inteno de modelar as coisas de arte (tecn). A
arte ensina as regras para todo tipo de ao fsica. Aristteles no distingue arte esttica e
"econmica"
- servil ( desenvolvido principalmente pelos braos e que requer notvel esforo fsico) e liberal
( desenvolvido sobretudo pela mente);
c) do ponto de vista objetivo, com respeito finalidade, divide-se em econmico ( que possui
como objetivo os bens de consumo) e cultural (distendido em direo ao desenvolvimento de
valores espirituais)
- 6. Funo do trabalho
Elas so erradas porque procedem de uma falsa co1:cp? do homem, que no nem puro
esprito, como querem os esp1r!tu_ahstas, nem um epifenmeno da matria, como
pretendem os matena!tstas 19
I.O primeiro e mais evidente diz respeito ao mundo: o tra balho tem um valor csmico. Com o
trabalho, o hcmem transforma a terra, a gua, as pedras; transforma os mesmos elementos
primiros das coisas os tomos e as molculas; atravs do trabalhe, da ao mundo u; novo
vulto, traando estradas, construindo cidades, pa rando ou impedindo o fluxo das guas. O
trabalho confere ao mundo, antes desordenado, estril ou ameaador, um certo
completamento. Por isso, no se v como se possa subscrever uma concepo ,Pra-mente
"negativa" do esforo humano. O trabalho supe, sem duvida, como sua condio inicial, uma
renegao do mundo no seu estado bruto, hostil ao homem e infecundo. Eu rejeito a selva
que, entretanto, primeiramente me rejeita. Prntesto contra a insolubilidade da florta,
como contra a agressividade dos animais ferozes, contra a estenli-dade do solo inculto. Ento
me empenho no trabalho, transformo o mundo para submet-lo, orden-lo, humaniz-lo. Dou,
at, s c,osas u1 significado novo, indito, ideal: graas arte, tambm a matena mais bruta
chega a exprimir valores estticos, morais e religiosos. Porm, se meu esforo condicionado
por uma negao e por um protesto iniciais, ele , em si mesmo, essencialmente construtivo e
criador d ao indeterminado uma determinao, impe ao mundo um sentido, d conferindo-
lhe uma finalidade humana. Sem dvida, possvel -e s vezes, de fato, ocorre -que uma
atividade de transformao desordenada, que no concebe verdadeiros valores, resolva-se em
uma degradao das coisas. O progresso comporta abusos estridentes. Mas trata-se de
resultados desagradveis de uma ao infiel a si prpria. Se a negao situa-se aqui ou alm
do verdadeiro trabalho, isto de uma forma no , de fato, anulamento, aniquilao ou
destruio do mundo. Seria um grave erro considerar a negao como a essncia prpria do
trabalho e do progresso.
) no sentido de que o homem faz do mundo uma moradia mais . habitvel, hospitaleira,
ccnfortvel;
II. alm do csmico, o trabalho possui tambm um valor personalista e antropolgico. Como
no degrada o mundo, assim tambm, em si mesmo, o trabalho no degrada o homem. A
natureza humana no nasce perfeita, porm, est em devir. Ela aperfeioa-se, tempera-se,
afina-se, enriquece-se atravs do trabalho. Diz se justamente que o gnio fruto, em dez por
cento, de um dom da natureza e em noventa por cento do trabalho de um paciente.
- Isso pode ser constatado facilmente no estudo de certos instrumentos musicas como o piano,
o violino, o rgo, o esporte, na ginstica, na dana, etc. O trabalho qualifica, caracteriza o
homem. O trabalho da terra d ao campons todo um modo particular de pensar, de
comportar-se, de viver. Igualmente, o trabalho em fbrica, no banco, na escola. Como se
reconhecem facilmente os camponeses, os bancrios, os operrios. Etc.
- III. O trabalho possui tambm um valor religioso: ele faz parte do plano de salvao
estabelecido por Deus. Sabemo-lo, antes de tudo, pelo Gnesis, onde Deus ordenou ao
homem que cultivasse a terra. Disso temos a confirmao na vida de Jesus, que, na maior
parte de sua vida, foi um simples operrio.
- Idolo da Tcnica:
A habilidade e a facilidade com que o homem cria tcnicas sempre novas e mais perfeitas
provocou nas geraes recentes uma con-fiana sem limites no progresso humano,
possibilidade de trazer o paraso na terra re resolver todos os problemas e mistrios do
homem.
Mas realmente verdade que a tcnica e a cincia podem resolver todos os problemas do
homem?
- Scheler foi o primeiro a denunciar o dolo da tcnica; ela levou a uma subverso total dos
valores; os valores do esprito no contam mais nada; a nica preocupao que conta diz
respeito somente ao bem-estar, aos divertimentos, aos pra-zeres. Incapaz de viver os
autnticos valores do esprito, o homem, que se deixou seduzir pelo dolo da tcnica, por
fenmeno de res-sentimento, os despreza e procura a afirmao de si mesmo na vontade de
dominao do mundo, no mais visto como um meio para a realizao dos valores mais altos,
mas como fim em si mesmo: donde a civilizao da tcnica, o industrialismo e o capitalismo.
"Logo no mais plenitude de vida, no mais amor para o mundo e para a plenitude de suas
qualidades, no mais autocontemplao desinteressada como objetivo ideal do homem, mas
clculo utilitarista com fim em s mesmo, reduo da natureza ao seu aspecto exatamente
mensurvel e seguramente dominvel, fanatismo do trabalho e do lucro, avaliao somente
das qualidades humana de dligncia, rapidez, capacidade de adaptao, que possuem utilidade
aos fins produtivos.
-Ao invs de contribuir para o progresso das faculdades criativas do homem, a tcnica tende a
transformar o homem num ser estril e servil, despersonalizando o homem, tornando-o uma
formiga, um objeto, voltado atender as exigncias dos processos de produo que giram em
torno da vontade individual das pessoas despersonalizadas.
- A uniformidade totalitria da mquina passa a todas as esferas com as quais ela entra em
contato: o agente estandardizado exige uma resposta estandardizada.
- Esse fato no ocorre somente nos estados totalitrios mas em toda parte. Mesmo na URSS (o
homem est voltado para a tcnica e trabalho = produo de armas, divulgao da ideologia. O
homem mera pea da mquina.)
- O homem acaba por ser um mero negcio de contabilidade, manipulado por taxas, seguros,
contas, nmeros obrigaes repetitivas sem finalidade que no ser um fim em si mesma.
- Na antiguidade se exaltava o capo e a vida tranquila aqum da cidade. Hoje, a vida, a rotina,
o barulho, os horrios, a pressa, que a civilizao tecnolgica ocasiona faz questionarmos se
deveramos ou no rever nossa civilizao. (no apenas um sistema econmico) Avatar filme.
- repressiva na medida produz a satisfao das necessidades que fazem nos manternmos
como hamster na roda, bucscando sempre nos igualarmos aos pares (consumo, inveja)
buscando uma obsolncia planejada, gozando da liberdade de no usar o crebro, trabalhndo
com e pelos meios de destruio de nossa prpria humanidade.
Mas uma das primeiras e mais angustiosas vozes de advertncia contra as perverses
desastrosas perpetradas pela nossa civilizao so-bre o homem e wbre as coisas foi a de
George Bernancs. Este, h 25 anos atrs, numa srie de conferncias colecionadas sob o ttulo
O esprito europeu e o mundo das mquinas 23, cem esprito prcftico denunciou uma
concepo do homem e um sistema de vida, de marca estreitamente materialista, que conduz
a humanidade ao suicdio.
Segundo o famcso rcmancista francs, base de todas as aber-raes da poca moderna est
uma falsa concepo do homem, uma concepo segundo a qual o homem seria "um animal
industrioso, su-jeito ao determinismo das coisas e todavia indefinidamente perfect-vel" 29.
De um tal conceito do homem derivou uma falsa concepo do seu fim ltimo que vem a
consistir no seu bem-estar neste mundo. E da identificao do fim ltimo com o bem-estar
seguiu-se lcgica-mente a idolatria da cincia, da tcnica e ... da mquina.
Assim surgiu a civilizao tecnolgica, da qual fazem-se promoto-res os dois mximos sistemas
que hoje governam o mundo: o marxista e o capitalista.
Evidenciada a estreita ccnexo que existe entre a concepo do homem cerno animal
industrioso o bem-estar como fim ltimo, a m-quina como o meio mais eficaz e o estado
totalitrio como promotor mais potente, para Bernanos no se torna difcil abrir uma
inquisio cruel proprimr.ente contra a concepo moderna do homem, o bem--estar, as
mquinas e os estados capitalistas e marxistas.
Antes de tudo, declara Bernanos, no se pode definir o homem como um animal industricso
indefinidamente perceptvel, porque de tal maneira se negligencia um aspecto fundamental de
sua existncia, o mal e o pecado e definitivamente se ignora o que mais essencial ao homem,
a liberdade, sem a qual o mal e o pecado so inconcebveis 30
A situao da liberdade fica, dia-a-dia, mais precria porque agora tudo em nossa sociedade
conjura contra ela e tende a suprimi-la.
Antes de tudo o Estado nas suas duas formas principais, capitalista e marxista. Ele o Deus
todo-poderoso que move tudo, regula e dirige, sem deixar o mnimo espao s iniciativas
pessoais. "Essa organizao foi totalitria desde o incio, mesmo quando assumia a mascara e o
nome da liberdade, porquanto o liberalismo escravizava o homem economia para que o
Estado pudesse apossar-se, no momento oportuno do homem e da economia. Hoje o Estado
tcnico o deus de um universo sem Deus.
homem livre quele mesmo cruel determinismo das coisas que renunciamos no marxismo.
Fazendo da sociedade uma simples mquina de produo, o liberalismo a esvaziava, por
extenuao, das foras espirituais indispensveis para mant-la a um certo nvel de
humanidade.
para mant-la humana ... Liberal ou marxista, aquela que se chama a sociedade moderna no
cessou de enfraquecer a conscincia moral do homem em proveito da sua eficcia sobre as
coisas. Porque, ento, deveramos opor o liberalismo ao marxismo, na medida em que eles
- Por isso ingenuidade quem pretende salvar nosso mundo opondo capitalismo a marxismo.
Quem ve o egoismo ou o dolo da tcnica como um mero problema de sistema econmico
peca ao ver o problema como ele realmente , um problema antropolgico do homem e no
mera forma de organizar a economia. Na media em que vemos o homem como mero homo
faber o sistema econmico, capitalista ou marxista, sera apenas uma face do mesmo quadro.
- Mesmo erro que cometeram os padres do sculo XVIII ao consideram a burguesia como
inerente a um direito divino, hoje o direito divino do proletariado mas o problema
permanece. S mudou de ngulo e faceta.
- A ingenuidade de que mquina , controlada pelo Estado, produziu faz com que o homem,
criaor da mquina, pela opresso da mquina, deixe de ser homem pra poder habitar no
mundo junto com a mquina.
O homem com a mquina se tornou menos humano, e a mquina oprime o homem a ser algo
contra sua natureza pra poder habitar no mundo. filmes Exgtermiandor do futuro ou Eu rob.
- Mas essa monstruosa produo, esse gigantismo da produo mesmo o sinal da desordem
em que, cedo ou tarde, ela dever sucumbir. Destruindo, ela se destri. A civilizao mecnica
concen-tradora, produz mercadoria e devora homens. No se pode fixar limite produo
das mercadorias. A civilizao mecnica no parar na produo de mercadorias a no ser
quando tiver devorado os homens. E os devorar nas guerras, em massas enormes e aos
pedaos, mas os devorar tambm, um por 11111, os esvaziar, um por um, de seu tutano, de
sua alma, da substncia espiritual que os fazia homens. E seria loucura acredit-la capaz de
tornar, um dia, felizes, em um mundo feito para eles, esses homens desumanos. Destrui-los_.
mor-rendo ela mesma. Eles morrero com ela, se tais homens pretendem ainda o direito e a
honra de morrer" >6.
Essas so as lgicas, apavorantes conseqncias da nossa "contracivilizao ". Mas, como j foi
dito, no se trata de conseqncias inevitveis, porque a civilizao obra do homem e no do
acaso. O homem pode ccnstruir-se uma civilizao baseada sobre uma con-cepo de si
mesmo e de sua finalidade iltima, diferente daquela atual de marca essencialmente
materialista e egosta. Qual? A esse ponto Bernanos prope como alternativa a civilizao
crist que exalta como valores supremos a verdade, a bondade, a belza, a justia, a pu-reza, a
arte, a contemplao, a orao, o amor, a pobreza, ou seja, a civilizao que a Europa teve o
mrito de construir atravs de sculos de duro e paciente trabalho, e que atualmente tem a
obrigao de salvaguardar para o bem de toda a humanidade.
- At alguns anos atrs, a muita gente, vtima da idolatria da mquina e da utopia do bem-
estar, o discurso de Bernanos, acima, pa-receu duro, irritante, provocativo, iconoclasta e o
rejeitaram com des-dm, ou mesmo com tdio. Mas o discurso de Bernanos era
profun-damente verdadeiro e todos ns, hoje, podemos dar-lhe, facilmente, rzo.
- Cultura e trabalho
- Que relao possuem cultura e trabalho? Defronte a essa inter-rcgao, os estudiosos esto
profundamente divididos.
-Existe quem contrape a cultura ao trabalho ( filsofos gre-gos e idealistas).
-Existe quem subordina o trabalho cultura e v nele uma componente de uma expresso
dessa ltima ( Schoonenberg, Dawson, Guardini,_ Maritain).
- - Existe quem subcrdina a cultura ao trabalho: na ao, no trabalho que o homem obtm a
primeira compreenso da realidade e de si mesmo. A tal compreenso d, depois, uma forma
mediante as vrias expresses culturais ( Nijk).
Ns pensamos que o trabalho e a tcnica constituam uma di-menso primria do ser humano
e que, portanto, no se devem subor-dinar a outras dimenses para ser, por elas,
instrumentalizados. O trabalho , pelo contrrio, uma componente fundamental e essencial da
cultura e, alm de uma funo prtica, econmica e instrumental, pode absorver tambm uma
funo "notica", "ide a tiva", "teortica". ll verum est factum de Vico possui valor no apenas
no sentido de que a ao permite verificar a exatido de uma cognio, mas tam-bm no
sentido de que a ao pode constituir o momento da epifania de uma verdade. Com efeito,
muitas descobertas possuem origem des-se modo: no so obtidas estudando em uma mesa,
mas explodem improvisadamente no momento da ao.
Mas o que sugere expressa e especificamente essa dimenso com relao natureza, ao ser
profundo do homem?
Essa dimenso coloca s claras alguns aspectos fundamentais: que dotado de corpo e
esprito, pois, de fato, o trabalho fruto de uma mo e de uma mente; que inteligente e que
livre. Ainda, os desenvolvimentos da tcnica colocam em evidncia o carter hist-rico e
dinmico do ser humano.
O trabalho, em sua natmeza de no ser nunca uma criao total, mas somente uma
transformao, evidencia parcialmente o poder cria-tivo do ser humano. O homem possui um
ser que no est em con-dies de produzir do nada o ser de nenhuma coisa. Ele pode
somen-te mcdelar, transformar, mesmo se pode modelar e transformar de maneira genial e
profunda, como testemunham as obras de arte e os produtos da tcnica.
O trabalho coloca os homens em contato mtuo, seja rio mo-mento da produo como no do
consumo. Hoje, quase todos os trabalhos se fazem em comum e raramente aquilo que
produzido usado apenas pelos que o fizeram.
Enfim, o trabalho demonstra outro aspecto muito significativo do ser do homem: o seu
contnuo autotranscender-se. O homem no est nunca satisfeito cem seu trabalho, nem com
suas tcnicas, nem com seus equipamentos. Procura continuamente melhorar seus
au-tomveis, seus avies, seus msseis e a forma de produzi-los. Em todos os aspectos da
tecnologia o homem procura incessantemente superar a si mesmo, alcanar novas metas.
Procura superar os limites do tempo e da matria, produzindo. mquinas e obras que no se
consomem e no se quebram. Ele tende incessantemente ao duradou-ro, ao perfeito, ao
eterno.
Na parte metafsica de nossa pesquisa antropolgica, procuraremos dar uma resposta a esses
supremos problemas.